O Sesimbrense - Edição 1160 - Março 2012

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ANO LXXXVI • N.º 1160 de 30 de Março de 2012 • 1,00 € • Taxa Paga • Bonfim • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00752012GSCLS/SNC)

A embarcação “Ritinha” esteve quase a naufragar, depois de embater numa rocha da costa a leste de Sesimbra

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© Miguel Lourenço

Crescimento do desemprego acelerou desde o Verão passado

Câmaras e Freguesias contra a proposta do Governo para a reforma da Administração Local

Segundo os dados do IEFP, o número de desempregados no concelho de Sesimbra atingiu o valor recorde de 2.384 no final de Fevereiro. O desemprego neste concelho tem vindo a subir regularmente

As Freguesias de Sesimbra parecem estar livre da ameaça de extinção ou fusão. Mesmo assim, estão contra a proposta do Governo, e um dos motivos é que haverá um acréscimo de transferências para as freguesias que se fundirem entre si, mas esse aumento será feito à custa das outras, ou seja: salvam-se da extinção mas não escapam a um corte nas verbas que recebem. Também as Câmaras da região de Setúbal se estão a organizar contra esta proposta, e Sesimbra é uma das autarquias aderentes à «Plataforma 235º – Defender e Valorizar o Poder Local Democrático»,

desde 2008, ano em que atingiu o mínimo de 1.167 desempregados. Mas a escalada do desemprego começou a acentuar-se a partir do Verão de 2011. Página 5

Centro de interpretação da Lagoa de Albufeira A construção de dois novos abrigos para a observação de aves, a juntar ao que já existia, e a criação de circuitos de visitação, tornaram o ambiente natural da Lagoa de Albufeira

mais acessível. Francisco Luís, vereador do Ambiente, fala-nos sobre este projecto. Página 12

Artes

Livros

que surge como contestação às intenções governamentais, surgidas na sequência das medidas restritivas incluidas no acordo assinado entre

o Governo de Portugal e a “troika”, e que visam diminuir o número de Concelhos e Freguesias, empresas municipais e funcionários. Página 11

Novo jardim-de-infância no Pinhal do General

Associativismo

Amores e Sabores

Azulejos de Fachada

Bota no Rego

Cília Campos, que nasceu e viveu a sua infância no Largo da Fonte Nova, escreveu um livro sobre esse período da sua vida, recuperando memórias de amigos e familiares. Mas o livro é, também, uma homenagem ao seu irmão, falecido precocemente, e uma oportunidade para falar do combate à toxicodependência.

Um artigo de Victor Sousa Lopes proporciona-nos uma “Pequena incursão pelo azulejo semi-industrial de fachada”, caracterizando estes elementos decorativos de alguns antigos edifícios de Sesimbra, muitos dos quais se encontram actualmente em mau estado de conservação.

Comemorando 36 anos de vida, o Bota no Rego apresenta-se como um grupo recreativo de grande dinamismo, promovendo diversas actividades culturais ao longo do ano, gerando um ambiente de convívio e amizade, numa surpreendente renovação do movimento associativo de Sesimbra.

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Marcos Vaz Preto O Padre Marcos foi o sacerdote sesimbrense mais destacado, e também o político mais influente dos que nasceram nas piscosa Sesimbra. Participou activamente na grande mudança civilizacional que transportou Portugal do Antigo Regime até ao Liberalismo e, no entanto, é praticamente desconhecido dos sesimbrenses, que ignoram a importância do “Papa Marcos”. Página 13

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Edifícios com História

Escola de Santa Joana

Páginas 8 e 9


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Editorial

Contactos uteis nBombeiros Voluntários de Sesimbra Piquete de Sesimbra: 21 228 84 50 Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74 nGNR Sesimbra: 21 228 95 10 Alfarim: 21 268 88 10 Quinta do Conde: 21 210 07 18 nPolícia Marítima 21 228 07 78 nProtecção Civil (CMS) 21 228 05 21 nCentros de Saúde Sesimbra: 21 228 96 00 Santana: 21 268 92 80 Quinta do Conde: 21 211 09 40 nHospital Garcia d’Orta Almada 21 294 02 94 nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra 21 268 73 45 nPiquete de Águas (CMS) 21 223 23 21 / 93 998 06 24 nEDP (avarias) 800 50 65 06 nSegurança Social (VIA) 808 266 266

nServiço de Finanças de Sesimbra 212 289 300 nNúmero Europeu de Emergência 112 (Grátis) nLinha Nacional de Emergência Social 144 (Grátis) nSaúde 24 808 24 24 24 nIntoxicações - INEM 808 250 143 nAssembleia Municipal 21 228 85 51 nCâmara Municipal de Sesimbra 21 228 85 00 (geral) 800 22 88 50 (reclamações) nJunta de Freguesia do Castelo 21 268 92 10 nJunta de Freguesia de Santiago 21 228 84 10 nJunta de Freguesia da Quinta do Conde 21 210 83 70 nCTT Sesimbra: 21 223 21 69 Santana: 21 268 45 74

nAnulação de cartões SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) 808 201 251 217 813 080 Caixa Geral de Depósitos 21 842 24 24 707 24 24 24 Santander Totta 707 21 24 24 21 780 73 64 Millennium BCP 707 50 24 24 91 827 24 24 BPI 21 720 77 00 22 607 22 66 Montepio Geral 808 20 26 26 Banif 808 200 200 BES 707 24 73 65 Crédito Agrícola 808 20 60 60 Banco Popular 808 20 16 16 Barclays 707 30 30 30

Farmácias de Serviço

Homens notáveis de Sesimbra Marcos Vaz Preto, ou Padre Marcos, é uma das figuras notáveis nascidas e criadas em Sesimbra, um homem cuja vida adulta coincide com o período em que Portugal parece ter sido vítima de várias maldições. Invadido por Franceses, ocupado pelos Ingleses na ausência do rei e da corte, vítima de uma terrível guerra civil; apesar disso, o País conseguiu realizar as reformas políticas que o transportam para a modernidade: e o Padre Marcos foi uma figura central, um dos protagonistas dessa epopeia. Apesar disso, Marcos Vaz Preto é genericamente ignorado pelos sesimbrenses. Outra figura notável de Sesimbra é a do navegador Sebastião Rodrigues Soromenho. É verdade que existe uma inultrapassável ambiguidade relativamente à sua naturalidade: “nascido em Sesimbra”, “natural de Faro”, são duas afirmações que convivem no pequeno documento que é o treslado do seu testamento. Soromenho não é tão ignorado como o Padre Marcos: tem nome de rua, há uma escola com

o seu nome. Mas saberão os Sesimbrenses qual foi o real papel histórico deste navegador? A investigação histórica, e particularmente o estudo de Carla Delgado de Piedade, foi suficientemente fundo para mostrar que se tratou de um notável piloto, que teve a pouca sorte de desempenhar essas funções durante o domínio espanhol, origem de vários dissabores que transformaram a sua vida numa tragédia. Devido ao seu mérito profissional, foi encarregue de cartografar e fazer o roteiro da navegação entre a Califórnia espanhola e a costa ocidental do México, morrendo na Cidade do México, sem ter podido rever a família de que se apartara há cerca de 20 anos. Dois homens que enfrentaram corajosamente os desafios colocados em períodos cruciais da história da nacional, embora com sortes diferentes. Duas vidas que merecem mais atenção da parte dos sesimbrenses. João Augusto Aldeia

Pescas - Fevereiro

Pequena descida Em relação a Janeiro houve uma ligeira descida. Mais acentuada no cerco e artesanal já que o arrasto se manteve. Nos totais gerais, diminuiu-se cerca de 300.000 quilos e 400.00 de euros representados na lota. A falta de chuva também se reflete na pesca. A instabilidade das Estações contende com as pescas. A crise que se radicou no nosso país acrescida desta irregularidade ambiental torna a nossa vida difícil. Sobretudo na nossa terra, onde ainda é a pesca o

Com o apoio:

Farmácia Bio-Latina Rua D. Sebastião, Lote 2050 A, Quinta do Conde

Farmácia da Cotovia

Avenida João Paulo II, 52-C, Cotovia

Farmácia de Santana

Estrada Nacional 378, Santana

Farmácia Leão

Avenida da Liberdade, 13, Sesimbra

Farmácia Liz

Estrada Nacional 377, Lote 3, Alfarim

Farmácia Lopes

Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra

212 109 113 212 681 685 212 688 370 212 288 078 212 688 547 212 233 028

termómetro que orienta o nosso bem ou mal estar. Com o problema da austeridade que a todos nos atinge, nas conferências, nos debates, pouco ou nada se fala das pescas um polo tão importante da vida portuguesa, que temos abandonado e que por via das excelsas condições do nosso litoral piscatório será motivo para voltarmos ao desenvolvimento de outrora onde a Pesca era rainha e à sua volta giravam empregos e exportação dos nossos produtos do mar. Pedro Filipe

APSS aumenta resultados líquidos A Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra divulgou publicamente que obteve um resultado líquido de 5,3 milhões de euros em 2011, valor que representa um crescimento de 59% em relação ao ano anterior. Segundo a APSS, este resultado ficou a dever-se, por um lado, a medidas de contenção financeira, que se traduziram numa redução dos custos em 11% face a

2010, dos quais a APSS destaca uma diminuição de 19% nos gastos com pessoal, e de 9% no fornecimento de serviços externos. Quanto ao movimento portuário, a APSS refere que, na generalidade dos terminais do Porto de Setúbal, se movimentaram 6,9 milhões de toneladas em 2011, um valor aproximado do ano recorde de 2010.


