Diรกrio de Bordo
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Hoje tem palhaçada no hospital? Tem sim sinhô! É de noite? É de dia? É no plantão da Terapia da Alegria...
”
Em outubro de 2003 uma trupe de jovens palhaços foi convidada para uma visita despretensiosa ao Hospital Municipal de Maringá. Com experiência no teatro de rua e arte circense, mal sabiam que iriam se apaixonar por esse novo universo. Foi assim que trocaram os palcos por quartos, uma grande plateia por poucos expectadores e os aplausos por pequenos sorrisos. Vestidos com jalecos de bolsos coloridos e novos adereços, nossos doutores palhaços desbravavam os corredores e geraram estranhamento, afinal o que fazem esses palhaços dentro do hospital? Apesar do questionamento, a trupe também provocou curiosidade porque todos queriam saber o que eles tinham a oferecer. O palhaço é um navegador de emoções. Ele transita entre o grotesco e o ridículo, é feito de encontros e como uma boa esponja absorve o momento e vive intensamente o agora. Foram tantos encontros nos últimos anos, tantos jogos de improviso, tanta troca genuína com pacientes, acompanhantes e funcionários que já não cabiam mais dentro dos bolsos de um jaleco. Por isso, surgiu o desejo de compartilhar algumas das experiências vividas nos hospitais e asilos. É com muito carinho que dedicamos a você nosso Diário de Bordo.
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Hudson Za
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E o palhaço, o que é? Essa é uma pergunta simples, mas que pode render milhares de respostas. Para trazer uma reflexão mais precisa lhe convidamos a voltar um pouco no tempo para entender a mudança que a arte do palhaço enfrentou, desde a sua função até os lugares onde esse personagem já atuou. Vamos lá? O surgimento dessa figura acompanha o desenvolvimento do próprio mundo. Os primeiros palhaços são encontrados na mitologia de diversos povos. Na egípcia, por exemplo, a divindade Bes é um deus anão muito diferente dos outros deuses porque era gordo, barbudo e um tanto quanto feio a ponto de se tornar engraçado. Já os povos nórdicos tinham o deus Lóki, uma figura muito esperta, trapaceira e provocadora de risos. O palhaço aparece ainda em outras mitologias como a indiana, grega, chinesa e etc. Passado esse período das mitologias, o palhaço também foi encontrado na figura de um ser mágico ou ritualista, ligado a diversas manifestações religiosas. No caso dos indígenas, por exemplo, ele recebe o nome de pajé
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ou xamã. No Brasil, antes da chegada dos europeus, tínhamos muitos palhaços como os Hotxuás da tribo Khahô que, inclusive, existem até hoje. Nas culturas orientais haviam muitos sacerdotes que faziam o que podemos caracterizar como um palhaço. Eles revelavam ao público pensamentos e sentimentos, estavam sempre pintados, vestiam roupas coloridas e bem ornamentadas, dançavam, cantavam e faziam diversos movimentos que encantavam, assustavam e divertiam. Para adiantar a história vamos seguir para o momento em que o palhaço começa a dominar as feiras medievais. Andando de cidade em cidade, eles se apresentavam em todos os cantos, passavam o chapéu para sobreviver e tinham muitas habilidades: equilibravam-se em barris, cuspiam fogo, faziam teatro e malabarismos. Enfim, chegamos à era moderna, quando os palhaços passam a viver na casa mais conhecida deles, o circo. Debaixo da lona e em cima do picadeiro, encontraram o lugar onde podiam mostrar toda sua habilidade, fazer rir e emocionar. Só que eles não pararam por aí. Do circo também foram para o teatro, cinema, rádio, televisão, internet e, para surpresa de muitos, entraram também nos hospitais.
No Brasil temos relatos de visitas de palhaços como Arrelia, Carequinha, Picolino e muitos outros, que alegraram pacientes internados. Apesar disso, somente em 1986 surgiu a figura do palhaço que imita o médico. Essa nova roupagem recebe várias definições, alguns chamam de doutor palhaço, de médico palhaço, besteirólogos, e assim por diante. Visto isso, voltamos novamente à pergunta: e o palhaço, o que é? Para nós, da Terapia da Alegria, o palhaço é um transformador de ambientes. Aquele que entra em um quarto de hospital onde uma criança está chorando e, quando sai, ela está sorrindo; aquele que entra em uma ala psiquiátrica onde as pessoas estão paradas e faz todos dançarem e cantarem; aquele que entra em um asilo onde os idosos estão quietos e faz com que todos comecem a contar suas histórias e memórias. Talvez seja isso, o palhaço é!
