ANO LXXXV • N.º 1156 de 24 de Novembro de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC)
Pescaria extraordinária
Política Local Fotografia de Miguel Lourenço
Aprovadas as taxas da Derrama e do IMI para 2012 A Assembleia Municipal aprovou as propostas da Câmara para as taxas a vigorar em 2012, relativamente à Derrama e ao Imposto Municipal sobre Imóveis. As taxas gerais não sofrem alterações, mas, no caso do IMI, existem penalizações para edifícios em mau estado, e incentivos para quem realize obras. Página 10
Secretário de Estado do Desporto visita GDS e condecora David Sequerra Sesimbra parece destinada a viver das memórias da abundância de peixe em eras passadas, quando as “lufadas”, ou mesmo os “negros” de sardinha, escureciam grandes extenções do mar. Mas, de tempos a tempos, ocorre uma “caçada” extraordinária, como aconteceu com as mais de 30 toneladas de corvinas,capturadas recentemente pela traineira Beatriz Paulo, com alguns exemplares a chegar aos 33 quilos. A captura também incluíu cavala, entretanto acondicionada nas dornas. Página 5
Centro Paroquial do Castelo Sendo uma Instituição Particular de Solidariedade Social, o Centro Paroquial dá prioridade a crianças órfãs e socialmente necessitadas, bem como a crianças cujos pais
trabalhem de forma a dar resposta às necessidades sentidas por estes. Recentemente estas instalações foram alargadas devido a várias necessidades sentidas. O Sesimbrense falou
Um “balanço” da vida atirou José Joaquim Soares de Barros e Vasconcelos para um exílio voluntário em Sesimbra, em finais do século XVIII. O notável cientista - astrónomo, matemático, economista - e diplomata, aproveitou a estadia na vila piscatória para observar as maravilhas da natureza e as algas que o mar atirava à praia. Mais tarde, fruto destas observações, apresentaria à Academia de Ciências de Lisboa uma “Memória”, onde preconizava a utilização de algas na alimentação: precisamente o que já hoje se faz na Galiza. Página 8
Palmeiras
A doença conhecida como “escaravelho das palmeiras”, já chegou a Sesimbra, como se pode ver por estes exemplares, junto à estrada nacional entre a Corredoura e as Covas da Raposa. Página 12
Fados de São Martinho Realizou-se na Sociedade Musical Sesimbrense, no passado dia 11, uma Grande Noite do Fado, com a sala esgotada, e grande adesão dos presentes ao leque de fadistas que animaram a noite. Página 13
Assembleia Municipal obtém Certificado de Qualidade
José Soares de Barros: um cientista nas praias de Sesimbra
Desporto das Doença
com a direcção do Centro Paroquial que nos caracterizou o sobre o papel que o Centro tem vindo a adquirir na sociedade local. Página 13
Alexandre Mestre, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, visitou o Grupo Desportivo de Sesimbra para conhecer as actividades e problemas daquele clube. Na ocasião, o governante agraciou David Sequerra como a Medalha de Bons Serviços Desportivos. Página 15
A Assembleia Municipal de Sesimbra obteve o Certificado de Qualidade para os seus serviços administrativos, seguindo as pisadas da Câmara, que já obtivera a mesma distinção em 2009. No entanto, a Assembleia sesimbrense é a primeira em todo o País a obter esta certificação. Página 10
Educação
Desporto Economia
Desporto Voluntariado
Professora agredida
Agência Santiago
Voluntariado em Debate
No dia 25 de Outubro, uma professora na Escola Básica nº. 3 da Quinta do Conde, foi agredida na sala de aula pelos pais de dois alunos. Página 4
No mercado desde 2006, esta empresa conta com a experiência de Júlio Panão e Pedro Serafim, de longos anos na conhecida Agência Panão. Página 5
Teve lugar no passado dia 4, no Auditório Conde Ferreira, o Workshop “Voluntariado… discutir o presente, lançar no futuro!” Página 4
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Editorial
As Pescas em Debate Participei há dias num debate sobre as Ciências Económicas e a Pesca, onde intervieram dois professores universitários de Economia, e um representante da ADAPI - Associação de Armadores da Pesca Industrial. Das intervenções dos académicos, não me apercebi de uma única ideia positiva sobre o que a Economia tem feito, ou o que pode ainda fazer, para ajudar o sector da Pesca: era esse o tema do debate. No entanto, o Fundo Europeu das Pescas, em vigor desde 2007 e a vigorar até 2013, referia expressamente a necessidade dos investigadores das diversas áreas científicas cooperarem entre si para ajudarem a tornar mais sustentável este importante sector económico. Aparentemente, não aconteceu nem vai acontecer nenhuma iniciativa que envolva os especialistas da Economia. A intervenção do representante da ADAPI - associação que agrega a pesca de arrasto - foi bastante lúcida a esclarecer quais eram as oportunidadades e as ameaças deste sector. Com alguma franquesa, admitiu que é um sector onde se está a ganhar dinheiro. E aproveitou para criticar o sector científico, sobretudo pela lentidão em alterar os limites às quotas de pesca nos casos em que é evidente que os stocks de certas espécies estão a aumentar. Deu como exemplo a pescada, cuja pesca tem vindo a ser limitada de forma crescente, apesar de, nos últimos tempos, ter aumentado muito o stock desta espécie. Outro dos assuntos abordados neste
debate foi o da representação dos pescadores portugueses nos Conselhos Consultivos Regionais, que vários dos participantes consideraram como insuficiente. Este é um dos aspectos que deveria merecer mais atenção dos portugueses. As políticas da União Europeia são bastante influenciadas por este tipo de grupos consultivos, que também podem funcionar como grupos de pressão. Ao criar os CCR, os burocratas da UE passam a considerar que a expressão dos pontos de vista do sector surgirão nas reuniões, e nas actas, destes órgãos. Mas dificilmente toda a complexidade e diversidade de interesses que existem no sector da pesca encontram expressão nestes Conselhos, e isso pode ser muito prejudicial aos pescadores portugueses. Outro domínio de que o sector pesqueiro nacional - ou, pelo menos, uma parte deste sector - parece alheado é o do debate sobre o quadro comunitário que sucederá ao QREN 2007-2013. Actualmente já se discutem as normas e regras que deverão configurar a política comunitária entre 2014 e 2020. Quando se preparava o actual QREN, a Câmara de Sesimbra teve oportunidade de apresentar ao Governo algumas sujestões para o sector da pesca, trabalho em que tive a oportunidade de participar, embora com a percepção de que não havia, da parte do sector pesqueiro de Sesimbra, uma grande consciência sobre a importância desse debate, Será que essa realidade evoluiu entretanto? João Augusto Aldeia
Secretário de Estado do Mar visita Porto de Sesimbra
No dia 18 de Outubro, o Secretário de Estado do Mar, Professor Doutor Manuel Pinto de Abreu, visitou as instalações do Porto de Sesimbra. O Presidente do Conselho de Administração da APSS - Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, SA, Eng.º Carlos Gouveia Lopes, recebeu o Secretário de Estado do Mar e os elementos do seu gabinete que acompanharam nesta visita, para uma reunião de trabalho. No fim do encontro, a comitiva visitou
as infra-estruturas que servem as várias actividades nele desenvolvidas, especialmente as actividades destinadas à pesca. A nova ponte cais 3, construída no âmbito dos projectos previstos no Plano de Ordenamento do Porto de Sesimbra, foi um dos pontos mais importantes da visita, uma vez que veio proporcionar melhores condições de operação e de funcionalidade à actividade. Andreia Coutinho
APSS em destaque no Sector Empresarial do Estado A empresa pública dos Portos de Setúbal e Sesimbra apresenta resultados positivos no confronto com as restantes entidades do Sector Empresarial do Estado. Segundo o Anuário do SEE relativo ao ano de 2010, a APSS, SA integra os rankings das 20 empresas da carteira principal da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças com melhores Resultados Operacionais (posição 14ª), melhores Resultados Financeiros (posição 20ª), e melhores Resultados Líquidos (posição 12ª). Os Resultados Líquidos da APSS em 2010 – 3,3 milhões de euros – representaram um acréscimo de 38% face ao ano de 2009. Quer em termos de Resultados Operacionais, quer de Resultados Líquidos, a APSS situa-se em terceiro lugar no conjunto das empresas portuárias portuguesas, sendo as posições cimeiras ocupadas pelos portos de Leixões e de Sines.
O Anuário do SEE revela ainda que entre 2009 e 2010, o número de trabalhadores da APSS diminuiu de 181 para 175. APSS - Resultados líquidos (milhares de euros) 2007................................ 3.015 2008................................ 2.632 2009................................ 2.405 2010................................ 3.329
Pescas - Outubro
Pequenas alterações para menos. Nos totais gerais menos 300.000 quilos pescados mas só com diminuição de 130.000 euros na lota em relação a Setembro anterior. O cerco chamou a si a quase totalidade da menor produção deste mês. Por toda a parte se fala na crise e muito pouco ou nada se fala sobre a pesca, pescadores e comércio do peixe. Uma prestante actividade que de há muito vem sofrendo os maus efeitos de uma regulamentação errada que tem contribuído para o seu decréscimo e consequente reflexão na economia nacional e da qual os portos de pesca, como Sesimbra, se ressentem dessa grave situação. Mais parece que não somos descendentes de bravos e destemidos navegadores que desbravaram mares nunca antes atravessados, descobrindo novos mundos. Tudo se perdeu na voragem destes malfadados políticos que se arrogam de Democratas!?... Numa liberdade que, para si criaram, e agora quase perdemos a nossa nacionalidade! A pesca é um factor a não perder de vista e temos de voltar ao mar, este mar com que a natureza nos privilegiou e que está a ser votado ao ostracismo. O mar precisa dos homens que venceram marés e ventos para obterem o produto do seu duro trabalho e com ELE, tudo o que girava à sua volta de emprego, comércio e exploração de peixe. Para quem, como nós, andou 55 anos ligado às pescas, pescadores e vendagem de pescado, sente imenso, este quase abandono em que se encontram as pescas!