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ONDULAÇÕES 114 Eduardo Pereira

Nasci em 1927, em plena ditadura e em período de grande desemprego e fome. Os meus pais ”fugiram” a essa crise dos anos 20 e levaram, parte da família consigo para Angola, onde então imperavam muitos surtos de paludismo. Eu fiquei em Sesimbra. Em três meses, o paludismo matou o meu pai e o meu irmão. Tenho uma vaga ideia de que comecei a acompanhar os fenómenos políticos, por alturas de 1945, quando comecei a pensar pela minha própria cabeça. Desde então, até há um par de anos, a política mexia comigo. Ganhei muita experiência política com a minha formação universitária, com a minha presença no parlamento, com a minha participação em vários governos. Há já alguns anos que venho reduzindo a minha actividade política, mesmo a partidária. Hoje sou, pura e simplesmente, um cidadão meio descrente da política praticada em Portugal, cada vez mais preocupado. Quem não se preocupa com actual crise nacional e os seus expressivos 800.000 homens e mulheres sem trabalho e mais de 150.000 jovens à procura de um primeiro emprego, sem o conseguir. Quem pode virar as costas ao facto de termos, em Sesimbra, cerca de duas mil pessoas desempregadas? Quem pode esquecer tantas das políticas comunitárias insuficientes, mal pensadas e mal aplicadas, a que Portugal tem estado sujeito desde a sua entrada na comunidade europeia? Quem pode esquecer que os últimos governos e as últimas oposições tenham contribuído para mergulhar o país, na crise que vivemos? Há demasiado tempo que as lideranças dos partidos e dos governos de vários países europeus, entre os quais Portugal, deixaram de estar à altura das responsabilidades que assumiram. Há muito tempo que muitos desses políticos perderam a isenção política, financeira, económica e social que neles depositaram os seus eleitores, e continuam a contaminar e a influenciar, não só a nossa política interna e externa como, também, a nossa forma de fazer política. Não é aceitável que tantos políticos, uma boa parte da imprensa diária e um acentuado número de jornalistas, dediquem grande parte do seu tempo, das suas análises e reportagens políticas, à produção de “comentários direcionados”, digamos mesmo marginais, de “pequena intriga política”. Al-

gumas dessas “manobras” afastam-se do que deve ser um verdadeiro e sério esclarecimento da grande maioria dos portugueses, que não têm tempo, nem formação política, nem “peneira política” para poderem separar o “trigo político”, do “joio político”, para separarem, na informação que recebem, a que os serve e a que só serve para os perturbar e os impedir de contribuirem para a solução de muitos dos problemas que nos preocupam a todos. Portugal tem hoje um governo de coligação Social- Democrata/Democrata Cristão, com maioria absoluta no Parlamento e que cumpre um programa “imposto” por uma Troica, criada por Bruxelas que foi subscrito pelo Partido Socialista. Traduzido, por outras palavras, a política do actual governo, PSD/CDS, é “sustentada” pela Comunidade Europeia. Tem apoio, num Parlamento que podemos classificar de centrodireita, CDS, e de centro, PSD e tem a oposição da esquerda e da extremaesquerda, PS/PCP/Verdes/Bloco de Esquerda. Com este peso eleitoral, enquanto se mantiver esta correlação de forças, enquanto não houver uma rutura política entre o PSD e o CDS, ou um derrube constitucional, a política do actual governo deve ser sustentada pela maioria governativa e não devia ser “boicotada” pelos partidos da oposição. De qualquer forma, esta sustentação não chega para contrariar o desemprego existente, nem para fazer subir os baixos salários, nem para acabar com o descontentamento popular e anular ou reduzir a turbulência social. No entanto, a situação de crise, em que nos encontramos, exige que o partido ou os partidos que sustentam o governo ofereçam melhores condições de concertação de políticas, entre os partidos do governo e os partidos da oposição e que favoreçam a criação de condições para a realização de consultas entre as centrais sindicais e as confederações patronais. Sem estas condições, todas as maiorias que se venham a constituir em plena crise, não serão estáveis e não reunirão condições para debelar a crise, se não incorporarem o PSD e o CDS, Continuar, como até agora, a favorecerem-se políticas em que “anda meio mundo a enganar outro meio mundo”, não faz sentido e devia acabar, quanto mais cedo melhor.

Pescador acusado de abuso de menores Um pescador sesimbrense de 67 anos foi acusado de ter abusado de duas menores, suas enteadas, actualmente com 15 e 17 anos, filhas de uma cidadã brasileira com quem o pescador vivia, estando casados há cinco anos. O caso teria sido denunciado à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Sesimbra, que o comunicou à mãe das menores e o participou às autoridades policiais, que viriam depois a proceder à prisão preventiva do acusado, após decisão judicial.

Este caso foi divulgado com grande destaque em várias edições do jornal Correio da Manhã, que divulgou não só o nome, mas também fotografias do suspeito, aparentemente devido ao facto do mesmo ter tido alguma visibilidade como jogador de futebol, há várias décadas.O mesmo jornal noticiou que cidadãos de nacionalidade brasileira a viver em Sesimbra chegaram a preparar uma manifestação de protesto contra os actos de abuso às menores, tendo depois desistido dessa ideia.

Jovem ferido com 4 facadas No dia 25 (Domingo), pelas 06h00 um jovem de 24 anos, foi agredido com quatro golpes no tronco, junto ao Largo 5 de Outubro. A vítima encontrava-se sozinha, quando 4 indivíduos, o surpreenderam com a arma branca, atacaram-no e fugiram. “Após as agressões, devido à proximidade do local, o jovem deslocou-se ao SAP, que àquela hora encontrava-se encerrado. Foi então que fomos chamados a socorrelo e transportámo-lo para o Hospital Garcia D’Orta, em Almada”, conforme explica o comandante dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra. Segundo fonte policial, os contornos da agressão encontram-se ainda por esclarecer, uma vez que não houve qualquer tipo de furto. Ao que conseguimos apurar, os agressores ainda não foram identificados.

Casas de banho públicas As instalações sanitárias do Largo 5 de Outubro estiveram encerradas durante alguns dias. Contactámos a Câmara Municipal de Sesimbra, que nos informou que o encerramento se deveu a carência de pessoal, dadas

as fortes restrições que têm vindo a ser colocadas à renovação de contratos temporários, bem como a novas contratações. O acordo com a troika, aliás, prevê a obrigatoriedade de redução do pessoal municipal.


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Património

Pequena incursão pelo azulejo semi-industrial de fachada Texto e fotografias de Victor Sousa Lopes

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1 O emprego do azulejo como material de revestimento exterior em edifícios na Vila de Sesimbra, comparado com a intensa utilização noutras localidades do País, teve uma pequena repercussão, mas é algo de que não nos podemos alhear. Este gosto, acentuado pelos emigrantes “brasileiros” no século XIX - embora, em Sesimbra, tenha servido essencialmente à ostentação da burguesia capitalista local - marca o período áureo da aplicação do azulejo nas fachadas. Os azulejos semi-industriais de fachada, ou seja, os azulejos quadrados de produção em série que, por repetição de um ou mais elementos, formam padrões, foram produzidos entre finais do século XIX e início do seguinte e desempenham um papel simultaneamente funcional e decorativo na arquitectura urbana de Sesimbra e marcam, de uma maneira inconfundível, a paisagem de grandes par-

tes do casario das ruas mais antigas. No que se refere às técnicas de decoração e pintura, estes azulejos eram estampados, estampilhados e de relevo ou relevados. A técnica da estampilha foi, de longe, a mais utilizada

Azulejos relevados com reprodução de padrão vegetalista.

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3 pela maioria das fábricas por permitir a produção de azulejos policromáticos, de grande efeito decorativo, de uma maneira fácil e rápida. Utilizavase, para o efeito, uma matriz de papel encerado – a estampilha - onde se recortavam os motivos a reproduzir nos azulejos, previamente esmaltados, sobre os quais se colocava. Era com a passagem duma trincha sobre este papel que neles se aplicava a decoração pretendida. Para cada azulejo eram necessárias tantas estampilhas quanto o número de cores. Os azulejos de relevo ou semi-relevo eram obtidos através de moldes de gesso escavados que se enchiam de barro. Ao serem desenformados, depois de cozidos, surgia o desenho em relevo. A matéria-prima utilizada no fabrico e as técnicas de produção e pintura variavam segundo as fábricas. A maioria produzia azulejos cuja base era constituída por uma placa de barro cozida (chacota), co-

berta por uma fina camada de vidrado branco, opaco. O azulejo empregado confere, à parede exterior da habitação um ritmo diagonal que lhe dá independência e personalidade no arruamento urbano onde se situa, utilizando desenhos bastante simples, geométricos ou baseados em estilizações de motivos vegetais, em que as manchas de cor predominam sobre os detalhes do desenho. De entre as várias aplicações à animação das superfícies exteriores dos imóveis, ressalta a típica Avenida da República (1), a Rua Professor José Marques Pólvora (2), o Largo José António Pereira (3) e Rua Dr. Aníbal Esmoriz (4), onde se situa o prédio, que já foi instalação da repartição de Finanças, e onde a autarquia pretende instalar o núcleo central do Museu Municipal. Existem também azulejos com padrões de desenho em relevo, que caracterizam a produção do Norte, razão

pela qual são muito raros nas fachadas de Sesimbra. Podem admirar-se ainda alguns exemplares na Rua da Paz e da Fé. As marcas do azulejo sentem-se nas ruas. O passeio pelas típicas ruas do centro histórico de Sesimbra será sempre um pretexto por onde apetece caminhar, devagar para apreciar a tradicional azulejaria popular. Legenda: 1. Painel de azulejos de ornamentação geométrica e vegetalista policromática. 2. Azulejos com padrão de módulo de 2x2 e ornamentação policromática com motivos vegetalistas. 3.Azulejos estampilhados com acabamento à mão. 4.Painel de azulejos produzido por técnica de estampilha, decorado com motivos policromáticos e vegetalistas.

AEPACTIV solidária com instituições sociais Foi no passado dia 11 de Fevereiro, que a Associação Regional de Empresários Próactivos (AEPACTIV) organizou o seu primeiro evento de solidariedade social. O acontecimento, que teve lugar na Quinta do Lago Club em Palmela. Reuniu perto de 360 pessoas, que assistiram a vários espectáculos musicais, apresentações de dança e outras actividades, e em simultâneo contribuíram para projectos destacáveis de apoio à criança. No final, as receitas angariadas somaram aproximadamente 3200 euros e foram revertidas a favor das Instituições Meninos de Oiro, em Azeitão, e Cercizimbra. Segundo Jorge Rato, vicepresidente da direcção da

cooperativa de solidariedade social sesimbrense, “este tipo de iniciativas são sempre bemvindas, pois assumem um importante contributo financeiro para qualquer instituição. Muito

agradecemos e louvamos esta acção da Associação Regional de Empresários Pró-activos”. A verba atribuída à Cercizimbra (perto de 1600 euros) destina-se a melhorias no

refeitório e copa da creche. No entanto, além deste valor, também foram entregues, à instituição, vales de oferta de empresas que colaboraram nesta iniciativa da AEPACTIV.

A AEPACTIV é uma associação sem fins lucrativos criada em Agosto de 2011, com o objectivo de dignificar e valorizar a actividade dos empresários e promover acções de índole profissional, social e cultural, juntando os esforços de dezenas de empresários da Região de Setúbal. Além disso, a AEPACTIV pretende que todos os associados trabalhem numa lógica de “rede” ajudando os seus parceiros.


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GDS melhora serviços administrativos

O Grupo Desportivo de Sesimbra transferiu a secretaria e outros serviços administrativos para o novo edifício da piscina, conferindo melhores condições

de trabalho aos funcionários e, sobretudo,melhores confições de atendimento aos sócios. Uma agradável cafetaria completa o ambiente das novas instalações.

A escalada do desemprego em Sesimbra

Segundo os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional, o número de desempregados no concelho de Sesimbra atingiu o valor recorde de 2.384. O desemprego neste concelho tem vindo a subir regularmente desde 2008, ano em que atingiu o valor mínimo de 1.167 desempregados, no mês de Julho. Mas a escalada do de-

semprego começou a acentuarse a partir do Verão de 2011: desde Agosto último que, em média, todos os meses se somam 72 novos desempregados. Nos dados mais recentes, relativos ao mês de Fevereiro de 2012, as mulheres representam 52 % - apesar de tudo, uma melhoria relativamente ao final do ano de 2006, no qual as

mulheres desempregadas eram 59% do total. Em termos de idade, é no escalão de 35 a 54 anos que se situa o maior número de desempregados de Sesimbra: 51 %, percentagem muito superior à de 2006: 42%. Em termos de formação académica, verifica-se que a maioria dos desempregados

deste concelho possui o ensino secundário: 28,5 %, o que também significa um agravamento em relação ao final do ano de 2006, com 23,8%. O número de desempregados registado pelo IEFP traduz uma taxa de desemprego que ultrapassa ligeiramente os 9,5%. O desemprego registado pelo IEFP, no entanto, é considerado

pelos especialistas como estando sempre um pouco abaixo do desemprego real, dado o modo como é feita a respectiva classificação estatística, que apenas considera como desempregados aqueles que actualizam regularmente a sua inscrição, e não contabiliza os desempregados que estão a receber formação profissional remunerada.


