ANO LXXXV • N.º 1153 de 31 de Agosto de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC)
Inaugurada nova ponte-cais
Política Local
Assembleia Municipal A Assembleia Municipal de Sesimbra aprovou uma alteração à tarifa de esgoto, e a contratação de um novo empréstimo, no valor de 1 milhão de euros, para financiar as obras do loteamento da Ribeira do Marchante, na Quinta do Conde, e da estrada dos Murtinhais, na Lagoa de Albufeira. Página 10
Economia Local
Marina Gourmet
Pastelaria
Rabeça
SuperSol encerra
A antiga gelataria do jardim foi adquirida há 29 anos por João Calder e rebaptizada como “Marina Gourmet”. Juntamente com a Gelataria e Pastelaria “Futóchocolate”, constituem estabelecimentos de excelência no ramo dos gelados.
José Manuel Macedo, o dinâmico proprietário da “Padaria do Gá”, inaugurou no passado dia 22 de Julho um novo estabelecimento de pastelaria, no Zambujal, à beira da estrada para o Cabo, com o nome de “Rabeça”, a alcunha da família.
O Supermercado “SuperSol”, localizado na Carrasqueira, fechou portas, lançando no desemprego dezenas de trabalhadores e forçando o encerramento de outras lojas que ali se localizavam, e cujos proprietários foram apanhados de surpresa.
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Grandes investimentos na região em risco
Foi inaugurada no passado dia 6 de Agosto uma nova ponte-cais no Porto de Abrigo de Sesimbra, destinada aos barcos da pesca longínqua. Carlos Lopes, presidente da APSS, considerou que a nova estrutura melhora as condições de operacionalidade da actividade piscatória no porto de Sesimbra. Porém, só com a construção de mais uma ponte cais - a nº 4 - é que poderá ser ampliada a marina para barcos de recreio. Página 8
Associativismo
Bombeiros Voluntários de Sesimbra
Os Bombeiros Voluntários de Sesimbra assinalaram o seu 108º aniversário com a tomada de posse do seu novo comadante
operacional, Ricardo Macedo Cruz, que regressa ao cargo que já tinha desempenhado entre 2003 e 2008. Página 13
Grupo Desportivo de Sesimbra Foram muitos os atletas homenageados na cerimónia do 64º aniversário do GDS, revelando o destacado papel que continua
Os cortes na despesa pública do Estado começam a atingir a Península de Setúbal: o Governo anunciou que já não será construido o Hospital Seixal/Sesimbra, e várias obras rodoviárias do Baixo Tejo também serão anuladas. O Governo anunciou ainda o fim da empresa do Arco Ribeirinho Sul, que tinha como objectivo requalificar as antigas zonas industriais da Lisnave, Siderurgia e CUF/Quimigal, ficando em dúvida qual o futuro dessa requalificação. Página 10
Turismo Deverá ter início no próximo ano o “Finisterra - Arrábida Film Art & Tourism”, um festival de cinema que pretende promover a Arrábida e o Cabo Espichel como destinos turísticos, mas atraíndo, igualmente, produtores e realizadores para novas iniciativas cinematográficas nesta zona, já muito procurada para esse fim. Página 12
António Ratinho Há 30 anos que António Ratinho começou a revelar ao público os seus desenhos e pinturas: começou por expor alguns trabalhos na exposição “Sesimbra e o Mar, em Maio de 1981. Em Setembro desse mesmo ano fez a sua primeira exposição individual na antiga sala das Finanças. Página 13
a desempenhar na promoção do desporto amador. Mas a situação financeira continua a ser uma grande preocupação.
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Grupo Desportivo de Alfarim Já com 35 anos de vida, o “Alfarim” continua de boa saúde, apesar de serem hoje maiores as preocupações financeiras, segundo
o seu presidente, José Fernando Dias, que se queixa do pouco reconhecimento do poder central por estas entidades associativas. Página 5
Segurança Uma onda de assaltos está a marcar o verão em Sesimbra, onde vários estabelecimentos comerciais tê sido roubados a coberto da noite. O caso mais preocupante ocorreu na Quinta do Conde, onde um septuagenário foi esfaqueado com gravidade, depois de ter sido assaltado , com a sua esposa, na via pública. Páginas 3 e 6
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Editorial
Tempos difíceis A quebra da actividade da construção – que tem sido, nos últimos anos, o principal sector da economia do Concelho de Sesimbra – associada ao anúncio da suspensão ou “reavaliação” de grandes investimentos previstos para a Península de Setúbal (hospital do Seixal/Sesimbra, rede rodoviária do Baixo Tejo, projectos do Arco Ribeirinho Sul) são apenas alguns reflexos da crise económica na nossa região. Mas o turismo e a pesca também começam a evidenciar problemas, traduzidos nas crescentes dificuldades financeiras de algumas empresas. Haverá possibilidade de estabelecer uma estratégia local para ajudar as nossas empresas a enfrentar a crise? Ainda que seja possível, não será fácil, pois o associativismo empresarial é praticamente inexistente em Sesimbra. Talvez a primeira medida a tomar deva ser nesse sentido: que os empresários tomem a iniciativa de se organizar, ainda que seja apenas para debater entre si os seus problemas, procurando soluções, delineando um caderno reivindicativo para negociar com o poder político, local e central. É um facto que existe uma associação empresarial regional: a AERSET, Associação Empresarial da Região de Setúbal, mas é como se não existisse. Alguém, em Sesimbra, conhece alguma iniciativa da AERSET em defesa do nosso tecido empresarial? Bem, a AERSET apareceu recentemente nas páginas de alguns jornais, mas pelos mais estranhos motivos: a demissão de representantes seus na direcção da empresa Parque Santiago, empresa formada pela AERSET e pela Câmara de Setúbal para gestão dos terrenos onde se realiza a Feira de Santiago, e onde deveria ter nascido também uma Feira Industrial regional, com instalações apropriadas. Motivo da
demissão: o facto da empresa Parque Santiago não pagar a dívida que tem às empresas Teodoro Gomes Alho e Montiterras. A demissão dos referidos representantes – um dos quais, António Capoulas, é o próprio presidente da AERSET – visa pressionar a Câmara de Setúbal, com quem dizem ter “desentendimentos insanáveis”. Dir-se-ia que é a Câmara de Setúbal que manda no Parque Santiago; no entanto, a maioria do capital da empresa (55 %) é controlada pela AERSET... A referência a esta notícia visa revelar uma estranha característica do associativismo empresarial regional: apesar de ter como associados gigantes empresariais como a Auto Europa, a Lisnave ou a Portucel, APSS – a AERSET parece ter a sua estratégia dependente da Câmara de Setúbal. É sabido que muito do associativismo social, cultural e desportivo depende, em boa medida, dos apoios financeiros das Câmaras Municipais. Mas que a principal associação empresarial da região esteja refém das dificuldades financeiras duma Câmara, accionista minoritária duma empresa mista, revela a fragilidade desse mesmo associativismo. O que se espera, essencialmente, é que os empresários financiem as suas associações – em quotizações, mas também financiando/avalizando os respectivos investimentos – de modo a constituirem-se como fortes intituições de pressão para defesa dos interesses económicos da região de Setúbal, ou das sub-regiões respectivas. Atravessamos uma grave crise financeira e económica, com perspectivas de agravamento. É importante que os empresários expressem, através das suas associações, quais as soluções para os problemas que ameaçam a região. João Augusto Aldeia
Ex-combatentes sentem-se injutiçados Um grupo de ex-combatentes, denominado por “Voz dos Combatentes”, emitiu uma circular onde são apresentadas várias reivindicações, consequentes de “injustiças cometidas por diversos Governos ao longo dos anos, sobre aqueles que, na sua juventude, tiveram de abandonar tudo para combater em terras além mar e que hoje sofrem as mazelas e doenças causadas”, dizem. Este grupo, criado no Facebook, apela à defesa dos princípios dos ex-combatentes, a serem aprovados em Assembleia Nacional de Combatentes. A retirada das ruas e acolhimento em instalações condignas de todos os Combatentes afectados pelo distúrbio de stress pós traumático da guerra; o acesso a alimentação, vestuário, higiene pessoal e despesas fúnebres para ex-combatentes sem-abrigo; apoio médico para todos aqueles que em
missão desenvolveram traumas físicos e/ou psíquicos, a revisão do valor das reformas e subsídios; são algumas das reivindicações feitas por este grupo. Solicitam, ainda, ao Governo para que, em colaboração com os Governos de Angola, Moçambique e Guiné, “sejam recolhidos e trazidos para Portugal todos os restos mortais dos Combatentes portugueses falecidos naqueles 3 teatros de operações, aproveitando a louvável e generosa disponibilidade da TAP para fazer o seu transporte aéreo”. Segundo o Comandante Manuel Henriques, da Liga dos Combatentes de Sesimbra, no concelho conhece apenas quatro ex-combatentes que vivem em dificuldades e que têm recebem apoio em consultas de psicologia, não conhecendo, no entanto, qual a natureza exacta do apoio prestado. Andreia Coutinho
Força Aérea e Marinha em exercício ao largo de Sesimbra A Força Aérea e a Marinha, através de um helicóptero EH-101 da Esquadra 751 (Força Aérea), do Submarino Arpão e do NRP Hidra (Marinha), realizaram no dia 9 de Agosto, ao largo de Sesimbra, o exercício conjunto Sarex Subarpao. Este exercício consistiu numa missão de Busca e Salvamento ao Submarino Arpão. Foram criados vários eventos e incidentes, para a realização do Sarex Subarpao, com o objectivo de treinar e preparar, quer as tripulações do EH101, quer do submarino, que podem ser chamados a intervir em ocorrências desta natureza. Além da diversidade de situações, do rigor e do realismo que esteve presente neste exercício, esta Força treinou os procedimentos de busca e salvamento em submarinos, em ambiente diurno e, pela primeira vez, em ambiente nocturno, tirando partido dos sistemas e equipamentos de que o EH-101 da Força
Aérea dispõe para efectuar missões de busca e salvamento a navios, embarcações e submarinos, por vezes sob condições extremas, tanto climatéricas como outras. A realização deste exercício permitiu treinar as tripulações dos sistemas de armas envolvidos, bem como avaliar o estado de prontidão e capacidade de resposta dos mesmos, em missões de Busca e Salvamento a um submarino, neste caso, do Submarino Arpão.
