O Transcendente - No.5

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ANO II - Nº 5 MAIO / JUNHO 2008

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br

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rezados Coordenadores e Professores de ER, Muita paz!

Vocês estão recebendo a quinta edição do jornal O TRANSCENDENTE, um jornal recém-nascido, mas já mostrando para que veio. A equipe que o idealizou está muito satisfeita pela maneira com que está sendo acolhido. Com a inclusão do “Encarte Pedagógico”, o jornal, já presente em milhares de escolas de todo o Brasil, está agora bem mais enriquecido e com 16 páginas. Muitos são os professores que o assinaram individualmente, mas não podemos esquecer das Secretarias de Educação (estaduais e municipais) que realizaram assinaturas coletivas para atenderem a todas as escolas. É a forma mais simples e menos dispendiosa para atender a todos os professores de ER. A razão do sucesso do jornal O TRANSCENDENTE está em seus conteúdos e na boa apresentação dos mesmos. Outra razão é o fato de ele atender a uma realidade brasileira: a necessidade de bons subsídios na área do Ensino Religioso.

Agradecemos pelos elogios. Sem dúvida, eles nos animam. No entanto, para progredirmos mais neste trabalho, precisamos também de observações críticas e de ajuda concreta. Gostaríamos, por exemplo, que nos enviassem subsídios já produzidos por vocês e que tiveram sucesso, como: assuntos mais ligados ao ER ou transversais, dinâmicas, jogos, histórias educativas etc. Informem-nos ainda sobre a participação dos alunos nos concursos lançados no jornal e nos enviem os melhores trabalhos, que poderão se publicados no jornal ou colocados no site. Informem-nos também sobre o andamento do projeto de vida proposto na pág.11. É indispensável que nos ajudem na difusão do jornal O TRANSCENDENTE, levando e apresentando-o nos encontros de professores de ER, convencendo o Secretário de Educação a realizar uma assinatura coletiva que atenda a todas as escolas. Trabalhando juntos podemos construir um ER mais aprimorado, produzindo conteúdos que facilitem o trabalho dos professores e que suscitem mais interesse nos alunos por esta área. Se conseguirmos isso, será uma grande vitória para o ER. A busca do transcendente enriquece e enobrece a vida hoje ameaçada pelo materialismo que invadiu os indivíduos, as famílias e a sociedade, não deixando espaços para os maiores e mais nobres ideais de vida. E as conseqüências estão à vista!

COLEÇÃO EDUCAÇÃO Junto com o jornal, a Equipe de O TRANSCENDENTE lançou uma coleção de 10 livros para oferecer, desde já, mais subsídios para os professores. É a Coleção Educação. Já estão nas bibliotecas das

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APRESENTAÇÃO

Vários professores nos escreveram, telefonaram e nos enviaram e-mails louvando a iniciativa e agradecendo pela ajuda oferecida. Cito só alguns: - Adorei o jornal e fiquei muito feliz percebendo que ele veio na hora certa para podermos trabalhar melhor o ER. (Janete) - Parabéns pela iniciativa de fazer este suporte pedagógico para o ER. É preciso que as pessoas entendam e aprendam que a abertura ao transcendente é fundamental na vida do ser humano. Excelente trabalho. Abraços!!! (Ademir ) - Estão de parabéns pela qualidade. Estou montando um grupo para assinatura coletiva. Sucesso e obrigado pela iniciativa de um jornal tão ousado para o ensino religioso. Um abraço!!! (Genildo) - Esta idéia é nota 10!!!! Os professores de ensino religioso que aproveitem... Obrigada é a palavra de ordem. Graças ao bom Deus, a inspiração de fazer esse jornal foi adiante e agora ele faz parte do nosso cotidiano! (Irmã Lúcia) - Sou assinante deste jornal e vi o quanto ele diferencia o ER da Catequese. Ele é muito rico e o estou cada vez mais usando como referência na minha caminhada no setor educacional de orientação religiosa. Valeu a pena assinar. Beijos fraternos para a equipe. (Jodalva) - Parabéns, este jornal foi o melhor apoio pedagógico que recebi. Já fiz assinatura e divulguei na secretaria do municipio para que todos os professores tenham acesso. Parabéns e continuem. (Ana Lucia)

Vocês poderão encontrar outros pareceres e sugestões no site: www.otranscendente.com.br.

escolas 3.500 coleções. Nela, os professores encontram um ótimo material para promover uma educação integral. Vejam a apresentação no site: www.otranscendente.com.br Acabamos de lançar o décimo livro da Coleção Educação: SABEDORIA DOS POVOS – 100 histórias, contos e fábulas.

