O Sesimbrense - Edição 1152 - Julho 2011

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ANO LXXXV • N.º 1152 de 25 de Julho de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC)

Censos 2011 Sesimbra continua a crescer, mas as famílias estão cada vez mais pequenas Os resultados provisórios dos Censos de 2011 revelam um crescimento de 31% da população residente de Sesimbra, ao longo da última década. Um crescimento espectacular que, na Margem Sul, apenas foi atingido por Alcochete (35%) e Montijo (também 31%). Sesimbra tem agora 49.183 habitantes. Mas a dimensão média das famílias tem diminuído: há 10 anos éramos 2,82 pessoas por famílias, hoje apenas 2,55: uma quebra de 9,8%.

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Conselho Directivo da Anafre em Sesimbra Presidente da Associação Nacional de Freguesias, Armando Vieira, defende “agregação” em detrimento de “extinção” ou “fusão” de freguesias.

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Comandante Pestana de saída Balanço de dois anos e meio ao comando dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra.

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José Carlos Trindade

Festa Intercultural

Desde 1988 a projectar equipamento colectivos de relevância social, habitações e loteamentos urbanos. Página 4

Diogo Ferreira Jovem sesimbrense vence concurso “Betão Estrutural 2010”, do Lnec, com a consola mais resistente ao sismo. Página 13

Super Bock Super Rock Durante os dias 14, 15 e 16 de Julho, pelo 2º. ano, o Meco voltou a ser palco de um dos maiores festivais de verão.

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Acessibilidade

Associativismo

Deficientes motores

Mega Bateria

Mais uma vez a Quinta do Conde foi o palco de uma Festa Intercultural, onde se destacaram diversos artistas das diversas nacionalidades da imigração que procura o nosso Concelho. A diversidade de gerações também contribuiu para o brilho deste Convívio.

Passear, trabalhar ou ir à praia, poderá ser um desafio para os deficientes motores. O Sesimbrense testemunhou, por diversos momentos, as dificuldades destas pessoas.

Entre os dias 1 a 3 de Julho, Sesimbra recebeu o I Encontro Europeu de Baterias. Mais de 200 sambistas, de 8 escolas de samba, desfilaram pela marginal.

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Editorial

Em defesa da Região e do APSS dá ao Estado quase 3 milhões de dividendos Distrito de Setúbal A que região pertencemos? A Setúbal? A Lisboa? Sesimbra pertenceu inicialmente ao Distrito de Lisboa, passando a integrar o Distrito de Setúbal quando este foi criado, em 1927. Formalmente, este último ainda existe, mas Setúbal e os Concelhos limítrofes passaram a ser identificados, mais frequentemente, com a Península de Setúbal: um território mais pequeno, de apenas 9 Concelhos, contra os 13 do Distrito. O Distrito de Setúbal, como entidade territorial, autonomizava-se claramente do Distrito de Lisboa, mas a Península de Setúbal é apenas uma sub-região da região de Lisboa. Tudo isto, que parece confuso – e é confuso! – deve-se ao facto de não existir uma clara definição das regiões de planeamento, e de nos últimos anos terem sido propostas e/ou criadas uma quantidade de unidades territoriais, sem que ninguém entenda muito bem qual é a lógica subjacente. Actualmente discute-se a decisão do Governo de extinguir a figura dos Governadores Civis, mas essa discussão faz-se apenas em torno da oportunidade ou inoportunidade da medida, sem que alguém pareça ter a consciência de que se trata de mais um passo para a extinção do Distrito de Setúbal. O que mais me impressiona é que a capital regional, a cidade de Setúbal, assista passivamente à extinção do Distrito sem sequer esboçar um mínimo protesto, parecendo conformar-se com a sua subordinação a Lisboa. Não há muito tempo esta mesma questão se levantou a propósito da extinção da Região de Turismo da Costa Azul, que passou a estar integrada na Região de Turismo de Lisboa: também nessa altura o modesto protesto da

região se concentrou em aspectos menores, sem debater a questão mais fundamental: deve ou não manter-se, como região administrativa e de planeamento, o Distrito de Setúbal? Setúbal parece resignada à sua própria subalternização a Lisboa. E Sesimbra? Seria do seu interesse a manutenção do Distrito de Setúbal, ou ficará melhor se regressar ao acolhimento de Lisboa? Eu não tenho dúvidas: seria preferível que pertencesse ao Distrito/Região de Setúbal. O Distrito de Setúbal, com o seu arco de 13 Concelhos dobrado sobre o Atlântico, apresenta uma notável unidade territorial, histórica e cultural. É um território com enormes potencialidades para actividades económicas ligadas à Agricultura, à Pesca, ao Ambiente e ao Turismo: sectores que muito interessam a Sesimbra. Lisboa é seguramente uma das mais interessantes capitais do mundo, e os sesimbrenses podem orgulhar-se de pertencer, também, à área de influência desta extraordinária cidade. Mas a identidade Sesimbrense, tal como a identidade da região de Setúbal, corre o risco de subalternização se ficar subordinada ao império administrativo de Lisboa: subalternização administrativa, mas também subalternização de imagem e de identidade. João Augusto Aldeia * * *

Nota: No editorial da anterior edição, referi o nome de Adriano Baptista como o primeiro Director do jornal O Sesimbrense, na nova série iniciada em 1952. Tratou-se de um lapso, pelo qual peço desculpa aos leitores. O nome correcto é o do seu irmão, Hernâni Baptista, já falecido.

AGRADECIMENTO As filhas e netos de Francisco Fialho Ferro vêm por este meio expressar o seu agradecimento: à Dr.ª Amália Formiga, sempre disponível cada vez que era incomodada pela nossa angústia,por vezes só para nos confortar, sabendo que era a única coisa que podia fazer. Ao enfermeiro João; meu amigo, que alma nova crescia no meu pai quando te via chegar: obrigado por cada sorriso que lhe conseguiste arrancar, e foram muitos, ultimamente só tu e o teu colega Zé o faziam abrir aqueles olhos azuis lindos, e sorrir, sorrir. Aos enfermeiros Diogo, Lurdes e Rosa o nosso obrigado. Ao sr. Dinis e sr. José da pastelaria O Caseiro, de Sesimbra e Cotovia, pela atenção desvelada com que sempre o apoiaram. Aos nossos Bombeiros, pelo carinho com que sempre transportaram o meu pai e a doçura e meiguice com que o trataram, quase como se ele fosse de louça e se pudesse partir. Ao proprietário e funcionários do restaurante O Velho e o Mar pela atenção que em vida lhe dedicaram quando ele necessitava, nem que fosse um peixe assado ou uma garrafa de água, coisas simples mas que para nós são de grande importância. À Câmara Municipal de Sesimbra, ao sr. Presidente Augusto Pólvora, aos Arquitetos Armindo Pombo e Carlos Borges e aos demais funcionários que sempre trataram o meu pai com respeito, integridade e carinho. À Sociedade Musical Sesimbrense, Directores, associados e às funcionárias do bar. A Santa Casa da Misericórdia, à Dr.ª Ana Paula e aos funcionários do serviço a domicílio. A todos os sesimbrenses que com o nosso ente querido travaram amizade ao longo de 55 anos, o nosso muito obrigado para todos os que aqui referimos, pedindo desculpa se nos esquecemos de alguém. A todos vós um beijo nos vossos corações.

A APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, divulgou um comunicado à impressa onde revela ter transferido para o Estado cerca de 3 milhões de euros de dividendos, relativos ao exercício de 2010. Dos 2.996 mil euros transferidos, 2.352 são de dividendos líquidos e 644 de IRC). Esta transferência decorre da participação do Estado português no capital desta Administração Portuária, que tem a

forma de Sociedade Anónima. A distribuição foi deliberada na Assembleia Geral de 31 de Março passado. Esta situação não é nova, pois em anos anteriores foram transferidos os seguintes valores: 1.507 mil euros (2007), 2.368 mil euros (2008) e 1.202 mil euros (2009), e reflecte o bom desempenho que a APSS tem vindo a revelar em termos de indicadores operacionais.

Pescas - Junho

Em cima do verão o pequeno aumento que se verifica em relação ao mês de Maio é diminuto numa época em que normalmente a “fartura” de peixe era uma dominância nesta Bela Piscosa Sesimbra. É “chover no molhado” o continuar a “bradar” o nosso descontentamento pela insuficiência das pescas e da sobrevivência de, cada vez, menor número de pescadores. A crise neste sector já se vem acentuando há muito tempo sem que estes mentores desta nossa inoperante democracia lhe dedicassem a atenção que lhes devia merecer este importante vector da economia nacional, deixan-

do-o cair desastrosamente e com muito difícil recuperação. Agora, tardiamente, querem retornar aos tempos áureos da Pesca e da Agricultura. A humilhação que do estrangeiro nos está chegando é o reflexo da nossa incompetência para dirigirmos este nosso piscoso MAR e os frutuosos solos para Agricultura. Um país de clima especial, que deu novos mundos ao Mundo com uma rica história de navegadores e conquistadores, que expulsou: mouros, franceses, espanhóis; que possuía África, Brasil, Índia, Ásia, etc., não pode permitir que Alguém o apelide de LIXO!!! Pedro Filipe


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ONDULAÇÕES

Começo estas Ondulações por apresentar aos leitores de O Sesimbrense algumas desculpas que lhes são devidas, na medida em que esta coluna tem vindo a perder, nos últimos meses, uma certa diversidade de análise que a caracterizava. As Ondulações foram, por opção consciente, reduzidas a um simples acompanhamento da crise que nos consome. Não estou arrependido, na medida em que esse maior acompanhamento se deve ao facto de ir crescendo a minha preocupação com esta crise. Não tenho grandes dúvidas sobre o facto de que muito do nosso futuro possa estar pendente da solução que esta a crise vier a ter. É minha convicção que Portugal está muito longe de reunir condições que lhe permitam proteger os portugueses da acção devastadora desta crise. Por outro lado, também me preocupa o facto de poderem vir a ser aplicadas “soluções” para a resolução da nossa crise, forjadas fora de Portugal pelos grandes países europeus e pelos Estados Unidos. Portugal tem experiência política suficiente que fomos adquirindo ao longo de muitos séculos de existência. Primeiro, no período de dependência a que estivemos sujeitos na península Ibérica, depois, nas acções que desenvolvemos como colonizadores na América, na Ásia, na África e na Oceânia. Sabemos bem que, neste tipo de crises políticas, raramente se pode contar com os amigos. Neste quadro, o mais natural é que um dia por mês, quando me sento a bater as teclas do meu computador para escrever as minhas Ondulações, sinta atracção e vontade de escrever sobre a actual crise. Procurando, que os meus leitores não se esqueçam de outras crises que tivemos depois de Abril, mais ou menos preocupantes, recordo-vos a crise política nacional que surgiu e se agravou em 2002, justamente ao longo do primeiro semestre do ano de aparecimento desta coluna. Convêm ter presente que, em todas as crises, temos seguido o princípio e a tradição de serem sempre os trabalhadores e as famílias mais pobres, os grupos mais chamados a contribuir para o pagamento das pesadas facturas dessas crises. Em 2002, fomos muitíssimo ajudados financeiramente por vários países europeus, o que nos deu sempre a sensação de que não estávamos isolados, face à crise que nos atingia. Em 2011, embora parceiros de parte inteira da Comunidade Europeia, temos a sensação de estarmos isolados, face à crise que nos atinge. Em 2002, o governo e a oposição tinham condições e usaramnas para, em conjunto, alcançarem os consensos que lhes permitia cumprir as exigências que “os senhores da