SENSACIONAL PESCARIA! Tínhamos acabado de escrever este pequeno apontamento, que mensalmente aqui fazemos, quando tivemos conhecimento de que a traineira sesimbrense, Beatriz Paulo, na noite de S. Martinho (11-11-11) tinha pescado o seu maior lance de sempre, carregando 3 barcos plenos de CORVINAS, algumas delas com mais de 30 quilos cada! Deste inacreditável feito, noutra secção deste jornal, se dá a devida referência e destaque. Ora esta bela e magnífica pescaria vem ao encontro daquilo que, de há anos, neste jornal temos defendido e que inocentemente (ou deliberadamente!) os governantes têm ignorado. A crise é geral e os próprios peixes quiseram mostrar o seu inconformismo e, “em grande manifestação de indignação” … saíram em força do seu natural “habitat”, no rio Tejo, chamando “liberdade” na direcção do mar, deste oásis marinho que é a nossa Piscosa Sesimbra, contribuindo para ajudar os pescadores e a economia local. Antigamente, quando havia as armações à valenciana e o rio Sado não estava poluído, as corvinas, saiam para o mar no fim do Verão ou princípio de Outono, enchendo as redes das armações de leste (Greta, Restauradora, Cozinhadouro, Cova e Agulha) que estavam mais próximas da barra do Sado, fazendo o gáudio dos pescadores e alegria em toda a vila. Hoje as corvinas trocaram de posição, procriam-se debaixo da Ponte Vasco da Gama, próximo de Alcochete, por o Tejo estar menos poluído e Sesimbra e a nossa baía são os escolhidos quando se emancipam e saem para o mar. Pedro Filipe
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O Natal, os Velhos e a Crise
ONDULAÇÕES Eduardo Pereira
À volta do dia 15 de cada mês, numa dessas noites, no sossego do meu serão, abro o meu computador e disponho-me a escrever o meu artigo mensal para “O Sesimbrense”. Dou-me, então conta que ainda não tinha escolhido um acontecimento – político, social, financeiro ou económico – de entre os que mais me tivessem impressionado, depois da saída do número anterior, que me agradasse referenciá-lo e desenvolvê-lo no artigo que iria escrever. Para este número tinha escolhido dois temas que nos últimos meses ocuparam as primeiras páginas dos nossos jornais. Como estamos em vésperas do Euro-2012, decidi-me apreciar a nossa selecção de futebol, à luz das dificuldades que, normalmente, se colocam para a sua formação e que, raramente, é analisada com a frieza, com a independência e com a objectividade requeridas. Poucas são as portuguesas e os portugueses que, ao pensarem na composição da sua selecção, não são levadas a incluir nela o maior número possível de jogadores dos clubes da sua simpatia. Dá se o caso que esta “selecção de todos nós” foi convocada para participar nos vários jogos do playoff e, se os resultados desses jogos nos forem favoráveis, no Euro-2012. Razão para que os “fazedores de convocatórias” pró e anti-Paulo Bento se empenhassem numa disputa que devia ter sido evitada. Analisemos os factos. É indesmentível que com o actual seleccionador, as selecções escolhidas têm vindo a obter bons resultados, bastante melhores que os conseguidos por selecções imediatamente anteriores. No entanto, ao lermos as notas de imprensa de vários dos comentadores e, ouvindo os apaixonados da bola, somos levados a concluir que alguns dos seleccionados por Paulo Bento não são considerados, neste momento, os melhores do lote das escolhas. Enquanto outros jogadores, efectivos e com provas dadas em grandes clubes estrangeiros, foram liminarmente excluídos, não tendo sido sequer convocados para a fase de preparação. Sobre as boas razões para as decisões tomadas, deixa-se perceber que a principal reside no facto de ser da exclusiva competência e responsabilidade do seleccionador a formação e a preparação do plantel, o que nos leva a supor que os defensores de tal tese consideram que a Federação não deverá, nem poderá intervir nessas escolhas. Será realmente esta a opinião da Federação? Tenho fundados receios que esta tese origine variados e sérios “atropelos” na cadeia hierárquica do futebol nacional, com a Federação a
manter-se silenciosa. Tenho para mim que os actos do seleccionador que é, ele mesmo, “escolhido pela presidência da Federação” o devem responsabilizar perante quem o escolheu. Por isso, não vejo razão válida para esta não lhe exigir toda a informação, antes que as suas escolhas sejam tornadas públicas, para poderem ser corrigidas se forem consideradas lesivas de interesses desportivos nacionais que cabe à Federação acautelar. Penso mesmo que deve ser a Federação a assinar o comunicado que dê conhecimento aos portugueses da escolha dos nossos representantes. Penso, ainda, que deviam ser estabelecidas regras que regulassem e separassem o âmbito das declarações desportivas ou disciplinares dos vários “agentes” da Federação, de modo que as tomadas de posições destes se não confundam com as tomadas de posições do presidente da Federação. Talvez por ter sido vice-presidente do maior clube de futebol português e de ter conhecido bem o mundo do futebol por dentro, nunca me permiti pôr em dúvida a lei e a ética nos comportamentos pessoais ou associativos. Aos princípios que aqui hoje apresento podia juntar muitos outros que deviam ser, igualmente, respeitados por jogadores, por agentes desportivos e por dirigentes desportivos, a fim de impedir que uma “selva desportiva”se instale. O segundo dos temas que me propunha analisar neste momento era de ordem política. À falta de espaço, só o irei publicar nas próximas Ondulações, o que quis evitar, por se tratar de uma tomada de posição pessoal sobre a proposta do Orçamento Geral do Estado para 2012 e não de uma análise ao que vai ser decidido. Será que me encontro preocupado por poder não haver uma maioria de aprovação na Assembleia da República? Não. Será que me encontro preocupado com a sua não-aceitação pela troika? Não. Será que me encontro preocupado com o sentido de voto do PSD? Não, porque já foi afirmado pelo seu Secretário-geral que o Partido Socialista se irá abster. A minha preocupação prende-se muito mais com o “equilíbrio” que este orçamento devia apresentar. Face às enormes dificuldades que poderão vir a ser criadas a uma grande maioria das famílias portuguesas, se o Orçamento apresentar desequilíbrios, que não garantam uma distribuição equitativa dos sacrifícios por ser certo que não há meios para se poder subir a parada, todo o cuidado na elaboração do Orçamento será pouca.
Nestes dias da crise, de longa duração, e o período natalício, que estamos vivendo, ocorre-nos perguntar – como vivem hoje as pessoas com idades superiores a sessenta e cinco anos? Na comunidade portuguesa são cerca de dois milhões e na comunidade sesimbrense (concelho) – quantos são? – proporcionalmente rondarão os mil e muitos (vemo-los no terreno). Ora qualquer cidadão constata, na sociedade actual, que os velhos, são: flores murchas, folhas amarelecidas, fruta caída e abandonada, que não serão revitalizados como diz a canção popular: “ A primavera tem bonitas flores Todas bonitas, mas não são iguais; A primavera vai e volta sempre A mocidade vai e não volta mais,”
impõe-se a pergunta aos nossos representantes (parlamentares e Tribunal constitucional) fazedores e guardadores das leis – qual a coerência entre o que dizem e o que fazem? exigem o cumprimento da lei, ignoram-na ou pervertem-na? É certo, que através do nosso voto lhes damos o poder de legislar, de executar e de julgar. Temos por isso o direito de lhes exigir que trabalhem de modo a que nos proporcionem uma vida melhor a todos e não apenas a alguns.
E como o renascimento psicossomático e a reciclagem das pessoas idosas ainda é um sonho, fomos em busca da CONSTITUIÇÃO para aferir os direitos que o legislador lhes concede e conferir se o executivo lhos dá. Vejamos então o artigo 72º que diz: l as pessoas idosas têm direito à segurança económica l as pessoas idosas têm direito a condições de habitação l as pessoas idosas têm direito a convívio familiar l as pessoas idosas têm direito a convívio comunitário E o artigo continua (2): “A política de terceira idade engloba medidas de carácter económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade.” Perante o conteúdo deste artigo
de Jesus Cristo) é oportuno pedir-lhes que actuem com mais amor e mais diligência no sector dos velhos – um quinto dos portugueses! – Realmente os velhos estão a mais para o governo, mas o seu voto vale tanto como o dos jovens. Comparem, Senhores Governantes, o que têm na lei e o que têm no terreno. Felizmente as instituições religiosas ainda os vão protegendo, fazendo caridade - acção de dar algo que é nosso aos outros. Que pena os governantes não fazerem JUSTIÇA - acção de dar aquilo a que cada um tem direito humana e socialmente de ter. Que na comunidade sesimbrense haja justiça. Que na comunidade sesimbrense haja caridade. M. Nabais Sesimbra, 15/11/11
E como estamos no Natal e porque sabemos que muitos dos nossos representantes governativos se dizem humanistas e cristãos (nas mais diversas formas de celebrar o nascimento
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Quinta do Conde
Professora agredida dentro de sala de aula
No dia 25 de Outubro, Luísa Conchinhas, uma professora da Escola Básica n.º 3 da Quinta do Conde, em Sesimbra, foi agredida dentro da sala de aula pelos pais de dois alunos de etnia cigana. O director do agrupamento escolar da Quinta do Conde, Eduardo Cruz, explicou “os pais de dois alunos, um rapaz e uma rapariga, dirigiram-se à sala e agrediram fisicamente a professora com estalos na cara em frente a toda a turma. Foi apresentada, de imediato, queixa à Guarda e a situação está a seguir os trâmites legais. Em declarações à agência Lusa, o director do agrupamento referiu que esta é uma situação que se arrasta há dois anos e que já tem motivado reuniões com os pais em causa, com a Escola Segura (da PSP), com o coordenador da área educativa e com o gabinete de segurança do Ministério da Educação. Contudo, esta é a primeira vez que estes pais agridem fisicamente um funcionário da escola. Conta ainda que “qualquer brincadeira que envolvesse algum contacto físico com o filho motivava a ida do casal à escola para tirar dividendos da situação, mas das outras vezes insultavam as pessoas”.
Ministério Público abre inquérito O Ministério Público vai abrir um inquérito para apurar responsabilidades criminais relativas à agressão à professora que recebeu tratamento hospitalar. A secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, e o secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, deslocaram-se à escola, onde tiveram oportunidade de tomar conhecimento da gravidade das agressões aos docentes. Para pôr fim a este tipo de violência escolar, o Ministério da Educação e Ciência quer “reforçar o Programa Escola Segura em zonas urbanas de maior risco, criando incentivos ao voluntariado da comunidade educativa, tal como, apostar numa maior responsabilização de alunos e pais e no reforço da autoridade dos professores”. Escola reforça vigilância à porta Depois do sucedido a vigilância à Escola Básica nº3 da Quinta do Conde, foi reforçada e com ela o controlo de entradas também. O Ministério da Educação garante que a segu-
Lei severa não pune a maioria das agressões de pais a professores
Em Portugal, segundo dados do Gabinete Coordenador do Programa Escola Segura, no ano lectivo de 2009/2010 foram registados 72 casos de professores agredidos por familiares de alunos. Sendo que são os pais, na maioria dos casos, os agressores. Porém, nos tribunais portugueses, são raras as condenações deste tipo de agressões a professores, apesar de ser uma profissão especialmente protegida pela lei. De acordo com o Código Penal, os professores integram um conjunto de profissões e cargos, a quem uma agressão é susceptível de “revelar especial censurabilidade ou perversidade”. E os seus agressores podem ser punidos com pena de dois anos e oito meses a 13 anos e três meses de prisão, o que tal não acontece. Em declarações ao jornal DN, o juiz Ramos Soares admite que tem conhecimento de casos de ofensas físicas contra professores que chegam às salas de tribunal, mas que “dificilmente acabam em condenações”, sublinhando que “até é raro qualquer tipo de agressão física acabar em pena de prisão efectiva”, explica o magistrado. Espanha dá o exemplo Há cerca de um mês, na vizinha Espanha, uma mãe que insultou e bateu na professora da filha, foi condenada a três anos de prisão - dois por atentado à autoridade e um ano e três meses pelas agressões - e ao pagamento de uma indemnização de mais de cinco mil euros à professora.
Workshop
“Voluntariado... discutir o presente, lançar o futuro”
No dia 4 de Novembro, teve lugar no Auditório Conde Ferreira, em Sesimbra, o Workshop “Voluntariado… discutir o presente, lançar no futuro!”