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6 Opinião

Algo vai mal no ensino em Portugal No dia em que deixei a escola, por aposentação, após toda uma vida dedicada ao ensino público, vários sentimentos me dominam. Em primeiro lugar uma sensação de alívio enorme por ter cumprido o objetivo primordial que defini nos últimos cinco anos: terminar a minha carreira com sanidade mental. Estou ainda emocionada com muitas manifestações de carinho que recebi de colegas, alunos e outros colaboradores da escola, a quem deixo já um agradecimento sincero. Estou também incomodada com a notícia da agressão a um colega, no Norte, (mais uma!), alegadamente feita por familiares de uma aluna. Mas estou sobretudo incrédula com o número de professores jovens, na casa dos trinta anos, que me disseram estar com dificuldade em prosseguir a sua carreira, porque se sentem dominados pelo cansaço e pela desmotivação. Muitas são as causas que explicam este desânimo, e num simples artigo que só pre-

tende ser um desabafo e uma palavra de solidariedade aos que ficam, não cabe analisálas com a profundidade que o assunto exige. Direi apenas que os professores vivem sufocados por trabalhos denominados PIT, PCT, PEI, PAA, PE, Planos de Recuperação e outros mimos que, como diria o poeta, são “nomes com quem se o povo néscio engana” . Pede-se aos docentes que cumpram metas, exige-se disponibilidade para dar todo o tipo de apoio aos alunos, passa-se com ligeireza do ensino centrado em competências para o ensino centrado em conteúdos (como se tudo não tivesse de estar interligado…), muda-se a belo prazer, e num ápice, o nome da terminologia linguística, e não se tomam medidas fundamentais que, em minha opinião, seriam decisivas para obter melhores resultados no ensino secundário, nível a que estive mais ligada no meu percurso docente. Uma pergunta, senhores do ME, pagos pelo erário

público para estudarem os dossiês e proporem as melhores soluções: para quando a criação de um ensino profissional sério, onde, a par de aprendizagens de caráter prático, que preparem verdadeiros profissionais, os alunos possam também adquirir conhecimentos de cidadania e cultura geral, livres do espartilho a que as disciplinas convencionais os sujeitam? É que, querer encher escolas secundárias com alunos sem qualquer motivação é caminho certo para o desperdício e é também um sorvedouro de energias numa profissão que deve ser um ato de amor e um orgulho para quem a exerce mas que, hoje, temo seja cada vez mais um pesadelo. Alda Gago 1 de Fevereiro de 2012

Uma Sesimbrense que completou 102 anos No passado dia 7 de Março, a “Jovem” sesimbrense Deolinda Ferreira, de há muito a residir em Lisboa, completou 102 anos de idade, em bastante boa forma. Seu filho, o Dr. Júlio David, nosso amigo e assinante, fez-lhe a surpresa de um bom almoço de caldeirada à pescador, em Sesimbra, frente ao mar onde labutaram todos os antepassados de Dona Deolinda. À noite houve jantarada para nada menos do que 26 pessoas, com sete netos orgulhosos da sua Avó “pexita”, do Largo do Calvário, em casa que ainda hoje existe, razoavelmente conservada. Com muito boa memória esfusiante alegria e permanentes saudades da “sua” Sesimbra, D. Deolinda constitui um caso notável de longevidade.

Novo polo de leitura na Cotovia A Câmara Municipal de Sesimbra abriu um polo de leitura, no edifício do Centro de Estudos Culturais e de Acção Social Raio de Luz, na Cotovia, zona de Sampaio.

Localizado próximo de estabelecimentos de ensino, o equipamento permite apoiar o desenvolvimento contínuo e autoformação de adultos e jovens, possibilitando também usufruir de momentos

Teve nada menos do que 11 irmão e até 1930 foi uma bela moçoila que fez época, em musicatas e carnavais. Lê sem óculos (e “O Sesimbrense” não lhe escapa, mês a mês), ouve música e não dispensa, no final de cada almoço, um simpático bagacinho que deve ser o segredo dos seus 102 anos. Com muita graça, ainda de bons convívios, repete uma curiosíssima frase que vale como um sábio conselho: “Vocês bebem água e enferrujam. Eu não! O pequeno bagaço faz-me muito bem.” Talvez seja, actualmente, a mais velha sesimbrense. Forte abraço, Dona Deolinda. E muita saúde! David Sequerra

de lazer na companhia dos livros. O novo equipamento de leitura dispõe de cerca de 3 mil documentos e disponibiliza serviços como a consulta de periódicos e acesso à Internet, estando aberto de segunda a sexta-feira, das 9 às 13 horas, encerrando aos sábados, domingos e feriados.


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Edifícios com história (III)

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Escola de S A história da “Escola de Santa Joana”, também conhecida como o “Salão da Vila Amália”, ou, começa em 1917 com a intensão, manifestada por José Joaquim da Luz Rumina, de construir uma nova sede para o Grémio Sesimbrense (actualmente designado como Clube Sesimbrense). Não se conhecem os motivos desta proposta para deslocar a sede do Grémio para outro edifício: talvez para lhe proporcionar instalações mais espaçosas, ou para que José Rumina passasse a beneficiar do prestígio de ser o senhorio daquela colectividade sesimbrense, que pertencia à famíli Caldeira da Costa. O certo é que em 17 de Março de 1917 foi elaborado pelo

da rua João da Luz. Devido à amplo salão de que dispunha, pode calcular-se que não se destinava a ser uma escola: essa ideia só surgiria depois, e apenas ocuparia uma pequena zona das traseiras do edifício. Foi em Junho de 1923 que José Rumina convidou Maria Madalena Martel Patrício para fazer uma conferência, na qual falou na obra de Santa Joana Princesa, apelando às senhoras de Sesimbra para que ajudassem na propaganda desta iniciativa. Constitui-se então uma comissão, da qual fazia parte a referida oradora, mas também a esposa de José Rumina, Maria Amália e outras senhoras da “elite” local. Iniciou-se também a

Por qualquer motivo que hoje desconhecemos, em 1917 José Rumina resolveu contruir uma nova séde para o Grémio Sesimbrense, no local onde se encontra actualmente o Lar da Misericórdia, no Largo 5 de Outubro. O edifício, no entanto, nunca se concretizou.

Planta de localização do Salão da Vila Amália, estando assinalado o Ribeiro da Misericórdia (actual Avenida da Liberdade) e o lavadouro ali existente.

Em 1918 José Rumina apresentou um outro projecto, para as traseiras do Hospital da Misericórdia, e que tinha também as características de uma sala para actividades associativas. O mesmo motivo que o levara a propôr uma nova sede para o Grémio, levava-o agora a criar a sua própria sala recreativa.

Durante muitos anos, o Salão da Vila Amália foi acolhendo actividades culturais e recreativas, ao mesmo tempo que albergava úma escola para meninas órfãs, e até a sede da Mocidade Portuguesa. Com o passar dos anos, foi a actividade escolar a única que persistiu, acabando por ocupar todo o edifício, como creche e jardim-de-infância.

engenheiro José Abecassis Jr. um projecto para um grande edifício, a construir a poente da Misericórdia, na zona onde se encontra actualmente o Lar desta instituição. Na memória descritiva informa-se que se trata de um projecto para construção de um edifício destinado a ser arrendado ao Grémio Sesimbrense. Mas José Rumina acrescenta-lhe outra possível utilização: se, por motivo da continuação da guerra, “o que Deus não permita”, quando estivesse construído poderia ser “utilizada em benefício de feridos ou inválidos”, e Rumina assegura à Câmara a “melhor boa vontade em lhe facilitar tanto quanto possível a sua aquisição gratuita pelo tempo necessário para o mencionado fim, e enquanto Portugal estiver em guerra.” Esse edifício, no entanto, não se construiu, e pouco depois Rumina apresentou o projecto para um outro edifício, mais modesto, a localizar a norte da Misericórdia: veja-se a planta anexa. Trata-se do edifício que viria a ficar conhecido como “Escola de Santa Joana” (por ter ali funcionado uma escola para órfãs) e também como “Salão da Vila Amália”, por dispor de uma enorme sala que viria a ter ampla utilização para realizações públicas, desde festas e bailes, até comícios políticos, conferências, concertos, representações teatrais, provas desportivas, etc. A frente deste edifício encontrava-se virada para poente, de costas para o pouco recomendável ribeiro da Misericórdia (actual avenida da Liberdade). A bonita fachada principal, à qual foi adicionada um acrescento, no lado norte, está hoje quase entaipada pelos prédios

tradição de, todos os anos, efectuar a exposição e a venda por leilão dos trabalhos das jovens alunas, como forma de angariar receitas para a obra benemérita. Nessa ocasião realizavam-se espectáculos de grande qualidade, de que são exemplo os concertos dirigidos por insignes músicos como Humberto Batalha (em 1928) ou o Padre Fidelino Otelo Cardoso (em 1935). Enquanto a escola para meninas órfãs funcionava nas traseiras, o edifício manteve a sua função original de casa de espectáculos, com palco, ao qual veio a ser acrescentado uma nova zona, no lado norte. Joaquim Rumina manteve a propriedade do edifício, bem como a gestão do salão. Foi no Salão da Vila Amália, por exemplo, que a Sociedade Musical Sesimbrense realizou, em 1950, a Festa das Costureiras. Em 1951 teve ali lugar a festa Infantil dedicada às famílias das crianças que frequentavam o curso de ginástica dirigido por Mr. Desidério Herczka, e também o Campeonato Provincial da Estremadura de ténis de mesa da Mocidade Portuguesa. Em 1952 teve lugar um concerto com a orquestra da Emissora Nacional, e foi também naquele Salão que se estrearam, em 1966, os “Zimbros”, grupo pop/ rock, que mais tarde viria a mudar o nome para “Zambras”. No edifício da Escola Santa Joana viria também a instalarse a o Centro da Mocidade Portuguesa, formado em 1939. E após a revolução de 25 de Abril de 1974, instaurada a democracia, o Salão da Vila Amália ainda foi utilizado para a realização de comícios de propaganda eleitoral.


