Servidores. Primeira parcela do salário sai hoje, e a segunda, no dia 27. Página 14
R$ 2,00 (outros Estados R$ 3,00) - www.otempo.com.br - Belo Horizonte - Ano 24 - Número 8559 - Quinta-feira, 21/5/2020
FLÁVIO TAVARES
Live do Tempo Marcelo Álvaro Antônio diz que cassinos em resorts podem fortalecer o turismo. Página 10
CORONAVÍRUS > PANDEMIA
Pandemia já afetou governo em mais de R$ 1,16 trilhão ¬
Entre gastos diretos, como compra de equipamentos médicos e socorro a pessoas carentes, e indiretos, como disponibilização de recursos para empréstimo a empresas e amparo a Estados e muni-
cípios, a pandemia já custou R$ 1,169 trilhão aos cofres federais, segundo o Ministério da Economia. A conta inclui não só gastos, mas também dinheiro que deixou de entrar: R$ 170 bilhões de perda
na arrecadação de impostos. Especialista prevê que a União deve demorar 15 anos para voltar ao patamar pré-pandemia e que investimentos e contratações serão inviáveis. Página 7 FLÁVIO TAVARES
Rombo trilionário inclui de compra de máscaras a auxílio emergencial e recursos para empréstimos
Procon está de olho nos ônibus
Médicos são contrários a recomendação de cloroquina Investigação ¬ Entidades preparam medi-
SUPER.FC
ALEX DE JESUS
das judiciais para forçar o governo a retirar orientação, já que não há provas da eficácia do remédio. Página 11
Ronaldo Granata
BEBÊ DE 18 MESES MORRE EM HOSPITAL EM BH COM SUSPEITA DE COVID-19. Página 4
Educação
Em estudo
Ministério decide adiar o Enem, e provas podem ser feitas só em 2021 ¬
Exames, que ocorreriam em novembro, serão realizados 30 ou 60 dias depois do previsto, dependendo do resultado de enquete
Página 8
COLUNISTA
com os inscritos. Estudante que liderou petição pelo adiamento diz que, “enquanto não tiver aula, não tem como ter Enem”. Página 3
DIA DE DECISÃO
Cruzeiro elege hoje presidente para mandato até o fim do ano O pecuarista Ronaldo Granata diz que busca parcerias para quitar as dívidas do clube. O advogado Sérgio Santos Rodrigues promete um novo
AUXÍLIO EMERGENCIAL PODE SER PRORROGADO, MAS NO VALOR DE R$ 200.
patrocínio já na primeira semana, se for eleito. Os dois disputam hoje a chance de encabeçar a tão esperada reconstrução do Cruzeiro. Página 23
PAULO HADDAD O que fazer? Página 13
Sérgio Santos Rodrigues
CINEMA
MAGAZINE
FISCALIZAÇÃO AFIRMA QUE SUPERLOTAÇÃO É PONTUAL E OCORRE APENAS EM HORÁRIOS DE PICO. Página 2
RAMON BITENCOURT
Tratamento
“Era o Hotel Cambridge”, da cineasta Eliane Caffé, é o filme de hoje no projeto Cine104 em Casa. Página 18
2 | O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020
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Coronavírus
Cobertura especial
Por causa do avanço da doença causada pelo novo coronavírus, O TEMPO criou uma editoria especial para tratar do assunto. Acompanhe também a cobertura no portal O Tempo e na rádio Super 91,7 FM.
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PANDEMIA
Sem isolamento social, mortes cresceriam dez vezes em BH Com os atuais 49%, seriam 154 óbitos até agosto; com 40%, seriam 1.574 ¬ GABRIEL RODRIGUES ¬ Se o isolamento social
em Belo Horizonte fosse totalmente interrompido, o número de mortes por Covid-19 na cidade poderia ser pouco mais de dez vezes maior até o dia 1º de agosto, em relação ao número esperado se o isolamento se mantiver no patamar atual.
Considerando a taxa de isolamento mais recente divulgada pela prefeitura, de 49%, prevê-se que, em agosto, o município some 154 óbitos, número que passaria para 1.574 se a mobilidade voltasse a patamares habituais. Mesmo com uma queda menor da taxa de isolamento, passando de 49% para 40%, o número de mortes em agosto duplicaria, chegando a 218. Os dados levam em conta uma taxa de mortalidade de 0,6% para a doença. Com o isolamento corrente, em
agosto haveria quase 25,7 mil pessoas doentes, contra 36,3 mil, em um cenário com isolamento constante de 40%, e 262,4 mil, sem isolamento algum. Estendendo a previsão para o dia 1º de setembro, pode haver quase 1 milhão de casos se o isolamento for totalmente banido – somando 961,8 mil – e 5.800 mortos. Os cálculos são do professor Luiz Henrique Duczmal, do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Após publicar um artigo provando matematicamente a ineficácia de um possível isolamento vertical, ele trabalha em análises de cenários para a cidade caso o distanciamento aumente ou diminua. “É hora de aumentar o isolamento. Infelizmente, essa pandemia é muito perversa, algo sem precedentes. É melhor esperar para flexibilizar, porque não estamos com tendência de redução do número de casos, mas de ligeiro aumento”, justifica. Ele lembra que as possibilidades mostradas
são cenários hipotéticos, considerando taxas constantes de isolamento. Na prática, esses valores costumam oscilar e aumentar aos finais de semana, por exemplo. Por ora, o professor se posiciona contrário à possível flexibilização do funcionamento do comércio a partir de 25 de maio. ENTENDA. Para chegar aos ce-
nários possíveis em BH, Duczmal leva em conta o atual número de internações e já considera o uso de más-
caras pela população em todos os cenários – o que ele estima reduzir o contágio da doença em três vezes. Por enquanto, como mostram os dados de monitoramento da prefeitura, o número médio de transmissão por infectado na cidade é 1,2. Ou seja, cada pessoa doente pode infectar mais de uma outra, o que quer dizer que a pandemia continua com tendência de crescimento. Isso só será revertido a partir do momento em que a taxa fica abaixo de 1.
EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
INVERSAMENTE PROPORCIONAL
20%
0%
0
70%
5.771 60%
49%
40%
1.574
1.710 99%
TAXA DE ISOLAMENTO
566
1 mil
218 377
2 mil
90 94
40%
3 mil
154 211
94.362
62.785
36.319
49%
EM 1º DE AGOSTO EM 1º DE SETEMBRO
67 67
60%
35.113
25.681
20.899
18.516
15.633
70%
4 mil
111 125
NÚMERO DE ÓBITOS
284.976
99%
15.034
11.246
400 mi
262.403
EM 1º DE AGOSTO EM 1º DE SETEMBRO
600 mi
0
6 mil 5 mil
800 mi
11.243
NÚMERO DE INFECTADOS
1 bi
200 mi
ÓBITOS POR COVID-19
961.791
CASOS DE COVID-19
20%
0%
TAXA DE ISOLAMENTO
FONTE: LUIZ HENRIQUE DUCZMAL, PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG)
Vale obtém na Justiça autorização para funcionar ¬ A Justiça suspendeu os de-
cretos da Prefeitura de Brumadinho, na região metropolitana, que impediam algumas atividades da mineradora Vale no município, como o trabalho de prestadoras de serviço relacionadas ao rompimento da barragem de Córrego do Fei-
jão e o funcionamento das empresas que atuam na construção de uma adutora da Copasa. A Vale questionou na Justiça que as determinações tinham o argumento de evitar a disseminação do novo coronavírus, mas o objetivo principal seria retaliar a empresa pelo não paga-
mento do auxílio emergencial a toda a população da cidade. O juiz afirmou que ficou evidente que o objetivo da prefeitura era “comprar uma guerra” com a empresa para “angariar votos”. A prefeitura negou e informou que vai recorrer da decisão. (Gabriel Moraes)
Juiz de Fora busca médicos
Uber vai exigir selfie
Fhemig. A Fundação Hospitalar do Estado abre até amanhã chamamento para contratação temporária de médicos para o Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. São 12 vagas para 12 horas semanais, com salário de R$ 4.595,02. As informações estão no site da Fhemig.
Máscara. A Uber vai exigir que motoristas e passageiros usem máscara. Motoristas só poderão aceitar corridas após passar por um checklist online, incluindo uma selfie para detectar o uso da máscara. Esse checklist também será feito no app dos passageiros, só que sem a selfie.
Santa Luzia instala barreiras sanitárias Três. Assim como BH, Santa Luzia, na região metropolitana, começou a utilizar barreiras sanitárias em três entradas do município. No primeiro dia, na terça-feira, mais de 500 veículos foram parados, mas nenhum caso suspeito foi identificado, segundo a prefeitura. Os dados de ontem não foram informados. Na capital, são 11 barreiras e 136 pessoas com sintomas em dois dias. O balanço de ontem não foi informado.
Com 99% na quarentena: 67 mortos ¬ Além de analisar cenários de diminuição do isolamento, o professor Luiz Henrique Duczmal estuda o que aconteceria se ele fosse reforçado. Aumentando a taxa para 60%, haveria menos 43 mortes do que com a taxa de 49%: 111, em vez de 154. Com isolamento de 99%, os óbitos cairiam para 67 até o dia 1° de agosto. “Quanto maior o isolamento, mais rapidamente a gente consegue sair desse cenário. Para a vida voltar à normalidade, temos que chegar a zero caso, e isso só vai ser possível quando houver vacina ou tratamento. Infelizmente, não tem escapatória: mesmo com isolamento forte, vamos demorar vários meses para ficarmos seguros na rua”. (GR)
Procon fiscaliza
CRISTIANE MATTOS
BH. O promotor Paulo de Tarso Morais Filho, do Procon, que conduz um processo de fiscalização nas linhas de ônibus da capital, disse que o trabalho continua, mas que os problemas de superlotação são pontuais e nos horários de pico. Segundo ele, a BHTrans se comprometeu a reduzir as falhas.
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020 | 3
CORONAVÍRUS
PANDEMIA FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL/20.1.2020
Enem é adiado e pode ser aplicado somente em 2021 Em junho, será feita uma enquete com inscritos para definir as novas datas ¬ GABRIEL MORAES ¬ Após pressão do Congres-
so, o Ministério da Educação (MEC) anunciou ontem o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As provas, previstas para novembro, serão adiadas de 30 a 60 dias devido à pandemia. Nesse caso, poderiam ser aplicadas somente em 2021. Segundo a pasta, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) deve promover uma enquete na internet em junho direcionada aos inscritos do Enem 2020 para definir as novas datas. As provas impressas estavam pro-
gramadas para os dias 1º e 8 de novembro. Já o exame digital, inédito no país, aconteceria nos dias 22 e 29 de novembro. CONGRESSO. Na noite de an-
teontem, os senadores aprovaram por unanimidade o textobase de uma proposta adiando o exame nacional. O projeto, de autoria da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), foi aprovado por 75 votos a favor e um contrário – de Flávio Bolsonaro (sem partido), filho do presidente da República. Os senadores alegaram que a manutenção das datas das provas iria causar desigualdade entre os alunos, porque, devido ao isolamento social e à falta de aulas presenciais, muitos estudantes não teriam acesso à educação de qualidade e à internet. Criadora de uma petição online para adiar as provas do Enem que
obteve cerca de 246 mil assinaturas, Elisa Teixeira, 20, comemorou o adiamento. “Educação não é mercadoria, é um direito”, afirmou. “Agora a gente vai ter que correr atrás. Enquanto não tiver aula, não tem como ter Enem”, disse. De acordo com Rommel Domingos, especialista em Enem e diretor de ensino do grupo Bernoulli Educação, o adiamento era esperado pela quase totalidade dos estudantes. “Eles desejavam esse adia-
Inscrições Fique atento. O prazo para as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) segue normalmente. As inscrições podem ser feitas até as 23h59 de amanhã.
mento porque fura menos o planejamento deles”, disse. Tales Greco, 17, que estuda no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e pretende cursar medicina, conta que está sendo difícil focar no exame nacional.“A dica que eu dou para eles é focar na qualidade do estudo, não no tempo”, orientou Domingos. “O mais importante é que o adiamento do Enem não prejudique a entrada dos estudantes na faculdade”, ponderou. Para Cleynanda Moreira, 17, que também pretende cursar medicina, o adiamento vai prejudicar quem vinha se preparando desde o início do ano. “A minha proposta é que as datas das provas continuem as mesmas, porém, após esse período, aqueles que acharem que foram prejudicados com a pandemia, fariam novas avaliações”, disse.
Para depois. Provas do Enem foram adiadas de 30 a 60 dias
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO/3.10.2016
Zema pede calma!