Pescas - Julho
Esta irregularidade de pescas é uma constante que nos custa aceitar mas a que nos temos de habituar, tendo em conta o conformismo dos que dela vivem, sem uma forte contestação ao afundar, dia a dia, dum sector produtivo, cujo desaparecimento trará, sobretudo para Sesimbra, uma séria provação económica e social. Este Julho perdeu-se no arrasto, na Artesanal e só o cerco teve um alto rendimento de capturas que não
rendem à devida compensação na lota pelo diminuto valor das espécies pescadas, em relação a Junho passado. O arrastar desta situação preocupa, quem como nós, sempre tem acompanhado de perto o evoluir deste negativismo sem que se cuide de transformar para que Sesimbra e este rico litoral país piscatório, volte a ser exportador das nossas famosas espécies de peixe. Pedro Filipe
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ONDULAÇÕES
Finalmente, consegui fazer um intervalo no acompanhamento da “crise nacional” para poder dedicar estas Ondulações a um melhor conhecimento de duas das maiores necessidades de Sesimbra. Refiro – me à velha questão da circulação automóvel e à falta de lugares para estacionamento, sobretudo, na vila. Embora os meses de Julho e de Agosto ainda não nos tivessem trazido o desejado verão, o aumento do número de automóveis em circulação na vila e o aumento das dificuldades de aparcamento, dizem-nos que a época estival está de volta e, com ela, vêm acrescidas preocupações para as famílias que vivem na vila e para os turistas que gostariam de gozar, entre nós, uns dias bem passados. Há muitos anos que esta situação se repete e para a qual não se conhecem culpados directos. É certo que há quem pudesse ter feito mais para que a situação melhorasse, mas não lhes podemos atribuir uma culpa. Ela resulta, substancialmente, do elevado relevo que circunda grande parte da vila, como um lenço num pescoço, e da existência da nossa magnífica baía que continuará a impedir, durante muitos anos mais, a utilização de entradas e saídas por sul. Contudo, a demora na avaliação da actual situação e do conhecimento da urgência na aplicação das soluções mais adequadas para a melhorar, poderá agravar, ainda mais, a actual situação. Há muitos anos que as sucessivas edilidades têm convivido com enormes dificuldades financeiras, o que não lhes tem permitido enfrentar, adequadamente, a situação que não pára de se agravar, cada ano que passa. As protecções para melhorar a mobilidade dos peões nos passeios, lançadas nos últimos anos, são de louvar, na medida em que impedem a invasão dos respectivos passeios pelos automóveis. Como de louvar é o aparecimento do primeiro parque de estacionamento vertical privado, a poente da vila. No entanto, a situação exige um esforço público muito maior que ponha à disposição dos automobilistas vários aparcamentos nas entradas da vila, de fácil acesso para os seus utentes, conjugado com um serviço público de mini-bus para a recolha e a distribuição dos utilizadores dos parques. Aqui chegados, outras interrogações se nos colocam. Onde poderão ser localizados os aparcamentos e como devem ser distribuídos? Que tipo de aparcamentos se deverão utilizar? Ao ar livre, em silos de vários andares ou subterrâneos, aproveitando o relevo circundante? Deve construir-se um ou dois grandes parques ou vários de média dimensão? Numa pequena vila onde o espaço e o tempo são escassos para tudo, também começa a ser escasso o tempo de que se dispõe para a análise das propostas que se apresentem e para tomar as decisões
que se imponham. Mas, qualquer que seja a escolha, perguntar-me-ão os leitores, a que porta se irá bater para conseguir o financiamento de um projecto desta envergadura, em condições aceitáveis, sobretudo no período inicial, quando ainda não se cobram receitas suficientes? Creio que chegámos ao momento de averiguar se Sesimbra poderá oferecer garantias suficientes que tranquilizem os financiadores e se a edilidade poderá responsabilizar-se por manter essas garantias, sem permitir que se degradem? Creio, sinceramente, que sim. Sesimbra possui condições climáticas excepcionais. As suas praias de finas areias em vários pontos da costa, na própria Vila, no Meco, na Ribeira do Cavalo, entre outras, e o nosso mar que convida a banhos com boas temperaturas, à pesca artesanal, à prática da vela, do remo, ou do surfe, são bons impulsionadores de um turismo de futuro e, portanto, são garantias válidas. O mesmo se passa com as suas riquezas naturais, no conjunto da Vila, no conjunto do Castelo, na Lagoa de Albufeira, no cabo Espichel, na Serra da Arrábida, que são garantias válidas. Creio, sinceramente que se as condições e as riquezas naturais de que dispomos puderem ser apreciadas sem os constrangimentos dos problemas causados por maus acessos e por má circulação na sede do concelho e com a garantia de haver, a curto prazo, bons parques de estacionamento, a edilidade poderá apresentar garantias suficientes aos prováveis financiadores. Não se deve esconder que a economia do concelho perdeu muito desde que, nas vésperas da nossa entrada para a Comunidade europeia, nos “convenceram” a vender os trastes velhos, entenda-se os barcos de pesca e as ferramentas agrícolas que, diga – se de passagem, ainda estavam em muito bom estado e isto porque, com a nossa entrada na Europa, não precisávamos deles para enriquecer. Cedo percebemos que nos haviam enganado. Tarde demais para arrepiar caminho. A economia das famílias e a economia do concelho têm de voltar a passar pelo regresso, em grande, às pescas, ao campo e ao mar. Digo em grande porque, quando esse regresso se verificar, a nossa pesca terá de ser tecnicamente perfeita, e os nossos pescadores terão de ganhar novas qualidades, sem perder nenhuma das antigas. Não podemos voltar às pescas, em grande, mantendo as velhas mentalidades. Não podemos regressar aos campos, em grande, se não conseguirmos condições para montar e equipar modernas explorações, bem diferentes das que “escravizaram” os nossos avós. Mas devemos voltar, para que Sesimbra possa dispor de mais garantias, a juntar a todas as outras, para oferecer aos que as solicitarem.. Eduardo Pereira
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Faleceu Lucindo Farinha
Lucindo Farinha, de 74 anos, oriundo de uma família de cordoeiros e carpinteiros navais, faleceu no dia 25 de Junho, no Hospital Pulido Valente, vítima de carcinoma pulmonar. Lucindo Partiu… Não com a marcante genica de há 60 anos, em provas de natação, representando o “nosso” Naval, sob tutela do infatigável “Zé” Braz. Era rápido, nos 33 ou 66 metros livres, a competir com alguns mais velhos como o Alfredo, o Carlos Magalhães ou o Mário Martelo. Mas batia-se bem e granjeava simpatias que lhe perdurariam por toda a vida. O Lucindo Farinha, perto das suas próprias “bodas de diamante” , partiu na derradeira semana de Julho p.p. e deixou-nos mais pobres de afectos e mais tristes. Pode dizer-se que era uma figura típica e popular de Sesimbra, radicado na sua clássica loja do Largo da Marinha onde havia de tudo para todos, a partir de mágicas
e seu irmão mantiveram, até hoje, a loja de artigos de pesca, a “Casa Naval”, aberta pelo seu pai no Largo da Marinha — mais conhecida pelo apelido familiar, “Palhinhas”. gavetinhas que o Lucindo dominava sempre solicito e simpático. Tal a mensagem histórica da Loja de “Tem Tudo” que de vez em quando era visitada por turistas, de digital em punho, para fotografarem as gavetinhas e o sorriso acolhedor do Lucindo. Era, para mim, um amigo que muito prezava, um saudoso colega das lides desportivas do Clube Naval, nos primórdios da década de 50. Vou sentir a falta de me cruzar com o Lucindo e trocarmos os bons dias da praxe. Mas sei que a sua loja vai continuar e que os seus muitos amigos não vão esquecê-lo. Até sempre, “pêxito” de qualidade. David Sequerra
Onda de assaltos
Comerciantes queixam-se da passividade das autoridades A loja de vestuário “Bom Preço”, na Rua da Fortaleza, a papelaria “Avenida”, na Av. da Liberdade e a loja “Bazar”, na Rua Professor Marques Pólvora, foram alvo de mais uma onda de assaltos, na madrugada de 22 de Agosto, na aparentemente pacata vila de Sesimbra. Os métodos utilizados pelos assaltantes foram idênticos nos três estabelecimentos furtados: utilização de pedras para partirem as portas e montras, forçando assim a entrada nos locais. A proprietária do estabelecimento “Bom Preço”, Margarida, situado junto à Fortaleza, conta que o alarme soou às 4:20 horas da manhã, tendo sido alertadas de imediato as autoridades. “O vidro da montra foi partido e levaram principalmente camisas, todas as que conseguiram, deixando outras tantas espalhadas, até pela rua, nem sei contabilizar o prejuízo…”, refere a proprietária do estabelecimento, que já antes fora assaltado por três vezes. Pelas 6 horas da manhã do mesmo dia, teve lugar o assalto à papelaria “Avenida”. Aqui partiram o vidro da porta e levaram o tabaco que conseguiram, no valor de cerca de mil euros. Fernanda Louro, a proprietária, refere que “esta é a quarta vez que partem as montras da papelaria, mas é a primeira em que assaltam e furtam, o que significa que está a piorar de dia para dia”. Fernanda mostra-se revoltada com a inércia de quem pode intervir, destacando a falta de policiamento que se faz sentir nas ruas de Sesimbra. “Para além da falta de segurança, a rua é muito escura, os candeeiros são altos e a luminosidade deles fica tapada pelas copas das árvores”. Entre as 6 e as 7 horas da manhã foi a vez da papelaria “Bazar”, de Gracinda Verissimo, assaltada pela terceira vez consecutiva. “Em menos de dois meses fui assaltada duas vezes, desta última voltaram-me a levar todo o tabaco, perfumaria, entre outros produtos, … ainda não contabilizei os danos e os produtos furtados”. Aqui também os assaltantes partiram os vidros da porta para pode-
rem entrar. Aqui também a proprietária sente insegurança e injustiça por parte das autoridades, que vieram três vezes aos locais assaltados durante esta madrugada agitada, sem que tenham tomado outro tipo de medidas, logo no primeiro assalto às 4 horas da manhã. “Eu perguntei aos agentes porque voltaram ao posto e não patrulharam a zona logo após ao primeiro assalto, ao que me responderam que tiveram que preencher os documentos dos furtos…”, desabafa Gracinda, enquanto acrescenta o facto de não ter sido chamada qualquer equipa de perícia para examinar impressões digitais, como acontecera após o anterior assalto que sofrera, “acabei por encontrar a pedra que serviu para partirem os vidros, levei-a às autoridades, mas disseram-me que não era necessário para qualquer tipo de investigação”. *** O descontentamento por parte destes comerciantes é geral, as queixas de pouca facturação são muitas, o que, somado com estes consecutivos furtos e prejuízos, se traduz na dificuldade, referida por eles, em manter as suas portas abertas ao público. Os proprietários furtados mostram-se abalados com os consecutivos roubos, com a inércia das autoridades, com a demora da chegada dos agentes ao local… Alguns dizem mesmo só vislumbrarem duas hipóteses: ou fechar os estabelecimentos, ou ficarem lá a dormir. Andreia Coutinho
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Marina Gourmet
Restaurante Bosporus
“Amealhar no Verão para sobreviver no Inverno” Döner kebab já em Sesimbra João António Macedo Calder é proprietário do estabelecimento “Marina Gourmet”, no largo 5 de Outubro, há 29 anos, e da Gelataria e Pastelaria “Futóchocolate”, junto ao largo de Bombaldes, há 21. O estabelecimento junto ao jardim já comercializa gelados artesanais há 51 anos, e João Calder deu-lhe inicialmente o nome de “Marina Gelataria”, não alterando as receitas dos gelados tão procurados; quando, em 2009, alargou o espaço para outro tipo de produtos, rebaptizou-o como “Marina Gourmet”.
