R$ 2,00 (outros Estados R$ 3,00) - www.otempo.com.br - Belo Horizonte - Ano 24 - Número 8543 - Terça-feira, 5/5/2020
GLOBO/DIVULGAÇÃO
m.
Gastos. Sem recursos, Estado contrata 108 especialistas para a Seplag. Página 11
CORONAVÍRUS > PANDEMIA
Prefeito condiciona medida a isolamento e vai multar quem não usar máscara ¬ A adesão rigorosa dos belohorizontinos ao isolamento nas próximas duas semanas será determinante para que a pre-
feitura possa flexibilizar o funcionamento do comércio na capital a partir do dia 25 de maio, segundo o prefeito Alexandre Kalil. Ele
prevê uma abertura lenta e gradual, mas que deve ocorrer apenas se a população permanecer isolada. Kalil também anunciou
que a PBH vai multar, a partir da próxima semana, quem descumprir a determinação do uso obrigatório de máscaras. Página 3
Flávio Migliaccio, 85, é achado morto em seu sítio no Rio. Página 17
LITERATURA Cronista de alegrias e tristezas, Aldir Blanc morre de Covid. Página 16
Perspectiva
Minas chega a 90 mortes, e pico da doença ainda é incerto
Abandono ÍNDIOS APROVEITAM VISITA DE MINISTRO A MANAUS PARA REIVINDICAR APOIO E MAIS PROTEÇÃO.
¬ Com 2.347 casos confirma-
dos e 89 mil investigados, Estado muda previsão do auge de infecções para 6 de junho, mas secretário admite que pico pode até não ocorrer. Página 5
Página 7
Entrevista exclusiva
FCA retomará produção na 2ª quinzena ¬ Antonio Filosa, presidente
FRED MAGNO
da FCA, prevê retorno gradual das operações no Brasil e afirma que investimentos do grupo serão mantidos. Página 7
Contaminação
Diligências
RITMO DE CRESCIMENTO É SETE VEZES MAIOR NO INTERIOR DE MG.
PGR determina depoimento de ministros em inquérito da PF
Página 4
Estudo APENAS UM EM CADA CINCO INFECTADOS TEM SINTOMAS.
Fila sem fim. Ampliação do horário não evitou novas aglomerações em agências da Caixa ontem, com as pessoas tentando resolver pendências para receber os R$ 600. Página 8
¬ Procuradoria solicitou ainda
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oitiva da deputada Carla Zambeli (PSL-SP) na investigação que apura interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Página 12
Betim
Alinhados
PROFISSIONAIS DE SAÚDE SERÃO ACOLHIDOS EM LOCAL ESPECÍFICO.
Novo diretor da PF troca chefia no RJ
Página 2
Página 12
EDMAR BARROS/FOLHAPRESS
Reabertura do comércio terá início dia 25, diz Kalil
TELEVISÃO
2 | O TEMPO BELO HORIZONTE | TERÇA-FEIRA, 5 DE MAIO DE 2020
Coronavírus
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Cobertura especial
Por causa do avanço da doença causada pelo novo coronavírus, O TEMPO criou uma editoria especial para tratar do assunto. Acompanhe também a cobertura no portal O Tempo e na rádio Super 91,7 FM.
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PANDEMIA
Profissional da saúde em Betim terá acolhimento especializado PREFEITURA DE BETIM/DIVULGAÇÃO
Trabalhador da área com sintoma da Covid será atendido em unidade exclusiva ¬ FLÁVIA JARDIM ¬ A partir desta semana,
profissionais da saúde de Betim, na região metropolitana, que tenham sintomas do novo coronavírus serão atendidos em uma unidade específica. O serviço foi estruturado pela prefeitura no anexo do Centro de Referência Regional de Saúde do Trabalhador (Cerest), no bairro Brasileia. Os agendamentos começaram a ser feitos ontem, e os atendimentos terão início nesta quinta-feira. Profissionais de saúde que apresentarem sintomas como febre, tosse, coriza e dor de garganta poderão agendar o atendimento pe-
Covid na saúde
19 casos de trabalhadores da área em Betim são apurados
2 do total de 19 já tiveram a confirmação da doença
lo telefone (31) 3531-3799. Segundo a município, a equipe – formada por dois infectologistas, um médico do trabalho, uma enfermeira e dois educadores físicos – está sendo treinada para atender os trabalhadores. “Os profissionais da rede pública de saúde que apresentavam sintomas já eram testados nas próprias unidades, mas, agora, temos uma estrutura específica para acolhê-los diretamente, assim como o trabalhadores da saúde de Betim que atuam na rede privada”, afirmou o secretário adjunto de Gestão da Saúde, Augusto Viana. “Eles vão ligar para o Cerest e agendar um horário. Durante a consulta, o profissional será acolhido e receberá as orientações médicas. Também será feita a coleta para o exame”, complementou. O material coletado será encaminhado para análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed), seguindo os critérios de prioridade. “O trabalhador de saúde com síndrome gripal vai aguardar o resultado do exame em casa, mantendo o isolamento domiciliar por 14 dias. O resultado será enviado para o profissional por e-mail em até cinco dias, mas nossa expectativa é diminuir esse tempo”, informou a diretora de Gestão do
Cuidados com idosos são redobrados ¬Uma comissão de profissio-
Capacitação. Equipe que irá atender profissionais da saúde está sendo preparada nesta semana
Trabalho e Educação em Saúde, Vivian Alves. De acordo com Viana, a partir da consulta no Cerest, o profissional já será colocado em isolamento ou, dependendo dos sintomas, será encaminhado para as unidades do município que atendem paciente com coronavírus: o Hospital de Campanha ou o Centro Materno-Infantil. “Caso o
resultado do exame dê negativo, ele poderá voltar ao trabalho”, detalhou. No isolamento domiciliar, o trabalhador receberá ligações da unidade de assistência para monitoramento do estado de saúde dele. Se ocorrer evolução da doença, a orientação será a de procurar a UPA mais próxima. “O diferencial de Betim é que, além
de atender os trabalhadores do SUS Betim, a unidade fará o atendimento de trabalhadores residentes em Betim, das redes pública e privada. Nosso compromisso é cuidar da saúde de quem está na linha de frente da pandemia. Trabalhador da saúde também adoece, e é fundamental que ele tenha o cuidado adequado”, pontuou Vivian.
Educação infantil
JOSÉ AUGUSTO ALVES
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cial. “A equipe pedagógica da educação infantil fez a preparação desse conteúdo para que as crianças não fiquem tão ociosas em casa”, disse o secretário da pasta, Pedro Pinto. De acordo com ele, desde 18 de março, a secretaria vem alimentando a plataforma com conteúdos educativos voltados para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos e para o público da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Cerca de 50 mil acessos já foram feitos na platafor-
Adaptação Espaço. Para prestar a assistência ao trabalhador da saúde e garantir a segurança dele, o anexo montado no Cerest pela prefeitura foi adaptado com área de isolamento e entrada exclusiva.
Saiba mais
Estudantes já podem acessar conteúdo Já estão disponíveis para os alunos da rede de educação infantil de Betim, na região metropolitana, atividades lúdicas e educativas para que eles possam, juntamente com suas famílias, acessar de casa. Desde março, por causa da pandemia da Covid-19, os estudantes da rede municipal estão de férias. Segundo a Secretaria de Educação, a iniciativa busca amenizar os efeitos provocados pelo isolamento so-
nais da saúde iniciará visitas às nove Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) de Betim, na próxima semana, para orientar sobre a prevenção à Covid-19. “Os idosos demandam uma atenção especial devido à fragilidade deles”, salientou a referência técnica em saúde do idoso Cristiane Kisman. Várias medidas já são adotadas nesses locais desde março, atendendo normas municipais. Um curso será ofertado a profissionais das ILPIs. Interessados podem ligar para 35123357 ou enviar e-mail para rtidosobetim@gmail.com.(Dayse Aguiar)
ma desde março, segundo o gestor. “Infelizmente, nem todos os alunos têm acesso à internet em casa, mas eles não serão prejudicados. São conteúdos complementares, não são aulas online”, salientou Pedro Pinto. O site de acesso é o www.semed.betim.mg.gov.br. Thiago Silva, do sexto ano do ensino fundamental, já fez várias atividades online: “É legal, algumas têm jogos que ajudam a entender a matéria”. (José Augusto Alves)
Thiago Silva, do sexto ano do fundamental, já fez várias atividades
0 Seleção. O conteúdo foi escolhido conforme a fase de aprendizagem: “Foi pensado no que os alunos estudam durante o ano”, disse a superintendente de Ensino Fundamental, Luciane Campos. 0 Conteúdo. “A plataforma oferece brincadeiras, contos e atividades lúdicas, que visam estimular as habilidades e fortalecer o vínculo familiar na quarentena”, informou a superintendente de Educação Infantil, Marilene Pimenta.
O TEMPO BELO HORIZONTE| TERÇA-FEIRA, 5 DE MAIO DE 2020 | 3
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Flexibilização na capital deve começar no próximo dia 25 Alexandre Kalil disse que medida depende do comportamento da população ¬ LUCAS MORAIS ¬ Após encontro com 23
dirigentes municipais da região metropolitana de Belo Horizonte sobre a pandemia do coronavírus, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou que a flexibilização do isolamento social deve começar a partir de 25 de maio na capital mineira. De acordo com Kalil, a reabertura dos comércios vai ser gradual e depende, exclusivamente, do comportamento da população nas próximas semanas. “Sabemos que, segundo a ciência, somos os responsáveis por tudo isso e que vamos passar nas próximas duas semanas pelo pior pico do Brasil. A população tem que entender, já estamos nos reunindo com as federações, olhando o plano de flexibilização, mas ele pode vir ou não, dependendo do comportamento das pessoas”, enfatizou. O prefeito ainda contou que o grupo criado para avaliar as medidas de relaxamento das restrições na capital vai se reunir nesta semana com as entidades
FLÁVIO TAVARES
que representam os diversos setores econômicos da cidade. “Não me importo de levar o ônus. Quando fechamos o comércio, era desgaste, ninguém queria. Agora comentam um problema de pandemia com ciência política. É um absurdo não ser um médico. Temos de escutar quem entende”, frisou. Kalil lembra que todas as decisões na capital mineira são tomadas através de análises e estudos desenvolvidos pelos infectologistas e pelo secretário municipal de Saúde, Jackson Pinto. “O controle do coronavírus é de 20% do poder público, que apanha e toma buzinaço, e outros 80% de quem pode ficar em casa”, acrescenta.
Multa
BH poderá punir quem não usar máscaras
Medidas. Prefeito de BH afirmou que, ao longo da semana, regras para flexibilização serão anunciadas REGIÃO METROPOLITANA. O pre-
sidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel) e prefeito de Nova Lima, Vitor Penido (DEM), destacou após o en-
Nova Lima Reabertura. A partir de hoje, Nova Lima vai permitir a reabertura de parte das atividades comerciais. O retorno vai ocorrer em três etapas, que serão adotadas até 3 de junho.
Autoescolas protestam Carreata. Cerca de 120 carros de autoescola se deslocaram na tarde de ontem da praça do Papa, no bairro Mangabeiras, até a Cidade Administrativa, no bairro Serra Verde, em uma manifestação para agilizar a volta ao trabalho dos profissionais do setor. A carreata foi um protesto para que a reabertura dos Centros de Formação de Condutores (CFCs) seja antecipada. ALEX DE JESUS
Quem vem descumprindo a determinação do uso obrigatório de máscaras em Belo Horizonte poderá ser multado a partir da semana que vem. A punição como forma de aumentar a adesão à medida de prevenção ao novo coronavírus foi anunciada ontem pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD). “Vamos dar mais uma semana, porque vamos distribuir 2 milhões de máscaras para a população, e vamos tornar obrigatório sob pena de multa”, disse Kalil. O prefeito ainda não deu detalhes sobre qual será o valor da multa. A fiscalização também será de responsabilidade da Guarda Municipal. Desde o dia 22 de abril, a utilização do equipamento de proteção é obrigatória em todos os espaços públicos, estabelecimentos essenciais e transporte coletivo, mas, até então, não há previsão da aplicação das penalidades. (Igor Veiga)
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ALEX DE JESUS - 28.4.2020
contro que a maioria dos 34 municípios no entorno da capital já iniciou a flexibilização do isolamento. Conforme o dirigente, a principal cobrança na reunião foi de que as prefeituras aumentem a rigidez da fiscalização das medidas de proteção, como uso de máscaras e limitação do número de pessoas nos estabelecimentos. “É para fazer com responsabilidade, com apenas as pessoas preparadas trabalhando. E as que forem frequentar usando máscara e álcool em gel”, disse.
Obrigatoriedade do uso de máscaras ainda não atingiu muitas pessoas
Estabelecimentos
Mais de 8.000 lojas já foram autuadas FLÁVIO TAVARES
Há quase 45 dias, os comércios e serviços não essenciais foram obrigados pela prefeitura municipal a fechar as portas em Belo Horizonte para conter a pandemia do novo coronavírus e o aumento de casos. E, desde então, pelo menos 8.500 estabelecimentos já foram autuados pela Guarda Municipal por descumprirem a norma na capital mineira. A informação foi divulgada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) durante entrevista coletiva na tarde de ontem. Ele também falou sobre as festas clandestinas realizadas por moradores da cidade – no fim de semana, um empresário foi preso no bairro Belvedere, na região Centro-Sul, por desacato e perturbação do sossego após reclamação de vizinhos. “A orientação sobre festa é levar
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para a delegacia. A Guarda Municipal saiu de todo o policiamento em BH e está atendendo exclusivamente as fiscalizações”, comentou. Suspensão de alvarás. Desde o mês passado, um decreto da prefeitura também permite a suspensão dos alvarás dos estabelecimentos que não cumprirem o isolamento e promoverem aglomerações de pessoas. De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção, até o momento, 37 comércios e serviços tiveram a documentação barrada. Sem o alvará, os espaços não podem voltar a funcionar após o início da flexibilização e o fim da pandemia. Em outra entrevista coletiva, Kalil chegou a afirmar que os locais irregulares terão dificuldades para retomar a documentação “enquanto ele for prefeito”. (LM)
Alguns setores do comércio em BH seguem proibidos de retomar
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA DAVI LUCAS/DIVULGAÇÃO
Covid-19 cresce sete vezes mais no interior do que em BH Secretaria de Estado da Saúde diz que interiorização já era prevista ¬ PAULA COURA ¬ O enfrentamento do no-
vo coronavírus tomou rumos diferentes em Belo Horizonte na comparação com as outras 852 cidades mineiras. Quinze dias após o primeiro registro da Covid-19 na capital, 163 pessoas estavam infectadas. No restante do Estado, nesse mesmo período, foram 68 registros. Passado um mês, mudanças de postura em relação ao isolamento social fizeram com que a doença, antes concentrada na capital, chegasse ao interior, onde o número de notificações cresceu sete vezes mais do que na capital. Passados 45 dias do registro do primeiro caso, Belo Horizonte tinha 576 pessoas oficialmente com Covid-19 – 253% a mais em relação aos 15 primeiros dias. Enquanto isso, o interior registrava 826 pessoas infectadas, alta de 1.739%. Nas previsões da Secretaria de Estado de Saúde, essa “interiorização” da pandemia já era esperada.