Europa” nos iam colocando. Em 2011, apesar dos três maiores partidos terem assinado um acordo com a troika e haver na Assembleia uma maioria absoluta de apoio ao Governo, tenho as maiores dúvidas que não seja necessário um novo compromisso assinado, pelo menos, entre os partidos do governo e o partido socialista, que garanta e honre o assinado com a troika para cumprimento de todas as cláusulas do documento. Os partidos não podem esquecer, por mais tempo, a falta de constitucionalidade que pode ser evocada na votação de algumas cláusulas que exijam maioria de dois terços dos votos e que, portanto, não poderão ser conseguidos sem o voto dos deputados socialistas. Os partidos não podem hoje esquecer as demoradas e difíceis negociações que serão necessárias para chegarem a um acordo entre si. Já é tempo de os partidos delimitarem os campos em que os confrontos partidários devem ser dirimidos e separá-los do campo em que os interesses nacionais devem ser conciliados. Se me aceitam um conselho, antes que seja demasiado tarde, creio ter chegado o tempo certo para os partidos iniciarem os primeiros contactos que os hão-de levar a tomadas de posição sérias e convergentes com os interesses de Portugal. Para terminar e porque ouvi, há algumas noites, numa televisão privada, um relato sobre a trajectória fixada pela administração da nossa GALP, aceite pelos seus accionistas e apreciada por todos os que nela trabalham. Não sei o que me agradou mais desse relato, se a satisfação pelos resultados conseguidos por essa empresa, nas últimas dezenas de anos, se o orgulho expresso por uma descolonização bem conseguida que permitiu que esses resultados tenham sido conseguidos para proveito, não só de empresas do país colonizador, como igualmente, para proveito dos povos dos países ex-colonizados. O orgulho que senti pela política seguida não pode ser ofuscado pelo agravamento dos erros políticos que, constantemente, estamos a cometer no presente. Esta crise exige a maior unidade possível de todos os portugueses. Esta crise exige concertação de planeamento e de acção, aceite por todos os actores políticos. Para não haver surpresas torna-se necessária a criação de um órgão de supervisão que acompanhe as diversas fases de implementação e desenvolvimento do acordo celebrado com a troika. Essa supervisão deve ser constantemente divulgada para conhecimento dos portugueses, nomeadamente, através dos meios de comunicação social.

Incêndio nas Pedreiras No dia 13 de Julho, pelas 14:33 horas foi dado o alerta de um incêndio que deflagrara numa zona de mato em Pedreiras. A corporação dos Bombeiros de Sesimbra foram chamados ao local, estando o incêndio dominado pelas 15:10 horas, até às 17:00 os bombeiros permaneceram no local numa fase de rescaldo. No local estiveram 40 bombeiros e 12 viaturas. Os Bombeiros do Seixal, Palmela, Setúbal e Amora prestaram também apoio na extinção do incêndio. A área ardida foi de 1 hectare e 280 m 2, área esta de mato e pinheiros bravos.

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Mega Bateria A Marginal de Sesimbra foi o palco por onde desfilou, no passado dia 3 de Julho, uma mega bateria de samba constituída por cinco escolas de samba de Sesimbra (Tripa, Unidos de Vila Zimbra, Trepa e Batuque do Conde), mais seis outras baterias portuguesas (de Alenquer, Mealhada, Loures, Alhos Vedros, e ainda duas de Estarreja) e ainda três estrangeiras: Unidos de Geneve da Suíça, e Sambaloeleck e Bolocodaqui de França e Suiça. A organização desta 1ª edição do Encontro Europeu de Baterias de Escola de Samba, foi uma iniciativa e organização conjunta da escola sesimbrense Bota no Rego e da helvética Unidos de Genéve. Desfilaram pelas ruas de Sesimbra cerca de 140 percussionistas, formando, assim, uma bateria de escola de samba, “como nunca se tinha visto por estas paragens”, segundo os organizadores, que destacaram, “para além da música

ao vivo, das rodas de samba, dos ensaios, do convívio e boa disposição que existiu entre todos que visitaram Sesimbra e as nossas instalações durante todo o evento, a importância que este tipo de projectos traz para Sesimbra, em relação ao panorama musical do país.” A Escola Bota no Rego salienta “a ajuda imprescindível dos nossos associados e amigos que, deram um contributo essencial na dinamização de mais uma de muitas actividades desta associação. Um muito obrigado ao G.R.E.S. Trepa no Coqueiro na cedência de instrumentos a alguns dos participantes estrangeiros, o som do ensaio de sábado à tarde por parte do G.R.E.S. Unidos de Vila Zimbra, bem como no trabalho incansável da Tripa Associação para com a nossa instituição, no fornecimento de todo o material sonoro para o desfile de Domingo e não só.”

Lagoa de Albufeira faz vítima mortal Uma mulher com cerca de 65 anos de idade morreu no dia 06 de Julho, na chamada Boca da Lagoa, na praia da Lagoa de Albufeira, vítima de afogamento. Com ela estava o seu marido e neto, quando foram surpreendidos pela corrente, o casal foi arrastado, tendo sido resgatado do mar por volta das 10:45 horas, por nadadores salvadores de uma concessão localizada a cerca de 600 metros dali. Segundo o Capitão do porto de Setúbal, Duarte Cantiga, “o casal encontrava-se numa zona de ligação da lagoa com o mar, quando terão sido surpreendidos pela corrente vazante. A mulher foi retirada da água já inconsciente, terão sido efectuadas manobras de reanimação no local e até ao Hospital Garcia de Orta, sem sucesso, onde foi dada a confirmação do óbito.” O capitão refere ainda que “o homem quando foi retirado da água sofria de hipotermia mas não inspirava cuidados. O neto não foi arrastado pela corrente”.

De acordo com o Capitão Duarte Cantiga, o casal residente na Quinta da Medideira, na Amora, não foram as primeiras vítimas da corrente “silenciosa” desta zona da Lagoa de Albufeira. “A zona está devidamente assinalada como não sendo vigiada e uma zona perigosa, contudo a chamada Boca da Lagoa continua a ser escolhida por muitos veraneantes e palco de vários afogamentos. Este acabou por ser trágico, resultando numa vítima mortal”. A Lagoa de Albufeira é conhecida por ser um local de invulgar beleza, onde se conjuga o mar, a lagoa e extensos pinhais, contudo, as correntes são fortes e o desnível da areia, principalmente na zona da Boca da Lagoa quando está aberta para o mar, é uma constante. São recorrentes situações de salvamento, muitas das vezes sendo os praticantes de windsurf e de outras actividades desportistas, a salvarem os banhistas em perigo. Andreia Coutinho


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Trindade Arquitectura

“A arquitectura é uma construção com alma”

José Carlos Trindade, arquitecto de profissão, dá nome ao seu atelier que elabora estudos e projectos de arquitectura, de design e de engenharia. Um negócio, digamos que familiar, com a sua esposa Margarida Trindade, designer, e a sua filha Sara Trindade, arquitecta, a laborarem a seu lado na arte da construção. “Trindade Arquitectura” existe desde que ano? O atelier teve inicio no ano de 1988 no mesmo sitio que se encontra hoje, na Avenida dos Combatentes, em Sesimbra. Em que tipo de construção a “Trindade Arquitectura” está mais presente? Fazemos um pouco de tudo, desde a moradias, prédios de habitação, urbanismo, equipamentos colectivos, … E qual a vossa área de acção? Temos projectos por todo o concelho de Sesimbra, Seixal, alguns em Almada, … De momento que trabalhos de maior dimensão “têm em mãos”? Actualmente estamos empenhados na reconversão dos loteamentos ilegais na Lagoa de Albufeira e no Seixal. Desde 1995 que trabalhamos na Lagoa de Albufeira, tendo sido o atelier o projectista de cerca de 70% dos grandes loteamentos, a construção de alguns mais pequenos ainda está a decorrer. O atelier esteve também envolvido nos projectos Augi 1 e Augi 2, estando o Augi 2 já concluído e o Augi 1 ainda em curso. Também estão envolvidos no plano Augi 9 que foi recentemente aprovado pela Assembleia Municipal. Sim, foi este mês aprovado, e é o primeiro plano para a reconversão de uma área urbana de génese ilegal que foi aprovado aqui no concelho. Podemos dizer que o atelier está bastante ligado e vincado nesta “nova” Lagoa de Albufeira? Sem dúvida, e é curioso o

facto do primeiro projecto de loteamento na Lagoa ter sido um projecto nosso, a primeira obra/licença de construção foi um projecto nosso, … No concelho de Sesimbra, que edifícios e equipamentos colectivos, de mais relevância, projectaram? Foram vários os projectos, entre eles, o Centro de actividades e tempos livres da Paróquia do Castelo, que agora está a ser reconstruído, reconstrução esta também por nós projectada; o Centro Paroquial Bento XVI; o Clube Naval de Sesimbra; a Piscina e sala de desporto do Grupo Desportivo de Sesimbra; a Junta de Freguesia da Quinta do Conde; o Lar Residencial para grandes dependentes, em Sampaio; entre outros. E fora do Concelho? Estivemos envolvidos na remodelação das estações de correio e centros de apoio postal, aquando da mudança de imagem dos CTT, que ainda se mantém. Explique-nos um pouco sobre o trabalho com a Cercizimbra. Há muitos anos que trabalhamos com a Instituição, que tanto nos orgulha, e um facto curioso é que na inauguração do Lar Residencial para grandes dependentes, em 2003, que nós projectámos, estavam presentes representantes deste tipo de iniciativas a nível europeu, para elaborarem um relatório internacional. A Cercizimbra representou, assim, Portugal com este edifício. De que maneira a crise sentida a nível mundial afecta esta área e, em especial, a “Trindade Arquitectura”? A construção de habitações colectivas estagnou… fizemos durante muitos anos este tipo de projectos, mas, de momento, a construção civil está “parada”, e isso reflecte-se obviamente no nosso trabalho. Que olhar tem sobre os grandes empreendimentos que se encontram abandonados na vila de Sesimbra?