Como surgiu o nome Marina? Surgiu quando fizemos a primeira obra, quando comprei o estabelecimento ao Sr. Manuel Agostinho, e os italianos pertencentes à casa que montou a gelataria, um arquitecto e um engenheiro, quando decoraram a loja fizeram umas ondas nas paredes, então daí o nome Marina. Os gelados por si comercializados são artesanais e confeccionados aqui no estabelecimento? Sim, todos. A receita é antiga, já do primeiro proprietário mas enriquecida ao longo dos tempos por mim e pela minha esposa, Mariana Calder. Havia 7 a 8 sabores antes de eu vir para aqui, hoje temos uma gama alargada de cerca de 50 a 60 variedades de sabor. Fomos experimentando e frequentando colóquios para empresas fornecedoras dos produtos, para estarmos sempre sensíveis às necessidades de mercado. E qual o segredo para o sucesso destes gelados? Não temos ingredientes especiais nem segredos, há uma base feita, da qual se parte para vários sabores, confeccionada com leite, açúcar, ovos e estabilizante. O que faz a diferença são as quantidades certas – e, claro, a qualidade. E como explica a procura dos seus gelados por parte de vários clientes de outras zonas? O segredo – que não é segredo – é, por exemplo, no gelado de chocolate, se é necessário utilizar 500 gramas de chocolate, então não utili-
zar apenas 250 ou 300, para poupar. Temos clientes que dizem que nem no estrangeiro encontram gelados com este sabor e esta qualidade. Sintome lisonjeado, é o reconhecimento do nosso trabalho. Quais os sabores que mais vende? Limão, morango, chocolate, baunilha, caramelo, after eight, amêndoa, stracciatella, são os mais tradicionais. Depois temos os rotativos, aqueles mais diferentes, como o gelado de arroz doce, o gelado de nata com noz caramelizada, de laranja com chocolate, de manga-laranja, de Piña colada, de nata com morango, entre outros, … Tentamos fazer gelados diferentes e apostar numa diversidade e que só aqui se encontra. Dá mais trabalho, no caso do arroz doce tem que se fazer á parte como se fosse fazer mesmo taças de arroz doce e depois juntar à base do gelado. Para além do gelado na bolacha ou em copo quais as outras especialidades? Temos cerca de 30 traças de gelado diferentes para ir à mesa, bolos em gelado, muitos deles para aniversário, a Cassata, uma sobremesa típica italiana, uma espécie de bola que leva baunilha, chocolate e no interior frutas cristalizadas, natas e amêndoa torrada triturada. Lá em baixo (na gelataria “Frutóchocolate”) o crepe com gelado é muito procurado. No inverno as vendas decrescem bastante? A procura de gelados diminui bastante no inverno, tentamos amealhar no verão para sobrevivermos aos outros meses.
Por ser um produto mais direccionado para a época de Verão, a ideia de conciliar a Gelataria com Gourmet foi uma forma de fazer face aos meses de inverno em que os gelados não têm tanta procura? Posso dizer que sim, o mês de Julho deste ano foi o pior de todos os tempos. Este ano sentiu-se sem dúvida a perda do poder de compra dos clientes e com a venda de produtos gourmet sempre é outro atractivo. Que tipo de produtos gourmet os clientes aqui encontram? Desde os vinhos, conservas, patés, azeites, vinagres, chás, chocolates, … Apostamos nos produtos nacionais. Fizeram alterações na decoração quando alargaram o comércio para gourmet? Sim, precisávamos de uma “cara lavada”, de um aspecto também relacionado com uma loja gourmet. A decoração foi toda realizada por mim e pela minha esposa. A conciliação destes dois géneros de produtos foi bem aceite pelos clientes? Foi, sem dúvida, recebemos muitas críticas positivas, nomeadamente ao novo aspecto do estabelecimento e da decoração. E a procura deste tipo de produtos numa vila tradicional é como esperava? A grande maioria dos clientes que compram os produtos gourmet, são pessoas de fora da vila, os habitantes de cá estão muito habituados aos Mini Mercados e às suas rotinas… Andreia Coutinho
A Cotovia conta com nova especialidade no ramo de restauração, “Bosporus” assim se chama o restaurante com especialidade em Döner kebab, traduzido literalmente, espeto giratório. É um prato tradicional turco, feito de carne assada num espeto vertical e fatiada antes de ser servida, envolvida em pão, ou pide (pão pita turco) salada e molho. Curiosamente, a forma actual do Döner kebab, servido neste tipo de pão, a carne em fatias finas e a diversidade de molhos, foi inventada na Alemanha por imigrantes turcos. O Sesimbrense falou com o proprietário, Veaceslav Zaharciuc, natural da Moldávia, tal como a sua esposa, residentes em Portugal desde 1999, para perceber o porquê da escolha de Sesimbra para a abertura do seu estabelecimento. Veaceslav saiu de seu país na década de 90, com destino a Alemanha, onde se dedicaram igualmente à cozinha turca, “na Alemanha este tipo de comida tinha muita saída, apesar de ser mais conhecido o prato pita shoarma”, refere. O motivo de escolha da vila de Sesimbra prende-se essencialmente, segundo Veaceslav, “por ser um local que está perto da praia mas ao mesmo tempo perto de Lisboa, por outro lado o preço dos terrenos é significativamente mais barato comparativamente com outras
“a própria crise pode ser uma oportunidade para o kebab entrar em Portugal. Numa época em que os portugueses preferem não fazer muitas refeições fora de casa, ou que procuram restaurantes mais baratos ou até mesmo o take away, o Bosporus vai de encontro a este tipo de necessidades sentidas”. Veaceslav diz não sentir saudades do seu país natal, “a crise da Moldávia é muito diferente desta realidade, no capitalismo trabalha-se para se receber e no comunismo não...” A sua esposa está à frente do estabelecimento diariamente, enquanto Veaceslav trabalha na construção aproveitando os “intervalos” de trabalho para ajudá-la no restaurante. “A adaptação foi rápi-
zonas, nomeadamente a cidade de Lisboa”. O restaurante Bosporus oferece, para além do famoso kebab, hambúrgueres e cachorros com vários acompanhamentos. Ao ser questionado acerca da abertura de um negócio em tempos de crise, o proprietário do estabelecimento mostra-se optimista, “como é novidade nesta zona, o povo europeu aprecia este tipo de prato, tem um preço bastante acessível, e é uma comida rápida, nós só temos que estar positivos quanto a este passo que tomamos”. Acrescenta ainda que
da, não foi difícil aprendermos a língua portuguesa”, refere Veaceslav aproveitando para dizer que Sesimbra é muito bonita e que o dinheiro ajuda mas não é tudo, “Sesimbra e Portugal em geral, oferecem uma boa qualidade de vida a qualquer família, a comida é muito boa, as pessoas são simpáticas, têm respeito umas pelas outras, não há uma diferenciação, um racismo, entre nacionalidades como se sente nos outros países da Europa, por isso Portugal, e em especial Sesimbra, é um bom local para se viver”. Andreia Coutinho
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Grupo Desportivo de Alfarim 35 anos de história O Grupo Desportivo de Alfarim, completou mais um ano de sua existência, um ano que por entre glórias e medalhas, a crise, também ela presente no Grupo Desportivo e em tantas outras associações deste género. José Fernando Dias, presidente do GDS desde 1998, tendo já sido presidente em 1995, durante um mandato de 2 anos, e dirigente há 32 anos, fala-nos sobre algumas das dificuldades que a associação está a passar. Problemas A nível regional este tipo de associações enfrenta um problema que se baseia na situação dos dirigentes, “cada vez há menos pessoas a quererem ser dirigentes desportivos, pois exige muito trabalho e perda de tempo”, refere José Dias. Outra problemática, de conhecimento geral, é o sector financeiro, “Alfarim continua de boa saúde apesar de que a nível financeiro esteja mais complicado, nos últimos 2/3 anos a situação complicouse”, explica o presidente da associação dando como uma das causas a crise que se faz sentir, de igual forma, nas autarquias, “estas que nos ajudavam bastante e que agora não conseguem apoiar-nos como antes apoiavam”. O facto de as modalidades terem que ser todas pagas também dificulta a sobrevivência das associações desta
natureza. O presidente refere as despesas que a associação tem com “os recursos huma-
nos, nomeadamente, limpeza e secretaria, a manutenção do espaço, a luz, o transporte para eventos externos do pavilhão, organização de jogos, as inscrições em provas, …” Contudo não deixa de salientar a contribuição dos patrocinadores, tal como, o apoio prestado pela autarquia.
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Alfarim continua de boa saúde apesar de que a nível financeiro esteja mais complicado
Soluções O grupo Desportivo de Alfarim, a par de tantos outros grupos desportivos e asso-
ciações, sobrevivem graças à quotização paga pelos sócios, “temos cerca de 1.100 sócios e uma quota mensal de 1€, mas infelizmente só cerca de metade dos sócios têm as suas quotas regularizadas”, refere José Dias, “sendo que por outro lado muitos sócios associam-se apenas quando praticam algum desporto no Grupo, e quando saem deixam igualmente de pagar”. Portanto, segundo o presidente do Desportivo, se este tipo de situações fossem regularizadas, a situação económica da associação melhorava bastante. “Os jovens continuam-se a inscrever, contudo estamos num concelho difícil para alguns escalões, nome-
adamente nos iniciados na área do futebol”,refere José Dias como outro problema que a associação enfrenta. Movimento associativo na sociedade “Este tipo de associações tem um papel muito importante na sociedade”, explica José Dias para evidenciar o papel que o Grupo Desportivo tem, nomeadamente na vida dos jovens, visto ser uma ocupação para estes, algo que os cativa, motiva, educa, responsabiliza, … José acrescenta ainda que “o poder central não conhece o movimento associativo, não deveríamos pagar tantos impostos se estamos a praticar o bem e dar ocupação e formação a tantos jovens”. Queixa-se ainda do facto de se formarem e educarem jovens e os outros clubes interessados poderem leválos sem qualquer custo até aos 14 anos, “é injusto, pois antigamente davam-nos sempre qualquer coisa que nos ajudava a manter a nossa associação, agora até isso acabou, … E aqui torna-se visível o poder dos grandes e dos pequenos…” Modalidades Karaté, taekwondo, ginástica acrobática, aeróbica, manutenção, patinagem, futsal, futebol de 11 em todos os escalões, yoga, são algumas das modalidades praticadas no Grupo Desportivo de Alfarim.
José Manuel Macedo, inaugura
Pastelaria Rabeça
José Manuel Macedo, o dinâmico proprietário da Padaria do Gá, inaugurou no passado dia 22 de Julho um novo esta-
belecimento de pastelaria, no Zambujal, à beira da estrada para o Cabo. Com o nome de “Rabeça” - a alcunha de família
Jonas Farinha Expõe na Sociedade Musical
Esteve patente na Sociedade Musical Sesimbrense, entre os dias 1 e 14 de Agosto, uma exposição de Jonas Farinha. Entre alguns trabalhos, destaca-se a sua maqueta do quarteirão entre as ruas Rainha Dona Leonor e Almirante Sande de Vasconcelos.
Os praticantes inscritos têm idades compreendidas entre os 5 anos até aos praticantes de ginástica de manutenção, já num escalão sénior. “Temos mais de 400 atletas, inclusive federados em futebol e em ginástica competitiva”, indica José Dias. A ginástica e o futebol, são as modalidades mais representativas do clube e aquelas que continuam a vencer mais competições e provas no distrito, sendo a ginástica a modalidade que mais procura tem no GDA, para além do futebol. Troféus Segundo o presidente do Grupo Desportivo, “o Alfarim é um dos melhores clubes do distrito a nível da ginástica competitiva, temos óptimas prestações dos nossos atletas formados pela professora Patrícia e pelos seus colaboradores que fazem um trabalho excepcional”. O Futebol também é um desporto que orgulha a Associação e os seus associados, possuímos títulos em vários escalões, “já fomos campeões nas escolas, nos iniciados, nos juniores, nos juvenis e nos seniores”, diz José Dias orgulhosamente, “este ano conseguimos a manutenção das equipas nos escalões superiores, os juvenis estão a meio da tabela, os seniores em 4º lugar e os outros escalões fizeram excelentes prestações”. Andreia Coutinho
de José Manuel Macedo, o novo espaço apresenta uma excelente localização e boas instalações, a que se soma a excelente confecção de produtos de padaria e pastelaria, com a marca do “Gá”. O investimento realizado, no entanto, não foi ainda concluído na totalidade, pois também inclui novas instalações de confecção e cozimento, para poder “aliviar” a produção do forno da Rua da Fé, em Sesimbra, que começam a ser pequenas para as solicitações. Esta componente de fabrico, no entanto, ainda não pôde ser concluída, segundo José Manuel Macedo devido, em boa parte, a problemas burocráticos no processo de licenciamento. José Manuel Macedo não pretende, no entanto, encerrar totalmente o forno da rua da Fé, mas sim aliviar a produção ali feita, bem como a consequente necessidade de ocupar a rua com viaturas de apoio à actividade.