“Isso se faz devido a algum grau de circulação do vírus em Minas Gerais. Mesmo com o isolamento, essa circulação do vírus se mantém. Nós orientamos a redução do transporte intermunicipal já com esse objetivo”, justifica o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. Ele também explica que o Estado já começou a regionalizar o tratamento da Covid-19. Segundo Amaral, o ideal seria que cada região de Minas tivesse seu pico de casos em momentos diferentes. “Adotamos medidas de regionalização da coordenação da emergência com o objetivo de tratar os casos de cada região e saber quais medidas serão mais bem adotadas para um tratamento mais independente em cada local”, informa o secretário de Saúde. Para o professor Gilvan Guedes, do Departamento de
Juiz de Fora Zona da Mata. Juiz de Fora tem 84% leitos de UTI ocupados. O prefeito Antônio Almas (PSDB) já avisou que não vai afrouxar nenhum decreto de reabertura econômica.
Demografia e Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – que analisa os reflexos da interiorização dos casos da Covid19 –, a quarentena foi eficiente num primeiro momento, o que garantiu achatamento na curva de notificações. Guedes explica que, observando-se as curvas de crescimento das notificações dos casos do coronavírus a partir de uma escala logarítmica, é possível ver que essa mudança não é linear. Isso quer dizer que, a partir do dia 23 de março, houve a mudança de um crescimento exponencial para um mais lento de casos da enfermidade. “O isolamento social funciona, ele tem mudado o achatamento da curva, e, caso não o tivéssemos feito, a gente estaria vendo uma situação muito pior. É importante destacar que relaxar esse distanciamento social de forma perigosa pode voltar a nos colocar em uma trajetória bastante acelerada, tanto de óbitos quanto de casos, que é justamente o que não queremos para que o sistema consiga dar conta de absorver esses casos”, disse o professor da UFMG.
Divinópolis. Decreto flexibilizou reabertura do comércio, mas prefeitura mantém vigilância
Reabertura e vigilância
Toque de recolher
Divinópolis. Desde o último dia 24, a prefeitura da cidade, na região Centro-Oeste, regulamentou, por meio de decreto, a reabertura parcial das atividades econômicas na cidade. “Com queda do isolamento, ficamos bastante preocupados, porque sabemos que vai haver um reflexo de aumento de casos”, disse o secretário de Saúde do município, Amarildo Souza. Para evitar um aumento excessivo de casos, a prefeitura faz plantão 24 horas para fiscalizar irregularidades e, desde ontem, mudou horários dos ônibus.
Divisa com São Paulo. Na contramão da flexibilização da abertura do comércio, Extrema, no Sul de Minas, tem em vigor decreto que impõe toque de recolher. Das 18h às 6h, a circulação na cidade só não é restrita a serviços de entrega em domicílio e de pessoas que precisam comprar medicamentos. As medidas são válidas até o dia 12 deste mês. A cidade tem 40 casos confirmados de coronavírus, segundo o último boletim da SES, e um óbito. A Secretaria de Saúde do município, porém, confirma 42 casos, sendo três mortes.
MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
Socorro financeiro
Ajuda da União será insuficiente No último sábado, o Senado aprovou um projeto de socorro de R$ 120 bilhões para ajudar Estados e municípios a enfrentarem a pandemia. Minas Gerais vai receber R$ 3,4 bilhões, sendo R$ 400 milhões para a saúde e a assistência social. O montante é insuficiente para cobrir a queda de arrecadação, principalmente do ICMS, em função da desaceleração econômica. O governador Romeu Zema (Novo) afir-
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Em 45 dias, casos subiram 253% em BH e 1.739% no interior
mou, em diversas ocasiões, que a receita deve encolher R$ 7,5 bilhões. “A crise econômico-fiscal enfrentada por Minas Gerais já era grave e foi potencializada de tal modo pela perda de arrecadação em função da pandemia que os valores a serem repassados pelo governo federal não são suficientes. Aliás, não chegam nem à metade da perda de arrecadação prevista para o ano de 2020”, disse, por meio de nota, o go-
verno estadual. O texto, que ainda precisa ser aprovado pela Câmara, prevê a suspensão, até o final de 2020, do pagamento das parcelas das dívidas dos Estados e dos municípios com a União e os organismos internacionais, no caso de empréstimos com garantia da União. O Estado deixaria de pagar R$ 6 bilhões. No entanto, Minas já não paga a dívida com a União em função de liminares no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os municípios mineiros receberão R$ 2 bilhões para gastos livres e outros R$ 302 milhões atrelados à gastos em saúde e assistência social para o combate à Covid-19. Belo Horizonte é o município que mais receberá recursos em Minas Gerais: R$ 276 milhões no total. O valor é distante dos R$ 1 bilhão que a prefeitura da capital estima que deixará de arrecadar. (Pedro Augusto Figueiredo)
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Nova estimativa indica que Minas Gerais terá pico no dia 6 de junho Última previsão, feita na semana passada, indicava o dia 3 de junho
ALEX DE JESUS
Coronavírus
Número de mortes confirmadas no Estado chega a 90
¬ DA REDAÇÃO ¬ A nova estimativa da Se-
cretaria de Estado de Saúde (SES) é que o pico da Covid-19 em Minas Gerais seja no dia 6 de junho, três dias depois em relação à última previsão, projetada para 3 de junho. O governo trabalha para que esse pico chegue em momentos diferentes em cada região do Estado. Segundo o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, há possibilidade de o Estado nem sequer registrar um pico da doença, e sim casos distribuídos ao longo do tempo. De acordo com Amaral, tem sido observada uma queda na taxa de isolamento social, o que pode interferir na data do pico. “Há tendência de diminuição do isolamento, e isso chama atenção porque, se for grande, vai ser equivalente a uma quebra do isolamento”, explicou. O secretário de Saúde disse, ainda, que foram realizados cerca de 11 mil exames de detecção da Covid19 no Estado, contabilizando o trabalho da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e o dos laboratórios parceiros. Do total de testes, 3,5% deram resultado positivo. Amaral comparou a situação de Minas à da Coreia do Sul, que achatou a curva da doença em aproximadamente um mês, mas
Minas Gerais chegou a 90 mortes por causa do novo coronavírus (Covid-19), uma a mais em relação ao balanço do último domingo. Já são 2.347 casos confirmados da doença, segundo o boletim divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Há ainda outros 89.056 casos e 86 óbitos sendo investigados. Belo Horizonte é a cidade mineira com maior concentração: são 20 óbitos e 825 pessoas infectadas. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, tem oito mortes e
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Contágio. Em Minas, pico de casos da Covid-19 deve variar por região; isolamento vai ditar ritmo
utilizando uma estratégia de testes em massa e monitoramento de quem teve contato com os doentes. Amaral ressalta que só realizar o exame não basta para entender se a pessoa tem a doença. Segundo ele, a confiabilidade dos exames laboratoriais é de 60%, e os testes rápidos – feitos em farmácia – também não são 100% confiáveis devido a limitações técnicas. Segundo ele, o ideal é contar, também, com uma avaliação médica.
Por regionais Mapa. Segundo boletim da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), os bairros da regiões Centro-Sul e Oeste da capital continuam concentrando mais cados da Covid-19.
Só na capital
Em 4 dias, casos em BH crescem 46,7% Nos últimos quatro dias, o número de casos confirmados da Covid19 em Belo Horizonte cresceu 46,7%. De quinta-feira para segunda-feira, o salto foi de 576 para 845 pessoas infectadas, a maioria com idade entre 20 a 40 anos. Até a tarde desta segunda-feira, a cidade contabiliza 33.080 notificações de casos suspeitos da doença, sendo que 1.300 deles foram oficialmente descartados. Até aqui, o aumento da notificação de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na ci-
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dade é de 338% em 2020 em relação a todo ano de 2019. Na tarde de ontem, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) admitiu novamente que, pela falta de uma testagem ampla, a subnotificação da doença no Brasil é certamente alta. “Belo Horizonte não tem 800 casos só. Multiplica isso por dez. Então, tem 8.400, no mínimo. Sobre esse número de contaminados, é subnotificado no Brasil inteiro. A minha preocupação é com o número de mortos”, disse Kalil. (Igor Veiga)
175 infectados pela doença. Juiz de Fora, na Zona da Mata, tem 175 infectados e seis mortos pela Covid-19. Das 90 pessoas que morreram pelo novo coronavírus no Estado, 13 não apresentavam fatores de risco; 73 tinham mais de 60 anos; 14 mortos tinham entre 40 e 59 anos; e três tinham entre 20 e 39 anos. Do total, 49 eram homens, e 41 eram mulheres. As internações por síndrome respiratória aguda grave cresceram 517% em Minas Gerais. (Natália Oliveira) ALEXANDRE MOTA - 27.4.2020
De domingo para segunda-feira, Minas teve uma morte a mais
ALEX DE JESUS
Hospital psiquiátrico
Raul Soares faz paralisação Servidores do Instituto Raul Soares deram início a uma paralisação. Na manhã de ontem, eles protestaram na porta da unidade, no bairro Santa Efigênia, região Leste da capital, pedindo melhores condições de trabalho, orientações sobre a abordagem de suspeito de coronavírus, o pagamento do adicional de emergência e o afastamento de profissionais do grupo de risco. O hospital é referência no atendimento a pacien-
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Protesto. Servidores pedem melhores condições de trabalho
tes psiquiátricos em Belo Horizonte. Durante a greve, a unidade vai funcionar com 30% do quadro de funcionários. “A pauta principal é sobre a falta de equipamentos, que é gritante aqui no hospital. Também falta água nos setores e há sobrecarga por causa da transferência de pacientes do Galba Veloso para cá”, relata a representante do SindSaúde-MG, Neuza Freitas, que lidera o movimento. Segundo o enfermeiro Lu-
cas Lopes, esse remanejamento tem afetado a assistência no Raul Soares. “A gente não tem a quantidade de profissionais necessária. No momento, não tivemos o aumento dos número de leitos”, relata Lopes. Os profissionais afirmam que há um paciente com suspeita de coronavírus na unidade e reclamam da falta de estrutura para fazer o atendimento. “Tem um protocolo interno que diz que quando
chegar um paciente com suspeita, ele deve ser encaminhado para a UPA Centro-Sul ou para os hospitais que são referência em coronavírus. Mas isso não está acontecendo”, conta a técnica em enfermagem Adelia de Souza. Os servidores reclamam que a direção do hospital não estaria afastando funcionários do grupo de risco – mais 60 anos e com doenças crônicas. (Rômulo Almeida)
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Teich defende isolamento social EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
Ministro da Saúde fez afirmação um dia após presidente desrespeitar medida
Cobrança. Indígenas do Amazonas fizeram protesto durante visita do ministro da Saúde a Manaus
¬ MANAUS. Um dia depois de
o presidente Jair Bolsonaro voltar a desrespeitar e a atacar o distanciamento social, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou que a política oficial do governo federal é a de manutenção dessa medida para enfrentar a pandemia. “A gente tem deixado claro que não existe uma mudança de política em relação ao distanciamento, tem de ser mantido”, disse Teich ontem, após visita ao Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus. “Neste momento, a política de distanciamento não foi mudada”, completou. As declarações de Teich repetem o roteiro do seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, demitido por Bolsonaro após defender enfaticamente o isolamento, medida criticada reiteradas vezes pelo presidente. Como tem sido a praxe, no último fim de semana, Bolsonaro voltou a desafiar o isolamento social e a promover aglomerações. No sábado, ele visitou duas cidades de Goiás, onde cumprimentou apoiadores e gerou tumulto. No dia seguinte, cumprimentou simpatizantes reunidos em frente à Praça dos Três Poderes. Aos apoiadores, Jair Bolsonaro repetiu o discurso de que as medidas de isolamento estão destruindo os empregos. “É inadmissível”, afirmou. Para ele, o efeito colateral das restrições pode ser mais “danoso” do que o próprio coronavírus. No Amazonas desde o último domingo, Nelson Teich cumpriu agenda em Manaus durante a segunda-feira. Pela manhã, o ministro visitou o Comando Militar da Amazônia para se reunir com autoridades
da Marinha, Aeronáutica e Exército Brasileiro e definir ações de enfrentamento à Covid-19 no Amazonas. O Amazonas vive um dos cenários mais preocupantes do país, com mais de 6.600 casos confirmados de Covid19 e 548 mortes confirmadas. O sistema de saúde está à beira de um colapso, com quase 90% dos leitos de UTI já ocupados. Também há colapso no sistema funerário, que lida com uma média de cem enterros por dia há mais de uma semana.
Protesto Indígenas. Durante a visita do ministro Nelson Teich a Manaus, representantes e comunidades indígenas do Amazonas realizaram um protesto pedindo mais atenção à saúde dos povos de regiões mais isoladas do Estado. O Amazonas tem mais de cem casos confirmados de índios com Covid-19, de acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena.
Balanço
Uso obrigatório
País registra 263 mortes em 24 horas e passa de 105 mil casos
Doria decreta exigência de máscaras
Brasil registrou 263 mortes decorrentes do novo coronavírus em 24 horas, segundo informações atualizadas ontem pelo Ministério da Saúde. Com isso, o total oficial de vítimas da doença no país chegou a 7.288. Até o último domingo, eram 7.025. O número total de casos confirmados passou de 101.147 para 105.222, um acréscimo de 4.075 casos de um dia para o outro. A taxa de letalidade está em 6,9%. São Paulo é o Estado com mais casos de coronavírus: são 32.187 infectados e 2.654 mortes. Em seguida vem o Rio de Janeiro, com 11.721 pessoas com Covid-19 e 1.065 óbitos. O Ministério da Saúde cancelou a coletiva de imprensa na qual o secretário de Vigilância em Saúde,
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BRASÍLIA. O
Bebê morre na Bahia
Movimentação alta
Vítima da Covid-19. Um bebê de quatro meses morreu no último domingo com diagnóstico de coronavírus em Salvador. A criança estava internada na UTI neonatal do Hospital Português desde o seu nascimento. Ela tinha um problema congênito cardiopulmonar que evoluiu para complicações respiratórias. A Covid-19 pode ter agravado o quadro.
São Luís. Na véspera do início do chamado “lockdown” (bloqueio total), que começa a valer a partir de hoje em São Luís e outros três municípios da região metropolitana da capital maranhense, a cidade registrou alta movimentação de pessoas e veículos em ruas e avenidas. A medida, que tem validade por dez dias, foi decretada pela Justiça para conter o rápido avanço da Covid-19.
MICHAEL DANTAS / AFP
Oficialmente, Covid-19 já matou mais de 7.000 pessoas no Brasil
Wanderson Oliveira, apresentaria os números atualizados e esclareceria dúvidas. “Por motivos de saúde, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira,
não conseguirá participar da coletiva técnica desta segunda-feira (ontem). Sendo assim, não haverá a coletiva técnica do Ministério da Saúde”, informou a pasta.
REPRODUÇÃO/TV MIRANTE
governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem a obrigatoriedade do uso de máscaras no Estado a partir de 7 maio. Doria afirmou que a medida vale para qualquer pessoa que esteja “caminhando ou andando ou se dirigindo a qualquer local no Estado de São Paulo”. Segundo Doria, a regulamentação da fiscalização da regra será feita por prefeituras. “Estendemos a toda a população, para proteger os brasileiros de São Paulo, para que, estando protegidos, tenham menor probabilidade de serem infectados e irem a óbito”, disse. Ele também fez críticas a manifestantes bolsonaristas, que agrediram profissionais de saúde e jornalistas.