Retorno às aulas ainda indefinido O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), afirmou ontem, em entrevista a uma rádio, que as escolas da rede estadual só devem retomar atividades presenciais em 2021. Logo depois, Zema foi ao Twitter pedir calma à população. “As aulas continuam suspensas, e não há previsão de serem retomadas. Me perguntaram quando as escolas vão reabrir, eu disse que não sei, não é
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Sem previsão. Governo de Minas Gerais ainda não definiu data para aulas presenciais voltarem
Conversa com Maia Decisão. O presidente da República, Jair Bolsonaro, usou as redes sociais para anunciar o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele afirmou que tomou a decisão após conversar com presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Por conta dos efeitos da pandemia de Covid-19 e para que os alunos não sejam prejudicados pela mesma (sic), decidi, juntamente com o presidente da Câmara dos Deputados, adiar a realização do Enem 2020, com data ser definida”, escreveu. O deputado havia dado até o fim das votações da Casa para que o Executivo se posicionasse.
possível dizer. Reitero: pode ser que as aulas voltem em um mês, dois meses, três, quatro”, publicou. Na entrevista, Zema também afirmou que atividades como eventos sociais, festas e eventos esportivos – como jogos de futebol – só devem voltar no ano que vem. Após a entrevista, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep) divulgou nota consi-
Viabilidade
Ensino remoto na UFMG
Minas pode antecipar feriados A antecipação de feriados para aumentar o isolamento durante a pandemia em Minas Gerais é viável. A informação foi dada ontem pelo secretário adjunto de Saúde, Marcelo Cabral, durante coletiva de imprensa. Ele explicou, no entanto, que a medida depende de uma decisão do Legislativo junto ao governo. “Não há em um primeiro momento, e para agora, algu-
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derando “precipitada a afirmação do governador”, que “gerou instabilidade nos pais dos mais de 1 milhão de alunos” da rede privada. A Secretaria de Estado de Educação informou que as aulas presenciais estarão suspensas enquanto o cenário da pandemia não melhorar. As aulas remotas na rede começaram na última a segundafeira. (Daniele Franco)
ma perspectiva (de antecipação de feriado) em relação ao pico (de Covid-19) estimado para junho, já que é uma estimativa. Mas não fica afastada, dentro das possibilidades legais, a movimentação de um feriado”, afirmou Cabral. O secretário reforçou que, entre as medidas estaduais de combate ao coronavírus, já são discutidas a movimentação de férias, as folgas compensató-
rias e as férias-prêmio para os servidores. O governo de Minas informou, por meio de nota, que, no momento, não há deliberações sobre a antecipação de feriados e que, se isso ocorrer, será amplamente divulgado. Até ontem, não havia projeto sobre o tema na Câmara de Belo Horizonte nem na Assembleia, segundo as assessorias de imprensa das duas Casas. (Natália Oliveira)
Em discussão. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) informou ontem que as pró-reitorias acadêmicas e as câmaras do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) iniciaram discussões para definir a melhor forma de retorno às atividades, tanto de maneira remota quanto presencial. As aulas estão suspensas desde meados de março devido à pandemia. Segundo a reitora Sandra Goulart Almeida, ainda não é possível prever quando isso vai acontecer, mas o início dessas conversas é muito importante para o planejamento. Ela afirmou ainda que “o semestre não será cancelado”. (GM)
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Bebê de 18 meses morre com suspeita de Covid-19 em BH ALEX DE JESUS -19.5.2020
Morte ocorreu no dia em que Minas teve recordes de casos e de óbitos por doença ¬ TATIANA LAGÔA ¬ No mesmo dia em que
Minas Gerais alcançou um recorde de mortes e casos de Covid-19 em 24 horas, com 309 contaminados e dez óbitos no período, um bebê de 18 meses perdeu a vida com suspeita de contaminação pela doença. Se for confirmado que o pequeno foi vítima da doença, essa será a primeira criança com menos de 9 anos a morrer no Estado por Covid-19. O bebê, cujos dados não foram divulgados, estava internado em um hospital da rede particular de Belo Horizonte. Ontem, pela manhã, o quadro dele se agravou, e ele não resistiu. Segundo informações da unidade de saúde, a criança morreu com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e foram feitos exames para diagnosticar ou descartar a Covid-19. “Foi coletado RTPCR para coronavírus, e o caso foi notificado ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Cievs)”, informou o hospital em nota. Ontem, a criança ainda não constava como caso
em investigação no boletim divulgado. Até então, 2.343 pessoas estão em acompanhamento pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), e 5.286 tiveram a confirmação da doença. Entre os casos comprovados, 23 eram de menores de 1 ano, e 75, de crianças de 1 a 9 anos, segundo dados da pasta. ESPECIALISTA. Para o infectolo-
gista Marcelo Simão Ferreira, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a investigação da morte do bebê possivelmente por Covid-19 não é motivo de pânico para os pais. “Primeiro, que ainda está em investigação. Segundo, que a inflamação exuberante é a principal causa da morte por Covid-19 e, como o sistema imunológico das crianças ainda é imaturo, a reação inflamatória contra a doença não é tão intensa a ponto de chegar ao óbito. Isso, claro, na maioria dos casos. Situações isoladas podem ocorrer”, explica. Porém, ele lem-
Resposta Nota. A Secretaria de Estado de Saúde disse que o caso ainda não entrou no boletim epidemiológico porque existe um protocolo a ser seguido, que inclui triagem.
Flexibilização no Rio Três bandeiras. O governo do Rio criou um sistema de classificação em três bandeiras e definiu regras para flexibilização do isolamento social no Estado, um dos mais afetados pela pandemia. Sem apresentar datas, ele anunciou que a ideia é diminuir os níveis de quarentena – que, segundo o monitor inloco/Estadão, é de apenas 45% – considerando-se a taxa de ocupação de leitos nos hospitais e a curva de contaminação. ERBS JR. /FRAMEPHOTO/FOLHAPRESS
Estatísticas. Minas registrou ontem recorde de mortes em um só dia, com dez casos divulgados; Estado já tem 177 óbitos confirmados
bra que, como a doença é uma novidade e ainda está em avaliação entre especialistas, essa seria uma das explicações em estudo. Ainda conforme Ferreira, o fato de a letalidade ser comprovadamente menor entre as crianças não significa que os pequenos não sejam infectados. “Temos que lembrar que a maior parte das crianças é assintomática. Por isso, é preciso ter o cuidado e, quando possível, afastá-las de grupos de risco porque elas podem ser grandes replicadoras do vírus”, alerta.
Ainda segundo o especialista, é preciso ter cuidado para não confundir a doença com viroses inerentes à idade. “É muito comum crianças terem viroses com febre e dor de garganta, por exemplo. Mas é preciso procurar um médico quando ela ficar com febre, prostrada, com ou sem vômito”, recomenda. No caso dos bebês, o ideal é que os pais acompanhem os sinais, como choro intenso e febre. “Só o teste laboratorial pode confirmar a contaminação pelo novo coronavírus”, diz.
OMS investiga associação de vírus com síndrome infantil ¬ No caso das crianças, além do novo coronavírus, a Covid19 pode estar causando a chamada “Síndrome Respiratória Multissistêmica”, que pode afetar todos os órgãos. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, investiga a associação do vírus com essa outra doença. Entre os sintomas mais comuns estão febre alta, dores ab-
Alegação
Sem visita de parentes de SP
Secretário atribui aumento de casos à ampliação de teste rápido O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse ontem, durante entrevista coletiva, que deve haver aumento de casos confirmados nos próximos dias por causa da ampliação de testes rápidos nas cidades mineiras. Segundo o secretário, foram entregues 551,5 mil exames a vários municípios. “Durante os últimos 15 dias, o governo do Estado de Minas Gerais entregou às cidades um número grande de testes rápidos. Estes testes estão começando a entrar em ação, ou seja, as pessoas estão começando a ser testadas para buscar se tivemos
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dominais, problemas digestivos, erupção cutânea, conjuntivite, língua avermelhada e inchada e problemas cardíacos. “Mas nem essa doença que está em investigação é motivo para pânico. Tudo ainda está em estudo porque é uma doença muito nova”, afirma Marcelo Simão Ferreira, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. (TL)
um número significativo ou não de pessoas que já tiveram contato com o vírus”, disse Amaral. “E é possível que nós tenhamos um pequeno aumento em relação ao que vinham sendo os casos confirmados, mas isso também vai mostrar que nós estamos, enquanto um coletivo do Estado, aumentando nossa testagem”, afirmou o secretário. Amaral disse ainda, na coletiva, que o aumento progressivo do número de casos faz parte da pandemia, mas, segundo ele, o Estado está cada vez mais preparado com a abertura de mais leitos e a entrega de respiradores.
“Temos tido um progressivo número de casos. Isso faz parte da pandemia, mas, por outro lado, (estamos) a colher frutos da estruturação e da preparação do que fizemos ao longo desses meses. Estamos começando a abrir mais leitos de UTI que estão progredindo para entrar em funcionamento, ou seja, estamos ampliando a capacidade operacional”, destacou. No fim da coletiva, o secretário afirmou ainda que em breve serão divulgados dados do programa Minas Consciente, que prevê a volta gradual das atividades econômicas do Estado. (Natália Oliveira)
Recado de prefeituras. O feriadão prolongado de seis dias em São Paulo preocupou Lima Duarte, na Zona da Mata de Minas. A prefeitura publicou um pedido aos moradores que têm familiares que vivem em São Paulo para que peçam que não haja visitas. Recado semelhante foi divulgado pelas prefeituras de Andradas, Varginha e Guaranésia – essa última restringiu acesso de veículos com placas de SP até o dia 25.
Barreiras no Sul de Minas Acesso proibido. Muzambinho restringe, a partir de hoje, acesso de carros com placas de São Paulo à cidade, medida também tomada por Guaxupé. Em Boa Esperança, moradores com veículos com placa de São Paulo terão que comprovar residência para entrar na cidade. Ouro Fino fechou acessos secundários. Poços de Caldas reforçou as barreiras nos acessos à cidade.
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020 | 5
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
País registra 888 novas mortes NELSON ALMEIDA / AFP
Foi o segundo dia com mais óbitos desde o início da pandemia mundial ¬ BRASÍLIA. Um dia depois de
Vítima foi entubada no dia do aniversário Era para o dia 21 de abril ser uma celebração para Vânia Lúcia Pereira Castro. Na data, quando completaria 54 anos, a auxiliar de cozinha foi entubada por complicações da Covid19. Uma semana depois, Lúcia saiu do hospital sem vida, direto para o Cemitério da Consolação, em Belo Horizonte. Deixou para trás um filho de 25 anos, que morava com ela, e uma filha de 27, grávida de nove meses. “O mais triste foi não ter dado um sepultamento digno para ela. O cemitério até abre a possibilidade de dez pessoas acompanharem o enterro, mas você não vê nada. Eles te entregam uma rosa e um vidro de álcool. Chegam com o caixão lacrado e colocam lá. É isso”, conta uma das sete irmãs de Vânia, Ângela Maria Pereira de Aguiar, 52. Os filhos da vítima sequer conseguiram participar do ritual de despedida. A filha porque passou mal e o caçula porque não tinha mais forças. Seis dias antes, ele tinha enterrado a avó paterna, de 84 anos, vítima também pela doença causada pelo novo coronavírus. “A minha irmã amava a sogra dela. Ela revezava com os filhos nos cuidados dela. A sogra atestou positivo para a doença, e, poucos dias depois, a Vânia começou a sentir os sintomas”, conta Ângela. Quando a sogra morreu, Vânia já estava entubada. (Tatiana Lagôa)
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Luto em série. Trabalhadores em fábrica de caixões em Cordeiropolis, em São Paulo; Estado já teve mais de 5,3 mil mortes por Covid-19 EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
TOP 5 MUNDIAL EM CONTAMINAÇÃO
2 Rússia
3 Brasil
4 Reino Unido
5 Espanha
1.541.110
92.712
308.705
2.972
291.579
18.859
250.141
35.785
232.555
27.888
FONTE: UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) E MINISTÉRIO DA SAÚDE
MORTES EM 24 HORAS
1.574
Estados Unidos
MORTES
888
1
CASOS
546
PAÍS
135
Em relação ao número de casos confirmados, São Paulo chegou a um total de 69.859 infectados. Depois aparecem Ceará (30.560), Rio de Janeiro (30.372), Amazonas (23.704) e Pernambuco (22.560). Os cinco primeiros países com mais mortes são EUA (93 mil), Reino Unido (cerca de 35 mil), Itália (32 mil), França (28 mil) e Espanha (27 mil). O Brasil é o sexto. A Rússia, o segundo país com mais casos, lista menos de 3.000 mortes, um alvo de desconfiança interna e externa. Os números reais devem ser ainda maiores devido à falta de testagem em massa.
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bater recorde e passar a marca de mil mortes diárias, o Brasil registrou ontem mais 888 mortes pelo novo coronavírus e 19.951 novos casos entre terça e quarta-feira, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados ontem. É o segundo maior registro diário de mortes depois do recorde de 1.179. Outros 3.483 óbitos em todo país estão sob investigação. Com 18.859 mortes no total e 291.579 casos confirmados, o país continua sendo o terceiro com mais casos no mundo. Nessa segunda-feira, o Brasil superou o Reino Unido, que tinha 244 mil casos e agora registra 249 mil casos. O total de óbitos em território brasileiro corresponde a 6,5% do total de casos confirmados. Os dois países à frente do Brasil em número de casos são os Estados Unidos, cerca de 1,5 milhão de diagnósticos positivos oficiais, e a Rússia, com 308 mil, de acordo com informações da Universidade Johns Hopkins, que monitora os dados da pandemia de Covid-19. No fim de semana, o Brasil ultrapassou Espanha, com 232 mil casos, e Itália, com 227 mil. No Brasil, os cinco Estados mais afetados pelo novo coronavírus seguem concentrando mais de metade do total de mortos. São Paulo tem agora 5.363 vítimas em decorrência da doença. Na sequência, aparece o Rio de Janeiro, com 3.237. Os outros Estados com o maior número de óbitos são Ceará (1.900), Pernambuco (1.834) e Pará (1.633).
Belo Horizonte
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2.000
PEDRO PARDO / AFP
No mundo
Rio de Janeiro
Mais de 5 milhões de infectados Em 11 dias, o número de casos confirmados da Covid19 no planeta passou de 4 milhões para 5 milhões. A nova marca foi atingida ontem, de acordo com o levantamento realizado pela agência Reuters. Ao todo, mais de 326 mil pessoas morreram após contraírem o novo coronavírus.
7
RIO DE JANEIRO.
Agora, no entanto, o epicentro da doença começa a se deslocar para o Sul do planeta, em especial na América Latina, e particularmente no Brasil, ameaçando países pobres e em desenvolvimento. “Nós temos um longo caminho para percorrer nesta pandemia”, disse ontem o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS),
Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Estamos muitos preocupados com o aumento de casos nos países com rendas baixa e média”, completou. A progressão da doença faz com que o Brasil capitaneie o agravamento do panorama na América Latina, onde o número de mortes aumentou mais de 25% nas últimas semanas.
Socorristas levam paciente com suspeita da Covid-19 no México
Em alerta. O Estado do Rio de Janeiro superou a marca de 30 mil infectados pelo novo coronavírus. Segundo balanço divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio, em 24 horas foram 158 óbitos e 2.567 casos confirmados. O Rio de Janeiro soma agora 30.372 casos e 3.237 mortes em decorrência da Covid-19. A capital fluminense tem 2.249 mortes devido à doença.
6 | O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Maio Amarelo em conteúdo digital Devido à pandemia, campanha será realizada de forma online em Betim ¬ JOSÉ AUGUSTO ALVES ¬ A pandemia do novo co-
ronavírus (Covid-19) mudou a forma como as campanhas educativas estão sendo realizadas por causa do distanciamento social. Em Betim, na região metropolitana, o movimento Maio Amarelo deste ano, por exemplo, que tem como objetivo chamar a atenção das pessoas para que tenham uma boa conduta no trânsito, terá uma abordagem diferente. Os materiais educativos estão sendo disponibilizados de forma online. “Tínhamos três focos na campanha: um era junto com os estudantes, outro com as empresas, e o terceiro no sistema de transporte. Fazíamos o trabalho de
FLÁVIA JARDIM
educação presencialmente. No entanto, com a pandemia, essa ação de conscientização está sendo feita de maneira virtual, com os conteúdos sendo disponibilizados no site da prefeitura e também no aplicativo ClicaBus Betim”, explica a diretora executiva de Transporte e Trânsito de Betim (Transbetim/Ecos), Vânia Elias. Ela considera que, “mesmo com o movimento de veículos menor nas ruas, é importante conscientizar todo cidadão de que o trânsito pode matar”. Em abril, devido ao isolamento social, o número de infrações de trânsito reduziu-se em Betim. Segundo levantamento da Transbetim/Ecos, as quatro principais infrações registradas em abril de 2019 tiveram uma queda de 41% no mesmo mês deste ano: foram 2.910 em 2020 contra 4.929 no ano passado. Transitar com velocidade superior à máxima permiti-
Balanço
Cidade tem 49 casos confirmados Subiu para 49 o número de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) em Betim, na região metropolitana de BH, de acordo com boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) ontem. Pelo menos 28 infectados já estão curados, enquanto outros 17 seguem em isolamento domiciliar sendo acompanhados pelas equipes de saúde. Quatro óbitos em decorrência da Covid-19 foram registrados até o momento – dois deles não ocorreram na cidade e só foram contabilizados para Betim porque eram pessoas com residência fixa no município.