ESCLARECENDO OBJETIVOS O que mais queremos com jornal OT é:

• Abrir novos horizontes de paz, de entendimento entre povos, culturas e religiões.

• Fazer com que os alunos, desde já, se integrem na luta por um mundo melhor.

Educar e preparar pessoas para se preocuparem com a busca do melhor para elas mesmas e para a sociedade. Isso se faz através da educação para a cidadania e para a fraternidade.

• Orientar a busca pelo transcendente, excluindo a idéia de um transcendente quebra-galho, um tapa-buraco, como resposta às carências psicológicas, sociais ou econômicas, mas sim de um transcendente que ajude a encontrar o sentido mais profundo da própria existência. • Valorizar tudo que há de bom, de sublime e que merece ser partilhado para o enriquecimento de todos.

Nesta edição, antes de falarmos das diversas religiões, retomamos as quatro matrizes religiosas apresentadas, para relembrar, embora resumidamente, estes conteúdos para os que não chegaram a assinar OT em 2007. Um grande abraço a todos, alunos e professores. E contem sempre com esta equipe.

A capa desta edição quer apresentar o grande ideal de uma humanidade

mais

unida e solidária. É o grande desejo de todos os povos, cansados de tantas guerras, injustiças, desigualdades e desesperanças. As expressões nas faces das pessoas retratam as inúmeras culturas e a riqueza de diversidades que há no mundo. Nesta riqueza cultural e religiosa, o transcendente se manifesta de todas as formas. Diante desta realidade, as religiões devem se tornar, cada vez mais, as promotoras de uma maior fraternidade e prática da justiça.

Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13 Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E. Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch Diagramação: Fábio Furtado Leite

Endereço DO JORNAL “O TRANSCENDENTE”: SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão Jovem PARA CORRESPONDÊNCIA: Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SC FONE: (48) 3222-9572 / FAX-automático: (48) 3222-9967

ASSINATURA ANUAL Ano II - Nº 5 - MAIO / JUNHO - 2008 •Individual: •Assinatura Coletiva (no CUPOM da página 11) •Assinatura de apoio: •Internacional:

R$ 20,00 R$ 35,00 R$ 55,00

Site: www.otranscendente.com.br E-mail: ot@otranscendente.com.br

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O ENSINO RELIGIOSO

a antigüidade primitiva, as pessoas tinham atitudes religiosas que, para nós, hoje, são inaceitáveis. Na época dos clãs, fazia-se oferta ao espírito e a máxima oferta era o sacrifício humano, às vezes a pessoa mais importante da comunidade, o filho do chefe. Essa pessoa sacrificada passava a ser venerada como um espírito. Por isso reis e deuses pertenciam a uma mesma linhagem. E quanto mais deuses existissem, mais sagrado e inquestionável era o poder da dinastia. Os altares larários, onde os Etruscos cultuavam os antepassados, eram uma forma de resistência das famílias diante do poder religioso das dinastias e famílias reais. Se a linhagem do governo tinha deuses entre os seus antepassados, a família que tivesse antepassados veneráveis podia enfrentar as exigências do rei, sem ter que submeter-se servilmente a ele. Por isso, os larários só existiam nas famílias ricas. O povo que nem possuía nome de família continuava cultuando os espíritos da natureza. Viviam ainda na magia primitiva. Nem questionavam a sua submissão a uma organização imposta, pois escapava aos seus reduzidos conhecimentos.

protetores ou perigosos. Com as civilizações e as famílias reais, surgem os deuses. Eles representam a organização social nelas vigente. Mesmo assim os espíritos da natureza não desapareceram. Pelo contrário: opuseram resistência à institucionalização. Os detentores do poder econômico, político e religioso utilizam-se desta dependência popular para escravizar as massas e evitar os levantes contra a ordem estabelecida.

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Fatos atestam a escravidão através da religião 1. No Egito, os grandes túmulos dos faraós, que lhes asseguravam imortalidade, eram construídos por multidões de trabalhadores escravizados. A pirâmide de Quéops foi construída com dois milhões de blocos de pedra que pesavam quinze toneladas cada um e que foram arrastadas por grandes distâncias por aproximadamente 10 mil trabalhadores.

2. O rei Ciro, da Pérsia, em suas conquistas, nunca

destruía os templos, inclusive dava permissão para reconstruir os que houvessem sofridos destruição. Assim, honrando os sacerdotes e os deuses nacionais, garantia a submissão das nações conquistadas.

3. Alexandre - o Grande, da Macedônia, quando

conquistava uma cidade, oferecia sacrifícios nos templos às divindades nacionais, e reforçava o poder dos sacerdotes, fortalecendo assim o seu próprio poder.

4. Para conquistar o império Persa, Alexandre en-

OS FORTES USAVAM OS DEUSES PARA ESCRAVISAR OS FRACOS

Na época dos clãs, a magia era a religião primitiva. Não havia deuses, mas espíritos que podiam ser

Era crença comum nas religiões antigas que os deuses haviam criado os homens para os servirem. Ao homem cabia cultivar a terra, produzir alimentos e oferecê-los diariamente. A função do homem era trabalhar para os deuses. Por conseqüência, os soberanos, que eram da linhagem dos deuses, recebiam o mesmo tratamento que era dispensado às divindades.

Religiões de integração

Religiões de libertação

Religiões espiritualistas

São as religiões dos povos primitivos, cuja organização não vai além da forma tribal. O homem vive dos produtos da natureza. Daí a sua tendência para integrar-se nos ritmos da natureza, como meio de assegurar a sua sobrevivência. A vivência religiosa destes homens esgota-se quase que somente nas suas exigências imediatas para sobreviver. Por exemplo: a fecundidade da mulher que gera os filhos, a reprodução da caça e as colheitas, que os alimentam.

Religiões de servidão Nas religiões de servidão, os deuses aparecem como grandes senhores do céu, da terra e das regiões inferiores, aos quais os homens devem serviços e homenagem, em troca de benefícios imediatos. Em geral, são religiões de povos de cultura mais desenvolvida, com uma agricultura mais sistematizada, com princípios de urbanização, centros comerciais e de uma indústria apreciável. O aparato econômico e administrativo imprime nas relações entre o homem e a divindade um caráter burocrático e servil.

frentou com trinta mil homens o exército do rei Dario, superior ao dele. O pavor espalhou-se entre os persas quando viram que Alexandre trazia à frente de seu exército um sacerdote vestido de branco. Era uma garantia absoluta de que os deuses o favoreciam.

O homem encontra-se numa situação de desgraça, de dor e de castigo. A religião serve para libertá-lo. As causas desta situação ruim e as maneiras e os meios para sair dela são apresentados de diversos modos, conforme as idéias que se tem em relação ao mundo e às atitudes que o homem pode e deve tomar para a sua existência e para a sua sobrevivência no além.

No século passado surgiram movimentos religiosos sob a novidade do pensamento original a respeito do problema do espírito, o transe mediúnico e os fenômenos parapsicólogos.

Religiões de salvação

Podemos citar: o Materialismo: tudo é matéria, não há seres, alma, vida eterna; o Marxismo: filosofia de Karl Marx (18818-1883), sobre o qual se baseia o comunismo ateu; o humanismo: o homem é o centro de tudo. O humanismo ateu: nada de objetivo existe; o Teísmo: Deus existe, mas, não se importa conosco; o Agnosticismo: talvez Deus exista, mas não sabemos; a Maçonaria: nasceu na Inglaterra, em 1175, mas se organizou modernamente a partir de 1713; a Seicho-no-iê: fundada no Japão, em 1930, significa “lar do progredir infinito” ou “casa pluralidade”; Yoga: é uma técnica e uma filosofia. O corpo e suas funções fisiológicas condicionam a situação psíquica, facilitando as funções do corpo, o espírito pode raciocinar melhor e ter afetos mais puros.