A crise é a grande culpada desta causa. Este abandono é um problema para Sesimbra, as construções param, degradam-se, … É uma situação complicada, se o produtor da obra pára… Como vê o futuro da construção? Não sei, não faço prognósticos… A situação está complicada. Em que projectos o atelier está a trabalhar? Um dos projectos que vai arrancar é a repavimentação da via pública que liga o Largo da Câmara Municipal à rua Cândido dos Reis. O projecto está feito, o próximo passo é avançar para concurso. Na Quinta do Conde está em construção, também com um projecto nosso, um Lar Residencial e um Centro Ocupacional da Cercizimbra. Um outro projecto, ainda em fase de estudo, baseia-se numa Igreja na Lagoa de Albufeira, com capelas mortuárias e um Centro de Dia para a terceira idade. A execução de um projecto de arquitectura nunca pode ser um trabalho isolado sem uma inter-ligação com as restantes áreas essenciais para a construção? Exacto, nós temos uma vasta equipa de trabalho nas mais diversas áreas, desde electricidade, engenharia civil, ar condicionado, telefones, gás, … não podemos deixar de referir a intervenção dos nossos colaboradores, como é o caso do Engenheiro João Lucas que tem fiscalizado grande parte das obras de urbanização na Lagoa de Albufeira, assim como a nossa colaboradora aqui no atelier, a desenhadora Paula Pinhal. No seio de todas estas áreas, qual a importância do projecto de arquitectura no findo da construção? O arquitecto é como um “maestro”, faz-se a arquitectura e coordena-se todos os projectos para que isto encaixe num todo coerente. A criação é individual, a produção é colectiva. A arquitectura é “construção com alma” capaz de criar um espaço com estética mas funcional ao mesmo tempo. O espaço público é de todos nós, é importante que a construção seja agradável. Andreia Coutinho

“A criação é individual, a produção é colectiva”

Sesimbra continua a crescer, mas as famílias estão cada vez mais pequenas Os resultados preliminares dos Censos de 2011 revelam um crescimento de 31% da população residente de Sesimbra, ao longo da última década. Um crescimento espectacular que, na Margem Sul, apenas

Apesar do espectacular crescimento populacional revelado por estes números, ficam aquém das estimativas populacionais que foram sendo feitas pelo INE ao longo da década, e que indicavam que a população

foi atingido por Alcochete (35%) e Montijo (também 31%). Sesimbra tem agora 49.183 habitantes. Este crescimento populacional, no entanto não foi igual em todas as freguesias. Santiago continuou a perder população, devendo ter actualmente cerca de 4.800 residentes: uma quebra de 17 % em 4 anos. A população do Castelo cresceu 25 %, aproximando-se agora dos 19 mil habitantes. O maior crescimento ocorreu na Quinta do Conde: um pouco mais de 25 mil habitantes, ou seja, um crescimento de 54 % nestes 10 últimos anos. Em consequência desta evolução, alterou-se o peso populacional de cada freguesia: Santiago representa apenas 9,8% da população do Concelho (era 15,4% em 2001). O Castelo representa 38,6 % (40,5 % em 2001). A Quinta do Conde já tem mais de metade da população concelhia: 51,6% (44,1 em 2001).

sesimbrense já teria ultrapassado os 50 mil habitantes há 2 anos. Isso ainda não aconteceu, mas já não falta muito.

Famílias mais pequenas

A dimensão média das famílias diminuiu ao longo desta década: há 10 a família sesimbrense tinha, em média, 2,82 pessoas, hoje tem apenas 2,55: uma quebra de 9,8%. Vários factores podem explicar esta evolução, nomeadamente o agravamento das condições financeiras e o aumento do desemprego dos jovens, fazendo adiar a constituição de novas famílias ou a decisão deter filhos. Mas também existem indícios de que aumentou o número das famílias que apresentam os cônjuges como vivendo separados, seja devido a vantagens fiscais, seja devido a processos contenciosos, com o objectivo de salvaguardar património familiar. J. A. Aldeia

Inauguração de Marco Rotário Foi inaugurado o Marco Rotário, no dia 18 de Julho, na rotunda da Corredoura, em Santana. Pelas 16 horas, os presentes reuniram-se junto à nova rotunda perto da igreja, ao som da fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, entre eles, o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, a presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra e representantes do Rotário de Sesimbra. O dia foi marcado não só pela inauguração do marco, assim como, pela visita oficial

do Governador do Distrito 1960, José Coelho, ao concelho de Sesimbra. Andreia Coutinho


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Comandante Pestana de saída dos Bombeiros de Sesimbra Após quase 2 anos e meio no comando dos Soldados da Paz de Sesimbra, o Comandante Fernando Pestana deixa o comando dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, depois de rescindir contrato. Segundo os protagonistas – o Comandante e o Presidente da Associação, Fernando Gato – a rescisão resultou de mútuo acordo entre a direcção e Fernando Pestana. A comissão anterior, antes de Sesimbra, tinha sido bem mais longa: 20 anos no comando dos Bombeiros de Pinhal Novo. Neste momento aguarda ordem do comando distrital para se retirar, encontrando-se, no entanto, ainda a exercer funções. “Contribuí para o melhor da Associação, agora que venham outros e que consigam atingir os objectivos, é o que desejo à Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra.” O jornal O Sesimbrense teve oportunidade de contactar muitas vezes com o Comandante Pestana, ao longo da sua comissão em Sesimbra, e recebeu sempre da sua parte a maior disponibilidade na prestação de informações relativas às intervenções dos Bombeiros de Sesimbra. Na hora da sua partida considerámos que seria uma mais-valia poder recolher a sua opinião sobre diversos domínios de actuação dos Bombeiros sesimbrenses. Instalações

A velha questão da localização do Quartel principal, na vila de Sesimbra, dificultando o acesso rápido a intervenções noutras áreas do Concelho, é reconhecida por Fernando Pestana: “a localização não é a melhor: a saída é pouco rápida, a subida íngreme traduz-se numa exigência acrescida às viaturas. O Quartel, por outro lado, não tem uma parada para o exercício dos bombeiros. O exercício é feito na estrada de acesso, onde se encontram sempre viaturas a sair e a entrar. É importante um Quartel ter uma boa parada para ser operacional”. Refere ainda, o elevado volume de serviço, tanto no quartel de Sesimbra como no da Quinta do Conde, “daí ser escasso o número de pessoal. Damos apoio ao Hospital Garcia de Orta, em Almada, nomeadamente na transferência de doentes do hospital para qualquer outro ponto do país”. O comandante refere que o destacamento da Quinta do Conde funciona em melhores condições, em parte por ser recente – foi inaugurado no ano passado. Voluntariado Talvez seja desconhecido de grande parte da população que os bombeiros “voluntários”, propriamente ditos, já são poucos, a maioria dos bombeiros de Sesimbra são profissionais assalariados. Houve um decréscimo, nos últimos anos, do voluntariado

nos bombeiros, e Sesimbra não é excepção. “Há muita dificuldade em recrutar voluntariado aqui na zona, sem uma explicação óbvia. De momento, os voluntários representam cerca de 20% do quartel de Sesimbra”, refere o comandante. Para fazer frente a este problema foi criada a “Escolinha de Infantes e Cadetes”, com jovens entre os 10 e 17 anos de idade, com dois responsáveis à frente do projecto, o chefe Rafael Bravo e Ana Margaret, também ela bombeira. “Pensamos que é por aqui que o voluntariado possa renascer nesta instituição”, o Comandante Pestana adianta que: “o serviço diário é assegurado em dois tempos, das 07:00h às 21:00h e das 21:00h às 07:00h. Durante o dia o serviço é feito por assalariados, e durante a noite os voluntários são encaixados com outros assalariados”. Igualdade de género Está longe de existir igualdade de género nos Voluntários de Sesimbra: o comandante refere que cerca de 15% dos bombeiros do quartel de Sesimbra, tanto assalariados como voluntários, são do sexo feminino, mas adianta que não existe discriminação de género: “inclusivamente algumas delas são chefes graduadas, não há qualquer diferenciação no tratamento entre o sexo masculino e feminino”. Incêndios Numa época do ano propensa a incêndios, quisemos saber qual a área ardida em 2010 comparativamente ao mesmo período de 2009. Segundo o Comandante, “em 2010 houve mais ignições, um total de 67, contudo a área ardida foi menor, houve mais eficácia na extinção dos incêndios”. Explica-nos ainda, como o concelho de Sesimbra, no ano de 2009, foi fustigado a nível de área ardida, nomeadamente, “o incêndio ocorrido no Casal do Sapo, junto à fábrica Pavil, em que as condições climatéricas também não ajudaram. Os bombeiros tiveram a preocupação acrescida da proximidade de habitações, razão pela qual o incêndio conseguiu passar pelas laterais, alastrando-se”. Suicídios e acidentes “Quanto a acidentes, não têm sido em grande número”, adianta o Comandante, contudo, refere o facto de os suicídios continuarem a ser uma das áreas mais complicadas e sensíveis para a corporação de Bombeiros. “São vários os

suicídios cometidos no Cabo Espichel, na sua maioria por pessoas vindas de outras zonas do país, ocorrem em média de 3 em 3 meses”. Esta

to de salvamentos com vida, que “até hoje, só me lembro de ouvir falar de um caso de um jovem que se tentou suicidar no Cabo Espichel mas não

área necessita uma maior especialização dos socorristas envolvidos, apesar de que, segundo o Comandante, “o sistema utilizado é essencialmente de resgate do corpo e não de salvamento, pois normalmente a vítima encontra-se já sem vida.” Quanto ao resgate, este é moroso, e está dependente da vertente marítima, “devido aos níveis do mar, para permitir a passagem e transporte das vítimas,” explica. Este tipo de operação é desgastante não só a nível psicológico como físico, demorando em média 4 horas cada resgate. Confidencia-nos, para mostrar o número diminu-

conseguiu… atirou-se dentro do carro mas foi cair por cima de uma outra viatura que lá se encontrava, acabando-o por salvá-lo…” * * * O Sesimbrense deixa desde já um sincero agradecimento ao Comandante Fernando Pestana, que mostrou sempre a maior disponibilidade para nos prestar informações sobre diversas ocorrências em que os Bombeiros, sob a sua direcção, foram chamados a participar. Andreia Coutinho

Câmara renova protocolo para o Grupo de Bombeiros Permanente Sob proposta do vereador do PSD, Francisco Luís, a Câmara aprovou a celebração de um Protocolo com os Bombeiros Voluntários de Sesimbra, para manutenção de um Grupo de Bombeiros Permanente (GBP) - na prática, trata-se da renovação, com ligeiras alterações, do protocolo que enquadra o principal apoio da Autarquia aos BVS. Nos termos do protocolo, o Grupo de Bombeiros Permanente “exercerá as suas atribuições e competências 24 horas por dia”, e que deverá ser constituído por um mínimo de 7 elementos por turno. De forma a garantir a eficácia deste corpo de bombeiros, que deverá estar pronto a “sair ao minuto”, os seus membros não poderão ser desviados para outras actividades dos BVS. Como contrapartida da constituição deste Grupo, a Câmara suportará encargos com a respectiva manutenção, combustível, manutenção de veículos e equipamentos, seguros das viaturas e ainda com o consumo de electricidade, até ao limite máximo de 9 mil euros; a soma destes encargos atinge o valor anual de 397 mil euros. Os BVS obrigam-se a elaborar anualmente um Relatório Financeiro justificativo das despesas comparticipadas. Ainda no âmbito deste protocolo, os BVS comprometem-se a efectuar gratuitamente o abastecimento de água às populações, em caso de qualquer anomalia no abastecimento, bem como a lavagem de pavimentos, quando exista risco de acidente para pessoas e bens e a colaborar com o Gabinete Municipal de Protecção Civil na verificação e testes da rede de água ao serviço de combate a incêndios.