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Santa Joana A Escola das Órfãs

Externato Santa Joana

Para gerir a escola foi constituída uma Associação: “Escola de Beneficência, Protecção e Assistência a Órfãs de Cezimbra”. Para o acto inaugural, em 5 de Novembro de 1923, foram oferecidos por Amália Rumina, bibes a todas as alunas, a quem as senhoras da Associação ensinavam “as principais especialidades de Sesimbra: rendas de crivo e de nó, empadas, especiones, etc.” Os estatutos, aprovados em 1929, constituem uma boa fonte documental sobre o modo como era encarada a assistência a menores. Dizem os estatutos que a escola funcionava “provisoriamente em edifício gratuitamente cedido por um benemérito de Sesimbra”, ou seja, José Rumina. Os objectivos eram os de “proteger órfãs pobres da vila de Sesimbra, melhorando quanto possível a sua situação material e moral, pela instrução e educação”. O ensino, que deveria ser ministrado “em harmonia com os métodos ou compêndios de aprovação oficial”, não se deveriam limitar a “ler, escrever e contar”, mas abranger também “os factos principais da História Pátria, e os rudimentos da Corografia [Geografia] de Portugal.” Quanto à educação, “base fundamental e indispensável à formação de um bom carácter”, deveria ser ministrada por meio de “contos, palestras e leituras apropriadas, conscienciosamente escolhidas e adequadas à idade das educandas, e sobretudo pelo exemplo moralizador”. Também seriam ensinados os “misteres que respeitem ao bom governo e administração d eum lar”, tais como: coser, remendar, passajar, lavar, passar-aferro, engomar, cozinhar, etc.” O ensino religioso estrava igualmente recomendado, pois “não se concebi Moral sem Religião”. No caso de doença de alguma aluna, teriam direito a “assistência médica e fornecimento de medicamentos”, mas também “banhos de mar” e “todos os cuidados de limpeza e higiene”. Curiosa era a fonte de financiamento indicada em primeiro lugar: o juro de papéis de crédito. Os legados e doações, bem como excedentes de receita, deveriam tamém ser “imediatamente convertidos em papéis de crédito”. Para além das quotizações, legados e rendimentos de festas e quermesses, outra fonte de receita seria o “produto de venda dos trabalhos manuais das alunas” – para o que eram realizadas festas específicas, quase sempre com grande nível cultural. Outra das receitas era o “produto das remunerações de costuras ou outro qualquer trabalho de encomenda particular”.

Com o decorrer do tempo a Escola de Santa Joana veio a alargar o seu campo de acção, passando a acolher também rapazes, e a funcionar de acordo com as normas do sistema nacional de ensino, sendo classificado como “externato”. Na actualidade, a Associação Externato Santa Joana ocupa todo o edifício construído por Joaquim Rumina, mais uma recente edificação adicional, que transformou as antigas traseiras do “Salão da Vila Amália” numa vistosa e colorida construção, animando a Avenida, não só com as suas cores vivas, mas igualmente com o alegre alarido das crianças durante os recreios. Frequentam a creche 97

A realização de bailes foi uma das actividades que o Salão da Vila Amália foi acolhendo ao longo de décadas. Nesta fotografia, facultada por Maria Emília Crespo, retrata-se um baile promovido pelos Bombeiros Voluntários, pra angariação de fundos.

No mesmo salão que acolheu concertos, bailes, palestras, provas desportivas e comícios políticos, é agora uma zona de recreio infantil, mas o palco ainda serve para as festas da Escola. crianças, a que se somam outras 100 do jardim-de-infância. No total, são 43 os trabalhadores empregados pela instituição, dos quais 10 são educadoras de infância. A construção da nova zona, destinada a creche, e onde funciona também uma moderna cozinha e o refeitório, atingiu o custo de um milhão de euros, para o qual contribuíram a Segurança Social e a Câmara Municipal. Mas a instituição teve ainda de recorrer a um empréstimo bancário para a maior parte do respectivo custo. O agravamento da situação financeira do País estáse a reflectir negativamente nas finanças da Associação. Segundo o seu presidente, Florindo Paliotes, “O facto das famílias estarem com dificuldades, transmite-se para a instituição, porque a prestação familiar é calculada em função do rendimento per capita; com a diminuição do rendimento das famílias, as mensalidades diminuem. Neste momento, da receita mensal prevista, no que diz respeito às famílias, temos uma receita inferior em 4 mil euros. Isto, conjugado com o aumento do IVA, com o aumento da Taxa Social Única (que subiu de 19,6% para 20,4%), tudo isto traz enormes

dificuldades. Por outro lado temos os compromissos com os nossos trabalhadores, e está-nos a ser difícil pagar os salários: ainda não conseguimos pagar o subsídio de Natal, não sabemos como é que vamos pagar o subsídio de férias, a situação está muito difícil. Temos de cumprir os nossos compromissos para com o banco - a última coisa que nós queremos é entrar em incumprimento. Temos feito acordos com a Segurança Social para os pagamentos que lhe são devidos, mas que terá de ser pago. Por outro lado, as Autarquias não podem apoiar mais, porque também estão com as suas dificuldades.” Florindo Paliotes destaca ainda que as vagas não estão todas preenchidas, devido ao facto da oferta do pré-escolar do concelho ter alargado: “Sei que existem outras instituições que também alargaram a sua actividade ao pré-escolar, e que também estão com vagas. Em contrapartida, o pré-escolar público está cheio - e tudo isso resulta em diminuição de receita.” Há ainda um grande rigor para propocionar alimentação adequada à idade de cada criança. João Augusto Aldeia

A Princesa do Povo

Santa Joana Princesa (14521490) era filha do rei D. Afonso V e de sua primeira mulher, a rainha D. Isabel. Chegou a ser jurada como herdeira do trono, até que nasceu um seu irmão, que viria a ser o rei D. João II. Apesar do interesse nacional, no sentido de que viesse a fazer um casamento político, ela recusou-o sempre, persistindo na ideia de ingressar num Convento. Nunca chegou a professar votos de freira, como era sua intenção, mas acabou por viver no Convento de Jesus de Aveiro, desde 1475 e até à sua morte, seguindo a regra de vida e estilo das monjas, dedicando-se também a obras pias. A fama de santidade foi-lhe dada pelo povo, mas nunca chegou a ser canonizada pela Igreja: foi apenas beatificada, em 1693, tendo festa a 12 de Maio.

Rico proprietário e armador, José Joaquim da Luz Rumina tinha uma forte vocação cultural e foi patrono de numerosas iniciativas artísticas. Por exemplo: foi por sua iniciativa que se formou a “banda juvenil”, única banda filarmónica que Sesimbra teve durante a primeira década do século XX, após o desaparecimento das filarmónicas do Grémio e da Sociedade Impressão Musical. Outra das actividades que apoiava era a Festa de Nossa Senhora do Monte do Carmo, com procissão e arraial no Campo da Misericórdia e ruas adjacentes. Promovida pelo Grémio Sesimbrense, chegava a durar um mês, atraindo visitantes de Setúbal e de Lisboa. Esta actividade cultural valeu-lhe o cognome de “Zé das Festas”, atribuído pelos seus adversários políticos.


O SESIMBRENSE | 30 DE MARÇO DE 2011

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Partido Socialista Inaugurado Jardim de Infância debateu do Pinhal do General Política local No passado dia 8 de Março o PS realizou mais um dos seus fóruns de debate, que se iniciou com uma “saudação a todas as mulheres e em especial àquelas que não abdicam da sua actividade cívica e política, como é o caso das habituais participantes neste fórum” – dado que se comemorava naquela mesma data o Dia Internacional da Mulher. Apesar da actual proposta de Reforma Administrativa elaborada pelo Governo não prever a extinção de nenhuma das freguesias de Sesimbra, no debate foi salientada a preocupação dos socialistas com a “constante perda de população permanente da Freguesia de Santiago”, bem como a “total ausência de medidas que contrariem esta tendência, por parte dos actuais executivos da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal.” A dívida de curto prazo da Câmara Municipal e o aumento dos prazos de pagamento de facturas a fornecedores da Autarquia foi outro dos assuntos debatidos, bem como o “crescente incómodo” da simultaneidade das diversas obras actualmente em curso no espaço público de Sesimbra. Segundo o Partido Socialista, “estes impactos poderiam ser minimizados se durante o planeamento destas obras, o executivo CDU da Câmara Municipal tivesse conseguido conter algum do seu ímpeto eleitoralista”.

No dia 13 de Março decorreu a cerimónia oficial de inauguração do novo Jardim-de-infância do Pinhal do General, na Quinta do Conde, embora aquele equipamento já se encontrasse a funcionar desde o início do ano. Assim, foi já na presença das crianças, docentes e técnicos, que a secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, e o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, assinalaram o início de vida do novo equipamento, proferindo discursos alusivos ao acto e visitando depois as instalações.

Mendes Dias eleito para a Concelhia do PSD José Mendes Dias é o novo presidente da comissão concelhia de Sesimbra do PSD, após um acto eleitoral a que concorreu isolado – com uma lista que, como o próprio admite, abrange as “sensibilidades” internas que se disputaram entre si no acto eleitoral anterior, ganho por Carlos Filipe Oliveira. Mendes Dias, que já era o presidente da Mesa da Assembleia Geral, declarou a’O Sesimbrense que o acto eleitoral foi bastante participado, atendendo à circunstância de haver apenas uma lista concorrente. Sobre o futuro, “Temos o projecto de dar à concelhia de Sesimbra do PSD maior visibilidade, e que passe a desenvolver mais actividades, quer para os militantes, quer para sociedade civil: temos ideias e temos projectos para isso”. Reconhecendo que na actividade da Concelhia do PSD, nos últimos dois anos, “as coisas não correram tão bem como nós gostaríamos”, faz, no entanto, uma avaliação bastante positiva do trabalho de Francisco Luís: “O nosso vereador tem tido um trabalho meritório na Câmara Municipal, está a tempo inteiro mas tem pelouros que não são fáceis, pelouros que são considerados menores, mas que nós achamos que não: são importantíssimos Protecção Civil, Segurança, Fiscalização, Ambiente, este último muito importante numa zona e concelho com o impacto ambiental que Sesimbra tem.” Para Mendes Dias, “ O nosso vereador tem sabido responder com propostas e com iniciativas. Podia talvez fazer mais, se fossemos nós o poder na Câmara, mas não somos, somos minoria, e temos por missão fazer um trabalho conjunto, enquadrado pela maioria, não deixando, no entanto, de ter as nossas opiniões e de vincar a nossa posição.” Mendes Dias destaca, nesta fase, a importância de trabalhar para o interior do próprio Partido: “Se não tivermos a casa arrumada, se não tivermos as posições bem definidas em termos internos, dificilmente podermos ir para o exterior fazer política. Vamos preparar bem os dossiers, preparar bem as

