CLEPSIDRA

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R o n e s Du mke

clep s idra O tรกv i o Du a rte

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clep s idra



R o n e s Du mke O tรกv i o Du a rte


Otávio Duarte e Rones Dumke: de poemas e de pinturas

“U

t pictura poesis: ... A poesia é como a pintura: uma te cativa mais se te deténs mais perto; outra se te pões mais longe; esta prefere a penumbra; aquela quererá ser contemplada em plena luz, porque não teme o olhar penetrante do crítico”. Horacio, Ars Poetica

Clepsidra, o título do livro que o leitor tem em mãos, nos remete ao passado: a um termo antigo que faz referência aos relógios d’água (relógio e água, tempo e fluidez), a querer medir o tempo que passa. Mas o significado completo do termo era “relógio de água para marcar o tempo atribuído aos oradores”. Como a água, que escorre quando circula pelo relógio, Clepsidra então representa esta passagem do tempo como a própria passagem da vida. Lembremos de Charles Baudelaire em O Relógio: [...] “Recorda: O Tempo é sempre um jogador atento Que ganha, sem furtar, cada jogada! É a lei. O dia vai, a noite vem; recordar-te-ei! Esgota-se a clepsidra; o abismo está sedento.” [...] (Charles Baudelaire, As flores do mal, “O Relógio”) Mas é importante não esquecer que “idra” (hidra), o sufixo de Clepsidra, é água, mas também evoca um monstro marinho, aquele que nos faz sempre refletir sobre a fragilidade da condição humana. A água e o tempo nos conduzem a Heráclito, que foi quem afirmou a soberania do tempo - aquele que jogava por jogar o jogo eterno das substituições, em conexão com os conceitos de mudança, de vitalidade e da perpétua mistura dos contrários. O eterno “vir-a-ser”: “tudo flui (panta rei), nada persiste, nem permanece o mesmo” (Heráclito). “O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel”, disse o filósofo Platão. E no século V d. C., Santo Agostinho escreveu: “O tempo é como um rio repleto de ocorrências. Sua correnteza é forte. Acaba de ocorrer algo e já é levado embora”. (Santo Agostinho, 354-430 d. C.). [...] “Mas o tempo é como um rio Que caminha para o mar. Passa, como passa o passarinho, Passa o vento e o desespero, Passa como passa a agonia, Passa a noite, passa o dia, Mesmo o dia derradeiro” [...] (Edu Lobo e Capinam) Mesmo sem estar muito à vontade, não sou crítico literário, este livro que mescla poesia e gravura nos provoca a buscar o poético embutido no tema da Clepsidra. O livro trata, sem dúvida, da passagem do tempo - mas é a passagem da vida que mais lhe interessa. Não sendo poeta, ainda assim tenho vontade de responder ao livro com poesia. É Baudelaire, mais uma vez, quem nos adverte que “a melhor crítica de um quadro poderá ser um soneto, ou uma elegia”. Incapaz de produzir minha própria poesia, peço licença para fazer falarem os poetas. Otávio Duarte e Rones Dumke são dois amigos, dois poetas - um da palavra, outro da imagem. Vejo entre os dois a mesma relação que havia entre os poetas e os pintores do Grupo Cobra, atuantes na Europa depois da Segunda Grande Guerra. Para eles toda a pintura era poesia, e toda a poesia era pintura; referiam-se ao seu público como leitores/espectadores. E é como leitores/espectadores que devemos fruir este trabalho, lembrando o que escreveu o pintor Constant (Constant A. Nieuwenhuys, 1920-2005): “As obras coletivas na produção do Cobra passaram a existir durante o período que gosto de chamar de o momento lúdico do movimento: o início da cooperação, no qual a pintura e a poesia eram vistas como formas de jogo. E o jogo se joga em conjunto”. Mas o jogo desenvolvido pelos membros do Grupo Cobra não tinha a elegância nem a exatidão que encontramos aqui. 4


As colagens de Rones e Otávio descrevem a “aventura humana”: a história do homem, desde o desenvolvimento do apreender o objeto até a excelência da atividade manual: “Giro o parafuso, comprimo a mola, engreno a roda. Aqueço a fornalha, represo a água, movimento as usinas” (Otávio Duarte) A mão marca no objeto o conteúdo do intelecto. O caminho de ambos é o do manual ao mecânico, do artesanal ao industrial, do analógico ao digital. O “Giro do parafuso” de Duarte é acompanhado pelo “Ciclo da Cidade da Arte e da Manufatura: o Hermes côncavo”, de Rones. A saudosa máquina de escrever há tempos foi substituída pelo computador - não mais datilografamos as palavras, digitalizamo-as. E Rones também substitui o ato de gravar, na madeira ou no metal, pelos meios mecanizados da fotocópia e da imagem digitalizada. Suas gravuras - as gravuras deste livro - são colagens digitais, que partem do procedimento manual para o digital. Quando a colagem surgiu, em 1912, com a experiência cubista, a intenção era fazer o real tornar-se ilusório. O mundo contemporâneo já compreendeu que tudo é ilusório: vivemos o momento do simulacro, onde o espectador que observa a obra é tão artificial quanto a obra observada. Desta maneira, a colagem se tornou elemento fundamental do universo pictural, do universo da representação. Tudo é colagem, tudo é simulacro. As colagens de Rones se apropriam de outras gravuras, geralmente aquelas de um mundo antigo, do tempo mesmo da clepsidra. São xilogravuras, calcogravuras, litogravuras, normalmente tomadas na sua reprodução de origem tipográfica ou impressão mecânica. Simulacros, elas reafirmam em nós esta consciência de “arte em segundo grau”, provocada pelos movimentos ditos “pós-modernos”. Uma consciência do esgotamento das possibilidades modernas. São formas de hibridação bastardas (como em Rauschenberg), resposta às complexidades do conhecimento e às complexidades dos problemas sensíveis. Do real quase bruto dos surrealistas, Rones passa a uma mistura da cultura e do cotidiano através da técnica sofisticada (nele) do tratamento digital - mas ainda assim gravura. Os sintomas “neo” ou “pós”, usuais na história da pintura, da literatura ou da música (e mesmo de outras artes), são características desta arte em segundo grau – uma espécie de memória da arte, de arte na arte. Desde os anos 80 que a arte cita a própria arte, numa forma de intertextualidade, por vezes tecendo um discurso sobre a criação artística. Em Kandinsky, Mondrian e Malevitch a arte criava suas próprias formas. No artista contemporâneo, ela cria formas citando outras formas, revisitando uma história que é a própria história da arte. Rones se concentra no símbolo e na narrativa, na relação entre o passado e o presente, a memória e sua perda, a vida e a morte. Lembra um projeto acadêmico de sublimação da história, mas ele busca a universalidade da forma, que foi esquecida pelos modernistas. Há uma forte tendência da arte do século XX em ressuscitar o “classicismo” nas suas mais diversas formas. Por vezes isto é entendido como um recuo conservador (como a “volta à ordem” pós-cubista, de Jean Cocteau). Mas em outros casos é notado apenas como apoio em “valores tradicionais”. Banida da arte contemporânea, a idéia de beleza foi buscar refúgio na publicidade e no design. Mas é o historiador da arte Edward Lucie-Smith quem nos lembra que “os valores clássicos na arte estão vinculados, na maioria das vezes, a uma adoração direta do corpo humano...”. Este projeto de Rones, que faz parte de um projeto universal, nasceu nos anos 70 como um desafio das vanguardas, mas com o rigor de uma preocupação simbólica característica da pintura essencialmente intelectual. Clássico - isto é, cujo valor foi posto à prova do tempo -, é uma análise do ver, tendo a arte como uma estrutura de linguagem que fale de si mesma, como uma citação. Apesar da grande semelhança com o método surrealista de Max Ernst na construção de suas colagens, não é o objeto ridículo que atrai a atenção de Rones Dumke. Historicamente ele está mais próximo de Giorgio De Chirico, que se rebelou contra o modernismo ainda nos anos 20. Rones retira seus personagens de uma mitologia atemporal, o que aufere a suas gravuras um sabor mágico e metafísico (como em De Chirico). Rones sempre foi afeito à figuração, desde suas pinturas dos anos 70, caracterizadas pela crítica e historiadora da arte Adalice Araújo como “pittura colta”. Estes anos 70 no Paraná foram de um retorno à figuração, do rompimento com a abstração que marcou toda a década de 60. Procurando a harmonia e a serenidade, mas sem abandonar o monumental e o solene da figura humana, Rones volta-se em direção à ética e à estética do classicismo. Depois do minimalismo e da arte conceitual, em forma ou idéia, não poderíamos fugir de uma obra de luto pela beleza. A sua precisão quase obsessiva, o rigor e as formas bem trabalhadas, o conteúdo moral, produzem uma nostalgia mágica, uma impressão de estranheza, “esta beleza que vem do abismo”, segundo Buci-Glucksmann. Ele, como também Otávio Duarte, são herdeiros do movimento pop, guardam em suas obras a melancolia pós-pop, não escapando também, por vezes, ao gosto pelo kitsch. A arte contemporânea carrega traços dessa melancolia, de uma atmosfera de sonho onde os seres são perfeitos, de um paraíso perdido - e por isso este luto impossível, sem redenção, esta sensação de perda sem se saber ao certo qual foi o objeto perdido. O que restou foi a ruína e o fragmento, a melancolia do pensamento, como diria Ficino, que nos conduz à meditação e à reflexão. Otávio Duarte é jornalista, homem da palavra, dono da linguagem que ele manipula à vontade. Seu livro anterior é todo prosa, este é verso - o que nos parece lembrar o pensamento de Guillaume Apollinaire (com apenas 18 anos): “A prosa, como é difícil! Fazem-se versos 5