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Criminalidade na Quinta do Conde
Actos de vandalismo crescem na freguesia O Sesimbrense tem vindo a noticiar uma série de actos de vandalismo e de criminalidade na freguesia da Quinta do Conde, como veículos incendiados na via pública, esfaqueamentos, agressões a agentes da autoridade, assaltos a pessoas, viaturas, habitações e a estabelecimentos de comércio e serviços – alguns deles não participados por descrença na actuação das autoridades. Curiosamente, parte destes assaltos ocorre durante o dia, assim como os actos de vandalismo contra o património, como é o caso de contentores do lixo incendiados, vidros dos abrigos nas paragens dos transportes púbicos partidos, dispersores de rega e iluminação pública dos parques danificados, Biblioteca do Parque da Vila assaltada e vandalizada, pavilhões das associações da Quinta do Conde no recinto dos festejos dos Santos Populares vandalizados, entre outros casos. Na sequência desta onda de violência que regularmente se observa na localidade, a Junta de Freguesia preocupada com a questão, tem vindo a reunir-se com o comando do Posto da GNR da Quinta do Conde, tal como com o Governador Civil do Distrito de Setúbal e com o Coronel Albuquerque, Comandante da Unidade Territorial de Setúbal da GNR. No dia 1 de Agosto a Junta de Freguesia solicitou uma audiência ao Secretário de Estado da Administração Interna para abordar o “Reforço do quadro de pessoal adstrito à vigilância, prevenção e combate à criminalidade” e “Instalações para a GNR na Quinta do Conde”, que até à data não recebera qualquer resposta. Andreia Coutinho
Gang armado assalta café e clientes Enquanto alguns clientes, pelas 22 horas do dia 24, assistiam ao jogo do Benfica por televisão no café Ermelinda, na Quinta do Conde, um grupo de indivíduos, de arma de fogo em punho, tomou de assalto o estabelecimento e a esplanada onde se encontravam, igualmente, crianças. Os assaltantes levaram consigo dinheiro do interior do estabelecimento e peças em ouro de um casal que estava na esplanada. Por estar envolvida uma arma de fogo, o caso foi entregue à Polícia Judiciária, encontrando-se em investigação.
Idoso esfaqueado Na madrugada de dia 15, um homem foi esfaqueado na Quinta do Conde, na via pública, depois de ter sido assaltado juntamente com a sua esposa. Segundo fonte da GNR, o pedido de socorro do casal que teria sido assaltado, foi dado pelas 04:15 horas. O assalto ao casal aconteceu na Rua Latino Coelho, resultando no ferimento de um homem septuagenário. “A vítima de sexo masculino, foi ferido nas costas cerca de três vezes com uma arma branca, atingindo o pulmão. A viatura do INEM do destacamento dos Bombeiros Voluntários da Quinta do Conde prestou apoio no local, e a própria vitima deslocou-se até à viatura, não apresentando, na altura, ferimentos graves, tendo seguido para o Hospital Garcia de Orta”, revelou fonte dos Bombeiros Voluntários. Contudo, a vitima deu entrada na Unidade de Cuidados Intensivos, visto tratar-se de ferimentos perfurantes que podem resultar em lesões internas graves.
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APSS inaugurou ponte-cais 3 No dia 6 de Agosto a APSS procedeu à inauguração da ponte-cais nº 3, com uma cerimónia onde esteve presente José Apolinário, em representação do secretário de estado das Pescas, e de José Apolinário Augusto Pólvora, Representante do Secretário presidende Estado das Pescas te da Câmara de Sesimbra. Carlos Lopes, presidente da APSS; destacou que com esta nova estrutura, “foram criadas melhorias nas condições de operação, na funcionalidade e na operação das infra-estruturas relacionadas com a actividade piscatória no porto de Sesimbra”. Esta ponte cais será utilizada
para permitir a criação de melhores condições para o desenvolvimento de outras actividades que se desenvolvem no porto. Augusto Pólvora desejou ainda que venham a haver melhores notícias quanto a acordos de pesca, para que se possa estancar o movimento de redução dos barcos de pesca e do número de profissionais da pesca, pois considera importante que se trave este declínio acentuado do sector. José Apolinário, que actualmente é funcionário da Direcção-Geral das Pescas e estava em representação do nível político, referiu que esta zona, em termos de fundo comunitários, tem um pacote financeiro mais restrito de ajudas comunitárias, dado já não ser considerada uma região de “convergência”, mas referiu ser importante, agora que se está a preparar o novo quadro comunitário que começará em 2014, e a debater o futuro da Politica Comum, que as comunidades locais participem nesse debate, no sentido duma reformulação dos apoios públicos, direccionando mais ajudas para as comunidades ribeirinhas e para o desenvolvimento das zonas piscatórias. José Apolinário destacou depois o importante papel das organizações de produtores no reforço da informação ao consumidor, e destacou o papel da
o nosso Governo tomou claramente a posição de que era preciso ponderar a componente económica e social, e não apenas a componente ambiental.” Questionado sobre se entende que Portugal poderá aumentar as suas capturas de peixe, José Apolinário disse que “A Comissão Europeia considera que há sobrepesca a nível comunitário, mas as nossas capturas estão relativamente estabilizadas, na nossa Zona Económica Exclusiva, entre 170 a 180 mil toneladas/ ano. E juntando a pesca de largo, essas capturas, também nos últimos 10 anos, andam à volta das 200 a 220 mil toneladas/ano. A questão tem a ver com a gestão da actividade, por exemplo com a diminuição das rejeições, tem que ser é gradual. “ Não sendo uma resposta directa à nossa pergunta, parece querer dizer que Portugal não poderá, na sua opinião, de facto aumentar as capturas. Também em exclusivo para O Sesimbrense, Carlos Lopes referiu que quando for construída a ponte-cais 4, está prevista a deslocação da frota de pesca industrial mais para nascente, abrindo espaço para a construção de um porto de recreio entre as pontes cais nº 1 e 2, dando assim origem a mais 178 lugares para o recreio e as marítimo-turisticas. Quanto ao fundeadouro de barcos de recreio que se encontra no intradorso do molhe exterior, que tem actualmente 70 lugares, manter-se-á ali até ser possível a criação do referido porto de recreio. Adiantou ainda que existe capacidade de ampliação desses 70 lugares. João Augusto Aldeia
Fábrica de Conservas no porto de abrigo?
pelos barcos de maiores dimensões, da pesca longínqua. Referiu também que “ficará por realizar a Ponte Cais 4, de investimento mais elevado, e para a qual não se conseguiu a montagem do esquema de financiamento - mas tem projecto feito, em qualquer altura será possível lançar o respectivo concurso.” Augusto Pólvora congratulou-se com a concretização paulatina do Plano Ordenamento do Porto de Sesimbra, pois trata-se de “investimentos importantes para a pesca, quer pela melhoria de condições para a frota de pesca longínqua, quer pelas melhores condições de abrigo.” Formulou o desejo de que o Plano Ordenamento se concretize na plenitude,
ArtesanalPesca, considerando que tem trilhado “um caminho correcto, que quero aqui mais uma vez sublinhar, não só de informação ao pescador mas também de boas práticas de pesca”, nomeadamente ao mostrar que a pesca artesanal do peixe-espada preto não é o mesmo que a pesca por outras artes menos amigas do ambiente. Em declarações exclusivas a’O Sesimbrense, José Apolinário referiu que o documento apresentado recentemente pela Comissão Europeia, para regular o sector até 2020, “Tem um excessivo pendor conservacionista, um grande predomínio da visão ambientalista, mas
Festas de Santiago Tiveram lugar no final de Julho as habituais Festas de Santiago, promovidas pela Junta de Freguesia, com a aposta em artistas e artesãos da própria Freguesia. As condições do tempo - nomeadamente o forte vento - não permitiram que fosse utilizado o palco ao ar livre, colocado a nascente da Fortaleza de Santiago, pelo que os espectáculos
previstos decorreram no interior da Sociedade Musical Sesimbrense, onde também havia uma pequena mostra de produtos artesanais locais, com venda ao público. A encerrar as festas teve lugar um excelente concerto a cargo de Luís Taklin e músicos seus amigos, que teve como tema a música do outro lado do Atlântico, ou seja: música brasileira.
Durante a inauguração da pontecais nº 3 tivemos oportunidade de falar com Manuel José Pólvora, da ArtesanalPesca, que nos informou que aquela organização tinha apresentado uma candidatura para construção de uma pequena unidade de fabrico de conservas, um investimento com o valor global de 2 milhões e 970 mil euros. Esta unidade, que poderia ser instalada no porto de abrigo, num espaço autónomo relativamente às actuais instalações da ArtesalPesca, serviria para produção das conservas de peixe-espada preto, uma iniciativa de José Nero, em colaboração com a ArtesanalPesca e a loja SSB, iniciativa a que o nosso jornal deu cobertura jornalística em anteriores edições. No entanto, a unidade poderá também produzir conservas de outras espécies capturadas em Sesimbra. A sua realização, no entanto, está dependente da aprovação da candidatura apresentada. No futuro, permitirá o deslocamento para nascente do estacionamento das emb de pesca industrial, viabilizando uma futura expansão da área de recreio náutico, a poente, de modo a não haver cruzamentos destas embarcações, o que permitirá mais 178 lugares, quando as infrasestruturas estiverem concluidas.