Os elementos fundamentais destas religiões são: a existência de um Deus único; o homem se encontra numa situação de pecado, que pode ser uma desobediência a preceitos divinos positivos e também uma opção contrária à ordem estabelecida por Deus; a alma do homem é imortal; portanto, cada um terá uma vida no além; uma vida que será feliz ou triste em conseqüência da opção do bem e do mal vivida no aquém; Deus santo e justo é também amoroso e misericordioso, por Ele perdoa e reabilita o pecador que se arrepende. São chamadas religiões de salvação, pois é o próprio Deus que quer a reabilitação e a vida do homem, que se converte de sues pecados. Esta total dependência de deus, porém, não esmaga a dignidade da pessoa humana. Ao contrário, ela valoriza a sua liberdade e consagra uma profunda responsabilidade da pessoa no esforço consciente de colaboração na atitude salvadora.

Atitudes Filosóficas

O Universo Religioso: as grandes religiões e tendências religiosas atuais

Após meses de pesquisa e muito diálogo com pessoas de várias crenças, os autores apresentam este estudo sobre várias manisfestações religiosas tradicionais e as tendências atuais. O objetivo deste livro é oferecer uma compreensão popular das manifestações religiosas presentes em nosso universo. Este livro é indicado para escolas e para aqueles que buscam conhecer mais e melhor o universo religioso e suas manifestações. Esta obra ajudará a conhecer melhor a religião de cada um e também a do outro, tendo como horizonte um diálogo sincero e aberto na busca de um mesmo objetivo: a construção de um mundo melhor. Por fim, poderia-se perguntar: Para que conhecer a nossa e as outras religiões? Para melhor conhecer o Transcendente. Professor, adote o “Universo Religioso”. Certamente este livro ajudará muito em seu trabalho.

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CONVERSANDO COM O EDUCADOR

“O que não se pode perder de vista é que o aluno aprende melhor o que ele descobre e o que faz sentido para a sua vida”

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TRANSCENDENTE, mantendo esta página de entrevistas, conversou com o professor Valmir Luiz Delfes, que há 12 anos leciona Ensino Religioso e Filosofia em escolas confessionais. Bacharel em Ciências Religiosas, licenciado em Psicologia e pós-graduado em Supervisão, Orientação e Gestão Escolar, o professor Valmir partilha conosco um pouco de sua experiência.

Prof. Valmir: A antropologia cultural, depois Nisso, a escola é o lugar por excelência do encontro de muitos estudos históricos, deu ao fenômeno religioso o reconhecimento de seu caráter universal. Daí, para que se possa trabalhar o fenômeno religioso, há a necessidade de se acolher com atenção a experiência religiosa não só do aluno, mas da escola como um todo. Há que se considerar os seguintes pressupostos:

1. O Ensino Religioso Escolar deve se justificar em ter-

mos educativos, já que a instituição escolar tem como finalidade a educação entendida como um processo que visa ao crescimento integral da pessoa.

social e da manifestação da vida, caracterizados pela busca da compreensão, explorando temas de seu interesse, de forma interdisciplinar, com estratégias que considerem este novo perfil de indivíduos e estimulando, sobretudo, o diálogo.

OT: Qual é o papel da família na educação dos

filhos? Há um comprometimento dos pais com a educação religiosa de seus filhos, ou a escola, por ser confessional, acaba “adotando” essas crianças?

Prof. Valmir: O papel da família é primordial,

pois a primeira escola se dá na família, sobretudo na O TRANSCENDENTE: Pela sua experiência na 2. A educação contemporânea deve ser continuada e per- educação infantil e até, em parte, do ensino fundaárea da educação, qual seria a diferença em se trabalhar com alunos de escolas da rede pública e alunos de escolas privadas?

manente. Portanto, o tempo de escolarização é apenas um “momento” dentro do processo existencial de educação do homem que ocorre ao longo de toda a vida.

Prof. Valmir: Creio que a diferença maior se dá 3. Se colocamos como objetivo do ER o despertar da pela concepção de educação e pelo “espaço” e valor que o ER ocupa na escola, embora haja outros fatores que precisam ser considerados. É preciso, no entanto, esclarecer e renovar o conceito de ER, sua prática pedagógica, definir conteúdos, natureza e metodologia adequada ao universo escolar, como propõem os Parâmetros Curriculares Nacionais, embora considerando o contexto social onde a escola está inserida.

religiosidade na criança\adolescente, essa religiosidade tem que estar presente, e fortemente sentida, no educador, para que ele possa, através da sua prática e metodologia, criar espaços, experiências, para que o aluno possa fazer suas escolhas pautado na ética, como patamar máximo de encontro das religiões.