Alexandre
Penha
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Sorria, você está sendo curado... O ambiente hospitalar apresenta características que geram insegurança e ansiedade para quem precisa passar por ele. Não podemos esquecer que hospital é lugar de dor, sofrimento, espera e incertezas. Ao ser internado, o paciente interrompe sua forma habitual de vida e vivencia momentos que podem interferir diretamente no seu estado emocional. São vários os fatores que podem desencadear mudanças no humor e no comportamento. Entre eles, a alteração na imagem corporal, frustração na realização de desejos, ruptura do sono, uso de medicamentos coadjuvantes, procedimentos invasivos e isolamento social. Essa experiência
pode gerar transtornos em todas as idades, mas na infância tende a ser a mais traumática. A ausência do contexto familiar e, muitas vezes, a falta de um espaço lúdico atento às necessidades emocionais e de desenvolvimento da criança, gera ainda mais sofrimento. Num ambiente com características tão hostis, onde por vezes o que está em jogo é a sobrevivência, a sensação de proteção, carinho e cuidado tem efeitos valiosos na recuperação. Da mesma maneira que a criança quer se sentir segura, acolhida e encontrar um espaço em meio a tantas regras e urgências para conjugar o verbo que mais gosta, o brincar, os acompanhantes, enfermeiros e funcionários do hospital também querem ser ouvidos. Nesse contexto, o simples ato de estabelecer conexões simples com o outro pode minimizar momentos de dor, angustia e estresse, potencializando o bem-estar de todos. Por isso a ação do palhaço em hospitais é satisfatória. Com olhar sensível e mais atento, ele percebe não só a doença, mas também as demais necessidades. Dessa forma, consegue harmonizar as relações, transformar o ambiente e produzir efeitos positivos, diminuindo até mesmo o tempo de internação do paciente.
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Flaviana Nun
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As aventuras da vovó
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O asilo é o melhor lugar do mundo pra se ouvir histórias. Em meio a tantos encontros, uma pessoa muito especial, simpática e vivida roubou meu coração, a Dona Josina. Ela foi amiga de Dom Pedro I, conheceu de perto Napoleão Bonaparte e desbravou os sete mares à procura de tesouros. A cada encontro ela me contava uma nova aventura, um novo personagem da história, um pedacinho do mundo. Nesse sábado, porém, não encontrei minha amiga no quarto, nem nos corredores... Descobri que Josina não foi ao shopping, nem ao salão de beleza, ao baile da terceira idade ou ao cruzeiro do Roberto Carlos. A enfermeira me disse que Dona Josina foi promovida e mudou sua casa para o céu. Ela sempre dizia que eu era o único que gostava de ouvir as suas aventuras, mas agora os anjos podem ouvir as suas histórias. Triste? Não. Sinto-me um felizardo por conhecer a melhor contadora de histórias de todos os tempos!
co Drsi.lo LLuezcAmoorTdee Maringá A
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Uma princesa de jaleco
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Não acreditei quando a vi! Direto da parte mais encantada do hospital, surge ela. Nunca imaginei que conheceria uma estrela de cinema. Bom, não sei se é estrela mesmo por que estrela Fica no céu, né?! Eu sabia que conhecia esse rostinho de algum lugar. Quando o Dr. Adalberto apresentou ela para mim eu tive a certeza, era ela mesma! A bela, charmosa, fofa, estilosa e encantada enfermeira Fiona - como gostava de ser chamada. Ela não é verde, mas é tão simpática quanto a verdadeira. E o mais legal foi saber que vamos nos encontrar toda semana no hospital. Não vejo a hora de pedir alguns conselhos de beleza! Quem sabe assim consigo um príncipe encantado só pra mim!
ina Dra. lPMoulnaicipnal de Maringá Hospita
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Minoria
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Ao entrar no hospital encontramos os quartos da pediatria vazios, ninguém nos corredores e nem na sala de observação. A enfermeira Iza disse que as crianças estavam todas na brinquedoteca. Entramos cantando, brincando e nos apresentando. Foi aí que conhecemos a Júlia e a mãe dela, a Maria Gabriela e a mãe dela, a Rafaela e a mãe dela, a Natália e a tia dela, a Laís e a vó dela... Espera aí! Quando olhei ao redor só vi mulheres: enfermeiras, médicas e até a minha colega de plantão. Naquele dia eu era a minoria e sabia que falar de coisas de meninos não interessaria a ninguém. Por isso, o jeito foi brincar de barbie, de casinha e até vesti asa de borboleta e chapéu cor de rosa para parecer uma fada. Também falamos sobre receitas de bolo, corte de cabelo, cores de esmaltes, tendências da moda e Filmes de princesas. Aprendi algo com as meninas: “se não pode vencê-las, junte-se a elas!”