Velha loja de companha Redes secas pelo tempo Cabaças e calamento Muitos fios emaranhados Selhas, caixas e tinas Remos, chamas grossas e finas E peões amontoados Cordas de amarrações Ferros, boias de latões Outras de velhas cortiças Botes e duas aiolas Varas, pexeiros, padiolas, Portas sem dobradiças Um fato de oleado Com sueste pendurado Junto à porta da rua A camarata do moço A caldeira do almoço Calendário de mulher nua Dois bancos já desvalidos Anzois velhos esquecidos Uma machucha na selha Pevides duma cabaça Uma navalha sem graça Numa bancada já velha As latas meias de tinta Um pincel que já não pinta E apenas lhe resta o cabo Peixe seco de enfiada Resto de isca salgada Cheirosos, sarnentos, sem rabo A porta já mal fechada E a fechadura arrancada presa por um cordelo Duas lâmpadas fundidas Várias selhas já partidas Pedaços de arame amarelo Retrato duma embarcação Uma pesca feita à mão Dois remos velhos sem pá Curvada cana de leme A vela que já não treme Num barco de cá para lá Montes de corda enrolada Uma fateixa amarrada Num cabo já desfiado O capote do arrais Que usado já não é mais Jamais pelo mar molhado Um cão rafeiro e canoa Um gato que corre à toa Ossos, espinhas no chão Buraco de rata pelada Uma ratoeira armada Com um pedaço de pão E tudo o mais que lhe resta São coisas que já não presta Numa loja de companha E se alguma ainda resiste É velha e só existe Recordos, teias de aranha Cândido José Lourenço
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Fotógrafos de Sesimbra (V)
Fernando Lopes (1908 - 2001) Fernando Figueiredo Lopes nasceu em 11 de Abril de 1908, filho de Mário Figueiredo Lopes e Guilhermina Lopes, e faleceu em 23 de Fevereiro de 2001. Exerceu a profissão de farmacêutico, dirigindo a farmácia Lopes, que ainda hoje existe, na rua Cândido dos Reis, junto à Capela do Espírito Santo dos Mareantes. Esta farmácia, aliás, era o principal ponto de venda, em Sesimbra, destes postais. Fernando Lopes editou a mais extensa colecção de Bilhetes Postais com imagens de Sesimbra, todos eles a preto-e-branco. Esta colecção, que teve início, pelo menos, desde 1933, apresentava os postais numerados, tendo sido publicados até ao número 126. Os postais iniciais da colecção foram reproduzidos pela Ocogravura, Lda. Posteriormente a reprodução, e por vezes também a edição, passou a ser feita pela empresa de António Passaporte (Loty), sendo o próprio António Passaporte autor de algumas das fotografias publicadas, tal como referimos na nossa anterior edição. Agradecemos ao engenheiro Carlos Gouveia Lopes, filho de Fernando Figueiredo Lopes, as informações que tornaram possível a redacção desta pequena nota. João Augusto Aldeia
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Assembleia Municipal
Região de Setúbal
Alteração da tarifa de esgoto e novo empréstimo
Grandes investimentos em risco
A Assembleia Municipal de Sesimbra reuniu no passado dia 29 de Julho para apreciar duas propostas municipais: uma relativa à alteração da forma de cálculo da tarifa de ligação de esgoto, e outra para contratação de um novo empréstimo, no valor de um milhão de euros. A alteração na tarifa de esgoto significa que a partir de agora o valor a pagar será proporcinal à área dos
A Câmara Municipal de Sesimbra solicitou autorização para contrair um novo empréstimo de longo prazo, no montante de um milhão de euros, para complementar o financiamento das obras de infraestruturas e pavimentação da Estrada dos Murtinhais, na Lagoa de Albufeira, bem como da obra de urbanização da AUGI da Ribeira do Marchante, na Quinta do Conde. Segundo o presidente da Câmara, “O essencial é utilizar esta este empréstimo para libertar verbas das receitas normais, para se conseguir minorar o actual valor da dívida
imóveis, enquanto que até aqui a tarifa era calculada com base no seu valor patrimonial – facto que gerava situações de injustiça, já que o valor patrimonial é fixado administrativamente, e nem sempre corresponde ao seu valor real. Segundo o presidente da Câmara, “Quando o municipe adquire um lote numa área já devidamente infraestruturada, não vai pagar nada, a não ser
de curto prazo da Câmara.” Embora aprovada por unanimidade, a proposta despertou intervenções diversas dos partidos da oposição, essencialmente devido ao crescimento do endividamento municipal. O PS destacou o facto da dívida de curto prazo da Câmara se situar, a meio do ano de 2011, em 21 milhões de euros. Relativamente a outros pedidos de empréstimo submetidos anteriormente à Assembleia Municipal, este apresentava a singularidade de não vir acompanhado das condições contratuais, nomeadamente a taxa
o custo do requerimento e da inspecção da ligação à rede. Quando o munícipe comparticipa nas obras de urbanização, aplica-se um valor mais baixo, neste caso de 1/3. No caso de áreas em que foi a Câmara que fez integralmente as infraestruturas, os municipes pagam a taxa integralmente, num valor próximo do custo real do investimento.” Esta proposta foi aprovada por unanimidade.
de juro a pagar, pois a consulta feita pela Câmara a diversos bancos não obteve resposta, devido à difícil situação que a banca portuguesa atravessa, ela própria com dificuldade em se financiar junto do sistema bancário internacional. Dois dos bancos consultados –- o BES e o BPI – responderam mesmo que não estavam interessados em concorrer à concessão do empréstimo. Fica assim a dúvida sobre se o Executivo Municipal conseguirá dar andamento à autorização concedida pela Assembleia Municipal. J. A. Aldeia
Super Bock Super Rock O Partido Socialista, pela voz do deputado Cristóvão Rodrigues, mostrou alguma preocupação pelas condições de segurança do recinto do festival de música que teve lugar no Cabeço da Flauta (Super Bock Super Rock),: “A concentração de pessoas era de tal ordem que praticamente eram arrastadas”. Considerou que a Câmara deveria “ser mais exigente perante o promotor, quanto a este aspecto”. Considerou também que o número de recipientes de recolha de lixo naquele recinto foram em número inferior ao necessário, e que os pontos de abastecimento no interior também foram insuficientes para a procura. Cristóvão Rodrigues admitiu, no entanto, que houve melhorias em termos de trânsito, face ao ano anterior. Referiu que o PS não está contra o evento, mas destacou a necessidade “de se exigir ao promotor uma maior qualidade de serviços”. Em resposta, Augusto Pólvora considerou que o balanço do festival é bastante favorável: “É uma iniciativa que já marca a agenda a nível nacional, é uma grande projecção do Concelho de Sesimbra, com directos em todos os canais de televisão”. Referiu também que a Câmara conseguiu que o promotor passasse nos êcrans do recinto um pequeno video promocional das várias actividades turísticas que se praticam em Sesimbra, “o que, se tivesse de ser pago, custaria uma pequena fortuna”. Considerou que houve uma melhoria significativa no escoamento de trânsito, e admitiu que ainda existe alguma preocupação quanto a poeiras, apesar de ter melhorado face ao ano anterior, tal como melhorou a segurança dentro do recinto.
A onda de medidas governativas visando consolidar as finanças do País, e reduzir os défices orçamentais públicos para os valores negociados com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, começa a atingir a Península de Setúbal. Directamente relacionado com Sesimbra é a anunciada suspensão do hospital do Seixal/Sesimbra, que ficaria localizado próximo do Fogueteiro. A notícia foi revelada por Augusto Pólvora, na Assembleia Municipal do passado dia 6 de Agosto. O Presidente da Câmara de Sesimbra lamentou o facto, e chamou a atenção para as difíceis condições em que está a funcionar o hospital Garcia de Orta, em Almada, para onde se dirigem os utentes de Sesimbra, lembrando que, por falta de camas naquele hospital, é frequente que os doentes em situações de urgência tenham de ficar nos corredores, nas macas em que foram transportados pelos Bombeiros. Também relevante é a anunciada decisão governativa de cancelar diversos troços rodoviários do denominado “Baixo Tejo”, uma concessão feita a um consórcio liderado pela BRISA, e que tinha como objectivo resolver os problemas de coesão territorial, e de ligação entre diversos concelhos da margem sul do Tejo. O Governo anunciou o cancelamento de seis dos 10 troços desta concessão, sem especificar ainda exactamente quais. A concessão Baixo Tejo integra a construção do lanço de auto-estrada do IC32 (Circular Interna da Península de Setúbal (CRIPS) Funchalinho/Coina, a construção da ER 377-2, entre a Costa de Caparica e a Fonte da Telha, e a manutenção de vias já em serviço. É de referir que muitas obras de arte (nomeadamente viadutos) já se encontram em construção, como é o caso do viaduto sobre a estrada nacional 378, entre a Flor da Mata e a auto-estrada A2, não se sabendo, no entanto, se este será uma das vias anuladas. Os autarcas da região criticaram a decisão do Governo, manifestando-se preocupados com o “retrocesso” da região.
O presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, disse à LUSA haver “alguns cortes cegos que nos preocupam”, recordando que se tratam de investimentos “reivindicados há décadas e que correspondiam a compromissos assumidos”. Acrescentou ser “preocupante que as primeiras medidas do Governo em relação à Península de Setúbal sejam todas no sentido de cortar investimentos fundamentais para o futuro das populações e dos Concelhos desta região”. Estes cortes de investimentos poderão ainda ter uma outra consequência em Sesimbra, já que parte das obras do Baixo tejo estavam sub-concessionadas à empresa Teodoro Gomes Alho & Filhos. Outra decisão anunciada pelo Governo e com reflexos na Margem Sul é a da extinção da empresa pública do Arco Ribeirinho Sul, que deveria gerir a reconversão dos antigos terrenos da Lisnave (em Almada), da Siderurgia (no Seixal) e da CUF/Quimigal (no Barreiro). O objectivo desta reconversão seria o de fazer nestas antigas zonas industriais o mesmo que foi feito na zona oriental de Lisboa e que deu origem ao Parque das Nações. Apesar de ter comunicado a decisão de extinguir a empresa, o Governo não disse se as referidas operações de reconversão serão igualmente suspensas. Entretanto um grupo de deputados do PSD eleitos por Setúbal reuniu com a ministra do Ambiente, da qual dizem ter recebido garantias de que o projecto do Arco Ribeirinho Sul será concretizado. A ministra teria assegurado aos deputados que a requalificação do Arco Ribeirinho Sul seria feita, mas não através da empresa que será extinta, decisão com que os referidos deputados dizem concordar. O problema, no entanto, é que uma operação como a do Parque das Nações assenta essencialmente em projecto s imobiliários, e com a actual recessão dificilmente haverá financiamento privado e bancário para o concretizar. J.A.Aldeia
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Guerra Colonial: 50 Anos Silvério Faneca
Comissão: Angola 1966 a 1969 Companhia: Artilharia 1657 Especialidade: Atirador Idade: 66 anos Silvério Faneca, assim se chama mais um sesimbrense que em época de guerra, fora enviado para defender as co-
res de sua bandeira. Antes de ir para Angola, Silvério trabalhou em hotelaria, nomeadamente no Hotel Espadarte em Sesimbra. Quando chegou a hora de cumprir o serviço militar, assentou praça em Elvas, de seguida tirou a especialidade em Estremoz, em Cavalaria 3, na categoria de atirador. O ex-combatente seguiu para Angola a 18 de Janeiro de 1966, tendo pela frente uma viagem até ao continente africano de 10 dias. “Como era muito asmático, fui a inspecções médicas e retiraram-me do mato devido à poeira ser muita, o pó era insuportável”. Como consequência do seu problema de saúde, Silvério ficou no aquartelamento, “ali fazia de tudo um pouco. Estava sempre na cozinha a ajudar a fazer a comida e na messe dos furriéis e sargentos.” Silvério esteve, primeiramente, na região de Nambuangongo, dali foi destacado para Muxaluando, zona onde o ex-combatente e os restantes eram bastante atacados resultando inclusive em baixas. “Como
estávamos muito cansados, acabamos por ir para uma zona mais protegida no Sul de Angola, Sá da Bandeira, hoje Lubango, ali fizemos o resto da comissão, cerca de 6 meses”, refere Silvério. A sua companhia fazia o reconhecimento às fazendas de grandes dimensões, “dar um pouco de autoridade à povoação, ajudá-la e socorrê-la quando necessário”.