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Trânsito. Material educativo para adultos e crianças já está disponível no site da Prefeitura de Betim
da continua sendo a principal, com 2.659 autuações neste ano. Em seguida, aparece estacionar em local proibido, com 248. Dirigir com fones de ouvidos, que registrou 201 atos em 2019, caiu para apenas três. E não foi registrada nenhuma infração pelo não uso do cinto de segurança neste ano (em 2019, foram 183).
Como acessar?
Cuidados contínuos
Caminho. O conteúdo pode ser obtido no site www.betim.mg.gov.br. Clique na aba “Outros Órgãos”; em seguida, em “Transbetim”; e, por fim, no link “Educação para o Trânsito”.
“Mesmo com a queda no movimento de veículos, cuidados como transitar numa velocidade segura e usar cinto de segurança devem permanecer.” Vânia Elias
DIRETORA DE TRANSPORTE E TRÂNSITO DE BETIM
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Covid gera rombo trilionário para os cofres da União Pasta calcula impacto de R$ 1,169 tri, incluindo R$ 600biemgastosurgentes e perdas na arrecadação ¬ TATIANA LAGÔA ¬ Para além dos
números de doentes e mortos por coronavírus no Brasil, existe outro cálculo de peso: o rombo que a pandemia deixa nas contas do governo federal. Levando-se em consideração desde gastos diretos na compra de insumos e no socorro às pessoas carentes até o dinheiro empenhado em empréstimos e amparo a Estados e municípios, o custo bate a casa de R$ 1,169 trilhão, segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia. Dessa cifra, R$ 600 bilhões são desembolsos e perdas tributárias (queda na arrecadação) que não retornarão mais para os cofres públicos, como é o caso do valor gasto com o auxílio emergencial. O restante, por se tratar de recursos reservados para empréstimos futuros e cobertura de adiamento do pagamento de dívidas, ainda voltará um dia para a União. Para se ter uma ideia, os R$ 5 bilhões previstos para financiar o setor de turismo estão incluídos no montante de R$ 1,169 trilhão calculado pelo governo federal. O dinheiro impacta as contas públicas, já que o valor é bloqueado para uso em outras ações. Do volume trilionário do impacto da Covid-19, R$ 600 bilhões são perdas efetivas. Desse
Previdência Comparação. A estimativa do governo era a de economizar R$ 800 bilhões em dez anos com a reforma da Previdência. Porém, o valor empenhado no combate à doença já ultrapassa o esforço de uma década com as mudanças na aposentadoria.
Déficit habitacional Moradia. A perda trilionária com o coronavírus supera os cerca de R$ 500 bilhões necessários para zerar o déficit habitacional no país, hoje em 7,78 milhões de unidades. Isso levando-se em conta o Custo Único Básico de Construção (CUB).
valor, R$ 430 bilhões foram empenhados diretamente em ações como a compra de máscaras ou o apoio a trabalhadores informais e não vão voltar mais. Outros R$ 170 bilhões são referentes a uma perda de arrecadação de impostos em função da menor atividade econômica e redução tarifária de alguns produtos importantes no combate à doença. O cálculo foi feito pela reportagem com a ajuda do diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer. “Na prática, o que temos é que o governo ficou totalmente descapitalizado e deve demorar uns 15 anos para voltar ao patamar pré-pandemia. E, agora,
não tem dinheiro para investir em infraestrutura ou para melhorar os serviços prestados à população. Contratação de servidores, então, nem pensar. Ou seja, os concursos serão adiados”, afirma ele. Professor de economia da Fundação Getulio Vargas/Faculdade IBS, Mauro Rochlin lembra que o baque financeiro pode ser ainda maior. “Esse gasto não está muito bem direcionado porque depende de variáveis que não estão dimensionadas. O auxílio emergencial, por exemplo, pode ser concedido por mais que três meses. O governo vem compensando reduções salariais na iniciativa privada com dinheiro público, mas ninguém sabe até onde vão as demissões”, explica Rochlin. FLAVIO TAVARES/29.4.2020
EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
O CORONAVÍRUS LEVOU Alguns investimentos do governo federal para redução dos impactos da Covid-19
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R$ 10 bilhões
Para o Programa Antidesemprego para arcar com 25% do que os trabalhadores receberiam mensalmente caso solicitarem o seguro-desemprego. A medida é para aqueles que recebem até 2 salários mínimos e tiveram redução salarial e de jornada.
R$ 88,2 bilhões
23/3
Em recursos para Estados e municípios. O dinheiro será destinado a fundos de saúde, recomposição de fundos de participação, assis- tência social e suspensão de dívidas dos Estados com a União.
R$ 2 bi 23/3
2/4
Anunciados pelo BNDES destinados a 3 mil novos leitos emergenciais de UTI, 15 mil respiradores, 5 mil monitores e 80 milhões de máscaras cirúrgicas.
R$ 16 bi
3/4
Garantidos por Medida Provisória para Estados e municípios como reforço adicional aos R$88,2 bilhões anunciados anteriormente.
R$ 123,9 bi
É o custo do auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais, garantido em lei sancionada neste dia.
R$ 900 mi 8/4
9/4 Gastos do governo com o auxílio emergencial entram nas contas do rombo
PIB pode cair R$ 343 bi O Ministério da Economia estima que cada semana de isolamento social leva a uma redução de R$ 20 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Tomando como referência o dia 20 de março, quando o Congresso Nacional reconheceu estado de calamidade em função da Covid-19 no Brasil, já são oito semanas de paralisação das atividades de setores considerados não essenciais. Ou seja, um baque de R$ 160 bilhões até o momento. Para o fechamento do ano, o governo estima uma queda de 4,7% no PIB. Reajustando a inflação, o PIB de 2019 foi de R$ 7,2 trilhões. Assim, a perda deste ano seria de R$ 343 bilhões. “Isso sem
R$ 703 mi
13/4
Gastos pelo governo na compra de insumos contra a Covid-19.
contar que o governo antes previa um crescimento de 2,5% no PIB de 2020. Então, em tese, essa diferença do que iria ganhar e não vai mais também teria que ser computada como perda”, afirma o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer. Em nota técnica divulgada pela Secretaria de Política Econômica, o governo explica que a projeção se baseia nas perdas imediatas ocasionadas pelo período de restrições e alerta que o cenário pode piorar. Segundo a pasta, quanto maior o tempo em que a economia fica parada, maior o número de falências e demissões. (TL)
14/4
16/4
Garantidos por novo pacote de apoio a Estados e municípios.
R$ 2,5 bi
R$ 4,7 bi
Garantidos em Plano de Contingência para ajudar povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ciganos.
R$ 77,4 bi
Economia parada
7
Repassados ao Ministério de Minas e Energia para cobrir a isenção da conta de luz de 9 milhões de famílias de baixa renda.
Para o Ministério da Cidadania utilizar em ações de enfrentamento à pandemia garantidos por Medida Provisória.
27/4
R$ 500 mi
Garantidos por Medida Provisória para o Ministério da Cidadania.
R$ 58,4 mi 4/5
6/5
Realocados pelo Ministério da Economia para ações de saúde no combate ao coronavírus no Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Tocantins.
R$ 2 bi
Garantidos de auxílio financeiro para as Santas Casas e os hospitais filantrópicos. FONTE: MINISTÉRIO DA ECONOMIA
R$ 1,169 trilhão é o recurso empenhado pelo governo federal para ações imediatas ou empréstimos futuros
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Guedes admite estender auxílio se valor for R$ 200 MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL - 15.5.2020
Quantia foi proposta por ministro antes de Congresso aumentar benefícioparaR$600 ¬ BRASÍLIA.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, admite a possibilidade de estender a concessão do auxílio emergencial, voltado principalmente a trabalhadores informais, por até dois meses. Ele, porém, defende que o valor de R$ 600 seja reduzido para R$ 200. O auxílio foi criado para durar apenas três meses, com pagamentos em abril, maio e junho. Com a prorrogação por dois meses, permaneceria até agosto. O discurso pela prorrogação representa uma mudança de posição da equipe econômica, antes contrária à extensão da medida. Mesmo assim, a redução do montante concedido é defendida como fundamental. Guedes defende a redução do valor por causa das limitações das contas públicas. O ministro propôs uma ajuda de R$ 200 no começo da pandemia, mas o governo aceitou elevar o montante para R$ 600 após pressões do Congresso. “Se voltar para R$ 200 quem sabe não dá para estender um mês ou dois? R$ 600 não dá”, disse Guedes ontem, em reunião com empresários. “O que a sociedade prefere, um mês de R$ 600 ou três de R$ 200? É esse tipo de conta que estamos fazendo. É possível que aconteça uma extensão. Mas será que temos dinheiro para uma extensão a R$ 600? Acho que não”, acrescentou.
‘Vida boa’. Para Guedes, conceber benefício de R$ 600 por mais de três meses vai fazer brasileiro parar de trabalhar por comodidade
Governo só aprova seis em cada dez cadastros Apenas seis em cada dez pedidos de auxílio emergencial processados são considerados elegíveis, informou ontem a Caixa. De 49,2 milhões de solicitações processadas, 29,3 milhões de informais foram considerados aptos a receber o benefício, o que representa 59,55% dos pedidos processados pelo aplicativo ou site. Entre os brasileiros que se cadastraram, 19,9 milhões foram considerados inelegíveis, sendo que 4,5 milhões estão sendo reanalisados. Ainda há 4,4 milhões aguardando uma primeira resposta. Dentre os 32,1 milhões de casos analisados para quem é do CadÚnico, 10,5 milhões tiveram direito ao benefício (32,7%) e outros 21,6 milhões foram considerados inelegíveis. O motivo principal para as negativas está ligada à renda. Em muitos casos, os requerentes receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2018, o que impede o pagamento.
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SÃO PAULO.
FRED MAGNO
Ontem
Caixa tem movimento tranquilo em Belo Horizonte e Contagem Beneficiários do auxílio emergencial do governo federal não tiveram dificuldades para receber o pagamento de ontem em Belo Horizonte. Pela manhã, as agências da Caixa tinham poucas filas e não apresentavam dificuldades para atendimento. Nas unidades da Praça Sete e da rua dos Tupinambás, na região Centro-Sul, não havia mais de 15 pessoas na porta aguardando a abertura, marcada para as 8h. Em Contagem, na região metropolitana, a agência do
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EQUILÍBRIO. Para Guedes, o
benefício não poderia ser maior que R$ 200 porque esse é o valor pago aos beneficiários do Bolsa Família, que de forma geral são mais vulneráveis que trabalhadores informais. “Se o Bolsa Família é R$ 200, não posso pagar mais que isso a um chofer de táxi no Sudeste”, justificou o ministro. Paulo Guedes ainda defende um equilíbrio na medida também por, segundo ele, haver risco de as pessoas não trabalharem mais e faltarem produtos nas prateleiras. “Se falarmos que
Pagamento
Agência no bairro Industrial, em Contagem, na manhã de ontem
vai ter mais três meses, mais três meses, mais três meses, aí ninguém trabalha. Ninguém sai de casa e o isolamento vai ser de oito anos porque a vida está boa, está tudo tranquilo. E aí vamos morrer de fome do outro lado. É o meu pavor, a prateleira vazia”, disse o ministro. Criado para mitigar os efeitos da paralisação da atividade por causa do coronaví-
rus, o auxílio emergencial pode ser acessado por trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e intermitentes sem emprego fixo. É necessário ter mais de 18 anos, não estar recebendo benefícios previdenciários ou seguro-desemprego. O auxílio deve chegar a 70 milhões de beneficiários a um custo de R$ 124 bilhões.
banco na avenida Tiradentes, no bairro Industrial, tinha maior movimento, mas o tempo de atendimento não passava de dez minutos, ao contrário das últimas semanas, quando as filas viraram o quarteirão. Após mais de dois meses sem conseguir trabalho, a diarista Cláudia Salgueiro só teve a primeira parcela do auxílio aprovada na última semana. Ontem, ela aproveitou para sacar o benefício e disse ter ficado impressionada com o número pequeno de pessoas
nas filas. “Fui dispensada de todos os trabalhos por conta da pandemia do coronavírus, sem nenhuma previsão de volta. Apesar do meu marido trabalhar, a dificuldade é grande, e o benefício ajuda muito”, diz. Um dos principais motivos para a diminuição da aglomeração das agências foi o anúncio de que o pagamento seria feito somente para quem teve a primeira parcela aprovada nas últimas semanas. (Lucas Morais)
Emprego diminuiu em MG
Real é tóxico, dizem suíços
Primeiro trimestre. A Fundação João Pinheiro (FJP) divulgou ontem que a taxa de desocupação no Estado chegou a 11,5% durante o primeiro trimestre deste ano. Houve um crescimento de 3,9% em relação ao mesmo período do ano passado e de 19,8% em relação ao trimestre anterior. Segundo a FJP, o indicador vinha, até então, caindo desde o quarto trimestre de 2016.
Credit Suisse. O banco suíço afirmou, em relatório divulgado pela agência Reuters, que o real é moeda “tóxica”. Segundo a instituição, o dólar deve chegar em breve a R$ 6,20. “Nossas visões não mudaram. Continuamos pessimistas com o real, com meta inalterada de dólar a R$ 6,20”, diz o texto. Para investir, o banco prefere rublo russo e won sul-coreano à moeda brasileira.