muito mais facilmente”. A linguagem flui, os versos surgem como que espontaneamente, e lembrando ainda Apollinaire que, muito antes dos concretistas, proclamava que a poesia se encontra também nas mensagens publicitárias: “Enfim cansaste deste mundo antigo [...] Lês prospectos catálogos anúncios que cantam bem alto. É a poesia da manhã e para a prosa há os jornais [...] (Apollinaire, “Zona”) O recurso da linguagem poética para tratar da realidade cotidiana provoca a transfiguração desta realidade. A força da imagem que é gerada, a intensidade do seu sentimento, transforma com graça e elegância o ordinário, o banal, em poético. Não evoca as Musas, nem mesmo evoca Apollo, deus da luz e da beleza (que está, sim, presente): evoca Circe, a feiticeira - o poder da alquimia da linguagem, para metamorfosear a palavra em vida, e assim poder compreender o mundo. Como Rones, Duarte trabalha o fragmento, a alegoria, busca a exatidão, petrifica a palavra como se ela estivesse diante da Medusa. Fala da vida, mas inicialmente retirada do tempo e marcada pelo seu aspecto de permanência. Depois surge o poema-conversa, que sucumbe à beleza: “Racionalismo, desconstrução, surrealismo, poesia e esperança” (Otávio Duarte). A “aventura humana” tecida como uma nova teogonia. Além de jornalista, Duarte é pesquisador, escritor, poeta e leitor de romances históricos. O escritor Ítalo Calvino enfatizava que “entre os valores que gostaria fossem transferidos para o próximo milênio está principalmente este: o de uma literatura que tome para si o gosto da ordem intelectual e da exatidão, a inteligência da poesia juntamente com a da ciência e da filosofia.” (Ítalo Calvino, Seis propostas pra o próximo milênio) Duarte tem sua trajetória marcada pela influência clássica, assim como pela cultura pop e pelos meios de comunicação. Mas devemos lembrar que no início do século XX, Curitiba foi centro do movimento simbolista, foi a Nova Hélade com suas festas da primavera, e um intenso movimento literário de estética pós-romântica. Como Verlaine, Rimbaud ou Mallarmé, havia os paranaenses Emiliano Perneta, Silveira Neto, Tasso da Silveira, Andrade Muricy, e outros. Tivemos também aqui um Templo das Musas onde Dario Vellozo era o mestre, realizando “a festa de Clóris e a festa de Ceres: Delfos e Eleusis erguendo cânticos à fraternidade”. (Dario Vellozo, “Calendário universal”, 1913) Ambos, Rones e Otávio, são artistas conceituais, e esta obra é uma análise e uma reflexão sobre a perfeição e a harmonia - do passado, do presente, e até mesmo do futuro. Eles desenvolveram um trabalho complexo envolvendo questões igualmente complexas, e as resolveram através de uma “estética da complexidade”, que veicula a relação entre as artes e os seus meios, entre a arte e a sociedade – é o reencontro do ser, do sensível, dentro da obra de arte. Para abordar as grandes questões estéticas da atualidade, fazem uso de temas mitológicos e alegóricos, retirando fragmentos da antiguidade para com eles construir obras novas. Usam a liberdade da palavra e do traço, mas sempre uma liberdade contida. Ambos já tiveram anteriormente experiências semelhantes a esta. Rones fez quadrinhos junto com Valêncio Xavier; Otávio publicou Fanfarra Infante com Luiz Antonio Guinski. Têm a experiência da impossibilidade da tradução. Para Kandinsky nenhuma arte é transponível em uma outra arte. Não há tradução: “De minha parte, eu não posso imaginar pintar a música, ...”. (Kandinsky) Mas acredito que eles foram tentados. Christian Dotremont (1922-1979), outro membro do Grupo Cobra, dizia que houve três etapas no movimento. A primeira foi a da especialização: o pintor pintava e o escritor escrevia. A segunda, da interespecialização: o escritor e o pintor “pintavam” uma mesma obra - “pintura-palavra” ou “desenho-palavra”. A terceira etapa era a da antiespecialização: o pintor escrevia e o escritor pintava. Aqui, estamos na etapa da especialização. Mas Rones e Otávio muito se aproximaram da relação ideal: a atração pelo silêncio, o conceitualismo na abordagem de sutilezas filosóficas, estéticas ou artísticas, a postura contra o imediatismo, deram a unidade necessária ao trabalho. Numa leitura à primeira vista, imagem e texto nos fazem reconhecer alguma coisa. Num segundo momento, vem a sensação de estranheza, da percepção de elementos que são alheios ao contexto. Ambos partem do realismo, e misturam universos diferentes através da técnica da colagem e da citação. O termo colagem é difícil de definir. Podemos estar tratando do pictural, do musical, do verbal, do cinematográfico, e de outros mais - mas, com a colagem, estamos sempre nos referindo à ordem do poético, do retórico, do estético ou mesmo do histórico. É uma ordem metafórica, pois “tudo é colagem”. Mas aqui, nesta obra, nada é ao acaso. É assim que responde Otávio: “Aos dedos longos o polegar se opõe”. “A pintores e poetas sempre assistiu a justa liberdade de ousar seja o que for”. (Horácio, “Arte Poética”) Desfilam personagens antigos, clássicos e medievais, metaforizando os tempos e produzindo alegorias contemporâneas: Otzi, Ulisses e as Sibilas, Circe e as Moiras, o Cid e Gilles de Rais; miríades de estrelas, a água doce é o tempo para a música – “o cálculo, a métrica, a música” – mas a música antiga, o madrigal, música ao longe lembrando Arvo Pärt. Da música, como da fluidez das águas metamorfoseantes, somos conduzidos ao Mar de Ulisses e ao encontro de Circe: “Fundas águas, escurezas...”. E a lanterna mágica, ilumina ou produz fantasmas na “Nebulosa infiniteza”? 6