OT: Esta diferença estaria, necessariamente, nos alunos ou nas concepções das próprias escolas: base fundacional, linha metodológica, constituição, público?

Prof. Valmir: Todos esses aspectos influen-

ciam de alguma forma no jeito de trabalhar com alunos da rede pública e privada. O que não se pode perder de vista é que o aluno aprende melhor o que ele descobre e o que faz sentido para a sua vida. Paralelo a isso, é fundamental que haja coerência institucional, de modo que a proposta pedagógica seja unitária para todas as áreas do conhecimento e todos os segmentos da vida escolar, com objetivos claros e coerentes.

OT: Enquanto educador, qual sua sugestão para

OT: Sobre a disciplina de ER, especificamente, qual trabalhar no ER temas presentes no dia-a-dia dos seria o motivo de se trabalhar conteúdos tão intensamente com as crianças e, de certa forma, se negligenciar o ER para adolescentes e jovens?

adolescentes e jovens, como, por exemplo, namoro e sexualidade?

Prof. Valmir: São temas que exigem conheci-

mental, pois nela dever-se-ia aprender as atitudes fundamentais como: falar, vestir-se, respeitar os outros, conviver com as pessoas de diferentes idades, compartilhar alimentos, distinguir, em nível primário, o que é bom do que é mau segundo as pautas da comunidade à qual pertence. No desenvolvimento humano esta primeira etapa chama-se socialização primária, e é fundamental para que sua entrada na escola – socialização secundária - se dê de forma mais prazerosa e frutífera, pois a criança irá adquirir conhecimentos e habilidades mais especializados. Daí se faz necessário que a família realize essa socialização primária, pois, do contrário, a criança não constrói essas referências, e irá para a escola com ausência desses valores. Um diferenciador muito grande entre as duas socializações é a afetividade que permeia o ambiente familiar. Precisamos dar início a uma nova etapa nas relações escola/família, onde os papéis serão reconstituídos sob novas bases éticas, políticas e culturais. Quem sabe, depois disso, o travesseiro que acomoda a cabeça de pais e educadores não seja mais o caos e sim a certeza de que é na direção da unidade que devemos caminhar. Família e escola trilhando caminhos diferentes para chegar ao mesmo lugar, ao mesmo objetivo: formar crianças, jovens e adultos seguros e conscientes de seu lugar no mundo.

OT: Professor Valmir, deixe-nos sua mensagem.

mento específico. Então, se faz necessário, primei- Prof. Valmir: Não podemos continuar simProf. Valmir: Primeiramente por compreender ramente, uma boa dose de estudo e de reflexão por plesmente insistindo, verbalmente, na falta de soque a atitude do adolescente de muitas vezes questionar e não querer participar está dentro da perspectiva de auto-definição, o que é absolutamente normal. Precisamos considerar que vivemos hoje um estado difuso de religiosidade. Como trabalhar com um jovem aluno que precisa “se construir” num mundo “de satisfação pessoal”, da era da “aristocracia do consumo”, do “narcisismo pós-moderno?”. A escola precisa aprender a trabalhar com o adolescente de hoje, com seus vazios, histórias, necessidades e fragilidades. Nesse contexto é que se deve repensar o ER para que se possa contribuir, efetivamente, na construção de um mundo mais justo e fraterno.

OT: Como trabalhar, hoje, o Fenômeno Religioso

sem que se perca de vista a possibilidade de o (a) aluno (a), a partir dos conteúdos apresentados e seus desdobramentos, fazer uma escolha religiosa para a sua própria vivência?

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parte do educador, e isso vale para todos os temas trabalhados em sala. É necessário também que haja conhecimento para que se possa viabilizar vivências, dinâmicas. Após essa etapa, sugiro trabalhar esses temas com oficinas, músicas, etc.

OT: Os debates atuais sobre a educação alertam

para a necessidade de estudo continuado e constante avaliação metodológica e tecnológica por parte das escolas e professores de forma a suprir os saberes dos alunos do novo século. Como a escola e o professor podem manter-se atualizados diante da demanda destas necessidades?