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Ministério do Turismo estuda liberar cassinos em resorts REPRODUÇÃO/INSTAGRAM@MARCELOALVAROANTONIO
G
Marcelo Álvaro Antônio Ministro DO TURISMO
Confira entrevista no portal O Tempo
Estruturas seriam em complexos hoteleiros e só hóspedes teriam acesso. Regiões com baixo IDH receberiam os investimentos
Entrevista Muito tem se discutido sobre a volta dos cassinos, que eles poderiam ajudar na retomada do turismo e da economia brasileira nesta época de pandemia e no pós-pandemia. O que há de fato nisso? Em primeiro lugar, eu gostaria de esclarecer que isso não é uma política de governo ou do presidente Jair Bolsonaro. É um projeto que está sendo construído no âmbito do Ministério do Turismo para posteriormente ser apresentado ao presidente. Obviamente, existe uma série de núcleos que giram em torno desse tema, como lavagem de dinheiro, evasão de divisas. O que a gente quer, na realidade, é, na retomada do turismo, a gente atrair investimentos. Vai ser fundamental para que a gente consiga fazer uma retomada mais eficiente do turismo brasileiro. É o que chamo de “resorts integrados”, são grandes complexos compostos por teatros, shoppings, cinemas. Esses grandes complexos abrigariam, em praticamente 3% da totalidade da sua área, os cassinos. Integrados aos resorts. E como seria? Em momento nenhum o Ministério do Turismo defendeu a legalização de jogos, qualquer que seja: bingos, caçaníquel, lojinhas de rua, não é isso. O que nós defendemos realmente são os cassinos integrados aos resorts, em 3% a 5% do complexo. Eles ajudariam a subsidiar as demais atividades do resort. Por exemplo, a gente consegue tarifas mais baratas de resorts de altíssimo nível, de seis estrelas. Para as pessoas que se dispõem a contra-
em conjunto com os secretários estaduais de Turismo. As divulgações precisam ter uma coordenação junto também com o setor turístico. É isso que estamos construindo, uma linguagem única, que vai realmente proporcionar um aumento de turistas brasileiros viajando pelo Brasil.
tar um pacote, a visitar um resort, tarifas melhores, essa é a ideia. Que a gente faça a exemplo de Japão e Singapura, que tinha praticamente 2 milhões de visitantes ao ano e passou a ter quase 30 milhões de visitantes ao ano. Nós temos aí vários exemplos, de muito sucesso dos cassinos integrados aos resorts. O que a gente quer, obviamente, é gerar emprego, gerar renda para o povo brasileiro. É uma alternativa muito interessante. Vai precisar ser debatido dentro do Parlamento brasileiro, das bancadas evangélica e católica, para desmitificar as questões que giram em torno, como lavagem de dinheiro, evasão de divisas. Inclusive eu defendo que, para essa discussão, possam estar sentados à mesa a Polícia Federal, o Ministério Público, a Receita Federal, os órgãos de controle, como a CGU (Controladoria Geral da União), para que a gente possa realmente construir um projeto que vá eliminar qualquer tipo de ilícito nesse ambiente que, certamente, pode ser muito positivo para o Brasil. Já tramitaram alguns projetos no Congresso sobre liberação de cassinos, alguns deles defendendo que eles fossem abertos em regiões de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Como vocês pensam em dar o ponto de partida nesse projeto? A nossa intenção é construir um novo projeto. Eu não falaria em cassino. Quero deixar claro para toda a população brasileira que não existe cassino, bingo, nada disso. São resorts onde terão acesso as pessoas que conseguirem obviamente contratar um pacote turístico para férias naquele resort. Is-
so aí vai preservar a população brasileira, as famílias, de ter acesso a maquininhas, a jogos de caçaníquel, bingo. A alternativa de colocar em regiões brasileiras por IDH mais baixo é defendida também pelo Ministério do Turismo. A gente pode dar exemplo do Nordeste. Acho que é o momento de o Nordeste parar de viver com muleta, com a assistência social. Eu tenho certeza de que o que as famílias do Nordeste querem é emprego, renda, dignidade, de levar o seu ganhapão para casa. A gente defende que seja em regiões com menor IDH. O setor acredita que em agosto, setembro deve haver uma retomada, com roteiros mais locais na mira do consumidor. O ministério tem isso na mira, ajudar a fomentar esse turismo regional? Sem dúvida nenhuma, a mola mestra do nosso plano de retomada vai ser uma grande campanha de promoção nacional. Nós, brasileiros, muitas
“A mola mestra de nosso plano de retomada será uma grande campanha de promoção nacional”
vezes, não temos a verdadeira noção das maravilhas que temos no Brasil. Vamos nos basear nessa promoção nacional para que a gente consiga apresentar o Brasil de uma forma mais clara para o viajante. Mostrando que cada brasileiro que viajar pelo Brasil – viagens intermunicipais ou interestaduais – está ajudando a gerar emprego aqui, no nosso país. É de fundamental importância essa ação de promoção nacional de turismo regional. E também já temos pesquisas mostrando que o mais procurado depois da pandemia será o turismo rural, natureza, ecoturismo, e Minas Gerais é um celeiro de destinos dos mais belos do Brasil. Com a criação dessa nova Embratur, o governo pretende reabrir os 13 escritórios que tinham no exterior e que foram fechados em 2018? O governo tem uma política muito austera nessa nova gestão. Esses escritórios tinham custos elevadíssimos e não produziam resultados tão interessantes. Eu acredito que esses escritórios podem ser discutidos pelo presidente da Embratur, Gilson Machado. E acredito que existe alguma coisa sendo discutida nesse sentido. Mas que eles deverão ser abrigados nas embaixadas brasileiras no exterior. Diante desse quadro de crise econômica, dólar elevado, possível bloqueio de voos, quais as estratégias de divulgação, promoção, campanhas de marketing para o fomento do turismo interno no Brasil? O dólar alto é um instrumento de convencimento para o turismo doméstico pelos brasileiros. Isso passa por promoções de marketing, é um trabalho
A secretária de Cultura Regina Duarte saiu para comandar a Cinemateca de São Paulo. O que espera da secretaria daqui para a frente? Quero agradecer o tempo que a Regina esteve aqui, conosco. Pessoa extremamente comprometida com a cultura, com as melhores das intenções. A Regina realmente estava desempenhando um papel muito importante. Foram apenas 60 dias, e ainda teve o impacto da pandemia, mas já vinha com uma sequência de projetos a serem anunciados, Regina precisou também manter uma certa distância, ela faz parte do grupo de risco, em função da idade, e está sentindo muita falta da família. Vai deixar sua contribuição em São Paulo, perto da família. Espero que quem chegar para assumir essa secretaria possa realmente fazer aquilo que todos nós queremos: descentralização das verbas da cultura, da Lei Rouanet, para que não sejam grandes volumes de dinheiro destinados a pequenos grupos, principalmente ideológicos. Mas que essa verba possa ser democratizada, possa chegar aos quatro cantos do Brasil, alcançando ali os nossos artistas regionais, dando oportunidades para aquelas pessoas que realmente precisam de uma oportunidade para mostrar seu talento no Brasil. (Helenice Laguardia, Paulo Campos e Karlon Aredes)
Live do Tempo Programação. A live está disponível às 14h no portal O TEMPO e nas redes sociais do jornal. 8 Convidado de hoje: Manoel Linhares, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Entidades reagem a protocolo que amplia uso de cloroquina CRISTIANE MATTOS
Ministério da Saúde divulgou texto mesmo sem comprovar eficácia ¬ BRASÍLIA. Após determina-
ção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Ministério da Saúde divulgou ontem um documento que amplia a possibilidade de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina também para pacientes com sintomas leves do novo coronavírus. O próprio texto, porém, reconhece que não há evidências suficientes de eficácia, e o termo de consentimento do paciente cita risco de agravamento da condição clínica. Diante deste cenário, entidades médicas preparam medidas judiciais para obrigar o Ministério da Saúde a retirar de seu site na internet as orientações para que profissionais de saúde administrem precocemente os medicamentos. Os médicos afirmam que o fato de a orientação existir formalmente dará margem à população para exigir o uso dos medicamentos mesmo quando a avaliação clínica não recomendar a prescrição. A maioria das unidades básicas de saúde no país não tem, por exemplo, eletrocardiógrafos para aferir se os pacientes podem usar a cloroquina, que apresenta a arritmia como um de seus principais efeitos colaterais. Mais de 90% dessas unidades também não
dispõem de profissionais de segurança, e o temor dos médicos é que, como a escalada da epidemia, muitos pacientes acabem exigindo de forma mais enfática o uso dessas drogas. Segundo Daniel Knupp, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que reúne 47,7 mil equipes de atenção básica no país, o governo federal está colocando os médicos em um “fogo cruzado” com a publicação das orientações pelo Ministério da Saúde. “Haverá pressão da população para o uso desses medicamentos, sendo que o próprio governo está sendo tecnicamente omisso em sua orientação”, diz Knupp. O documento que abre possibilidade para o uso precoce da cloroquina não é um protocolo do Ministério da Saúde, o que exigiria a assinatura de algum responsável do corpo médico da pasta. A contrário, a orientação sequer tem um responsável identificado. “Esse foi o subterfúgio usado para que não haja uma disputa técnica sobre o uso da cloroquina”, diz Knupp. Segundo ele, a cloroquina
Sem exames Necessidade. Embora fale em tratamento de “pacientes com Covid19”, o texto não deixa expressa a necessidade de exames para confirmação da infecção.
deve começar a ser largamente distribuída pelo governo nos próximos dias por conta da produção que o Exército vem realizando. Com a orientação para o seu uso publicada no site do ministério, os médicos que não concordarem com ela podem acabar sendo pressionados a fazê-lo. Na ação contra a manutenção do documento no site, a SBMFC usará o seu próprio texto como argumento contra o uso dos medicamentos. Em sua primeira nota técnica, o documento afirma que “ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19”. A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) estuda participar da mesma ação ou tomar medidas jurídicas individualmente. “Há evidências suficientes para a não utilização da cloroquina e das demais medidas recomendas pelo ministério em pacientes infectados pela Covid-19”, afirma Suzana Margareth Lobo, presidente da Amib. A Sociedade Brasileira de Infectologia também emitiu nota afirmando que vários estudos mostraram o “potencial malefício” dessas drogas. A entidade recomenda que o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 seja feito “prioritariamente em pesquisa clínica”. (Fernando Canzian/Folhapress)
Pressão. Entidades temem que novo protocolo crie uma pressão para que médicos usem a cloroquina
Funed
Bolsonaro diz que Pazuello vai Pesquisa ficar por muito tempo no cargo busca soro ¬ O presidente Jair ter uma equipe boa de médicos contra o vírus Bolsonaro disse ontem que o abaixo dele”, declarou. BRASÍLIA.
ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, “vai ficar por muito tempo” no cargo. A afirmação foi feita a um grupo de mulheres funcionárias do sistema de coleta de lixo que estavam próximas ao Palácio do Jaburu. “Ele (Pazuello) vai ficar por muito tempo, esse que está lá. Isso aí não vou mudar não. Ele é bom gestor e vai
Bolsonaro também fez uma crítica velada às medidas de isolamento social que têm afetado a atividade econômica. “Esse empobrecimento que estão fazendo quase que no Brasil todo, vai levar pobre ficar mais pobre, classe média ficar pobre, e é ruim para todo mundo porque sem dinheiro não tem vida, não tem saúde”, afirmou.
DENILTON DIAS / O TEMPO - 11.3.2014
Análises
Capital não seguirá orientação O novo protocolo sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento de pacientes com a Covid-19 também já causou reações na comunidade médica de Minas Gerais diante da inexistência de estudos que comprovem a eficácia dos medicamentos. Em Belo Horizonte, o comitê de profissionais que atua junto à prefeitura não considera seguir o novo protocolo antes de análises mais precisas. “Nós não estamos considerando documentos
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Estevão Urbano afirma que adoção depende de análises precisas
do Ministério da Saúde ou pressões políticas, nós estamos analisando a droga com base em argumentos científicos”, declarou o infectologista Estêvão Urbano, membro do comitê na capital e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, entidade que também se esforça no sentido de verificar a eficácia da substância. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que um ensaio clínico é que vai decidir pela incorporação ou não da
cloroquina ao protocolo do sistema de saúde da capital. O início do estudo, porém, depende da liberação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Já em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) afirmou se tratar de um protocolo recente e que o Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes-Minas) trabalha na análise do regulamento para, então, decidir as medidas a serem tomadas. (Daniele Franco)
Em uma corrida contra o tempo para encontrar soluções que ajudem a minimizar o impacto da pandemia do coronavírus em Minas Gerais, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) concentra importantes estudos para diagnóstico e tratamento da Covid-19. Um deles pretende elaborar um soro anticoronavírus. À frente do estudo, o pesquisador Sérgio Caldas esclarece que o soro “é basicamente uma preparação farmacêutica composta por anticorpos retirados do sangue de cavalos expostos de forma controlada ao coronavírus morto, inativado”, diz. Segundo Caldas, a produção do soro acontece da seguinte maneira: o vírus morto é inoculado no corpo de um cavalo e o organismo do animal reage àquela exposição produzindo anticorpos. Em seguida, o sangue do animal é coletado e os anticorpos encontrados são purificados até que estejam prontos para serem injetados em um ser humano infectado com o coronavírus. (Lara Alves)
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aparte@otempo.com.br
A.PARTE
Lagoa da Prata
Presidente da Câmara é processada por pedir servidoras para pagar contas Uma denúncia de duas exservidoras comissionadas da Câmara de Lagoa da Prata, na região Centro-Oeste de Minas, levou a presidente da Casa a ser processada por improbidade administrativa. Josiane Lúcia de Almeida da Silva é acusada de exigir das servidoras favores pessoais e assediar as funcionárias. Segundo consta na Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), as servidoras “estavam sendo constrangidas, sob ameaças de exoneração, a custear despesas particulares” da parlamentar e “a deixar de prestar serviços de assessoria aos demais vereadores da Câmara”. Entre as despesas custeadas pelas ex-funcionárias estavam uma no valor de R$ 100 e outra de R$ 300, “sendo o primeiro ao pagamento de um cheque da vereadora Josiane Lúcia de Almeida, e o segundo ao pagamento de uma “cirurgia de um cachorro da vereado-
ra”. Elas teriam sido obrigadas a quitar dívidas da parlamentar sob ameaça de demissão. Uma das servidoras também denunciou que era obrigada a acompanhar a presidente da Câmara a salão de beleza, restaurantes e outras atividades pessoais da vereadora durante seu expediente de serviço no Legislativo. Além disso, consta na denúncia do promotor Luiz Augusto de Rezende Pena que Josiane “fez uso de veículo fretado, do tipo táxi, custeado pela Câmara Municipal, para satisfação de interesses particulares ou estranhos ao interesse público”. Na ocasião, a vereadora e as duas servidoras teriam ido a Belo Horizonte para um seminário e, após o evento, teriam utilizado o carro do Legislativo para que a acusada fosse a um circo. “Lá, depois do seminário, fomos obrigadas a ir ao circo, porque a presidente queria visitar seus amigos. Eu não queria ir, tentei de todas as formas não ir, pelo fato que não achava cer-
to o táxi com essa finalidade. Mas, ela nos obrigou, dizendo que, se eu não fosse, iria atrapalhar”, relatou uma das servidoras no inquérito aberto pelo MPMG para apurar o caso. Também é denunciado na ação o ex-marido da vereadora, Edson Tadeu. Segundo a promotoria, ele, embora não tivesse qualquer cargo na Câmara, também dava ordens às servidoras, “atuando a mando, em conluio e/ou conivência da primeira, com o deliberado e firme propósito de oprimir e degradar o ambiente de trabalho das funcionárias”. O caso ainda será julgado na 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Lagoa da Prata. Mas, segundo o advogado da vereadora e de seu ex-marido, João Vitor de Araújo Santo, as denúncias não procedem. “Primeiramente, cumpre ressaltar que não existe acusação de assédio. A ação penal que será intentada pelo Ministério Público vai embarcar usurpação REPRODUÇÃO/TWITTER
de função pública, supostamente praticado pelo ex-marido da vereadora Josiane, e o crime de concussão”, disse. Ainda segundo ele, não há qualquer prova de coação das servidoras. “É uma acusação vazia. A única situação que poderia ser incluída foi uma vez que uma das servidoras, a senhora Carla, quitou de livre e espontânea vontade uma dívida em um pet-shop, e essa dívida posteriormente, passados alguns dias, foi restituída a ela, por meio de um depósito feito pela presidente à servidora”. Ainda segundo o advogado, ele também recorreu na Justiça de um pedido de cassação aceito pela vice-presidência da Câmara alegando suspeição em relação a alguns vereadores que teriam se reunido com as servidoras antes do início do processo. O caso ainda será julgado. A reportagem tentou ouvir Josiane, mas ela indicou que apenas a defesa se pronunciaria sobre os casos. (Thaís Mota)
Site
Carlos Bolsonaro critica BB por retirar anúncios O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) criticou a comunicação do Banco do Brasil após a instituição ter retirado publicidade do “Jornal da Cidade Online” sob a alegação de que o veículo é um propagador de notícias falsas. “Marketing do Banco do Brasil pisoteia em mídia alternativa que traz verdades omitidas. Não falarei nada, pois dirão que estou atrapalhando”, escreveu o filho do presidente no Twitter. O banco retirou a publicidade após ter sido alertado que o site dissemina fake news.