Mas Ulisses tem Penélope, o porto seguro no final da viagem. Em Circe procuramos a ciência ou a feitiçaria? Talvez a alquimia... Mas lembremos que são as Moiras que mantêm o fio da vida: “Vê com cuidado a tessitura”. Quem tece o tempo? E o destino? “Quem nos controla o caminho...”. Ephialtes, o pesadelo, nos lembra Goya: “os sonhos da razão produzem monstros”. Também Duarte, através do texto, fragmenta a imagem como Rones - ambos decompõem a realidade e figuram o tempo com hieróglifos e enigmas: “belo como o encontro fortuito de uma máquina de costura e um guarda chuva numa mesa de dissecação”. (Lautréamont, “Chants de Maldoror”) Memórias ou traços de memória, das ruínas do passado aos vestígios imaginados do futuro. Estas imagens fixadas, congeladas, que têm origem no mundo clássico, apresentam aqui uma solução barroca com o uso da alegoria. O real é destruído e desmistificado na sua beleza de totalidade ordenada. Ao fragmentar a realidade, a alegoria a desnuda e a apresenta em forma de ruína, de catástrofe. “A função do ideograma barroco não é tanto para explicar as coisas sensíveis, mas para desnudá-las”. (Walter Benjamin) Uma das formas de alegorizar um texto, ou uma imagem, é retirá-lo do seu contexto: “aquilo que é atingido pela intenção alegórica permanece separado dos nexos da vida; é, ao mesmo tempo, destruído e conservado. A alegoria se fixa a ruínas. Oferece a imagem da inquietação entorpecida.” (Walter Benjamin) A estética barroca aproxima também estas imagens, gráficas ou verbais, do “paradoxo” amoroso, descontínuo, próximo do arroubo e do maravilhoso (da metáfora barroca à metáfora surrealista). Das Sibilas, profetas ou pitonisas, “talvez demônios”, o Miserere, do tenha piedade de nós. As mulheres, reais no texto, são metafísicas ou mitológicas nas imagens – menina, moça, mulher: “Perdidas nos perigos da felicidade ...”. Segundo o também poeta paranaense Jaques Brand, “Otávio Duarte é um artista interessado em compreender a vida”. Ele quer compreender a condição feminina dessa “mulher emancipada, senhora do seu nariz, dona dos seus desejos e dos seus caminhos, que surgiu como Vênus das águas, pronta, depois de chutar o pedestal em que a colocamos...” (Jaques Brand, “Otávio novo em folha e todo prosa”). O valor apolíneo dos textos e das imagens, neste livro, não esconde a força dionisíaca. As “máquinas desejantes” de Marcel Duchamp, via Gilles Deleuze, são máquinas que operam na “constituição do mundo virtual” (segundo Félix Guattari). São seres sem órgãos, autômatos, corpos em pedaços, alegorias do corpo parcial. Simulacros, de que antes falamos: o afastamento da imagem, a perda do real, e a produção da “imagem falsificante”. Num mundo hipervisual, a reprodução da imagem ao infinito esvazia a própria imagem (como em Warhol). Depois da intrusão do banal, nas colagens de Braque e Picasso, e da dessacralização da arte com Andy Warhol, encontramo-nos neste momento na estética da melancolia, uma estética entre a amnésia e a anamnésia. Da amnésia herdamos o tudo é arte e o nada é arte; com a anamnésia (a anamnése Platônica) se quer reabilitar os valores do passado, reinscrever na obra contemporânea a memória da arte: “Criar não é comunicar, mas resistir” (Gilles Deleuze). “Encontre seu corpo sem órgãos, saiba fazê-lo, é uma questão de vida ou de morte, de juventude e de velhice, de tristeza e de alegria. É aí que tudo se decide”. (Deleuze/Guattari) Para Baudelaire, a “beleza” é a “mãe das lembranças”. E segundo Walter Benjamin, a história é uma ciência e uma rememoração mas uma rememoração poética - do mundo, sendo o fundamental do passado a recuperação das experiências perdidas – o que significa, para ele, o diálogo com os vencidos, tanto no campo estético como no artístico. “Os heróis não morrem mais de imortalidade como na tragédia grega, eles morrem”. (Buci-Glucksmann) “Toda viagem tem volta Toda vida é procura” (Otávio Duarte) “[...] “O que é a vida? Um frenesi, O que é a vida? Uma ilusão, uma sombra, uma ficção, e o maior bem é pequeno: que toda a vida é sonho, e os sonhos, sonhos são.” (Pedro Calderón De La Barca) Fernando A. F. Bini Professor de História da Arte. Crítico de Arte

Referências ALBERTI, Leon Battista. Da pintura, trad. de Antonio da S. Medonça, Campinas: Ed. Da UNICAMP, 1989. APOLLINAIRE, Guillaume. Escritos de Apollinaire, trad. de Paulo Hecker Filho, Porto Alegre: L&PM ed., 1984. BAUDELAIRE, Charles. Poesia e Prosa, org. Por Ivo Barroso, Rio de Janeiro : Ed. Nova Aguilar, 2002. BENJAMIN, Walter. A origem do drama barroco alemão, trad. Sérgio P. Rouanet, São Paulo: Brasiliense: 1984. BUCI-GLUCKSMANN, Christine. La raison baroque, de Baudelaire à Benjamin, Paris: Ed. Galilée, 1984. CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio, trad. de Ivo Barroso, São Paulo: Companhia das Letras, 1990. DELEUZE, Gilles (e) GUATTARI, Félix. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia, v. 3, trad. de Aurélio Guerra Neto, Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996. DUARTE, Otávio. Seis romances e uma pintura, Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001. GRUPO COBRA, Catálogo de Exposição, Casa Andrade Muricy, Curitiba: Secretaria da Cultura/Governo do Estado do Paraná, 2000. HORÁCIO. “Arte Poética”, trad. do latim por Jaime BRUNA, in A Poética Clássica, São Paulo: Cultrix, 2005, p. 65. LUCIE-SMITH, Edward. Os movimentos artísticos a partir de 1945, trad. Cássia M. Nasser, São Paulo: Martins Fontes, 2006.

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A

os dedos longos

O polegar se opõe. A mão apreende, pinça e empunha. Um osso, um galho, um carvão. Fazer, saber o mundo, extensão.

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O

s vermes catamos, os brotos comemos.

A carne morta e a doce ĂĄgua, onde estivessem. Agora, fazemos cĂĄlculos. Temos tempo para a mĂşsica.

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N

os abismos do mar perdeu-se meu Cid.

Todos já voltaram desse trabalho. Silente e angustiosa aguardo, a ouvir os cães. Na cozinha, as criadas riem Os gritos enchem a casa, o vinho escasseia A despensa esvazia, a porta do quarto resiste. Que propriedades no cartório, que saldo no banco esses brutos pensam que hão de achar?

