“A Viagem de Pedro”: 57 dias pelo Atlântico fora, até às costas britânicas (com passagem pelo Faial) expresso.pt/revista/culturas/cinema/2022-05-19-A-Viagem-de-Pedro-57-dias-pelo-Atlantico-fora-ate-as-costasbritanicas--com-passagem-pelo-Faial--83787bc1
Cinema
fabio braga
Laís Bodanzky realiza este drama histórico sobre D. Pedro IV, com Cauã Reymond, Luise Heyer e Victoria Guerra nos principais papéis. O crítico Jorge Leitão Ramos dá-lhe três estrelas 19 maio 2022 10:16
Jorge Leitão Ramos Jornalista Quando, a 13 de abril de 1831, D. Pedro de Alcântara de Bragança e Bourbon largou a barra do Rio de Janeiro, a bordo da fragata “Volage”, acompanhado por sua mulher, D. Amélia, e toda a comitiva, abria-se na sua vida um novo mundo. Deixava para trás um
1/3
país que ajudara a fundar, na forja das armas e nas letras da lei, quando secundara a independência, tornando-se o seu primeiro imperador. Um país que agora o repudiava... A Revista do Expresso
Brasil. De D. Pedro a Lula e Bolsonaro, que país é este? Leia também No horizonte a Europa, destino último Portugal, onde viria a disputar a coroa ao seu irmão, D. Miguel, para a entregar à filha, D. Maria. Da viagem tormentosa, 57 dias pelo Atlântico fora, que o levou às costas britânicas, depois de breve reabastecimento no Faial, os anais pouco falam, quase nada se sabe. É nesse vazio histórico que a ficção deste filme se intromete para inventariar uma espécie de limbo existencial em que os fantasmas de D. Pedro o atormentam, feitos de memórias, de remorsos, de inquietações...
É impressiva a interpretação que Cauã Reymond faz, bem secundado por um vasto elenco afro-luso-brasileiro liderado por Victoria Guerra (na imperatriz Amélia) Nesse caldo tumultuoso misturam-se recordações de infância, paixões voluptuosas, obsessões perenes (como a de produzir descendência, sucessivamente), reflexões políticas sobre o Portugal a defrontar (de que ele, de facto, nada conhecia), tudo encastrado num mal sexual em que teme estar a perder potência, varonilidade. Daí que “A Viagem de Pedro” seja um filme em estado febril, a maior parte do tempo, tropicalista nos seus meandros e maneios, menos movido a lógicas de causa efeito do que a associações alucinatórias, com precária legibilidade para quem, fora do filme, de D. Pedro (I do Brasil, IV de Portugal) nada saiba.
2/3
Watch Video At: https://youtu.be/KddkCQymXU0
É, todavia, impressiva a interpretação que Cauã Reymond faz, bem secundado por um vasto elenco afro-luso-brasileiro liderado por Victoria Guerra (na imperatriz Amélia), nesta coprodução entre o Brasil e Portugal (minoritário parceiro lusitano: O Som e a Fúria). Algumas cenas tiveram filmagem em Portugal, nomeadamente no Palácio de Queluz.
3/3