Lula pede desculpas após ter enaltecido a natureza pela criação do coronavírus ¬
O ex-presidente Lula (PT) se desculpou ontem por ter dito que o surgimento da pandemia do coronavírus foi positivo para alertar o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a importância de um Estado forte para conter o avanço da crise econômica. “Usei uma frase totalmente infeliz. E a palavra desculpa foi feita pra gente usar com muita humildade. Se algum dos 200 milhões de brasileiros ficou ofendido, peço desculpas. Sei
o sofrimento que causa a pandemia, a dor de ter os parentes enterrados sem poder acompanhar”, afirmou. Um dia antes, em entrevista à Carta Capital, Lula afirmou que “ainda bem” que a natureza havia criado “o monstro chamado coronavírus”. A declaração gerou série de críticas nas redes sociais, por pessoas que apontaram que o petista estava comemorando a pandemia. “O que eu vejo? Quando eu
vejo os discursos dessas pessoas, quando eu vejo essas pessoas acharem bonito que ‘tem que vender tudo o que é público’, ainda bem que a natureza criou esse monstro chamado ‘coronavírus’. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado pode resolver isso, como foi a crise de 2008”, disse Lula.
Cabo Junio Amaral Dep. federal (PSL-MG)
x
“O presidente não está se aproximando exclusivamente do Roberto Jefferson, está abrindo diálogo com várias figuras de centro para tentar governar. Infelizmente, algumas dessas pessoas que eu desprezo.”
PAULO HADDAD Economista e professor aeri@aeri.com.br
O que fazer?
O
s impactos sociais e econômicos da pandemia do novo coronavírus levaram de roldão o atual programa de equilíbrio fiscal expansionista do governo federal e colocaram os processos de decisão dos agentes e das instituições que produzem, que consomem e que investem em um profundo campo de incertezas. Hyman Minsky, que melhor analisou como se reverteram as crises do capitalismo financeiro desde 1929, faz um alerta. À medida que instituições, relações e contextos históricos se transformam, deve-se promover, da mesma forma, mudanças na política econômica que comprometam a sociedade, coerentemente, com a construção solidária de seu futuro. É indispensável que se reformule a política econômica a ser implementada a partir do segundo semestre no Brasil. Planejar é preciso. Recomendamos que se elaborem três planos integrados, interdependentes e modulados, com uma clara definição da Rede de Precedência, ou seja, com o sequenciamento, a cadência e a intensidade das ações programáticas dentro do estilo de planejamento participativo e consensualizadas com os três níveis de governo. Devem ser elaborados o Plano de Ação Imediata, o Plano de Médio Prazo e o Plano de Longo Prazo, articulados por três macro-objetivos da sociedade brasileira: a estruturação de um novo ciclo de expansão econômica, a melhoria da distribuição da renda e da riqueza com a erradicação da miséria social e a preservação, a conservação e a reabilitação dos ecossistemas do país. O Plano de Ação Imediata deve arquitetar a retomada do emprego e da renda a partir do segundo semestre deste ano. Se nada for feito e se o governo acreditar que a mão invisível do mercado trará o crescimento de volta, poderemos viver um longo período de letargia econômica, no qual a política econômica ficará limitada à recorrente institucionalização das transferências de rendas e de subsídios para a precária sobrevivência de famílias e de empresas. O Plano de Ação Imediata deve observar as características de um modelo de crescimento denominado de “big push”, com um conjunto múltiplo de investimentos em obras públicas iniciadas simultaneamente, visando reverter as expectativas e minimizar as incertezas dos empreendedores privados. Os projetos de investimentos mais prováveis para impulsionar a economia são aqueles que estão, atualmente, com as suas licitações e licenças ambientais aprovadas e limpos do ponto de vista do TCU e do MPF. O Plano de Médio Prazo, que tem como núcleo pivotal o conjunto de reformas microeconômicas e político-institucionais já programadas e em negociação, deverá definir um modelo de desenvolvimento para o país que dê vida administrativa e resiliência operacional aos macro-objetivos do Plano de Longo Prazo, o qual deve se estruturar em função da superação de nossas crise social e crise ambiental, segundo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU. Ora, é missão de todo processo de planejamento prospectar o futuro da economia e gerar cenários alternativos de curto, médio e longo prazo, com menores custos de oportunidade para a sociedade. A economia brasileira está no fio da navalha para entrar num processo de profunda e prolongada recessão. Um sistema de planejamento mais exato, mais flexível e mais rápido é capaz de reverter esse processo de declínio da nação. Como já foi dito, o melhor cenário para a futuro da economia é aquele que formos capazes de construir.
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Política
7 Cobrança I
O vice-presidente do PSL, deputado federal Júnior Bozzella (SP), afirmou que o partido irá cobrar do senador Flávio Bolsonaro (ex-PSL, hoje no Republicanos-RJ) a devolução de cerca de R$ 500 mil de recursos públicos direcionados ao escritório de advocacia de um ex-assessor.
7 Cobrança II
De acordo com o PSL -partido pelo qual a família Bolsonaro foi eleita em 2018, mas com o qual rompeu no final de 2019-, houve desvio de finalidade na aplicação do dinheiro do fundo partidário, além de Flávio ter mentido nas explicações que deu nas redes sociais.
TEL: (31) 2101-3915 Editor: Ricardo Correa ricardo.correa@otempo.com.br e-mail: politica@otempo.com.br twitter: http://twitter.com/OTEMPOpolitica Atendimento ao assinante: 2101-3838
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Crise fiscal. De acordo com o governador, segunda parte dos vencimentos será quitada no próximo dia 27
Primeira parcela do salário será paga amanhã, afirma Zema Chefe do Executivo terá reunião com os outros Poderes hoje paradiscutirrepasses ¬ THAÍS MOTA ¬ O governador Romeu Ze-
ma (Novo) anunciou ontem a escala de pagamento da maior parte dos servidores públicos do Estado. O salário de abril do funcionalismo, com exceção dos profissionais da saúde e da segurança que receberam integralmente no último dia 15, será pago parcelado, e a primeira parte será paga amanhã, no valor de R$ 2.000. Já o restante, será pago no dia 27 de maio. Segundo o governador, o pagamento será possível por
causa de um recurso obtido pelo governo por meio de uma decisão da Justiça. “Em maio, não tínhamos condições de fechar o mês e só vamos conseguir fechá-lo porque ontem tivemos uma decisão da Justiça que colocou nos cofres do Estado um depósito judicial da empresa Vale referente a uma indenização da tragédia de Brumadinho”, explicou. O recurso soma R$ 1 bilhão e, segundo Zema, também permitiu que o Estado pagasse ontem o 13° salário para 17% do funcionalismo que ainda não havia recebido a bonificação natalina do ano passado. “Na minha opinião, não é motivo de comemorar pagar com seis meses de atraso. Mas pelo menos estamos honrando com aquilo
que é devido”, afirmou. O governador também demonstrou preocupação com o mês de junho e afirmou que terá uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro e outros governadores hoje. Porém, já adiantou que a ajuda que virá de Brasília é insuficiente para solucionar o problema da falta de recursos do Estado. “O governo federal vai ajudar os Estados e os municípios, mas essa ajuda está longe de resolver o nosso problema. Minas terá uma ajuda de R$ 750 milhões por mês, já aprovada pelo Congresso, mas que precisa agora de autorização do Executivo. Com certeza vem em muito boa hora, mas vale lembrar que é totalmente insufi-
ciente para fazermos face a uma queda na arrecadação que beira os R$ 2 bilhões no mês, que é o que esperamos agora para junho”, afirmou. Também hoje, Zema deve se reunir com os chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário do Estado porque os duodécimos do mês de maio não foram repassados ontem, prazo final segundo a Constituição do Estado. Ainda na coletiva, o governador voltou a mandar um recado aos Poderes, após a Assembleia aprovar um projeto que prevê crime de responsabilidade em caso de atraso ou parcelamento de duodécimos, mesmo durante a situação de pandemia. “Não podemos ter servidores de primeira, segunda e
terceira categoria no Estado, principalmente quando esses servidores são cantineiras que ganham um salário mínimo e que recebem salário totalmente fora da data prevista e que têm seus compromissos a fazer, enquanto muitos que ganham dezenas ou até centenas de vezes mais continuam recebendo seus salários regularmente”, disse o governador. “Se nós temos cinco pães e temos oito pessoas, nós podemos tomar a seguinte decisão: vamos atender só cinco e deixar três morrerem. Ou podemos repartir os cinco pães e fazer com que todos sobrevivam sem estar se fartando”, completou Zema em alusão à divisão dos recursos disponíveis entre os Poderes.
Posição “Não podemos ter servidores de primeira, segunda e terceira categoria no Estado, principalmente quando esses servidores são cantineiras que ganham um salário mínimo e que recebem salário totalmente fora da data prevista e que têm seus compromissos a fazer, enquanto muitos que ganham dezenas ou até centenas de vezes mais continuam recebendo seus salários.” Romeu Zema GOVERNADOR
GIL LEONARDI/IMPRENSA MG
ALMG
Em 2018
Reuniões extras para analisar a LDO
Atraso foi o maior desde gestão petista
O Colégio de Líderes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) chegou a um acordo para realizar reuniões extraordinárias de comissão e de plenário para a apreciação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021. O texto foi assinado por todos líderes e acolhido pela Mesa Diretora na reunião ontem. A medida tem como objetivo garantir que a LDO seja votada antes do recesso parlamentar, que está previsto para 19 de julho. A Casa não pode entrar em recesso sem votar o projeto. Os prazos regimentais para a tramitação do texto estão mantidos. Assim, os deputados têm até o dia 8 de junho para apresentar emendas ao texto na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. Na LDO, o governador Romeu Zema prevê déficit de R$ 17,3 bilhões nas contas do Estado no exercício do ano que vem. (Pedro Augusto Figueiredo)
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Esforço. Romeu Zema afirmou que pagamento dos salários está sendo realizado por causa de um depósito judicial da Vale de R$ 1 bilhão
Divergência 0 Crítica. O ministro Marco Aurélio foi o único a abrir divergência ao afirmar que não caberia ao Supremo homologar o acordo. “A história do Brasil se faz calcada no faz de conta. Faz de conta que as instituições funcionam. Faz de conta que se tem apego pela lei maior do país, a Constituição Federal”, criticou.
STF homologa acordo e dá prazo para a União ¬ BRASÍLIA. O Supremo Tribu-
nal Federal (STF) homologou ontem acordo que prevê o repasse de R$ 65,5 bilhões da União para Estados e municípios. Do total, R$ 58 bilhões têm de ser pagos até 2037, e 25% do valor irá para prefeituras. Oito ministros já votaram para, agora, dar prazo de 60 dias para o Executivo federal apre-
sentar um projeto de lei complementar nos termos do acordo, a ser aprovado pelo Congresso, que regulamente o repasse da verba. A negociação diz respeito a perdas geradas pela Lei Kandir, que isentou as exportações de cobrança do ICMS. D R$ 65,5 bilhões, R$ 58 bilhões têm de ser depositados
aos entes da federação até 2037, e o envio do valor restante fica sujeito a condicionantes, como a aprovação de uma emenda sobre o Pacto Federativo e o leilão de petróleo dos blocos de Atapu e Sépia. A previsão é que a União repasse, entre 2020 e 2030, R$ 4 bilhões ao ano aos Estados. De 2031 a 2037, o valor cai R$ 500 milhões por ano.