Dr. A
inelo h C e d é P dalberto ringá a
nicipal de M
Hospital Mu
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Barris de polenta
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Hoje no Pronto Atendimento conhecemos um italiano que gostava de falar alto e contar boas histórias de família. Fui logo me apresentando e já me sentia parte da família Barris! Papo pra cá, papo pra lá e o assunto chegou em comida italiana, hummm... Lasanha, ravióli, macarrão, etc. Mas a receita secreta da família, que passou de pai pra FIlho e dos FIlhos para os netos, é a Polenta da Mama. Tão saborosa que era possível servir no café da manhã, almoço, lanche e jantar. Comer o ano inteiro sem enjoar. Nessa conversa, ganhei novos amigos e descobri que os Barris são melhores com polenta do que com chopp.
rlindogá A é Z . r D arin unicipal de M Hospital M
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Manda quem pode Hoje o plantão estava tranquilo feito o peixinho do aquário da minha casa. O corredor e os quartos estavam limpos e o chão brilhava como uma calda de caramelo. Humm... Em um dos quartos, um lindo bebê nos recebeu em sua humilde residência hospitalar provisória. Com apenas seis meses de idade, demonstrou personalidade e determinação. Não é brincadeira não, é sério!
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Foi assim... Enquanto o Dr. Adalberto tocava o violão, eu soltava a chuva mágica de bolinhas de sabão. Até aí tudo bem, o problema veio quando a música parou e as bolinhas cessaram. Os olhos do pequeno Gustavo encheram de lágrimas e ele quase abriu o bocão! Ele não deixava a gente ir embora por nada, queria o violão, a música, as bolinhas de sabão e os palhaços. Não tínhamos outra saída, a não ser obedecer o dono do quarto e ficar mais um tempinho por lá. AFInal, manda quem pode e obedece quem é palhaço.
ina Dra.MPunoiclipaalnde Maringá Hospital
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Saldo Positivo
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Hoje teve futebol no corredor, pega-pega, desenho no papel e bolinha de sabão. No meio dessa diversão, a Isabely viu o Dr. Arlindo dando uma “bexigada” na minha cabeça... Vixi, ele não sabia com quem estava mexendo! Imediatamente, a pequena Isa deu uma bronca nele e disse: Negativo!!! A partir daí todo mundo começou a dizer: Negativo! Negativo! E o pobre Dr. Arlindo foi obrigado a pedir desculpas na frente de todos para garantir um saldo positivo com a Isa. Vai mexer com quem está quieto, vai...
larinaingá Dra.unC r icipal de Ma
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Miauuu...
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Quando entramos no quarto 105, ela se espantou ao ver os doutores de nariz vermelho, levantou a sobrancelha direita e deve ter pensado: “Quem são esses palhaços?” Antes de perguntar, já fui me apresentando: “Sou o Doutor Adalberto Pé de Chinelo, e você?” “Meu nome é Ágata e tenho quatro anos.” Depois de muita bate-papo, aquela doce garotinha virou nossa amiga e pediu até música. Escolheu “atirei o pau no gato” e quando cantamos “do berro, do berro que o gato deu”, ela soltou um “MIAUUUU” para todos ouvirem. Pronto, era só o que faltava para Ágata virar “a gata” do hospital.
Chinelo e d é P o t r e b l gá Dr. Ada al de Marin nicip
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Fura bolhas
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Quando passávamos pelo corredor ouvimos um chorinho que não parecia ser de dor. Curiosos, fomos em direção ao quarto e logo vimos a pequena Ana Júlia. Ela estava no colo da fisioterapeuta e enfrentava sessões de tapinhas nas costas e massagens no peito para mandar o catarro para fora. Quando entramos, a pequena Ana parou de chorar e ficou nos olhando desconfiada. Assim que surgiram as bolhas de sabão a expressão do rostinho mudou e ela começou a estourar uma por uma. O curioso dessa história foi que Ana Júlia escolheu um dedo em especial para estourar as bolhas. Não foi o mindinho, o seu vizinho, o pai de todos, o mata piolho, mas sim o fura bolo, ou melhor, o “fura bolhas”!
nática u L a n u L . a aringá Dr unicipal de M Hospital M
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Uma espinha no meu nariz
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Quando Fiz a curva no Final do corredor, dei de cara com a Nicole de quatro anos. Ficamos nos encarando em silêncio por longos cinco segundos até que ela tomou a iniciativa: - Você é palhaço, né? Eu logo respondi: - Não! Sou doutor. - Então o que é isso no seu nariz?! Retrucou a menina. Sem pensar, logo respondi: - Isso é uma espinha! Mudei de assunto e conversamos tanto que até tinha esquecido da pergunta dela. Na hora de ir embora a curiosidade daquela garotinha falou mais alto: - Doutor, palhaço também tem espinha? - Sim! E tem espinhas tão grandes que deixam o nariz todo vermelho! Respondi com propriedade no assunto! - Como vocês fiFizeram isso?
e Chinelo d é P o t r e b l a ringá Dr. Ad icipal de Ma n
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Hoje tem festa?
