“Um Animal Amarelo”: Um filme ousado, refrescante de Felipe Bragança visao.sapo.pt/visaose7e/ver/2020-10-18-um-animal-amarelo-um-filme-ousado-refrescante-de-felipe-braganca 18 de outubro de 2020
Do quadro de personagens fazem parte um brasileiro que empunha um osso mágico, um grupo de moçambicanos que defecam pedras preciosas, uma portuguesa com um coração de diamante e um felpudo e gigante animal amarelo que devora presas humanas. É assim, nas amplas linhas de um surrealismo inspirado, que Felipe Bragança constrói esta epopeia, rodada entre três continentes, que parte no rastro do passado colonial. O Brasil é o porto de partida e de chegada. O filme acompanha um cineasta brasileiro falido, numa viagem em busca de suas memórias O primeiro dom do filme Um Animal Amarelo é a prodigiosa imaginação revelada no argumento, escrito por Bragança, com a colaboração de João Nicolau (nota-se bem o estilo do português), em que o realizador não hesita em correr todos os riscos. O ponto mais difícil é, no meio de toda esta loucura, manter o foco e o fio narrativo, não 1/2
perdendo de vista aquilo de que se estรก a falar. E, apesar de momentos divergentes, tal
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é bem conseguido. Um Animal Amarelo é apresentado como uma “provocativa e tragicómica fábula tropical”. Talvez essas palavras o definam. Mas deve-se acrescentar que, ao tratar desse tropicalismo brasileiro, acaba por ter o colonialismo português debaixo de olho. E ainda bem que o faz. Trata-se de um filme ousado, refrescante, inventor de universos e de linguagens. Uma diáspora alegórica que conta com mais uma belíssima interpretação de Catarina Wallenstein e a coprodução portuguesa de O Som e a Fúria. Veja o trailer do filme Um Animal Amarelo > De Felipe Bragança, com Higor Campagnaro, Isabél Zuaa, Catarina Wallenstein > 115 min.
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