A culpa não é do calor jn.pt/newsletter-editorial/a-culpa-nao-e-do-calor-14046970.html 19 de agosto de 2021
O Afeganistão ainda tem salvação? E o Brasil? Valha-nos Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro. Com sorte, é em casa o lugar das mulheres num Afeganistão novamente com a corda talibã ao pescoço. Assim foi avisada Shabnam Dawran, jornalista da estação pública afegã de televisão RTA. "O regime mudou. Vá para casa", ter-lhe-ão dito quando se apresentou ao trabalho. Entretanto, multiplicam-se os gestos para proteger as mulheres: a partir de Copenhaga, Khalida Popal, antiga capitã da seleção afegã de futebol, instou as atletas do seu país a destruir com urgência todo o equipamento desportivo na sua posse e apagar qualquer referência a essas atividades das redes sociais. Num país de novo em sinistro retrocesso rumo à Idade Média, a diplomacia e os argumentos económicos da Rússia e da China, entre outros, vislumbram oportunidades de expansão. E no pendant inevitável, a conclusão que encima a Nota do Gabinete de Imprensa do Partido Comunista Português sobre a matéria fala de "uma clara e humilhante derrota para os EUA, a NATO e todos quantos participaram e foram cúmplices com a sua estratégia de guerra e ocupação, incluindo sucessivos governos portugueses". O problema, infelizmente, dos talibãs às notas do PCP, não reside numa insolação estival. É inverno no Brasil e Jair Bolsonaro aflige-se com a "supressão das liberdades" de militantes de extrema-direita que gostariam de arrumar com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. O cérebro só dá um nó se deixarmos. Em Washington, onde a temperatura raramente baixa, um homem colocou as autoridades em alerta quando ameaçou encaminhar uma bomba até à Biblioteca do Congresso, no Capitólio. Entretanto, rendeuse. Num vídeo, afirmava: "Pensavam que o sul não estava a caminho. Bem, chegou a hora de Joe Biden. As estradas estão bloqueadas e estou à espera da chamada". Para salvar de novo o querido mês de agosto, Miguel Gomes, desta vez em parceria com Maureen Fazendeiro, vê estrear-se "Diários de Otsoga". São 15 pessoas fechadas numa casa em Sintra, no primeiro verão da pandemia. A não perder.
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