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SÃO PAULO. O
Reabertura adiada Distrito Federal. O governo do Distrito Federal adiou oficialmente para o dia 11 de maio a reabertura do comércio, que se encontra fechado atualmente por conta da pandemia do novo coronavírus. A reabertura de alguns setores estava prevista para ontem. O governo local informou que vai apenas editar uma nova norma após a manifestação da Justiça Federal.
O TEMPO BELO HORIZONTE| TERÇA-FEIRA, 5 DE MAIO DE 2020 | 7
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Filosa: ‘Nenhum investimento foi cancelado, só adiado’ REPRODUÇÃO DA LIVE
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Antonio Filosa Presidente da Fiat Chrysler Automóveis (FCA)
Confira entrevista no portal O Tempo
PARA A AMÉRICA LATINA
Presidente da FCA para a América Latina disse que a produção no Brasil voltará gradativamente a partir da segunda quinzena de maio
Entrevista Diante da atual situação, há algum estudo para curto e médio prazo para o mercado de veículos novos e para os empregos gerados direta e indiretamente pela FCA? Será um ano quase dramático para a indústria. Temos expectativa de que haja uma retração do mercado de 70% no segundo trimestre, de 50% no terceiro trimestre e de 20% no quarto. No total, imaginamos que haverá queda de 40% da demanda em relação. A equipe do governo merece parabéns pela Medida Provisória 936/2020, para flexibilização do trabalho. Temos utilizado essa medida e negociado com sindicatos. Conseguimos flexibilizar o trabalho a partir de maio, mantendo os empregos nas plantas da FCA, pelo menos até meados de novembro. Demitir é sempre a última medida a ser adotada pela empresa.
“Não será gasto nem um real a menos, mas o investimento vai ser dilatado no tempo.”
Como fica o cronograma de lançamentos da FCA, que envolve a nova Strada e os dois SUVs da Fiat, planejados na planta do polo automotivo de Betim? Uma das ações contra os problemas de caixa é a postergação de alguns investimentos. Em Betim, o lançamento da Strada teve que ser adiado em razão da pandemia de coronavírus. A Strada está pronta, e o investimento foi feito. Foram dois anos, envolvendo 1.500 engenheiros e 300 designers na cidade. Tivemos que adiar o lançamento de abril para, talvez, o terceiro trimestre deste ano, porque a pandemia impôs. Todos os novos projetos serão revistos, e alguns serão postergados. Os dois SUVs planejados em Betim vão ser adiados entre três, seis ou 12 meses. Isso depende de como passaremos pelo próximo trimestre. Mas nenhum investimento, da Fiat ou da Jeep, será cancelado. Neste ano, lançaríamos dois modelos Jeep híbridos e um modelo Fiat completamente elétrico. Agora, eles serão lançados no ano que vem. E os investimentos previstos para Minas, de cerca de R$ 8,5 bilhões? Betim representa a maior fatia do nosso investimento de R$ 16 bilhões até 2024, que deve ser estendido para 2025, agora. Isso está mantido. Esse plano de investimento começou em 2018, com o planejamento da Fiat Strada nova. Não será gasto nem um real a menos, mas o investimento vai ser dilatado no tempo. Em Betim, essa dilatação vai ser de um ano, já que alguns projetos vão ser adiados em três, outros em seis e outros em 12 meses. Neste ano, nem tudo fica parado. A nossa intenção é voltar a in-
vestir, seja no terceiro ou no quarto trimestre. As fábricas de motores turbo em Betim lançariam os produtos entre o final deste ano e o começo do próximo, e o cronograma de instalações estava 66% concluído, quando interrompemos as atividades, no dia 23 de março. Se não tivéssemos parado tudo, estaria em 73% ou 74%. Voltando com as equipes, a implementação das fábricas continua, mas, tendo acumulado dois meses de atraso, vai ser terminada nos primeiros meses de 2021. Como está o diálogo da FCA com as concessionárias, neste momento em que a visita pessoal às lojas está parada e considerando-se que haverá uma mudança de comportamento? Um dos aspectos alavancados neste momento de isolamento é o aspecto digital de qualquer compra, desde a simples busca de produtos pela internet até fazer o pedido online. A sociedade vai esquecer algumas das coisas que estão acon-
“Quase 95% das nossas concessionárias estão abraçando processos digitais de engajamento do cliente.”
tecendo agora, mas outras serão novos comportamentos humanos. A digitalização vai ser uma delas. Quase 95% das nossas concessionárias estão abraçando processos digitais de engajamento do cliente. Elas estão conversando com os clientes pelas redes sociais e engajando-os na descoberta dos nossos serviços. Outra mudança é que, na China, onde o mercado automobilístico quase todo retornou, todos os carros da FCA são entregues após uma higienização rigorosa contra o risco de Covid-19. Nossa marca Mopar, que constrói peças e acessórios, elabora filtros de ar mais robustos e eficazes para garantir um ambiente o mais livre possível de riscos de Covid-19 no carro. Quando as fábricas da FCA retomarão as atividades no Brasil? Gradualmente, a partir da segunda quinzena de maio. Temos quatro fábricas na América Latina: duas no Brasil, uma na Argentina e uma na Venezuela, além das fábricas de motores e outros componentes automotivos. Estamos tomando as medidas internas para que os nossos 26 mil funcionários da América Latina encontrem um ambiente de trabalho o mais seguro possível. O uso de máscaras vai ser obrigatório para todos. Também há mais pontos para higienizar as mãos, e a entrada só vai ser permitida depois da medição de temperatura de todos. Tenho convicção de que nossas fábricas estão preparadas. A Fiat está consertando respiradores e ajudando em hospitais de campanha. A Covid-19 evidencia que a reconstrução do Brasil dependerá muito das empresas? Junto à Prefei-
tura de Betim, que tem sido muito proativa, lançamos o hospital de campanha da cidade, onde era o Fiat Club. Estamos fazendo um hospital de campanha em Pernambuco também, ao lado da fábrica da Jeep. Outro está sendo feito em Córdoba, na Argentina. Também estamos dando manutenção em respiradores nas nossas plantas. Em Betim, recebemos 256 respiradores que não funcionavam e devolvemos quase 50 em perfeito funcionamento. Temos previsão de consertar outros cem nesta semana. Estamos ajudando os produtores locais de respiradores a aumentar a produtividade, e temos doado carros e ambulâncias. Vi o brilho nos olhos dos nossos técnicos consertando os respiradores, porque eles entendem que estão salvando vidas. Há perspectiva de a FCA nacionalizar mais componentes para fortalecer a cadeia produtiva brasileira? Quando o câmbio passa de R$ 4, R$ 4,50, uma das estratégias necessárias é nacionalizar componentes, sistemas e subsistemas que a indústria tradicionalmente importa. Essa estratégia leva tempo, porque precisamos atrair uma empresa para ela construir uma fábrica e desenvolver peças para a nossa produção. É um processo que dura de 9 a 15 meses. Mas temos que entender que tudo isso terá efeitos mais adiante, porque, neste momento, atrair para o Brasil traz uma complexidade a mais, o risco país. Todos os países estão associados a riscos econômicos maiores. E todos os maiores fornecedores estão com dificuldade de caixa.(Helenice Laguardia e Karlon Aredes. Com a colaboração de Gabriel Rodrigues)
Live do Tempo Programação. A live está disponível às 14h no Portal O TEMPO e nas redes sociais do jornal. 8 Convidado de hoje: Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil.
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Beneficiários madrugam para receber os R$ 600
Complemento de salário
¬ RAFAELA MANSUR ¬ Mais de 400
Orçamento de guerra
FRED MAGNO
Agências da Caixa começaram a abrir duas horas mais cedo nesta semana
pessoas aguardaram atendimento em uma fila na agência da Caixa da avenida João César de Oliveira, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, na manhã de ontem, para conseguir receber o auxílio emergencial de R$ 600. Toda a rede de agências da instituição passou a abrir duas horas mais cedo, das 8h às 14h, mas, antes do horário inicial de funcionamento, a fila já atingia três vias. O primeiro da fila era o técnico de manutenção autônomo Antônio Liguori de Freitas, 57, que chegou ao local à 1h40 da madrugada. O pedido de auxílio dele foi aprovado, mas ele ainda não tinha conseguido o dinheiro. “Não consegui resolver nada no aplicativo ou por telefone e tive que vir tentar a sorte aqui. Tem que vir cedo, senão a gente fica horas na fila e não adianta”, disse Freitas, que está sem serviço por causa da pandemia. Depois das 8h, quando o portão da agência foi aberto, ele passou cerca de dez minutos no local e conseguiu sacar os R$ 600. Na agência do bairro Eldorado, a maioria das pessoas usava máscara, mas a distância de segurança, recomendada para a prevenção do coronavírus, não era respeitada, e as pessoas se aglomeravam na fila. Fernanda Silva Araujo, 29, está desempregada e chegou às 2h ao local. “O meu auxílio já foi aprovado, mas como eu não tenho o cartão e o dinheiro não caiu na conta, vim aqui para sacar”, contou ela, que é beneficiária do Bolsa Família. Fernanda já havia ido à
Novo cadastro Benefício. Cerca de 12,4 milhões de pessoas deverão se recadastrar para receber o auxílio devido a dados inconclusivo. Pedido rejeitados já estão descartados.
Auxílio. O governo federal começou a pagar ontem o benefício emergencial para os trabalhadores que tiveram a jornada e o salário reduzidos ou o contrato de trabalho suspenso por conta da pandemia. O pagamento será feito pelo Banco do Brasil. O valor é calculado a partir do que o trabalhador teria direito de receber como parcela do seguro-desemprego. O dinheiro cai na conta em 30 dias após o acordo ser informado ao Ministério da Economia.
Aprovado. A Câmara dos Deputados aprovou ontem em primeiro turno o texto-base da PEC que cria o Orçamento de guerra para ações de combate ao coronavírus e voltou a ampliar a atuação do Banco Central na compra de títulos. Os deputados votaram para suprimir o dispositivo que condicionava benefícios tributários a empresas à manutenção de empregos e também as alíneas que limitavam a atuação do BC. A PEC será submetida à votação em segundo turno. NAJARA ARAUJO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Espera. Mais de 400 pessoas formavam filas na manhã de ontem na unidade da Caixa no bairro Eldorado, em Contagem
agência outras duas vezes, mas sem conseguir atendimento por causa do tamanho da fila. “Se a gente chega às 6h, não consegue ser atendido, é muita gente. Eu moro de aluguel, só o meu marido está trabalhando, e tenho duas crianças. É um dinheiro que está fazendo falta”, disse.
Demanda baixa
Sul
Em um mês, indústria chega à maior ociosidade em 20 anos
Montadoras retomam a produção
LEANDRO FERREIRA /FOTOARENA/FOLHAPRESS - 8.4.2020
FUNCIONAMENTO. Desde 22 de
abril, 1.102 agências da Caixa já vinham funcionando no horário das 8h às 14h. Para reforçar o atendimento, a instituição realocou mais de 3.000 funcionários para ampliar as equipes e contratou mais de 5.000 vigilantes e recepcionistas. Segundo a Caixa, apenas usuários que precisam realizar serviços essenciais ou beneficiários que receberam o auxílio na Poupança Social Digital e desejam fazer o saque em dinheiro devem buscar as agências. O banco diz que a prioridade é manter o atendimento digital. Os beneficiários do Bolsa Família recebem o crédito no mesmo calendário e na mesma forma do benefício regular, por meio do cartão Bolsa Família. Cerca de 50 milhões de brasileiros já receberam o auxílio de R$ 600.
Fábricas estão operando em 57,5% da capacidade, afirma FGV
A demanda menor das famílias e o isolamento social durante a pandemia levaram a uma queda recorde no nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira. O indicador calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) para o setor, o Nível de Utilização da
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SÃO PAULO.
Capacidade Instalada (Nuci), aponta que, em média, as fábricas estão operando em 57,5% do que poderiam. Esse nível representa 15,9 pontos a menos do que os 73,4% registrados em dezembro de 2016, o pior momento da crise econômica entre 2014 e 2016. O tombo na produção foi tão grande agora que ele levou a utilização da
indústria, de um mês para o outro, ao menor patamar em 20 anos. “Na crise anterior, tivemos um ciclo de 37 meses em queda até o pior momento. Agora, em dois meses, a queda no Nuci foi duas vezes maior do que no ciclo 1416”, diz a economista Renata de Mello Franco, do Ibre. Em fevereiro deste ano, o índice estava em 76,2%. A queda também não foi homogênea, afetando mais os setores considerados não essenciais, como a produção de automóveis, de calçados e artigos em couro e de vestuário. A ociosidade da indústria de veículos está em 66%. A redução foi ainda maior na produção de peças de vestuário. O setor utilizou, em abril, 20,5% do que poderia estar produzindo. Outros indicadores da FGV apontam que os estoques do setor industrial continuam altos. Pelos próximos três meses, a previsão é de desaceleração na produção.
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SÃO PAULO. As montado-
ras Renault, Volvo e DAF, com fábricas no Paraná, e BMW, em Santa Catarina, voltaram a produzir, mas em ritmo inferior ao de antes das férias coletivas adotadas há um mês. A Renault e a BMW são as primeiras fabricantes de automóveis a religar as máquinas. Já tinham retomado atividades no último dia 27 a Scania e a Volkswagen/MAN. Ambas produzem caminhões e ônibus, assim como a Volvo. A DAF faz apenas caminhões.
FENABRAVE. A venda de veí-
culos novos teve queda de 75,9% em abril ante o mesmo mês de 2019, informou ontem a Fenabrave. Foram 55,7 mil unidades vendidas em abril, em soma que considera os veículos leves (automóveis e comerciais leves) e os pesados (caminhões e ônibus), menor volume desde 2003.
O TEMPO BELO HORIZONTE| TERÇA-FEIRA, 5 DE MAIO DE 2020 | 9
CORONAVÍRUS
PANDEMIA EVARISTO SA / AFP - 21.4.2020
Controvérsia
Estudo que vê‘proteção’ da nicotina gera críticas SÃO PAULO. Um controverso estudo francês publicado na semana passada sugerindo que a nicotina possa ter efeito protetor contra o novo coronavírus causou alarde na comunidade científica internacional. A partir de uma revisão de artigos recentes e da observação de casos em um hospital francês, o trabalho apontou a baixa taxa de fumantes entre os pacientes de Covid-19 (5% entre um total de 500 analisados). Outros pequenos estudos já tinham observado que o índice de tabagistas entre os infectados varia entre 1,4% e 12,5%. Mas são meras associações, já que nenhum ensaio clínico controlado sobre o tema foi publicado até agora. A hipótese levantada pelos pesquisadores é de que o vírus não consiga penetrar na célula porque a nicotina está usando o mesmo receptor celular. Porém, especialistas no assunto rebatem essas conclusões. Para eles, há uma grande fragilidade científica no trabalho francês e não é possível apontar nenhum benefício associado ao tabagismo. Além de não ser controlado, o trabalho foi publicado em um periódico não indexado em bases de dados científicas e não passou por revisão de experts. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também tem publicado informes dando conta de que “as evidências atuais sugerem que a gravidade da Covid é maior entre os fumantes”. Muitos fumantes já podem ter doença pulmonar ou capacidade pulmonar reduzida.