Prof. Valmir: Apesar de admitirmos ser a pós-

modernidade um movimento avassalador das relações interpessoais, acreditamos que o sentido de pertença seja mais profundo que o individualismo e o egoísmo.

lidariedade, nas injustiças e egoísmos que marcam nossas sociedades, se não estivermos dispostos a ir mais fundo, analisando as raízes mais profundas que explicam esses fatos: valores, símbolos e representações que inspiram e modelam o substrato cultural e religioso do mundo em que estamos inseridos, e que são, em última instância, responsáveis por atitudes de injustiça e de egoísmo. Somos chamados a dar uma guinada, mudar ligeiramente de rumo e adotar, segundo as circunstâncias e os “públicos” aos quais nos dirigimos, uma abordagem religiosa mais clara e explícita, sempre, porém, respeitando a consciência das pessoas e evitando as intransigências, os proselitismos e os sectarismos, tão freqüentes em nossos dias.

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lá amigos, tudo bem com vocês?!

Chegamos ao final da primeira parte de nossa grande viagem pelo universo religioso. Estou feliz porque fiz muitos amigos, conheci muitas culturas, muitos povos e também pela oportunidade de perceber, pelo mundo afora, as diversas e interessantes manifestações do fenômeno religioso. Nesta primeira fase de nossa viagem, vimos e estudamos as Matrizes Religiosas Indígena, Africana, Oriental e Ocidental. Vou retomar alguns aspectos bem interessantes desta viagem e expressar algumas impressões pessoais. Vamos nessa! Primeiramente, é preciso que nos reportemos ao início da história da humanidade. Os primeiros homens e mulheres viam nos fenômenos da natureza seres poderosos e os chamavam de deuses. Eles ainda não conseguiam compreender que tipo de fenômenos eram esses. No decorrer da história, o ser humano foi evoluindo, acumulando conhecimentos e a sua religiosidade foi alcançando outras dimensões. Assim, surgiram alguns questionamentos: quem criou o mundo à nossa volta? E nós, quem somos? De onde viemos e para onde vamos? E muitas outras questões foram surgindo sem respostas claras e satisfatórias. Na tentativa de encontrar respostas a essas questões, originaram-se os mitos. Eles são narrações de verdades essenciais para a compreensão da natureza, do universo, do ser humano e da sociedade. Os mitos constituem a memória de uma soma de valores e de conhecimentos. É a partir deles que provém a quase totalidade das religiões da humanidade, como também as primeiras idéias do transcendente.

Matriz Indígena Confesso que fiquei encantado com a religiosidade indígena! Cada povo indígena com a sua forma particular de se relacionar com o transcendente. Mas há algo que muita gente precisa aprender com os indígenas: amar e respeitar a natureza! Para os indígenas, a terra é sinônimo de vida, é mãe e, como tal, prestam-lhe o devido respeito. Vocês estão percebendo que quando conhecemos o outro aprendemos muito com ele?! Mas nem tudo são flores. Infelizmente, muitos povos indígenas já desapareceram e outros, devido a fatores sociais, econômicos, entre outros, estão em extinção. E isso acontece não só no Brasil, mas em muitas partes do mundo. Que perda para a humanidade! No entanto, em minhas andanças, vi de perto algumas iniciativas para manter

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UNIVERSO RELIGIOSO

viva a cultura e a religiosidade indígena. Entre elas, quero destacar o ensino de idiomas indígenas em escolas, o resgate das tradições, das celebrações, das festas, entre outras.

Matriz Africana Quando estive na África, aprendendo um pouco mais sobre a cultura e a religiosidade africana, lembrei-me muito do meu Brasil. De fato, no Brasil há uma forte presença e influência da religiosidade africana. Chorei muito ao lembrar o modo com que as pessoas desse continente foram raptadas e enviadas ao Brasil e a outros lugares, onde foram escravizadas. Mas, mesmo passando por todas essas tribulações, os escravos africanos mantiveram viva a religiosidade de seus antepassados. Tanto na África, quanto no Brasil, a religiosidade de matriz africana é manifestada através da comunhão, da partilha, da dança, dos cantos, dos gestos, da comida farta para os seus filhos e filhas e, o que é mais interessante, continua sendo marcada por um profundo respeito pelo outro, independentemente de sua religião ou crença. Infelizmente, ainda hoje, os africanos continuam sendo discriminados em muitos lugares do mundo. Aqui, no Brasil, os afro-descendentes, apesar de algumas vitórias, ainda sofrem preconceitos e são marginalizados por pessoas ignorantes e por alguns setores da sociedade. O que podemos fazer para que isso não continue acontecendo?