O Jardim de Infância do pinhal do General, que custou meio milhão de euros, tem uma capacidade para cem crianças, respondendo à crescente procura deste tipo de equipamentos na freguesia de Sesimbra que é mais populosa, mais jovem, e que maior ritmo de crescimento tem apresentado nos últimos anos. Comparticipado pelo programa governamental de Alargamento da Rede Pré-Escolar, está equipado com quatro salas para o préescolar, sala polivalente, Gabinete de Apoio à Família, refeitório, sala de professores, pátio coberto, zona de recreio, horta pedagógica e espaços verdes. No seu discurso, Isabel Leite destacou que o objectivo do Governo é “melhorar muito aquilo que se ensina, e que os nossos alunos aprendam cada vez melhor”, para que assim possam enfrentar os desafios que lhes serão colocados, quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Defendeu uma sociedade mais inclusiva, orientada por valores humanistas, e referiu que as escolas portuguesas têm vindo a percorrer um caminho muito louvável, “inclusivamente louvado por outros países e por parceiros europeus”, no sentido de responder ao repto colocado pelos problemas dos alunos com deficiência e incapacidades, e simultaneamente sensibilizando a comunidade educativa para o respeito pela diferença: “A EB1-Jardim de Infância do Pinhal do General são um exemplo claro do empenho colocado pela sua Direcção, pelos docentes e pelos restantes profissionais, através da sala de multi-deficiência para apoio especializado, que disponibiliza à comunidade deste Concelho”. Augusto Pólvora começou por salientar que ao longo

posições, e assim dizer, nos locais próprios quais são as nossas posições e propostas.” Entre os temas políticos que destaca, está o da candidatura da Arrábida a Património Mundial da Humanidade: “Apoiamos, porque consideramos que é um projecto que pode revitalizar Sesimbra, e coloca-la no mapa em termos internacionais.” Como objectivo político, indica: “Temos a ousadia de dizer que, já nas próximas eleições autárquicas, queremos voltar aos mesmos níveis de votação que tivemos no passado. Queremos fazer com que o PSD volte a ter a capacidade mobilizadora que já teve noutros tempos, quando tivemos dois vereadores na Câmara: é esse o objectivo, termos mais votos e a capacidade de, a longo prazo, sermos a alternativa para a Câmara. Temos a consciência de que isso não se pode fazer de um dia para o outro mas, com trabalho, paulatinamente. A terminar, garantiu: “EsTomada de posse de Mendes Dias, à direita da fotografia. tamos a fazer o trabalho de À esquerda o presidente cessante, Carlos Filipe Oliveira. casa. Vamos apresentar propostas muito brevemente.”

dos dois últimos mandatos autárquicos, “aproveitando as oportunidades de financiamento que foram surgindo” a Autarquia Local apresentou e conseguiu a aprovação de várias candidaturas à construção de escolas, num total de cerca de 50 novas salas de aula, “o que permitiu que um número muito significativo de crianças tenham passado a ter melhores condições escolares”. Augusto Pólvora aproveitou para referir os problemas que ainda existem ao nível do ensino secundário, nomeadamente na Quinta do Conde, uma das freguesias mais jovens do País, o que faz com que muitas centenas de jovens tenham de procurar escolas fora do território da freguesia. Por isso, o presidente da Câmara lamentou que a grande expectativa que tinham, de que a escola secundária do Peru fosse financiada, e cuja construção poderia arrancar já durante o corrente ano, não se tenha concretizado. Referindo-se aos cortes que o Governo tem feito, por motivos financeiros, quer na construção de novas escolas, quer na reabilitação de edifícios escolares antigos, Augusto Pólvora transmitiu à senhora secretária de Estado que “estes cortes não podem ser cegos, têm de ter em conta as situações concretas de cada município”. Referiu, nomeadamente, a grande necessidade de obras na escola secundária de Sampaio. Como observador, disse verificar a existência de “algum desequilíbrio no investimento escolar no País, onde município com pouca população tiveram investimentos maciços no ensino secundário, enquanto aqui, numa região com mais de 30 mil habitantes, só na Quinta do Conde, não há um investimento numa escola secundária”.

Assembleia Municipal de Jovens

«O Papel dos Jovens da Comunidade. Que dinâmicas? Que futuro?» será o tema a desenvolver este ano pela Assembleia Municipal de Jovens, uma iniciativa da Assembleia Municipal de Sesimbra com o objectivo de sensibilizar os jovens para a participação cívica na actividade política. Todos os anos decorre um processo eleitoral, nas escolas do Concelho, para escolha dos representantes nesta iniciativa, onde deve ser desenvolvido o tema e apresentadas propostas numa Assembleia Municipal realizada pelos próprios jovens. No dia 2 de Março os jovens participantes procederam à eleição da Mesa, a qual decorreu na Assembleia da República, numa visita de estudo. As escolas representadas na referida Mesa serão a “Navegador Rodrigues Soromenho” (através de Miguel Coelho), a “B-2/3 da Quinta do Conde” (através de Rita Rosado) e a “B.I. da Quinta do Conde” (através de Filipe Carmo).


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Autarquias da Freguesias de Sesimbra manifestam-se contra reorganização região contra extinção de Freguesias e Concelhos Os presidentes das Juntas de Freguesia do Concelho de Sesimbra, Francisco Jesus (Castelo), Ana Cruz (Santiago) e Vitor Antunes (Quinta do Conde), realizaram uma conferência de imprensa, no passado dia 27 de Março, para divulgar a a sua posição face à Proposta de Lei nº 44/XII – Reorganização Administrativa Territorial Autárquica No essencial, os autarcas das Freguesias referem que a proposta do Governo materializa “os princípios ideológicos do anterior Documento Verde, de ataque às Autarquias e enfraquecimento da Democracia Local, pretendendo ainda colocar o ônus da liquidação das freguesias nos próprios eleitos locais; Destacando que, na sua opinião, e apesar da proposta do Governo apresentar como elemento Vítor Antunes, Ana Cruz Narciso e Francisco Jesus, presidentes das Juntas de justificativo, “ganhos de eficácia e Freguesia da Quinta do Conde, Santiago e Castelo, respectivamente. eficiência”, a proposta, se for levada à prática, “irá destruir o mais genuíno da nossa pirâmide administrativa, que é a proximidade Outra consideração dos presidentes de Junta foi dos eleitos com os cidadãos, a resolução dos pequea de que “as freguesias do Concelho de Sesimbra nos problemas, e o contacto mais próximo com a adperderam, desde 2009 até ao presente ano cerca de ministração pública de toda a população portuguesa;” 60.000,00€ proveniente do FFF, quando, no mesmo Os autarcas chamaram ainda a atenção para outro período, o Orçamento de Estado aumentou; importante aspecto: a proposta prevê uma majoração Em função desta análise, os autarcas sesimbrenses de 15% das transferências para as novas freguesias decidiram “Rejeitar liminarmente a Proposta de Lei que resultem da extinção de outras, durante o período nº 44/XII – Reorganização Administrativa Territorial de um mandato, sendo que esse valor será retirado Autárquica”, e “Solidarizar-se com todas os autarcas do montante global do FFF, ou seja, será deduzido às do país, todos os concelhos, e todas as populações, freguesias que não se agreguem. Assim, o resultado contra a liquidação das freguesias”, e bem assim será o de “retirar às Freguesias do Concelho de Ses“Rejeitar qualquer outra redução da sua participação imbra valores que estas tinham por direito próprio;” no FFF”.

Sesimbra é uma das autarquias aderentes à «Plataforma 235º – Defender e Valorizar o Poder Local Democrático», que surge como contestação às medidas governamentais que visam reformular a estrutura dos Municípios e Freguesias, através de extinções e fusões, e que já deu origem a um diploma visando a extinção e fusão de Freguesias. O concelho de Sesimbra, no entanto, não deverá sofrer a extinção de nenhuma das suas freguesias: chegou-se a pensar que a Freguesia de Santiago, dada a sua reduzida população, poderia vir a ser abrangida por uma proposta de fusão. No entanto, os critérios propostos pelo Governo acabaram por criar condições mais favoráveis para as freguesias onde se localiza a sede do Concelho, ou de municípios com um pequeno número de freguesias, facto que “salvou” Santiago de uma proposta de extinção que chegou a estar prevista em versões anteriores da proposta. A designação deste movimento decorre do artigo 235º da Constituição da República Portuguesa, que afirma a necessidade de salvaguardar o Poder Local conquistado com Abril e consagrado na sua Constituição, e surgiu na sequência do Encontro Regional “Defender e Valorizar o Poder Local Democrático” e da Resolução nele aprovada, onde os eleitos locais afirmaram a intenção de continuar a aprofundar o debate e a reflexão em torno da reforma da Administração Local. Este movimento tem uma página na Internet, no endereço plataforma235.amrs.pt onde se encontra o respectivo Manifesto, com o apelo à sua assinatura pelos cidadãos.

Livro Amores e Sabores

7 Maravilhas Praias de Portugal

A ses i m b r e n s e C í li a Campos apresentou na Biblioteca Municipal, no passado dia 10 de Março, o seu livro Amores e Sabores, uma evocação dos tempos de infância, passada no Largo da Fonte Nova, onde nasceu e viveu os primeiros anos, e onde os seus pais tinham uma mercearia. O livro evoca amigos e familiares, acontecimentos e sentimentos, recorrendo ora à prosa, ora à poesia. Nas palavras da autora: “É autobiográfico. É também uma homenagem aos meus pais. É sobretudo o amor, o afecto de uma família, os que estão e os que já partiram. É um livro de tantas saudades… É uma mensagem de esperança”. Compreende-se – e a autora confirmou-o durante a apresentação – que é sobretudo uma homenagem ao seu irmão José, que faleceu em consequência de problemas de toxicodependência: “Toda a família sofria e torcia por ti, para que regressasses à vida livre das dependências e era-nos de todo impossível deixar de te amar, o teu coração sempre foi do tamanho do mundo, a bondade e a generosidade eram as tuas grandes qualidades.” O livro contém ainda uma mensagem de incentivo “para os que já conseguiram e os que ainda irão vencer”, acrescentando Cília Campos que “a toxicodependência é um grave problema de saúde pública. É um estado psíquico e físico que resulta da relação que um individuo estabelece com certa substância e a transforma no centro da sua existência. É imperativo humanizar o meio, grosso modo devese procurar envolver e mobilizar todos os recursos, através de uma articulação com a comunidade, escolas, famílias, serviços sociais etc., esse trabalho está a ser feito em algumas localidades com enorme sucesso.” Nas suas actividades de voluntariado, em Castro Verde, onde reside, Cília Campos coordena actualmente o projecto “A Vida Vale”, vocacionado para o combate ao suicídio de idosos no Alentejo, especialmente preocupante nas zonas isoladas daquela província. O lançamento do livro atraiu um grande número de pessoas, tendo havido uma boa participação no debate após a apresentação do livro.

Sesimbra encontra-se representada nas 70 préfinalistas para a selecção das 7 Maravilhas – Praias de Portugal, pelas praias do Meco e do Ribeiro do Cavalo. Das 294 praias a concurso, foram apuradas, no dia 27 de Fevereiro, as 10 melhores por cada uma das 7 categorias do projecto (Praias de Rios, Praias de Albufeiras e Lagoas, Praias Urbanas, Praias de Arribas, Praias de Dunas, Praias Selvagens e Praias de Uso Desportivo). A lista dos 21 finalistas é revelada a 7 de Maio. Nessa data, inicia-se a votação pública (SMS, chamada telefónica, site oficial e Facebook) que até 7 de Setembro elegerá as 7 Maravilhas – Praias de Portugal. As 7 vencedoras são eleitas por categoria, ou seja, será escolhida uma por cada categoria, não podendo ser eleitas mais do que duas Maravilhas por região. No dia 8 de Setembro serão divulgadas as classificações em directo pela RTP.

