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João Brás
Associativismo
JOÃO BRÁS “Estou feliz por fazer a minha parte para mudar o mundo”
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Parte integrante da Associação Cultural Novas Ideias - Setúbal Academy, colabora igualmente no projecto CTRL+Estudo, com o Clube Intercultural Europeu e com o YMCA
Inês Antunes Malta (Texto) Mário Romão (Fotografi a)
João Brás tem 18 anos, dividiu a sua infância entre Oeiras, Azeitão e Quinta do Anjo, onde vive actualmente. Terminou recentemente o 12.º ano de escolaridade no curso de Ciências e Tecnologias na Escola Básica e Secundária Michel Giacometti e é parte da Associação Cultural Novas Ideias - Setúbal Academy (ACNI), onde faz “coisas que me parecem muito úteis e importantes” e por isso gosta de estar.
Ao longo do tempo, já fez voluntariado por diversas vezes, com destaque para uma viagem a Marrocos há três anos, que realizou com a sua tia e defi ne como “a experiência maior” que teve neste sentido até ao momento. Esta viagem havia de ser o despertar para o associativismo, para a vontade de fazer e ser parte de algo maior.
“No início deste ano, devido ao falecimento da minha avó, estive muito triste. Quando consegui começar a recompor-me, passei cerca de 40 horas a pesquisar no país tudo o que havia de voluntariado para fazer”, começa por dizer. “Pensei que, entre outros motivos, por a minha avó gostar muito de ajudar os outros era importante começar a fazer voluntariado, para espairecer a cabeça e contribuir para o bem-estar de outras pessoas”, justifi ca.
Logo contactou a Bolsa de Voluntariado de Setúbal e começou a colaborar no projecto CTRL+Estudo, dinamizado pela Divisão de Juventude do município setubalense. Mais tarde, foi precisamente numa actividade da Divisão de Juventude que João conheceu a ACNI.
Depois de um primeiro encontro
João está a participar no projecto “As Traseiras”, que venceu em Fevereiro o Prémio Voluntariado Jovem Montepio
adiado por um teste positivo à Covid, “assim que saí do isolamento vim de comboio até Setúbal, encontrar-me com o Fernando Cruz, o presidente da associação, que tem como principal objectivo formar jovens para serem líderes. Achei muito interessante o trabalho que estavam a fazer e decidi colaborar com eles”.
Determinado em fazer a sua parte para mudar o mundo Juntou-se de imediato a todos os projectos e a ACNI tornou-se a sua principal associação. “Já estava a colaborar com várias, para além da Divisão de Juventude estou no Clube Intercultural Europeu e com o YMCA, mas nem de perto ao nível do que estou com a ACNI, onde passo várias horas por dia em alguns dias e gosto muito do que faço. Estou aqui quase como se fosse um trabalho e com muito gosto”.
Neste momento, João Brás, que Fernando Cruz defi ne como “um dos pilares de liderança da associação”, está a ajudar a concretizar o projecto social e ambiental “As Traseiras”. Com o objectivo de criar um dos primeiros jardins sustentáveis do país inserido num bairro social através da recuperação de um espaço verde existente nas traseiras do Centro Sociocultural Elmano Sadino, no Bairro 2 de Abril, venceu em Fevereiro a 11.ª edição do Prémio Voluntariado Jovem Montepio, que estimula acções inovadoras a nível nacional. Integra igualmente outros projectos e outras actividades e também a música é uma área de interesse de João e de outros jovens que integram a associação. “Temos um grande trabalho desenvolvido
João Brás
à queima-roupa
Idade 18 anos Naturalidade Lisboa Residência Quinta do Anjo Área Ciências e Tecnologias
Defi ne um maior reconhecimento pelo trabalho voluntário como a sua maior luta pessoal
com artistas de música. Já dei apoio a outros músicos e já actuaram no festival Troino ao Léu, organizado pela Bairro Cool”, diz. “O que fi z até agora, a dar explicações ou a entregar comida a sem-abrigos, nada tem a ver com o trabalho que realizo na ACNI. Estou a dar a cara, mas também estou no back offi ce, a liderar projectos, a ajudar na gestão”, continua, frisando que “poucas associações punham um jovem de 18 anos sem experiência a liderar projectos. Aqui puseram e gostei muito disso. É importante dar aos jovens oportunidade de liderarem e o trabalho que estamos a fazer mostra que os jovens também são capazes”.
Com o desejo de conseguir “melhorar o grupo onde se insere e o mundo como um todo” através das suas acções, João Brás defi ne como a sua luta pessoal o reconhecimento pelo trabalho dinamizado enquanto elemento de uma associação.
“Ao estar aqui, não estou a brincar, estou a trabalhar muito, a esforçar-me e a aprender. A participar em eventos, falto a testes, perco tempo de estudo, prejudico o meu desempenho escolar, mas vou levar esta bagagem para a minha vida. É a minha maior luta fazer com que nos sejam dadas oportunidades”, refere. “Para o acesso à faculdade para nada conta se estou aqui a trabalhar ou as minhas experiências e isso deixa-me triste. O sistema nacional de ensino deveria ter essa abertura. O que fazemos devia ter muito mais reconhecimento, a nível de progressão de estudos e também de encontrar trabalho”, continua, para depois rematar: “ao fazer estes projectos todos, estou a fazer a minha parte para mudar o mundo e é isso que me deixa feliz”.