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Pinhal do Cabedal: de campismo “selvagem” até urbanização de luxo

omeçou por ser um parque de campismo informal, numa zona de pinhal, onde tendas e rulotes eram C usadas para deslocações ao fim-de-semana e durante as férias. Estávamos nos anos 70, num período em que a Liberdade também serviu para se contornar a lei em aspectos discutíveis. A utilização regular, e ao longo de todo o ano, do “parque de campismo” do Cabedal começou também a gerar uma utilização dos terrenos mais permanente, e sem qualquer base legal. A Câmara Municipal, no entanto, procurou encontrar uma solução razoável para o problema, e acabou

uais: como se tratava de um “parque de campismo”, construíram-se uns “balneários colectivos”. A água e a electricidade também foi chegando às casas, embora fossem contratadas pelo próprio Parque. Estes balneários ainda hoje existem, mas há muito que os moradores foram desobedecendo à proibição de instalações sanitárias individuais, construindo também fossas sanitárias, já que não e-xistia rede de saneamento para as casas. Formalmente, era um Parque de Campismo, mas na prática era um pequeno loteamento de vivendas, ainda que sujeitas as regras de construção muito especiais.

A caminho do Condomínio Um novo passo foi dado há 11 anos, quando foi celebrado um protocolo com a Câmara que permitiu a constituição de propriedade horizontal, abrindo Autarquia Local e proprietários consideram-se satisfeitos com a evolução do Pinhal do Cabedal. a possibilidade de edificação em moldes mais próximos do conceito de vivendas, com autorpor sugerir a criação de uma cooperativa que gerisse ização para o uso de telha cerâmica, e possibilidade o “parque de campismo”, o que aconteceu em 1983, de utilizar paredes de alvenaria, devendo apenas com a formação da Cooperativa de Campismo do apresentar 40% em madeira. Outra das limitações imCabedal – um formalismo que permitiu à Câmara postas foi a proibição de muros de cimento, podendo licenciar as construções. apenas haver divisórias de arbustos. Carlos Costa, actual presidente da Cooperativa, saO passo mais recente foi a realização de obras lienta, entre os pioneiros, os nomes de Pedro Gomes, de infraestruturação, cuja conclusão a Cooperativa Jorge Figueiredo, António Xavier, António Pereira, e do Cabedal assinalou com uma pequena festa, no reconhecem o apoio e disponibilidade que sempre passado dia 2 de Julho. Para além de aproximarem têm recebido da Câmara de Sesimbra. o Pinhal do Cabedal do modelo normal de urbanizaO modelo de parque de campismo, no entanto, ção de moradias individuais, as obras vão permitir o impôs algumas limitações. Foram legalizadas, ou desaparecimento das inestéticas ligações de água e autorizadas, edificações, mas apenas até 77 m2, com electricidade, antes distribuídas internamente pela cobertura em chapa de fibrocimento, e sem possibiliCooperativa, e a ligação à rede geral de saneamento dade de construção de instalações sanitárias individ-

– com eliminação das fossas sépticas. Tratou-se de um investimento um milhão e 500 mil euros, a que se somam 35 mil euros dum parque infantil. Nesta festa foi apresentado um filme de António Proença que traça o historial das obras de urbanização. Os lotes criados com esta urbanização rondam a dimensão de 300 m2, e, para além dos lotes correspondentes às moradias já existentes, ainda foram criados alguns lotes para venda, cuja receita ajudará às finanças da Cooperativa. O passo seguinte será a legalização individual de cada uma das moradias. Como resultado das limitações impostas pela original evolução do “parque de campismo”, a nova urbanização revela-se, em muitos aspectos, mais bonita e humanizada do que as habituais urbanizações de vivendas, onde predominam

Augusto Pólvora: “a marca da génese ilegal está a desaparecer” as divisórias com elevados muros de alvenaria e chaparia. Principal convidado para a inauguração da nova fase do Cabedal, o presidente da Câmara, Augusto Pólvora, mostrava-se satisfeito com a evolução deste processo: “O chamado Parque de Campismo do Cabedal, na prática, é um condomínio, embora tenha tido uma génese ilegal, nos anos 70, idêntica a muitas outras urbanizações do concelho. Mas acabou por seguir um caminho diferente, enquadrado num modelo de parque de campismo, com infra-estruturas interiores sempre assumidas pelos proprietários, e que nesta fase evoluiu para uma solução muito próxima do modelo de condomínio, tendo os proprietários assumido integralmente os custos de urbanização.” Entre os passos dados, Augusto Pólvora lembra que “aqui há uns anos, aproveitando uma AUGI confinante, foi feita uma comparticipação pelos proprietários do parque de campismo, para poder encaixar o saneamento desta área, e foi possível, nos últimos dois anos, desenvolver o projecto integral das infraestruturas, que está à vista, um excelente trabalho, que eliminou quase completamente as redes aéreas, incluindo redes subterrâneas para electricidade e telefones, esgotos e águas.” Atendendo ao número de casos de áreas de génese ilegal que têm tido planos de qualificação, e obras de urbanização, aprovados recentemente, o presidente da Câmara considera que, em muitas áreas do Concelho, “aquela marca da génese ilegal está a desaparecer, dado o nível de infra-estruturação que já se atingiu nessas áreas, e tem sido possível conter novos casos, com uma pequena excepção, numa área da Lagoa de Albufeira onde, infelizmente, nos últimos anos continuam a surgir algumas situações - mas é um caso isolado. Hoje, são os espaços que tiveram génese ilegal, aqueles que têm um maior nível de construção e de maior qualidade.” No caso do Cabedal, Augusto Pólvora destaca como positivas as restrições que resultaram de ser considerado um parque de campismo, e que obrigaram a um controlo muito melhor da construção: “acabaram por dar uma qualidade de vida e de arquitectura que hoje é reconhecida por todos


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2º Festival de Diálogo Intercultural

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o dia 9 de Julho o parque da vila, na Quinta do Conde, recebeu o 2º Festival de Diálogo Intercultural, uma iniciativa centrada em interpretações musicais de diversas nacionalidades, acompanhada de uma série de bancas onde se vendiam doces e outras especialidades culinárias, bem como artesanato, também representativos das várias nacionalidades que compõem o arco cultural da imigração sesimbrense. Tratou-se de uma organização do Município de Sesimbra e do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. Embora com pouco público – porque não teriam vindo mais imigrantes? – e discreta representação oficial – vimos apenas o vereador Sérgio Marcelino e o presidente da Junta local, Vítor Antunes – a festa decorreu com boa animação e grande qualidade interpretativa. A abertura coube às Batucadeiras do Coração Aberto, grupo de mulheres cabo-verdianas (e mais uma angolana) que cantam composições próprias, acompanhadas em ritmos gerados pelo batimento de pequenas almofadas que colocam ao colo. A vocalis-ta, Florzinha, é também o elemento motor por detrás do grupo: já fundara dois grupos em Cabo Verde, e, há 2 anos, fundou as Batucadeiras. Abriram o Festival com uma composição original tendo como tema a crise: “está espalhada pelo mundo inteiro, e agora é ela que manda, mas nós juntamonos todos para dizer: crise, não, não! Não queremos!” Seguiu-se um agrupamento da Bulgária, com a parte instrumental a cargo de dois instrumentos de sopro típicos – fazendo lembrar as charamelas medievais – e um tambor, a que se juntou depois um grupo de dança. Segundo Juliyan Andreev, tratam-se de instrumentos típicos do sul da Bulgária. O grupo já dispõe de instalações, mas necessita agora adquirir fatos tradicionais para completar o agrupamento folclórico. Encontram-se ligados à Associação MigraVida. RPG – Restaurados Pela Glória, foi o agrupamento seguinte, uma banda moderna,

formada há 1 ano, com duas guitarras e bateria. Jovens de origem brasileira (18, 26 e 28 anos) integrados na Igreja Evangélica Assembleia de Deus. César Silva, guitarrista e vocalista, veio há 10 anos para Portugal, acompanhando os pais imigrantes. Os temas das suas canções reflectem essencialmente as questões religiosas, como em “Tempo”: “Quando não conhecia Jesus, a minha vida não fazia sentido”. Seguiu-se Franciele, jovem vocalista de 11 anos, residente na Amora, que veio do Brasil com apenas 2 anos. Canta habitualmente canções portuguesas, mas desta vez também cantou, e pela primeira vez, um tema brasileiro: “Peão Apaixonado”. As Misturas Africanas, um grupo de jovens dançarinas, todas filhas de imigrantes (Angola, Cabo Verde, S. Tomé e Guiné), dançaram de forma contagiante; abriram com uma dança senegalesa – o Decalé – e prosseguiram com Regae. E mantiveram-se em palco para acompanhar o grupo seguinte, as Exclusivas da Zona, tam-

bém grupo de dança. São originárias de Cabo Verde e da Guiné, e brilharam a dançar o Funaná, dança típica de Cabo Verde. Segundo nos explicou uma das dançarinas, Nina Pereira, são 6 no total, embora neste Festival só tenham podido participar 2 – mas podemos comprovar que deram bem conta do recado. Seguiu-se Zé do Pico, da Trafaria, que cantou também no ritmo Funaná, acompanhado pelas Exclusivas da Zona. Ionut, jovem romeno, tocou violino, tendo começado pelo Hino da Roménia. Encontra-se em Portugal há 2 anos, mas vai regressar em Outubro à Roménia para continuar os estudos musicais de violino e de piano. A música búlgara continuou, agora com Viktor Kovachev no órgão eléctrico, acompanhando um vocalista e, de novo, o grupo de danças romeno. Um último solista foi o jovem egípcio Younes Solyaman, que se encontra em Portugal há ano e meio, e que fechou o Festival com algumas canções românticas, acompanhado por toda a audiência. O Festival, no entanto, só encerraria, e com chave de ouro, com a actuação dos jovens da associação MGBoos, que, pode dizer-se, “arrasou” com as suas originais coreografias inspiradas no Hip Hop. J. A. Aldeia

Sesimbra foi o palco, no dia 14 de Julho, das filmagens do 11º episódio do reality show

Exclusivas da Zona

MGBoos Danças Búlgaras

Ionut

Misturas Africanas

em Sesimbra

Batucadeiras do Coração Aberto

culinário�������������������� ������������������� MasterChef, programa que passa aos Sábados à noite na RTP 1. Em Sesimbra os concorrentes, já reduzidos a apenas seis, cozinharam na Praça da Califórnia, para aprovação do júri, constituído por três conceituados profissionais: Chefes Cordeiro, Justa Nobre e Ljubomir Stanisic. O Sesimbrense conversou com a apresentadora do programa, Sílvia Alberto, que disse já conhecer Sesimbra: “fiz há muitos anos, nesta praia magnífica, com este mar como fundo, o programa Clube Disney”. Quanto ao MasterChef: “sigo

há muito tempo o programa e admiro-o muito, portanto é uma honra para mim poder apresentar o primeiro MasterChef em Portugal”. Ao longo da temporada, estes candidatos a chefe de cozinha profissional são colocados perante vários desafios. No final, um deles será eleito “o primeiro MasterChef português”, ganhando um prémio de 25 mil euros e a oportunidade de publicar um livro de culinária. O episódio gravado na Praça da Califórnia será transmitido na televisão no mês de Setembro. Andreia Coutinho

Younes Solyaman

Padaria do Gá abre pastelaria no Zambujal A conhecida padaria da Rua da Fé abriu novo estabelecimento de Pastelaria no Zambujal, junto à estrada para o Cabo Espichel (antigas instalações da Movicruz). A funcionar desde o passado

dia 22, o nova loja tem a designação de “Pastelaria Rabeça”. Na nossa apróxima edição daremos notícia mais desenvolvida de mais esta iniciativa empresarial de José Manuel Macedo.


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Sesimbra (in)acessível? Todos os cidadãos têm o direito de ir e vir de qualquer lugar, para qualquer lugar, … Passear, ir às compras, ir para o trabalho, ir a um restaurante, ir à praia, tudo isto pode ser um calvário para um deficiente motor. Estas pessoas enfrentam diariamente nas suas rotinas, barreiras difíceis de transpor, em coisas tão simples como circular na rua, entrar num edifício público, andar num passeio ou utilizar

um transporte público. A via pública está cheia de ratoeiras que muitas vezes são um enorme obstáculo para estas pessoas. O Sesimbrense quis ver de perto o dia-a-dia de três pessoas com deficiência motora que se deslocam pelo concelho. Em comum, têm as suas cadeiras de rodas, as suas “pernas” que os levam por entre caminhos mais ou menos sinuosos…

Bruno Cruz Bruno tem 35 anos de idade, com apenas 6 meses de idade, uma meningite colocou-o numa cadeira de rodas. Trabalha na Escola Básica 2,3 Navegador Rodrigues Soromenho. Bruno começa por dar o exemplo que mais perto tem, o da escola onde trabalha, “há cerca de dois anos melhoraram e adaptaram algumas coisas, nomeadamente as rampas, contudo, quando sou chamado a outras divisões da escola, como não há elevador tenho que sair pelo exterior com ajuda de alguém”. Esta dificuldade de mobilidade traduz-se numa necessidade de ajuda de outrem o que impossibilita as pessoas de se tornarem independentes. Na vila de Sesimbra, Bruno aponta o Centro de Saúde como um dos locais incapazes de responder às necessidades de pessoas com vários tipos de deficiência, nomeadamente motora, “a minha esposa está grávida e vejo-me incapacitado de acompanhá-la às consultas de planeamento, assim como, quando necessito de ser consultado no Centro de Saúde, pois só existem escadas para o 1º piso, tenho que ser consultado num gabinete improvisado no piso do r/c”.

Já foram realizadas adaptações e alterações a nível de infra-estruturas , de modo a facilitar a acessibilidade de todos, mas muito está, ainda, por ser feito no concelho de Sesimbra.

Acessos à Biblioteca Municipal Praia do Ouro: Passadeira de madeira, passadeira da Vodafone, WC e tiralo

José Vitoriano Com 50 anos, proprietário da “Clínica do Calçado” na Cotovia, fez de sapateiro a sua profissão, depois de um acidente de mota há 8 anos atrás, que o colocou numa cadeira de rodas. Indica, também ele, o estacionamento como um dos problemas para as pessoas que se movem numa cadeira de rodas, “os estacionamentos são apertados, a falta de civismo e de compreensão por parte das pessoas também são uma causa para esta dificuldade.” José refere que “o edifício da Segurança Social, não as próprias instalações mas a sua localização, com estacionamentos inclinados e o antigo Registo Civil, não têm acessos fáceis para pessoas que estão nesta situação”. José diz não ir a caixas de multibanco há muito tempo, “não chegamos lá, não vemos as teclas.” Um outro obstáculo que estas pessoas se deparam são algumas portas de edifícios, “depois de subir por uma rampa que dá acesso a um edifício encontra-se uma porta que sozinho não consigo abrir pelo peso, pelos amortecedores que ela tem, nada disso é pensado…”

Rampa de Acesso ao Centro de Saúde

Joaquim Delgado Joaquim Delgado, 53 anos, vive no Cacém mas é um visitante assíduo de Sesimbra e sua família também reside no concelho. É fisioterapeuta e há cerca de 30 anos, com um exercício de ginástica, ficou tetraplégico. “O estacionamento é péssimo, os lugares são do mesmo tamanho que os outros normais, e os poucos que existem muitas vezes são ocupados por viaturas cujo condutor ou ocupante não tem qualquer deficiência…” Joaquim chegou a estacionar no parque público da Praça da Califórnia, num estacionamento para pessoas com deficiência, mas teria que descer pela rampa dos automóveis, bastante íngreme, pois o elevador só existe no piso 4º, 5º e 6º pisos. “Já a rampa de acesso à praia da Praça da Califórnia também só com ajuda devido à inclinação da mesma”. Contudo, a praia do Ouro faz jus ao nome e mostra porque é uma praia assinalada com a bandeira de acessibilidade, “tem uma rampa ideal, tem passadeiras da Vodafone por onde nos deslocamos na cadeira até mais perto do mar, tem Tiralos para irmos à água, casa-de-banho adaptada”, explica o Joaquim. Bruno, José e Joaquim são apenas algumas das pessoas que se deparam com pedras de calçada partidas, sinais de trânsito ao meio dos passeios, desníveis entre passadeiras e

Recomendação “obstáculos urbanos” “ Foi feita uma recomendação, por iniciativa do Partido Socialista, nomeadamente de Américo Gegaloto, referente aos obstáculos urbanos e consequentemente aprovada por unanimidade na Assembleia Municipal realizada em 29 de Setembro de 2007. Contudo, as recomendações feitas e aprovadas, nomeadamente, quanto a sinalizações, nivelamentos de passeios e passadeiras, etc, não foram alteradas até hoje.”

passeios,... Já não bastando as barreiras arquitectónicas e naturais, as barreiras sociais e a incompreensão dos demais são outra das limitações que estas pessoas que, com as

Porta de acesso ao piso inferior e escada para piso superior

suas profissões e actividades como todas as outras, vêm a sua vida dificultada porque não escolheram movimentarem-se numa cadeira de rodas. Andreia Coutinho

Acesso aos serviços centrais da Câmara Municipal de Sesimbra

Inclinação acentuada da rampa de acesso à praia da Califórnia

Sinalizações e obstáculos nos passeios

Excessiva inclinação no estacionamento das Instalações da Segurança Social

Valetas entre os passeios e as passadeiras


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ANAFRE reuniu em Sesimbra “Freguesias: nem extinção nem fusão”

Armando Vieira Presidente da ANAFRE

O Concelho Directivo da Associação Nacional de Freguesias, do qual faz parte Francisco Jesus, Presidente da Junta de Freguesia do Castelo, reuniu no Auditório Conde Ferreira, em Sesimbra, no passado dia 15 de Julho. Em cima da mesa de trabalho esteve o ponto relativo à Re-

organização Administrativa do Território resultante da reforma anunciada pelo governo. O Presidente da Associação, Armando Vieira, numa breve entrevista ao jornal O Sesimbrense, após o encerramento dos trabalhos, disse não admitir a utilização das palavras “extinção” nem “fusão de freguesias”, quando se aborda o assunto da reorganização administrativa do país imposta pelo acordo da ‘troika’: “o que pode haver é uma agregação de freguesias, territorialmente contíguas”. O trabalho da ANAFRE, segundo o Presidente, tem sido o tentar conversar com o governo e com o secretário-geral da Administração Local, “porque, pelo facto de ser um ex-autarca, o diálogo é mais fácil, mais fluído, percebe do que estamos a falar, …” Armando Vieira disse, ainda, não aceitar que o modelo que venha a ser encontrado seja de aplicação generalizada ao ter-

ritório, “cada caso é um caso, cada Freguesia é uma Freguesia, cada área geográfica tem a sua própria identidade. Isto está conseguido, o que falta é estabelecer critérios”. Critérios onde se engloba a demografia, e neste ponto a associação defende que uma freguesia até pode ser pequena a nível demográfico mas bastante importante e indissociável da sua população local. Neste sentido, Armando Vieira exemplifica, referindo duas Freguesias distintas, “costumo referir que a Freguesia dos Mártires, na BaixaChiado em Lisboa, por muita estima que tenhamos pelas pessoas e autarcas, não é tão importante para a população, se for extinta, pelo contrário a Freguesia de Cabeça Boa em Torre de Moncorvo, que se encontra a 22 km da Sede de Concelho… essa Junta de Freguesia, por pequena que seja, tem um papel muito importante junto da popula-

