5 minute read

DIA DO ANIMAL Centro de Recuperação da Quercus salva animais selvagens p10 e

Vitorianos anseiam por regresso ao Bonfim no duelo da Taça de Portugal com Vizela p12

para a sensibilização da população, e a European Wildlife Services, cujos veterinários ajudam com raio-x e ecografias”.

Advertisement

Também “vários particulares contribuem”, assim como “pequenas empresas, através do voluntariado ou de donativos”. “Depois contamos com os apadrinhamentos, em que qualquer pessoa, família ou empresa pode tornar-se padrinho de um animal selvagem em recuperação. Recebe uma fotografia, o certificado de apadrinhamento, o historial do afilhado e actualizações sobre a sua recuperação. No final é convidado para presenciar o momento mais bonito de todos, que é a devolução do animal ao seu habitat”, sublinha.

Contudo, o principal apoio, garante, surge da parte de voluntários, que “normalmente ficam entre 15 dias e um mês”. “Os de mais longe podem cá ficar alojados, e acabam por ajudar em todas as tarefas. Não é preciso ter conhecimento prévio, basta ter vontade de aprender e respeito pelos animais”.

De manhã realizam-se os tratamentos, de tarde estuda-se As rotinas diárias são sempre muito semelhantes: de manhã tratam-se e alimentam-se os animais e arrumam-se as instalações e durante a tarde “realizam-se estudos, análises laboratoriais e promove-se a educação ambiental”.

Para o efeito, o CRASSA conta com um laboratório próprio, onde são “explorados alguns exames complementares ou onde se treinam necropsias, com recurso aos cadáveres”, disse Carolina Lopes, médico-veterinária, a O SETUBALENSE.

Também este trabalho “de estudar os animais que morrem no centro, é muito importante, para que em casos futuros já se saiba como proceder”.

A principal diferença que aponta entre tratar animais domésticos e selvagens, além “do desafio acrescido”, é a “dificuldade em perceber a causa de entrada no centro”. “Não temos forma de obter uma história clínica detalhada. Também o facto de os recursos serem limitados em termos de diagnósticos complementares complica o processo. Nesses casos temos de dar asas à imaginação, para tentar adequar os recursos que temos às diferentes espécies”.

Alimentação é adaptada a todas as espécies e faixas etárias O cuidado com a alimentação é um dos principais factores que ajuda na recuperação dos animais feridos, motivo pelo qual a responsável pelo centro tenta garantir que “esta seja variada e adaptada à espécie e às diferentes faixas etárias”.

Nesse ‘departamento’ contam com o auxílio do hipermercado Continente de Grândola, que oferece ao centro “os restos de carne e de peixe e, por

No CRASSA criamos ratos, que servem principalmente para os treinos de caça

Carolina Nunes

vezes, alguma ração de cão e gato”.

Já para os “animais com dietas mais específicas, como as andorinhas e os andorinhões, é necessário comprar insectos, nomeadamente tenebrios”. No que diz respeito às aves de rapina, “que precisam de ingerir o alimento inteiro, é preciso comprar pintainhos ou ratazanas”. “No CRASSA criamos ratos, que servem principalmente para os treinos de caça. Damos às aves de rapina os ratos vivos e elas caçam como se estivessem na natureza, mas também compramos codornizes ou coelhos”.

No entanto, no caso de o “animal não recuperar de todo, é uma questão de ética”. “Se estiver em sofrimento e não houver mais nada a fazer, realizamos uma eutanásia, mas quando estão bem e simplesmente não conseguem voar, declaramos como irrecuperável e ou ficam aqui ou é transferido para outro centro ou parque biológico”.

Bióloga relembra que manter animais em cativeiro é ilegal Por ser ilegal a população manter em cativeiro elementos da fauna selvagem, assim como “é prejudicial para a sua recuperação”, a bióloga Carolina Nunes refere que, quando encontrado um animal ferido, “devem ser de imediato contactadas as autoridades locais”.

“Há também uma linha, que se chama SOS Ambiente e Território, que esclarece todas as questões. É importante perceber-se que em casa, ou mesmo num veterinário de animais domésticos, não existe a capacidade, a variedade de alimentos, o espaço nem o conhecimento necessários para recuperar estes animais, pelo que mantê-los em casa só irá prolongar o seu sofrimento”, afirmou, a concluir.

ANA KLERK

Pesca: ecossistemas em perigo

OPINIÃO

Cristina Rodrigues

Existe uma percepção comum de que os oceanos são vastos e indestrutíveis. Contudo, os recursos marinhos e costeiros têm vindo a ser alvo de sobreexploração através de métodos de pesca intensivos e lesivos que colocam em causa a sobrevivência de inúmeras espécies marinhas devido à actividade humana e ao potencial económico que representam na economia global. Desta forma, o equilíbrio ecológico do ecossistema encontra-se comprometido.

Note-se que os oceanos ocupam 72% do território do planeta e contém 80% da vida, sendo responsáveis pela produção de mais de 70% do oxigénio existente na atmosfera. São também responsáveis pela captura de cerca de 30% do gás de carbono da atmosfera, 20 vezes mais do que por exemplo a floresta amazónica, e sequestra cerca de 93% de todo o gás carbono, tendo por isso, um papel crítico no abrandamento do ritmo das alterações climáticas.

Ainda assim, existem inúmeras evidências científicas para a existência de sobrepesca a nível global sendo a pesca de arrasto de fundo uma das mais lesivas para o meio marinho e a pesca de arrasto de crustáceos tem o maior número de rejeições do mundo.

Esta é uma técnica pouco selectiva que captura todo o tipo de espécies de animais marinhos, incluindo espécies protegidas e indivíduos juvenis com tamanho abaixo do permitido legalmente, provocando um grande impacto negativo nas populações. Ainda, devido ao facto de se arrastar uma rede no fundo do mar, existe a destruição das comunidades de algas e corais, provocando a destruição dos ecossistemas do fundo mar e contribuindo para o desequilíbrio da cadeia alimentar.

Para além da óbvia destruição dos fundos marinhos, o arrasto provoca a ressuspensão dos sedimentos, incluindo componentes tóxicos como é o caso dos metais pesados, afectando não só os organismos filtradores como toda a cadeia alimentar.

Neste sentido, é uma preocupação da comunidade política e científica internacional que sejam adoptadas urgentemente políticas para protecção dos ambientes marinhos, e por isso em 2008, o Parlamento Europeu aprovou a Directiva-Quadro Estratégia Marinha onde determina a obrigatoriedade dos Estados Membros de desenvolver uma Estratégia Marinha com objectivos concertados e comuns de modo a garantir a protecção do ambiente marinho, referindo especificamente a necessidade de assegurar a integridade dos fundos marinhos.

Por outro lado, de acordo com o objectivo 14 das Nações Unidas, até 2020 deveriam ter sido proibidos os subsídios à pesca que contribuem para a sobrepesca e sobrecapacidade, realidade que não se verifica no nosso país.

Portanto, não existem dúvidas do impacto negativo que a pesca de arrasto de fundo tem nos fundos marinhos e que a sua prática é insustentável a longo prazo, causando danos irreversíveis em determinadas comunidades, pois esta técnica não afecta somente as populações das espécies exploradas comercialmente como todas as outras que são alvo de capturas acessórias incluindo espécies protegidas.

Deputada não inscrita

This article is from: