PALADAR MADURO: Desafiando a língua
UFRJ/EBA Desenho Industrrial Matheus dos Santos Lima de Oliveira 118062627 Design Básico 1 / Seminário de Design 1 Jeanine Geammal e Pedro Themoteo 2021 / 1º período
sumário Legenda Introdução Maçã Melancia Morango Ameixa Goiaba Fruta do Conde Kiwi Caqui Couve Mamão Banana Brócolis
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AMARGO UMAMI AZEDO
AZEDO
SALGADO DOCE
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Introdução O projeto surgiu de um questionamento/provocação que talvez pareça algo comum, até meio óbvio. "Você tem fome de que?" e as respostas foram todas comidas, por motivos de relação direta. Pizza de calabresa, batata frita com bacon e, se couber, (embora não caiba nem mesmo a pizza) um pão com mortadela. Tudo, obviamente, muito bem acompanhado por um refrigerante. Pronto, estou cheio! Porque satisfação é apenas para os educados à mesa como os engravatados de grandes empresas e socialites da elite social. Na barriga, a sensação de fartura e prazer com aquilo que gosta de comer faz um bem danado. Essa fome literal, dolo-
rosa, de algo vital para a vida, eu nunca senti. Assim, penso de imediato no que significa a palavra para mim, quando estou com fome, eu sinto a vontade e desejo de alguma coisa . Aqui, dessa vez, fico no campo dos alimentos e minha alimentação. Um passo atrás para reflexão do poder da pergunta e contextualizá-la dentro do ambiente que estamos todos vivendo. Sigo com a palavra "fome", penso na dualidade de significados. Temos o lado visceral, em que a palavra se torna um estado de ser. A fome que enfraquece, deprime e auto consome a quem esteja nessas condições e, ao mesmo tempo, aquela que eleva um instinto natural de luta. Um
estado que definiu povos que passaram por esse terror e hoje tem traços em sua cozinha que são uma memória dessa tal situação. Como a China, que tem iguarias como escorpiões, baratas e outros insetos. Estranhos hábitos alimentícios adquiridos que, para alguns, são fruto de cegueira quanto aos conceitos e valores sobre o que é comida. Mas, para aqueles que de fato sentiram a fome, foi, talvez, um meio único de sobreviver. O outro lado que entendo com essa palavra, parte de um sentido reflexivo, fome aqui, deixa de ser um estado que condiz com a biologia e se converte em emocional e espiritual. Apesar do estômago satisfeito, essa fome 5
segue pela necessidade de algo, seja ele material, imaterial. Dentro desse tipo de fome ainda cabe inúmeras outras, já que o objetivo final é saciar essa fome pode ser de qualquer coisa. Em seguida a análise da palavra "fome", sigo para o trecho "de que?". Entendi aqui, que a provocação me convidou para me observar em qual fome eu sinto atualmente e a partir dela, como vou me saciar. Acho interessante pensar no sentido contrário e busco o que sacia antes, para entender o que me completa, e logo depois, perceber o que me falta. A sociedade da qual faço parte é rodeada de saciedade, abundância e prosperidade em
alguns setores. A escala Industrial que chegamos atualmente proporcionou um meio de vida rodeado por saciedade e abundância de informação, tecnologia, produtos, serviços e assim segue (e cresce mais ainda no momento de pandemia que escrevo esse texto) desenvolvendo uma "fartura social". Esse contexto na alimentação não é diferente e conta muito sobre as dinâmicas ao longo da história. Os alimentos ultraprocessados, ao longo dessa expansão industrial, ganharam protagonismo na dieta humana e na saúde. Esses tipos de alimentos ganham espaço pela praticidade de consumo e durabilidade do produto e assim, promovem um
tipo de alimentação imediatista. Sempre à disposição; pouca intervenção de preparo, no que se entende como cozinhar, assar, fritar e assim em diante; e exagerado em sabores, resulta em satisfação rápida da fome e assim, ingerimos junto com a satisfação, uma enorme quantidade de açúcar, de sódio e outras tantas substâncias nocivas usadas para dotar as comidas de superpropriedades sensoriais atraentes, supergostos para supergozos rápidos. Esses mesmos atrativos sensoriais para alguns alimentos causam efeito reverso, em maioria que tem procedência orgânica. As características da alimentação mudaram conforme as mu6
danças sociais e, por sua vez, os alimentos se transformaram e influenciaram na dieta da sociedade. Essa saciedade moderna segue com os ultraprocessados como primeira opção e seu consumo retroalimenta essa escolha na e de sociedade. Um ciclo infinito como esse, em primeiro plano, faz jus à reflexão do tipo de satisfação do apetite. Entretanto, excluiu de muitos indivíduos partes essenciais de uma dieta balanceada e toda a diversidade cultural que envolve a comida, as formas de se comer e os próprios alimentos. Aqui fica o ponto que sacia e assim descubro o que falta. É a comida que nos come! A fome que eu encontro está as-
sociada a um tipo novo de satisfação que se contradiz em sua função, em que ela provoca uma exclusão e desvalorização dos alimentos. Tal acontecimento de causa e consequência atinge de início crianças e caso siga junto ao amadurecimento da pessoa, íntegra para a manutenção dessa condição alimentar social. Assim o nome Paladar Infantil devido a faixa etária atingida e que faz parte do processo de alimentação de muitos adultos durante as décadas com a presença dessa saciedade que causa fome. O paladar que forma o indivíduo em diferentes aspectos sociais além da alimentar, fica com uma lacuna, que a longo prazo, pode ser sentido. A falta de vitaminas e o risco de diabetes e pressão alta são
problemas reais à frente daqueles com essa condição, além disso, barreiras sociais se erguem nos processos e momentos de socialização durante a formação de núcleos familiares, amizade e de trabalho. O ambiente da alimentação exerce mais que só o papel de poder comer ali, ele funciona como um local coletivo para uma troca de experiências. Os grandes eventos como festividades e feriados assim como, encontros de casais e amigos em restaurantes usam do comer como forma de reunião e assim construir momentos singulares em pluralidade. O que o tipo de paladar mencionado causa é uma expansão do que se restringe a pessoa em decor-
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rência desse leque alimentar. Como o comer vem muito associado a essa coletividade, para aqueles restringidos, o "cardápio" do evento é definitivo e em caso de uma não harmonização, quebra - se logo o pilar principal para a socialização. A comida mais uma vez vira o vilão e vira um monstro que come as oportunidades para a evolução social e cultural. São memórias, conexões e oportunidades perdidas apenas por não corresponder com o gosto comum. As paredes se constroem e a distância aumenta e traz algumas sensações desconfortantes como vergonha, insegurança e de não pertencimento tanto numa localidade quanto entre as pessoas. As
repetidas situações que se depara provoca o contorno sobre algumas delas, faz parte rotineira mas nunca vira costume esse conjunto anti social e cultural. Mais um fator que converge no movimento cíclico do paladar infantil, ao consumir alimentos ultraprocessados o super prazer tenta substituir as correspondências socioculturais de uma mesa e gera uma falsa fartura contra uma mesa e pessoas prontas para te saciar. Na contradição estabelecida do que se saciam e a fome que gera é o ponto que encontro um lugar de pesquisa, investigar e experimentar a fome infantil por amadurecimento do paladar na alimentação.
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MAÇÃ
Achei bem interessantte!!! Foi logo a primeira e achei tudo muito prático, é só morder. Um gosto sutil de doçura porque é bem aguada e tem uma teextura arenosa que não cehegou a me incomodar No fim já tinha mordido duas vezes e como não estou acostumado, parte da casca não desceu e cuspi da boca depois. Essa pode valer comer mais vezes.
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MELANCIA Essa aqui foi uma quebra de expectatica, não de um jeito ruim, olha que surpresa. Bonita ela é, tenho que adimitir e isso me deixou interessado já em provar. Ai foi que eu errei, abri um bocão, aquela mordida sincera e... cade melancia? A fruta não nem um segundo na boca, “derrete” toda que n da tempo nem de mastigar. Tirando eu quase me afogando de tanta água, ela segue a maçã num doce meio aguado mas a textura é muito mais legal, tão macio que desaparece!!!
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MORANGO Fruta muito da agradável, estava robusta, gorduchinha e brilhante. Ótimos requisitos para flertar com um jovem adulto.Não deu outra, mais uma vez uma bela mordida e que recompensa!!! A doçura é boa demais e não é atoa que, eu já gosto de sobremesas com morango. O diferencial mesmo foi a crocância que as sementes minúsculas proporcionam e esse combo enntre sabor e textura, não tem jeito, aprovação garantida!