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O

que o mar traz, modifico:

Transmutar minha essência. Dão-me os fados grandes valores Acréscimos a engrossar esta vara de porcos. Só o atilado, armador perene de artimanhas, Há de escapar à metamorfose Interromper aqui sua busca e amar Circe, Encantadora de homens. Jorre o vinho, asse a carne, dancem as mulheres: Odisseu encontrou seu porto.

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À

minha imagem e semelhança

O cálculo, a métrica, a música.

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E

ste monte eleva-se

Lรก em cima, um deus. Ampara-nos, Senhor. Aponta o rumo Dรก-nos o sentido Espanta a dor.

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F

rágeis somos.

De manhas e encantos temos de nos valer para suportar a força dos homens. Nossos olhos são lagos de ímãs Nossos fluidos, poções que a lua e as marés movimentam Nossos cheiros despertam odores, inquietações, angústias Nosso pensamento, uma serpente, os congela e faz perder. 25


T

ece os madrigais, tece-os profanos.

Suaves canções, danos e enganos. Todos os tons pedem por mais Luzes, fulgores, outros castiçais. Tudo que enleva antecipa entrega Frêmitos, tremores, terríveis ardores.

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P

elo vinho perdido e por si prรณprio precipitado

Partido o pescoรงo na queda do teto do palรกcio Elpenor, de jovens anos, aguarda nas funduras tua gentil visita, Ulisses.

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N

o prostĂ­bulo, as sereias

Medem tons, semitons e colcheias. Fecha meus olhos Tapa meus ouvidos Aplaca este anseio.

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D

as chamas, as sombras.

Labaredas saltam Imagens, suores, desejos, vis천es.

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N

este conv茅s, Flebas sentiu o jugo do destino.

Na onda que lhe quebrou os ossos O jogou ao mar e desfez todos os neg贸cios.

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L

uz t達o intensa n達o pode ser vista.

Um cisne, um touro, uma chuva de ouro. Um fulgor, o mirar do arcanjo.

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G

iro o parafuso

Comprimo a mola Engreno a roda Aqueço a fornalha Represo a água Movimento as usinas Estendo linhas Transporto energia Crio fábricas Faço a noite dia O grande pequeno O pequeno imenso Dos átomos, a dissolução

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V

ê com cuidado a tessitura.

É nossa a habilidade dos traçados Nossa tarefa, a colheita E o preparar os alimentos. Nós limparemos a casa Nós embalaremos a criança.

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D

as retas o quadrado

O triângulo perfeito. É o desvio que circula e volta Boca e cauda da serpente. 43


Q

uem nos controla o caminho

Estรก sempre pronto a cortar a corda. Frias damas, as Fatalidades Vestem-se de vidas roubadas.

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F

lores roxas, vermelhas, azuis, negras.

Cantos de pássaros hostis Bicos em curva, garras em mão, Olhos turvos, penas de chumbo, aves de pele. Feras de pedra a tremer a terra nas corridas Couro mais duro que a madeira, chifres Gêneros cruzados, esfinges, harpias, quimeras talvez demônios, gigantes comedores de homens, Seres que não sei.

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U

ma passagem de Beethoven prova a

existência de Deus? Também arte humana é o contraponto ateu. Medidas as coisas, o que somos? Um barco, uma casca ao léu? Uma canção nas chamas do inferno? Claro é o riso das crianças Claros os dentes da donzela Suave e macia sua pele. Em matemáticas a música se expande, Abarca o ar, cogita e cresce. Minha mãe criou-me de um romance Um torpor, intercurso, existência. E assim perdido neste mar avanço. Das esferas desdenho Das distâncias me espanto. Grande demais o universo, Imenso tanto.

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M

enina, o riso ocupa espaços

Faz virar as cabeças, aflorar sorrisos Clarear semblantes. A moça de corpo aprumado Quase displicente, ri Com desenvoltura calculada Do comentário ferino Da piada inocente Do próprio ser meio sem jeito. O marido foi-se Casados ou não os filhos, O tom é mais alto e amargo Entre as amigas Enquanto vão-se também Os martinis, o vinho branco E a cerveja. 51


U

m sou, dois a origem, quatro os avós

Oito, dezesseis e muito mais Até a fonte reduzir-se aos poucos do início. Deixa que te invada Conheça e compartilhe. Vimos de tão longe Solidão sempre.

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E

u faço o sinal da cruz, eu rezo o Pai Nosso.

Eu me prostro cinco vezes ao dia em direção a Meca. Eu bato a cabeça no Muro das Lamentações. Eu anulo a individualidade e quebro a cadeia dos renascimentos. Eu conheço perfeitamente a Posição do Lótus. Eu ofereço alimentos. Eu traço os gestos adequados. Eu sei os números sagrados. 54


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A

inda não eram terras etruscas, sabinas,

romanas, ainda não era a Itália. Ötzi, o caçador, sangrou até a morte nos Alpes, atingido nas costas por flecha certeira. Nas mãos, cortes, no corpo sinais de golpes. Ötzi deixou restos do sangue de outras pessoas na faca de pedra, numa ponta de flecha e na roupa de peles. Cinco mil anos descansou no gelo, até que o revirassem, tirassem amostras, investigassem e lhe dessem um novo nome.

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C

adeira de madeira, assento de palha trançada.

Faltam traves nas pernas, mas a dama equilibra-se. As costas pousadas no espaldar baixo. De que ponto é o trançado da saia longa? Sobre o escondido corpete, a blusa de seda florida cobre com justeza o peito, os braços. Caracóis, os cabelos descem sobre a nuca e as orelhas enfeitadas por precisos brincos. A cabeça protegida e adornada por peruca de pelo e madeira. Entrecruzados, repousam os pés, protegidos por sapatilhas do contato com o solo vil. Nem um só pássaro espreita Nem uma só fera ameaça. Escondido o astro-rei, vinga a penumbra. As árvores invernam. Se o vento as folhas farfalha, não podemos dizer. Ri, encantada, a nossa musa, a escrutar o mundo pela ciência. Perdida nos perigos da felicidade.

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P

ela ação de muitos Nemos navegamos.

Fundas águas, escurezas. Nos hubbles que construímos Imagens do que não sabemos Nebulosa infiniteza.

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E

m vastos jardins ingleses

de árvores roubadas em terras distantes, Gostaria de passar as tardes Enquanto as princesas habitam a tv e os tablóides. Se os mandamentos da sarça divina não cumprimos, É por puro tédio ou falta de tempo. Viva isso comigo e cante Enquanto mais algum império se desmancha. 62


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O

canto desafina

O trabalho nĂŁo apruma. Do fim a que destinam Saber ĂŠ o de menos.

