Festival de Cannes retoma a sua história [PT]

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Festival de Cannes retoma a sua história jn.pt/artes/festival-de-cannes-retoma-a-sua-historia-13910304.html 6 de julho de 2021

Depois de um ano de interregno, "Annette", de Leos Carax, abre esta terçafeira a 74ª edição do festival É sob o signo da novidade, mas também da incerteza, que as estrelas começam esta terçafeira a desfilar na famosa passadeira vermelha de Cannes, com a estreia mundial de "Annette", do francês Leos Carax, contando com Marion Cottilard e Adam Driver como protagonistas. As dúvidas maiores recaem sobre a efetividade das medidas sanitárias anunciadas, quando se prevê a chegada à Croisette de milhares de profissionais do cinema e do jornalismo oriundos dos quatro cantos do mundo, a juntar aos muitos milhares de turistas, bem como a quem chega à cidade só para ver se descortina esta ou aquela vedeta. Todos têm de cumprir as condições de entrada no país e, caso não tenham adquirido imunidade, serão obrigados a realizar testes a cada 48 horas, um serviço gratuito providenciado pelo festival. No entanto, França avançou largamente nas medidas de desconfinamento e já não é obrigatório usar máscara no exterior. As salas de espetáculo podem ocupar 100% da lotação.

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No que diz respeito à programação, há a novidade da secção Cannes Premiere, para onde foram deslocados alguns filmes de cineastas consagrados que não "couberam" na competição, deixando assim a secção Un Certain Regard com o seu espírito primitivo de descoberta de novos valores. Há, como sempre, as autónomas Quinzena dos Realizadores e Semana da Crítica, mas as atenções recaem sobre os 24 candidatos à Palma de Ouro. A Carax, juntam-se, nos próximos 12 dias, nomes habituais em Cannes como Paul Verhoeven e Mia Hansen-Love, Sean Penn e Jacques Audiard, Apichatpong Weerasethakul e Bruno Dumont, Wes Anderson e Nanni Moretti, François Ozon e Asghar Farhadi. A Palma de Ouro, atribuída pelo júri presidido por Spike Lee, será anunciada no próximo dia 17. Os filmes portugueses de Cannes O cinema português, que historicamente se dá bem com grandes festivais de cinema, como Berlim, Veneza ou Locarno, acentua este ano o divórcio dos responsáveis pelas várias programações de Cannes. Há apenas dois títulos nas diversas seções, e uma ou outra coprodução minoritária. É um terreno de tremenda visibilidade, onde é preciso investir. Diários de Otsoga, de Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro Quinzena dos Realizadores Ao longo de três semanas, entre agosto e setembro do ano passado, os dois realizadores, os atores Carlotto Cotta, Crista Alfaiate e João Nunes Monteiro, e uma reduzida equipa técnica fizeram testes covid-19 e fecharam-se numa quinta da região de Sintra. Gomes e Fazendeiro filmaram o quotidiano dos seus atores/personagens, montados pela ordem inversa, em mais um filme-milagre com o dedo de Gomes. Um outro querido mês de agosto, ou de como do nada se pode fazer um filme. De como uma pandemia que lhe interrompeu o trabalho no Brasil para a possibilidade de um novo filme. Uma maravilhosa homenagem ao ato de filmar. Noite Turva, de Diogo Salgado Competição de curtas-metragens Primeira realização de Diogo Salgado, já vencedor do prémio de Melhor Filme da Competição Nacional do Curtas Vila do Conde, "Noite Turva" pode assim juntar-se a "Arena", de João Salaviza, como vencedor da Palma de Ouro de curta-metragem. O filme narra, ao longo de quinze minutos, a tarde de dois rapazes que brincam na floresta junto a uma lagoa. Quando um deles desaparece, a lagoa e os seus habitantes tomam o controlo da narrativa, construindo, ao entrar da noite, um labirinto que cerca as duas crianças. Enquanto um dos rapazes deambula pela floresta à procura do amigo, as silhuetas, texturas e sons exercem lentamente a sua força.

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