Depois de ter iniciado o seu percurso em Setúbal, integrada na iniciativa “Volta do Voluntariado”, inscrita no Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, a exposição passou pelo concelho de Sesimbra entre os dias 2 a 5 de Novembro neste mesmo Auditório, e logo a seguir tomava o concelho de Palmela como próximo destino. Reconhecer o trabalho voluntário e sensibilizar as pessoas para o valor e a importância do voluntariado, mostrando experiências e práticas de um conjunto de entidades que o promovem foram os principais objectivos, desta mostra. O workshop reuniu técnicos e voluntários do distrito de Setúbal que formaram, mais tarde, três grupos para debater temas como: o papel do volun-
tário nas instituições; como pode funcionar uma bolsa de voluntariado; quais são as necessidades sentidas pelos voluntários no exercício das suas funções; que novas ideias para voluntariado advêm das necessidades actuais; entre outras. As instituições, grupos e projectos representados revelaram a diver-
sidade que existe no voluntariado, desde a população que recrutam até às várias áreas de actividade, passando pelos territórios de intervenção. Andreia Coutinho
rança na escola foi reforçada com um vigilante permanente. Andreia Coutinho
Na Rota do Espadarte Na década de 60 do século passado, o Espadarte colocou Sesimbra no roteiro turístico da Europa, à época esta espécie abundava na nossa costa, o desaparecimento das espécies que lhe serviam de alimento levou ao seu desaparecimento nos mares ao largo de Sesimbra. Hoje, os pescadores desta vila piscatória ainda o capturam, mas para isso tem que zarpar para águas longe da
sua casa e da sua família, nomeadamente a sul das Canárias e por mares Açorianos. São homens corajosos e com espírito de descoberta, homens que ao longo da história foram referidos amiúde na Literatura Portuguesa. Estas foram algumas das razões que me levaram a pensar em documentar fotograficamente a pesca do Espadarte. Do pensar ao realizar foi um pequeno passo, este projecto
foi discutido em família, onde senti logo o apoio da minha esposa, é uma viagem que implica alguma preparação, principalmente psicológica. Estar no mar alto, e longe daqueles que ama-mos não é fácil, este sentimento era para mim desconhecido e de facto foi este aspecto o mais difícil de superar nos 22 dias que durar esta aventura. Foi assim que embarquei no “PARMA” embarcação
propriedade da empresa Açorzimbra sediada em Sesimbra, a rota levou-nos para lá das Canárias, quase Cabo Verde, foram 5 dias de viagem até a zona de pesca, tempo que serviu para me ambientar e conhecer os 11 homens que me iriam acompanhar durante esta jornada É no mar que estes homens
vivem, onde recebem as boas e as más notícias vindas de terra, foram estes homens que se tornaram meus amigos, homens pelos quais nutro o maior respeito e admiração, quer pela sua coragem, quer pela sua abnegação ao longo da vida. Rui João Rodrigues
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“Beatriz Paulo”: lance extraordinário de corvinas A traineira “Beatriz Paulo” obteve um lance extraordinário no passado dia 11 de Novembro, tendo capturado mais de 30 toneladas de corvinas. Eram exemplares de grandes dimensões, variando entre os 14kg e os 33kg - na sua maioria eram peixes de 23kg em média. Dada a enorme quantidade de peixe, foi chamada a traineira “Pombinho”, para além da enviada “Palinhos”, para ajudar no transporte. Porém, como se levantou temporal, e como a enviada, devido à enorme carga, estava a meter água, as embarcações optaram por rumar a Lisboa, uma vez que era um terço da distância, comparativamente com a vinda para Sesimbra. Em Lisboa o peixe foi colocado em quatro camiões, com gelo, e as viaturas foram seladas até à 2ª-feira seguinte, para ser vendidos em lota. Os barcos também ficaram todo o fim-de-semana em Alcântara, na doca do Espanhol, impossibilitados de regressarem a Sesimbra devido ao mau tempo. A traineira é propriedade da família Palinhos, sendo o seu
As três embarcações em Lisboa, após o transporte das corvinas mestre o irmão mais novo, Jorge Paulo. Já no mês de Setembro,
uma traineira de Peniche tinha pescado 18 toneladas de corvina.
Os pescadores julgam que este peixe tenha origem na costa africana, e que, com a
despoluição do rio Tejo, venha desovar ao rio, à imagem do percurso de vida do salmão.
Agência Funerária Santiago
A cuidar da morte depois da vida! habituado. Comecei com os meus 6/7 anos a ver o meu pai trabalhar. No inicio foi complicado, havia aquele receio do toque num corpo morto e o ter que vestir… não é fácil. Nem todos conseguem mas com o hábito começa a fazer parte do nosso dia a dia. Os primeiros tempos marcaram-me, cheguei até a sonhar à noite com os corpos… havia corpos mais difíceis que ouPanão, nome conhecido pelas gentes de Sesimbra, ligado ao ramo de tros, dependendo da agências funerárias. Primeiro o pai, depois o filho. Júlio Panão, proprietário origem da morte de juntamente com o seu sobrinho Pedro Serafim, da “Agência Funerária cada um. Santiago”, está no mercado com este nome desde 2006, depois de anos Como se lida com de experiência. o sofrimento dos familiares? Desde Dezembro de 2010 completamente. Saímos com Quando começou a trabaque é obrigatório por lei as agênuma mão à frente outra atrás. lhar nesta área? cias terem técnicos responsáDesde a compra dos carros Comecei já há 20 anos atrás veis, que consiste na frequência ao material… curiosamente com a funerária Panão que dos trabalhadores num curso tivemos que começar também era do meu pai. Entretanto ele denominado de “psicologia do um pouco à pressa devido ao faleceu, e eu decidi juntamente luto”, para sabermos lidar com falecimento do avô de uma pescom o meu sobrinho Pedro, o as pessoas e com o sofrimento soa nossa amiga. O falecimento meu sócio, abrir outra agência. de quem nos pede auxilio para aconteceu em Abril e a família Porque decidiram abrir outratar do falecido. Nós por estarfazia questão que fossemos nós tra agência e não continuar mos na área há muitos anos já a tratar do seu funeral. com a “Agência Panão”? estamos um pouco habilitados a Como surgiu o nome Porque estar a trabalhar para lidar com este tipo de situações “Agência Santiago”? outras pessoas que vieram pose emoções mas não é demais O nome Santiago foi escolhiteriormente devido à herança, esta obrigatoriedade nestes do por ser o nome do santo da não valia a pena… Decidimos momentos tão difíceis. terra, tal como o nosso logótientão sair e abrimos nova agênComo é que é sentida a cripo: o castelo e a fortaleza de cia no ano de 2006. se neste tipo de negócio uma Sesimbra. Como foi erguer outro esvez que se trata de um serviço Como é trabalhar neste tipo tabelecimento depois do sunecessário? de negócio? cesso da agência de seu pai? Muito complicado, há familiaComo vem de família estou Tivemos que começar do zero
res que a primeira coisa que nos dizem quando vamos lá a casa recolher os dados é que não têm dinheiro para nos pagar… Nós não vamos deixar as pessoas por enterrar… é um serviço que é prestado e que temos que pagar tudo “à cabeça”, o caixão, as capelas, entre outros… A nível de funerais é notória a diferença de classes? Nem por isso, porque por vezes quem tem mais não quer gastar muito até porque muitas pessoas dizem que o que se devia ter feito era em vida não depois de morto, por outro lado, por vezes quem tem menos quer fazer um funeral “em grande”, digamos assim, e que se importam mais com o que os outros pensam… Quanto à cremação como funciona? Há uma única urna de cremação por isso mesmo há um valor fixo. É um funeral que à partida é um pouco mais caro mas que a longo prazo se pode tornar mais barato pois não tem mais custos ao longo dos anos com as campas, as flores, a manutenção, o levantamento do corpo ao fim de 5 anos, a compra do ossário ao fim deste período, etc. Em relação às ossadas já muitas pessoas aderem à cremação das ossadas. E vocês também prestam este serviço da cremação de ossadas? Sim, e cada vez mais somos procurados para este serviço. Há uns anos atrás a cremação do corpo não era aceite pela grande parte da socieda-
de, principalmente pela população religiosa, tradicional e mais idosa. E agora? As pessoas agora aderem mais à cremação, já não lhes faz confusão o facto de o corpo ser queimado. Acaba por ser mais higiénico este método e a pessoa faz o que quiser às cinzas… Em termos legais/processuais, é mais fácil celebrar um funeral nos dias de hoje comparativamente com épocas anteriores? É muito mais fácil agora, sem dúvida. Antigamente demorávamos um dia inteiro para podermos trazer um corpo do hospital até a Sesimbra. Depois para complicar, se passasse 48 horas, o corpo já tinha que vir fechado em zinco, lacrado e a polícia tinha que nos acompanhar até ao sítio onde se realizaria o funeral. Agora em média demoramos 1:30 hora para trazer o corpo do Hospital para Sesimbra. Podemos também fazer o registo em qualquer registo civil do país, o que facilita bastante. O que vos distingue de outras agências funerárias? Talvez o respeito que temos com a pessoa em questão… depende de nós conferir-lhe um funeral digno. Já aconteceu o padre não acompanhar o caixão ao cemitério, onde é aberto pela ultima vez e é dita uma pequena oração, e ser eu a fazer essa oração para a família que está ali a sofrer e a despedir-se pela última vez… Andreia Coutinho
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Lagoa de Albufeira
Requalificação da Estrada dos Murtinhais
Os trabalhos quanto à requalificação da Estrada dos Murtinhais, na Lagoa de Albufeira, já iniciaram. Durante a execução dos trabalhos, a circulação viária vai estar garantida através de percursos alternativos.O orçamento da empreitada ronda o valor
de um milhão de euros, e decorre numa extensão de cerca de 1500 metros, entre o entroncamento com a EN377 e a Rotunda da Reconversão, e engloba a instalação das redes de água, saneamento, eletricidade, telecomunicações, passeios e pavimentação. Esta intervenção beneficiará não só os moradores como também todos os visitantes que por ali passam, visto tratar-se de uma via estruturante na ligação entre a EN377 e a margem sul da Lagoa. A conclusão da obra está prevista para o último trimestre do ano de 2012. A Estrada doa Murtinhais é uma das poucas obras novas incluídas no orçamento municipal de 2011, o qual, por causa da crise financeira, só inclui obras comparticipadas por fundos comunitários ou que resultam de outros compromissos assumidos pela Câmara. Moradores da Lagoa de Albufeira já tinham entregue comparticipações financeiras para a Estrada dos Murtinhais. Andreia Coutinho
Cruzeiro cicloturista
O navio de cruzeiros “Wind Spirit” aportou em Setúbal no passado dia 12 de Novembro, para a realização do Ciclotur Setúbal – Arrábida – Lisboa, uma prova destinada exclusivamente aos passageiros do cruzeiro. A quase totalidade dos 144 passageiros, na maioria de nacionalidade norte americana, fizeram o circuito ciclista desde o porto de Setúbal, através da Serra da Arrábida, passando por Azeitão e a caminho de Lisboa. É a segunda vez que se realiza este evento na nossa região, iniciado em 2010, resultado da cooperação empresarial entre a Windstar Cruises e a agência Afonso H. O’Neill & Ca., Lda.
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José Joaquim Soares de Barros um cientista na praia de Sesimbra estudar a vida marinha que era arrojada às praias.