Negativo “O facto de sermos muito jovens, termos que abandonar os nossos familiares, sem sabermos para onde iríamos, o que nos esperava, quanto tempo e em que condições iríamos estar, é o pior que retiro deste período”, conta Silvério, “a maior parte deles, jovens, casados, muitos já com filhos, com responsabilidades, ...”, acrescenta.
Positivo Enquanto folheia o seu álbum de fotografias como se de repente cada imagem da-
quelas ganhasse vida pela boca de Silvério, este aponta o privilégio de não ter ido para o mato devido à sua saúde, “no mato era mais complicado… Contudo, trabalhei muito, colaborei em tudo e isso deixa-me orgulhoso. Ainda hoje sentimos aquela amiza-
de, o companheirismo, aquele sentimento inexplicável quando nos vemos nos almoços anuais.” Hoje, Silvério é reformado da Companhia Portuguesa Rádio Marconi, onde trabalhou 37 anos na estação de cabos de submarinos, em Sesimbra.
Jorge Pinhal
Comissão: Moçambique 1972 a 1974 Força: Exército Especialidade: Alferes Atirador Idade: 59 anos Jorge Pinhal fez a sua recruta em Santarém, na Escola Prática de Cavalaria, seguiuse Santa Margarida onde preparou os militares que com ele foram para Moçambique. “Aqui foi essencialmente preparar o batalhão de cavalaria. Um batalhão é formado por 3 companhias, a minha era a primeira, cada companhia tinha 4 alferes, eu era um deles, e mais um capitão”, explica, acrescentando ainda que, “foi uma instrução difícil e dura, como era sempre a formação dos militares de cavalaria a par da formação dos fuzileiros e comandos, uma formação exigente”. Jorge embarcou a 18 de Julho de 1972, rumo à sua missão, junto de tantos outros jovens portugueses. O alferes e o seu pelotão foram substituir uma companhia que estava num aquartelamento chamado Omar, situado em Cabo Delgado, a Norte de Moçambique, “era uma zona de guerra a 100%, assim que
aterramos de helicóptero fomos logo atacados, foi a recepção que tivemos da FRELIMO*1, não houve baixas mas ficamos logo a saber o que aquilo era.” Segundo Jorge Pinhal, o objectivo da Força Portuguesa passava pelo impedimento de infiltração de elementos da FRELIMO dentro do território de Moçambique com armamento e novos elementos. “Omar ficava a alguns quilómetros da fronteira com a Tanzânia, numa zona onde eles passavam. Nós devíamos impedir que tal acontecesse e criar um obstáculo à progressão das forças da FRELIMO através de operações externas ao aquartelamento que fazíamos”, refere. “Por isso este aquartelamento onde estávamos nunca foi bem visto por esta força, arruinámos os planos deles”, explica Jorge referindo que por esta razão não deixavam o acampamento em paz.O aquartelamento estava muito isolado, sem população, “não tínhamos contacto com ninguém, a não ser apenas o contacto pelo helicóptero que lá ia uma vez por semana a levar mantimentos, e uma picada que era feita para Mueda muito poucas vezes, era a chamada picada da morte porque a FRELIMO colocava minas em grande extensão, era complicado percorrer aquele caminho entre Omar e Mueda, de maneira que era pouco frequentada”. Jorge Pinhal esteve cerca de 6 meses em Omar acabando por ser transferido para Nampula por razões de alimentação, “estava em missão, no mato, quando tive um ataque alérgico devido à ração de combate”.
Negativo “A morte de um militar foi o pior acontecimento do tempo em que estive em Omar, era alferes como eu. Pisou uma mina colocada pela FRELI-
MO. A morte de um companheiro de tropa é sempre o que deixa mais marcas. O facto de estarmos completamente isolados e de estarmos sujeitos a ataques por parte da FRELIMO, sem saber qual a noite em que atacavam, era psicologicamente aterrador”, refere.
Positivo Como aspecto mais positivo desta experiência que durou cerca de dois anos e meio, o ex-combatente aponta a disciplina, o respeito mútuo e a camaradagem que sempre houve enquanto esteve em Omar. “Nunca houve indisciplina, nunca tivemos casos de processos disciplinares contra ninguém. Enquanto estive num teatro de guerra tão agreste e tão difícil é importante salientar que sempre houve esta camaradagem sã entre todos os militares”. O alferes não deixa de referir as boas recordações que o acompanha, “fui e vim, mais que isso, vim bem sem qualquer problema de saúde, ao contrário de tantos outros que vieram com membros amputados ou com problemas psicológicos…”. Quando voltou, terminou os estudos, licenciando-se na Faculdade de Direito. Jorge Pinhal é advogado há 30 anos.
*1 FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) - Movimento anticolonialista, de orientação marxista-leninista, fundado em 1962, na Tanzânia, por Eduardo Mondlane. Após algum tempo de treino, principalmente em campos na Tanzânia, a FRELIMO lança uma campanha militar em Moçambique, em 1964, em nome da libertação do território moçambicano, então sob o domínio português.
Andreia Coutinho
Jorge Pinhal escreveu artigos para O Sesimbrense enquanto esteve em Moçambique “(...) Num aquartelamento de frente, onde há menos possibilidade de distracção, os soldados possuem uma peculiar forma de sentir a chegada do correio, já que não existe o simpático funcionário dos C.T.T. para ir depor em casa de cada um, aquilo que lhe é destinado. Quando lá ao longe se começa a ouvir o ruído surdo e vago dos motores do táxi aéreo vê-los, aos soldados, a gritarem a plenos pulmões, impelidos por uma força que não conseguem controlar: “ Avião!” “Avião!””Avião”... É que, “ali” pode vir o conforto psíquico que irá transformar aquele dia, que até então era de esperança, num enorme e ridente festejar de vida. Quando o avião chega, saem géneros frescos, peças de mecânica...e o inconfundível saco do correio. A expectativa aumenta. Na secretaria faz-se a separação: oficiais, sargentos, praças. Estes, que são em maior número, possuem o maço mais volumoso. O sargento de dia, transportando entre braços o precioso conteúdo, sai à procura de um local alto, donde, com mais facilidade, possa fazer a distribuição. Mas antes que alcance isso, vê atrás de si, ao seu lado e à sua frente, uma nuvem de jovens que lhe impedem o caminhar. Mas não há distúrbios. Há esperança, pois”deve chegar hoje uma carta de um amigo que tenho em França, ou, pelo menos, notícias da família...”. Os nomes vão surgindo e os contemplados pulam por dentro. Mas até à última mensagem todos esperam, pois aquela pode ser, finalmente, a desejada. Depois sentimos bem que as pessoas são seres individualizados - uns procuram uma árvore solitária e sentam-se junto ao tronco, quedos, absortos e felizes com as notícias que o avião lhes trouxe; outros, preferem um recanto da caserna que lhes permita a reflexão, ao passo que aparece sempre o grupo dos que gostam de contar aos amigos aquilo que mal acabaram de ler. Passados os primeiros minutos, fica a certeza de uma posição que se tomou, e aquele dia que até ali fora de esperança, transformarase, por causa do correio, no mais lindo dia do mês das flores. Que me desculpem, mas quando o correio chega, os corpos vibram, as almas sonham e o homem consubstancia-se, através do sentimento e da razão, no mais maravilhoso dos animais.” Escrito no aquartelamento de Omar, Cabo Delgado, Moçambique, em Outubro de 1973. Publicado no jornal “O Sesimbrense” ,em 23/12/1973.
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Finisterra Festival de Filmes de Turismo da Arrábida Por iniciativa do fotógrafo Carlos Sargedas, deverá ter início no próximo ano o “FINISTERRA - Arrábida Film Art & Tourism Festival”, um festival de cinema que pretende capitalizar as marcas “Arrábida” e “Cabo Espichel” e o historial da utilização das suas paisagens em numerosos filmes, quer obras de ficção, quer de promoção turística. Entre os filmes mais conhecidos internacionalmente e que incluíram imagens destas zonas, Carlos Sargedas cita “A Casa dos Espíritos”, que trouxe até nós o actor Jeremy Irons, ou a presença de Cameron Diaz no filme “O Circulo Invisível”, entre muitos outros. Também poderíamos acrescentar Caterine Deneuve e John Malkovich no filme “O Convento”, filmado na Arrábida, e que apesar de ser de um realizador português – Manoel de Oliveira – teve grande projecção internacional. Outros objectivos desta iniciativa, segundo Carlos Sarge-
das, são os de “atrair produtores e realizadores nacionais e internacionais a vir filmar num dos locais mais bonitos do mundo e uma das 7 maravilhas de Portugal. Também pretende atrair o turista amante de cinema que normalmente gosta de visitar ‘locais de culto’ onde se passaram cenas de grandes filmes”. Entretanto, e como “rampa de lançamento” e apresentação do festival Finisterra, terá lugar durante os próximos dias 9 a 11 de Setembro, no cine-teatro João Mota, uma Mostra de Filmes de Turismo; no primeiro destes dias, pelas 10 horas, será feita a apresentação da iniciativa. Carlos Sargedas destaca ainda que esta Mostra “só é possível com o alto patrocínio da Câmara Municipal de Sesimbra e o grupo Turiforum que desde a primeira hora aceitaram este projecto, mas principalmente com a colaboração do Festival Art & Tur de Barcelos”.
GDS: 64 anos com glórias no presente e dificuldades no horizonte
O Grupo Desportivo de Sesimbra comemorou o seu 64º aniversário com uma sessão solene, onde foram homenageados os atletas e equipas que se distinguiram no decurso do último ano, bem como os sócios com 25 e com 50 anos de ligação ao GDS. A extensa lista de atletas distinguidos revela o importante papel que o GDS mantém na promoção do desporto amador no concelho. Para além do destaque dado às modalidades e atletas, o discurso de Sebastião Patrício, presidente da Direcção, debruçou-se mais uma vez sobre as dificuldades financeiras do clube, agravadas pela actual conjuntura económica que o País atravessa, dificuldades nas quais pesam bastante os encargos com o novo edifício da piscina municipal, e particularmente os encargos com a factura energética. Sebastião Patrício mostrouse igualmente preocupado com o atraso na construção do novo estádio, ao mesmo tempo que o actual campo de jogos revela necessidade de algumas intervenções. O presidente da Câmara, Augusto Pólvora, após ter reconhecido o relevante papel desenvolvido pelo GDS na promoção de diversas modalidades desportivas, aproveitou para dar algumas informações sobre as obras de construção
SuperSol fecha portas As bandeiras ainda anunciam as boas vindas, mas as portas encerraram definitivamente. O SuperSol, na Carrasqueira, fechou causando desemprego e forçando o encerramento de outras lojas. Em contacto com os responsáveis da 5àSec, uma das lojas lá existentes, informaram-nos de que não receberam qualquer aviso prévio de encerramento, surpreendendo desta forma, a funcionária que iria abrir a loja às 9 horas da manhã. Vários são os clientes, que desde a semana passada entram em contacto com o franchising da Lavandaria, no sentido de apurarem esclarecimentos sobre o levantamento dos seus bens que, após o sucedido, se encontram na loja 5àSec do Retail Planet Barreiro, em Coina.