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Exame. Homem faz teste rápido de coronavírus em Brasília; baixa testagem é um dos motivos da alta letalidade nos casos oficiais do Brasil, que ontem registrava 6,9%
Um em cada 5 infectados não tem sintomas da Covid Assintomáticos tambémpodem transmitiro vírus paraoutraspessoas ¬ BERLIM, ALEMANHA. Uma em
cada cinco pessoas infectadas com o novo coronavírus não apresenta sintomas, revelou um estudo realizado em um dos principais focos da pandemia na Alemanha e divulgado ontem. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Bonn realizou um estudo sobre os doentes registrados em Gangelt, uma cidade de cerca de 11 mil habitantes, localizada no distrito de Heinsberg, um dos principais focos alemães, após a participação de um casal contaminado no Carnaval. O estudo, com base em entrevistas e análises de
919 pessoas, de 405 domicílios, permite determinar com precisão a taxa de letalidade do novo coronavírus. Em Gangelt, cerca de 15% da população foi contaminada e a taxa de mortalidade entre esses pacientes foi de 0,37%. “Se extrapolarmos esse número para as quase 6.700 mortes associadas à Covid-19 na Alemanha, o número total de pessoas infectadas seria estimado em cerca de 1,8 milhão”, segundo o estudo, ou seja, um número “dez vezes maior que o total” de casos oficialmente notificados. “Em Gangelt, 22% das pessoas infectadas não apresentavam sintomas”, revela o estudo. “O fato de aparentemente uma infecção em cada cinco ocorrer sem sintomas visíveis da doença sugere que as pessoas infectadas,
França Chegou antes. O coronavírus estava na França em 27 de dezembro, antes do que se acreditava. A descoberta foi divulgada ontem após teste em um paciente com pneumonia. que secretam o vírus e, portanto, podem infectar outras pessoas, não podem ser identificadas com base em sintomas reconhecíveis da doença”, diz o professor Martin Exner, co-autor do estudo. Esse aspecto confirma, segundo ele, a importância das regras gerais de distanciamento social e higiene. “Qualquer pessoa que esteja em boas condições de saúde pode ser portadora do vírus sem sabê-lo. Precisamos es-
tar cientes disso e agir em conformidade”, aconselha o pesquisador, quando a Alemanha começa um desconfinamento progressivo. O estudo também afirma que as infecções dentro de uma mesma família são bastante baixas e que, de maneira geral, a taxa de infecção parece “muito semelhante entre crianças, adultos e idosos, e aparentemente não depende da idade” nem de sexo.
quantidade de casos está aumentando na América Latina, África e Rússia. Globalmente, surgiram mais de 74 mil casos novos entre domingo e ontem, segundo a contagem da agência, que se baseia em dados oficiais de governos.
BALANÇO. Os casos do novo coronavírus no mundo passaram de 3,5 milhões ontem, e as mortes passaram a marca dos 250 mil, de acordo com uma contagem da Reuters. Países da América do Norte e da Europa, onde as taxas de crescimento da contaminação estão diminuindo, ainda respondem pela maioria das novas infecções. Mas a
mortes pela Covid-19 foram contabilizadas até ontem
No mundo
251 mil 3,5 mi
casos da doença ocorreram desde o começo da pandemia
1,1 mi
curados em todo o planeta, segundo o site Worldometer
30.3.2020 - AFP/DIVULGAÇÃO
OMS
‘Origem de vírus é especulação’ 7
Resposta. Michael Ryan rebateu declarações de Trump de que vírus teria sido criado em laboratório
GENEBRA, SUÍÇA. A Organi-
zação Mundial da Saúde (OMS) classificou ontem como “especulativas” as declarações das autoridades dos Estados Unidos que afirmam ter provas de que o novo coronavírus surgiu em um laboratório na cidade chinesa de Wuhan. “Não recebemos nenhum dado nem prova específica do governo norte-americano sobre a suspei-
ta origem do vírus, portanto, para nós continua sendo especulativo”, declarou Michael Ryan, diretor de emergências da organização. Após acusar a China de ter omitido a emergência e a propagação do novo coronavírus, Washington afirma que possui “provas” de que o vírus surgiu em um laboratório em Wuhan, e o presidente Donald Trump ameaçou
Pequim com “tarifas punitivas”. “Nos concentramos nas provas que temos e as provas que temos do sequenciamento e de tudo o que nos foi transmitido dizem que o vírus é de origem natural”, disse Ryan. Semana passada, serviços de inteligência dos EUA afirmaram em relatório que o vírus não foi “criado nem modificado pelo homem”.
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aparte@otempo.com.br
A.PARTE
Cesama
Juiz de Fora não renova com Arsae, e serviço pode ficar sem fiscalização O fim de um contrato de regulação entre a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae-MG) e a Companhia de Saneamento Municipal de Juiz de Fora (Cesama) pode deixar sem fiscalização R$ 45 milhões anuais que deveriam ser investidos em obras para aumentar o índice de tratamento de esgoto na cidade. Atualmente, Juiz de Fora trata apenas 7% do esgoto coletado. O convênio entre a Arsae e a Cesama terminou no último domingo, e não foi renovado pela Cesama. Desde 2012, a agência era responsável por regular e fiscalizar os serviços prestados pela Cesama, equivalente municipal da Copasa. No início de 2020, foi realizada uma revisão tarifária. De acordo com o diretor geral da Arsae, Antônio Claret Júnior, a re-
visão poderia resultar em uma diminuição de mais de 10% da tarifa cobrada dos consumidores. No entanto, a Arsae e a Cesama chegaram a um acordo para reajustar a tarifa em 0,32% sob o compromisso de que o dinheiro arrecadado com o reajuste seria investido em obras para aumentar o índice de esgoto tratado na cidade. “Na revisão, está previsto que, se a Cesama não executasse as obras que aumentariam este 7% (de esgoto tratado), a gente iria reduzindo a tarifa ano a ano. Só que, agora, a gente não regula mais. Resultado: eles têm R$ 45 milhões todo ano, que, teoricamente, é para obras de tratamento de esgoto, mas que, na prática, podem fazer o que quiserem”, explica o diretor geral da Arsae. De acordo com Claret, desde 2012, a regulação da Arsae resultou em redução de 10% das despesas operacionais e 63% das despe-
sas “não desejáveis” da Cesama, como patrocínios e eventos, enquanto aumentou em 6% o número de famílias atendidas, e a melhoria na prestação de serviço foi de 30%. Questionada, a Cesama, por meio da Prefeitura de Juiz de Fora, disse que o fato de a Arsae não estar mais presente não exime a empresa de cumprir o que foi acordado na ocasião da revisão da tarifa. “Qualquer outra agência reguladora terá plena condição de dar prosseguimento ao acompanhamento das diretrizes delimitadas pela Arsae para os próximos quatro anos”, disse por meio de nota. De acordo com o texto, dentre os aspectos levados em conta ao não renovar com a Arsae estão a necessidade de um atendimento regionalizado e o fato de que o custo da Arsae foi o maior entre as agências pesquisadas e que, segundo a prefeitura, têm a mesma capacidade técREPRODUÇÃO YOUTUBE
nica da Arsae. Sobre os custos, Claret defende a agência e diz que a economia gerada com a redução das despesas da Cesama compensa a taxa paga à Arsae e que não há custos para a Cesama. Ele também levanta a preocupação de que a escolha de uma agência que não tem autonomia ou independência possa resultar na piora da qualidade do serviço ou que haja interferência na alocação dos recursos. A Prefeitura de Juiz de Fora menciona duas agências na nota – o Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico da Zona da Mata (Cisab) e a Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento Básico de Minas Gerais (ARISB-MG) – e ressalta que o Cisab “agrega essa característica (regionalização) de atuar em 24 municípios, mas de forma personalizada”. (Pedro Augusto Figueiredo)
CNJ
Número de sentenças da Justiça cai 9% A pandemia e as consequentes mudanças nas atividades da Justiça já provocam impactos nos índices de produtividade do Poder Judiciário. No primeiro mês no novo modelo de trabalho, magistrados publicaram 2.439.091 sentenças ou acórdãos, número 9,6% menor do que a média mensal de 2018, período mais recente com dados disponibilizados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A produção referente ao período da pandemia também é inferior às médias mensais de 2017 e 2016.
PGR pede que agressão a jornalistas em ato antidemocrático seja investigada ¬ O procurador geral da República, Augusto Aras, pediu que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investigue as agressões a socos e pontapés praticadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas que faziam a cobertura do ato antidemocrático realizado ontem, na frente do Palácio do Planalto. Segundo Aras, agressões são de “elevada gravidade”. Jornalistas foram agredidos verbal e fisicamente e precisaram deixar a cobertura dentro de um carro da Polícia
Militar (PM). O repórter fotográfico Dida Sampaio, do jornal “O Estado de S. Paulo”, foi derrubado duas vezes e levou chutes e murros na barriga. Um motorista do jornal levou uma rasteira. O procurador geral pediu que o MPDFT adote as providências para investigar o fato e responsabilizar criminalmente os agressores. Aras também analisa a inclusão do ato antidemocrático de ontem no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar outro protesto contra a democra-
cia, na frente do Quartel-Geral do Exército, há duas semanas, também com a presença de Bolsonaro. Os manifestantes defenderam nesse ato um golpe militar e o fechamento de STF e Congresso. Ontem, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que as Forças Armadas defendem a independência entre Poderes e consideram agressão a jornalistas inaceitável. Já Bolsonaro duvidou do ataque e afirmou que, “se houve a agressão”, os responsáveis devem ser “infiltrados” que merecem ser punidos.
João Doria (PSDB) Governador de São Paulo
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“Eu queria registrar o repúdio a esses milicianos fantasiados de patriotas que desrespeitam a vida, promovem o ódio, estimulam agressões e empregam agressões contra profissionais de saúde e jornalistas. Vocês não representam os verdadeiros patriotas deste país.”
LUIZ TITO luiz.tito@sada.com.br
Pau que dá em Chico pode dar em Francisco
O
presidente Jair Bolsonaro está manipulando, com sucesso, parcela considerável da opinião pública em favor de seu projeto político. Vendeu-se durante sua campanha à Presidência como uma promessa de recuperação moral e econômica do país e vem, dia após dia, desfocando a sociedade desse compromisso. Na economia, seu governo não moveu os números para lugar nenhum, porque é falácia a história de que estávamos crescendo. O agronegócio cresceu mais por talento e trabalho próprios. Prova de que não nos movemos é o desemprego, que até fevereiro havia ficado no mesmo lugar. Sempre que colocado nas cordas, o presidente e seu ministro da Fazenda devolvem como resposta “ser impossível resolver em poucos meses o que seus antecessores gastaram 20 anos para esculhambar”. Não é bem assim se, falando dos números da economia, levarmos em consideração os índices dos governos FHC e Lula. Dilma, sim, pela sua incapacidade “marmórea” à frente de um governo no mínimo desastroso, projetou o Brasil num abismo, por cujas consequências ainda pagaremos muito, sem falarmos no avanço da corrupção, em níveis nunca vistos em grande parte do mundo. Bolsonaro sabia e continua sabendo o que herdara; se pouco ou nada fez em 17 meses de seu governo – excluídos os estragos que, sabemos, se darão em razão do impiedoso coronavírus – foi porque não tinha consistência do que prometera sanear. Mas o que neste momento preocupa – e não são boas as previsões – é a irresponsabilidade como age o presidente gerando factoides, mentindo, paralisando (ou não agindo) ou dando as costas a uma realidade que começa a se mostrar apavorante, espalhando angústias, como é o seu horroroso feitio. Onde estão os projetos de mudança, tão prometidos? Onde estão as reformas que seriam as bases técnicas e legais do processo de transformação política, econômica e social do Brasil? Como atribuir ao Congresso – onde, claro, independentemente de partidos, estão larápios, corruptos, vagabundos, espertalhões, analfabetos funcionais e analfabetos políticos, mas também estão dezenas de senadores e deputados de boa formação ética e moral, com experiência e vivência adquiridas como empresários, ex-governadores, ex-ministros, todos eleitos pela preferência e pelo voto popular – a responsabilidade da inércia desse governo, que passa meses semeando provocações e embriagando parcelas significativas da sociedade com futricas e ameaças de fechamento dos demais Poderes da República, como se faz nas ditaduras? Será solução para o Brasil entregar nas mãos de um despreparado a condução absolutista do país? Há quase um mês que nada mais se faz a não ser movimentar a usina de destruição e desqualificação moral dos que são contrários aos seus planos, que de republicanos pouco ou nada têm. Para quem tem como vice um general observador e com prestígio nas Forças Armadas, essa ousadia barata pode ser um tiro que sairá pela culatra.
O TEMPO BELO HORIZONTE | TERÇA-FEIRA, 5 DE MAIO DE 2020 | 11 TEL: (31) 2101-3915 Editor: Ricardo Correa ricardo.correa@otempo.com.br e-mail: politica@otempo.com.br twitter: http://twitter.com/OTEMPOpolitica Atendimento ao assinante: 2101-3838
7 Mourão critica STF I
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, disse ontem que o Supremo Tribunal Federal ultrapassou limites ao tomar decisões como a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem e ao barrar a ordem do governo brasileiro para expulsar diplomatas venezuelanos.
7 Mourão critica STF II
Para Mourão, “os Poderes têm que buscar se harmonizar mais e entender o limite da responsabilidade da cada um”. Ele disse também entender que “hoje existe uma questão de disputa de poder entre os diferentes Poderes, existe uma pressão muito grande em cima do Poder Executivo”.
Política |
Finanças. Governo afirma que nomeados não vão tomar posse nem gerar custo imediato aos cofres públicos
Sem dinheiro, Estado nomeia 108 especialistas para a Seplag FLAVIO TAVARES - 9.3.2020
Salário inicial é de R$ 4.748,87, e custo mensal pode chegar a mais de R$ 512 mil ¬ THAÍS MOTA ¬ Sem recursos para a fo-
lha de pagamento do funcionalismo em maio, a gestão do governador Romeu Zema (Novo) nomeou 108 Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGGs) formados na Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, da Fundação João Pinheiro (FJP). As nomeações foram publicadas no Diário Oficial “Minas Gerais” na última quinta-feira. Todos os EPPGGs estão sendo nomeados para a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), sendo que mais de 70 foram aprovados em um concurso realizado pela FJP em 2014, e o restante foi aprovado em um concurso público de 2015. O vencimento inicial previsto para o cargo, segundo o próprio governo, é de R$ 4.748,87, considerando o vencimento básico (R$ 3.109,06) acrescido da Gratificação de Desempenho e Produtividade Individual e Institucional (R$ 1.639,81). Por mês, os salários dos novos especialistas custarão mais de R$ 512 mil. No entanto, a Seplag informou que, apesar de nomeados, os servidores não tomarão posse em razão do decreto de calamidade pública publicado no dia 29 de abril por conta da pandemia de coronavírus. “Apesar de nomeados, os 108 EPPGGs foram informados de que não tomarão posse. O processo de posse de nomeados está suspenso, conforme Decreto 47.932, de 29.4.2020, em razão do estado de calamidade pública. Assim, não haverá pagamento para esses servidores no momento”, diz o Estado. Porém, a norma só tem validade até 31 de maio. Além disso, a Lei 869/1952 prevê que a “posse deverá
verificar-se no prazo de 30 dias, contados da data da publicação do decreto no órgão oficial”, podendo ser esse prazo prorrogado por mais 30 dias. Passado esse período, a nomeação é decretada sem efeito. “Se a posse não se der dentro do prazo inicial e no da prorrogação, será tornada sem efeito, por decreto, a nomeação”, diz outro trecho da Lei 869/1952. Segundo um professor de direito que pediu para não ser identificado, a medida do governo acabará acarretando, em um prazo de no máximo 120 dias, uma despesa extra para o Estado. “O prazo é de 30 dias, prorrogado por mais 30 para dar posse, e 30 prorrogáveis por mais 30 para dar exercício. Mas, se foi feita a nomeação, o governo precisa dar posse. Então, a nomeação não gera custo agora, mas em um prazo de, no máximo quatro meses, o Estado terá, sim, uma elevação em seu gasto de pessoal, porque a nomeação já foi feita”, explica. Ainda segundo o advogado, a medida provavelmente tem relação com o prazo de vencimento dos concursos e também com um projeto de socorro aos Estados e aos municípios aprovado no último sábado pelo Senado, mas que precisará ser novamente analisado pela Câmara dos Deputados. Isso porque o texto proíbe o crescimento da folha de pagamento dos entes federados por um ano e meio. Ou seja, a partir da publicação da lei, eles ficam proibidos de reajustar salários, reestruturar a carreira, contratar pessoal (exceto para repor vagas abertas) e conceder progressões a funcioná-
Paralelo Pausa. No mês passado, a Seplag publicou uma resolução suspendendo a contagem do prazo para posse de servidores nomeados em março na Secretaria de Estado de Educação.
