ELDORADO XXI_20161203_Expresso [pt]

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Tão alto e longe do céu: “Eldorado XXI” de Salomé Lamas brilha no Porto/Post/Doc expresso.sapo.pt /cultura/2016-12-03-Tao-alto-e-longe-do-ceu-Eldorado-XXI-de-Salome-Lamas-brilha-noPorto-Post-Doc

D.R

Realizadora Salomé Lamas é a vencedora da terceira edição do festival internacional de cinema Porto/Post/Doc e torna-se na primeira representante nacional a conquistar o principal galardão, ao mostrar a realidade de quem trabalha tão alto e tão longe do céu À terceira é de vez e o prémio principal do Porto/Post/Doc (PPD) é entregue a um cineasta nacional. A realizadora portuguesa Salomé Lamas brilhou com “Eldorado XXI” no festival que espalhou a celebração dos filmes reais pela baixa portuense ao longo de uma semana e conquistou o júri com a sua segunda longametragem documental. O trabalho acompanha o duro quotidiano de uma comunidade de trabalhadores mineiros. Instalada a mais de 5000 metros de altitude nos Andes peruanos, La Rinconada é uma cidade pobre e distante do paraíso, onde homens e mulheres desafiam os elementos da natureza e lutam contra o próprio desespero em busca de melhores condições de vida. “Eldorado XXI” foi estreado internacionalmente na Alemanha, na Berlinale, e já passou, desde então, por diversos festivais, tendo sido exibido pela primeira vez em Portugal nesta terceira edição do PPD. Este sábado à noite, no Teatro Rivoli, no Porto, foi anunciado como o grande vencedor dos 13 filmes que se apresentaram a concurso e arrecadou o prémio de três mil euros. Entre as imagens de rara beleza, com paisagens desertas e cobertas de neve, o público é levado ao longo de hora e meia, sem aviso prévio, até um cenário de miséria, onde histórias de assombro e mistério são contadas na primeira pessoa. No momento em que lhe foi atribuído o prémio, Salomé Lamas foi parca em palavras e pediu, humildemente, para o público “passar a palavra, porque é um filme difícil para distribuição”. A realizadora agradeceu ao júri e ao público, garantindo igualmente ter sido um “prazer” poder estrear nacionalmente o documentário no Porto/Post/Doc. O júri ficou “impressionado com a articulação da imagem com o coral de vozes dos que não são ouvidos” e descreve o documentário da realizadora de 29 anos como “arriscado”, por ser “um filme que corajosamente aborda o tema reprimido e invisível dos mineiros da mina La Rinconada, no Perú, e abre espaço a uma discussão alargada sobre os poderes oblíquos da globalização”. O grupo de jurados foi constituído por Cornelia Lund, Isabel Capeloa, pela realizadora Leonor Teles e pela artista visual Joana Pimenta.

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Uma menção honrosa foi ainda atribuída ao filme “Les Sauteurs”, realizado por Estephan Wagner, Moritz Siebert e Abou Bakar Sibidé. A este último foi também entregue o Prémio Biberstein Gusmão, destinado a autores emergentes com menos de 36 anos. “Amar-San”, de Cláudia Varejão, um documentário que também se encontrava no lote de 13 filmes em competição, acabou por ser laureado com o “Prémio Teenage”, atribuído por um júri de jovens estudantes de escolas do Grande Porto. Na categoria “School Trip”, para filmes universitários, foi distinguido o filme “Vandoma” (2015), de Bernardo Bordalo, Bruno Lança e Rui Oliveira da Universidade Católica Portuguesa.

Mais de dez mil pessoas passaram pela festa do cinema na baixa portuense A edição de 2016 do festival que agita a cidade do Porto com a celebração do cinema e do real, teve como epicentro o Rivoli, mas alastrou-se a outros espaços culturais mais alternativos, como o Maus Hábitos, o Passos Manuel e o Cave 45. Pelo Porto/Post/Doc passaram este ano mais de dez mil espectadores, com uma média de 100 pessoas por sessão, anunciou o diretor programático Dario Oliveira, durante a cerimónia de encerramento. “Há um público para o cinema no Porto. Um público diverso, curioso, instigante e muito jovem, que nos faz projetar um futuro promissor para o festival e para a exibição de cinema na cidade do Porto, especialmente na Baixa”, afirmou o responsável, que salientou a “escassez” de salas de cinema na Invicta. Foram cerca de uma centena de filmes, com concertos e conferências pelo meio, ao longo de mais de uma semana. Várias sessões esgotaram, como aquela em que foi exibido “Gimme Danger”, o documentário que nos transporta até ao ambiente caótico e desconcertante, polvilhado com riffs frenéticos e eletrizantes, em que surgiu e emergiu a banda “The Stooges”, liderada pelo lendário “frontman” Iggy Pop. Este sábado, o Grande Auditório do Rivoli recebeu mais uma enchente para a cerimónia de entrega de prémios, a que se seguiu a exibição do filme documental "Bowie, O Homem dos Cem Rostos ou o Fantasma de Hérouville" de Gaetan Chataigner e Christophe Conte. O Porto/Post/Doc - Festival Internacional de Cinema, que conta com o apoio da Câmara Municipal do Porto e da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, estará de regresso no próximo ano, entre 29 de novembro e 3 de dezembro.

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