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Basta dar uma esfriadinha que o nariz vira um chafariz, a garganta começa a coçar e todo mundo passa a tossir. Conclusão: o hospital tinha tanta gente na recepção que logo perguntei: - Hoje tem festa?! Dentre as muitas “consultas” e visitas dessa noite, conhecemos uma linda menina chamada Bela. Os seus olhos brilharam com a presença dos doutores, que mais pareciam palhaços. Nossa consulta começou com uma entrevista e, para a nossa surpresa, descobrimos que no dia seguinte seria o aniversário da Bela. Agora já tínhamos os palhaços, os convidados e a aniversariante. A festa estava pronta! Numa só voz todos cantaram “Parabéns pra você...” e a alegria contagiou o hospital. Tive uma ideia! Na próxima vou levar bolo e refrigerante, vai que aparece outro aniversariante.
larinaingá Dra.unC r icipal de Ma
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Macacos me mordam!
Já vi de tudo no hospital. Vi criança que pisou em prego, que brigou com o cachorro, que caiu de bicicleta, que engoliu formiga, que levou picada de abelha no bumbum e por aí vai. Essa noite, porém, algo iria me surpreender. Um rapazinho, que estava sentado, esperava nervoso por uma injeção contra “raiva”. Logo me intriguei e perguntei quem o deixou tão raivoso? João Vitor, de 9 anos, me contou que passeava no parque com a família quando viu um bando de macaquinhos na árvore e resolveu dar comida. Abriu um pacote e ofereceu chips para o maior integrante do bando. De repente surgiu um filhote que chamou a atenção de todos. Era tão bonitinho que João desprezou o macacão e serviu o pequenino. O chefe dos macacos não gostou nada disso e, enciumado, mordeu a canela do menino e ainda roubou o pacote inteiro. Macacos me mordam! Que golpe baixo!
inelo h C e d é P o t Maringá Dr. Adalber nicipal de
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Graça!
Hoje Fizemos mais um plantão no hospital e havia muitas crianças, mas uma mereceu esse diário de bordo: Lorena, uma graça de menina. Entramos no quarto e nos deparamos com a pequena choramingando e reclamando de dor. Nada em nossa maleta parecia ter graça, nem a piada que era de graça. Desafinado e desengonçado, comecei a cantar e dançar pra ela. Quando menos esperávamos ela começou a rir das minhas gracinhas. A mãe da Lorena também caiu na gargalhada, então perguntamos seu nome: “Qual é a sua graça?!” E ela respondeu: “Maria das Graças”. A partir daí, tudo passou a ter graça de verdade e ao sairmos do quarto ouvi bem baixinho nossa paciente dizendo: “Mamãe, foi muito engraçado!” . Gracindo
Dr
ibeiro
do R n i R o d n i r Sor á
l de Maring
nicipa Hospital Mu
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CHÁqualhão!!!
Aquele foi um dia muito quente e preguiçoso, até as crianças estavam com “preguiça de ficar doente”. Por esse motivo, o hospital estava vazio como nunca antes tinha visto. Só que como sempre alguém surge e nos surpreende. Uma garotinha de oito anos tinha acabado de chegar com a sua avó. Papo vai, papo vem e, de repente, com uma preguiça do tamanho do mundo, abri o bocão de sono, pedi desculpas e me sentei na cadeira para descansar um pouco. O Dr. Cajuíno perguntou à avó se ela conhecia algum chá para acabar com a minha preguiça, e ela prontamente recomendou o “CHÁqualhão”! Não é que funcionou!
Lunáintigáca a n u L . a r D Mar Municipal de Hospital
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E agora, João?