do novo estádio que, como se sabe, se integram no processo de urbanização da Av. da Liberdade (zona norte). Reconhecendo embora algum atraso, Augusto Pólvora manifestou-se optimista face à realização destas obras. Disse que “os projectos das especialidades do edifício do novo estádio já estão entregues na Câmara, tivemos uma reunião há 15 dias, com todos os projectistas, e esperamos ter em breve os projectos completos e em condições de serem aprovados, logo após, a obra poderá começar.” No entanto, Augusto Pólvora também admitiu que a actual situação de dificuldade dos Bancos na concessão de financiamentos, poderá atrasar o início das obras. Sobre a necessidade de alguma intervenção no actual estádio da Vila Amália, o presidente da Câmara disse que “terão de ser obras mínimas, de conservação, ao nível do relvado, pois não seria lógico estarmos a fazer investimentos num equipamento que é para ser demolido dentro de muito pouco tempo.” Frisou que vivemos “uma situação financeira de grande complexidade, o que implica que tenhamos de reduzir custos”. Sobre os apoios concedidos pela Câmara, disse que “temos de ser justos com
o apoio que damos a todo o Concelho, não podemos pôr todos os ovos no mesmo cesto, e portanto é dentro deste quadro que temos de ser muito rigorosos na forma como aplicamos os dinheiros públicos. É por isso importante que os atletas, os pais, os associados do Clube, percebam que este é um problema de todos, por isso todos temos de fazer um esforço.” Informando que houve recentemente uma alteração ao Regulamento de apoio ao Desporto, no sentido de reduzir verbas, acrescentou que “isso significa que vai haver menos dinheiro disponível para contratar técnicos, que terão de aceitar trabalhar em condições mais difíceis. Também estamos a rever o Regulamento de apoio aos transportes. Os pais têm que poder dar um maior apoio: sei que não é uma tarefa fácil, neste momento também as famílias enfrentam dificuldades, mas é importante que todos aqueles que podem, dêem o seu contributo.” Augusto Pólvora terminou com um apelo à unidade: “Tal como os Azes, o Vitória e o União se uniram há 64 anos para formar o GDS, todos devemos estar unidos hoje para apoiar o Sesimbra, rumo ao futuro.” J .A. Aldeia
Rusga acaba em detenção Na manhã de dia 12 de Agosto, uma rusga levada a cabo por parte da GNR a indivíduos de etnia cigana, na vila de Sesimbra, resultou em algumas detenções. Segundo populares que por ali passavam, pela Avenida da Liberdade, o inicio dos desacatos veio na sequência da rusga realizada pelos militares da Guarda Nacional Republicana com suspeitas de tráfego de droga. Quando os membros de etnia cigana foram abordados, alguns revoltaram-se contra os agentes de autoridade, acabando mesmo por serem detidos.
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108º Aniversário dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra No passado dia 12 de Agosto os Bombeiros Voluntários de Sesimbra comemoraram o seu 108.º aniversário com um extenso programa, que incluiu a inauguração de uma viatura de desencarceramento, a realização de uma parada, e uma sessão solene em que marcaram presença Augusto Pólvora, presidente da Câmara Municipal, José Quaresma em representação da Assembleia Municipal de Sesimbra, Dinis de Jesus, Comandante Distrital da Autoridade Nacional da Protecção Civil, Aníbal Luís da Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal, para além de outros convidados e representantes do associativismo sesimbrense e convidados, sendo de destacar a presença de D. Eugénia Pólvora, viúva de Abel Gomes Pólvora, grande protector dos Bombeiros sesimbrenses e seu comandante durante muitos anos. Durante a sessão solene foi feita a apresentação de20 novos recrutas da Escola de Cadetes e Infantes, e a promoção de 12 estagiários a Bombeiros de 3ª classe. Momento de grande significado foi o da tomada de posse do novo Comandante operacional, Ricardo Macedo Cruz, ele próprio um quadro dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra e que já tinha antes desempenhado estas mesmas funções. Ricardo Cruz ocupa assim o lugar do comandante Fernando Pestana, que por sua vez o tinha substituído em 2008. Interinamente, e desde a saída de Fernando Pestana, o comando operacional esteve a cargo de Luís Saraiva, também ele do quadro dos bombeiros sesimbrenses. Fernando Gato, presidente da Direcção dos BVS, destacou as qualidades de Ricardo Cruz, um “homem da casa,
que foi aspirante com 22 anos, e Bombeiro de 1ª classe 3 anos depois, 2º Comandante e, finalmente, 1º comandante desde 2003 até 2008, quando decidiu abandonar.” Focando a situação financeira dos Bombeiros, Fernando Gato disse que a mesma se agravou desde o início de 2011, quando o SAP reduziu drasticamente as credenciais que permitiam aos Bombeiros efectuar serviços de transporte de doentes e vir a ser pagos pelo Serviço Nacional de Saúde. Registou-se então uma grande quebra de receitas, apesar das despesas com pessoal continuarem. Foi então que os Bombeiros vieram a saber que as credenciais que lhes eram recusadas, estavam a ser concedidas a outras entidades, não preparadas nem certificadas para esse efeito. Fernando Gato não referiu quem estava a fazer esses serviços de transporte de doentes, mas soubemos por outra fonte que seriam taxistas. As diligências de Fernando Gato, apoiado pela Câmara de Sesimbra, permitiram a regularização da situação, de tal forma que a partir de 1 de Julho a facturação de serviços de saúde cresceu 50%, tendo facturado nesse mês mais 28 mil euros do que no anterior, situação que se mantém em Agosto. Com este volte-face, Fernando Gato mostrou-se confiante em que a situação financeira ficará regularizada até final do ano. Dirigindo-se ao Comandante Distrital, Fernando Gato elogiou o seu trabalho, mas queixou-se de situações de incêndios no concelho de Sesimbra em que, quando lá chegam os Bombeiros locais, já lá encontram outras corporações: “Por vezes já lá estão a Amora e o Seixal, que gostam muito de vir para a praia de Sesimbra... Não queremos que
Ricardo Cruz recebe, pela segunda vez, as divisas de Comandante dos BVS alguém nos passe atestados de estupidez: se entendermos que temos necessidade de ajuda, nós pedimos, pois temos a noção da responsabilidade.”
“
Quantas vezes as macas dos Bombeiros ficam no hospital Garcia da Orta, a fazer um serviço que deveria ser o Hospital a assegurar A última intervenção esteve a cargo de Augusto Pólvora, que começou por chamar a atenção para a importância da solidariedade e do voluntariado, nestes “tempos de enormes dificuldades, que dificultam o habitual apoio que a Câmara costuma prestar”. Referindo-se ao Protocolo de Cooperação, assinado nesta mesma cerimónia, entre a
Autarquia e os BVS – ao qual O Sesimbrense fez referência detalhada na anterior edição, e que ronda os 400 mil euros anuais – o presidente da Câmara disse que a Câmara tudo fará para o cumprir, mas alertou para o agravamento da situação financeira, e deu como exemplo a medida recentemente anunciada de aumento do IVA da electricidade, e que só para a Câmara de Sesimbra representará um encargo adicional de 200 mil euros anuais. Para além da verba do Protocolo anual, lembrou o apoio financeiro dado à construção do Quartel da Quinta do Conde – 25% do custo – para acrescentar que “enche-nos de orgulho o facto de estarmos a dar esta resposta”, mas lembrando que a Câmara tem falhado no pagamento de “alguns compromissos com
os seus fornecedores, o que naturalmente é um cenário que não nos agrada, e que não podemos deixar agravar nos tempos mais próximos.” Lamentou também a notícia de que o Governo decidira suspender a construção do Hospital do Seixal: “Os Bombeiros conhecem bem a situação, pois quantas vezes as suas macas ficam no hospital Garcia da Orta, a fazer um serviço que deveria ser o Hospital a assegurar, os casos em que doentes de gravidade ficam nos corredores, durante vários dias, tal como conhecem os milagres que os profissionais de saúde ali fazem.” Augusto Pólvora terminou com um voto de confiança no trabalho dos Bombeiros, pelos serviços prestados à população e pela capacidade de irem ultrapassando os problemas que têm encontrado.
António Ratinho: 30 anos de exposições Desenha desde miúdo, mas os seus primeiros desenhos foram expostos publicamente apenas em Maio de 1981, integrados na grande exposição “Sesimbra e o Mar”. Em Setembro desse mesmo ano, entre os dias 2 e 17, realizou a sua primeira exposição individual, uma novidade quase absoluta na terra: um sesimbrense aventurando-se a mostrar as suas criações artísticas! “Não era normal haver exposições em Sesimbra, em primeiro lugar porque não havia local para exposições, só na Biblioteca é que se faziam algumas coisas, mas por pessoas de fora.” No entanto, recorda que a primeira exposição artística de alguém da terra se ficou a dever a
Wanda Campos, filha do Dr. Jorge de Campos. Esta sua primeira exposição teve lugar na sala da antiga Tesouraria da Fazenda Pública, no edifício de esquina entre a Rua da República e a rua Aníbal Esmeriz: 14 produções a lápis e tinta da China, de “alguns aspectos de Sesimbra”, conforme regista O Sesimbrense, que acrescenta: “A exposição valeu sobretudo pela revelação do autor junto dos seus conterrâneos e, nesta terra, quase sempre menos grata aos filhos que aos enteados, importa que se dê mais oportunidade de promoção e estímulo a alguns valores que, como neste caso, permanecem como que ignorados ou marginalizados.”
Neste momento António Ratinho tem várias exposições prontas, mas está com dificuldade em arranjar um espaço de exposição: preferia a Fortaleza, nem que fosse só o átrio da porta de entrada. António Ratinho foi também o primeiro a utilizar as salas interiores da Fortaleza para exposições, já desde 1997, situação recorrente e que se repetiu ainda durante o ano passado, com uma exposição integrada nas comemorações dos 600 anos do Santuário do Cabo Espichel. “Dizem que a Fortaleza está fechada para obras, mas então eu brincaria com a palavra: se está fechada para obras, podiam-se expor lá as minhas Obras...”
António Ratinho nasceu na rua da Esperança, filho de António Pinto Ratinho e Clarisse Cândida Lopes. O pai foi pescador, das artes das aiolas. A mãe, minhota de gema - “da mesma terra da Maria da Fonte” - foi também uma mulher de trabalho - “É a ela que devo a força de estar activo e a trabalhar, sempre, isso é muito a minha mãe”, confessa. Mas foi igualmente muito influenciado pelo ambiente familiar, numa casa onde se juntavam muitas raparigas que lá iam aprender a bordar e a desenhar: “As minhas irmãs eram boas mestras, bordadoras e costureiras, e no bordado também está o desenho!” JAA
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O SESIMBRENSE | 31 DE AGOSTO DE 2011 Opinião
Obstáculos à circulação de pessoas Sesimbra é uma terra linda, com grandes potencialidades, mas a que faltam ainda algumas infra-estruturas para que nela se possa fazer uma vida ainda mais agradável. Não sou natural de Sesimbra mas tenho aqui residência, de certo modo recente. Hoje quero dizer alguma coisa sobre a falta de condições para que nos possamos deslocar a pé, fazer caminhadas, ou simplesmente, andar. Não vou tampouco falar sobre as dificuldades para as pessoas fisicamente diminuídas pois disso já o Jornal O Sesimbrense, com toda a propriedade, se encarregou na sua mais recente edição. Quero apenas chamar a atenção dos responsáveis para os casos mais gritantes e aponto, como exemplo, os seguintes: <FALTA DE PASSEIOS PARA PEÕES Entre Santana e Cotovia é perigoso e quase impossível caminhar pois não existem passeios e, para cúmulo, o espaço onde deveria ser passeio, está geralmente ocupado com viaturas estacionadas. Resultado: resta camin-
har, a maior parte das vezes, sobre as pistas de rodagem dos veículos com os consequentes riscos de atropelamento. Aí, os poucos passeios existentes são descontínuos ou de muito mau piso. Em Sesimbra, em toda a zona marginal só existe o passeio do lado do mar. Do outro lado, as esplanadas tomaram conta dos passeios de tal modo que a única possibilidade é caminhar pela faixa de rodagem ou usar o passeio do lado do mar. Mas, para as pessoas que têm mesmo necessidade de usar aquele passeio?! Entre Santana e Sesimbra deveria ser estabelecido um corredor para que as pessoas pudessem deslocar-se a pé pois não há maneira de o fazer sem ser em transporte, a maior parte das vezes poluente. Espero que esta pequena achega possa contribuir para que os responsáveis se debrucem um pouco sobre o tema e possam encontrar soluções para melhorar um pouco mais a qualidade de vida da população desta linda terra que é Sesimbra. José Passeira
Tribunal de Sesimbra
condena monitores por homicídio negligente
O Tribunal de Sesimbra condenou a seis meses de prisão com pena suspensa cinco monitores espanhóis por homicídio negligente do jovem escuteiro Diego Amador, de 13 anos, numa caminhada na Arrábida em Agosto de 2005. O Tribunal sublinhou que os monitores, responsáveis na ocasião por cerca de vinte jovens escuteiros vindos de Madrid, não tiveram a prudência necessária, uma vez que, a caminhada pela serra que resultou no falecimento do jovem, aconteceu durante as horas de maior calor, com temperaturas que rondaram os 38 graus, sem sombras e com pouca água.