Sem folga. Com arrecadação menor, governo não tem data para pagar os servidores, mas, mesmo assim, nomeia mais concursados
rios públicos. “O governo nomeou rapidamente e vai suspender em razão da pandemia, mas é uma suspensão altamente precária porque a motivação é viciada. Esse pessoal (os EPPGGs nomeados) vai questionar na Justiça via mandado de segurança e vão conseguir a posse com facilidade”, acredita o professor. A mesma manobra foi adotada pelo governo quando propôs um reajuste de 41,7%, até 2022, para às forças de segurança, enquanto almejava aderir ao Regime de Recuperação Fiscal do governo federal. O projeto foi apresentado antes da adesão ao plano justamente porque a ajuda da União aos Estados está condicionada ao não crescimento da despesa com pessoal. Porém, sem previsão de recursos, o governo recuou do índice e sancionou somente 13% a partir de julho deste ano. Questionada sobre o prazo para que ocorra a posse dos nomeados e sobre o risco de que as nomeações percam efeito, a Seplag não respondeu. Também não esclareceu o motivo pelo qual os servidores foram nomeados se não serão empossados.
Arrecadação
Com queda de R$ 1,9 bi, Estado não tem data para pagar salários Por causa da crise do novo coronavírus, a situação financeira de Minas Gerais tem se agravado ainda mais. O Estado fechou o mês de abril com uma receita total de R$ 6,8 bilhões, ou seja, R$ 1,9 bilhão a menos do que o arrecadado no mesmo período de 2019. O valor representa mais da metade da folha de pagamento do funcionalismo do Estado, que é de R$ 3,28 bilhões, somados servidores da ativa, aposentados e pensionistas, e que o governo já adiantou que talvez não pague em dia por falta de recursos. Segundo a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), além do impacto na folha de pagamento, a queda na arrecadação “compromete todos os pagamentos para os próximos dias e semanas”. Por isso, o governo informou ter solicitado aos deputados e senadores mineiros que votem a recomposição das perdas do Imposto so-
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bre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Congresso Nacional. O governo informou ainda que não tem previsão de pagamento do salário do mês de maio nem pode garantir o pagamento dos servidores da saúde e da segurança. “As datas de pagamentos dos salários dos servidores vêm sendo definidas após apuração da arrecadação estadual, impactada pela pandemia de Covid-19. Nenhuma data para maio foi divulgada até o momento”, disse. O 13º salário de 2019, que
Caixa Previsão. A expectativa do governo é que as perdas na arrecadação em função do coronavírus cheguem a R$ 7,5 bilhões, o que fará com que o Estado feche 2020 com um déficit de R$ 20,8 bi.
ainda não foi quitado para a totalidade do funcionalismo, também segue sem previsão de pagamento. Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), mais de 85% dos servidores já receberam o benefício de forma integral. No entanto, “para a quitação, o Estado depende da melhoria do fluxo de caixa ou de receitas extraordinárias”. No mês passado, o salário dos servidores (com exceção dos servidores da saúde e segurança, que receberam no início de abril) foi pago com atraso e parcelado, ainda assim graças a recursos de um processo de cobrança de dívidas do extinto Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), que tramitou por 21 anos na Justiça do Paraná. A decisão foi obtida pela Advocacia Geral do Estado (AGE) e garantiu o depósito de mais de R$ 781 milhões nos cofres do Estado. (TM)
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POLÍTICA
Investigação. Procurador geral quer novas diligências em inquérito que apura se Bolsonaro interferiu na PF
Aras pede ao STF depoimentos de três ministros e de deputada Pedidos têm como base a oitiva de Moro no qual foram citados osnomesconvocados ¬ BRASÍLIA. O procurador geral da República, Augusto Aras, enviou pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para novas diligências no inquérito que apura as acusações do ex-ministro Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro. Dentre as diligências, que devem ser realizadas pela Polícia Federal, Aras solici-
tou que sejam tomados os depoimentos de ministros e a obtenção de cópia do vídeo de uma reunião do Palácio do Planalto em que Bolsonaro teria ameaçado Moro de demissão caso não permitisse interferências na PF. As diligências se baseiam nas informações e provas fornecidas por Moro em seu longo depoimento de mais de oito horas, realizado no último sábado na PF de Curitiba. Aras pede que o ministro Celso de Mello, relator do caso, determine à Presidência da República o envio
de cópia do vídeo desta reunião, para fundamentar as investigações. Aras entendeu ser necessário colher os depoimentos dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno Ribeiro Pereira (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) e Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) para o esclarecimento dos fatos. Os três foram citados por Moro como testemunhas de pressões de Bolsonaro por interferência na PF. O procurador geral tam-
bém requer a oitiva da deputada federal Carla Zambeli (PSL-SP). Moro entregou mensagens trocadas por ela via celular como prova de que não teria aceitado ingerência sobre o órgão de investigação. Aras também pediu outras diligências, como as oitivas do ex-diretor geral da PF Maurício Valeixo, demitido por Bolsonaro, e os delegados Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira e Alexandre Ramagem Rodrigues, para que
prestem informações acerca de “eventual patrocínio, direto ou indireto, de interesses privados do presidente da República perante o Departamento de Polícia Federal, visando ao provimento de cargos em comissão e a exoneração de seus ocupantes”. Para todos os depoimentos, Aras sugere um prazo de cinco dias a partir da intimação dos citados. O prazo é o mesmo dado por Celso de Mello para a oitiva de Moro, na última semana. O procurador geral também solicitou a elaboração
de um laudo pericial a partir do conteúdo do telefone celular do ex-ministro, entregue no sábado à PF. Também pediu que a PF analise a autoria e integridade da assinatura digital do então ministro Sergio Moro no decreto de demissão de Maurício Valeixo, que Moro declarou não ter assinado. As diligências continuarão sob responsabilidade do Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq) da PF, órgão responsável pelas investigações de políticos com foro privilegiado. GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO - 27.4.2020
Posse relâmpago
Rolando assume a Polícia Federal 7
BRASÍLIA. Em uma estra-
tégia de blindar uma eventual medida do Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro deu posse ontem, às pressas, ao novo diretor geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza. Sem divulgação antecipada nem convidados, a pequena cerimônia durou 20 minutos no gabinete de Bolsonaro no Palácio do Planalto. A posse de Rolando ocorreu às 10h, cerca de meia hora depois de a nomeação ter sido publicada
em edição extra do Diário Oficial da União (“DOU”). Estiveram presentes sete ministros, entres os quais André Luiz Mendonça, da Justiça e Segurança Pública. Alexandre Ramagem não esteve presente. Ao chefe da Abin, é atribuída a indicação de Rolando, considerado o seu braço direito, para o comando da PF. A nomeação de Rolando é vista como uma alternativa do presidente para manter a influência de Ramagem, que é próximo à família Bolsonaro, na Polícia Federal.
Rolando, que é ex-secretário de Planejamento e Gestão da Abin, deixou o Planalto e não quis falar com a imprensa. Disse apenas para a sede da Polícia Federal. “Assinei o termo de posse. Estou indo lá para a Polícia Federal”, disse ao ser abordado por repórteres. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, o presidente está preocupado com o avanço do inquérito das “Fake News”, que poderia atingir seus filhos e até mesmo servidores que atuam no chamado “gabinete do ódio”.
Atuação. Aras quer depoimentos para confirmar ou não a versão dada por Moro em sua oitiva na PF
ISAC NÓBREGA/PR
Rio de Janeiro
Pesquisa XP
Foco de interesses, comandoserá trocado BRASÍLIA. Um dos primeiros atos do novo diretor geral da Polícia Federal (PF), Rolando Alexandre de Souza, será mudar o comando da corporação no Rio, justamente o foco de interesse do presidente Jair Bolsonaro e que gerou atritos entre ele e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Essa mudança ainda não foi oficializada, mas é dada como certa nos bastidores da PF. Segundo fontes da PF, Rolando convidou o atual superintendente da PF do Rio, Carlos Henrique Oliveira, para ser o diretor executivo da corporação em Brasília, segundo cargo na hierarquia da PF.
7 Corrida. Posse de Rolando Souza (ao centro) foi realizada 30 minutos após a nomeação de Bolsonaro
Ministro pede que só colegiado suspenda atos ¬ BRASÍLIA. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou ofício ao presidente da Corte, Dias Toffoli, pedindo que decisões que impliquem na suspensão de atos de outros Poderes seja decidido sempre pelo colegiado, formado pe-
los 11 magistrados do tribunal – e não de forma individual. “É uma medida para evitar o desgaste que estamos tendo agora”, afirma ele, referindose à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que suspendeu a nomeação feita por Jair Bolsonaro de Alexandre Rama-
gem para a diretoria geral da Polícia Federal. “Quando se invade área alheia, é sempre um problema seríssimo. Decisões de envergadura de outros Poderes devem ser analisadas pelo colegiado”, diz Marco Aurélio. (Mônica Bergamo/Folharess)
Embora seja uma promoção, a mudança foi vista com ressalvas internamente, já que o próprio presidente Bolsonaro afirmou publicamente que tinha interesse em indicar um nome para a PF do Rio. A promoção, segundo essas fontes, seria uma tentativa de minimizar o desgaste provocado pela mudança nessa Superintendência. Bolsonaro tentou fazer essa indicação no ano passado, mas sofreu resistência interna da PF, então comandada por Maurício Valeixo, nome de confiança de Moro. Ainda não há definição de quem será o substituto de Carlos Henrique no cargo.
0 Dado. A avaliação negativa do governo do presidente Jair Bolsonaro subiu de 42% para 49% depois do pedido de demissão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, de acordo com a pesquisa XP Ipespe. Por outro lado, a avaliação positiva variou de 31% para 27%. As duas marcas são o maior e o menor índice da série, iniciada em janeiro de 2019, segundo a XP Ipespe. 0 Abrangência. Para esse levantamento, foram realizadas 1.000 entrevistas de abrangência nacional, nos dias 28, 29 e 30 de abril. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais. A sondagem anterior foi divulgada no dia 24 de abril, dia da demissão de Moro.
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O.PINIAO
Editorial
CELEBRAR A VIDA Ao longo do fim de semana prolongado, não faltaram notícias de festas e celebrações dentro das casas, desafiando as recomendações de isolamento contra o coronavírus. Foi um comportamento que se repetiu tanto na periferia quanto em bairros de luxo, sem distinguir nível de renda ou escolaridade dos participantes. A realização dessas confraternizações é uma atitude de alto risco diante do cenário atual de 90 mil casos suspeitos de Covid-19 em Minas. E os números ainda devem crescer significativamente, já que o auge da contaminação deve chegar em junho, segundo as projeções da Secretaria de Estado da Saúde. É preciso reconhecer o cansaço e os impactos psicológicos que se manter em isolamento por mais de 50 dias provoca nas pessoas, mas é ainda mais necessário reconhecer que o perigo está longe de ser descartado, já que, sem uma vacina, não há outra medida além da prevenção para conter o avanço da pandemia. Mesmo um encontro familiar não é tão seguro quanto se possa pensar. A Universidade de Bonn, na Alemanha, comprovou que um quinto dos portadores do coronavírus não apresenta sintomas. E vale lembrar que o Brasil é o país com a mais alta taxa de contágio no mundo, conforme revelou o estudo do Imperial College de Londres na semana passada. Aqui, cada infectado transmite o vírus para três pessoas, em média – índice superior ao dos europeus, que somente agora estão começando a relaxar o controle. Por mais paradoxal que pareça, no momento, a maior demonstração de carinho e afeto com o outro é agir com responsabilidade, preservar o distanciamento social e evitar aglomerações e reuniões – ainda que familiares. E, aí sim, no futuro, todos poderão celebrar, enfim juntos, a preservação da vida.
FUNDADOR PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE DIRETOR EXECUTIVO
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Primeira: Marina Schettini Política: Ricardo Corrêa Opinião: Frederico Duboc Economia: Karlon Aredes Brasil/Mundo/Interessa: Aline Reskalla Super.FC: Frederico Jota Magazine: Marília Mendonça Fotografia: Daniel de Cerqueira
OPINIÃO
Duke
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REGINALDO LOPES Deputado federal (PT-MG) dep.reginaldolopes@camara.leg.br
Ajuda aos Estados e aos municípios é medíocre Insuficiência do projeto aprovado pelo Senado
N
inguém vive na União, as pessoas moram nos municípios. Embora soe como um clichê da política brasileira, esse entendimento precisa ser repetido como mantra num momento como este, de pandemia e iminente colapso nos serviços públicos. É nas cidades que os problemas são sentidos e aonde os recursos precisam chegar. A União tem a prerrogativa de emissão de moedas e títulos da dívida pública. Portanto, caso sejam necessários, possui todos os instrumentos para colocar dinheiro novo em circulação e socorrer de verdade municípios e Estados brasileiros que estão à beira do colapso. As alterações feitas pelo Senado ao projeto de socorro a Estados e municípios, que agora volta à Câmara, atendem às pretensões do Planalto, mas não às necessidades de prefeitos e governadores. Sobretudo porque elas exigem uma “contrapartida” aos R$ 60 bilhões que devem ser repassados a Estados e municípios: o fim de qualquer possibilidade de reajuste salarial dos servidores públicos até 2022. Em resumo: é apenas mais uma chantagem do governo em um momento que pede solidariedade. Daqui a dois meses, estaremos novamente debatendo o colapso. Além do congelamento de salários e progressões por um ano e meio, os concursos públicos foram proibidos até 31
de dezembro de 2021. E foi o próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que relatou o substitutivo que tornou isso possível. Vem dele a alteração da proposta aprovada pela Câmara – uma manobra capaz de fazer inveja ao ministro Paulo Guedes, famoso por chamar os servido-
Para os próximos dois meses, segundo projeções, eles poderão ter uma queda abrupta na arrecadação, entre 50% e 60% do ICMS e do ISS res públicos de “parasitas”. Na atual crise, com a economia real impossibilitada de produzir bens e serviços, os Estados e municípios sofrem com a falta de recursos. Para os próximos dois meses, segundo projeções, eles poderão ter uma queda abrupta na arrecadação, entre 50% e 60% do ICMS e do ISS. O projeto aprovado prevê um pacote de socorro de R$ 120 bilhões, sendo R$ 60 bilhões de repasse direto para governadores e prefeitos, R$ 49 bilhões de economia a partir da suspensão do pagamento de dívidas com União e bancos como BNDES e Caixa e R$ 10 bilhões em potencial de economia – com a renegocia-
ção de contratos com organismos internacionais. A suspensão, aliás, já tinha sido decretada em ação do STF. Segundo o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receitas ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), a proposta do Senado destina aos entes federados 40% a menos do que o previsto no projeto original da Câmara, além de condicionar os recursos a um desrespeito com os trabalhadores e trabalhadoras do serviço público. O projeto do Senado não garante a Estados e municípios a tranquilidade necessária na luta contra o coronavírus. Por um motivo bem simples: os recursos são insuficientes. A ideia da compensação das perdas na arrecadação do ICMS e ISS, e também, dos Fundos de Participação dos Estados e Fundo de Participação dos Municípios não é um favor, mas um dever constitucional da União! Como sofreu alterações, a proposta volta à Câmara para nova votação. Mas precisa ser confirmada de maneira definitiva pelo Senado. Vou apresentar uma emenda no sentido de garantir, pelo menos, que a Lei do Piso dos trabalhadores da educação seja cumprida. No caso de Minas Gerais, hoje os servidores recebem abaixo do que deveriam, e o socorro aos Estados e municípios não pode vir com uma chancela para que o governo, simplesmente, possa descumprir a lei ao não permitir o reajuste salarial.