O grande poeta brasileiro Carlos Dummond de Andrade tem um poema que acho muito legal, intitulado “José”. Eu acho que foi feito para um José... hehehe... E tem sempre uma pergunta muito direta para ele: “E, agora José?” Podemos dizer que nessa terça-feira foi um dia de um nome só, era tanto “João” que pensei que eles tinham dominado o Hospital. Tinha João Pedro, João Henrique, João Marcelo, João Carlos, quase mudei meu nome também. Parafraseando o poema de Drummond, aqui vai meu poema para os Joãos do hospital: E agora, João? o soro acabou você está forte você já sarou! E agora, João? É hora de ir embora. astanho
oC Dr. osCpitaaljMuuínnicipal de Maringá
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Fisgado pelo estômago
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Um bom pescador sempre improvisa, afinal não pode ter uma isca só para todos os peixes. Na clínica médica foi assim com o Sr. Laurindo, um nordestino arretado que não queria papo com ninguém. Até a sua Filha o chamava de rabugento e disse que esse peixão era difícil de pegar. Abrimos nossa maleta de doutores palhaços e parecia que tudo que tentávamos era em vão, mas eis que descobrimos o seu estranho gosto culinário: raposa na moquecada. Isso mesmo! Prato típico da sua região. Bom, daí em diante a nossa prosa gastronômica rendeu tanto que nem vimos o tempo passar. Não é que o peixe mordeu a isca! Quando chegamos, encontramos um paciente deitado, de cara fechada e encolhido na cama. Ao sair vimos o mesmo senhor sentado, sorrindo, pedindo desculpas e ainda agradecendo a visita.
de Bom a d u D . a Dr aringá nicipal de M Hospital Mu
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Compartimento secreto
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Dona Lazara sempre foi conhecida como Lazinha. Baixinha, com olhos claros e passos lentos, ela sempre fazia questão de nos acompanhar pelo pátio. Certo dia elogiei seu cabelo e, prontamente, ela puxou um pente de madeira. Depois falamos de Deus e um crucifixo apareceu em suas mãos, seguido do anel preferido e algumas joias que gostava. A conversa se prolongou e fotos, documentos, dinheiro, moedas, esmalte, caneta e clipes foram surgindo do nada. Até um pequeno chocalho entrou na história. Havia um mistério no ar, Dona Lazinha não usava bolsa, nem mochila, sacola e muito menos bolsos em seu vestido florido para guardar tantos objetos e adereços. Então de onde surgia tudo aquilo? Na hora de ir embora ela nos revelou que guardava tudo no bojo do seu fiel sutiã. Querida Lazinha, não se preocupe, o segredo está bem guardado conosco!
Told Dr. dPosoVlelihninhoos de Maringá
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Diabetes
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Pelos corredores do asilo um olhar atravessou o som do violão. Era seu Antônio que amava moda de viola caipira e veio logo me pedindo: - Moça, toque uma moda pra mim? Disse que estava aprendendo a tocar e que só sabia a música da “Borboletinha”. Ele respondeu sorrindo: - Essa música é pra mim: “perna de pau, olho de vidro e nariz de pica-pau”. Disse que não concordava com ele. Dessa música o que realmente merecia era o chocolate da madrinha. Mas, educadamente, seu Antônio recusou dizendo: - Agradeço minha filha, mas estou cuidando do meu diabetes.
ha Drad.osTVelinhinihnos de Maringá
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João e o Pé de Feijão
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Nosso plantão começou nos corredores do hospital. Dali fomos chamados às pressas para ajudar a equipe médica num procedimento pra lá de estranho. O paciente era o João. Sem querer, ele plantou um feijão no lugar errado, no seu próprio ouvido. Isso mesmo! E para piorar estava proibido de se mexer, senão o feijão escorregaria ainda mais à dentro. A colheita acabou virando uma grande pescaria. O pediatra com a pinça, a enfermeira segurando a cabeça e nós só na torcida. Ufa! No final deu tudo certo. E olha que essa não é história de pescador, pode perguntar para o João, aquele do Pé de Feijão!
uase Q a r a l C . gá Dra ipal de Marin nic
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Que língua é essa?
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Ela era loira, pele branca feito leite e olhos azuis feito o mar. Logo pensei que era gringa, tipo alemã, russa ou polonesa. Tentei me comunicar: - Oizovisk. Tudovisk benzovisk??? Ela me olhou estranho e quando achei que iria responder, ela tossiu pra mim: - Coff! Coff! Coff! Entendi que ela só falava o “tossês” ou “coffinês”, então comecei a tossir também numa tentativa de me comunicar... Foi quando ela conseguiu parar de tossir e começou a rir. Eu também ri, seus pais riram, a enfermeira riu e agora, sim, estávamos nos comunicando de verdade. Afinal, o riso é universal!