Sarguetas Peixinhos que o meu pai apanhava Quando ia à pesca, ás rochas, ao passadiço Por vezes íamos os dois e eu adorava vê-lo A por o isco no anzol e a fazer aqueles lançamentos Com a cana. Lá vem um. Lá vem um, dizia toda contente Depois o almoço ou jantar eram sarguetas cozidas com batatas O sabor daquele peixe era único, sabia a maresia e cheirava a limos Por vezes de manhã bem cedinho o meu pai levava-nos à praia Para apanharmos uma espécie de navalheiras, que estavam na areia Levava-nos a fazer piqueniques Ensinou-nos a nadar, A jogar à bola No largo inventava brincadeiras e jogos, como o jogo da orelha O meu pai é um ser muito especial É o meu pai O meu orgulho.

A Praia do Meco encontra-se a concurso na categoria Praias de Arribas, que são definidas por praias oceânicas limitadas por vertentes costeiras abruptas ou com declive elevado. As Praias Selvagens, onde se inclui a do Ribeiro do Cavalo, são caracterizadas por estarem afastadas de aglomerados urbanos, sem acessos formalmente construídos e sem qualquer apoio ao uso balnear.


O SESIMBRENSE | 30 DE MARÇO DE 2012

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Centro Interpretativo na Lagoa de Albufeira Desde Fevereiro que a Lagoa de Albufeira tem um Centro Interpretativo, localizado entre a Lagoa Pequena e a Lagoa da Estacada, o qual proporciona diversos circuitos e três observatórios, de onde é possível ver de perto algumas das aves características daquela zona húmida. As visitas decorrem às quartas, sextas e sábados, das 9.30 às 12.30 horas. A propósito da inauguração deste equipamento, falámos com o Vereador do Ambiente, Francisco Luís.

foram executadas diversas infraestruturas, casas de banho, informação, material disponível, não havia uma solução

Como surgiu a ideia deste Centro Interpretativo? Começou, nos anos 80, com um Protocolo entre o Estado e o Instituto da Conservação da Natureza (ICN), passando esta entidade a gerir aquela zona, embora inicialmente não tenha sido feita grande coisa. Só de há 2 ou 3 anos para cá é que o processo evoluiu. Compreendemos que tínhamos um terreno com imenso potencial mas pouco divulgado, e já havia um protocolo entre a Câmara de o ICN para dotar aquele equipamento de condições mínimas para que funcionasse como educação ambiental. Fez-se um primeiro observatório, que tem uns 3 anos, um farol que o ICN tinha na Expo e que foi transportado para ali, Mais recentemente, há uns 4 meses, fez-se um segundo observatório, este mais adaptado ao local, depois um terceiro, mais pequeno, mais artesanal, e fizeram-se 3 percursos para aceder a estes 3 observatórios. Além disso

organizada estruturada Agora já temos as condições mínimas de funcionamento, com uma técnica da Câmara a tempo inteiro só dedicada a este projecto. Juntamente com 2 técnicos do ICN a planear e organizar visitação, estamos em condições de evidenciar aquele território de forma organizada, e com a precaução de preservar a área. Foi um investimento das duas entidades, na base de um novo protocolo, assinado no dia da abertura ao público, com o objectivo de criar condições para que a visita se faça de forma organizada. Mas é preciso cuidado, pois trata-se de uma área que não pode ter visitas em massa, Quem é o público alvo para essas visitas? São todos os amantes da observação de pássaros, todos os interessados naquela área: Lagoa Grande, Lagoa Pequena e Lagoa da Estacada, bem como as escolas. Não podemos fazer face a

todas as solicitações que já estão a chegar, pelo menos de imediato. Existem também objectivos turísticos? Claro que sim, é uma mais valia do ponto de vista turístico, muito focada no “bird watching”, Claro que terá de ser um turismo diferente daquele a que nós estamos habituados a chamar a Sesimbra, porque é mais vocacionado para um publico muito específico, não pode ser um turismo de massa. E como está a Lagoa em termos ambientais? Com o problema da ETAR da Amieira finalmente resolvido, de há 6 ou 7 meses para cá, e segundo dizem as várias entidades que gerem aquele território, a Lagoa neste momento está muito bem, desse ponto de vista. Claro que levará algum tempo a repor

a normalidade ambiental e a qualidade da água, mas não se compara com a realidade que tínhamos há uns anos atrás. Posso adiantar que é intenção deste Executivo iniciar o processo de criação, naquela zona, de uma Área Protegida Local, que contemple não só a Lagoa da Estacada, mas também todo o Plano de Água da Lagoa e margens adjacentes, a frente de mar e a Mata da Amieira. São uns 330 hectares, que do meu ponto de vista merecem um cuidado especial. Mas quando se fala em área protegida, pensamos também em restrições: o que é que se prevê especificamente? Esta área protegida é mais para ordenar o uso deste território. Nele se inclui a Mata da Amieira – que está bastante bem preservada, mas só por sorte – e que é de uma grande riqueza em termos ambientais, nomeadamente quanto à sua flora. A Câmara Municipal já é proprietária de 20 hectares desta Mata, e o resto é do

Estado, o que significa que não vamos ter problemas com expropriações. A ideia é que toda a área venha à posse da Câmara, em termos de gestão. Mas, na conjuntura financeira actual, o Estado estaria disposto a ceder a sua parte gratuitamente? Bem, o Estado actualmente tem é custos. O objectivo será o de criar um grande polo de educação ambiental, mas também a outros níveis. Há necessidade de organizar o estacionamento, que no Verão é caótico: um verdadeiro atentado, com automóveis em cima das dunas. Esta solução iria permitir não só organizar o plano de água como arranjar uma solução ambientalmente adequada para a Amieira. As pessoas continuarão a poder desenvolver as suas actividades, quer profissionais quer lúdicas, mas de forma ordenada. Contactos do Centro Interpretativo: 93 998 22 92 info.lagoapequena@gmail.com


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Marcos Vaz Preto, o Padre Marcos

(1782-1851)

Foi o sacerdote sesimbrense mais destacado, e também o político mais influente dos que nasceram nas piscosa Sesimbra. Participou activamente na grande mudança civilizacional que transportou Portugal do Antigo Regime até ao Liberalismo. No entanto, é praticamente desconhecido dos sesimbrenses. Marcos Vaz Preto nasceu em Sesimbra, filho de Marcos Pinto, proprietário de uma armação de pesca, e de Maria Soares. Seguiu a carreira eclesiástica, ingressando na Ordem de Santiago, e foi ordenado Padre, tendo tido responsabilidade nas paróquias de Alhos Vedros e da Penha (Lisboa). Aderiu ainda jovem aos ideais liberais: quando, em 1808, circularam clandestinamente em Sesimbra publicações imbuídas do pensamento Liberal, o Juíz de Fora comunicou ao Intendente a suspeita de que a autoria seria do Padre Marcos, conhecido aderente ao “partido francês”. Quando se deu a revolução Liberal e se organizaram as primeiras eleições universais em Portugal, em 10 de Dezembro de 1820, o Padre Marcos dirigia a paróquia de Alhos Vedros, e coube-lhe fazer uma Oração aos eleitores que se reuniram nesse dia. Publicada pouco tempo depois, essa Oração tornou-se num documento de referência do Liberalismo, contribuindo igualmente para a fama do sacerdote sesimbrense. Após a promulgação da

“Escolhei o mais virtuoso, o mais justo, o mais honrado, o mais sábio, o melhor de entre vós” No dia 10 de Dezembro de 1820 realizou-se o primeiro acto eleitoral de sempre em Portugal, em que toda a população foi chamada a votar. Foi uma eleição indirecta para um Parlamento Constituinte. Para maior solenidade dessa eleição determinou-se que os párocos deveriam fazer uma Oração alusiva, explicando aos paroquianos os motivos da eleição e o modo como ela deveria decorrer. O Padre Marcos, há muito tempo aderente às novas ideias Liberais, produziu um notável discurso, explicando porque é que um novo regime era necessário, para melhor governo do País. Criticando o regime em que a classe governativa vinha apenas da Nobreza, o Padre Marcos explica as circunstâncias que os esses “Grandes” deixaram de representar seus ilustres avoengos, pela “ignorância dos deveres sociais”. “Quando a Pátria corre risco, perigam, e estão arriscadas, todas as classes de que ela se compõe (…) Os direitos de uma justa liberdade quebrados, e ofendidos, a honra violada os recursos exaustos…”. Era assim que o prelado caracterizava as consequências do regime absolutista sobre a vida das pessoas, verberando também os governantes que, “com a mira nas honras, Benefícios e Dignidades, sem vocação, por comodidade e modo de vida, são os primeira a golpear a Fé de Nosso Senhor Jesus Cristo.” Na sua descrição dos males que afligiam o País, o padre Marcos cita Sesimbra: referindose a “certa povoação pescadora, que é minha Pátria particular, onde a pesca chegou a pagar setenta por cento, e cobrados com tal, e tão bárbara tirania pelos emissários e membros do vil despotismo, que a reduziu ao mísero estado de abatimento e desgraça em que hoje se acha, e que precisa muitos anos para levantar-se.”

Marcos Vaz Preto empolga os seus paroquianos com o apelo: “Recobrai, Portugueses, a coragem, valor e energia que formam o vosso carácter”, apontando-lhe o objectivo da eleição: “Queremos uma Constituição que seja nossa, adequada aos nossos usos, conforme a nossos costumes, que nos torne felizes fazendo reviver o Comércio, a Agricultura, e as Artes, e que patrocine as Letras, conservando cada Cidadão na posse pacífica dos seus bens, e os direitos de uma justa liberdade.” Uma Constituição que, “formada sobre os princípios da Lei natural, conserve a Santa Religião de Jesus Cristo na sua pureza.” Mais especificamente, era necessário criar condições para “que floresça a Agricultura como o primeiro, o mais nobre, o mais subtil emprego, o mais digno do homem social”, e “que se reparem as fábricas, que os capitalistas da Nação sejam obrigados a promover por elas o bem de tantas povoações, hoje quase desertas”. Referindo-se às capacidades dos mais humildes, Marcos Vaz Preto propõe “que se aproveitem os talentos, e engenhos onde aparecerem, que a Pátria lance mão destes brilhantes mais estimáveis que as pedras preciosas, o ouro e a prata”. Tratava-se de talentos que tanto podiam aparecer “nas margens do mar, debaixo das rústicas choupanas”, como “nas populosas cidades.” Porém, preocupado com as deturpações que, ainda hoje, prejudicam as eleições, faz votos “para que o espírito do Senhor se digne dirigi-las, para que o suborno, o espírito de partido e intriga as não contamine, e perverta.” Num aviso especial aos eleitores, proclama: “Que a paixão vos não domine, que o amor vos não cegue, que o ódio vos não iluda. Escolhei o melhor!”