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C

oncentrar, expandir:

Tudo o que é livre se agrega Tudo o que se junta solta-se Todos os astros se afastam Todas as cores dão branco Toda viagem tem volta Toda vida é procura

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Otávio Duarte and Rones Dumke: of poems and paintings

“U

t pictura poesis: ... Poetry resembles painting: some works will captivate you when you stand very close to them; others if you are at a greater distance; this one prefers a darker vantage point; that one wants to be seen in the light, since it feels no terror before the penetrating judgment of the critic.” Horace, Ars Poetica

Clepsidra, the title of the book now in the reader’s hands, takes us back to the past: to an ancient term that refers to the water clocks (clock and water, time and fluidity), to intending to measure the passing time. But the complete meaning of the term was “water clock for measuring time given to the orators”. As the water that flows when circulating through the clock, Clepsidra so represents this time passage as if the passage of life itself. Let us remember Charles Baudelaire in “The Clock”: “Remember, Time is a greedy player Who wins without cheating, every round! It’s the law. The daylight wanes; the night deepens; remember! The abyss thirsts always; the water-clock runs low.” (Charles Baudelaire, The Flowers of Evil, “The Clock”)

But it is important not to forget that “idra” (hydra), the suffix in Clepsidra, is water, though it also evokes a sea monster, the one which always makes us reflect on the fragility of the human condition. Water and time conduct us to Heraclitus, who stated the sovereignty of time – that which played just for the sake of the eternal game of substitutions, in connection with the concepts of change, vitality, and the perpetual mixture of opposites. The eternal “to become”: “everything flows (panta rhei), nothing stays fixed, neither remains the same” (Heraclitus). “Time is the moving image of (the unmovable) eternity”, said Plato. And in the 5th Century AD, Saint Augustine wrote: “Time is like a river full of events. Its current is strong. No sooner does something appear it is swept away again.” (Saint Augustine, 354-430 AD) [...] “But time is like a river That runs to the sea It goes by as the bird does, As the wind and despair pass by, It goes by as agony does, So does the night, so does the day, Even the final day does so” […] (Edu Lobo and Capinam)

Even not being totally at ease, as I am no literature critic, this book that mixes poetry and picture drives us into seeking the poetics contained in the theme of the Clepsidra. The book is doubtlessly about the passage of time – however it is the passage of life what most interests it. Not being a poet I still feel like answering the book with poetry. It is Baudelaire, once more, who warns us that “the best criticism of a picture may well be a sonnet or an elegy”. Incapable of producing my own poetry, I ask permission to make the poets speak out. Otávio Duarte and Rones Dumke are two friends, two poets – one with words, the other with images. I see between them the same relationship there was between the poets and painters of the Cobra group, who were active in Europe after World War II. For them every painting was poetry and every poem was painting; they referred to their public as readers/spectators. And it is as readers/spectators that we should enjoy this work, remembering what the painter Constant (Constant A. Nieuwenhuys, 1920-2005) wrote: “The collective works of the Cobra production came to existence in the period I like to call the playful moment of the movement: the beginning of cooperation, when painting and poetry were seen as kinds of game. And games are played in groups”. But the game which was developed by the Cobra group members did not have the elegance or the exactitude that we find here. The collages of Rones and Otávio describe the “human adventure”: the history of man, since the development of object learning to the excellence of manual activity: “I turn the bolt, press the spring and turn the wheel. I heat the furnace, contain the water, and move the power plants” (Otávio Duarte) The hand marks in the object the content of the intellect. The path of both is from hand-made to mechanical, from the craft to manufactured, from analog to digital. The “Turn of the Bolt” of Duarte is followed by the “Art and Manufacture City Cycle: the concave Hermes” of Rones. The good old writing machine has long been substituted by the computer – we do not type words anymore, we digitalize them. And Rones also substitutes the act of engraving on wood or metal by the mechanized means of photocopy and digitalized image. His pictures – the pictures on this book – are digital collages which go from manual procedure to the digital one. When the collage first appeared in 1912 with the Cubist experience, the intention was to make what is real become illusory. The contemporary world has understood that all is illusory: we live in the simulacrum moment, where the spectator beholding the work of art is as artificial as the work observed. Thus collage has become a fundamental element of the pictorial universe, of the representational universe. All is collage, all is simulacrum.

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The collages of Rones take on other pictures, usually those from an ancient world, from the very time of the water-clock. They are woodcuts, metal engravings, lithographs, usually taken from their original typographic or printed origin. Simulacra, they restate in us this awareness of a “second-degree art”, evoked by the so-called “postmodern” movements. An awareness of the running-out of modern possibilities. They are forms of bastard hybrids (as in Rauschenberg), an answer to the complexities of knowledge and to the complexities of the perceptible matters. From the almost blunt reality of the Surrealists, Rones moves on to a mixture of culture and daily life through the sophisticated technique (his) of the digital treatment – but still an engraving. The symptoms “neo” or “post”, common in the history of painting, literature or music (and even in other arts), are characteristic of this second-degree art – a kind of memory of art, of art into art. Since the 1980’s art has been quoting art itself in a form of intertextuality, sometimes drawing a speech on the artistic creation. In Kandinsky, Mondrian and Malevitch, art created its own shapes. In the contemporary artist, it creates shapes quoting other shapes, revisiting a history that is the very History of Art. Rones focus on the symbol and the narrative, in the relation between past and present, memory and its loss, life and death. It reminds us of an academic project for the sublimation of art, but he seeks the universality of shape, which has been forgotten by the modern artists. There is a remarkable trend in the art of the 20th Century in resurrecting the “classicism” on its most diverse forms. Sometimes it is understood as a conservative drawback (such as the post-cubist “return to order” by Jean Cocteau). However in other cases it is noticed simply as a support on “traditional values”. Banished from contemporary art, the idea of beauty sought refuge in publicity and in design. But it is the art historian Edward Lucie-Smith who reminds us that “the classic values in art are linked, most of the time, to a direct worship of the human body…”. This project by Rones, which is part of a universal project, appeared in the 1970’s as a challenge of the vanguards, though as strict as a symbolic concern that is a characteristic of the essentially intellectual painting. Classic – that is, of which value has stood the test of time – is an analysis of sight, having art as a language structure which speaks of itself, as in a quotation. In spite of the great similitude with Max Ernst’s surrealistic method in the construction of his collages, it is not the ridicule that draws attention from Rones Dumke. Historically, he is closer to Giorgio De Chirico, who rebelled against modernism as early as in the 1920’s. Rones borrows his characters from a timeless mythology, which confers his pictures a magical and metaphysical flavor (as in De Chirico). Rones was always keen to figuration, since his paintings in the 1970’s, characterized by the critic and historian Adalice Araújo as “pittura colta”. These 70’s in Paraná were marked by a return to figuration, by the rupture with the abstractionism that characterized the decade of the 1960’s. In the search for harmony and serenity, though not abandoning the monumental and solemn in the human figure, Rones turned towards the ethics and aesthetics of Classicism. After Minimalism and Conceptual Art, either in shape or idea, we could not escape a work of mourning for beauty. His almost obsessive precision, the strictness and the well-made shapes, the moral content, produce a magic nostalgia, an impression of awkwardness, “this beauty that comes from the abyss”, according to Buci-Glucksmann. He, as much as Otávio Duarte, is an heir of the pop movement; they keep in their works the post-pop melancholy, not evading, for some instances, the taste for kitsch. Contemporary art bears traits of that melancholy, of a dreamy atmosphere in which there are perfect beings from a lost paradise – that is why there is impossible mourning, one without redemption, this feeling of loss when it is not known what object was lost. What is left was ruins and fragments, the melancholy of thought, as Ficino would state, which leads us to meditation and reflection. Otávio Duarte is a journalist, a man of words, owner of the language that he freely manipulates. His previous book is all in prose, this one is in verse – what reminds us of Guillaume Apollinaire’s (then just 18 years-old) thought: “Prose, so difficult it is! Verses are made much more easily”. Language flows, and the verses come up in a spontaneous fashion, and yet on Apollinaire’s thoughts, much before the Concrete Poets, he claimed to find poetry also in publicity works: “You are weary at last of this ancient world” [...] “Handbills catalogues advertisements that sing overhead Furnish your morning’s poetry for prose there are newspapers” [...] (Apollinaire, “Zone”)