a Quagsá e r a l C . a r D arin unicipal de M Hospital M
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Conselho de amiga
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Dona Jô estava bem debilitada na cama, mas quando me viu foi logo perguntando: - Moça, você aceita um conselho? Respondi que sim, afinal bons conselhos não ganhamos todos os dias. Então, ela disse que hoje não existem homens como antigamente: cavalheiros, educados, românticos e trabalhadores. Depois da afirmação, Dona Jô contou que, felizmente, ela encontrou um “exemplar” raríssimo na sua juventude e que foi feliz no casamento. Viajaram, tiveram filhos e viveram um grande amor. Quando terminou a história, fez uma declaração dura pra mim: - Infelizmente você não terá esse amor. Sabe por quê? - Por quê? Perguntei entristecida. - Oras, porque esse foi o meu grande amor. Agora vai e procure o seu! Ual! Entendi o recado. A partir de hoje estou escrevendo a minha própria história, quem sabe um dia eu possa dar conselhos para moças mais novas.
ina Dra. CVelahpinithosodl e Maringá
Asilo Lar dos
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Num passe de Mágica
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Naquele dia o clima estava tenso, a enfermeira nos alertou sobre o último quarto do corredor. Havia um menino de 11 anos muito aborrecido por estar no hospital. Estava lá há quase três dias. Ele não queria falar com ninguém e muito menos tomar banho. Na porta fechada do quarto vimos alguns cartazes com os dizeres: não entre, não quero ver ninguém, proibido e etc. Entramos e tentamos de tudo, mas nada funcionou. O menino não queria papo mesmo, não queria ouvir música, não queria brincar e não queria falar. Estávamos de saída quando perguntamos se ele gostava de mágica. Para a nossa surpresa ele disse que sim, parecia um milagre! Fizemos um pequeno truque com bolinhas de espuma. Admirado com o resultado, pediu outro truque na mesma hora. Nesse momento, começamos a jogar. Falamos que era impossível ficar no quarto devido ao mau cheiro e que ele precisaria tomar um banho para ver uma próxima mágica. Antes mesmo de nos despedirmos ele já correu para o chuveiro. Minutos depois, ele nos chamou no corredor, com uma toalha no ombro e de banho tomado. Cumprimos nossa promessa, tiramos aqueles cartazes e deixamos a porta aberta. Quando a enfermeira viu o garoto de banho tomado, logo perguntou: a Quaingsáe) r a l - Como vocês fizeram isso? C . a r D tal Municipal de Mar - Foi um passe de Mágica! (Hospi Diário de Bordo
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Torre Wafer
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Recebi um “bom dia” curto e grosso, seguido de um olhar bem arregalado que observava atentamente tudo o que acontecia no pátio. Naquela manhã de sexta-feira, a ala feminina e a ala masculina de dependentes químicos estavam juntas. Puxei assunto com esse novo amigo e de repente, como que contando um segredo, disse: - Está sabendo da nossa primeira vitória? Disse que não. Ele me contou sobre o ataque das torres “gêmulas” nos Estados Unidos. Curioso, perguntei se foi ideia dele. A resposta foi um aceno de sim com a cabeça. Depois de alguns segundos ele disse: - Logo vamos ter nossa segunda vitória. Vamos derrubar a torre “Wafer”! Não resisti e retruquei: - Torre Wafer? A de chocolate ou de morango? Ele Ficou sem resposta. Sorte dos franceses, acho difícil achar essa torre no GPS.
nho a t s a C o n í Dr. Caju e Maringá iátrico d
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O casamento
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Ela não hesitava em nos contar que seu grande sonho era se casar com o apresentador Silvio Santos. Nossa amiga tinha 89 anos e toda vez que nos encontrávamos, no asilo, ela repetia seu desejo e falava detalhes da cerimônia. Não tivemos dúvida e, numa bela tarde de sábado, realizamos o tão sonhado casório no salão de festas do asilo. E teve de tudo: padre (palhaço), padrinhos (palhaços), banda (de palhaços), convidados (a maioria com mais de 80 anos) e, obviamente, o noivo Silvio Santos (ator convidado). A noiva estava muito bela de véu, buquê e com a sua cadeira de rodas toda enfeitada. O casamento foi lindo. Destaque para a declaração emocionante do nosso noivo Silvio Santos quando disse para a noiva: “Maaa ooeee, vem pra cá”. Eles disseram sim um para o outro. Alguns meses depois nossa amiga faleceu. Acreditamos que ela partiu feliz por ter realizado o sonho ou, talvez, tenha esquecido porque há tempos sofria de Alzheimer. Nós, porém, temos uma certeza: nunca esqueceremos.