José Joaquim Soares de Barros nasceu em Setúbal, em 1721. Ao longo da sua vida teve uma brilhante carreira de cientista e diplomata, tendo pertencido às Academias de Ciências de Lisboa, de Paris e de Berlim. Com 27 anos, foi enviado, pelo Marquês de Pombal, para Londres e Paris, para estudar Astronomia, com o objectivo expresso de vir a aplicar esses conhecimentos em apoio à política nacional, nomeadamente na determinação das latitudes e longitudes, com aplicação ao domínio geográfico dos territórios do império português. Em Paris, Soares de Barros foi discípulo do reputado astrónomo e geógrafo Joseph Nicolas Deslile. Escreveu numerosos artigos para as Academias Científicas a que pertenceu; na de Lisboa destacam-se o seu estudo sobre o sal de Setúbal, e a determinação da população portuguesa a partir do rol dos besteiros do conto. Um dia, porém, um “balanço da vida”, atirou-o para Sesimbra, onde dedicou o tempo a
Peripécias diplomáticas Como é que um homem com tais qualificações vem morar para Sesimbra? Tratase de uma história algo rocambolesca. Aproveitando os conhecimentos de Soares de Barros em Paris, o Marquês de Pombal encarrega-o de uma missão naquela cidade. É verdade que Portugal tinha um embaixador em Paris, mas era frequente serem escolhidas terceiras pessoas para missões diplomáticas específicas, as quais teriam de se entender com os diplomatas de carreira. O problema de Soares de Barros foi precisamente esse: não se entendeu, ou melhor, desentendeu-se de tal forma com o embaixador Português que, a certa altura, julgando que a sua vida estaria em risco, abandonou a capital francesa, e meteu-se a caminho da Pátria: ou seja, saiu pela “esquerda baixa”. Desta forma, livrou-se do Embaixador, mas arranjou outro problema: como iria explicar a Sebastião José de Carvalho Melo o facto de não ter cumprido a missão de que este o incumbira? A “solução” de Soares de Barros foi, uma vez mais, uma pequena fuga: veio morar para Sesimbra, terra suficientemente modesta, longe dos olhares dos “importantes” da época, para, dessa forma, tentar passar despercebido. E foi assim, sem muito para fazer, que se entreteve a estudar, nas praias da vila piscatória, o que acontecia às grandes algas castanhas que o mar arrojava à praia em quantidades diversas, conforme as diferentes épocas do ano. O mistério do golfo Estamos em 2011, pouco mais de duzentos anos após os esforços científicos dos Académicos portugueses. Os diferentes ramos da Ciência, entretanto, evoluíram muitíssimo face aos conhecimentos da era de setecentos. No entanto, nos nossos dias, um dos mistérios da biologia marinha é o precisamente do desaparecimento do “golfo”: as grandes algas laminárias castanhas que crescem junto à costa. Sesimbra é disso um exemplo: desapareceram as grandes concentrações de golfo que se encontravam nas rochas, junto aos morros do
Macorrilho e Alcatraz, ou no Caneiro, e também por toda a costa sesimbrense, desde o Risco à Lagoa. Mas não se trata de um problema apenas local, nem apenas Português: a laminária castanha está a desaparecer por todo o mundo. Por exemplo: no sudoeste da Califórnia americana, desapareceram 80% das florestas de golfo, desde os anos 1960. Soares de Barros começa as suas observações referindo que “Em Dezembro e Janeiro não aparecia nas praia de Cezimbra quase nada da Alga da grande espécie, a que vulgarmente chamam Golfo”, apesar das fortes ondas que, naquela época, a poderiam arrastar. Acrescenta também que em Janeiro quase não viu a alga a que chama Chicória (Ulva Linza, ou alface-do-
que sabem trabalhar melhor as suas redes, sabem pescar mais”. Esta crítica talvez tenha alguma razão de ser, pois os pescadores de Sesimbra dominam melhor as artes do anzol do que das redes, e a pescada, em Sesimbra, era essencialmente capturada com linha de anzol. Mas Soares de Barros, numa outra análise, faz um grande elogio aos pescadores de Setúbal, Alcácer, Sines e Sesimbra: “é para pasmar que tais homens mostrassem em semelhante comércio o mais fino discernimento, e a mais esquisita política: aquela
Algas sacarinas Soares de Barros chama
Cezimbra: a solidão duma larga praia
«Um balanço da minha vida atirou comigo a Cezimbra, sem eu saber para que ia ali; mas o tempo me foi mostrando o que eu tinha que admirar na solidão duma larga praia, cercada de altos rochedos, e das soberbas ondas do Mar. Os três Reinos da Natureza, dentro da terra e das águas, se acham ali em mui pequenos espaços com vistas muito notáveis; largas massas de Minerais penetram escabrosas montanhas e oferecem ao trabalho dos homens objectos de mui variadas utilidades; por outra parte, no Domínio do Oceano, espalhados pelo seu fundo, se estendem abundantes pastos que dão sustento a infinitos viventes nas suas sombrias moradas. Por cima destes lugares, nos espaços de outro Elemento, voa o povo miúdo das Aves, umas que nunca saem desses distritos, e outras que de distantes Países vêm buscar naquelas partes o seu alimento e regalo, nos dias da última Primavera. Enfim, para nenhum lado os olhos se movem, que não tenham em que ocupar-se, e que não dêem muito exercício à reflexão com o prazer da novidade.» mar), e que, pelas suas folhas e “bela verdura, é em tudo parecida à [alface] da terra, e de qu há uma prodigiosa abundância, no seu tempo próprio, quase ao longo da mesma praia”. Em Maio, porém, aparecem já muitos Golfos, mas ainda com raízes de pequeno volume, e “aparecem também algumas Alforrecas, e Estrelas, ainda que pequenas”. Nos meses seguintes, os Golfos
Soares de Barros e Sesimbra Este texto sobre o Golfo e outras espécies marinhas, não é a única referência que Soares de Barros faz a Sesimbra. Nas “Considerações sobre os benefícios do sal comum”, por exemplo, afirma que, quando as redes não são fabricadas com a necessária flexibilidade, e não ficando, por isso, convenientemente bambas, o peixe não se embaraça tão facilmente: “esta é a razão porque os pescadores de Sesimbra pescam poucas pescadas, quando os ericeiros,
aumentam em quantidade e tamanho, e aparecem também a pulga do mar, escolopendas e “milipedes” (provavelmente, minhocas). Foi em Outubro que Soares de Barros viu os maiores golfos, com caules de “duas varas de comprimento” (2,2 metros). O interior das bases do golfo, “serve de morada a milhares de Insectos, e de assento, apoio e ponto fixo a vários Litófitos, e à maior parte de Coralinas”. Soares de Barros anotou ainda que “Estes Golfos, assim chamados pelo vulgo, são notavelmente fosfóricos, e algumas vezes durante o tempo da noite pareciam brilhar como o lume mais ardente”.
mesma que alguns séculos depois soube formar o Paládio de Inglaterra, no famoso Acto de Navegação, concebido por Cromwell, e vigorizado por Carlos II. Assim consta por documentos que mostra que os moradores de Cezimbra não consentiam que os navios estrangeiros viessem ali carregar de pescaria, sem que fossem fretados por sua conta, e que a equipagem fosse composta de uma parte dos mareantes da mesma vila.”
também a atenção para uma alga que poderia ser usada para fazer açúcar, e que ééra vulgar na nossa Costa, “especialmente a de Cezimbra”. Esta planta, escreve Soares de Barros: “é a que produz uma certa porção do melhor açúcar, o mais doce e puro de todos os que tenho visto, e ainda mais branco e mais cristalizado que aquele a que os Franceses chamam à la Royale. Explica-nos: “Este açúcar “Golfo” é o nome genérico que em Sesimbra se dá a uma alga castanha de grandes proporções, que existia em grande quantidade na nossa costa, pelo menos até meados do século XX. Crescendo em grandes concentrações, forma uma espécie de “floresta” submarina. Espalhadas por todo o mundo, as florestas de golfo (ou “kelp”, como é designada internacionalmente) constituem habitats de grande interesse para várias espécies marinhas. O fenómeno do desaparecimento do golfo, também por todo o mundo, constitui um dos grandes mistérios da biologia marinha.
História
forma-se sobre a superfície da folha do mencionado Vegetal, como uma espécie de eflorescência, depois que está por certo tempo ao Sol; e para se tirar não é preciso mais nada que sacudi-lo, ou passar-lhe a barba de uma pena”. O uso de algas na alimentação tem mais tradições no Japão, mas essa tradição tem vindo a conquistar o Ocidente, e o certo é que na Galiza, aqui bem perto, já se colhem algas para fins alimentares, nomeadamente a alga sacarina referida pelo cientista setubalense. Mas Soares de Barros aponta que também a alfacedo-mar pode ter aplicação culinária: “no tempo da esterilidade pode servir de sustento; eu a provei e o seu sabor não é amargoso nem picante, nem tem absolutamente nada de ingrato; e creio que, preparada em salada, lisongeará mais o gosto e terá mais votos a seu favor.” Soares de Barros termina a sua comunicação à Academia, inspirado nas observações na praia de Sesimbra, com a análise dos pequenos animais que se fixam aos cascos dos navios e que os danificam – um problema ainda hoje importante, e que justifica, por exemplo, o uso de tintas antivegetativas, cuja composição é actualmente objecto de investigação. Biografia: Barros, José Joaquim Soares (1789) Considerações sobre os grandes benefícios do sal, in Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, Tomo I, 1789 - p. 30-31 Barros, José Joaquim Soares (1789) Memória sobre as causas da diferente população de Portugal em diversos tempos da Monarquia, in Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, Tomo I, 1789 - p. 123-151 Barros, José Joaquim Soares (1812) Pensamentos e observações sobre mui curiosos e importantes objectos que se apresentam nas Costas de Portugal e no fundo dos nossos Mares, in Memórias de Matemática e Física da Academia das Ciências de Lisboa, Tomo III, Parte L, Lisboa, 1912 - p. 73-84 Cortesão, Jaime (1953) Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores – Instituto Rio Branco, 1953, p. 313-315.
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Fotógrafos de Sesimbra (VIII)
Eliot Elisofon Eliot Elisofon ���� foi ������ um influ� ��� ente fotojornalista americano, natural de Nova Iorque, con� hecido pelo seu trabalho para a revista LIFE, para a qual começou a trabalhar em 1942, prolongando essa colabora� ção até 1964. Granjeou repu� tação como técnico e desen� hador de luz, particularmente devido às suas inovações na fotografia a cores. Para além da carreira de fotógrafo, concluiu uma formação su� perior na DeWitt Clinton High School., e tornou-se ������������������ num pin� tor de recohecida capacidade e um académico activo, bem como um coleccionador de arte tribal africana e asiática. Tinha também a paixão pela gastronomia e vinhos, e foi o primeiro fotógrafo a escrever um livro de cozinha. Alguns dos seus trabalhos mais conhecidos foram reportagens a cores realizadas em África e no Pacífico Sul. Eliot não se caracterizava pela modéstia, e costumava apresentar-se como “o maior fotógrafo da LIFE” (referência à revista, mas também um tracadilho com o significadao da palavra “life” : vida. Um dia o editor da revista disse-lhe:
“não percebo como é que você consegue estar sempre a classificar-se a si próprio como o maior fotógrafo da nossa revista”; Eliot pensou um pouco, e respondeu: “Tem razão. É melhor serem vocês a dizer isso.” A fotografia que aqui re� produzimos fez parte de uma reportagem feita em Portugal e divulgada naquela na revista LIFE em Setembro de 1948. O título da foto era “Velho pesca� dor usando um barrete de lã”, e mostra um velho marítimo sentado no muro frente à So� ciedade Musical Sesimbrense.