The resource of poetic language to deal with daily reality leads to the transfiguration of this reality. The power of the image that is generated and the intensity of its feeling transforms gracefully and elegantly the ordinary, the banal, into poetic. It does not evoke the Muses or even Apollo, god of light and beauty (who is indeed present): it evokes Circe, the sorceress – the power of the alchemy of language, to metamorphose word into life, and thus to be able to understand the world. As Rones, Duarte works the fragment, the allegory, he seeks exactitude, and he petrifies the word as if it were before the Medusa. He speaks of life, though at first drawn away from time and distinguished for its aspect of permanence. After that comes the talk-poem, which surrenders to beauty: “Rationalism, deconstruction, surrealism, poetry and hope” (Otávio Duarte). It is the “human adventure” woven as a new theogony. Besides being a journalist, Duarte is a researcher, a writer, a poet and a reader of historical romances. The writer Italo Calvino emphasized that “Among the values I would like passed on to the next millennium, there is this above all: a literature that has absorbed the taste for mental orderliness and exactitude, the intelligence of poetry, but at the same time that of science and philosophy.” (Italo Calvino, Six Memos for the Next Millennium) Duarte has the course of his work distinguishably marked by classic influence, as much as by pop culture and by the means of communication. But we must point out that in the beginning of the 20th Century Curitiba was the center of the Symbolist movement, it was the New Hellas with its spring parties and an intense literary movement of post-romantic aesthetics. As Verlaine, Rimbaud or Mallarme, there were the Paraná artists Emiliano Perneta, Silveira Neto, Tasso da Silveira, Andrade Muricy, and others. Here there was also a Temple of Muses where Dario Vellozo was the master, hosting “the party of Chloris and the party of Ceres: Delphos and Eleusis raising their songs to fraternity”. (Dario Vellozo, “Calendário universal”, 1913) Both of them, Rones and Otávio, are conceptual artists, and this work is an analysis and a reflection on perfection and harmony – of the past, of the present, and even of the future. They have developed a complex work involving equally complex matters, and have resolved them by means of a “aesthetics of complexity”, which conduces the relation between arts and their means between art and society – it is the reencounter of the being, of what is perceptible, inside the work of art. To approach the great aesthetic matters of the present Day they make use of mythological and allegoric themes, taking fragments of ancient times to build new works out of them. They use the freedom of words and lines, though an ever held back freedom. They have both already had previous experiences which resemble this one. Rones drew comics along with Valêncio Xavier; Otávio published Fanfarra Infante with Luiz Antonio Guinski. They have the experience of the impossibility of translation. To Kandinsky no art is transposable into another art. There is no translation: “From the way

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I see it I cannot imagine painting music,…” (Kandinsky) But I believe it appealed to them. Christian Dotremont (1922-1979), another member of Cobra, used to say there were three stages in their movement. The first one was specialization: the painter painted and the writer wrote. The second one was inter-specialization: the writer and the painter both “painted” the same work – “paintingword” or “drawing-word”. The third stage was anti-specialization: the painter wrote and the writer painted. Here we are, in the stage of specialization. But Rones and Otávio have gotten quite close to the ideal relation: the attraction by silence, the conceptualism in the approach of philosophic, aesthetic or artistic subtleness, the posture against immediacy, gave the necessary unity for their work. In a reading at first sight, image and text make us recognize something. In a second moment comes the feeling of awkwardness, of the perception of elements that are apart from context. They both start from realism and mix different universes by means of the techniques of collage and quotation. The term collage is difficult to define. We might be issuing the pictorial, the musical, the verbal, the cinematographic, or many others – but, with collage, there is always a reference in the order of poetics, rhetoric, aesthetics or even History. It is a metaphorical order, for “all is collage”. However, in this present work, nothing is by chance. This is how Otávio replies: “To long fingers the thumb opposes”. “To painters and poets alike the license has always been given to dare anything.” (Horace, Ars Poetica) A parade of ancient characters, both classic and medieval, drawing metaphors of the ages and producing contemporary allegories: Ötzi, Ulysses and the Sibyls, Circe and the Moirae, the Cid and Gilles de Rais; myriads of stars, the sweet water is the time for music – “the calculation, the metric, the music” – but the ancient music, the madrigal, a distant song reminding of Arvo Pärt. From the music, as from the fluidity of metamorphous waters, we are led to the Sea of Ulysses and to the encounter with Circe: “Deep waters, darkness...”. And the magic lantern, does it illuminate or does it produce phantoms in the “nebulous infinity”? But Ulysses has Penelope, his safe port at the end of his voyage. In Circe do we seek science or sorcery? Perhaps alchemy... But let us remember that it is the Moirae who control the thread of life: “See the weaving carefully”. Who weaves time? And destiny? “Who controls our path...”. Ephialtes, the nightmare, reminds us of Goya: “the dreams of reason produce monsters. Duarte also – throughout his text – fragments the image as Rones does – they both decompose reality and figurate time with hieroglyphs and enigmas: “As beautiful as the chance meeting on a dissecting-table of a sewing-machine and an umbrella!”. (Lautréamont, “Chants de Maldoror”) Memories or signs of memory, from the ruins of the past to the imagined vestiges of the future. These fixed, frozen images, which have their origin in the classic world, represent here a baroque solution with the use of allegory. The real is destructed and demystified in its ordered wholeness beauty. When fragmenting reality, the allegory strips it down and presents it in the form of ruin or catastrophe. “… (Walter Benjamin) One of the ways into allegorizing a text or an image is to draw it from its context: “that which is reached by allegoric intention remains separate from the nexuses of life; it is at the same time destructed and preserved. The allegory holds on to ruins. It offers the image of numb inquietude.” (Walter Benjamin) The Baroque aesthetics also draws these images, both graphic or verbal ones, closer to paradox – a loving, discontinuous, fling-like and marvel-like one (from baroque metaphor to surrealistic metaphor). From the Sibyls, prophets or pythonists, “perhaps demons”, the Miserere, from the “have mercy on us”. The women, who are real in the text, are metaphysical or mythological in the images – child, girl, woman: “Lost in the dangers of happiness…” According to another poet, from Paraná, Jaques Brand, “Otávio Duarte is an artist who is interested in understanding life”. He wants to comprehend the feminine condition of this “emancipated woman, owner of her body, her wishes and her ways, who came out as Venus did of the waters, ready, after kicking away the pedestal on which we had placed her…” (Jaques Brand, “Otávio novo em folha e todo prosa”). The Apollonian value of texts and images on this book does not hide its Dionysian force. The “wanting machines” of Marcel Duchamp via Gilles Deleuze are machines which operate in the “constitution of the virtual world” (according to Felix Guattari). They are beings without organs, automats, bodies in pieces, allegories of a partial body. Simulacra of which we have spoken: the growing distance of image, the loss of what is real, and the production of the “forging image”. In a hyper-visual world, the reproduction of image to infinite empties the image itself (as in Warhol). After the intrusion of banal in the collages of Braque and Picasso, and the “disacramentalization” of art with Andy Warhol, we find ourselves at this moment in the aesthetics of melancholy, some aesthetics in between amnesia and anamnesis. From amnesia we have inherited the “everything is art” and the “nothing is art”; with anamnesis (the Platonic anamnesis) the idea is to rehabilitate past values, to re-inscribe in contemporary works the memory of art: “Creating isn’t communicating, but resisting” (Gilles Deleuze) “Find your body without organs. Find out how to make it. It’s a question of life and death, youth and old age, sad­ness and joy. It is where everything is played out.” (Deleuze/ Guattari) To Baudelaire, “beauty” is the “mother of memories”. And according to Walter Benjamin, history is a science and a remembrance – though a poetic remembrance – of the world, being fundamental in the past the recovery of lost experiences – what means, to him, the dialogue with the defeated, as much in the aesthetic as in the artistic realms. “Heroes no longer die in their immortality as they did in Greek Tragedy, they do die.” (Buci-Glucksmann) “Every voyage has its comeback Every life is a search” (Otávio Duarte) “[…] What is life? A madness. What is life? An illusion, a shadow, a story. And the greatest good is little enough: for all life is a dream, and dreams themselves are only dreams. (Pedro Calderón De La Barca)