Ao longo da sua vida política, o Padre Marcos manteve-se fiel à rainha D. Maria II e à Carta Constitucional

Constituição de 1922, o Padre Marcos foi nomeado para uma comissão encarregue de reformar as Ordens Seculares, mas a oposição da Igreja, e o golpe contra-revolucionário da Vilafrancada impediram essa reforma. Visto pelo novo poder como um traidor, foi desterrado, em 1923, para Mesão Frio, acabando por ter de abandonar o País, em direcção à Inglaterra, após a aclamação de D. Miguel. Ali dirigiu os jornais “Português Emigrado” e “Paquete de Portugal”, de apoio aos Liberais. Juntou-se depois às forças que vieram combater o absolutismo. Foi na viagem para os Açores que Marcos Vaz Preto conheceu D. Pedro, de quem se tornaria amigo e confessor – tal como de D. Maria, a quem votaria uma estreita fidelidade política. Acompanhando os liberais portugueses na reconquista do poder, foi ele que celebrou a missa campal que antecedeu o embarque para o Mindelo, e seria ele próprio um dos seus “bravos”. Durante o cerco do Porto, trabalhou na organização do socorro médico aos feridos e no abastecimento dos víveres. Já com o Liberalismo restabelecido em Portugal, Marcos Vaz Preto dirigiu a reforma da Igreja portuguesa. Foi ainda nomeado Vigário-Geral do Patriarcado e Arcebispo de Lacedemónia. Após a Revolução de Setembro de 1836, como defensor da rainha D. Maria II e da Carta Constitucional, acabaria por ser preso, demitindo-se então de todos os seus cargos, excepto o de Esmoler Mor. Mas acabaria por ser eleito para o Parlamento,

onde esteve de 1934 até 1951, participando activamente em importantes debates, tendo pertencido a diversas comissões parlamentares: a Eclesiástica, a de Instrução Pública, e a de Redacção do Diário da Câmara. O Padre Marcos pertenceu à Maçonaria, actividade de que pouco se conhece, sabendo-se que foi um dos fundadores da Grande Loja Provincial de Portugal Livre e Aceito, ramo irlandês, que dirigiu entre 1842 e 1851. É reconhecido que Marcos Vaz Preto, quer pela sua influência junto da opinião pública, quer pelas funções religiosas e parlamentares, quer ainda pela influência directa junto da elite governante, teve um poder enorme no estabelecimento do Libera-lismo em Portugal, participando directamente em muitas das reformas que moldaram o novo regime. O seu papel na transformação da Igreja, aliado ao facto ao facto de despachar sobre muitas matéria que normalmente caberiam ao Papa, levaram alguns a dizer, com ironia, que era ele o Papa em Portugal: “Marcum Papam Habemos”. João Augusto Aldeia Nota: Resumo da conferência dada no dia 2 de Abril de 2012, no Clube Sesimbrense, integrada nas comemorações do 159º aniversário daquele Clube. Bibliografia: CARROMEU, F., “O romantismo político do padre Marcos (1820-1851)” – LOUREIRO, Carlos H. G., “O Padre Marcos e o liberalismo” – SORIANO, Luz, “História da Guerra Civil e do estabelecimento do governo parlamentar em Portugal” – Actas da Câmara dos Senhores Deputados

“Devo justiça e gratidão aos Pescadores” Em Maio de 1943 discutia-se no Parlamento a forma que deveria tomar o imposto sobre a pesca, havendo mesmo quem defendesse que os pescadores não deviam sequer pagar imposto. No meio dessa acesa discussão o Padre Marcos faz uma longa intervenção: “Devo justiça e gratidão à Classe em que nasci”, diz, referindo-se às suas origens. ”Meus pais viviam na abundância, e a sua fortuna era um estabelecimento grande de pesca; grandes armazéns cheios de todos os apetrechos necessários à pesca; muitos barcos; uma companha de perto de 100 homens; uma armação grande era propriedade sua.” E qacrescenta: “Eu amo esta Classe; sou amigo dela; nunca neguei que lhe pertenci; só o crime é que faz vergonha; o homem que vive do trabalho, que não é ocioso, é sempre um ente responsável.” O Padre Marcos respondia assim a acusações que lhe estavam a ser feitas por outros deputados, de que teria voltado as costas à classe dos pescadores, ao defender uma determinada forma de imposto sobre a pesca. O sacerdote sesimbrense também contrariou uma proposta para que fosse estabelecida uma licença individual para pescar, à semelhança da licença para caçar: “Quanto às licenças para pescar, não as admito. Matrículas sim. Quero que haja liberdade de pesca em toda a extensão da palavra; licença para caçar, entendo que é preciso, porque é necessário usar de armas defesas por Lei, e convém ver a quem elas se concedem; mas os instrumentos necessários para se pescar são muito inocentes, não é necessário licença.” Outro assunto de actualidade que aborda é o do prejuízo provocado pelas redes de arrasto: “A rede de arrastar traz o pasto do outro peixe, o musgo, o limo, o marisco pequeno, o golfão, e os cardumes de arribação fogem das costas, porque estão varridas por redes de arrastar.” Também os abusos dos cobradores do imposto merecem a atenção do Padre Marcos: “Os pescadores tremem do inexorável gancho dos Fiscais, que recebem o tributo em género. O gancho atira sempre ao maior e melhor peixe, e deixa aos pescadores o pequeno.” E exemplifica como actuavam os fiscais: “Pescavam os pescadores, por exemplo, 10 corvinas. Uma era do dízimo, outra dos direitos reais, uma da saída da Foz, uma da imposição e vinténs do mar, uma de cestearia, uma de vendagem: ficavam quatro!” – ou seja, desta forma o imposto atingia a astronómica percentagem de 60%!


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Núcleo dos Combatentes de Sesimbra

Florindo Paliotes é o novo presidente Após um acto eleitoral a que concorreram duas listas - uma encabeçada pelo anterior presidente, Manuel Henriques, e outra por Florindo Paliotes - este último averbou a vitória com uma significativa maioria de 88%: dos 64 votos, a equipa de Florindo Paliotes recebeu 53, contra apenas 9 votos da outra lista, havendo ainda 2 votos em branco. Em declararações a’O Sesimbrense, Florindo Paliotes disse ser intenção da nova equipa dirigente a mantenção da actividade cultural que tem havido, tais como passeios e algumas intervenções na área cultural, e também servirem de ponto de apoio aos ex-combatentes, de forma a que, relativamente aos direitos que têm, se consiga fazer chegar as pretensões dos ex-combatentes às entidades que têm

que decidir: “um dos aspectos, é, nomeadamente, o do subsídio vitalício, de que se tem falado muito: ainda há excombatentes que não usufruem desse subsídio”. Segundo o novo presidente, “Temos e vamos implementar ainda mais protocolos com diversas entidades, por forma a que os ex-combatentes tenham algum apoio, e por outro lado também o comércio local tenha alguma contrapartida”. Sobre o apoio médico-psicológico, Florindo Paliotes diz que esse apoio é dado por uma equipa de psicólogos das Forças Armadas: “Dão apoio a ex-combatentes e familiares - essencialmente, a viúvas - e isso é uma equipa que tem ligação directa com as famílias, e nós estamos atentos para qualquer intervenção ou apoio que seja necessário da nossa parte”.

A Liga dos ex-Combatentes de Sesimbra foi criada em 1935, na altura como Delegação da Liga dos Combatentes da Grande Guerra. O jornal O Sesimbrense, na sua edição de 11 de Agosto daquele ano, afirmava que já se achavam filiados “sessenta e dois sócios combatentes e trinta sócios beneméritos, sócios estes que têm contribuído com a sua quota-parte para o fim de assistência aos combatentes pobres, viúvas e órfãos destes, que a Liga tem em vista auxiliar”. Entre as concessões aos sócios combatentes, registavam-se o apoio de João Pereira Ramada Crespo, que fazia 20% de desconto aos serviços feitos na sua tipografia e 10% nos objectos comprados. Também a Barbearia do sr. Joaquim Cachopo se oferecera “para fazer o desconto que os seus colegas já fazem aos sócios da Liga, ou seja, 20%”. O meu bem-hajam Manuel Henriques, ex-presidente da Direcção do Núcleo dos Combatentes de Sesimbra, na dificuldade de o fazer pessoalmente, vem por este meio apresentar, considerando da sua mais elementar justiça, às sócias, sócios, amigas e amigos assim como às Entidades (Autárquica, Paroquial, Civil e Militar), Associação dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, Sociedade Filarmónica de Sesimbra, Comunicação Social de Sesimbra, entre outras, os seus maiores agradecimentos, por ao longo de cerca de 14 anos, se terem dignado ajudar a manter a Chama Viva dos Militares sesimbrenses. Sem o seu benéfico e indispensável contributo nunca se poderia ter realizado as ações de tanto orgulho. Eis, alguns exemplos: -Monumento aos Combates - Apoio Médico, Psicológico, Social e Reformas aos Ex-Militares das Guerras do Ex-Ultramar (sócias, sócios e suas esposas assim como não sócios) - Homenagem (Diplomas e Medalhas de louvor) prestada aos Ex-Combatentes e a Sócias e Sócios pela antiguidade e dedicação ao Núcleo - Excelentes relações com a Câmara Municipal de Sesimbra e da sua meritória ajuda: 1. Cedência do Autocarro para as cerca de 20 e tal viagens efetuadas. 2. Aumento do Talhão, no Cemitério de Santiago, para 16 campas e no Cemitério da Aiana (Novo Talhão) com 9 campas. 3. Compra de Televisão, Telefone e Máquina de Calcular para a sede. 4. Prestação, mensal, de 50 euros. - Exposição de Fotografias de Ex- Combatentes, na Sociedade Filarmónica Sesimbrense. - Protocolo de Cooperação com vários estabelecimentos de Sesimbra (Clínicas, Garagens, Fotógrafo, entre outros) e o Núcleo de maneira a permitir às sócias/os pequenas reduções nas despesas realizadas nessas casas. Eis, o que me apraz de momento realçar. Termino reiterando a minha gratidão pela sua extraordinária colaboração e ajuda que prestaram ao Núcleo. Manuel Henriques


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3ª Prova do Campeonato Regional de Juvenis em Vela na Classe Optimist

CNS APURA TRÊS ATLETAS PARA O CAMPEONATO NACIONAL XXV Edição dos Jogos Desportivos Escolares De 20 a 23 de Março, os alunos dos sete agrupamentos/escolas do concelho de Sesimbra, competiram em sete modalidades (xadrez, basquetebol, voleibol, futebol de 5, futebol de 7, mata-piolho e bola ao capitão) em mais uma edição dos Jogos Desportivos Escolares, sob o tema da Convivência, desta vez organizados pelo Agrupamento de Escolas da Boa Água. A iniciativa decorreu nas instalações da EBI da Boa Água e na Associação Desportiva Quinta Condense. Na cerimónia de abertura, esteve presente a campeã mundial de kickboxing, Patrícia Figueiredo, que apadrinhou a iniciativa e fez uma demonstração da modalidade com a participação de alguns alunos das escolas. O grupo PT e TM, patrocinaram as diferentes modalidades, a presença da madrinha do evento e um computador portátil, que no final foi ganho pelo Agrupamento de Escolas do Castelo, na atribuição do prémio de desportivismo. A realização da XXVI edição, no próximo ano lectivo, será da responsabilidade da Escola Secundária de Sampaio. Jovita Lopes

Realizou-se nos dias 24 e 25 de Março, a terceira e última prova do Campeonato Regional Centro da classe Optimist, em Sesimbra, numa organização do Clube Naval de Sesimbra (CNS). Marcada pelo vento franco, a prova foi composta três regatas, realizadas apenas no primeiro dia. Sendo a última prova a contar para o ranking regional, deste ano, representou a última oportunidade para os velejadores assegurarem o seu apuramento para o Campeonato de Portugal de Juvenis. O grande destaque vai para Rita Lopes (SAD) que venceu a classificação geral feminina. Apesar de uma prestação global menos conseguida dos velejadores do CN de Sesimbra, salienta-se a classificação de Margarida Lopes (11º), que assegurou o 9º lugar no Ranking regional. Também os atletas Lourenço Mateus e Inês Mateus asseguraram o apuramento para o Campeonato de Portugal.