Desde que se começaram os parcelamentos dos salários dos servidores em Minas Gerais, em fevereiro de 2016, nunca antes a primeira parcela do pagamento, referente ao mês anterior, tinha demorado tanto para ser paga. Até então, o maior atraso dessa primeira parcela, muitas vezes escalonada em dois ou três pagamentos e com valores diferentes para profissionais da segurança pública e da saúde em detrimento dos demais, tinha sido de 18 dias. Desde que o parcelamento dos salários foi anunciado pelo então governador Fernando Pimentel, o maior atraso dessa primeira parcela tinha acontecido no mês de maio de 2018. Na ocasião, a primeira parcela dos salários de abril foi programada para pagamento no dia 16. O pagamento efetivamente, porém, só aconteceu no dia 18. As demais parcelas foram quitadas nos dias 25 e 30 de maio daquele ano. (Paula Coura)
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020 | 15
POLÍTICA
Articulação. Ministro da Secretaria de Governo afirma a parlamentares que troca atenderá base de apoio
Líder de governo na Câmara será trocado para acomodar o centrão Arthur Lira vai indicar o deputado, mas, na prática, é o líder informal ¬ BRASÍLIA. Na dança das ca-
deiras que o governo está fazendo para acomodar o Centrão, o próximo que irá perder o lugar para o grupo é o líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO). Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Fernando Ramos, informou a líderes da Câmara que a troca será realizada para atender a nova base de apoio do presidente no Congresso e a indicação será feita pelo líder do Progressista (ex-PP), deputado Arthur Lira (AL). Os nomes mais cotados são do deputado Ricardo Barros (Progressista-PR), que foi ministro da Saúde do governo Michel Temer e líder no governo de Fernando Henrique Cardoso, e do deputado Hugo Mota (PB). Embora seja do Republicanos, Mota é próximo de Lira e seria uma indicação da cota pessoal do parlamentar. E João Roma Neto (PRB-BA). Lideranças do Centrão dizem que, na prática, Arthur Lira é o líder informal do governo. Nos grupos de WhatsApp desses deputados circularam ontem, um vídeo que mostra o esforço do deputado em defender o governo diante da resistência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de retirar da pauta o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Não posso acreditar nesse ministro (Abraham
REPRODUÇÃO REDES SOCIAIS
Weintraub, da Educação)”, disse Maia ao informar ao plenário que iria votar a urgência do projeto a não ser que o próprio Bolsonaro se comprometesse publicamente com o adiamento. “Vossa excelência tem todo direito de esperar a posição do presidente da República, claro, mas se o ministro já comunicou a portaria em nota oficial a votação perde o objeto. Vai votar uma coisa que está resolvida”, afirmou Lira. O esforço era para evitar uma derrota do governo num assunto de ampla repercussão. Não se ouviu a voz do atual líder. O plenário do Senado já havia aprovado projeto adiando a prova, com o voto contrário apenas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. O que certamente se repetiria na Câmara ontem. Após a posição de Maia, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou nota anunciando o adiamento do Enem e atribuindo a decisão a “demandas da sociedade” e a “manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia”. Outra atribuição típica do líder do governo tem sido feita pelo deputado Arthur Lira nos últimos dias. Ele tem feito reuniões para buscar aumentar o apoio do governo no Congresso. O deputado chegou a brigar com o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), que não aceitou a oferta de cargos em troca de integrar a base de Bolsonaro no Congresso. Até agora, o governo já contemplou com cargos o Progressista, o Republicanos e o PL.
Caso Adélio
Bolsonaro reconheceu esforço, diz delegado
Escolhido. Mário Frias vai assumir lugar de Regina Duarte na Secretaria da Cultura no governo Bolsonaro
Ator
Mário Frias assume a Cultura O ator e apresentador Mario Frias, de 48 anos, aceitou o convite para ser o novo secretário Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro no lugar de Regina Duarte, que deixou o cargo ontem pela manhã para comandar a Cinemateca, em São Paulo. Frias é defensor das ideias do presidente e usa as redes sociais para propagar suas convicções. Os rumores de que o eterno galã de “Malhação” iria assumir o posto ficaram mais evidentes na tarde de ontem, quando o presidente
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compartilhou em seu Twitter uma entrevista do artista que ele concedeu à CNN Brasil, no começo de maio, falando de seus projetos para a cultura e revelando estar à disposição de Bolsonaro caso precisasse de sua ajuda. Sem contar que o ator e apresentador ainda almoçou e participou de uma reunião ontem mesmo com o Bolsonaro e dirigentes de futebol no Palácio do Planalto. Mário Frias estreou em 1996 na televisão numa participação na novelinha “Caça Talentos”, estrelada por Angélica. Mas foi em 1999
que veio a grande virada e ele conseguiu o primeiro protagonista da carreira, o Rodrigo, um dos integrantes do time de polo aquático do “Múltipla Escolha”, em “Malhação”. Ao longo dos anos, Frias continuou sendo escalado para outras produções da Globo como “Meu bem querer’ (1998), “As Filhas da Mãe (2000)”, “O Beijo do Vampiro (2002)’ e ‘Senhora do Destino” (2004), onde interpretou um dos seus personagens de maior destaque, o deputado corrupto Thomas Jefferson. (Ana Clara Brant)
SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Regina Duarte
Paulo Marinho depõe à PF por cinco horas sobre vazamento ¬ RIO DE JANEIRO. O empresá-
rio Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Senado, deixou a Polícia Federal do Rio de Janeiro no começo da noite de ontem, após mais de cinco horas de depoimento. Ele não comentou à imprensa sobre o que relatou à corporação. O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e a PF abriram investigações para
apurar relato de Marinho. O empresário disse que um delegado da PF antecipou a Flávio que seu ex-assessor na Alerj, Fabrício Queiroz, seria alvo da operação Furna da Onça. Nesta quarta, Marinho disse a jornalistas que não poderia falar sobre o conteúdo do depoimento porque o inquérito corre sob sigilo. “Qualquer declaração pode prejudicar as investigações”, afirmou.
O delegado da Polícia Federal Rodrigo Morais Fernandes, responsável pelos dois inquéritos relacionados ao caso Adélio Bispo, relatou em depoimento que o presidente Jair Bolsonaro participou de reunião na última sextafeira, no qual foi informado sobre a conclusão das investigações sobre o crime e não teria se mostrado insatisfeito com as apurações. O relatório assinado por Fernandes apontou que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho em um crime sem mandantes. De acordo com o delegado, uma reunião no Planalto contou com a presença de Bolsonaro, o ministro da Justiça André Mendonça e o diretorgeral da PF, Rolando Alexandre de Souza. A explanação teria sido feita nos moldes de outra, feita no ano passado, e serviria para Bolsonaro, na condição de vítima, saber sobre as conclusões das investigações. “Perguntado se o Presidente apresentou insatisfação com relação à investigação e/ou questionamentos, respondeu que houve questionamento no sentido de elucidar dúvidas, sendo que ao final, aparentemente, reconheceu o esforço investigativo, não se mostrando insatisfeito”, relatou Fernandes. Em outro depoimento, o superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, delegado Cairo Costa Duarte, afirmou que o presidente, ao ser informado sobre o andamento das investigações do caso Adélio, no primeiro semestre do ano passado, não demonstrou insatisfação quanto ao aprofundamento das apurações. Após a renúncia do ex-ministro Sérgio Moro, Bolsonaro reclamou, durante pronunciamento, sobre suposta falta de aprofundamento das investigações relacionadas ao caso Adélio.
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Paulo Marinho depôs na PF e não deu detalhes da investigação
0 Saída. Após dias de “fritura”, o presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem a demissão de Regina Duarte do comando da Secretaria Especial da Cultura. A atriz ficou dois meses e meio no cargo e vai assumir agora a direção da Cinemateca Brasileira, que fica em São Paulo. É a quarta troca na Culturaem 505 dias de governo. A condução da pasta é alvo de polêmicas e constantes críticas, que se avolumaram com a falta de investimentos.
BRASÍLIA.
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Editorial
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O.PINIAO
MÁSCARA LEGAL No momento em que muitos municípios iniciam a flexibilização do isolamento social, prefeitos e governadores ganharam um reforço em suas ações de prevenção ao coronavírus, com a aprovação da obrigatoriedade do uso de máscaras pela Câmara dos Deputados. No texto aprovado – que seguiu para o Senado para apreciação –, caberá às autoridades locais a definição do valor e da aplicação de multas. Em maio, o Ministério Público havia recomendado à prefeitura da capital mineira suspender a aplicação de punições para quem não estivesse usando máscaras justamente por não existir uma lei prévia que autorizasse a cobrança. Assim que a tramitação terminar e a lei for sancionada, essa restrição deixará de existir para todas as administrações públicas. Pesquisas mostram a eficácia do instrumento, mesmo quando feito em casa, na prevenção do contágio do coronavírus. Um estudo em Hong Kong mostra uma redução de pelo menos 60% no contágio quando as pessoas utilizam máscaras, e outro, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), demonstrou capacidade de impedir contágio por partículas a 2 m de distância, mesmo quando o usuário espirra. Contudo, não basta ser obrigatório. É preciso a complementação por outros recursos, como a higiene bem feita das mãos com água e sabão, utilização do álcool em gel e limpeza consistente de objetos e ambientes. Além disso, a máscara só terá os efeitos desejados na prevenção se for utilizada corretamente. Ela deve cobrir completamente nariz, boca e queixo, sem estar apertada ou com folgas no rosto, e trocada periodicamente ou quando estiver úmida. Cuidados simples que, com ou sem lei, mostram consciência solidária e cidadã daqueles que os adotam com zelo e constância.
FUNDADOR PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE DIRETOR EXECUTIVO
Vittorio Medioli Laura Medioli Marina Medioli Heron Guimarães
GERENTE COMERCIAL
EDITORES EXECUTIVOS
Alessandra Soares
Renata Nunes Cândido Henrique Silva Juvercy Júnior
GERENTE DE ASSINATURA
Fernanda Rodrigues GERENTE INDUSTRIAL
Guilherme Reis GERENTE DE CIRCULAÇÃO
Isabel Santos GERENTE ADMINISTRATIVO
Rômulo Lima
COORDENAÇÃO DE JORNALISMO
Flaviane Paixão EDITORES
Primeira: Isis Mota Política: Ricardo Corrêa Opinião: Frederico Duboc Economia: Karlon Aredes Brasil/Mundo/Interessa: Aline Reskalla Super.FC: Frederico Jota Magazine: Marília Mendonça Fotografia: Daniel de Cerqueira
OPINIÃO
Duke
www.dukechargista.com.br
BELLA GONÇALVES Vereadora em Belo Horizonte (PSOL) ver.bellagoncalves@cmbh.gov.br
Mineração é mesmo uma atividade essencial? Setor aumenta seus lucros durante a pandemia
A
pandemia do coronavírus não paralisou as atividades extrativistas predatórias, pelo contrário: apesar de a palavra de ordem na defesa da vida ser “fique em casa”, a grilagem de terras, o desmatamento e a mineração avançam nos territórios. Diante do atual estado de emergência, a Vale tem investido em propagandas e ações corporativas de “responsabilidade social”, como a compra de testes para Covid-19. Mas o que o discurso da responsabilidade social esconde? Ainda em abril, a Gabinetona, por meio do mandato da deputada federal Áurea Carolina, acionou o Ministério Público do Trabalho, pedindo a revogação da Portaria 135/2020, do Ministério de Minas e Energia, que permitia a continuidade do funcionamento de setores da mineração durante a pandemia do coronavírus. Poucos dias depois, o (des)governo de Bolsonaro incluiu de vez a mineração na lista de serviços públicos e atividades consideradas “essenciais” durante a pandemia. Ao seguirem operando em plena crise sanitária, as mineradoras colocam trabalhadores, suas famílias e as comunidades onde vivem e trabalham em enorme risco. Segundo reportagem do “Intercept Brasil”, pelo menos 55 mil funcionários da Vale estão infectados pelo novo coronavírus, e a empresa tem
realizado transferências de pessoal entre Estados. Parafraseado o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, “a Vale decidiu que realmente Minas Gerais é o cemitério preferido dela”. Como se não bastasse, o governo de Minas vem tentando aprovar uma série de licenciamentos por meio da convocação às pressas de reuniões extraordinárias no Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) e aprovou operações em Ouro Preto, Congonhas, Caldas, Santa Rita de Caldas, Serra do Salitre, Alpinópolis, Pouso Alegre, Pratápolis e Santa Rita de Itueto. As mineradoras e o governo têm se aproveitado da pandemia para aumentar seus lucros e avançar sua dominação sobre os territórios. Outro exemplo disso é a extração e o beneficiamento ilegal de minério próximo à região do bairro Taquaril, em Belo Horizonte, descortinada na semana passada. Foram apreendidos 16 caminhões e três escavadeiras, além de cerca de 640 toneladas de minério de ferro. As ações contra a mineração predatória neste contexto se fazem ainda mais urgentes. Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 550/2019, da senadora Leila Barros (PSB/DF), que propõe medidas mais rígidas para a autorização, instalação e fiscalização de diferentes tipos de barragens. Na esfera municipal, temos trabalha-
do pela segurança da população afetada pela mineração. Integrei a CPI da Mineração na Serra do Curral, a CPI das Barragens e atualmente presido a Comissão Especial do Abastecimento Hídrico, que analisa o impacto das mineradoras para a qualidade da água e a sustentabilidade dos rios da capital. O trabalho nessas comissões tem revelado que a mineração está longe de ser essencial para o povo brasileiro: ela destrói a economia e a vida locais, sem sequer prover o pagamento de impostos estaduais. Citando Eduardo Galeano, em “Veias Abertas da América Latina”, “nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza por nutrir a riqueza alheia”. Essa atividade, que sempre esteve associada à produção da miséria humana (escravidão, roubo de terras, superexploração e destruição da mãe terra), nunca foi capaz de elevar o nível de vida da população nas localidades onde ocorre. A sua lógica serve à necropolítica, termo cunhado pelo filósofo camaronês Achille Mbembe. Essa política de morte seleciona quais corpos são descartáveis em nome do lucro. É a mesma mentalidade que colocou trabalhadores para almoçar à jusante de uma barragem em risco e segue precarizando trabalhadores, comunidades, favelas, quilombos e aldeias durante o surto do coronavírus. Será essencial uma economia que inscreve entre nós a banalidade da morte?
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020 | 17
OPINIÃO
x entre
aspas
“Ficou bem aquém do que é justo para Minas Gerais.”
“Não estamos conseguindo transmitir confiança ao mercado.”