é ArlMinarindgáo Dr. Z LuzAmor de Asilo
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Oh Suzana
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“Palhaços, acho que vou precisar de vocês!”, disse o médico nos chamando para entrar na sala de sutura. Lá conhecemos uma pequena garotinha chamada Suzana. Ela tinha cortado a testa e precisava de alguns pontos. Não pensamos duas vezes e começamos a cantar a famosa música com seu nome: “Oh Suzana, não chores por mim”. Todos falando ao mesmo tempo deixou-a agitada no colo de sua mãe e nosso amigo médico, vendo aquilo, disse para a pequena Suzana: “Olha, os palhaços vieram te ver.” A mãe, com muita delicadeza, respondeu: “Suzana, escute os palhaços, eles vieram brincar com você.” Foi uma surpresa para todos. A pequena paciente nasceu cega. Foi aí que todos ficaram em silêncio e voltamos a cantar: “Oh Suzana, lá lá lá...” Ela virou a cabeça para a nossa direção e parecia nos enxergar. Tenho certeza que ela nos viu, com os olhos do coração.
tanho s a C o n í u j Dr. Ca ipal de Maringá nic
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Boca Suja
Quem podia esperar aquelas expressões de uma doce senhora? Dona Irene tinha 68 anos e um rosto angelical, mas toda vez que abria a boca era uma enxurrada de palavrões. Ficamos surpresos e quase saímos à procura de sabão para lavar aquela boca suja. Foi a primeira vez que atendíamos uma paciente com Síndrome de Tourette, nome chique para uma doença feia, em que a pessoa não controla os impulsos e solta palavrões no meio das frases. Demos muitas risadas com Dona Irene, que além das “nobres palavras” sorria sem nenhum dente. O “gran finale” aconteceu na despedia. - Obrigada queridos palhaços! Vão com Deus, seus Filhos da @#$!$%!! Haja sabão!
iamoarrinegá DraP.siquM iátrico de M
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Mordida de Baleia
Choro no hospital é um som comum. Naquela tarde não foi diferente! Gabriel, de nove anos, tinha acabado de tomar uma injeção no bumbum e estava deitado na cama, ao lado da avó. Entramos no quarto e, chorando, ele nos contou o que tinha acontecido. Eu logo perguntei: - Doeu, né? - Igual mordida de formiga! Ele disse. - Dói muito mais! Igual mordida de abelha rainha, respondi. Gabriel olhou admirado. Acho que ele não imaginava o meu apoio, afinal, quase todos os adultos dizem que não vai doer. Ele falou que era igual mordida de Pit Bull. Devolvi dizendo ser igual mordida de cavalo. Gabriel aumentou para mordida de tubarão. Eu achei que era igual de hipopótamo. Entre uma mordida e outra, chegamos à conclusão que qualquer injeção dói como uma grande mordida de baleia. Quando a mãe dele entrou no quarto, nem deu tempo de cumprimentar e Gabriel já foi logo contando que tinha tomado uma injeção que mais parecia uma mordida de Baleia e que doeu a beça. o Castanho
Dr. CtaaljMuunínicipal de Maringá Hospi
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O Maior especialista de todos
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Nada no Hospital Psiquiátrico se compara com o Posto 1. Lá é possível encontrar de tudo, até especialistas bizarros. Conhecemos uma vez um senhor que era especialista em “manipulação de massas alimentícias”, que depois descobrimos ser padeiro. Também conhecemos um especialista em futebol carioca, era Flamenguista. Tinha especialista em piada, em cantada, em macarronada... Porém, um deles nos surpreendeu ao responder a minha pergunta: - Sr. Geraldo, o que o senhor faz aqui? - Nada. Não faço nada o dia todo e me tornei o maior especialista nisso! Todos os outros encontros que tivemos com ele eram baseados no “nada” daquele dia. Falávamos sobre fazer nada, falar nada, pensar em nada, ou seja, nada com nada, e assim rimos todas as vezes.
ha Dra.siquTiáatrticio nde Maringá
Hospital P
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Xuxa
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O nome dela é Terezinha e isso é importante, porque demoramos muito tempo para descobrir. Trata-se de uma senhora que tinha uma metralhadora de palavras na boca. Mal dava para entender. Dizia palavras embaralhadas, misturadas e, quase sempre, indecifráveis. Nos primeiros dias ela não ia com a nossa cara, até um dia me ver prender o cabelo e pedir o mesmo: - Faz no meu também? Após decifrar o que estava pedindo, peguei o meu amarrador de cabelo e prendi no melhor “estilo Xuxa”. A partir de então nossa relação mudou e ela também, porque passou a nos receber cantando “ILARIÊ” e se apresentando: - Lembra-se de mim? Sou a Xuxa! Meses depois, ela ganhou um par de meias do Dr. Cajuíno Castanho, já que estava muito frio e ela só tinha um chinelo. Em todas nossas visitas encontramos a “Tê” de cabelo amarrado e com as meias nos pés ou nas mãos.