PS debate O PCP e a JSD renasce em Governos situação Civis Sesimbra política Formalmente, há 5 anos que não existe em Sesimbra uma estrutura da Juventude Social Democrática mas, na prática, há já 7 anos que não tinha qualquer actividade. No entanto, acaba de ser eleita uma nova comissão da JSD local, tendo como presidente: Gonçalo Cardoso, vice-presidente: Hugo Pinhal, secretário-geral: Paulo Costa, e vogais: Bruno Amiano e Eduardo Veríssimo. O novo presidente da Juventude Social Democrata de Sesimbra indicou como domínios em que a nova estrutura centrará a sua actividade, “a situação social do concelho, em que o nível de desemprego é preocupante”, e salientou também a necessidade de “retirar o estatuto de «dormitório» à freguesia de Quinta do Conde, viabilizando e reforçando o comércio local da mais populosa Freguesia do Concelho, estimulando e publicitando mais atividades económicas, para que a população crie raízes e desenvolva assim a sua própria vila.» A nível concelhio, o novo responsável destacou também o problema das acessibilidades, “porque só assim se pode desenvolver o turismo em Sesimbra” onde, segundo Gonçalo Cardoso, se encontra “o maior potencial turístico não aproveitado de todo o distrito de Setúbal. “

O Partido Socialista realizou um debate, tendo como orador Manuel Macaísta Malheiros, último Governador Civil de Setúbal, dando assim sequência do ciclo de debates “Às 5as na Sede”. O tema deste fórum foi precisamente os dos “Novos Desafios na Gestão Administrativa do Território: Da reestruturação de Freguesias e Municípios à Regionalização”. Segundo uma nota de imprensa emitida posteriormente, o PS sintetiza que na referida sessão “foi feita uma retrospectiva das formas de gestão do território praticadas em Portugal nos últimos séculos, tendo-se debatido se o actual modelo, baseado em Municípios e Freguesias, se ajusta às necessidades da população, nomeadamente no que diz respeito à coesão territorial e ao combate às desigualdades entre o litoral e o interior do país.” Quanto à possível alteração do número de Freguesias e Municípios, o Partido Socialista refere que “qualquer mudança a este nível só terá eficácia se for feita em diálogo com as populações e nunca à revelia ou contra a sensibilidade das mesmas.” O PS de Sesimbra sublinha “a necessidade de realizar desde já um passo intermédio no reforço do processo de descentralização da tomada de decisão.

A Comissão Concelhia de Sesimbra do PCP emitiu uma nota de imprensa onde analisa a situação política actual, tendo destacado, a nível local, o sector das Pescas, o qual, segundo o PCP, “continua com grandes dificuldades”. Foi ainda afirmada “a urgente necessidade da revisão do POPNA e a regulamentação do Parque Marinho Luíz Saldanha”. Outra situação destacada pelo PCP foi as das empresas de Construção Civil e Obras Públicas, nomeadamente a Teodoro Gomes Alho, S.A., em que os trabalhadores se encontram ainda com metade do salário do mês de Maio e a totalidade do de Junho em atraso. Num comunicado dirigido aos trabalhores da TGA, o PCP de Sesimbra solidariza-se com aqueles trabalhadores e apela à sua luta pela viabilização da Empresa e pela manutenção dos postos de trabalho, saudando ainda a atitude dos cerca de 200 trabalhadores.” O PCP repudia a atitude da Administração da empresa Teodoro Gomes Alho e anuncia que “tudo fará para defender a viabilização da Empresa, nomeadamente através da solidariedade com a luta dos trabalhadores e da denúncia na Assembleia da República, confrontando o actual Governo de coligação PSD/CDS com esta situação.”

ção”. Contudo, acrescenta que “o critério demográfico é de enorme relevância mas não pode ser o único e por vezes nem sequer o mais importante”. Segundo o presidente da ANAFRE, as soluções passam pela agregação de freguesias sem a perda da identidade de cada uma: “ficaríamos felizes

se em vez de ser imposto pelo Governo, serem os próprios autarcas, localmente, a decidirem o melhor para as suas freguesias”. Acrescentou ainda que a ANAFRE “aguarda com expectativa a produção de um argumento base, por parte do Governo, para a produção de legislação”. Andreia Coutinho


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Guerra Colonial: 50 Anos Turíbio Macedo

Comissão: Guiné 1972 a 1974 Batalhão: Engenharia Especialidade: Operador de Motores Fluviais Idade: 60 anos

Turíbio Macedo assentou praça no dia 9 de Maio de 1972 em Beja, daqui foi para Tancos, passando pela Pontinha até ser enviado para o Ultramar, na região de Bissau. As principais funções do ex-combatente eram essencialmente o transporte dos oficiais para o mato, “o que era complicado porque as viagens eram muito demoradas e era tudo mato, de um lado e do outro”. Turíbio conta que durante o primeiro mês teve algumas dificuldades, “a partir do segundo mês, através do futebol, foi tudo mais fácil”. Por ser já conhecido o jeito e o gosto para o futebol, foilhe proposto ir treinar para a equipa de futebol do Sporting Clube de Bissau, mais conhecido como Sporting de Bissau, “quando me fizeram a pergunta se eu queria ir treinar só pensei que queria mesmo era ver-me livre do mato”, refere o ex-combatente, “a partir do primeiro treino fiquei logo na

equipa a jogar, o Presidente do Clube foi falar com o Comandante, eu fui chamado ao gabinete e acabei por assinar

Negativo contrato por dois anos”. Turíbio refere que de negativo “só mesmo estar longe da família, posso dizer que não soube o que era a guerra. Os primeiros 15 dias foram os piores de todos, não me conformava com o facto de me terem enviado sem podermos fazer nada”. O ex-combatente conta ainda que nos primeiros tempos dormira fora da caserna, acompanhado da sua mochila e das saudades de casa…

Positivo O ex-combatente fala do futebol como o melhor que lhe aconteceu no período de mobilização: “nunca mais fui para

o mato desde que comecei a jogar, fiquei a cumprir o tempo de tropa mas no futebol”. Diz ainda ter sido “beneficiado pois estava numa secção desportiva particular, não dormia na caserna, ia comer a Bissau praticamente todos os dias,

tinha 3 treinos por semana…” Turíbio partilha ainda as suas recordações quanto às suas vitórias enquanto jogador de futebol num palco de guerra, chegando a vencer a Taça e o Campeonato da Guiné-bissau.

salienta o ex-combatente, “estávamos nós, os combatentes, a comer no refeitório e os angolanos na fila com uma lata ferrugenta na mão à espera dos restos de comida. Por vezes muitos de nós mal comíamos só para lhes dar”.

Positivo

Domingos Lopes (Chochinha)

Comissão: Angola 1966 a 1969 Especialidade: Transmissões Idade: 65 anos

Domingos Lopes assentou praça em Elvas, depois foi enviado para a cidade do Porto, para tirar a especialidade de rádio telegrafista. Manuel percorreu o país numa espécie de estágio. Ao fim de um ano foi mobilizado para a Guerra Colonial, “embarquei no dia 1 de Novembro de 1966, num barco chamado Príncipe Perfeito”, com destino a Angola, “onde cheguei a dia 9 de Novembro.” O ex-combatente, depois de desembarcar na cidade de Luanda, seguiu para a província de Cabinda, a Norte de Angola. Domingos ficou numa camarata com mais 15 companheiros, junto do quartel, onde transmitiam e recebiam mensagens em código morse. “Era uma rede directora do Enclave de Cabinda”. O ex-combatente referiu a sorte que o acompanhou num episódio durante a sua missão na guerra, após ter-se oferecido para ir para Belize substituir dois soldados que adoeceram. Aqui as men-

sagens eram apenas 2/3 por dia, o que dava algum tempo aos soldados para se dirigirem a outras cidades. Numa dessas idas, Domingos e dois companheiros, deslocaramse a uma sanzala. “Um dos meus companheiros chegou apressado, dizendo para irmos embora pois vira caras que nunca tinha visto por ali”, o que o fez desconfiar. “Nessa noite houve um ataque, neste mesmo sítio, onde foram mortos 19 soldados das Forças Especiais Angolanas”. Depois de 9 meses, Domingos foi enviado para Luanda, para o Centro de Transmissões, “cheguei a estar um dia e meio a receber e transmitir mensagens, estava tão exausto que fui para a enfermaria com um esgotamento”.

Luís Amigo foi recrutado na Guiné, onde já vivia com os seus pais. Foi integrado nas tropas da província e fez a recruta em Bolama, onde tirou o curso de Sargentos Milicianos. Daqui o ex-combatente foi enviado para o Hospital Militar em Bissau, especializando-se em cirurgia. “Passei pelo Bloco Operatório, pequena cirurgia e Pavilhão pós-operados. Era uma enfermaria com 45 doentes à minha responsabilidade.” Em Março de 1974 Luís foi para Guidage, no Norte da Guiné, “acabei por ficar lá 6 meses, só regressei a Bissau em Setembro de 1974”. O lado mais negativo “foram

ta o ex-combatente. Refere ainda que, mesmo não querendo dar grande importância ao lado mais negativo do tempo de guerra, não esquece que “nos seis meses em que estive no mato, a situação tornou-se mais gravosa devido à falta de meios e recursos para acorrer a casos de maior sofrimento”. “Os aspectos positivos que

Negativo “A fome que a população sofria foi o pior a que assisti”,

Domingos aponta como o lado mais positivo, o seu trabalho, “adorava o que fazia, ainda hoje gosto desta especialidade de rádio telegrafista”.

Luis Amigo

Comissão: Guiné 1972 a 1974 Batalhão: Companhia de Caçadores 19 Força: Exército Idade: 60 anos

Negativo as situações em que tinha que lidar com feridos graves e até mesmo mortos que regularmente chegavam ao Hospital vindos das evacuações das diversas zonas de guerra”, apon-

Positivo vale a pena lembrar, foram passados em Bissau, juntamente com os outros militares amigos”, e aqui começa-se a vislumbrar o que é comum a todos os ex-combatentes: a amizade, os afectos, … “Eu e os outros companheiros saíamos à noite, íamos para as esplanadas onde convivíamos; na base aérea juntávamo-nos para assistirmos a filmes e até para frequentarmos a piscina do Quartel-General”. O ex-combatente salienta ainda o apoio que, em Guidage,

era dado à população, “dávamos diariamente consultas e fazíamos tratamentos na enfermaria do aquartelamento, tanto a guineenses como a cidadãos do Senegal e de outras regiões. Andreia Coutinho

Rectificação Na edição 1151 de Junho 2011 do jornal O Sesimbrense, no depoimento do ex-combatente Manuel André Pinto, escrevemos involuntariamente um erro que queremos rectificar. Onde se lê especialidade de Sapadores o correcto é especialidade de Caçadores.