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OPINIÃO
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entre aspas
“A ideia é usar o momento para conduzir investimentos para a inovação.” Mariana Mazzucato
“Quem ofende a liberdade de imprensa ofende a Constituição.” Cármen Lúcia
ECONOMISTA DA UNIVERSITY COLLEGE LONDON
MINISTRA DO STF
Sobre a recuperação da Itália
Acerca de agressões a jornalistas
Subnotificação e dúvidas sobre as estatísticas da pandemia
Paulo César de Oliveira
Jornalista e empresário pco@vbcomunicacao.com.br
Em quem acreditar?
D
izem – e ninguém sabe bem quem disse primeiro – que a primeira vítima na guerra é sempre a verdade. Estamos vivendo uma guerra, não a tradicional, de tiros e invasões, mas a do mundo contra um vírus, um inimigo oculto que ninguém consegue encontrar as armas químicas para enfrentar. Temos apenas as armas sociais do isolamento, que muitos insistem em desacreditar, embora sejam incapazes de apresentar algo alternativo. Então, seja por interesses inconfessáveis, por irresponsabilidade ou, novidade entre nós, por fanatismo religioso, cuida-se de espalhar toda sorte de mentiras usando, em es-
pecial, as redes sociais, por onde trafegam toda sorte de irresponsabilidades que geram mortes. Mortes que alguns insistem serem normais e inevitáveis. Especialmente quando atingem as famílias dos outros. Mas há outras “mentiras” que, muitas vezes, não são frutos da irresponsabilidade ou de interesses. Resultam do despreparo do Poder Público para o trato das questões mais complexas. Destas, as mais evidentes são as estatísticas sobre a extensão da epidemia. Quantas, afinal, são as vítimas da Covid-19 no mundo e, no que nos interessa tratar aqui, no Brasil? Não é possível a alguém acreditar nos números apresentados diariamente pelas autoridades.
Como acreditar, por exemplo, que em Minas existam pouco mais de 2.000 casos confirmados de Covid-19 e mais de 90 mil suspeitos? Que sejam perto de 90 as mortes confirmadas e mais de cem sem confirmação? Não podem ser sérias as estatísticas que indicam pouco mais de 7.000 mortes por coronavírus no Brasil, enquanto dezenas de milhares de outras são atribuídas à síndrome respiratória grave, uma doença que apresentou saltos espetaculares do ano passado para cá. Uma doença que tem sintomas semelhantes aos da Covid-19. Há uma evidente subnotificação dos casos de infectados por coronavírus em todo o país, enquanto o go-
verno federal insiste em minimizar a pandemia, preocupado em criar um ambiente favorável à sua tese de que é hora de flexibilizar para atender a economia. Chegam ao ridículo de anunciarem quantas pessoas se curaram da Covid-19. Como se isso fosse possível saber. E como se isso não acabasse por estimular aqueles que se negam a cumprir as regras de isolamento sob a alegação de que a pandemia é apenas um gatinho transformado num baita tigre pela ação da mídia. Não demora e o governo vai assegurar aos pedestres que não há risco algum em se desobedecer às regras de trânsito. Afinal, milhões de pedestres estão pelas ruas todos os dias, e
apenas alguns poucos morrem atropelados. O que assusta é a perspectiva de serem adotadas medidas de controle da Covid-19, e não quero entrar no mérito de nenhuma delas, sem informações confiáveis para, cientificamente, embasar medidas governamentais. Se não podemos confiar em números que dizem respeito às grandes cidades, como levar a sério os relativos a municípios que nem médicos têm? Estamos, e vamos continuar, agindo no escuro, sem base para sustentar os mais sérios e combater os mal-intencionados. Aos que creem, orem ou rezem, dependendo de sua crença. Aos que não creem, torçam.
Daniel Marçoni
Investimento em infraestrutura como saída da crise
Advogado atuante nas áreas de direito público e infraestrutura
Pró-Brasil e retomada da economia após a pandemia
O
mundo mudou, e a pandemia do coronavírus (Covid-19), que levou diversos países a adotarem medidas restritivas de circulação de pessoas, fechamento de fronteiras, proibição de voos comerciais, elaboração de planos de auxílios emergenciais para socorrer os mais necessitados, é agora nossa realidade também. Não poderia ser diferente, uma vez que vivemos em um mundo globalizado, e o aumento da interação entre as nações ao mesmo tempo que é muito benéfica também é capaz de socializar mazelas.
L.EITOR a
E-MAIL opiniao@otempo.com.br
Que a pandemia mudou a realidade do povo brasileiro ninguém mais dúvida, bem como que nossa realidade não será mais a mesma por um período razoável também. Contudo, não se pode ficar inerte à realidade, sob pena de condenar milhares de pessoas ao sofrimento que a Covid-19 já demonstrou ser capaz de causar e ao sofrimento acarretado por um país esvaziado de investimentos. Assim, pensar em como sairemos dessa crise humanitária de saúde pública é tarefa de primeira hora. Parece-nos que a tarefa de pen-
sar em uma saída estratégica está sendo gestada pelo governo federal, que anunciou, mesmo que de forma embrionária e com aparente divergência entre seus ministérios, plano de recuperação econômica pós-pandemia chamado Programa Pró-Brasil, apelidado de “Plano Marshall” (referência ao programa de reconstrução da Europa no pósguerra realizado com dinheiro dos norte-americanos). O programa inclui proposta de investimento público como forma de aumentar a oferta de empregos, cerca de R$ 30 bilhões em infraes-
Contágio
lamento social.
aO Brasil se destaca mais uma
Gasto público
Uriel Villas Boas
vez, sendo considerado por especialistas como recordista mundial de contágio do coronavírus. Portanto é hora de usar máscara e manter o iso-
aSobre a notícia “Gasto trimesKleber Pereira Gonçalves
tral da ALMG com pessoal é o maior em 18 anos” (Política 4.5), não é novi-
trutura, ao longo de três anos, começando ainda em 2020. Ponto fora da curva da estratégia do Ministério da Economia, que pautou todas as suas ações, até aqui, na realização de privatizações para atrair investimentos privados. Esse é o ponto de divergência clara entre a presente proposta, elaborada pelos ministros Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Braga Netto (Casa Civil), e o que sempre propôs o ministro Paulo Guedes (Economia) – mesmo que se negue. Superadas as divergências quanto à capacidade de investimento do Estado brasileiro no setor de infraes-
dade, pois a Assembleia Legislativa e seu apêndice, o Tribunal de Contas, gostam de sangrar os cofres públicos. Como abundam “especialistas” na TV sobre os mais variados assuntos, eles poderiam convidar os presidentes dessas duas instituições para falar de sua especialidade: gastar.
trutura, não há como ignorarmos que a recuperação da economia do país obrigatoriamente passar pela retomada dos projetos de infraestrutura elaborados em todos os níveis da federação, sejam eles viabilizados com recursos do Tesouro ou por meio de privatizações, tais como concessões, parcerias público-privadas, desestatizações, desinvestimentos etc. Nesse ponto, a escolha por investimentos na infraestrutura do país como forma de recuperação da economia brasileira no pós-pandemia se mostra acertada como proposta.
Wilson Campos
aPerfeito o artigo “Dois pesos, Claude Mines
duas medidas”, do sr. Wilson Campos (Opinião, 30.4), caracterizando com maestria a demagogia , o populismo e o oportunismo político.
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Novo coronavírus Letrista de clássicos como “O Bêbado e a Equilibrista”, Aldir Blanc deixa legado de amor ao Brasil, ao povo e à cultura
Chora a nossa pátria, mãe gentil ALAOR FILHO/ESTADÃO CONTEÚDO
¬ BRUNO MATHEUS ¬ O novo coronavírus foi o res-
ponsável pela morte de um dos mais notáveis artistas brasileiros. Depois de quase um mês internado, o compositor e escritor Aldir Blanc, de 73 anos, não resistiu e faleceu na madrugada de ontem no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e a qual cantou em verso e prosa. Em mais de 50 anos de carreira, Aldir escreveu cerca de 500 canções. Sua obra reúne dezenas de músicas conhecidas e parcerias com nomes como César Costa Filho, Jayme Vignolli, Hélio Delmiro, Djavan, Cristóvão Bastos (com quem fez "Resposta ao Tempo", sucesso na voz de Nana Caymmi), Edu Lobo, Guinga e Sueli Costa. Mas foi ao lado do mineiro João Bosco que deu à luz clássicos da MPB, como “O Bêbado e a Equilibrista”, “Mestre-Sala dos Mares”, “Dois pra Lá, Dois pra Cá”, “Corsário”, “Falso Brilhante" e “Linha de Passe”, para citar algumas. “Peço desculpas aos que têm me procurado hoje (ontem). Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo pra mim. Ele se confunde com a minha própria vida. A cada show, cada canção, em cada cidade, era ele que falava em mim. Não existe João sem Aldir”, escreveu Bosco, em uma rede social. Aldir Blanc nasceu no Rio de Janeiro, em 2 setembro de 1946. Em 1966, ingressou na Faculdade de Medicina, especializando-se em psiquiatria, mas abandonou o curso em 1973 para dedicar-se exclusivamente à música, tornando-se um dos mais importantes compositores de Música Popular Brasileira (MPB). Vale lembrar que, além de compositor, era escritor. Entre seus livros publicados estão “Rua dos Artistas e Arredores” (Ed. Codecri, 1978), “Porta de Tinturaria” (1981), “Brasil Passado a Sujo” (Ed. Geração, 1993) e “Vila Isabel – Inventário de Infância” (Ed. Relume-Dumará, 1996). O “IRMÃO DO HENFIL”. Foi a milha-
res de quilômetros do Brasil que Daniel Souza, então com 14 anos, conheceu a música “O Bêbado e a Equilibrista” – mais precisamente em 1979, logo quando foi lançada na voz de Elis Regina. A clássica parceria de Aldir Blanc e João Bosco, sobre um Brasil que cambaleava entre o medo e a esperança e sonhava com “a volta do irmão do
Unanimidade
‘Possuía uma qualidade poética admirável’ 7
Luta. Blanc foi internado no dia 10 de abril, com pneumonia: resultado positivo para a Covid-19 saiu 12 dias depois
Henfil, com tanta gente que partiu num rabo de foguete”, se transformou no hino pela Anistia e pela redemocratização naqueles tempos brabos da ditadura. Sociólogo e ativista dos direitos humanos, Betinho, o irmão do cartunista Henfil, vivia na Cidade do México, exilado com sua família. Ao Magazine, Daniel recordou a primeira vez que o pai ouviu a canção: “Primeiro, não acreditou. O Henfil ligou e disse: ‘Betinho, escuta aí’. E ele foi ouvindo, ouvindo... Até que chega a parte que diz: ‘que sonha com a volta do irmão do Henfil’. Foi uma surpresa, ele ficou muito emocionado. Ali percebeu que não podia não retornar (ao Brasil). Teria que preparar a volta”. Aldir Blanc e os irmãos Betinho, Chico Mário e Henfil eram muito próximos. E a música eternizou essa forte relação. “Aldir era muito especial, tudo que escrevia era maravilhoso”, diz Daniel, que sente privilegiado por ter frequentado, com o pai, saraus musicais na casa do compositor. “Encontros com nomes como Guinga, Moacyr Luz... Meu pai adorava música, e eu ficava ouvindo essas caras cantando”, lembra.
“‘Rubras cascatas / Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas’. Quando morre o autor de um verso como esse, entre tantos outros memoráveis, só nos resta chorar e reverenciar. ‘Glória a todas as lutas inglórias’. Viva Aldir!”
“Aldir, dos mestres maiores, que o senhor descanse em luz, com a certeza do tanto que nos deixou de legado, amor, senso crítico, arte, cultura. Missão cumprida! Que farra boa o céu vai presenciar!”