Matriz Ocidental Agora, mais “por casa”, dediquei-me a conhecer mais sobre a religiosidade de matriz ocidental. E quanta surpresa! Este mundo é pequeno mesmo. Vocês sabiam que a matriz ocidental está fundamentada em concepções religiosas muito antigas? Pois é, desde os antigos gregos, os romanos e os povos nórdicos, a matriz religiosa ocidental veio se configurando, passou pelo politeísmo e desembocou em religiões de grandes manifestações populares, cuja crença é baseada na existência de um único Deus. Hoje, o cristianismo e o espiritismo, que também se fundamenta na mensagem evangélica, praticamente são a “cara” da matriz ocidental. Apesar de existirem muitas divisões entre os cristãos, vi que há muito respeito entre eles e à religiosidade do outro, pois está havendo um grande esforço para dialogar e se enriquecerem mutuamente. E isso é muito bonito! O amor supera todas as divisões. Uma característica da religiosidade ocidental que me marcou profundamente é o apreço que se dá à solidariedade interna e com os pobres do mundo. Amigos e amigas, o estudo das religiões deve nos orientar para o amor e para a solidariedade universal. Bom, amigos, nossa viagem pelo universo religioso continua e, podem crer, há muita coisa interessante e bonita para a gente aprender. Venham comigo!

Matriz Oriental O Oriente me fascinou! Os orientais têm uma outra forma de ver o mundo à sua volta e isso dá o “tom” de sua religiosidade. O Oriente é o berço da maioria das chamadas “grandes religiões”: O Hinduísmo, o Budismom, o Xintoísmo, o Islamismo e o próprio Cristianismo. O aspecto que mais me chamou a atenção na cultura e na religiosidade oriental é a busca pelo equilíbrio e pela harmonia. A meditação, a reflexão e o silêncio não podem ser ignorados, devido à importância na vida e no dia a dia dos orientais. Uma outra característica bonita que podemos perceber no oriente é o respeito e a convivência pacífica entre as pessoas de diferentes crenças. Infelizmente, devido ao fanatismo religioso de alguns grupos, esta convivência pacífica vem sendo ameaçada. Graças à globalização, a cultura que vem do oriente está chegando até nós e contribuindo para o enriquecimento do ocidente. Sorte a nossa!

1. Falei que, devido a fatores sociais, econômicos,

entre outros, muitos povos indígenas desapareceram. Vocês ouviram falar sobre isso? O que fazer para que os nossos irmãos indígenas sejam respeitados, valorizados e possam viverem segundo as suas tradições culturais?

2. A maioria dos afro-descendentes, hoje, ainda sofre preconceitos e é discriminada. Contem o que vocês sabem sobre isso. O que nós podemos fazer para conter este bárbaro crime e ajudá-los a viver dignamente? 3. Quais são as contribuições culturais, religiosas e

filosóficas que recebemos dos orientais e que aparecem claramente em nossa sociedade? 4. A religiosidade ocidental se espalhou pelo mundo todo com os descobridores e os missionários cristãos. Mas, com a fé cristã, chegou também uma extraordinária solidariedade. O que o nosso país, a nossa turma, e cada de nós pode fazer para as pessoas e os povos mais necessitados?