Helga Glassner A fotógrafa alemã Helga Glassner publicou, em 1942, o livro de fotografias com o título “Portugal”, retratando diversas zonas do País, nomeadamente as zonas rurais e piscatórias, com representação de muitas pessoas do povo. Em Sesim� bra o seu olhar fixou-se no castelo medieval, fotografado pouco tempo depois do seu restauro pelos “Monumentos
Leonore Mau
A fotógrafa alemã Leonore Mau, juntamente com o ma� rido, o escritor Hubert Fichte, constituíram um dupla criativa que produziu, em conjunto, obras emblemáticas. Foi o que aconteceu em 1968, quando se deslocaram a Sesimbra e aqui realizaram o filme de 9 minutos, “A lota e o peixe” (“Der Fischmarkt und die Fische”), mostrando o quotidiano e a vida na aldeia piscatória de Sesimbra. A apresentação do filme era acompanhada da exposição de fotografias de Leonore, onde era dado destaque aos padrões geomé� tricos, por exemplo, dos peixes espalhados na areia, para a respectiva venda por leilão. Quer o filme de Fichte quer as fotografias de Leonore continuam, ainda hoje, a ser
apresentadas ao público, como ainda recentemente aconteceu em Inglaerra, no Goethe-Institut de Londres. Leonore Mau, nascida em 1916, iniciou a sua carreira de fotógrafa em Hamburgo, após a II Grande Guerra. Trabalhan� do em conjunto com Hubert Fi� chte, publicou os livros de texto e imagens, Petersilie (Salsa) e Xango, documentando as religiões Afro-Americanas. Um terceiro volume, Psyche, a debruça-se sobre a psiquiatria Africana.
Hubert Fichte nasceu em 1935 e faleceu em 1986, pou� co antes de completar 51 anos. Viajou por diversos países, começando pela França, Por� tugal e Suécia e dominou qua� se todos os idiomas ocidentais. Interessou-se pelo estudo das religiões afro-americanas, de plantas medicinais, de etno� medicina e pelo tratamento de doenças mentais. Reve� lou à etnografia a quebra de consciência pelo uso de ervas em rituais iniciáticos de cultos afro-americanos
Nacionais”, o que é visível pela diferente cor dos “remendos” de pedra que lhe foram acres� centados – e que hoje não se distinguem das cantarias centenárias. O livro “Portugal” apresenta uma estranha capa verde com a esfera armilar portuguesa, a fazer lembrar os documentos oficiais do Estado Novo, mas a própria fotógrafa foi objec� to de vigilância pela PIDE, encontrando-se informações a seu respeito no arquivo de Salazar.
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Assembleia Municipal obtém Certificação de Qualidade Sistema da gestão da qualidade da MAS - norma ISO 90001/2008 Qualidade Certificada
A Assembleia Municipal de Sesimbra obteve a Certificação da Qualidade dos seus serviços administrativos, sendo o primeiro daqueles órgãos autárquicos a obter este galardão, no nosso País.
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É importante dignificar a Assembleia Municipal e reforçar as suas responsabilidades e competências. Os eleitos devem continuar a assumir de forma positiva e inequívoca a importância do Poder Local, em prol das populações que os elegeram.
Odete Graça
Odete Graça, presidente da AM, discursando na cerimónia em que a Associação Portuguesa de Certificação formalizou a entrega do Certificado, no passado dia 11 de Novembro, destacou que esta iniciativa se integra “numa visão centrada no cidadão em geral e no munícipe em particular, é o nosso verdadeiro compromisso e reforça as nossas escolhas permitindo continuar a trabalhar ativamente na MELHORIA CONTÍNUA - MAIS QUALIDADE - MELHOR SERVIÇO PÚBLICO”, e considerou a ocasião como “fruto dum projeto que coloca este órgão deliberativo em lugar cimeiro na vanguarda do Poder Local a nível nacional”. O processo de certificação da Assembleia foi apresentado na candidatura ao IX Prémio da Qualidade promovido pela Associação de Municípios da Região de Setúbal, em Junho de 2011, cujos vencedores serão divulgados no próximo mês de dezembro. Odete Graça considerou que “o simples facto de nos encontramos na lista finalista é já uma vitória sentida e valorizada, pois esta candidatura também representou um novo desafio, trilhado pela primeira vez, e reforça certamente o espírito de cooperação e compromisso com a Câmara, os munícipes e as entidades com quem nos relacionamos O vereador José Polido, em representação da Câmara (Augusto Pólvora não pode estar presente, em virtude da convocação inesperada para uma reunião com o secretário de estado do Turismo) destacou “a importância de alavancar a melhoria contínua, na aposta da formação e experiência das pessoas, nas metodologias de monitorização e avaliação e na dinâmica do sistema de gestão participada, com enfoque nos resultados, centrados no munícipe”, e acrescentou que “na Câmara, os políticos e os funcionários, estão interessados em modernizar continuamente o trabalho no desenvolvimento dos mecanismos de gestão de todos os seus órgãos”. Câmara Municipal de Mora Seguiu-se a intervenção de José Pinto, vereador da Câmara Municipal de Mora, que foi a primeira Câmara Municipal a ser Certificada neste âmbito, tendo
uma certificação alargada nos domínios da Qualidade, Ambiente e Segurança, de acordo, respectivamente, com as Normas 9001, 14001 e 18001. José Pinto referiu, em tom irónico, que “a Administração Pública está hoje confrontada com graves problemas estruturais e endémicos, o que deriva das más opções políticas, da gestão ruinosa do Estado e dos seus protegidos que “milagrosamente”, se tornam bons gestores apenas quando transitam para o sector privado. Daí que não possamos aceitar que os trabalhadores sejam sistematicamente o bode expiatório das políticas postas em prática pelos nossos governantes.” E acrescentou: “Exceptuando um ou outro mal intencionado “fazedor de opinião”, todos reconhecem que os dinheiros públicos na Administração Local são bem aplicados e resultam sempre em mais-valia para as populações” A certificação dum sistema que integra a Qualidade, o Ambiente e a Segurança permite à Câmara de Mora, segundo José Pinto, “permite dar garantias aos munícipes e a toldos os cidadãos de resposta às suas necessidades e expectativas, e de que existe um compromisso permanente de melhoria contínua”.
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A Câmara aposta na melhoria contínua, na formação e experiência das pessoas, nas metodologias de monitorização e avaliação e na dinâmica do sistema de gestão participada, com enfoque nos resultados, centrados no munícipe José Polido Presidente da APCER O Comandante Caldeira dos Santos, presidente da APCER, destacou na sua intervenção, que “Sendo o poder autárquico uma das maiores conquistas do 15 de Abril e, quiçá uma das instituições democráticas mais expostas aos seus eleitores, nada mais importante para quem exerce o seu direito de voto do que a transparência, a integridade, a idoneidade, a confiança e a lealdade dos seus eleitos --- e que a certificação de um sistema de gestão melhora o desempenho geral de uma organização e demonstra aos seus utentes, aos seus clientes, fornecedores, colaboradores e outros stakeholders, que as organizações utilizam boas práticas na sua gestão. Caldeira dos Santos felicitou o Município de Sesimbra, na pessoa da senhora presidente da Assembleia Municipal, pela obtenção deste Certificado da Qualidade, “enquadrando assim este Município no universo das entidades que apostam no seu futuro e do nosso País”. Quer Odete Graça, quer José Polido, quer ainda o presidente da APCER, destacaram o papel de Carlos Filipe de Oliveira, então vereador da Câmara Municipal, no lançamento do processo da Certificação da Qualidade.
A Certificação da Qualidade dos Serviços Públicos é um processo que visa a melhoria contínua daqueles serviços, através do estabelecimentos de objectivos anuais e de uma série de documentos e normas, que permitem destacar situações de funcionamento deficiente, ou de oportunidades de melhoria, passando a estabelecer prazos para a correcção das deficiências, ou para a implementação das melhorias. Através da exigência de documentação adequada – actas de reuniões, normas de funcionamento interno, etc. – este processo possibilita uma maior transparência dos objectivos que cada serviço público, ou cada funcionário, deve procurar atingir em cada ano, e avaliar a respectiva realização. Impondo a formulação de um conjunto de documentação adicional, tal como de reuniões específicas e auditorias, este processo “complica” um pouco mais o trabalho da administração pública, mas, em contrapartida, permite uma transparência, uma clara definição de objectivos e uma mentalidade orientada para a melhoria, que pode ter resultados muito significativos na qualificação dos serviços prestados às populações e no aumento da produtividade dos respectivos recursos. O Sistema de Gestão da Qualidade apoia-se numa rede Gestores da Qualidade funcionários dos próprios organismos que recebem formação para esse efeito, e que passam a ter responsabilidades na implementação do processo de Qualidade e de auditoria do funcionamento dos serviços. Estes Auditores da Qualidade fazem auditorias internas ao funcionamento dos serviços municipais, mas a atribuição do Certificado de Qualidade é sempre concedido por uma entidade externa e independente, neste caso a Associação Portuguesa de Certificação, que periodicamente avalia a situação. Em Sesimbra, foi a Câmara Municipal a primeira instituição a lançar este processo, tendo obtido a respectiva Certificação em 2009 – uma das primeiras a nível nacional. Curiosamente, a sua rede interna de Auditores é constituída por quadros intermédios da Câmara, bastante jovens, e, na sua maioria, do sexo feminino, constituindo uma estrutura de controlo distinta, salvo algumas excepções, dos quadros dirigentes (directores de departamento e chefes de divisão). O processo tem sido conduzido, do ponto de vista técnico, por Ângelo Tavares, um especialista nesta área. A Assembleia Municipal de Sesimbra, tal como foi reconhecido pela sua Presidente, contou com a experiência e o apoio desta estrutura municipal da qualidade para, por sua vez, implementar o sistema de certificação da qualidade na Assembleia.