Foi provado ainda que “o grupo perdeu-se por entre a vegetação, não tendo sido planeado adequadamente o percurso pelos responsáveis, nem informado as autoridades de qual seria a sua localização caso fosse necessária evacuação por parte das autoridades”. Na leitura da sentença, a juíza do tribunal de Sesimbra defendeu ainda que, “os monitores não deveriam ter permitido a participação de Diego Amador na caminhada, dado que o jovem tinha sofrido um hematoma num pé poucos dias antes, facto pelo qual foi assistido no Hospital São Bernardo, em Setúbal”.
Rotary Club de Sesimbra organiza III Feira de Saúde À semelhança dos anos anteriores, a III Feira de Saúde organizada pelo Rotary Club de Sesimbra com patrocínio da Câmara Municipal de Sesimbra e do Centro de Saúde, irá ter lugar nos dias 3 e 4 de Setembro de 2011, no Castelo de Sesimbra. Trata-se de uma mostra de saúde onde este tema irá ser promovido com rastreios, palestras, oferta de brindes alusivos, exposições referentes ao assunto, campanhas de sensibilização da população para várias doenças com peso na saúde pública.
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g Ténis
g Vela
Campeonato absoluto do concelho Classificações: de Sesimbra
Encontro Nacional de Infantis
GRUPO AZUL 1º class. Fábio Rocha 2º class. André Aldeia 3º class. Marco Pires 4º class. Pedro Roque
O Clube Escola de Ténis de Sesimbra comemora no próximo dia 15 de Outubro o seu 12º aniversário. Conforme é já habitual as competições tenísticas são o prato forte das comemorações, sendo o Campeonato Absoluto de Sesimbra o evento de referência. Este torneio dirige-se a todos os praticantes nascidos ou residentes no concelho, ou que há pelo menos um ano participem regularmente no calendário competitivo da modalidade no nosso concelho. Serão também organizadas provas nos escalões jovens, veteranos e de pares livres. Por lapso na última edição não foi apresentada a classificação do Torneio Social 2010/11, facto que agora rectificamos com a respectiva publicação.
GRUPO VERMELHO 1º class. Leonardo Maricato 2º class. Rui Ribas 3º class. Ricardo Ribas 4º class. Pedro Aleixo Dias GRUPO AMARELO 1º class. Joaquim Barreira 2º class. José Galvão 3º class. João Pedro Pereira 4º class. Américo Gegaloto GRUPO LARANJA 1º class. Diogo Pereira 2º class. Rui Pedro Ribas 3º class. Diogo Rescácio 4º class. Miguel Silva GRUPO VERDE 1º class. António Almeida 2º class. José Luis Duarte 3º class. Eduardo Santos 4º class. Luis Ferreira
O Clube Naval de Sesimbra irá organizar um evento de vela ligeira nos dias 2, 3 e 4 de Setembro. “Encontro Nacional Infantis” assim se chama esta prova, primeira vez organizada em Sesimbra, prova esta a mais importante para os velejadores de classe optimist que se iniciam na modalidade. Estão esperados 100 velejadores em representação dos melhores clubes nacionais de vela. A cerimónia de entrega de prémios realizar-se-à no dia 4 de Setembro pelas 16 horas.
g Kayak
Campeonato Nacional Mar2011 Sesimbra irá receber durante os dias 17 e 18 de Setembro o Campeonato Nacional de Kayak de Mar 2011. O Campeonato será organizado pelo Clube Naval de Sesimbra juntamente com a Federação Portuguesa de Canoagem e vai contar com a participação de cerca de 200 atletas, dos quais os mais prestigiados da modalidade a nível nacional, sendo a primeira vez que se realiza este Campeonato Nacional de Kayak. No dia 18 de Setembro, pelas 13 horas, acontecerá a cerimónia de entrega de prémios.
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O SESIMBRENSE
Efemérides
g1946; 2 de Agostog António Ferro, director do Secretariado Nacional de Informação, visita Sesimbra, a convite da Câmara, que pretende a instalação de um Hotel na Vila: “A sua construção é dispendiosa para um particular” - diz-lhe o presidente da edilidade.
Vestido de passeio: 1º - costureira Fernanda Gomes Cagica, modelo Ana Maria Cagica Gonçalves; 2º - costureira Eugénia Gomes de Jesus, modelo Maria do Carmo Carvalho. Foram ainda atribuídas menções honrosas às costureiras Maria Carolina Rodrigues, Doroteia Sousa Abreu, Maria Simões Gomes Parada e Maria Cândida Carvalho. No sábado seguinte houve o “Baile das Costureiras” na Sociedade Musical Sesimbrense, com o conjunto “União de Setúbal”.
g1952; 8 de Agostog Realizou-se na Esplanada do Parque Recreio Popular mais uma Festa das Costureiras, com passagem de 17 modelos. Foram as seguintes as premiadas: Vestido de noite 1º - costureira Angélica Gonçalves Correia, modelo Blandina Filipe Arsénio; 2º - costureira Maria José Pereira, modelo Maria Rosalina Piedade Costa;
g1962; 12 de Agostog Uma inspecção dos serviços de fiscalização da Intendência Geral dos abastecimentos estabelece “o pânico entre os vendedores de leite desta vila”, pois verificam que muito do leite vendido porta a porta “não é leite mas sim uma mistela duvidosa”, e que “houve casos em que se verificou existir mais de 40% de água em cada litro de leite.”
g1901; 27 Agostog O “Comércio de Setúbal” noticia a aquisição de 4 máquinas de soldar para a Fabrica Nacional de Conservas de Sesimbra, as primeiras na zona de Setúbal. Durante os testes das máquinas, já em 1902, um incêndio destrói a fábrica.
Fotografia antiga da estrada que atravessa a Cotovia – actual avenida João Paulo II. A casa com moradores à porta é a actual Casa das Rosas e, a seguir, está o edifício do actual Cantinho da Avenida. Mais à frente, uma instalação industrial de serração de madeiras. O edifício do actual Café Esperança ainda não tinha nascido. Imagem cedida por Manuel Pereira Silva, a quem agradecemos.
Nossa Senhora da Atalaia “A Festa Vai à Praça”, uma peça do grupo sesimbrense de teatro amador “De Vez em Quando”, tem tido um êxito extraordinário, esgotando por três vezes o Cine-teatro João Mota (incluindo plateia e balcão) e mantendo, apesar disso, uma longa lista de pedidos de bilhetes para novas representações. O referido grupo foi criado no âmbito dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Sesimbra, e a peça é da autoria de Laura Pinto Correia.
O Círio da Azóia, de devotos da Nossa Senhora da Atalaia, tem tido quase sempre Juizes da zona rural, mas ao fim de muitas décadas volta a ser um “pexito”: António Maria Cruz Pinto. Por este motivo a imagem veio em procissão até à Sociedade Musical Sesimbrense, onde foi realizada a arrematação de Bandeiras e o baile de encerramento das festas.
Aniversário da LAS e d’O Sesimbrense No passado dia 25 de Julho comemorou-se o duplo aniversário da Liga dos Amigos de Sesimbra (60 anos) e do jornal O Sesimbrense (85 anos), com uma cerimónia no Auditório Conde Ferreira, onde foram homenageados Presidentes da Liga e Directores do jornal. Para além dos colaboradores destas duas instituições, marcaram presença o Dr. João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, e a Dra. Odete Graça, presidente da Assembleia Municipal, Carlos Gouveia Lopes, presidente da APSS - Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, e representantes da Simarsul, entre outros convidados. A cerimónia incluiu uma palestra proferida pelo Dr. João Palmeiro, tendo como tema de fundo “O futuro da imprensa regional”. Com um discurso optimista e futurista da imprensa regional, o orador referiu “a importância que os meios de comunicação regionais conferem à sociedade, nomeadamente a relevância que O Sesimbrense tem na comunidade”, não deixando de destacar que “o mundo digital que nos invade, o que obriga a imprensa regional a acompanhá-lo - não poderemos negar esse mundo, temos que nos adaptar a ele”. Odete Graça deu os parabéns ao jornal e a Liga dos Amigos de Sesimbra, dizendo que “não é possível estudar Sesimbra sem procurar no arquivo d’O Sesimbrense. Qualquer trabalho que venha dirigir a sua investigação por Sesimbra terá, obrigatoriamente, de fazer uma busca nas suas páginas”. A presidente da Assembleia Municipal acrescentou ainda que “é cada vez mais significativa a imagem d’O Sesimbrense na região”. João Augusto Aldeia, director do jornal, destacou o acto de “refundação” d’O Sesimbrense, em 1952, depois de um período de crise, em que chegou
a interromper a sua publicação por alguns meses. Referindo-se ao jornal como um modesto órgão da imprensa local, destacou que, apesar disso, não deixa de abordar os grandes temas do actual mundo globalizado, e apontou a coincidência da sua última edição ter dado destaque a um festival intercultural que se realizou na Quinta do Conde, ao mesmo tempo que a grande imprensa mundial destacava os atentados verificados na Noruega, praticados em nome do ódio à multiculturalidade na Europa. Por fim, a presidente da Liga dos Amigos de Sesimbra, Teresa Mayer, agradeceu a todos os presentes em mais um ano de comemorações destas instituições, e proferiu ainda algumas palavras referentes ao poder que a imprensa regional detém “comparativamente com a dita imprensa nacional, pois a nacional aborda os temas por cima, pela rama, enquanto que a imprensa regional aborda-os pelas suas raízes, e é esta qualidade de informação que os órgãos de comunicação nacionais não transmitem”. Entre discursos e agradecimentos foram entregues algumas insígnias de reconhecimento e homenagem a associados que desepenharam funções de Presidentes da Liga e Directores do jornal. Andreia Coutinho * * * Um involuntário atraso na distribuição da nossa última edição teve como consequência que alguns dos nossos assinantes não tiveram atempadamente conhecimento desta cerimónia, motivo pelo qual O Sesimbrense apresenta sinceras desculpas.