Fernando A. F. Bini Professor of Art History. Art Critic June 2008

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References: ALBERTI, Leon Battista. Da pintura, trans. Antonio da S. Medonça, Campinas: Ed. Da UNICAMP, 1989. APOLLINAIRE, Guillaume. Escritos de Apollinaire, trans. Paulo Hecker Filho, Porto Alegre: L&PM ed., 1984. BAUDELAIRE, Charles. Poesia e Prosa, org. by Ivo Barroso, Rio de Janeiro : Ed. Nova Aguilar, 2002. BENJAMIN, Walter. A origem do drama barroco alemão, trans. Sérgio P. Rouanet, Sao Paulo: Brasiliense: 1984. BUCI-GLUCKSMANN, Christine. La raison baroque, de Baudelaire à Benjamin, Paris: Ed. Galilée, 1984. CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio, trans. Ivo Barroso, Sao Paulo: Companhia das Letras, 1990. DELEUZE, Gilles (e) GUATTARI, Felix. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia, v. 3, trans. Aurélio Guerra Neto, Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996. DUARTE, Otávio. Seis romances e uma pintura, Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001. COBRA GROUP, Exhibition Catalogue, Casa Andrade Muricy, Curitiba: State Bureau of Culture/ Paraná State Government, 2000. HORACE. “Arte Poética”, trans. from latin by Jaime BRUNA, in A Poética Clássica, Sao Paulo: Cultrix, 2005, p. 65. LUCIE-SMITH, Edward. Os movimentos artísticos a partir de 1945, trans. Cássia M. Nasser, Sao Paulo: Martins Fontes, 2006.


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English version: Regina Alfarano

Long fingers

Are opposed by the thumb. A hand grasps, pinches, and grips. A bone, a twig, a piece of charcoal. Doing, perceiving the world, extending. 74


Worms are picked up, sprouts are swallowed up.

Dead meat and fresh water, wherever found. Now, it is time to calculate. We have time for music.

In the sea abyss my Cid got lost.

All have returned from that job. Silently anxious I await, listening to the dogs. In the kitchen the maids laugh The house is filled with loudness, wine is growing scarce, The pantry is growing empty, the bedroom door resisting. What real estate at the notary’s, how big a bank balance The brutes imagine they will find?

I change whatever the sea washes ashore:

Transmuting my essence. Fate has given me great values Additions incorporated to this drove of pigs. Only the shrewd, for ever concocting stratagems Will be free from metamorphosis Break their search here and love Circe, The man-enchanter. Let the wine be poured in, the meat roast, and the women dance: Odysseus has found his port.

Calculus, metrics, music

In my own image.

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This mount climbs

Up above, a god. Lord, behold us. Show us the way Give us meaning Free us from pain.

So fragile we are

Enchantment and ingenuity will help us cope with men’s force. Our eyes are pools of magnets Our fluids, potions moved by the moon and the tides Our smells trigger odors, unrest, anxieties Our thought, a serpent, freezes them and fades them.

Weave madrigals, weave them profane.

Soft songs, damage and disillusion. Every shade demands brighter Light, glare, other candlesticks. The enthralling also anticipates surrender Fluttering, shivering, appalling burning.

For the wine that was lost, and himself, so inattentive,

His neck broken when he fell from the palace ceiling Young Elpenor awaits in the depths your amicable visit, Ulysses. 76


In their brothel mermaids

Measure tones, semi-tones, octaves. Blind my eyes Obstruct my ears Appease my yearning.

From the flames, the shades.

Blazes raise Images, sweat, desire, visions.

On such deck Phlebas felt the bondage of fate.

The wave that broke his bones Tossed him into sea and effaced all businesses.

Such bright light cannot be envisaged.

A swan, a bull, drops of gold as rain. A glare, the gazing of an archangel.

I turn the screw, I press the spring, I gear the wheel.

I heat the furnace, I dam water, I move power plants. I carry power, I stretch lines, I set up working plants. I turn night into day, small into big, small into immense. From atoms, dissolution. 77


Carefully watch the context.

We hold the skill to draw the lines Harvesting is our task As is food preparation. We shall clean the house We shall lull the child.

Straight lines draw a square

A perfect triangle. The detour circling round and returning The mouth and tail of a serpent.

Those watching our path

Are always ready to cut the rope. Cold madams, Fatalities, Dressed in stolen lives.

Purple, red, blue, black flowers.

The singing of hostile birds. Curved beaks, hands in claws, Turbid eyes, lead feathers, skin birds. Stone beasts make the earth tremble in their race Leather harder than wood, horns Crossed genres, sphinxes, harpies, chimeras, Demons maybe, giant men eaters, Beings I know not. 78


Is a passage by Beethoven proof of God’s existence?

Atheism counterpart is also human art. All things measured, what are we? A boat, a husk adrift? A song in the flames of hell? Clear is the smile of the child Clear are the teeth of the virgin Soft and gentle her skin. Music expands mathematically, Embracing the air, reflecting, growing. My mother gave me birth from a romance Torpor, intercourse, existence. And adrift in that sea I move on. Contemptuous of spheres Astonished at distances. Such vast universe, Such immensity.

Girl, laughter takes up spaces

Turns heads, raises smiles Clears composure. The young lady in straight countenance Smiles, almost recklessly In calculated naughtiness At a cruel comment A naïve joke Or the very clumsiness of being. The husband’s gone His children married or unmarried, The pitch higher and bitter Among girl friends As also gone Are the martinis, the white wine And the beer.

I am one, I come from two, grandparents were four

Eight, sixteen, and many more Until the source slowly narrows down to the first. Let it take you over Learn and share. We come from such distance Solitude for ever.

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I make the sign of the Cross, I pray Our Father.

I kneel down five times a day towards Mecca. I lament on the Wailing Wall. I cancel individuality and break the chain of rebirths. I am fully aware of the Lotus position. I offer foods. I draw the proper gestures. I know the sacred numbers.

No Etruscan, neither Sabine or Roman lands yet. No Italy yet. Ă–tzi,

the hunter, was hit in his back by a well-aimed arrow, bled to death in the Alps. Cuts in his hands; signs of blows in his body. Ă–tzi left blood remains of other people in the stone knife, on an arrow tip, and in the skin garment. Five thousand years had he been resting in ice before he was manipulated, investigated, had samples taken, to then be given a new name.

A wooden chair, straw wick seat.