Assembleia Municipal Na reunião da Assembleia Municipal do dia 28 de Outubro, no período prévio à Ordem do Dia, foram aprovadas quatro moções: uma de crítica ao Orçamento de Estado para 2012, outra saudando o 26 º aniversário da Freguesia da Quinta do Conde, outra exigindo a construção da Escola Secundária da Quinta do Conde, e ainda outra pela “Dignificação e Autonomia do Poder Local”; foi também aprovada uma recomendação a propósito da reunião pedida pela Câmara ao Ministro da Educação. A moção sobre o OE, titulada “Ataque voraz à classe dos servidores públicos e aos aposentados”, critica essencialmente “a prevista redução dos subsídios de férias e natal dos servidores públicos e aposentados, que poderá, para rendimentos superiores a 1000 euros representar a completa retirada desses 2 subsídios”, e foi aprovada com 19 votos a favor, 2 votos contra do PSD, e uma abstenção, do CDS. A moção sobre o Poder Local vai no sentido da rejeição, “na generalidade, todas as propostas e princípios inerentes do Documento Verde da Reforma Administrativa Local”, bem como da rejeição de “qualquer ingerência na autonomia do poder local, nomeadamente ao nível das suas actuais competências e atribuições”, e exigindo que a reorganização administrativa venha ao encontro das “necessidades e motivações das respectivas populações, e ouvindo os respectivos autarcas”; esta moção foi aprovada apenas com os 13 votos da CDU, tendo votado contra todos os restantes. As restantes moções, bem como a recomendação, foram aprovadas por unanimidade. DERRAMA A Assembleia Municipal aprovou a proposta de Derrama para 2012, um imposto no valor de 1,5 % sobre os lucros das empresas. Votaram a favor a CDU, o PSD, o CDS e o BE, tendo-se abstido o PS e o deputado independente. IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis A Assembleia Municipal deliberou, sob proposta da Câmara Municipal, aprovar as seguintes taxas para o IMI: a) Prédios Rústicos: 0,8% b) Prédios Urbanos: 0,7% c) Prédios Urbanos avaliados nos termos do CIMI: 0,4% Esta proposta foi aprovada por uma maioria de 16 votos (CDU, PSD e CDS/ PP) e 6 abstenções (PS, BE e AMCS). Ainda quanto a este imposto, com os mesmos votos e mais o BE, foi deliberado aprovar o agravamento do IMI (entre 10 a 30% mais) dos prédios em mau estado de conservação. Por unanimidade, foi deliberado reduzir em 10% as taxas para os prédios urbanos arrendados para habitação em todo o território do Município, respeitante ao IMI de 2011, a vigorar no ano de 2012 (devendo os senhorios proprietários efectuar prova bastante para o efeito, junto da Câmara). Finalmente, e como medida de “combate à desertificação” e promoção da “reabilitação urbana”, foi deliberado que no Núcleo Antigo da Vila de Sesimbra os valores do IMI sejam reduzidos (entre 10 a 30%), para os prédios em que se tenham realizados obras nos últimos 6 anos. Esta proposta contou com apenas uma abstenção. Outras deliberações A Assembleia aprovou ainda as cláusulas contratuais do empréstimo de um milhão de euros, destinado às obras da Ribeira do Marchante e Estrada dos Murtinhais, a rectificação dos limites territoriais entre Sesimbra e Seixal, na zona urbana da Quinta do Conde, e a abertura de concurso, pela Câmara, para o fornecimento de refeições aos jardins-de-infância e escolas básicas do Concelho.
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Guerra Colonial: 50 Anos Júlio Martinho Pinto
Comissão: Moçambique 1971 a 1973 Batalhão: 3842 Regimento Infantaria Especialidade: Corneteiro Idade: 61 anos Júlio Martinho assentou praça a 21 de Julho de 1970 em Elvas e tirou a sua especialidade de corneteiro, na Amadora. A 21 de Abril de 1971, embarcou no navio Niassa e desembarcou a 13 de Maio em Moçambique. Uma vez que na guerra
não havia corneteiros, já em Chimaio, perto da Barragem de Cabora Baça e a cerca de 90 km da província de Tete, o soldado desempenhou o seu serviço numa arrecadação, onde se encontrava armazenado todo o material de guerra, que seria distribuído pelos soldados em missão. Foi nesse local que passou toda a sua comissão. Como pertencia ao sector do arame (expressão utilizada pelos soldados quando permaneciam no quartel e não saiam em missão) não sentiu dificuldades nem restrições no que diz respeito à alimentação, a cuidados de higiene ou segurança. “Felizmente não me aconteceu nenhuma peripécia, no entanto houve colegas meus que foram abatidos em combate…”, Júlio Martinho recorda e salienta “O mais doloroso era quando tinha conhecimento de que os meus colegas, aos quais tinha entregado as armas, tinham morrido em combate, sem poder ou dever de informar, os que se preparavam para reforçar o batalhão.” O ex-combatente aponta, também, como um dos momentos mais difíceis na sua jornada de guerra, a notícia do falecimento do seu pai, a 18 de Fevereiro de 1973, através de
colegas telegrafistas. Os últimos nove meses na guerra, foram passados em Inhambane, quando a companhia se deslocou para sul.
Negativo A guerra em si, foi o factor mais negativo. Contudo, os efeitos da guerra foram muito marcantes. A morte de muitos colegas, relembro o falecimento de um colega que apareceu morto com dois tiros na cabeça, enquanto fazia reconhecimento a carros civis na fronteira com a Zambézia e da morte do meu capitão, que pertencia à família dos Pachecos, de Setúbal, morreu numa mina.
Positivo Arranjei muitos amigos que permanecem até hoje. Anualmente, a companhia reencontra-se num almoço de confraternização. Hoje, a nossa família de soldados do Ultramar e muito grande, porque além dos soldados, reencontramos pais, filhos, genros, noras e netos de todos os nossos colegas de guerra. Depois, tenho aquele grupo de amigos mais chegados,
que fazemos questão de nos encontrarmos várias vezes durante o ano. Júlio Martinho dos Santos
Pinto, regressou a Sesimbra, da Guerra Colonial, a 17 de Agosto de 1973. Jovita Lopes
Fernando Oliveira
Comissão: Angola 1961 a 1963 Especialidade: Infantaria Idade: 72 anos Fernando Oliveira, canteiro de profissão, “na altura a cantaria*1 era o forte na zona do Zambujal”, fez recruta na Amadora em Infantaria, depois houve um treino, que segundo o ex-combatente, foi um treino à pressa onde começaram a ser chamados de caçadores especiais que depois viria a ser a especialidade de Comandos. “Acabámos a instrução de tiro já em Angola, mais precisamente em Malange. Antes de ser mobilizado para Angola tinha apenas os três meses de recruta, devido à situação que se passara na prisão. O destino de Fernando para a Guerra Colonial não era previsto ser Angola. Estava previsto um levantamento das populações e o seu destino era a Guiné. Eu até tinha vindo de licença para casa, depois do juramento de bandeira no Sábado, precisamente o dia que rebentou a
confusão no local para onde fui combater em Luanda. Recebi um telegrama da Unidade para me apresentar na segundafeira e parti de imediato. Companhia isolada. Quando assaltaram a esquadra de policia e a prisão de presos políticos, em Luanda. Do assalto resultaram mortos. Isto aconteceu no fim de semana e logo na terça-feira a seguir eu já estava lá. Fomos de avião, foi a noite toda a voar e mais algumas horas, ao todo foram 18 horas de voo. A nossa missão era as chamadas operações de limpeza aos bairros da periferia. Capturar elementos das chamadas Forças de Libertação, chamados na altura por nós de terroristas. Os prisioneiros da prisão em questão, não tiveram tempo de fugir, uma vez que a guarda local atacou de imediato, tendo havido ainda duas baixas da parte deles e com a nossa chegada, a chegada da tropa as coisas acalmaram e a situação ficou dominada. Aí estivemos durante uma semana, e de seguida partimos para Malange onde também se previa levantamentos, que felizmente acabaram por não acontecer. Estivemos perto de um mês até que rebentou a valer na região dos Dembos, a Norte de Luanda. Nesta zona foram atacadas fazendas, foram mortos adultos e crianças indiscriminadamente e foi para aí que rumei até ao fim da minha comissão. Aqui a missão principal era a defesa das populações, atacar campos de instrução dos elementos ligados às Forças de Libertação. Depois fazíamos o chamado sistema de quadricula, termo utilizado no Exército que designavam elementos estacionados num raio em que os elementos das forças
locais não pudessem avançar. Aí fomos bastante castigados. Fomos muito atacados. Eram milhares… A sorte de não ficarmos lá todos, foi um avião, mais precisamente um bombardeiro da Força Aérea Portuguesa que ia a caminho de Carmona e que por ter interceptado os nossos apelos pela nossa rádio. Estive também em Nambuangongo, considerado o centro das operações das forças inimigas. Aqui foi parte mais difícil e emociona-se… foi a parte que me revoltou em relação às forças de libertação… o massacre que lá fizeram à população branca e negra, desde a crianças degoladas, mulheres grávidas esventradas, … um cenário para esquecer… mas que dificilmente um ser humano consegue esquecer mesmo depois de décadas. Conheci um senhor que tinha uma pequena fazenda na zona e a sua história chocou-me: a mulher desaparecera, nunca mais foi vista, os filhos foram mortos por degolamento, pelo que os enterrámos antes que este senhor, o pai, os visse, a cunhada estava esventrada à beira do rio, o cunhado também foi encontrado aos pedaços Curiosamente nunca vi em livro nenhum e na altura ninguém acreditava que neste ano as forças portuguesas tinha estado nesta zona tão perigosa. Entretanto a situação pacificou-se e nós andávamos à vontade e ajudávamos as populações das aldeias.
Negativo O cenário de massacre que encontrei em Nambuangongo, as crianças mortas sem dó
nem piedade. Aquelas pessoas todas desmembradas…
Positivo O conhecimento que ganhei de outras maneiras de viver, muitos amigos que fiz na tropa que ainda hoje os encontro.
Andreia Coutinho
*1 A cantaria é a pedra talhada de forma a constituir sólidos geométricos, normalmente paralelepípedos, para utilização na construção de edifícios ou de muros. Os profissionais que talham a pedra denominam-se canteiros.
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Palmeiras de Sesimbra ameaçadas pela doença do escaravelho A doença conhecida como “escaravelho das palmeiras” já chegou a Sesimbra há algum tempo, calculando-se que seja já elevado o número de árvores infectadas – embora nem todas apresentem ainda os sinais evidentes desse problema. Conforme o estado de progressão da doença, as palmeiras poderão em alguns casos ser tratadas, mas noutros já não será possível. As palmeiras existentes no interior da Fortaleza, por exemplo, já não deverão ter “salvação”. A Câmara Municipal tem conhecimento do problema e tem um plano para o combate à doença; estando neste momento a consultar empresas da especialidade para selecção daquela a quem há-de adjudicar o tratamento, que pode ser de três tipos: preventivo (no caso de palmeiras ainda não atacadas), curativo (nos casos em que tal ainda é viável) e abate (nos casos já sem possibilidade de recuperação). A título experimental, a Câmara já tratou uma das palmeiras atacadas, próximo do Hotel do Mar, a qual apresenta já sinais de recuperação, com novos rebentos a despontar. No caso das palmeiras de menor porte, os serviços municipais poderão aplicar directamente os tratamentos necessários. Mas terão de ser empresas da especialidade a ocupar-se, quer do tratamento, quer do abate, das
palmeiras de maior porte. Mas há um problema, que não é de pequena dimensão: tratam-se de intervenções dispendiosas, mesmo quando feitas directamente pela Câmara, pois os medicamentos são caros e podem prolongar-se por um período de 3 anos, por cada árvore. Assim, e numa primeira fase, a intervenção da Câmara Municipal será feita numa selecção das palmeiras consideradas de maior importância, nomeadamente pelo seu papel na definição da paisagem. Muitas palmeiras em terrenos privados A acção directa da Câmara, no entanto, deverá restringirse às palmeiras que se encontram no espaço público. Mas existem numerosas palmeiras em terrenos particulares, cabendo aos respectivos proprietários as acções de prevenção, tratamento ou abate. Para este fim vai ser realizada em breve, e em conjunto com a Direcção-Geral de Agricultura, uma acção de sensibilização para as medidas a tomar por parte dos particulares. É àquela Direcção-Geral que esses particulares se devem dirigir, apresentando a situação das suas árvores, e solicitando o respectivo diagnóstico ou intervenção, no caso de se justificar.
