"A viagem de Pedro" mostra um ex-imperador a caminho da Europa

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"A viagem de Pedro" mostra um ex-imperador a caminho da Europa jn.pt/artes/a-viagem-de-pedro-mostra-um-ex-imperador-a-caminho-da-europa-14868607.html 18 de maio de 2022

Cinema

A doença de Pedro e o medo da morte levam-no ao delírio Foto: Direitos reservados

Estreia esta quinta-feira um filme da cineasta brasileira Laís Bodanzky. A História de Portugal, rica de quase oito séculos, podia ter sido melhor aproveitada pelo nosso cinema. Apesar de algumas investidas, o rácio entre o número de filmes produzidos e a dimensão histórica do país deve ser das mais reduzidas do mundo. As razões são várias, da dificuldade dos nossos criadores em lidar com o património histórico do país à debilidade do cinema luso, em termos financeiros, para se abalançar a filmes de época, que custarão mais caro que qualquer filme urbano contemporâneo (o que nem sequer é certo). Não é pois de estranhar que o incentivo para uma produção do género venha do exterior, apesar de, neste caso, o episódio em causa ser comum ao Brasil, país de produção minoritária, e a Portugal, que ainda conseguiu custear uma pequena participação através de um coprodutor nacional.

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Estamos então em 1831, quando D. Pedro deixa o Brasil já independente para rumar à Europa, tendo em vista lutar contra o irmão Miguel pelo trono de Portugal. Se este contexto é historicamente comprovado, o que se passou entre os dois continentes já não é tão certo e é aí que entra a matéria ficcional, a magia do cinema. "A viagem de Pedro" coloca o antigo imperador do Brasil a bordo de uma fragata inglesa, onde se misturam membros da corte, oficiais, criados e escravos. Mas a doença de Pedro e o medo da morte levam-no ao delírio, à recordação de momentos da sua vida, à antecipação das disputas com o irmão. O filme é mais claramente brasileiro do que português. Não só na produção como no modelo artístico. A brasileira Laís Bodanzky revela um forte domínio cénico e uma segura direção de atores, mostrando quanto o bom cinema brasileiro deve sempre tanto à tradição do teatro local. Além de pequenas participações de atores portugueses, como Luísa Cruz e João Lagarto, ou Isabél Zuaa e Welket Bungué, de ascendência angolana e guineense, é Victoria Guerra que faz as nossas honras ao lado do brasileiro Cauã Reymond, também um dos produtores. Um pouco de História nunca fez mal a ninguém. A viagem de Pedro Laís Bodanzky 2021

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