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AMEIXA Eu nem sabia que ameixa era fruta mas cada dia é uma oportunidade de aprenderr algo novo e comer nesse caso. Dei uma mordida honesta, o problema que ela retribuiu com tanta água que de instante era tudo escorrendo pelo queixo. Eu nem prestei atennção no sabor. Na segunda já estava preparado e que ótima sequência, doce o suficiente pra compensar toda a água nela. Equilibrada e suculenta!!!
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GOIABA Aqui vem uma história triste. Ao cortar um pedaço dela, o aroma tomou conta do quarto e me lembrou barraca de fruta das feiras de rua e com toda essa presença só me bastava aproveitar. Foi tão macio quanto morder um pudim, consistente mas desmancha numa leveza. Até que vem a semente dura que nem pedra, sabor muito estranho comparado ao cheiro e no fim um soco de amargura da semente novamente. A careta foi histórica, franzi o rosto todo e veio a primeira ânsia de vômito. Frustração!!!
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FRUTA DO CONDE
A gente come com os olhos primeiro e nessa aqui foi exatamente isso, por fora ela é linda, cheia de relevo meio bruta dee se pegar. O problema foi quando abriu e outra coisa apareceu, o fruto era tão mole que parecia meleca. Apesar disso segui em frente, achei curioso que ela não se morde por que o fruto está em volta das sementes. Então eu chupei uma semente, quem diria, parecia uma bala também pela doçura!!!
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KIWI A casca bizarra toda cabeluda me deixou com pé atrás de início mas segui firme. A perseverança não foi bem recompensada, infelizmente. Maciez normal como de outras frutas provadas antes, quando não é bom em um quesito o outro se destaca pra balancear. Não, um azedo horroroso na boca que me deixou fazendo um bico e todo tenso. Passo!!!
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CAQUI As mais belas nem sempre são as mais gostosas, fica aqui outro aprendizado. Toda curvada, uma casca finíssima o que indica que toda ela é fruto e assim, suculência. Tudo verdade, quando cortei ela estava mais que mole, outro nível esquisito foi alcançado. A fruta tava pegajoso ou algo parecido. Não foi diferente na boca, eu não conseguia mastigar direito e ela escapava lá dentro até que foi no fundo da boca e era o que faltava. Outra ânsia de vômito!!! Tirando esse detalhe da textura, bem docinha!!! 40
COUVE Não teve jeito, eu fujo, enrolo e descarto tem mais de vinte anos e aqui estou. Chegou o vegetal e não tinha visual bonito que ajude apesar preparo nas mãos de minha mãe com uma temperada com alho mas como dito em outras, eu fui na coragem. A textura de folhas não me ganha e como digo a minha família, eu me sinto uma Girafa e não de um jeito bom. Textura ruim, gosto salgado que tanto faz e sabor nada bom!!!
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MAMÃO O tanto que vi em cafés da manhã de novela e hotéis eu me sentia até íntimo da fruta, muito bonita por sinal. Essa não deu pra ser direto na boa ou com a mão, primeira e única que usei um talher para comer. Muito consistennte eu diria, textura macia boa e doçura boa. Comecei a rir da minha falta de coordenação pra manusear a fruta com a colher. Boa!!!
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BANANA Descascar a banana é tão natural quanto respirar, claro que não foi a primeeira vez mas, acho curioso a sensação que isso me passa. Uma pena que a parte legal ficou por ai mesmo, a mordida foi boa e o gosto também. O problema, como na maioria das vezes, foi a textura. Conforme eu fui mordendo a fruta foi formando uma massa densa na boa e tava impossível de engolir. No final das contas, eu me senti um senhor de idade comendo uma papa ou purê!!!
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BRÓCOLIS Esse aqui é impraticável, incomível. Eu simplesmente não consigo e não me orgulho mais disso mas é a verdade. O que eu posso dar de positivo é a textura, o que já é muita coisa, realmente bem macio ao morder e segue assim durante tudo. Os sabores não convencem e só assustam minha boca. Nada mais Paladar Infantil do que chegar ao fim selar com a última ânsia de vômito!!!!
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