Gustavo Valadares
Candido Bracher
LIDER DO BLOCO GOVERNISTA NA ALMG
PRESIDENTE DO ITAÚ UNIBANCO
Sobre acordo de compensação da Lei Kandir
Acerca da necessidade de equilíbrio fiscal
Kênio Pereira
Ações de revisão de valor aumentarão
Advogado e presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG
Aluguel sofrerá alterações com a pandemia
O
desaquecimento da economia decorrente do fechamento de milhares de empresas provocará o empobrecimento da população. Os preços dos aluguéis comerciais serão afetados, especialmente com o crescimento da oferta. Quanto maior o prolongamento do isolamento social, maiores serão os desafios que os locadores e os inquilinos enfrentarão para negociar uma condição que seja equilibrada e justa. Neste momento, aumenta a importância de as imobiliárias explicarem para os locadores a dinâmica do mercado para evitar a rescisão da locação, pois a perda do locatário poderá
resultar em prejuízo de longo prazo diante da futura dificuldade em conseguir um novo ocupante. Há locações iniciadas há anos, quando os valores eram mais altos, tendo o inquilino investido em reformas e no ponto comercial, que agora estão com o aluguel acima do preço de mercado. Por saber que o inquilino dificilmente sairá do imóvel, há locador que resiste a negociar o aluguel dentro da atual realidade. Deverá o inquilino ter cautela com um desconto irrisório para evitar a condição legal de pleitear a revisão judicial do aluguel que lhe dá direito de ajustar o valor ao preço de mercado, que poderá gerar por anos
uma expressiva economia. O artigo 19 da Lei do Inquilinato estabelece: “Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado”. Portanto, ambas as partes têm o direito de exigir o preço de mercado desde que tenham aplicado a cada ano, no último triênio, apenas o índice de reajuste legal. A análise do locatário para definir qual a melhor estratégia e proposta dependerá de diversos fatores, sendo que a tomada de decisão equi-
vocada poderá gerar um grande prejuízo que vai perdurar por três anos, já que as revisões judiciais são possíveis a cada triênio. Haverá locador inflexível que perderá o locatário ou forçará este a pleitear um processo judicial que tem alto custo. Numa locação no valor de R$25 mil onde é pleiteada uma revisão para R$ 15 mil, sendo julgada procedente, o locador poderá ter uma despesa em torno de R$ 100 mil com o pagamento de custas, perícia e honorários contratuais e sucumbência. Por outro lado, há caso de locador recebendo aluguel defasado por não contar com assessoria jurídica espe-
cializada e nem de imobiliária, pois fez a locação diretamente pensando em economizar com a comissão. Entretanto, acabou tendo maior prejuízo ao receber menos que o preço de mercado. Nesse caso o locador poderá agravar seu prejuízo ao fazer um acordo de maneira amadora que propiciará a perda do seu direito à ação revisional. O fato é que a pandemia não afetou o direito de se pagar o valor justo, mas gerou alterações que resultarão no aumento das revisões amigáveis ou judiciais que poderão gerar lucro ou prejuízo conforme a competência de quem conduzir a transação.
Acílio Lara Resende
Responsabilidade e educação na prevenção
Jornalista aciliolresende@uol.com.br
O uso de máscara diminui a propagação do coronavírus
N
o dia 19, O TEMPO noticiou que, após a polêmica envolvendo a criação de multa de R$ 80 para quem não usar máscaras nos espaços públicos de BH, a prefeitura deve encaminhar, nos próximos dias, projeto de lei à Câmara sobre o assunto. Não vou entrar no mérito da multa, embora admita que ela deva ser repensada. Médicos afirmam que o uso de máscara de fato diminui a propagação do novo vírus. Pois bem. Neste ultimo fim de semana, como de costume, saí à rua, se não para fortalecer o físico, pelo menos para espai-
L.EITOR a
E-MAIL opiniao@otempo.com.br
recer o espírito, como ainda se diz com frequência. Que fazer, afinal, diante dessa cruel pandemia, mas, sobretudo, desse pandemônio político que se instalou no país faz tempo, no qual a direita raivosa, radical e antidemocrática resolveu exibir sua carteirinha e expelir seus requintes de morbidez? Simplesmente andar e, se os joelhos permitirem, correr. O exercício físico faz esquecer outros tempos, difíceis também, quando conheci (sem saudosismos!) homens públicos que se dedicavam à política com dignidade pessoal, decoro, austeridade e respeito à ética.
Andar é muito bom. Em mim, faz reacender, quem sabe, por meio do velho suor benfazejo, a esperança que sempre nutri por este país, que tinha (e tem, sem dúvida) tudo para dar certo, mas que vai se perdendo entre meus velhos e cansados dedos a cada dia que passa. Procurei escolher, dessa vez, outros (dois ou três) bairros da região Centro-Sul. Os impactos que senti, com relação ao primeiro, me levou a não descer do carro. Estava diante de verdadeira e perigosa aglomeração. Em relação aos outros dois, ocorreu, também, a mesma coisa. Nos três, boa parte dos “ditos atle-
Hotel Fasano
tel Fasano Belo Horizonte está com as atividades temporariamente suspensas em função do isolamento social causado pela pandemia que ocorre mundialmente, respeitando as normas implantadas na cidade pela Prefeitura de Belo Horizonte. A decisão, além de estar em pleno acor-
aCom relação às recentes notíPhillip Martins, relações públicas
cias sobre o setor de hotelaria na capital mineira, gostaríamos de esclarecer a nossos hóspedes, frequentadores e empresas parceiras que o Ho-
tas”, uns correndo, outros andando com mais pressa, não usava máscara. Os que corriam sem ela – e estes são os “mascarados” de antigamente - passavam ao lado dos “precavidos” deixando as gotículas causadoras da Covid-19. Não estavam nem aí para ninguém. Nem mesmo para si mesmos. Acabei por me dirigir a uma pracinha pouco frequentada, no alto da avenida Afonso Pena, para que, enfim, pudesse caminhar descontraído e sem medo. Concluí, então, leitor, que os “mascarados” de ontem (segundo os dicionaristas, são os “metidos à besta”…) são os sem-máscaras de do com a atual realidade global, visa colaborar para a segurança da saúde e integridade de todos.
Pró-Brasil Cláudio Navarro
Anunciado pelo governo fede-
hoje. Têm tudo a ver uns com os outros. Alimentam o seu próprio egoísmo. São os donos da vida e da morte. Que importa se a máscara, segundo os entendidos, diminui a propagação do coronavírus? Consideram-se livres, inalcançáveis por qualquer doença. Os outros, ora, ora, os outros que se virem. E, na verdade, os mascarados de hoje são os precavidos, tanto com eles próprios quanto com seus semelhantes. Lembrei-me, por fim, do nosso ministro da Educação. E do presidente. Têm tudo a ver, não? Que lástima! ral para o desenvolvimento e retomada da economia brasileira após a pandemia, o programa Pró-Brasil deveria liberar a importação de produtos chineses e, na segunda etapa, injetar dinheiro no bolso da população pela redução da carga tributária.
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Debate Em cartaz no projeto online Cine104 em Casa, cineasta Eliane Caffé analisa os impactos da pandemia no cinema
“Estamos criando um novo paradigma às pressas” VITRINE FILMES/DIVULGAÇÃO
¬ ALEX BESSAS ¬ A cineasta Eliane Caffé
não gosta de deixar pontos sem nó. É importante, para ela, encontrar esses sinais de liga e de tensão e deixá-los expostos. Ao falar sobre a luta por moradia no país, por exemplo, permite que a busca de refugiados por um lugar em que possam viver atravesse o horizonte. Linhas que se cruzam, ainda, com concentração fundiária e com as contradições das grandes cidades e que são examinadas no filme “Era o Hotel Cambridge” (2016), em exibição no programa do Cine104 em Casa nesta quinta-feira (21). Para encontrar os nós do novelo, Eliane, por vezes, até perde o fio da meada, mas logo o retoma. Quando falou ao Magazine sobre como a Covid-19 deve impactar o cinema e sobre iniciativas como o projeto Café com Diretor – programa mensal promovido online pelo CentoeQuatro que propõe um bate-pa-
que essas diferentes forças do cinema encontrem pontos de confluência e construam alianças. Um recorte que está no DNA de seus trabalhos. No mais recente projeto em que está envolvida, a cineasta trabalha, atualmente de forma totalmente online, com o coletivo Engajamundo e com as brigadas do Movimento Sem-Terra (MST). MEIO AMBIENTE E CHOQUE DE EMPATIA. Eliane, quan-
“Era o Hotel Cambridge”. Filme da cineasta Eliane Caffé está em cartaz no projeto Cine104 em Casa
po com cineastas, do qual ela foi a primeira convidada –, buscou contextualizar que, neste momento, “estamos vivendo fora de qualquer paradigma e estamos criando um novo paradigma
às pressas”. “Nessa corrida, sou atravessada por várias questões que transcendem a realidade específica de cada um de nós”, diz. A diretora cita uma grande preocupação em relação à
devastação e aos conflitos agrários na Amazônia, que se agravam em meio à pandemia, mais um elemento para que reconheça se sentir pouco preparada para “organizar a gestão da criação, da existência nesses dias”. Só então, conclui: o cinema pode ser uma janela, “arejando e trazendo luminosidade para que a gente consiga continuar pensando e respirando”. “DE QUE CINEMA ESTAMOS FALANDO?” Mas há ainda mui-
tas questões mais sobre os impactos da pandemia sobre o cinema – ou melhor, os cinemas, no plural, como ela prefere. “As grandes plataformas, como a Netflix, estão lucrando muito neste momento. E, se são elas que vão financiar as próximas produções, são elas que têm as cartas de que filmes serão feitos”, pontua, avaliando que existe outro cinema muito potente, que seguirá presente, ainda que negligenciado. “Feito à revelia das grandes produtoras, com uso de ferramentas digitais, esse modelo sempre operou sem
dinheiro e tem muito a nos ensinar. É um cinema periférico, feito por coletivos, pela negritude, pelos LGBTs, pelos movimentos de luta e que tensionam certos cânones”, observa. Um terceiro vetor são as produções autorais, mais ligadas à classe média alta do país: “É um modelo que está à míngua e que precisa escolher um lado: ou esses criadores vão vender sua força de trabalho para as gigantes, ou vão compor com esse outro segmento”. No mesmo sentido, a diretora acredita que é possível
Exibição O link e respectivas senhas para acesso aos filmes serão disponibilizados nas páginas oficiais do Centoequatro: Facebook (www.facebook.com/cento equatro), no Instagram (@centoequatrobh) e no site do 104 (www.centoequatro.org). Para assistir, basta clicar no link e digitar a senha.
do fala sobre a pandemia, também busca cruzar fios e fazer conexões que, muitas das vezes, não estão postas. “O que estamos vivendo é o sintoma de falência de um sistema baseado no culto às mercadorias, que colapsou. Um modelo de mundo que desmata, que destrói, e é por essa razão que os vírus, cada vez mais, vão migrar de espécies ameaçadas para os seres humanos”, examina. Em junho, com artistas, movimentos sociais e cientistas, ela participa do Fórum Popular da Natureza, buscando discutir essas e outras questões ligadas ao ambientalismo, à ciência e à arte. A cineasta acredita que a Covid-19 deveria, por sobrevivência, conduzir a sociedade a um choque de empatia: “Está mais palpável como um trabalhador depende do outro, mesmo que em segmentos sociais diferentes. E, enquanto o sistema está à deriva, são profissionais como os garis e os entregadores que saem às ruas que mantêm alguma ordem. São normalmente essas pessoas que estão na luta por moradia e que, no olhar de quem não conhece, viram personagens policialescas que precisam ser perseguidas”, examina, completando que essas conexões precisam ficar nítidas.
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MAGAZINE
#ficaadica
Astrologia Previsões por OSCAR QUIROGA quiroga@astrologiareal.com.br
A HUMANIZAÇÃO DO HUMANO Data estelar: Lua míngua em Touro.
A
construção da experiência de vida, para o ser humano, não é um desenvolvimento que acontece pela força dos instintos, como seria para o reino animal. Não é suficiente nascermos humanos para nos tornarmos os humanos que potencialmente temos capacidade de ser. Tudo dá trabalho, tudo há de ser conquistado intencionalmente e como resultado de persistência, nos munindo de recursos e vigor emocional suficiente para nos levantarmos depois dos erros que cometermos, e continuar nos movimentando em frente, porque intimamente conversamos com um futuro que nos seduz. Ser o melhor humano que poderíamos ser é resultado de trabalho, não de golpes de sorte. A humanização do humano não há de ser esperada como uma bênção divina ou alienígena, somos nós, com nosso gênio criativo que a temos de desenvolver.
Áries (21/3 a 20/4)
Com clareza e objetividade, siga em frente, apesar de todos os perrengues e críticas que suas atitudes trouxerem à tona das pessoas que pretendem que tudo continue como era. Nada mais será como antes, nunca mais.
Touro (21/4 a 20/5)
As confusões que acontecem são mais do que naturais, porque é tudo muito novo para todo mundo. É como se, de repente, o mundo adulto tivesse de aprender a andar novamente com seus próprios pés, artesanalmente. Gêmeos (21/5 a 20/6)
Adote a imagem de você estar no período de amadurecimento, como se estivesse engatinhando, prestes a ficar de pé e aprender a andar com suas próprias pernas. É assim que se desenvolve o momento atual. Câncer (21/6 a 21/7)
Apesar de todas essas emoções misturadas com que sua alma precisa lidar, há algumas certezas, mesmo que inefáveis, que ajudarão você a fazer a travessia com relativa destreza. O assunto, mesmo, é seguir em frente.
Leão(22/7 a 22/8)
Cuide para que as incertezas alheias não levem você a ficar sozinho na linha de frente, enquanto as pessoas recuam. As iniciativas devem ser suas, mas a colaboração terá de continuar sendo desenvolvida também.
Virgem (23/8 a 22/9)
Sobre as ruínas de sonhos destroçados há de se erguer um novo destino, que não será desprezível. Por isso, você não deve desvalorizá-lo enquanto se importa mais com chorar pelo leite derramado. Em frente.
Libra (23/9 a 22/10)
A ousadia é imprescindível nesta parte do caminho, um tipo de atitude que você preferiria deixar de lado, dada a vontade de tudo ser seguro e tranquilo. Impossível esperar isso do momento atual.
Escorpião (23/10 a 21/11)
Não se trata de conter suas pretensões, mas de medir o impacto que causarão nas pessoas, caso sejam postas em prática. Harmonia é algo disponível para você, mas precisa ser valorizada. Sagitário (22/11 a 21/12)
Quando as trapalhadas começarem a acontecer, ajude, se disponha a colocar em prática esse seu amor pela humanidade. Não se pode esperar que as pessoas ajam com muita racionalidade nesta parte do caminho. Capricórnio (22/12 a 20/1)
Ainda que você não tenha nenhum apreço pelas tarefas que a vida impõe atualmente, mesmo assim se muna dos últimos resquícios de boa vontade que restarem em sua alma, e siga em frente. O resultado será magnífico.
Aquário (21/1 a 19/2)
A prática, e somente ela, dirá se as suas iniciativas eram certas ou erradas. O terreno pelo qual sua alma precisa transitar é uma areia movediça, porém, a prática das iniciativas vai afirmando o terreno.
Peixes (20/2 a 20/3)
Tenha certeza de que o cenário é muito mais amplo do que sua percepção atual alcança. Como resultado disso, você não tem como entender tudo que acontece, muitas coisas parecendo negativas, quando não o são.
NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO
‘Lady Night’ de hoje No “Lady Night” de hoje, Deborah Secco bate um papo sincero com Tatá Werneck. A atriz fala dos relacionamentos que teve antes de conhecer o atual marido, Hugo Moura, e da felicidade em ter conseguido construir uma família. Deborah conta ainda como foi a volta ao trabalho após a maternidade. O programa vai ao ar logo após o reality “Mestre do Sabor”, na TV Globo.