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Fotógrafos de Sesimbra (IV)

António Passaporte (1901 - 1983) Uma das mais notáveis colecções de fotografias de Sesimbra é a que foi publicada em Bilhetes postais a preto-e-branco, com o selo das edições “Passaporte-Loty”. As fotografias utilizadas nesses postais revelam notórias diferenças de qualidade técnica e artística, sugerindo que seriam diversos os fotógrafos. No entanto, alguns desses postais incluem, sobre a imagem, a assinatura “Passaporte”, revelando o seu autor: o conhecido fotógrafo António Passaporte, também conhecido pelo apelido “Loty”, e que deve, assim, passar a constar da lista de fotógrafos de renome que retratou fotograficamente Sesimbra. António Pedro Passaporte nasceu em Évora, numa família já com pergaminhos na fotografia: o seu pai, José Pedro Braga Passaporte, chegara a ser agraciado, pelo Rei D. Carlos, com o título de Fotógrafo da Casa Real. Desenvolveu uma actividade diversificada, que incluiu a participação em peças de teatros e filmes Em 1923 iniciou em Madrid a

sua carreira de fotógrafo. ���� Também em Madrid começou a desenvolver actividade política, aderindo ao ideário comunista e integrando os ”Comités de Abastos” , criados para recolha e distribuição de víveres na capital espanhola. Durante a Guerra Civil Espanhola participa nas Brigadas Internacionais como repórter fotográfico. Depois da guerra regressou a Portugal, continuando a sua actividade de fotógrafo, agora com trabalhos de publicidade e arquitectura, retratos de artistas, etc. Foi em 1940 que iniciou a produção de postais a preto e branco, onde se destacou a série dedicada à Exposição do Mundo Português. O profissionalismo que António Passaporte colocava nestas edições é comprovado pelo facto de ser sempre ele a executar as operações de revelação e lavagem dos clichés, essenciais para a qualidade e fixação das imagens. Uma operação tão simples como a lavagem final em água, era repetida inúmeras vezes, motivo pelo qual estes postais ainda hoje mantêm o preto-e-branco original, enquanto muitas fotos

antigas amarelecem ao fim de pouco tempo. Este amarelecimento, que há quem considere um indício de “antiguidade”, não passa afinal dum certificado de má qualidade do trabalho de revelação original. O fotógrafo retirou-se da profissão em 1965, dedicando-

se então a escrever as suas memórias e a investigar a história da sua família. A colecção de postais de António Passaporte foi distribuída em Sesimbra por Fernando Figueiredo Lopes, que editou também alguns destes bilhetes-postais a preto-e-branco.

Esta colecção de postais encontra-se numerada, pelo menos até ao número 116, justificando-se um trabalho de investigação sobre a autoria das diversas fotografias nela incluídas. João Augusto Aldeia


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Diogo Ferreira premiado em construção anti-sísmica Diogo Ferreira, 22 anos de idade, sesimbrense, estudante de Engenharia Civil, no Instituto Superior Técnico de Lisboa, venceu o concurso, a nível nacional, organizado no âmbito do encontro nacional Betão Estrutural 2010 do GPBE. O concurso consistiu na construção da consola mais resistente ao sismo. O que fez com que Diogo enveredasse para a área de Engenharia Civil? O meu pai, António Júlio Baeta Ferreira, é engenheiro civil, tem uma empresa, inclusive, de construção civil no concelho. A minha irmã mais velha também seguiu a área de engenharia civil. Desta forma, o “bichinho” foi crescendo, sempre tive boas notas o que também ajudou na entrada para o Instituto Superior Técnico, uma universidade de renome e com referência nesta área. Em que ano está? Estou no último semestre do mestrado integrado, no 5º ano, na fase da tese. Qual a sua tese de mestrado? Estou a fazer tese em painéis sanduíche em materiais compósitos, que são utilizados essencialmente em áreas de reabilitação, para a construção de pisos de edifícios ou tabuleiros de pontes pedonais. E como surgiu a oportunidade de participar no concurso que saiu premiado? Concorri com mais dois colegas, Fernando Rodrigues do Algarve e Guilherme Mendonça da Ilha da Madeira ao concurso de Betão Estrutural 2010 do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) a nível nacional. O que lhes era exigido neste concurso? O objectivo do concurso era fazer uma peça que só podia pesar até 50 quilos, com 1,20 metros, a massa vermelha na extremidade tem 300 kg, e a consola foi sujeita a um sismo com a intensidade duas vezes superior ao estipulado na regulamentação nacional. Quais os materiais utilizados para a construção desta peça? Este projecto tinha que cumprir vários requisitos a nível de material. Era necessário ser em betão armado, betão com aço ordinário e não podia ter estruturas metálicas no interior da peça.

Quanto tempo demorou até ao projecto estar concluído? Há duas fases, a primeira referente aos cálculos, menos morosa, que fizemos em cerca de 2 dias, depois a construção da própria peça é que demorou um pouco mais tempo, mas ficou concluído em alguns dias.

É um reconhecimento do nosso trabalho. É nosso!”

Como é receber este prémio? Um prémio a nível nacional? Só o facto de ser o Presidente do Grupo Português de Betão Estrutural e o Presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil a entregarem o prémio, já é uma sensação única e também pela presença de alguns dos engenheiros civis mais importantes a nível nacional na cerimónia, um fechar de um encontro nacional, incluindo os nossos professores. É um reconhecimento do nosso trabalho. É nosso! Não posso deixar de agradecer ao professor José Câmara, professor de betão armado, do Instituto Superior Técnico. Na sua opinião, as construções em Portugal estão preparadas para as actividades sísmicas? Se não estão, deveriam estar… todos temos consciência que em 1775, em Portugal, mais que o sismo, tivemos um tsunami em Lisboa que, consta-se, atingiu 6/7 metros de altura, já no Algarve atingiu

Veja o vídeo do concurso no nosso site

O grau de dificuldade era elevado? Sim, por exemplo, a nossa peça teve que ser raspada com um escopo para não ultrapassar o peso exigido pelas normas do concurso. Esteticamente não ficou como o planeado por nós, mas o essencial era mesmo não ultrapassar o peso exigido e, claro, ser construído apenas com os materiais impostos.

entre os 12 e os 15 metros, assim como em Sesimbra. E Sesimbra está preparada? Segundo as informações prestadas pela Protecção Civil, estão a ser preparadas zonas de risco sísmico na vila, está a ser feito também um estudo sobre o edificado, para perceber em que situação se encontra. Mas o ser preparado até ao estar feito vai um grande

passo… É, então, essencial sensibilizar a população para este risco eminente? A dificuldade do sismo passa muito pela população, por vezes, n ã o perceber que é um r i s c o presente e que todos nós devemos estar preparados não facilita. Aqui em Sesimbra não poderemos fugir do sismo em si, mas no caso do tsunami temos vários minutos para fugirmos para as zonas mais altas. Existe um regulamento próprio de Segurança das Construções contra os sismos, será que ele é cumprido? Exacto, há regulamentação e se ela for cumprida os edifícios projectados, segundo este regulamento, estarão preparados para esta situação. Contudo, é necessário executar o projecto e executá-lo bem. Esta regulamentação existe desde quando? Este é outro problema, o regulamento tem cerca de 20 anos, e o que há mais por aí é edifícios com mais de 20 anos de idade, … Já para não falarmos a nível económico, quanto mais resistência o construtor quiser mais caro irá ficar. Neste âmbito, a seu ver, o que falta fazer na vila de Sesimbra? Foi aprovado na Assembleia da República a elaboração de cartas de risco sísmico que identificassem as zonas mais vulneráveis à acção sísmica e as diferentes tipologias do edificado. Neste caso, as falésias de Sesimbra deverão ser estudadas e estas cartas deveriam ser inseridas no Plano Director Municipal como regulamento. Caso sejam verificadas zonas sísmicas, não deveria ser permitido a construção… É essencial também, não só em Sesimbra, mas em especial na vila, por ser palco nos últimos tempos de reabilitação, não esquecer o edificado para além do exterior. Pensar não

só em chamar turistas mas pensar essencialmente na segurança. Estamos no bom caminho quanto à segurança dos edifícios e das nossas casas se algo deste género acontecer? Alguém tem que começar e agarrar esta problemática, pensando que para além de edifícios novos, reabilitados de “cara lavada”, está a segurança de centenas de pessoas. É impossível fazer tudo de uma vez, mas talvez começar a ligar esta problemática às universidades e dar-se mais relevância ao assunto como um facto real. Cabe aos políticos locais a intervenção, real, neste assunto, nomeadamente à protecção civil e urbanismo, criando mecanismos legais e técnicos que permitam uma intervenção eficaz. E a população está preparada para a probabilidade de um sismo? Não! É um problema de educação das pessoas, a sociedade não está preparada para agir rapidamente e friamente aquando uma situação desta dimensão e principalmente quando falamos num Portugal em que o terramoto que fez grandes estragos remonta ao ano de 1755… O sismo não está cá, portanto não é real para a maioria das pessoas,

e é aqui que tem de começar a mudança, perceber que ele

Aqui em Sesimbra não poderemos fugir do sismo em si, mas no caso do tsunami temos vários minutos para fugirmos para as zonas mais altas.” ocorreu e vai voltar a ocorrer… A mudança de metalidade… Que medidas podem ser tomadas pela população para garantir a segurança das suas habitações? Estruturalmente os edifícios devem ser avaliados por técnicos especializados. Ainda assim podem prevenir-se, recolhendo informação sobre como proceder em caso de sismo. Um ponto crucial, que deve ser seguido é a fixação de móveis e estantes às paredes. Quando ocorrer um sismo estes elementos podem tombar e causar ferimentos graves. Andreia Coutinho

Os mapas representam a Acção sismica Tipo 1 (pequena distência focal) e a Acção sismica Tipo 2 (grande distância focal). Os níveis de aceleração da actividade sismica, variam consoante as zonas de focalização: vermelho maior incidência sismica e azul menor incidência.


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15 g Skimboard

Circuito Nacional Realizou-se a 2ª etapa do Circuito Nacional de Skimboard, nos dias de 16 a 17 de Julho, prova na qual os atletas de Sesimbra venceram duas categorias, estando presentes em todas as finais.

g Ténis

Torneio Social

g Natação

Realizou-se no dia 2 de Julho o tradicional Jantar Convívio do Torneio Social 2010/011, que contou com cerca de cinquenta associados/tenistas e muitos familiares, em ambiente de alegre confraternização e que culminou com a cerimónia de entrega de prémios, atribuídos de acordo com as classificações que abaixo registamos. Recordamos que este torneio que se inicia no mês de Outubro e termina em Junho do ano seguinte, se reveste de um cariz essencialmente lúdico, manutenção da condição física e aperfeiçoamento técnico, com um apelo que se deseja muito forte ao Fairplay.

g Caoagem

Jovem Sesimbrense no Carolina Marquês Special do CNS no estágio da Olympics 2011 Selecção Nacional

O jovem atleta sesimbrense Sandro Mestre, 16 anos, integrou a comitiva portuguesa nos Jogos Mundiais de Verão do Special Olympics, que se realizaram entre o dia 25 de Junho e 4 de Julho, em Atenas. Depois de vencer vários campeonatos regionais e nacionais foi escolhido para representar Portugal na modalidade de natação. Portador de Trissomia 21 está inscrito no Grupo Desportivo de Desporto

Adaptado da Cercizimbra, desde 2009. Este ano, as cores da bandeira nacional foram representadas por 37 atletas que participaram em cinco modalidades: natação, atletismo, basquetebol feminino (variante Unified), futebol de 7 e golfe. A comitiva portuguesa regressou com 20 medalhas ganhas na competição, das quais oito são de ouro, oito de prata e quatro de bronze. Os principais objectivos da organização internacional Special Olympics, que decorreu pela 1.ª vez em Chicago, em 1964, é a criação de oportunidades para que todos os jovens e adultos com deficiência intelectual, tenham acesso à prática desportiva, de forma continuada, de acordo com os princípios da equidade. A Special Olympics 2011 reuniu cerca de 7500 atletas de 185 países, que competiram em 22 modalidades desportivas.