Casa das Palmeiras
Na freguesia do Castelo, em Santana, existem duas palmeiras que estão classificadas como de Interesse Público: localizam-se ambas na Casa das Palmeiras. Trata-se da espécie conhecida como palmeira-das Canárias, tendo a maior 10 metros de altura, 8,7 metros de diâmetro de copa, e estimando-se em 100 anos de idade (medições efectuadas em 2004).
Na Estrada entre a Corredoura e as Covas da Rapousa já se detectam palmeiras doentes Problema nacional A praga do escaravelho encontra-se já espalhada por todo o País, sendo várias as Autarquias que se encontram a braços com graves problemas de doença das suas palmeiras, problemas especialmente grave quando se tratam de árvores com grande importância para a definição
das paisagens. Tal é o caso de Setúbal, cuja Câmara já foi obrigada a abater árvores emblemáticas na Avenida Luísa Todi. A Câmara de Faro divulgou que pelo menos 100 das 400 palmeiras existentes no concelho teriam que ser removidas devido a esta praga, cujo tratamento aquela autarquia
estimou entre 100 a 250 euros por cada árvore.Também em Lisboa a Câmara calcula que existem milhares de palmeiras em risco, embora o número exacto seja «quase impossível de contabilizar», segundo os responsáveis autárquicos, por estarem tão disseminadas, entre jardins privados e espaços públicos.
O que fazer? Com mais frequência, o escaravelho infecta as palmeiras mais jovens, com menos de doze anos. Embora o escaravelho adulto possa provocar alguns danos ao alimentar-se da árvore, é essencialmente a larva, ao escavar túneis no tronco da palmeira, a grande responsável pela doença e morte da planta. A fêmea adulta põe cerca de 200 ovos nas zonas de crescimento da coroa da palmeira. Do ovo sai uma larva branca que se alimenta de fibras tenras e de rebentos de folhas, escavando túneis pelos tecidos internos da árvore durante cerca de um mês. As larvas podem ocasionalmente crescer entre 4 a 6 centímetros. No ciclo seguinte da metamorfose, a larva forma um casulo feito com fibras secas de folhas de palma na base da palmeira. O ciclo de vida completa-se entre 7 a 10 semanas. Sintomas de infestação Os sinais de infestação pelo escaravelho vermelho são os seguintes • Orifícios e galerias na base das folhas (eventualmente com larvas ou casulos); • Folículos das folhas novas cortadas em ângulo ou com pontas truncadas a direito • Amálgama de fibras cortadas e húmidas com mau cheiro • Folhas desprendidas e pendentes da coroa; • Coroa desguarnecida no topo ou achatada; Os primeiros sinais de infestação são os orifícios no tronco e as folhas cortadas. Os sons das larvas a escavarem o tronco e a alimentaremse pode-se ouvir quando se
aproxima o ouvido do tronco da palmeira. Existem também equipamentos electrónicos de amplificação sonora que são utilizados para inspeccionar as árvores. Numa fase seguinte, a coroa da palmeira perde o vigor, com as folhas mais novas a pender e a secar, ficando com forma achatada e cor castanha. Seguem-se as folhas da parte de baixo da coroa. Quando estes sintomas começam a ser visíveis, a palmeira já está infestada há algumas semanas e os seus tecidos vasculares internos já estão danificados, sendo já muito difícil recuperar a palmeira que, provavelmente, morrerá. Podem observar-se ainda infecções secundárias por bactérias e fungos oportunistas que, aproveitando as feridas causadas pelo escaravelho, aceleram o declínio. Uma Palmeira pode estar infectada também sem que quaisquer vestígios aparentes sejam visiveis, só com uma grande inspecção pormenorizada se pode eventualmente detectar a infestação. Controlo O principal método de controlo da praga é a aplicação sistemática de insecticidas em túneis escavados cerca de 5 cm acima das zonas infestadas do tronco. A praga pode ser monitorizada pela utilização de armadilhas com feromonas. As formas de controlo alternativo incluem a descontaminação de zona e utilização massiva de armadilhas de feromonas e outros compostos químicos. Estão em desenvolvimento novas tecnologias, incluindo
bio-inseticidas, para controlar esta forte praga das palmeiras. Em Portugal, no caso de ser detectado algum sinal de infestação, deve ser imediatamente contactada a Direcção Geral de Agricultura e Pescas Prevenção Como em qualquer outra doença, a prevenção é sempre preferível à intervenção do que quando a árvore já se encontra atacada. Normalmente, quando se detecta visualmente que uma palmeira se encontra doente, pela característica copa abatida, já é tarde demais para salvar a arvora. Uma vez que o escaravelho prefere pôr ovos nos tecidos mais tenros da palmeira, evitar a existência de cortes e feridas no tronco pode ajudar a reduzir a infestação, pelo que se devem cobrir as feridas ou cortes com produtos apropriados para cicatrização e protecção. Também se deve evitar o transporte e movimentação de folhas ou restos de palmeiras infectadas, que devem ser eliminadas no local. O escaravelho entra também pelos orifícios das palmas cortadas desde o chão até ao cume, o que só e apenas as injecções localizadas não surtem o efeito desejado. (Adaptado da Wikipedia)
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Escola do CentroParoquial de Bem Estar Social do Castelo de Sesimbra Extende as instalações O Centro Paroquial de Bem Estar Social do Castelo de Sesimbra, tem vindo a desenvolver actividades desde 1973. Sendo esta instituição uma Instituição Particular de Solidariedade Social, dá prioridade a crianças órfãs e socialmente necessitadas, também a crianças cujos pais trabalhem de forma a dar resposta às necessidades sentidas por estes. Recentemente estas instalações foram alargadas devido a várias necessidades sentidas. O Sesimbrense falou com a direcção do Centro Paroquial que nos falou sobre o papel que o Centro tem vindo a adquirir na sociedade local. um maior número de famílias que nos confiam a educação dos seus filhos. Quais os principais problemas que enfrentam? Os principais problemas que enfrentamos são regra geral comuns a todas as IPSS, e que se reflete na oscilação constante da comparticipação familiar dos seus utentes. Acentuase uma maior dificuldade
Desde quando existe o Centro Paroquial? O Centro Paroquial de Bem Estar Social do Castelo de Sesimbra, tem vindo a desenvolver atividades desde 1973. É uma instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) ligada à Paróquia do Castelo, que depende diretamente da Diocese de Setúbal e indiretamente do Centro Regional de Segurança Social e Ministério da Educação. Quantas pessoas empregam? O Centro Paroquial emprega atualmente cerca de 50 pessoas. Quais as principais valências? A Instituição tem as valências de Creche, Pré-Escolar e Centro de Atividades de Tempos Livres (CATL). Atualmente também é a promotora das Atividades de Enriquecimento Curricular para os alunos das escolas Básicas de Santana e Maçã. Para além destas valências, de acordo com os estatutos da Instituição, existe um grupo de voluntários que em parceria com a Paróquia e outras Instituições atuam nos seguintes âmbitos: Apoio a Carenciados - em parceria com outros particulares e instituições, distribuindo diversos tipos de bens, incluindo alimentícios, àqueles que deles necessitam; Pastoral da Saúde - Visita e acompanhamento a doentes, emprestando alguns equipamentos que lhes proporcionem maior conforto e qualidade de vida; Ajuda de Mãe
– Acompanhamento e encaminhamento social de mães em dificuldade, cedência de berços, cadeiras, carrinhos, roupas, etc. Quantas crianças abrange? De que escalões etários? O Centro Paroquial do Castelo tem acordo para 50 crianças em Creche (dos 4 meses até aos 3 anos), 100 no PréEscolar (dos 3 aos 6 anos) e 50 em CATL (dos 6 aos 10 anos). Após as obras que estão a decorrer no âmbito do Programa PARES (Programa de alargamento da Rede de Equipamentos Sociais), a lotação da creche passará a ser de 76 utentes. Qual a área de recrutamento abrangida? As áreas geográficas de intervenção são a freguesia do Castelo (esmagadora maioria dos utentes) e de Santiago. Abriram recentemente a creche. Porquê? Como tem sido a procura? A valência de creche já existia na instituição. Como a procura em Creche tem vindo a acentuar-se cada vez mais nos últimos anos, o Programa PARES proporcionou que a Instituição conseguisse a curto-prazo reforçar esta resposta especifica, responde a
das famílias no cumprimento do pagamento das mensalidades e, devido ao decréscimo dos seus vencimentos e aumento do desemprego, leva a que possam contribuir cada vez menos ou com maior dificuldade. Por seu lado, a comparticipação da Segurança Social não reflete estes decréscimos da comparticipação familiar, colocando as IPSS em situação de risco. Como é a participação dos pais na vida do Centro? A participação dos pais/ famílias na vida da Instituição é muito positiva. Notamos cada vez mais presenças nas atividades propostas dentro da Instituição, mas também, na vida Paroquial através da participação nas Eucaristias e na frequência das crianças na catequese ou nos escuteiros. Quais as principais fontes de financiamento? As fontes de financiamento da Instituição são a Comparticipação familiar dos utentes mediante apresentação dos seus rendimentos, alguns donativos de empresas ou particulares e a comparticipação da Segurança Social. Andreia Coutinho
Grande noite de Fados de São Martinho Realizou-se na Sociedade Musical Sesimbrense, no passado dia 11, uma Grande Noite do Fado, com a sala esgotada, e grande adesão dos presentes ao leque de fadistas que animaram a noite. Os artistas que graciosamente apoiaram a Liga nesta iniciativa foram os fadistas Júlio Silva, Manuel José Pinto, Pedro André, e as fadistas Mariana Vitória e Carmo Santos. A série de interpretações atingiu grande intensidade dramática, mas também não faltaram momentos mais ligeiros, a condizer com o convívio que se desenrolava nas mesas, em torno duma ementa de São Martinho, que era, de resto, o tema da noite de Fados. Também tivemos o gosto de ouvir alguns poemas de Domingos Manuel Lopes (Chochinha), ditos pelo próprio. Esta Noite de Fados só foi possível devido à colaboração graciosa de todos estes artistas, a quem a Liga dos Amigos de Sesimbra e o jornal O Sesimbrense agradecem penhoradamente. A parte instrumental esteve a cargo do competente guitarrista Jorge Costa, acompanhado à viola pelo seu filho, que muito contribuiu para o brilho da noite, tendo ele próprio cantado alguns fados e animado o ambiente com algumas anedotas. Também não podemos deixar de destacar as ajudas recebidas de diversos patroci-
nadores, que contribuíram de diversas formas para o convívio, sobretudo com o fornecimento de géneros: Restaurante O Golfinho, Padaria do Gá, Padaria A Camponesa, O Caseiro, MiniMercado S. Jorge, Garrafeira de Sesimbra, Maxiloja Av. da Liberdade e Maxiloja Rua da Paz. Queremos também destacar a cedência da sala por parte da Sociedade Musical Sesimbrense, bem como a ajuda de alguns dos seus funcionários e colaboradores, nomeadamente Jonas Farinha e Artur Pereira, um sinal maior da disponibilidade para cooperação entre instituições sesimbrenses, que calou fundo no nosso coração. Para que a acustica da sala estivesse ao mais alto nível, a LAS contou também com o apoio imprescindível de Fernando Almeida. Por último destacamos o trabalhos das colaboradoras da Liga dos Amigos de Sesimbra, que organizaram toda a logística e divulgação deste evento: Ana Luisa Bento, Jovita Lopes e Andreia Coutinho, cabendo a esta última, também, a tarefa da apresentação do espectáculo.
