Portugal nunca arrecadou um Óscar mas conquista cinema internacional jornaleconomico.sapo.pt/noticias/portugal-nunca-arrecadou-um-oscar-mas-conquista-cinema-internacional759764 7 de julho de 2021
Cultura & LifestyleMundo
Inês Pinto Miguel 07 Julho 2021, 15:57
Destacando os filmes que colocaram Portugal no mapa em diferentes épocas, o “Hollywood Reporter” relembra que o país “nunca foi nomeado para um prémio da Academia, e nenhum filme português entrou na lista de pré-selecionados dos Óscares”.
Um país pequeno, à beira-mar plantado e quase ‘engolido’ por Espanha, com que partilha e península. Assim é Portugal, que viu no turismo a oportunidade de crescer nos últimos anos. No entanto, também do cinema internacional pode viver o país. O “Hollywood Reporter” escreve que Portugal tem sido frequentemente esquecido como uma nação do cinema “apesar da beleza natural deslumbrante do país, clima ameno e soalheiro e infraestrutura de primeira linha”, mas também como um local para filmagens internacionais.
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A publicação americana aponta que o cinema português tem a tendência de ser esquecido, apesar da “sua longa e rica tradição”, de onde constam filmes como “O Pátio das Cantigas” de 1942 e realizado por Francisco Ribeiro, “Os Canibais” de Manoel de Oliveira de 1988 ou a trilogia “As mil e uma noites” realizado por Miguel Gomes em 2015. No entanto, o “Hollywood Reporter” parece esquecer-se d’”A Canção de Lisboa” protagoniza por Beatriz Costa e Vasco Santana, sendo esta a primeira longa-metragem totalmente produzida em Portugal no ano de 1933. Destacando os filmes que colocaram Portugal no mapa em diferentes épocas, o “Hollywood Reporter” relembra que o país “nunca foi nomeado para um prémio da Academia, e nenhum filme português entrou na lista de pré-selecionados dos Óscares”. Ainda que a cinematografia e o país sejam esquecidos, a realizadores internacionais descobriram Portugal. O filme “Frankie” de Ira Sachs que contou com Isabelle Huppert e Jérémie Renier como protagonista data de 2019 e teve as paisagens de Sintra como pano de fundo. Também o realizador italiano Marco Pontecorvo escolheu a história da aparição de Nossa Senhora de Fátima para filmar “Fatima” com Harvey Keitel, Goran Višnjić, Sónia Braga e o português Joaquim d’Almeida, enquanto Richard Stanley escolheu Sintra e Lisboa para representarem Nova Inglaterra no filme “Color Out of Space” protagonizado por Nicolas Cage. Mas o que fez Portugal para conquistar o cinema internacional? Em 2018 lançou um sistema de abate de impostos diretos às produções internacionais entre os 25% e os 30% do custo de produção, tendo como base as despesas locais elegíveis. O gasto anual está fixado nos 12 milhões de euros e cada projeto por gastar um máximo de quatro milhões de euros, sendo este um sinal de que Portugal estava aberto a receber visitas cinematográficas. Questionado sobre o principal encanto de Portugal para produtores internacionais, Nuno Artur Silva, secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, disse ao “Hollywood Reporter” que existe um “clima apelativo, acessibilidade a qualquer tipo de cenário em poucas horas, serviços qualificados e um custo de vida e sistema de saúde acessíveis”, sendo estes apenas “alguns dos 11 motivos que apontam Portugal como um país desejável para filmar”. A Millennium Filmes montou um centro de pós-produção em Braga, em 2018, onde já realizou efeitos especiais para filmes como “Rambo: Até ao Fim”, “Dupla Explosiva 2 (The Hitman’s Wife’s Bodyguard)” e “Assalto ao Poder”. Por sua vez, no ano passado, a MovieBox e a Landesdown Capital Partners concordaram em investir 60 milhões de euros num complexo de produção em Loulé. Mas não só de estúdios de produção se capacitou Portugal. A Netflix encomendou em setembro do ano passado o primeiro filme original em português: “Glória”. O argumento de “Glória” é de Pedro Lopes e a realização de Tiago Guedes, com Afonso Pimentel,
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Adriano Luz, Gonçalo Waddington, Victoria Guerra, Joana Ribeiro, Carloto Cotta e Maria João Pinho a protagonizar o filme. A longa foi produzida pela SPI e pela RTP, filmada no Ribatejo e está atualmente em fase de pós-produção. Outro projeto dividido entre Lisboa e Wolverhampton, no Reino Unido, é “Fado!” protagonizado por Emily Watson e Richard E. Grant, sendo este um dos filmes mais esperados pelo Cannes Film Market.
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