Festival de Berlim vai realizar-se em versão reduzida [PT]

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Festival de Berlim vai realizar-se em versão reduzida jn.pt/artes/festival-de-berlim-vai-realizar-se-em-versao-reduzida-14488144.html 13 de janeiro de 2022

Cinema

Imagem de arquivo de Isabelle Hupert na Berlinale, a atriz será homenageada nesta edição Foto: JOHANNES EISELE / AFP

Berlinale abre a 10 de fevereiro com homenagem de François Ozon a Fassbinder. Ator português João Nunes Monteiro é um dos 10 Shooting Stars do ano. O agravamento da situação sanitária na Europa tem afetado, entre muitos outros eventos culturais, os festivais de cinema que deveriam começar neste momento a realizar-se, após o período de férias festivas. Por exemplo, as medidas bastante restritivas impostas pelo governo dos Países Baixos levou à organização apenas online da edição deste ano do Festival de Roterdão, que terá início, nesse formato, no próximo dia 26. O primeiro dos três grandes festivais de cinema do ano, a Berlinale, que celebra a 72ª edição e antecede Cannes e Veneza, esteve até ontem em dúvida, no que diz respeito ao formato deste ano. Recorde-se que a edição de 2020 correspondeu a um dos últimos eventos a realizar-se de forma absolutamente normal antes do confinamento, tendo terminado a 1 de março, e que o ano passado se realizou apenas online, durante cinco dias.

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Há alguns dias que se sabia que o Mercado do Filme e o Fórum de Co-Produção, duas importantes iniciativas que se desenrolam em paralelo com o festival, tinham transitado para o online, criando dúvidas sobre a possível realização presencial do festival propriamente dito. Mas, após o anúncio do governo federal sobre as medidas sanitárias em vigor no país, a Berlinale anunciou ontem a realização presencial, mas com um novo formato. Inicialmente, as datas anunciadas eram as de 10 a 20 de fevereiro, próximo. Agora, a versão competitiva, aberta ao público mas também aos profissionais do meio, como a imprensa, e com a presença das equipas dos filmes, desenrolar-se-á apenas de 10 a 16, dia em que será anunciado o Urso de Ouro e o restante palmarés, escolhido por um júri presidido por M. Night Shyamalan. Nos restantes dias, até 20 de fevereiro, haverá apenas repetições de filmes, a pensar sobretudo no público local, que costuma encher todas as salas em que o festival se desenrola. No entanto, a presença nas salas estará reservada a quem dispor de um passe sanitário válido e de testagem realizada diariamente, em moldes ainda a anunciar. Esperando-se ainda a divulgação do restante programa oficial, foi entretanto revelado o filme de abertura. Trata-se de "Peter von Kant", do francês François Ozon, com Dénis Minochet, Isabelle Adjani e Hanna Schygulla, uma homenagem do realizador a Rainer Verner Fassbinder, mais propriamente ao seu "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant". Em entrevista recente ao JN, a propósito do seu filme anterior, "Correu Tudo Bem", neste momento em cartaz, Ozon confessara a sua admiração pelo cineasta germânico: "Tenho uma grande paixão por Fassbinder, foi muito importante no meu processo de fazer filmes. Adoro a energia dele, a paixão, a sua forma de fazer filmes. Era uma força da natureza." Ozon estará assim pela sexta vez em Berlim, vinte anos depois de "8 Mulheres", cujo elenco em conjunto venceu um Urso de Prata pela sua Contribuição Artística. O filme será de novo exibido no festival, no quadro da homenagem a Isabelle Huppert. Em 2012, Ozon venceu também Grande Prémio do Júri por "Graças a Deus". Entretanto, foi anunciada também a seleção dos 10 atores e atrizes europeus a fazerem parte dos Shooting Stars, iniciativa anual da European Film Promotion e que constitui, para todos eles, uma oportunidade de mostrar o seu trabalho a agentes, produtores e realizadores. Depois de Joana Ribeiro em 2020 e de Alba Baptista o ano passado, Portugal tem um representante pelo terceiro ano consecutivo. A escolha recaiu em João Nunes Monteiro. O jovem ator portuense, que completa 29 anos de idade dentro de dias e já víramos em filmes como "O Cônsul de Bordéus", "Cartas de Guerra", "Verão Danado" e sobretudo "Mosquito", onde era protagonista e transportava todo o filme às costas, impressionou o júri de seleção pelo seu trabalho no recente "Diários de Otsoga", de Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro.

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O filme estreou mundialmente na Quinzena dos Realizadores do último Festival de Cannes, realizado excecionalmente em julho, estreou no mês seguinte nas nossas salas e fora filmado durante a pandemia, no interior de uma quinta na região de Sintra, com toda a equipa testada e sob vigilância. Nas palavras do júri, "a intensidade silenciosa e respeitosa autenticidade" de João Nunes Monteiro "atrai-nos para as suas personagens, que procuram a alma de uma forma que se aproxima do documentário." O festival assinalará também a estreia mundial da curta-metragem "By Flávio", uma coprodução luso-francesa realizada por Pedro Cabeleira e interpretada por Ana Vilaça, Rodrigo Manaia e Tiago Costa e do documentário "Nada Para Ver Aqui", de Nicolas Bouchez, em coprodução com a Bélgica e a Hungria.

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