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Quem foi S. Martinho?
Faleceu Manuel Rosa
Neste mês de Novembro que está quase a acabar, a mais típica manifestação popular deste nosso burgo, à beira mar plantado (que o diga Sesimbra!) é, sem dúvida, o São Martinho, das castanhas e da água-pé, em 11 de Novembro, sob o rótulo ancestral de São Martinho. Por cá não se fugiu a tal regra tradicional e louva-se a feliz iniciativa da L.A.S., com a comemoração fraternal da data santificada, na “velha” e tão prestigiada Sociedade Musical. Boa ideia e muito bom convívio justificando-se a curiosidade da questão: quem foi, afinal, São Martinho? Foi figura grada da 2ª metade do século IV vivendo entre 316 e 397, ascendendo à condição de Bispo de Turone , em 371. Nasceu na Hungria e, muito cedo, optou pela carreira militar, notabilizando-se como discípulo de Santo Hilário, prestigiado Bispo de Poitiers (315-367). Ainda jovem, Martinho trocou as actividades militares pelas acções religiosas. Pugnado pelo apoio à pobreza e à indigência. Em plena maturidade, já bem assinalado pela Santa Igreja, fundou o primeiro mosteiro francês, em Ligugé e explanou os seus desígnios religiosos até muito perto do final do muito denso século IV. A sua memória tem sido perpetuada pelas festividades cumpridas em 11 de Novembro, sempre com um cunho popular, de intensa simpatia, que o rolar dos anos não atenuou. Ao longo de 60 anos, de militar aprumado a santo muito considerado, São Martinho perfilhou-se como uma das mais queridas e populares figuras da igreja. Quem festejou a recente data de 11 de Novembro, em euforia gastronómica e vinícola (que boa estava a água-pé na “musical”!) ficará a saber um pouco mais sobre São Martinho, a data festejada do bom vinho (para rimar) e das castanhas quentes e boas, da velha praxe. David Sequerra
Marítimo brioso, de plena convicção profissional, orgulhoso de ser “pexito”, antigo jogador do desportivo, sportinguista de total afeição, Manuel Rosa deixou-nos aos 79 anos de idade quando parecia recuperar das suas mazelas físicas. Para nós era um amigo de longa data, das futeboladas de marés baixas na Praínha, dos fugazes mas sempre afectuos reencontros em Sesimbra, que ele tanto amava. Sóbrio, às vezes por demais sisudo mas sempre cultivador de amizades, Manuel Rosa ficou perto da barreira dos 80 anos de que falámos quando do nosso último diálogo, na sede da Casa do Sporting, bem no coração da “piscosa”. Fica, assim, para mais tarde o nosso próximo abraço. Que descanses em paz, “Manel”. David Sequerra
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Grupo Desportivo de Sesimbra Recebe Secretário de Estado da Juventude e Desportos David Sequerra homenageado
O Grupo Desportivo de Sesimbra recebeu a visitita do Secretário de Estado da Juventude e do Desportos, Alexandre Mestre, na sequência dum convite feito pelo GDS pouco depois da tomada de posse daquele governante. Acompanharam a visita o presidente da Câmara de Sesimbra, a presidente da Assembleia Municipal, e os presidentes das Juntas de Freguesia de Santigo e do Castelo. A visita estendeu-se a todas as instalações do GDS na vila: pavilhão e complexo desportivo, após o que teve lugar uma cerimónia oficial de boas vindas. Entre as questões colocadas pelo clube desportivo ao governante, destacam-se o problema do IVA dos bilhetes para espectáculos desportivos – que em 2012 deverão passar da taxa reduzida para a taxa máxima – e do envio tardio, aos clubes, das verbas dos jogos sociais. Outra questão colocada pelo presidente do GDS, Sebastião Patrício, foi a do reforço da comparticipação duma obra que o clube pretende fazer, de colocação de painéis térmicos, para poder baixar a factura de elec-
tricidade, particularmente no caso dos consumos para aquecimento da piscina. O presidente da Câmara, Augusto Pólvora, destacou os investimentos realizados em infraestruturas desportivas no Concelho, e a sua importância para o alargamento da prática desportiva às populações, salientando a necessidade de apoiar os clubes como forma de assegurar o cabal aproveitamento dessas infraestruturas, ideia que foi secundada por Odete Graça, presidente da Assembleia Municipal. O Secretário de Estado mostrouse sensibilizado perante o trabalho feito e prometeu analisar os problemas colocados, sem ter feito, no entanto, qualquer promessa concreta. Em jeito de balanço da visita, Sebastião Patrício considerou que a visita foi muito agradável, e que apesar de não ter sido prometido nada, considerou que foi atingido o objectivo do convite: dar a conhecer ao governante de toda a actividade do clube, considerando que foi visível alguma receptividade aos problrmas que lhe foram colocados.
Liga dos Amigos da Lagoa de Albufeira
Jantar convívio
Jantar de convivio, no dia 29 de Outubro, nas instalações da Liga dos Amigos da Lagoa de Albufeira, com a presença do Presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora e exposição dos trabalhos manuais dos alunos da Liga. A LIALA promove várias actividades, desde o ateleier de artes gráficas e ofícios, ao atelier de pintura, à ginástica, passando pela logoterapia, danças de salão, ... A associação conta já com 78 inscritos no projecto “Sempre a Mexer”.
A grande surpresa da visita do Secretário de Estado ao Grupo Desportivo de Sesimbra foi a atribuição da Medalha de Bons Serviços Desportivos a David Sequerra, devido à sua carreira jornalística associada ao Desporto. O galardoado foi apanhado de surpresa quando Alexandre Mestre começou a ler um despacho da sua autoria, que configurava o referido galardão. David Sequerra começou a sua carreira desportiva no jornal Mundo Desportivo, onde esteve até o encerramento do jornal, transitando depois para a Gazeta dos Desportos. Foi em grande medida devido a esta carreiraque veio depois a desempenhar as funções de seleccionador nacional de juniores, tendo conquistado o primeiro título internacional de uma equipa portuguesa, no campeonato europeu. David Sequerra dedicou-se mais, enquanto jornalista, ao futebol, mas em 1960 teve a oportunidade de
participar nos Jogos Olímpicos de Roma, na qualidade de enviado especial, o que lhe proporcionou conhecimentos diversificados em diversas modalidades deportivas, e foi determinante para vir, mais tarde, a desempenhar as funções de Secretário-geral do Comité Olímpico Nacional . Mas a sua participação da vida jornalística teve início ainda mais cedo, quando começou a colaborar n’O Cezimbrense, no tempo em que o jornal ainda era “feito” por João da Luz. Essa colaboração nunca mais deixou de se verificar, e teve como ponto culminante os anos em que David Sequerra desempenhou as funções de Director deste jornal. E, felizmente, continuams a poder contar com a sua valiosa colaboração. A Liga dos Amigos de Sesimbra e o jornal O Sesimbrense apresentam a David Sequerra as felicitações por mais este merecido galardão.
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O SESIMBRENSE Efemérides
Crise das armações de pesca Em 1934 agravou-se a situação financeira das empresas de pesca das armações, que fizeram uma exposição ao Governo solicitando apoios. O assunto levantou uma polémica que se traduziu em diversos artigos nas páginas d’O Sesimbrense, donde reproduzimos algumas citações
tentar acabar com esta crise ruinosa, não, procurando plataformas cómodas, como seria o auxílio do Estado, mas trabalhando de facto. Porque não tentam, visto disporem de instalações, barcos
que se tem vindo a agravar de forma tal que hoje, sem receio de passarmos por terroristas, podemos classificar de desesperado. (…) Aufere a Musical aproximadamente 600$00 de receita
4 de Novembro de 1934 «Tenho defendido e defenderei sempre, podem ficar certos, o princípio de que Sesimbra só tem vida própria, enquanto a pesca for exercida por armações. Quando elas desaparecerem, em minha opinião firme e inabalável, o Concelho de Sesimbra tem os seus dias contados.» Manuel José Pereira 18 de Novembro de 1934 «O peixe não é nenhum rebanho de perus que se possa, com um pau, conduzir para dentro das armações» João Manuel Morais, anterior presidente da Associação Marítima, em resposta a Manuel José Pereira 18 de Novembro de 1934 «Pedir dinheiro ao Estado, seja a que título for, para uma indústria da qual fazem gala em demonstrar a sua falência, é irrisório. Ao Estado, moralmente, só poderiam pedir, quando muito, uma Lei de protecção para a referida indústria, da qual resultassem ser beneficiadas nas diversas taxas ou impostos que a oneram, ou melhor ainda, o rigoroso cumprimento das Leis da Pesca, principalmente na parte que limita as zonas em que as diversas artes podem pescar. Os interessados é que têm a obrigação e o dever de
e pessoal, a pesca por meio de outras artes, nos meses que dizem ruinosos para as armações?» Abel Gomes Pólvora, sobre o pedido de apoio feito ao Estado, de 7.000$00 por cada armação de pesca. Banda de Música 10 de Novembro de 1935 «Já por mais de uma vez O Sesimbrense tem chamado a atenção do público para o precário estado financeiro do cofre da Banda – que não é só a Banda da S.M.S. mas também a Banda de Sesimbra - estado esse
mensal; a despesa com que deve contar para manutenção, da Banda e da Sociedade, anda à roda de 1.300$00 mensais. Além disso, o seu livro de Credores acusa um activo de 8.000$00 a favor de diversos indivíduos que insistem pela liquidação dos seus créditos, no que têm razão, se atendermos a que a crise atingiu todos os ramos da actividade industrial e comercial, não se podendo dar créditos a longo prazo.» Ramada Crespo MUD de Sesimbra - 1934 Os republicanos democratas de Sesimbra pediram autorização ao sr.
Governador Civil para realizar uma sessão pública no dia 14 de Novembro de 1934, no Salão Recreio Popular, a “fim de apreciarem o momento político” – na realidade, tratava-se de apoiar Norton de Matos, candidato da oposição, através da estrutura do Movimento de Unidade Democrática. Faziam parte do MUD de Sesimbra: Comissão Concelhia: - Manuel José Pereira, industrial - João da Luz, redactor, - João Pereira Ramada Crespo, industrial tipógrafo - Jorge António de Campos, estudante de medicina - Alfredo Batista, industrial de barbearia Comissão Freguesia Santiago - António Batista, industrial de barbearia - Isolino Ramos Borges, industrial - José de Oliveira, empregado de escritório - Júlio José Cristo da Luz, empregado no comércio - Augusto Francisco Martelo, marítimo Comissão Freguesia Castelo - Câncio Marques Júnior, proprietário - Manuel José da Costa Júnior, médico - Alberto Augusto Leite, médico - Mário de Mesquita Lopes, farmacêutico - Alfredo Batista, industrial de barbearia - Manuel Chagas Ferreira, industrial