ha Dra.siquTiáatrticio nde Maringá
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O melhor chá do mundo
Nossa rotina é simples: chega ao hospital, faz maquiagem, veste o jaleco, lava as mãos, conversa com os colegas de trabalho e pronto, partiu Pronto Atendimento. Depois é uma criança aqui, outra ali, adultos, jovens, adolescentes, idosos, cada dia uma surpresa. Porém nossas visitas não são apenas para pacientes e acompanhantes, não deixamos ninguém passar despercebido, nem os funcionários. Foi assim que me esbarrei no carrinho da querida Edna, uma das poucas autorizadas a dirigir sem carteira no hospital, afinal ela é a copeira. Ela é responsável por distribuir o melhor chá mate do universo hospitalar. Aquele chá quentinho, docinho, cor de caramelo e com um cheiro maravilhoso, indescritível! Só sei que por onde ela passa é um tal de Edna pra cá, Edna pra lá, Edna acolá. Ela bem sabe como conquistar corações e paladares com tanta simpatia, simplicidade e dedicação. Falando nisso, acho que está na hora do meu chá: - Ednaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!
a Bila m a M a l i á Dra. B l de Maring nicipa
Hospital Mu
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O conquistador
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Já ouvi muitas histórias boas, mas as melhores sempre encontrei no asilo. Foi lá que conheci o famoso senhor Crippa, isso mesmo, nome de garanhão. Ele me contou que já teve mais de cem namoradas na cidade onde morava, no interior de Santa Catarina. - As mulheres não resistem a minha voz e nem o meu olhar 43! Sem perder tempo, quis saber de todas suas ferramentas para conquistar mulheres. Confesso que tentei alguns de seus truques, que no meu caso não deram muito certo. Depois desse dia, passei a suspeitar que o seu Crippa foi o professor desses cantores conquistadores, como Roberto Carlos, Fábio Junior, Wando ou até o Wesley Safadão. - Foi um passe de Mágica!
co Dr. ALmeorcode MTearingá Asilo Luz
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Perfume francês
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Fiquei tão animado quando fui escalado para meu primeiro plantão no Hospital Psiquiátrico, que mais parecia um calouro na primeira aula, atento, observador e disposto. Meu colega de plantão, o Dr. Cajuíno, me passou todas as dicas e disse que eu deveria deixar uma boa impressão. Por isso me sugeriu um pouco de perfume e, como fazia tempo que não tomava banho, exagerei na dose. Nosso primeiro setor foi a ala feminina. Fiquei perdido no pátio com tantas mulheres que não davam bola pra mim, até que o meu colega disse: - Meninas, conheçam o palhaço mais cheiroso desse hospital! Socorro! Fui atacado por dezenas de mulheres que só queriam sentir o perfume desse Doutor Palhaço tímido que acabara de chegar para impressionar. Quase precisei de escolta para sair do hospital, mas posso garantir que deixei uma cheirosa impressão!
rdo Dr. Aiábtreicolade Maringá
Hospital Psiqu
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Autores
Aislan Coope – Dr. José Arlindo Alex Gonçalves – Dr. Leco Teco Alexandre Penha – Dr. Cajuíno Castanho Dani Baio – Dra. Tininha Diego Oliveira - Dr. Polino Told Ébila Madeira - Dra. Bila Mama Bila Flaviana Nunes - Dra. Duda de Bom Guilherme Versolatto – Dr. Abelardo Barbosa Hudson Zanoni – Dr. Adalberto Pé de Chinelo Lilian Gadani - Dra. Clara Quase Renata França – Dra. Miamore Patrícia Santos – Dra. Clarina Heloíse Machado – Dra. Polanina Giovanna Gasino – Dra. Capitulina Tálita Ortado – Dra. Luna Lunática Thais Couto – Dra. Tatinha Weglison Cavalaro - Dr. Gracindo Sorrindo Rindo Ribeiro Ilustração: Guilherme Match Secretariado: Bárbara Medeiros Revisão: Graziela Cavalaro Apoio Técnico: Marcelo Barroso Diagramação: Weglison Cavalaro Produção: Patrícia Sodré e Gabriela Ottoboni Diário de Bordo
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