Arnaldo Antunes
Maria Rita
CANTOR E COMPOSITOR
CANTORA FÁBIO MOTTA/AGÊNCIA ESTADO
Dupla lendária. A parceria com o mineiro João Bosco rendeu muitos clássicos
Filho de Henrique de Souza, o Henfil, Ivan Cosenza de Souza fala de “O Bêbado e a Equilibrista”: “Meu pai vivia falando sobre sua batalha para trazer o irmão do exílio”. Tocado, o poeta colocou o sentimento na canção. Ao Magazine, muito baqueado, Ivan reforçou ontem a importância de Blanc: “Contribuiu tanto para a história do país como um todo. Infelizmente, não vou poder dar um abraço na esposa dele, na filha… Não vamos ver uma roda de samba para homenageá-lo”. Seu primo, Daniel Souza completa: “As letras do Aldir, ao mesmo tempo que têm uma erudição, são extremamente populares. Ele não fazia letra boba nem intelectualoide, e tocava todo mundo”. Para o jornalista e crítico musical Jotabê Medeiros, Blanc tinha a capacidade de entender a alma do povo brasileiro, suas paixões e cumplicidades; e traduzi-las. “Jamais subestimou as qualidades do brasileiro. Se irmanou nesse ideário, foi a voz do subúrbio com uma qualidade poética extraordinária. Se postou ao lado desse contingente”, analisa. Medeiros também ressalta que, com sua musicalidade, Blanc conseguiu seduzir dezenas e dezenas de cantoras. Tanto que foi gravado por Clementina de Jesus, Elis Regina, Nana Caymmi, Maria Alcina, Fafá de Belém, Simone, Maria João e muitas outras. “São poucos que têm tanto apelo assim”, opina o crítico. Parceiro de Aldir em “Chão Brasileiro”, Wagner Tiso confessa que se maravilhava com a multiplicidade de temas que o compositor dominava e com a forma como ele conseguia, seja com gírias seja com poesia, colocar isso nas letras. “Um parceiro querido, deixou uma obra muito bonita”. Os dois, que se conheceram em um festival da TV Tupi, nos anos 60, também dividiam a paixão pelo Vasco da Gama. “Era uma figura, lutou muito para viver”, comenta o maestro, emocionado. (BM)
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Luto Corpo do ator – que deu vida a tipos inesquecíveis na televisão, no teatro e no cinema – foi encontrado em seu sítio
Flávio Migliaccio sai de cena SELMY YASSUDA/ REDE GLOBO/DIVULGAÇÃO
¬ RIO DE JANEIRO. Foi encar-
nando um morto que Flávio Migliaccio deu os primeiros passos no teatro profissional: mais precisamente, em “Julgue Você” (1954). “Cheguei ao Teatro de Arena, fui aprovado no teste e, todo contente, perguntei o papel. Ele falou: ‘De morto’”, relembrou, aos risos, ao site Memória Globo. “Mas fiz com tanta determinação que tinha que dar certo. Outro poderia ter desistido ali”. Ontem, o corpo do ator, que contabilizava 85 anos, foi encontrado em seu sítio em Rio Bonito, interior fluminense. O boletim de ocorrência foi registrado como suicídio. O ator deixou uma carta a familiares: “Me desculpem, não deu mais”. Nascido no Brás, em São Paulo, tinha 16 irmãos, entre eles, Dirce Migliaccio. Falecida em 2009, foi uma das Emílias de “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” e uma das irmãs Cajazeiras de “O Bem Amado” (1973). Ao lado dela, atuou em “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, no Teatro de Arena em 1958; em “Chapetuba Futebol Clube” (1959), de Oduvaldo Vianna Filho, e “Revolução na América do Sul” (1960), de Augusto Boal. Flávio estreou na telona em “O Grande Momento” (1956), de Roberto Santos. Participaria, ainda, de filmes como
“Cinco Vezes Favela” (1962) e co-escreveu “Pedreira de São Diogo”, com Leon Hirszman. Fez, ainda, “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (1965), “Todas as Mulheres do Mundo”, “Os Trapalhões na Terra dos Monstros” (1989), “Boleiros” (1 e 2, de 1998 e 2006) e “Verônica” (2009). Mas foi na TV que se tornou mais querido. Ganhou destaque com o Xerife, na novela “O Primeiro Amor” e, depois, no seriado “Shazan, Xerife & Cia” (1972-1974), com Paulo José. Daí veio “As Aventuras do Tio Maneco” (TVE, entre 1981 e 1985). Ao todo, Migliaccio atuou em cerca de 30 novelas e seriados, em papéis como o indiano Karan, de “Caminho das Índias” (2009), ou o turco Chalita, da série “Tapas & Beijos” (2011). Ou o veterinário Josias, em “Êta Mundo Bom!”, em reprise no “Vale a Pena Ver de Novo”. Outros tipo marcantes foram o Seu Moreiras, de “A Rainha da Sucata” (1990), e Vitinho, de “A Próxima Vítima” (1994). O ator também teve passagens pela TV Tupi, onde fez uma participação em “Vila Sésamo”. Seu último papel na televisão foi o personagem Mamede Al Aud, na novela “Órfãos da Terra”, da Globo, em 2019. No entanto, sua última aparição profissional foi no cinema, no longa independente “Jovens Polacas”, lançado no ano passado. REPRODUÇÃO YOUTUBE
Repercussão “A morte de Flávio Migliaccio deixa a cultura teatral mais pobre.” Ary Fontoura, ator “Um dos maiores atores que portava o lindo vírus de representar o nosso Brasil com ‘s’. Estamos profundamente enlutados. Nada a fazer a não ser chorar em honra a eles, ouvindo Aldir, e revendo Flávio.” Matheus Nachtergaele, ator “Um humanista, doce, gentil e irônico. Sacana. Um mestre. Eu vou sentir uma saudade imensa dele. Eu era, sou apaixonada por ele”. Andréa Beltrão, atriz “Outra notícia triste do dia. Flávio era um querido e trabalhou comigo em ‘Êta Mundo Bom’, atualmente no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. Muita força para toda a família e amigos neste momento. Descanse em paz!”. Walcyr Carrasco, teledramaturgo Na telinha. Acima, na apresentação da novela “Órfãos da Terra” (Globo), onde viveu Mamede Al Aud REPRODUÇÃO YOUTUBE
PAULO BELOTE/REDE GLOBO/DIVULGAÇÃO
Espetáculo autobiográfico
Com Paulo José, na série televisiva “Shazam, Xerife e Cia”, veiculada de 1972 a 1974. Os dois viviam uma dupla que sonhava construir uma bicicleta voadora.
Em “As Aventuras do Tio Maneco”, série televisiva, que foi ao ar de junho de 1981 a junho de 1985. O trabalho foi um desdobramento do filme homônimo, de 1971. Migliaccio interpretava o personagem-título.
¬ Migliaccio contava ter descoberto os palcos quando, aos 14 anos, foi expulso do colégio católico onde estudava após denunciar o assédio que sofria dos padres – a experiência foi descrita no espetáculo autobiográfico “Confissões de um Senhor de Idade” (2017). Então, caminhava perto da igreja do Tucuruvi quando ouviu um grupo se apresentando. Entrou e começou a assistir à peça. Gostou tanto que foi falar com o ator principal, dizendo que era capaz de fazer aquilo. O ator cedeu seu lugar a ele, que passou a desempenhar o papel com destreza. Migliaccio participou da companhia amadora por três anos.
Como Seu Chalita, em cena da quarta temporada do seriado “Tapas e Beijos” (Globo), ao lado de Djalma (Otávio Müller): disputando figurinhas do álbum da Copa.
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Tira Gosto
Astrologia Previsões por OSCAR QUIROGA quiroga@astrologiareal.com.br
Hora de evitar confrontos Data estelar: Lua cresce em Libra
T
odo e qualquer confronto, neste momento, só resultará em impasse, perda de tempo e energia. Este, definitivamente, não é o momento apropriado para que algo positivo resulte de confrontos, pois seriam motivados por julgamentos parciais e enviesados, no frenesi de produzir o impasse, que é o recurso ao qual nossa humanidade se agarra quando não quer dar o braço a torcer, mas não porque tenha razão para o fazer, e sim porque perdeu a razão há muito tempo, e naufraga na sua parcialidade tendenciosa, em vez de aproveitar a ocasião e ampliar a sua percepção do que é bom, belo e verdadeiro. Porém, já que te deste ao trabalho de ler estas linhas, então aproveita o embalo, te preparando devidamente para receber um fluxo maior de vida na próxima Lua Cheia, de 7/5, decretando o drible bem-humorado para teus conflitos.
Áries (21/3 a 20/4)
As pessoas são imprevisíveis, nunca se esqueça disso. Portanto, o momento em que você considera ter dominado a situação é temporário, não permanente, precisando de ajustes constantes para ser preservado assim.
Touro (21/4 a 20/5)
Importante mesmo é que você conclua as tarefas em andamento, mas não de um jeito desleixado, porém, prestando atenção minuciosa a tudo que seja necessário fazer. Estar presente é isso mesmo, fazer bem o necessário. Gêmeos (21/5 a 20/6)
As motivações nem sempre estão claras ao intelecto, em muitos casos os impulsos ganham de todo e qualquer raciocínio, e, quando você cai em si, já fez algo que não consegue encontrar as razões de o ter feito. Câncer (21/6 a 21/7)
As pessoas que você precisa conhecer e contatar estão por aí, ao alcance dos instrumentos de comunicação. Porém, essa conexão não se fará pela mágica das coincidências, você precisará tomar a iniciativa do contato.
Leão(22/7 a 22/8)
Se você não consegue explicar o que precisa fazer, nem tampouco o que você fez, você tem duas alternativas. A primeira e mais fácil é mentir e inventar justificativas para ter razão. A segunda é se empenhar mais.
Virgem (23/8 a 22/9)
Sem empreender as ações pertinentes, as maravilhosas ideias que fazem seu coração arder ficarão por isso, no mundo das ideias, e não serão devidamente compartilhadas com ninguém. Compartilhar, só pela ação.
Libra (23/9 a 22/10)
Seja realista, evite o romantismo nesta parte do caminho, porque esse envolveria fantasias que fariam você perder de vista o objetivo perseguido. Fantasias servem apenas para descansar – e olha lá. Agora, esforço.
Escorpião (23/10 a 21/11)
Reagir ao que você considera ser provocações é algo que precisa pensar melhor. Não que as reações possam ou devam ser contidas, porém, é preciso esclarecer se houve a provocação e se essa foi intencional. Sagitário (22/11 a 21/12)
Faça o que puder, evite ir além do que seja possível, porque, apesar de sua alma ser sempre motivada pelos desafios, há momentos, como agora, em que a simplicidade do que é possível é a melhor pedida. Capricórnio (22/12 a 20/1)
Você sabe, ao fim, fará o que quer, a despeito de tudo e de todos. Nem sempre sua alma estima os efeitos colaterais dessa atitude, porém, é o momento em que isso é totalmente necessário.
Aquário (21/1 a 19/2)
Compartilhe sua intimidade só com as pessoas verdadeiramente próximas, aquelas que, comprovadamente, não olham torto para suas extravagâncias nem tampouco te intimidam com olhares moralistas. Elas existem?
Peixes (20/2 a 20/3)
Evidentemente, não dá para ser cordial o tempo inteiro, porque os humores ficam ácidos diante da inércia que certas pessoas demonstram, atrapalhando seus planos e sendo impermeáveis às orientações.
DANIEL ASSIS/DIVULGACÃO
Kayete faz nova live hoje O Cine Theatro Brasil Vallourec promove hoje, às 20h, a sua segunda live teatral, com Kayete e Guilherme Oliveira encenando “Guara-pa-rir”. A primeira, vale dizer, chegou a registrar mais de 10 mil espectadores. A atração é gratuita, contará com tradução em libras e poderá ser assistida no YouTube (youtube.com/CineTheatroBrasilVallourec)
Dia da Língua Portuguesa
‘Sarará Papo Reto’ estreia
Para balizar a data, instituída pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e festejada hoje, o Museu da Língua Portuguesa está, desde domingo, realizando uma série de lives pelo seu canal no YouTube e em sua página no Facebook, a partir das 15h. São performances, debates, contação de história etc. A jornada, hoje, se encerra com slam.
O evento mineiro estreia hoje, às 20h, no canal do festival no YouTube, o projeto “Papo Reto”, que vai receber o rapper Djonga (foto) e as cantoras Preta Gil e Linn da Quebrada para uma roda sobre o tema “A música como ferramenta de discussão de gênero e responsabilidade social”. A mediação do papo fica aos cuidados da apresentadora Didi Wagner.
Cruzadas diretas
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ESOTÉRICO
Literatura. Ex-alunos da Harvard Business School apresentam princípios bíblicos sobre riqueza e doação
Dicas de Deus sobre as finanças ARQUIVO PESSOAL
Especialistas argumentam sobre os benefícios da generosidade ¬ ANA ELIZABETH DINIZ ESPECIAL PARA O TEMPO
¬ John
Cortines gabavase de ser um poupador nato, cuja senha de banco na internet era “aposentado_aos_40”. Após o MBA na Harvard Business School, deixou uma bemsucedida carreira na indústria petrolífera para atuar na organização Generous Giving. Gregory Baumer era um gastador contumaz antes de ingressar na mesma universidade. Hoje, procura despertar nas pessoas a generosidade. É vice-presidente da naviHealth, uma startup tecnológica de cuidados médicos. Esses jovens ex-alunos do MBA mais prestigiado do planeta e com a expectativa de uma carreira promissora dedicaram-se a esmiuçar as raízes bíblicas da generosidade. Aliando conhecimento teórico, pesquisas e a sabedoria das Escrituras, eles apontam sete princípios bíblicos fundamentais sobre dinheiro e doação, que surpreendem pela simplicidade e persuasão. Eles argumentam que a generosidade não deve ser mera obrigação moral, mas um estilo de vida prazeroso e pleno de significado existencial. O resultado do trabalho conjunto está no livro “Deus e o Dinheiro: Como Descobrimos a Verdadeira Riqueza na Harvard Business School”. Cortines conta que sempre acreditou que dinheiro era tudo para fazer as coisas certas e conquistar um patrimônio líquido cada vez maior. Seu foco era ficar rico e se aposentar aos 40 anos. “Isso foi antes de Deus mudar meu coração. Eu estava doando 10% da minha renda, mas era mais por senso de dever e obrigação do que por alegria. Hoje percebo que lidar com dinheiro não é apenas ganhar uma corrida ou completar uma tarefa – como Cristão, é tornar-se mais parecido com Jesus Cristo”, confessa Cortines. Mas, afinal, as Escrituras ensinam a lidar com o dinheiro? “Posses materiais são tidas como um bom presente de nosso
amoroso Pai Deus. No entanto, as Escrituras advertem claramente sobre os perigos de se adorar o dinheiro, que promete as mesmas coisas que Deus: segurança, significado, alegria e prazer”, diz o escritor. Ele acredita que “o único que pode nos dar essas coisas em um contexto eterno é Jesus Cristo”. “Se nosso coração começa a buscar essas coisas boas por meio do dinheiro, sabemos que caímos na idolatria”, explica. A generosidade financeira é afirmada ao longo das escrituras como uma característica essencial do povo de Deus. “Isso porque somos filhos de Deus, somos feitos à Sua imagem. Ele é um doador. O Evangelho revela a generosidade de Deus em salvar-nos de nosso estado depravado e nos tornar inteiros e novos. Quando doamos generosamente, estamos modelando o caráter de Deus para o mundo e em nossos próprios corações”, ressalta Cortines. Para ele, “dar generosamente às causas cristãs é uma maneira de adorarmos a Deus e sermos formados à imagem de Seu filho, Jesus Cristo. Em vários estudos, demonstrou-se que as doações nos tornam pessoas mais saudáveis e mais felizes, o que significa que é realmente do nosso próprio interesse tornar-nos cada vez mais generosos. A doação serve como uma ferramenta para representar fielmente o amor de Deus a um mundo necessitado e ferido”, conclui Cortines. REPRODUÇÃO
8 “Deus e o dinheiro: Como descobrimos a verdadeira riqueza na Harvard Business School” 8 Gregory Baumer e John Cortines 8 Editora Mundo Cristão 8 272 páginas 8 R$ 54,90
Princípios 8 Tudo o que possuímos, na verdade, pertence a Deus; 8 Riquezas e posses devem ser usadas para os propósitos divinos; 8 A riqueza é como a dinamite, com grande potencial tanto para o bem quanto para o mal; 8 A riqueza mundana é passageira. Os tesouros celestiais são eternos; 8 Dar aos pobres com generosidade é um dever moral em um mundo caído; 8 A doação deve ser voluntária, generosa (até mesmo sacrificial), alegre e voltada para as necessidades; 8 A doação generosa rompe com o poder do dinheiro sobre o homem. Transformação. O poupador John Cortines mudou sua visão sobre o dinheiro após o MBA
Evangelho
Maisde2.000versículosnaBíblia ARQUIVO PESSOAL
Gregory Baumer sempre foi um gastador. “Antes da pós-graduação, sofri profundamente com o materialismo. Eu não sabia disso na época. Coloquei muito da minha identidade nas coisas e experiências que eu poderia comprar com o dinheiro e o usei como medida do meu sucesso em relação aos meus colegas. O pior de tudo é que busquei alegria nas coisas materiais, e não no meu criador e salvador”, diz Baumer. O curioso é que, durante o MBA, ele entendeu que o materialismo o estava levando ao descontentamento e ao vazio. “Aprendi que o verdadeiro propósito do dinheiro é glorificar a Deus – afinal, é o dinheiro dele de qualquer maneira. Agora, minha esposa e eu sentimos grande alegria por sermos generosos e nos sentimos muito mais felizes, mais inteiros e mais alinhados com Deus ao usarmos nosso dinheiro dessa maneira”, comenta Baumer. Segundo ele, existem mais de 2.000 versículos na
7
Gregory Baumer estimula na comunidade gestos de generosidade
Bíblia sobre dinheiro. “Deus sabe que o amor ao dinheiro é uma armadilha letal para o coração humano e que ele amplia o impacto de muitas outras lutas que já enfrentamos (ganância, egoísmo, ambição vã). Por outro lado, as Escrituras também destacam as alegrias que somos capazes de experimentar quando usamos nosso dinheiro
de acordo com a vontade de Deus”, ressalta Baumer. E Deus nos oferece dicas para lidar com o dinheiro. “Vemos alguns temas-chave na palavra de Deus. ‘Devemos absolutamente prover nossas famílias e salvar com responsabilidade. No entanto, também devemos ser generosos’. Deus ordena que sejamos generosos muitas
vezes no Antigo e no Novo Testamento. Contudo, não devemos dar simplesmente por compulsão, pois Ele ama o doador alegre”, diz Baumer. Quando doar e quando economizar? “Cada família deve orar por sabedoria no equilíbrio entre dar e salvar e pedir conselhos a amigos cristãos sábios”, propõe o jovem. No entanto, existem alguns princípios que ele compartilha. “Deus sempre quer que sejamos generosos. Portanto, mesmo se sentimos que não temos o suficiente, ainda devemos dar algo”, comenta Gregory Baumer. Para ele, corre-se o risco de ficar viciado em economizar, quando a pessoa sente que não tem o suficiente. “É aconselhável economizar para o futuro, mas essa economia nunca deve impedir que sejamos generosos ao longo do caminho”, finaliza Baumer. (AED).