Carolina Marquês, atleta de canoagem do Clube Naval de Sesimbra desde 2008, foi

a participação Portuguesa na Regata Olympic Hopes 2011, em Bydgoszcz, Polónia. Este

convocada para integrar o estágio da Selecção Nacional com o objectivo de preparar

será o penúltimo estágio de preparação, a decorrer em Montemor-o-Velho entre os

g Ginástica Aerobica Desportiva

Beatriz Matos de novo campeã A ginasta Beatriz Matos, da MGBOOS – Associação Desportiva, Cultural e Social da Quinta do Conde, foi pelo terceiro ano consecutivo, vencedora do Campeonato Distrital de Ginástica Aeróbica Desportiva na 1ª divisão no escalão de Iniciados. Venceu igualmente, pelo 3º ano consecutivo, o 1º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de Ginástica Aeróbica

Desportiva, assim como, o 1º lugar da Taça de Portugal de Ginástica Aeróbica Desportiva realizado em Benavente. Esta ginasta é treinada pelo professor Eduardo Silva, mentor deste projecto. No dia 29 de Julho pelas 21 horas, terá lugar no Anfiteatro da Boa Água, o espectáculo de encerramento da época desportiva da Associação.

dias 15 e 20 de Agosto. A atleta foi convocada por opção técnica, dadas as prestações nas Taças de Portugal e no C.N. de Pista. Carolina conseguiu chamar a atenção dos técnicos nacionais após o Campeonato Nacional de Velocidade, onde se sagrou recentemente ViceCampeã Nacional, na distância olímpica (500m) em K1 e k2 e conseguiu a medalha de bronze em K1, nos 1000m. Carolina Marquês é canoista do Naval de Sesimbra e já conta com 6 títulos nacionais, dos quais 3 foram obtidos este ano. Andreia Coutinho


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O SESIMBRENSE

Liga dos Amigos de Sesimbra Gliese Jornal O Sesimbrense 4º aniversário Duplo Aniversário A Liga dos Amigos de Sesimbra e o jornal O Sesimbrense vão assinalar, no dia 25 de Julho corrente, o duplo aniversário destas instituições: o jornal comemora este anos os seus 85 anos,

e a Liga dos Amigos de Sesimbra os seus 60 anos. Numa cerimónia que terá lugar no Auditório Conde Ferreira, pelas 21 horas, serão homenageados Presidentes da Liga e Directores do jornal. A sessão integrará ainda uma palestra pelo Dr. João Palmeiro, da Associação Portuguesa de Imprensa. A sessão é aberta a todos quantos queiram participar.

O Gliese Bar encheu-se de cor e de gente na noite de 16 de Julho, para a comemoração do 4º aniversário do estabelecimento. Quatro anos a integrar o “menu” nocturno que Sesimbra tem para oferecer, com animação e bandas variadas, assim como o lazer que durante o dia os visitantes podem usufruir no interior, ou na espaçosa esplanada com vista para

principalmente devido ao gradual conhecimento que a população vai tendo da sua existência: “No primeiro ano o impacto foi mais local, a nível de Sesimbra, depois começou a atrair pessoas fora, fruto da divulgação as próprias pessoas vão fazendo”. Um impulso grande ocorreu quando foram referidos pela revista “Rotas e

o mar. O Gliese tornou-se um dos bares eleitos para quem procura um local de convívio, diversão e laser. A animação foi uma constante durante a noite que começou “envergonhada” mas que depressa ganhou ritmo ao som da banda de música e dos animadores que iam desfilando pelo espaço e fazendo o seu espectáculo. A família Anacleto, proprietária do bar comemorou mais um ano de existência, cantando os parabéns e distribuindo bolo de aniversário e champanhe.

Destinos”, quando vieram ao Hotel Sesimbra e Spa. O Gliese faz publicidade em outdoors mas apenas a nível local, recorrendo ainda à Internet e ao Facebook para divulgar as suas inciativas. Actualmente o bar emprega 14 trabalhadores efectivos, a que se somam mais 6 nos períodos de maior actividade. Fernanda Anacleto refere que ainda não notou grandes alterações devido à actual crise, mas refere que é notório “o aumento da camada mais jovem, que vêm mais tarde, a partir das 2 h. da manhã.” Também não têm tido problemas de segurança, mas tiveram que dar mais atenção ao controlo das entradas, pois a partir de certas horas da noite “surgem jovens que já aparecem aqui embriagados, e por isso é necessário efectuar algum controlo.” O trabalho de administração é distribuído pela família; Fernanda Anacleto assegura as funções da Contabilidade – que também acumula com a administração do barco de pesca; a sua irmã Júlia assegura o funcionamento dos equipamentos, manutenções, arrumação, cumprimento das normas HCCP; o irmão António trata da contratação das bandas e outros eventos, das bebidas e encomendas. A mãe, Bernardete, não se deixar de ser referida – Fernanda considera-a carinhosamente como a “cabeça de ferro”, assegurando a união entre todos. E também a jovem filha de Fernanda, ainda estudante, já está a trabalhar, nestes meses de Verão, no serviço de bebidas. A pesca é uma das questões que mais entristece Fernanda: “Ao longo dos anos foram acabando com a pesca, ninguém lhe dava valor, apenas ao Turismo. Agora que começaram a ver que isto é um todo, e que precisamos todos uns dos outros, não sei se já não iremos tarde demais…” E acrescenta: “Deixaram de dar valor ao pescador, continua a ser uma profissão socialmente desvalorizada.”

Efemérides g 6 de Julho de 1974 g Plenário de moradores sobre movimento de ocupação de casas, convocado pelas Comissões de Moradores da Vila de Sesimbra, com presença de um elemento do COPCON na mesa. Aprovada proposta que inclui disposições no sentido de “Que toda e qualquer casa que vague, o senhorio seja obrigado a denunciá-la à comissão de zona respectiva, bem como os prédios acabados de construir”, e “Que sejam desocupadas todas as casas alugadas ao ano a pessoas de fora, que utilizam as mesmas como casas de veraneio, a fim de estas serem ocupadas por pessoas necessitadas”. g Na edição de 7 de Julho de 1974 O Sesimbrense publica uma carta de Rafael Monteiro, onde declara ser “total e completamente alheio a esta «nova série» do jornal: Rafael entrara em ruptura com o Director, Ernâni Roque, que publicara no editorial “Pátria Liberta”, 4 dias após o golpe revolucionário de 1974, que “a imprensa vai poder alfim cumprir, também livre e responsavelmente, a alta missão que lhe incumbe – e este jornal será então o intérprete não condicionado das aspirações de todo um Concelho”. g A Comissão pró-Delegação do Concelho de Sesimbra do Sindicato

Nacional de Trabalhadores da Indústria de Hotelaria e Similares emite um comunicado lamentando que da lista que o MDP-CDE elaborou para a Comissão Administrativa da Câmara não faça parte nenhum profissional de hotelaria, que é a “segunda indústria mais representativa do Concelho”, e pergunta: “será uma atitude discriminatória?” gNa edição de 21 de Julho de 1974, O Sesimbrense publica uma entrevista com o MDP-CDE, a propósito da lista que esta organização elaborou para tomar posse da Comissão Administrativa da Câmara Municipal. Reagindo a críticas de não ter havido reunião pública para a escolha nem integrar independentes, o entrevistado diz que a lista tem “pessoas da confiança do MDP”, e que Sesimbra é um Concelho dominado por “forças profundamente reaccionárias e o mais possível prófascistas”, acrescentando que o MDP não aceita que haja politicamente gente “independente”. Recusam-se a aceitar “meias-tintas” e denunciam a “falsa independência” a que O Sesimbrense se refere: “A História da sociedade prova que quem não é a favor das justas modificações sociais favorece a manutenção da injustiça social, por mais que se reivindiquem posições neutrais que, a nosso ver, são falsas”.

Uma empresa familiar O Gliese é facilmente identificado com a família Anacleto, com origem no arrais António Anacleto, já falecido, e que durante a sua vida subiu desde simples pescador até um dos mais inovadores e qualificados mestres da pesca do Alto (com aparelho de anzol) em Sesimbra. Muito jovens ainda, as irmãs Fernanda e Júlia abriram várias lojas em Sesimbra, onde foram adquirindo competências de gestão. O falecimento do pai – devido a um trágico erro de diagnóstico no hospital, onde confundiram um problema cardíaco com uma amigdalite, enviando-o para casa sem tratamento adequado – levou a família a assegurar a continuidade da empresa de pesca, que ainda hoje existe. Há 4 anos, com a construção da Praça da Califórnia, abriram o Gliese, um bar-lounge com bilhar e bowling, e também com Internet e animação musical, que se tem afirmado como um dos estabelecimentos mais qualificados do turismo sesimbrense, conseguindo atraír várias gerações, desde as mais idosas que usam a generosa esplanada ou o bar durante o dia e início da noite, até aos mais jovens que aparecem já depois da meia-noite. Numa pequena entrevista, Fernanda, a filha mais velha de António Anacleto, refere que a popularidade do Gliese tem vindo a aumentar de ano para ano,

João Augusto Aldeia e Andreia Coutinho

Festival Super Bock Super Rock

2ª edição em Sesimbra O Super Bock Super Rock voltou a marcar presença na Herdade do Cabeço da Flauta, na zona da Lagoa/ Meco, em Sesimbra. Durante os dias 14, 15 e 16 de Julho, o espaço, que este ano foi alargado para 20 hectares, contou com 30 mil pessoas por dia, esgotando a lotação nos três dias, apesar da poeira, gerando muitas críticas, pois até máscaras se usaram, dentro do recinto.

O estacionamento foi uma das preocupações tendo sido criados novos estacionamentos e sido assegurados transportes rodoviários. Arcade Fire, Arctic Monkeys, Depeche Mode, entre outros animaram quem por lá passou. O festival fechou com a actuação tão esperada da banda The Strokes e de Slash, ex-guitarrista dos Guns N’ Roses.


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