Live em clima de pagode
Live na Abravalândia
O cantor Ferrugem antecipa a sua segunda live beneficente para hoje, às 20h, com transmissão feita em seu canal oficial no YouTube. O objetivo da live, assim como foi a anterior, é arrecadar doações para ajudar famílias afetadas pelo novo coronavírus. O cantor trará um repertório com os maiores sucessos de seu primeiro DVD, “Prazer, Eu Sou Ferrugem”.
Hoje, às 20h, acontece a “Live na Abravalândia”. Comandado por Tiago Abravanel diretamente de sua casa, o projeto será exibido no Facebook e YouTube do SBT Online com o intuito de arrecadar recursos em prol da AACD. A transmissão vai contar também com participações especiais de forma remota, como a da cantora Preta Gil.
Cruzadas diretas
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O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020 | 21
SUPER.FC www.superfc.com.br - Belo Horizonte - Quinta-feira, 21/5/2020
Alívio. O presidente Sette Câmara comemorou, mas o clube alvinegro tem vários outros problemas na entidade ¬ DA REDAÇÃO ¬ Um dia de-
pois de o Cruzeiro ser punido com a perda de seis pontos na Série B do Campeonato Brasileiro por não pagar a dívida pela contratação do volante Denilson junto ao Al-Wahda, dos Emirados Árabes, o Atlético evitou ser outro time com problemas na Fifa e sofrer punições. O presidente alvinegro, Sérgio Sette Câmara, usou seu Twitter para informar que o Galo pagou junto à Fifa a dívida de mais de R$ 734 mil pela contratação do meia-atacante venezuelano Rómulo Otero, em 2016, junto ao Caracas. “Quitamos, junto à Fifa, o valor de R$ 734.503, referente à contratação de Otero, junto ao Caracas, de 2016. Menos uma!”, celebrou o mandatário atleticano. Vale lembrar que, no fim
(31) 98810.0917
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Diretoria do Galo paga dívida de Otero na Fifa LEO FONTES - 11.12.2017
de abril, o Galo contou com a ajuda de parceiros para quitar a dívida de mais de R$ 13 milhões pela contratação de Maicosuel. OUTROS CASOS. Há ainda ou-
tras questões pendentes. Uma delas é o recurso do Osmanlispor, da Turquia, pela quebra da assinatura do précontrato do lateral Patric, em 2016. O time turco cobrava ¤ 1 milhão (cerca de R$ 6 milhões) pela negociação frustrada e o Galo teve ganho de causa em primeira instância. O Banfield, da Argentina, é outro que pleiteia valores no CAS. O time argentino quer o pagamento de R$ 60 milhões do Atlético pela transferência do meia Cazares. O clube argentino alega que havia assinado a renovação com o jogador, que estava emprestado pelo Del Valle. Por fim, e mais recente, está a dívida com o Barranquil-
“
Quitamos, junto à Fifa, o valor de R$734.503, referente à contratação de Otero, junto ao Caracas, de 2016. Menos uma!
”
Sérgio Sette Câmara PRESIDENTE DO GALO
la, da Colômbia, de US$ 3 milhões (cerca de R$ 17 milhões) pelo atacante Chará, já vendido ao Portland Timbers, dos Estados Unidos. O caso ainda está em fase inicial na Fifa e deve se estender por alguns meses.
Mesmo tendo outros problemas na Fifa, o pagamento da dívida de Otero deixou a diretoria aliviada
Arena MRV Cativas e camarotes. O torcedor do Atlético que quiser garantir seu lugar na Arena MRV a partir da inauguração já pode ir preparando as economias. O clube já tem definido os valores para camarotes e cadeiras cativas, e a tendência é que o prazo para usufruir seja de 15 anos. Quem fez as revelações foi Bruno Muzzi, CEO da Arena MRV, que terá 46 mil lugares.
Valores. De acordo com Muzzi, três setores irão comportar as cadeiras cativas, que terão diferentes formas de utilização.“Estamos estudando ainda a faixa de preço para as cadeiras. Mas será de R$ 25 mil a R$ 35 mil. Nós vamos definir os prazos (para pagamento) ainda. E os camarotes deverão ser em torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil o assento do camarote”, explicou.
Duke
Treinamentos www.dukechargista.com.br
Trabalho físico e técnico ¬ O Atlético realizou na ma-
nhã de ontem seu segundo dia de atividades depois da retomada dos treinamentos. Os jogadores ficaram mais de dois meses sem treinos por causa da pandemia do novo coronavírus. Como aconteceu no primeiro dia, os atletas foram separados em grupos. Eles não estão usando os vestiários da Cidade do Galo por recomendação das autoridades sanitárias e, por isso, já chegaram com os uniformes de treino de casa. A imprensa não tem acesso ao centro de treinamento para evitar aglomerações. Em imagens divulgadas pela TV Galo, foi possível notar que o time fez um trabalho físico e, depois, técnico, com troca de passes e finalização a gol. Os trabalhos recomeçam hoje no CT.
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SUPER.FC
Cruzeiro escolhe hoje o presidente-tampão Exclusivo. Ronaldo Granata e o adversário Sérgio Rodrigues apresentaram ontem suas propostas
¬ GLÁUCIO CASTRO
¬ O Cruzeiro começa a escrever hoje talvez aquele que seja o capítulo mais importante de suas “páginas heroicas e imortais”. Mergulhado em grave crise financeira, rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro e já com seis pontos a menos antes mes-
mo do início da competição, o clube escolhe o presidente que vai começar a tocar o tão falado projeto de reconstrução do clube estrelado. Disputam esta missão o pecuarista Ronaldo Granata, 46, que encabeça a chapa Cruzeiro Primeiro. A composição tem, ainda, os candidatos à vice-presidência Maurício Marques da Silva e Ailton
Ricaldoni Lobo. Do outro lado está o advogado Sérgio Santos Rodrigues, 37. Sua chapa, intitulada Centenário, tem como vice-presidentes Lidson Potsch Magalhães e Biagio Teodoro Peluso. O vencedor ocupará uma espécie de mandato tampão, já que no fim do ano ocorrerá novo pleito no clube que
vai definir o mandatário dos próximos três anos. Se o tempo é curto, os desafios são muitos e precisam ser colocados em prática já. Ontem, os dois candidatos participaram de live na rádio Super 91,7 FM, quando apresentaram suas principais propostas para ajudar o Cruzeiro a voltar a fazer bonito nas páginas de esportes. RAMON BITENCOURT
ALEX DE JESUS
“
”
Ronaldo Granata
CANDIDATO DA CHAPA CRUZEIRO PRIMEIRO
O Cruzeiro concluiu ontem o balanço financeiro do ano passado, em que foi constatado um déficit de mais de R$ 300 milhões. Quem revelou foi o presidente do Conselho Gestor da Raposa, Saulo Fróes. No balanço de 2018, o clube teve um déficit de R$ 73,8 milhões, revelando um aumento de mais de 400% para o ano seguinte, ambos os anos na gestão de Wagner Pires de Sá.
Sérgio Rodrigues
CANDIDATO DA CHAPA CENTENÁRIO
Ronaldo Granata
Busca por parceiros para pagar dívidas da Raposa ¬ O candidato Ronaldo Granata afirmou que já vem conectando parceiros para quitar dívidas do clube caso seja eleito hoje. “O planejamento é a busca por parcerias, instituições financeiras e investidores que acreditem na marca Cruzeiro. Todos que conectamos quando soubemos da situação (da perda de pontos), todos foram enfáticos em falar que o primeiro passo é vencer as eleições. Temos que dar um passo a cada dia e a primeira batalha é com a vitória nas urnas”, disse Granata ontem.
Questionado se vai priorizar o pagamento de dívidas ou o acesso à Série A, o candidato afirmou que são questões que andam lado a lado no planejamento de sua chapa. O clube perdeu seis pontos na Série B como punição na Fifa por não ter pagado uma dívida de R$ 5 milhões ao Al Wahda, dos Emirados Árabes, pelo volante Denilson. “Precisamos equacionar dívidas na Fifa, não tem uma segunda opção. São prioridades que andam lado a lado”, comentou. (Isabelly Morais)
Mano vai à Justiça
O técnico Mano Menezes é mais um que ingressou na Justiça contra o Cruzeiro. O treinador, bicampeão da Copa do Brasil com o clube, alega o não cumprimento dos termos da rescisão e cobra, além da quitação do acordo feito no momento da saída, salários, premiação e direito de imagem não pagos pela Raposa. Ao rescindir o contrato, Mano acertou com o Cruzeiro o pagamento de duas parcelas no valor de aproximadamente R$ 900 mil cada. Uma a ser paga no dia do trato, em agosto, e outra a ser paga no mês seguinte.
Queda à Série C
Balanço negativo
O Cruzeiro é muito maior que os seus problemas. Vamos superar esta crise dentro do clube.
”
Por não ter quitado uma dívida de mais de R$ 5 milhões ao Al Wahda, dos Emirados Árabes, pelo volante Denilson, o Cruzeiro foi punido na noite da última terça-feira com perda de seis pontos na Série B do Campeonato Brasileiro de 2020. Mas a Raposa pode começar a disputa com 12 pontos a menos. Isso porque o clube tem outras pendências semelhantes na Fifa e pode sofrer mais punições.
O Cruzeiro não pagou a dívida que tem com o Al Wahda, dos Emirados Árabes, que venceu na última segunda-feira, e já perdeu seis pontos. Mas o clube pode ser punido de maneira ainda mais rígida. Em caso do não pagamento, é previsto o rebaixamento, o que no caso da Raposa significaria uma queda para a Série C do Campeonato Brasileiro, explicou o advogado Breno Tannuri.
O Cruzeiro e sua história são muito maiores do que tudo que está acontecendo. Voltarei o Cruzeiro para o seu lugar.
“
Perda de pontos
Sérgio Rodrigues
Acordo encaminhado com patrocinador para o clube ¬ O candidato Sérgio San-
tos Rodrigues afirmou que tem conversas encaminhadas para firmar um patrocínio para o clube se for eleito. “Já conversamos com várias pessoas. Pretendemos assinar um novo patrocínio já na primeira semana. É trabalho, credibilidade, um patrocinador busca o outro”, garantiu ontem o candidato. Com os escândalos da gestão passada, de Wagner Pires de Sá, o clube perdeu credibilidade. Os reflexos da pandemia do novo coronavírus também têm gerado res-
trições em acordo com parceiros. Sérgio comentou sobre o nome do Cruzeiro no mercado e o fator em 2021 que pode ser um ponto positivo para acordos neste ano. “Com choque de gestão na parte prática e com choque de gestão na parte ética. A partir do momento que trazemos pessoas de mercado, em vez de diretores indicados por serem parentes de A ou B, bons profissionais, vão ver que vamos colocar uma consultoria de gestão que atua para grandes multinacionais. (Isabelly Morais)
Relatório assusta Relatório de investigação encomendada pelo conselho gestor do Cruzeiro à empresa Kroll apontou uma série de irregularidades da administração do ex-presidente Wagner Pires de Sá. Os problemas vão desde o uso de cartão corporativo em casas noturnas no exterior ao pagamento de milhões a empresas ligadas a dirigentes do clube estrelado, além de outras irregularidades.
Eleições na Raposa. Candidatos já trabalham na busca por parceiros e patrocinadores. Página 23
SUPER.FC
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CRISTIANE MATTOS - 30.10.2019
VVVV otempo.com.br
O TEMPO BELO HORIZONTE QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020 TEL: (31) 2101-3921
Galo paga dívida de Otero e deixa torcida aliviada.
Editor: Frederico Jota - frederico.jota@otempo.com.br e-mail: superfc@otempo.com.br twitter: @supernoticiafm Atendimento ao assinante: (31) 2101-3838
¬ ISABELLY MORAES ¬ Com a renúncia de Wag-
ner Pires de Sá no ano passado, o Cruzeiro terá uma eleição hoje para definir o presidente do clube para um mandato até o fim do ano. O eleito ficará até dezembro deste ano para completar o triênio do mandatário anterior, com novas eleições previstas para o fim de 2020. No páreo, estão os candidatos Sérgio Santos Rodrigues e Ronaldo Granata. Ambos tiveram participações nas eleições de 2017, mas por lados diferentes. Enquanto Granata esteve na chapa de Wagner e rompeu com o mandatário antes mesmo de sua posse, Sérgio registrou candidatura oposta. O presidente eleito do Cruzeiro vai tomar posse em 1º de junho. “Minha relação com o Cruzeiro vem de berço. Minha família é fanática com o Cruzeiro. Meu pai é conselheiro nato e me leva ao estádio desde pequeno. Entrei em campo com grandes ídolos, como Ronaldo Fenômeno e Douglas. Posso dizer que vi todos os principais títulos do Cruzeiro desde as lendárias Supercopas em 91 e 92 até a Copa do Brasil de 2018, sempre com meu pai ou com amigos”, diz Sérgio Rodrigues ao falar de sua relação com o clube do Barro Preto. Granata também apos-
CONSELHO. O clube também
vai escolher hoje o novo presidente do conselho deliberativo, que terá quatro candidatos: Giovanni Marcos Baroni, Luiz Carlos Rodrigues Filho, Paulo Roberto Sifuentes Costa e Paulo César Pedrosa.
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Lotomania concurso 2.080
1º sorteio
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2º sorteio
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ÍNDICE
u Caderno A
Coronavírus Aparte
Em meio a uma crise que parece não ter fim, Cruzeiro elegerá novo presidente
ta em suas origens para justificar a candidatura. “Sou neto de italianos que se refugiaram no Brasil durante a II Guerra Mundial. Cresci no Barro Preto, minha mãe reside na avenida Augusto de Lima, em frente ao clube. Meu avô Nicóla Granata foi um dos fundadores do Palestra Itália. Sou sócio do clube desde que nasci e sempre frequentei as sedes sociais. Eu me tornei conselheiro ainda jovem. Minha história foi construída em conjunto com a história do Cruzeiro”, conta o candidato, que também disputa o pleito hoje. As eleições serão realizadas na sede do clube. no Barro Preto, das 9 às 16h. A apuração começa logo em seguida. Por causa da pandemia do novo coronavírus, uma série de medidas foi tomada para evitar o risco de contaminação dos presentes. Ao todo, 424 conselheiros estão aptos para votar. Destes, 29 conseguiram liminar na Justiça após terem sido excluídos do clube por um comitê de ética.
LOTERIA
Dupla Sena
RAMON BITENCOURT - 16.4.2019
Reconstrução
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Política Opinião
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Lotofácil
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Federal
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1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio
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Magazine Super FC
u Caderno
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Mega Sena 09
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concurso 2.263 33
2 19/5 Timemania 18
asdasd
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concurso 5.274 22
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O TEMPO publica diariamente o resultado das loterias. Fique atento ao número do sorteio.
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* Até o fechamento desta edição, a Caixa não havia divulgado o resultado do sorteio.