The legs are not firm, but the lady finds her balance. She lies down on the low chair back. How was the long skirt wick-stitched ? Over the hidden vest the flowery silk blouse tightly covers her bosom and arms. Hair curls fall over her neck and ears beautifully adorned with precious earrings. Her head protected and embellished by a fur and wooden wig. Her feet lie intercrossed, protected by pointe shoes from the vile ground. Not a bird at sight Not a beast to stir a fright. In hiding the king star avenges twilight. Trees hibernate. No one can tell if leaves are blowing in the wind. Delighted, our muse smiles, as if scientifically exploring the world. Lost amid the dangers of happiness. 80


By the action of many Nemos we sail on.

Deep waters, darkness. In the hubbles men have built Images of the unknown Nebulous infinitude.

At ample English gardens

with stolen trees from distant lands I’d love to spend my afternoons While princesses crowd the TV and tabloids. Divine garden Commandments have been broken, From sheer boredom or lack of time. Share this with me, and sing While elsewhere some empire falls apart.

The song is out of tune

The work is out of shape. To the purpose to be met Knowledge counts the least.

Concentrate, expand:

Every free being aggregates Every aggregated being turns loose All stars draw away All colors go blank Every journey has a return Life is an ongoing search. 81


Agradecimentos Greetings Amarílis Puppi Conceição Kaili Célia Ester Busarello Carolina Machado Michelotto Fábio Michelotto Valéria Marques Teixeira Fabian Schweitzer Ficha técnica Credits Elaboração do projeto Project development:

Mônica Drummond

Marketing cultural Cultural marketing:

Cultural Office

Edição e organização Edition and organization:

Otávio Duarte Poemas Poems:

Otávio Duarte

Colagens Collages:

Rones Dumke

Texto de apresentação Presentation Text:

Fernando A. Bini

Revisão de texto Text revision:

Michele Mueller

Versão dos poemas para o inglês Poems english version:

Regina Alfarano

Versão para o inglês English version:

Fábio Alberto e Silva

Projeto gráfico Graphic project:

Guilherme Zamoner

Produção gráfica Graphic production:

Guilherme Zamoner

Tratamento de imagem Image treatment:

Computer Arte

Impressão Printing:

Maxigráfica

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira Biblioteca Pública do Paraná D u a r t e, O t á v i o. C l e p s i d r a / p o e m a s d e O t á v i o D u a r t e ; R o n e s D u m k e ; t e x t o d e a p r e s e n t a ç ã o d e Fe r n a n d o A. Bini. – Curitiba : Ed. Rainha Louca, 2008. 8 4 p. : i l . ; 3 0 x 3 0 c m I S B N ? ? ? ? ? ? ? Te x t o t a m b é m e m i n g l ê s. 1. Arte moderna – Séc. XX – Brasil. 2. Poesia brasileira – Paraná. I. Dumke, Rones. II. Título. CDD (22ª ed.) 759.981

2008, 1ª edição

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, transmitida ou gravada, por qualquer meio mecânico, eletrônico, por fotocópia ou outros meios sem a prévia autorização, por escrito, dos detentores do copyright.

Incentivo:

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Marketing cultural:

Projeto gráfico:


Otávio Duarte clepsidraod@gmail.com

Nasceu em Campo Mourão, Paraná, em 1953. Morou em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e voltou a residir em Curitiba. Livros publicados Alice - poemas Noticiário dos Heróis – romance Fanfarra Infante - poemas e contos Seis Romances e Uma Pintura – contos Imagens da Evolução de Curitiba (em parceria com Luiz Antonio Guinski) He was born in Campo Mourão, Brazil, in 1953. He lived in Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro and came back to Curitiba. Publishe books: Alice – poems Noticiário dos Heróis – romance Fanfarra Infante – poems and short stories Seis Romances e Uma Pintura – short stories Imagens da Evolução de Curitiba [Images of Curitiba’s Evolution] (in partnership with Luiz Antonio Guinski)

Rones Dumke

ronesdumke@hotmail.com www.ronesdumke.com.br Nasceu em Curitiba em 1949. Freqüentou atelier de Carlos Scliar. Participou do 28º e 30º salões paranaenses, recebendo o prêmio Secretaria da Cultura e do Esporte como Melhor artista paranaense no 37º salão, de 1980. Em 1976, exibiu na galeria Paulo Prado, em São Paulo, e a convite de Roberto Pontual expôs no Arte Agora I, no Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro. Também como convidado, participou da mostra “Artistas do Brasil”, na embaixada do México em Brasília em 1979. Em julho do mesmo ano recebeu o prêmio Museu de Arte Contemporânea do Paraná na Iª Mostra do Desenho Brasileiro (SEC/DAC – Curitiba). Uma sala especial foi-lhe dedicada por Ennio Marques Ferreira em 1980 por ocasião da II Mostra do Desenho Brasileiro. Sua obra foi aos Estados Unidos em 1982 por meio do comitê Paraná-Ohio, National Association of the Partners of the Alliance, Inc-USA-Ohio. Lançou a série “Curitiba/ Caprichos” na galeria Simões de Assis em julho de 1984. “Emblemas/ Labirintos Culturais” (1991) e “Curitiba Alusiva” no espaço IBM (1993) tiveram a curadoria de Cassiana Lacerda. Vieram a seguir “Clones de Rones” no Solar do Rosário (1996), “A cidade da arte e da manufatura” no Memorial de Curitiba (1999) e “A Carne dos Deuses” no MAC (2002), com poema de Antonio Cláudio Carvalho. Em março de 2005, inaugurou seu primeiro mural, no bloco de pós-graduação e extensão do Centro Universitário Positivo (Unicenp). Suas obras se encontram em coleções particulares no Brasil, França, Estados Unidos, Grã-Bretanha e em acervos de museus locais. He was born in Curitiba in 1949. He frequented Carlos Scliar’s atelier. He participated in the 28th and in the 30th Paraná Salons, receiving the Bureau of Culture and Sport award for Best Paraná Artist in the 37th Salon, in 1980. In 1976 he exhibited at the Paulo Prado gallery in Sao Paulo, and at the Museum of Contemporary Art Arte Agora I, in Rio de Janeiro, invited by Roberto Pontual. He was also invited to the show “Artists from Brazil” at the Mexican Embassy in Brasília, in 1979. In July of the same year he received the Paraná Museum of Contemporary Art award at the I Brazilian Drawing Exhibit (SEC/DAC – Curitiba). A special room was reserved for his works by Ennio Marques Ferreira in 1980 in the event of the II Brazilian Drawing Exhibit. His works were taken to the United Sates in 1982 by the Paraná-Ohio Committee, National Association of the Partners of the Alliance, Inc-USA-Ohio. He inaugurated the series “Curitiba/ Caprichos” at the Simões de Assis Gallery in July 1984. “Emblemas/Labirintos Culturais” (1991) and “Curitiba Alusiva” at the IBM space (1993) had the curatorship of Cassiana Lacerda. Then came “Clones de Rones” at the Solar do Rosário (1996), “A cidade da arte e da manufatura” at the Curitiba Memorial (1999) and “A Carne dos Deuses” at the MAC (2002), with a poem by Antonio Cláudio Carvalho. In March 2005 he inaugurated his first mural, at the Post Graduation and Extension facility of the Unicenp (Positivo University Center). His works can be found in private collections in Brazil, France, United States, United Kingdom, and in local museums collections.

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Este livro Clepsidra utilizou fontes da família Didot e foi impresso em papel couché matte L2 170 gramas, da Companhia Suzano, nas oficinas da empresa Maxigráfica, de Curitiba, no inverno de 2008.

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E d i ç õ e s Rainha Louca 88


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