Vai ser notícia! FORMAÇÃO Novos cursos para pescadores 9 de Abril a 15 de Junho e/ou 7 de Maio a 13 de Julho Iniciativa: FOR-MAR Informações e Inscrições: E-mail: sesimbra@for-mar.pt CTT: FOR-MAR Sesimbra, Vila Pinto - Bairro Argéis, Apartado 63, 2979-909 Sesimbra

Formação Inicial de Formadores 2 de Abril Escola Secundária de Sampaio Entidade Formadora: PsicoFormação Informações: 212688098

Higiene e Segurança Alimentar e HACCP

12 a 28 de Abril Pavilhão Municipal de Sampaio Informações: Telefone: 21 228 87 14 E-mail: pescas.ruralidade@cm-sesimbra.pt

DESPORTO 27º Torneio Praias de Sesimbra

Escola Básica da Cotovia promove alimentação saudável

A Escola Básica da Cotovia ficou em 10.º lugar no projeto Heróis da Fruta – Lanche Saudável, que procura incentivar as crianças a consumirem diariamente mais fruta. Trata-se de uma iniciativa, desenvolvida pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI), e que contou com a participação de 216 estabelecimentos de ensino de todo o país. Com esta pontuação a escola da Cotovia passa agora para uma segunda fase do concurso, que representa uma oportunidade extra para as primeiras 20 turmas se habilitarem ao prémio final. Depois de desafiados a escrever uma letra para o Hino da Fruta e a realizar um vídeo sobre um futuro mais saudável para as crianças portuguesas, as turmas são agora incentivadas a organizar um evento solidário a favor da APCOI. As quatro turmas vencedoras vão receber como prémio final na sua escola O Dia dos Heróis da Fruta, uma festa repleta de atividades para celebrar a importância da fruta na alimentação diária. As ações, dinamizadas por uma equipa de profissionais da APCOI, incluem aulas de culinária saudável, jogos pedagógicos e muita animação com diversas mascotes infantis.

5, 6 e 7 de Abril Pavilhão do Grupo Desportivo de Sesimbra Iniciativa: Grupo Desportivo de Sesimbra

XIV Torneio de Futebol Infantil 6 e 7 de Abril Complexo Desportivo de Alfarim Iniciativa: Grupo Desportivo de Alfarim

Trakinas Cup

7 de Abril Iniciativa: ACRUTZambujalense

2º Ultra-Trail de Sesimbra

15 de Abril Serra e Costa de Sesimbra Organização: Associação O Mundo da Corrida Informações: www.associacaomundo-dacorrida.com/UTSSesimbra12.htm

CULTURA Concerto de aniversário da Sociedade Musical Sesimbrense

19 de Abril às 21:30 Iniciativa: Sociedade Musical Sesimbrense

Motivação Empresarial num Mundo em constante mudança Palestra com Miguel Gonçalves 14 de Abril às 15 horas Organização: AEPACTIV- Associação Regional de Empresário Pró-Activos Inscrições: geral@aepactiv.com


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“Ritinha” LAS celebra dia da Mulher salva na Praia da Califórnia com utentes da Santa Casa No dia 8 de Março, a Liga dos Amigos de Sesimbra, comemorou o dia internacional da Mulher de um modo especial. Numa cooperação com a Santa

A embarcação “Ritinha” embateu ou roçou de madrugada na pedra “Arcanzil” de leste, que fica a nascente da praia da Califórnia, perto do bico da Agulha e antes da praia do Calhau da Cova. O mestre, ao ver que a embarcação estava a meter água, tentou trazê-la até ao porto de Sesimbra mas, vendo que não ia a tempo, encalhou-a na praia da Califórnia, de onde foi depois retirada com segurança, e levada para o os estaleiros de Sesimbra para reparação. A “Ritinha” é governada por Duarte Narciso, o mesmo mestre da traineira “Tainha”, que naufragou nesta costa em Novembro de 2008, por ter embatido também numa rocha submersa, a denominada Pedra Rachada, naufrágio sobre o qual o nosso jornal fez extensa reportagem.

panhia, convívio e divertimento, superando mesmo as expectativas iniciais de todos os intervenientes. No final do dia, muitos foram os apelos, para a continuação deste tipo de iniciativa. A Liga dos Amigos de Sesimbra, congratulase com o resultado alcançado. Nesse sentido e dando continuidade ao seu projecto de acção social pretende continuar a desenvolver actividades de solidariedade, com e para a comunidade sesimbrense.

Casa da Misericórdia de Sesimbra, as colaboradoras da LAS e a voluntária Paula Bizarro, deslocaram-se aos lares Sr. Jesus das Chagas e Santiago, a fim de proporcionar a todas a utentes um dia diferente. Entre manicure, maquiagem ou massagem, a tarde destacou-se pela com-

Bota no Rego – um novo associativismo O Bota no Rego – Grupo Recreativo Escola de Samba – comemorou o seu 36º aniversário, no passado dia 5 de Março, com um grande espectáculo, e também um jantar de convívio na sua sede, oportunidade que aproveitámos para conhecer um pouco mais da sua complexa e variada actividade. O Bota possui características que fazem lembrar as colectividades tradicionais: associados que pagam quotas, uma séde onde se pode conviver e praticar actividades culturais (música, dança, teatro…). mas difere delas pela sua origem carnavalesca. Maria de Jesus Aldeia, uma das fundadoras do Bota, recorda a evolução gradual do Carnaval sesimbrense, que se deu a partir dos tradicionais grupos com máscaras que percorriam os bailes de carnaval das sociedades locais, desde a revolução de Abril de 1974. Uma das primeiras mudanças foi o de substituir a máscara por pinturas faciais: “tirámos a máscara, pois pintar a cara era mais bonito e espelhava melhor os

Jesus Aldeia

Marília

Paulo Soromenho

Chora

Zezinha Dias

Débora Marquês

temas que queriamos transmitir.” Num dos anos fizeram uma figuração com mulheres acorrentadas, fatos compridos, ensanguentados, com um grupo de homens vestidos de carrascos, e andaram pelas ruas da vila, durante a noite, a representar a metáfora da necessidade de libertação das mulheres: foi já um afastamento do modelo tradicional, e uma tentativa de utilização do Carnaval para uma expressão mais alargada: “Toda a gente vinha à janela, mesmo sem haver representação teatral ou sequer frases ou palavras, era apenas uma expressão do nosso descontentamento.” Só depois é que o grupo saiu já mais estruturado, figurando a história de “Asterix, o Gaulês”. Para este desfile angariaram os músicos da fanfarra dos Bombeiros, vestidos como Romanos. Foi nesse ano que mudaram o nome de “Caga no Rego” (derivado da expressão local: “caga nisso””, com o sentido de “não dês importância a isso”), para “Bota no Rego”. Marília, outro dos mais antigos elementos do Bota, participou pela primeira vez nesse desfile do Asterix, juntamente com outros elementos dos Escoteiros: “Eramos as aldeãs. Recebemos o tecido dos fatos já com os moldes cortados, e depois a minha avó e tia é que cozeram o fato”. Carlos José Cruz (Sargo), foi também um dos fundadores do Bota. Recorda vários grupos antecedentes, nomeadamente num ano em que saíram de arlequins, vagamente inspirados numa vestimenta do cantor Leo Sawer: “Nesses grupos íamos todos vestidos de igual, ou então rapazes com um fato e raparigas com outro. A partir do Asterix é que começamos a ter fatos diferentes, baseados no tema”. Ricardo Chora, presidente da Direcção, destaca como uma das características do Bota a realização de actividades ao longo de todo o ano: convívios, jantares, música, animação, teatro: “Participam todos, há sempre um papel para os mais novos ou mais velhos, nem que seja como figurante. Semanalmente há aulas de música da Academia de Música, aulas de samba no pé, desde os 6 até vinte e tal anos, aulas de percussão, e quanto ao teatro, fazemos normalmente duas peças por ano: uma no Verão e outra no Natal.” A Orquestra Bota Big Band, foi um projecto de alguns associados, em

parte impulsionada por alguns músicos originários da Sociedade Musical,que o Bota acolheu. Luz Alves, música e maestrina, revela-nos que existem três formações: a orquestra propriamente dita, a Banda Marcial, que agrega também dançarinos, e ainda Banda Juvenil. O Bota organiza ainda uma Marcha Popular, na época dos Santos Populares. Outro grupo de destaque do Bota são as “passistas”, elementos tradicionais do desfile de Carnaval, mas que actuam com autonomia ao longo do ano (foto de baixo). Nos desfiles de Carnaval deste ano, saíram com 160 elementos, sob o

na escola de pandeiro, e também nas marchas populares.” A sua irmã, Zezinha Dias, também originária dos Sambinhas, começou a participar no Bota na mesma altura, inicialmente apenas apoiando os dois filhos, então com 6 anos, mas nesse ano já saiu no Carnaval do Verão: “Fui bem aceite. Há muita amizade, colaboramos muito, criamos laços, como numa família”. Débora Marquês está no Bota desde há 4 anos: “Gosto da união entre as pessoas, que nas outras escolas não transparece tanto. Gosto da amizade que se forma, é uma família.” Pertence ao grupo das passistas: “É uma forma

tema “Zeca Afonso”, homenageando o grande cantor e autor, por ocasião do 25 aniversário da sua morte. Chora salienta que através dos temas carnavalescos procuram “falar de factos históricos da nossa terra, ou da história do nosso País”.

de animar a escola e a sede, e além disso somos muito unidas, gostamos de estar umas com as outras.” Paulo Soromenho está no Bota há 7 anos, e destaca a importância da reunião de um conjunto de pessoas ligadas à música, sendo a prática do samba aquilo que mais aprecia: “O Bota tem vários projectos, e é essa dinâmica toda que me atrai. No desfile toco habitualmente cuíca, mas sou percussionista geral em termos de palco. Normalmente sou um dos promotores das rodas de samba”. Salienta que, aparte a sua vida profissional, o seu mundo é o samba: “É o meu género musical. Não passo sem ouvir samba todos os dias, e estudar as músicas”. Destaca ainda as condições proporcionadas pela sede: “Conseguimos ensaiar a horas impensáveis noutros locais, e com uma acústica muito boa.”

Amizade em ambiente familiar Raquel Correia está no Bota desde 2001, depois de ter passado por outros grupos, pois desfila no Carnaval desde os 5 anos, inicialmente nos Sambinhas do Horizonte: “foram fundados pelos meus irmãos e cunhada, era uma escola familiar. Mas o Bota, considero-o também uma escola familiar, fui aqui muito bem recebida, tenho muitos amigos, achei que era uma escola com uma estrutura muito forte. Tem pessoas que se entregam a isto de corpo e alma. Já participei no teatro e

João Augusto Aldeia


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