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Cautela. Atacante celeste, que falou com exclusividade à rádio Super 91,7 FM, diz que é preciso ter total segurança
Moreno defende volta aos treinos na Toca GUSTAVO ALEIXO/CRUZEIRO - 17.3.2020
¬ FERNANDO MARTINS Y MIGUEL
¬ Com a devida segurança para atletas e seus familiares, o atacante do Cruzeiro, Marcelo Moreno, defende a volta aos treinos na Toca da Raposa II. No entanto, o jogador celeste diz que o elenco precisaria ser dividido em grupos. Em entrevista exclusiva ontem ao programa SUPER.FC 1º Edição, o jogador se disse “experiente” em pandemia, já que veio da China, país que registrou os primeiros casos da Covid-19. Durante o bate-papo, Marcelo Moreno evitou comentar sobre o atraso de salários dos jogadores do Cruzeiro. Na verdade, o atacante limitou-se a dizer que os atletas mantêm contato diário entre eles e que posteriormente a posição dos jogadores celestes será divulgada à imprensa.
Duke
Sobre o retorno aos trabalhos na Toca da Raposa, Moreno ressaltou a importância das medidas de segurança para os jogadores e seus familiares, caso isso aconteça. “Deram umas férias forçadas. Todo mundo ficou surpreso. Se tiver segurança para os jogadores, para os nossos familiares, acho que é válido a gente voltar a treinar em grupo. Grupos de cinco, seis jogadores por vez. A gente sabe que a diretoria vai analisar, mas a segurança tem que estar em primeiro lugar”, explicou Moreno. “Eu já estou nessa pandemia há muito tempo. Estava na China e lá já tinha. Eles acharam uma solução lá e acredito que o Brasil vai conseguir. Temos que ter cuidado. É arriscado você ir para a rua mesmo. Não sabemos como é esse vírus. É perigoso. Espero que a gente volte o mais rápido a ter tudo nor-
mal. Queremos voltar a jogar, mas com segurança”, acrescentou o jogador. ELENCO. O atacante analisou o atual elenco do Cruzeiro e se mostrou otimista quanto ao retorno à primeira divisão do Brasileiro. Na visão do camisa nove, a chegada de reforços será fundamental para fortalecer o elenco cruzeirense. “Nós temos um time novo. Estamos começando um trabalho. Não é fácil. No início do ano tínhamos poucos jogadores. O Adilson tentou fazer milagre para montar um time. Com a chegada de jogadores, e a diretoria prometeu que vão chegar jogadores, acredito que nosso time vai ficar competitivo. Mas a gente sabe que não será fácil. O Brasileiro é muito difícil, tem muitos times fortes. Mas acredito que a diretoria vai montar um time para subir, sim”, garantiu.
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Jogador estava na China quando a pandemia começou e sugere que atletas treinem em grupos
“
Se tiver segurança para os jogadores, para os nossos familiares, acho que é válido a gente voltar a treinar em grupo.
” “
É uma ideia (ser presidente). Mas tenho que me preparar muito com as pessoas que já ocuparam esse cargo.
”
Marcelo Moreno
ATACANTE DO CRUZEIRO
Futuro
Ídolo Flecha Azul pensa em ser presidente do Cruzeiro ¬ O atacante Marcelo Moreno confirmou a informação de quem tem a intenção de ser presidente do Cruzeiro no futuro. O jogador salientou, no entanto, que precisa se preparar bastante para tal função e que vê em ex-dirigentes o caminho para adquirir a experiência necessária. “É uma ideia (ser presidente do Cruzeiro). Mas tenho que me preparar muito com as pessoas que tiveram esse cargo. Pegar experiência com eles. Identifico-me muito com o Cruzeiro. Quem sabe eu possa ser o presidente do Cruzeiro?!”, disse o jogador durante a entrevista ontem. O atacante fez questão de dizer que o foco, no momento, não está em se tornar dirigente e, sim, em retornar à
elite do futebol brasileiro. “Tenho interesse, sim, em ser presidente. Mas meu foco principal agora é levar o Cruzeiro à primeira divisão. Temos muito trabalho pela frente”, concluiu. PRIMEIRO GOL. Marcelo More-
no garantiu que não está ansioso pelo primeiro gol neste seu retorno ao clube no início do ano. Até o momento, o boliviano participou de cinco jogos na temporada e ainda não balançou as redes. “Aos poucos a gente vai ganhando ritmo. Não tenho pressa por esse gol. Já fiz tantos, que esse não seria o primeiro. Acho que a gente vai se preparar melhor. E o time vai jogar melhor e os gols vão sair. Isso que é o mais importante”, concluiu. (FMM)
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SUPER.FC
Arena do Galo. Cerveja barata, sombra e Wi-Fi são estratégias para atrair o público antes do início de cada partida no local
Esplanada terá várias atrações para a torcida ARENA MRV/DIVULGAÇÃO
“
¬ THIAGO
NOGUEIRA
Temos que tentar aproveitar essa oportunidade de trazer essa massa do entorno para esplanada para poder consumir.
¬ No Mineirão,
o tradicional ponto de concentração do atleticano é na conhecida rua do Peixe, no lado Norte do estádio, bem em frente ao ginásio do Mineirinho. No Independência, grande parte da torcida alvinegra faz o aquecimento na praça Estevão Lunardi, na avenida Silviano Brandão. E onde será o tradicional pré-jogo na futura Arena MRV? As obras mal começaram, ficarão prontas em meados de 2022, mas o Atlético já tem um local estrategicamente pensado do ponto de vista comercial e de segurança para receber seu torcedor antes de a bola rola. A esplanada, com 31 mil m², terá estrutura de bares e banheiros para que o atleticano tome a sua cervejinha e compre o seu espetinho bem do lado dos portões de entrada. A intenção é vender produtos a preços “justos”, para minimizar o impacto da concorrência de ambulantes do lado de fora. Além de ser comercialmente interessante – o torcedor estará consumindo, ajudando o clube diretamente –, a iniciativa contribui para que a entrada dos espectadores aconteça o mais cedo possível, evitando tumultos e gargalos nos portões de acesso antes do início dos jogos. “Esse é um dos nossos grandes desafios: conseguir trazer o torcedor para consumir na arena. Isso é vital, temos que tentar aproveitar essa oportunidade de trazer essa massa do entorno para esplanada para poder consumir. A minha ideia é tentar deixar esse consumo a preços atrativos para consumir
” “ A minha ideia é tentar deixar esse consumo a preços atrativos para que o torcedor fique por ali antes das partidas.
O espaço no entorno do novo estádio do Galo tem 31 mil m2 e se transformará no tradicional ponto de encontro da torcida alvinegra
lá”, destaca o CEO da Arena MRV, Bruno Muzzi. TECNOLOGIA. A futura casa do Galo também promete oferecer um serviço eficaz de internet, para que o torcedor compartilhe suas emoções nas redes sociais e se divirta antes dos jogos do time do coração. “Se os torcedores chegam com segurança, tendo tecnologias, como Wi-Fi, ele se sente num ambiente mais agradável e isso faz com que ele consuma mais os nossos produtos do que os do entorno. Esse é nosso desafio”, completa Muzzi. Além da venda de bebidas e alimentos, a esplanada
também é, por exemplo, um bom ponto para abrir estandes para a comercialização de camisas e produtos oficiais do clube alvinegro. Em jogos diurnos, o sol costuma castigar o torcedor e, por isso, áreas de sombra são importantes para que o atleticano se sinta melhor. O projeto arquitetônico pensou até nisso. “Temos algumas áreas de sombra, não muitas. Focamos em cinco ou seis posições dentro da esplanada com áreas um pouco maiores para sombrear um grupo de pessoas”, explica o arquiteto Bernardo Farkasvölgyi, que projetou a arena.
Expectativa
¬ O presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, revelou que o pensamento do clube é que os jogadores profissionais retomem as atividades presenciais na Cidade do Galo na próxima semana. De acordo com o dirigente, o médico do clube, Rodrigo Lasmar, está montando um protocolo com normas a serem seguidas pelos jogadores e que, com isso, os treinos passem a ser realizados de forma diferenciada.
América volta aos trabalhos, mas em casa JOÃO ZEBRAL/AMÉRICA - 14.3.2020
Jogadores receberam uma cartilha com orientações individuais
profissionais do América voltaram aos treinos ontem, mas as atividades ainda não serão no CT Lanna Drumond. O clube estuda um protocolo oficial para a retomada dos treinos presenciais, mas, enquanto isso, os atletas e comissão técnica vão cumprir suas funções desde suas casas.
”
Treinos devem recomeçar na semana que vem
Fim das férias
¬ DA REDAÇÃO ¬ Os jogadores
Bruno Muzzi
CEO DA ARENA MRV
Neste período, os jogadores vão seguir planilhas com atividades físicas, que serão envidas diariamente pelo Núcleo de Performance do Clube. Para criar a planilha de treinos de forma individual, os preparadores físicos criaram um questionário, que foi respondido nos últimos dias por todos os atletas do clube.
“O Atlético tem um corpo médico muito competente chefiado pelo Rodrigo Lasmar, que é medico da seleção brasileira. E ele está montando ativamente os protocolos médicos capitaneados pela CBF. O Atlético está preparado e muito atento. Estamos pensando em começar a retomar os treinamentos na próxima semana. Esta semana será de planejamento e de uma volta gradativa primeiramente dos funcioná-
rios do CT. Os treinos, em dois turnos, separando parte dos jogadores na manhã, e parte à tarde”, declarou o mandatário durante conversa com a Fox Sport. O dirigente do clube alvinegro demonstrou durante a conversa preocupação com a legalidade em se retomar as atividades na Cidade do Galo nos próximos dias. Por isso, deixou claro que tem conversado com a prefeita de Vespasiano, Ilce Rocha. (Da redação)
Arena MRV. Estádio terá cerveja barata e local reservado para encontro da torcida. Página 23
SUPER.FC
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CRISTIANE MATTOS - 1.3.2020
VVVV otempo.com.br
O TEMPO BELO HORIZONTE TERÇA-FEIRA, 5 DE MAIO DE 2020
Editor: Frederico Jota - frederico.jota@otempo.com.br e-mail: superfc@otempo.com.br twitter: @supernoticiafm Atendimento ao assinante: (31) 2101-3838
¬ THIAGO NOGUEIRA ¬ O presidente da Federação Minei-
ra de Futebol (FMF), Adriano Aro, foi o convidado do programa Super FC 2ª Edição, de ontem, na rádio Super 91,7 FM. O dirigente reiterou que não há uma data estipulada para o retorno do Campeonato Mineiro, o que dificil-
mente acontecerá antes da segunda quinzena de junho, em uma previsão bastante otimista. A retomada depende de uma avaliação da Secretaria de Estado de Saúde que, no momento, ainda não autorizou o retorno das atividades esportivas em Minas. O que a FMF tem feito é se antecipar, discutindo com a pasta, protocolos para o reinício das competições. “A federação não fará absolutamente nada sem antes ter o aval do governo federal, do governo estadual e de cada governo municipal. Quando falamos de retomada do futebol, não estamos falando só de Belo Horizonte, mas do Estado
de Minas Gerais. Quando o governo do Estado disser: ‘podemos retomar o futebol’, aí sim teremos o diálogo com cada uma das cidades envolvidas”, explicou Adriano Aro. O presidente comentou a declaração do prefeito Alexandre Kalil que disse, na última semana, que o futebol não vai voltar em Belo Horizonte por agora. “A fala do prefeito Kalil vai no mesmo sentido de todas as afirmações da federação. Em momento algum falamos que estávamos pensando na volta do futebol agora. Estamos nos programando para quando for possível, não estamos de braços cruzados, esperando que as coisas aconteçam automaticamente”, destacou o presidente. O futebol mineiro só vai voltar quando os prefeitos de cerca de 20 cidades, onde estão os clubes dos Módulo I e II, autorizarem. Adriano Aro explicou ainda durante a entrevista que a retomada dos treinamentos nos clubes é uma decisão que cabe a eles e não à Federação.
Campeonato Mineiro não deve recomeçar antes da segunda quinzena de junho.
Longe de voltar 2 4/5
LOTERIA
2 2/5
2 2/5
Lotomania
Dupla Sena
concurso 2.073
1º sorteio
13 24 34 36 42 47
2º sorteio
03 07 13 25 27 40
ÍNDICE
u Caderno A
Coronavírus Aparte
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concurso 2.070 14
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Política Opinião
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Lotofácil
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11 e 12 14 e 15
19
20
Magazine Esotérico
21
22
2 2/5
Federal
concurso 5.477
1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio
50.411 64.624 92.652 44.129 78.488
16 a 18 19
Super FC
u Caderno
22 a 24
Mega Sena 18
21
concurso 2.257 30
2 2/5 Timemania 02
asdasd
05
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2 4/5 Quina 01
concurso 5.260 07
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O TEMPO publica diariamente o resultado das loterias. Fique atento ao número do sorteio.
concurso 1.479 18
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Atendimento ao assinante Capital e Grande BH 2101-3838 Interior 0800-703-4001
* Até o fechamento desta edição, a Caixa não havia divulgado o resultado do sorteio.
CRISTIANE MATTOS - 9.2.2020
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Moreno defende retomada dos treinos na Toca.