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ESPIRITUALIDADES

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o celebrarmos o dia das Mães, é urgente procurarmos recuperar a fertilidade, a fecundidade da vida humana. Fomos criados para dar vida. Se nos negarmos a isso, estamos nos condenando irremediavelmente à morte por esterilidade e por atrofia de nossas capacidades humanas. Em meio a uma cultura esterilizante e desumanizante, celebrar a maternidade é celebrar a dor rapidamente esquecida que dá lugar à alegria que nunca passará. (Maria Clara Lucchetti Bingemer – teóloga)

MÃES SÃO TECELÃS Chegando ao topo dos Anos Dourados, com o olhar da imaginação, recordo tantas mulheres e mães que, de muitas formas e em diferentes momentos, marcam presença tecendo a malha dos anos da nossa vida. Mães são tecelãs apaixonadas que se entrelaçam e acolhem em seu corpo, mente e coração, a vida que se aninha e se engendra. Com fios de luz e seiva fecunda elas tecem o corpo do seu bebê, em noites cheias de sonhos e temores, madrugadas insones, em dias de múltiplos desejos e planos. Tecelãs dedicadas e persistentes, em preces e canções de ninar e mesmo lágrimas silenciosas, com cuidados e agrados, tecem confiança, oferecendo o senso de bondade a seus filhos. Vestem o corpo e a imaginação dos pequenos, enquanto colocam babados e laços para dar um toque extra de conforto e graciosidade. Mães são eternas professoras e tecelãs do saber, da curiosidade, do riso, da vontade de descobrir, de construir e de aprender. São hábeis criadoras de fantasias, de bonecas e tapetes mágicos, para a imaginação dos pequenos. Também acarinham os cabelos, acalmam, tecem cachos e tranças. Mães são exímias tecelãs e, quando preciso, reatam e apertam nós de afetos, juntam as tramas rebeldes e acreditam na sua arte. Crêem tanto que não levam tão a sério a esquisitice de seus filhos adolescentes que, em certas ocasiões, decidem andar às avessas.

Elas bem sabem que eles têm o lado belo da vida, que é o mais importante. São tantas as mães e tão diferentes, todas belas a seu modo e crentes! Crêem no milagre da vida, na possibilidade da primavera que, de certa forma, também dependem delas. Mães tecem com o coração nas mãos, sempre prontas para acariciar, afagar, perdoar, esperar e, em prece, aconchegar outras mãos nas suas. São tecelãs que se inspiram na mais santa das mães - Maria, a Mãe do Divino Mestre - para tecer vestes de seus rebentos. Essas prendadas tecelãs têm um pouco de Deus, um pouco de anjos e um pouco de fadas ao tecer alento e encantamento que nos dão a segurança de serem colo seguro e ombro amigo, que nos permitem fazer beicinho, buscar carinho e alimento para tudo de que precisamos na vida.

Mães são tecelãs longamente testadas Por isso, entendem de fios e desafios, de nós, de laços e fitas, de alma que silencia ou que grita. Mães são tecelãs de bandeiras de paz e são promessas de arco-íris que abraçam todas as cores, todas as nuances de amores, sonhos desfeitos, amizades refeitas. Mães são tecelãs de toalhas dupla-face, naturais e aveludadas, para os mais frágeis, os que se banham, para os que se refazem das quedas e tropeços nos caminhos da vida. São tecelãs incansáveis de túnicas e mantos que acolhem, abrigam e protegem, de pulôver e mantas que abraçam e aquecem nosso corpo e, muito mais, o nosso coração, que busca espaço de aconchego e segredo. Mães tecem ninhos repletos de esperança e alegria. Mães tecem espaços de aconchego e sossego para um soninho. Mães tecem pavios escondidos para acender a chama da fé. Mães são tecelãs de mãos ágeis e ternas, extensões do coração materno de Deus, que se tornam perenes, entregando novelos e retalhos para que outras pessoas, outras mulheres continuem a sua arte. Benditas mães! Benditos filhos, frutos tecidos de amor! Benditas tecelãs da vida, cúmplices do Criador! Zuleides de Andrade, Curitiba - PR Fonte: http://www.abrali.com/015coluna_direita/ ir_zuleides/indice_ir_zuleides_andrade.html

Tema: MÃES SÃO TECELÃS Ambiente: Preparar um lindo ambiente para receber as mães com flores, cartazes, painel com figuras ou fotos das mães.

Material para a Dinâmica:

• Fitas-bebê nas cores rosa, azul e branca (20 cm cada)

• Som ambiente.

Acolhida: Na entrada, cada mãe receberá um conjunto de três fitas.

• Preparar as mães para receberem seus filhos ao final da celebração.

• A coordenadora fará acolhida com uma saudação

alegre e festiva, convidando as mães para fazerem do momento uma oportunidade de reflexão e prece.

• Motivar as mães para olharem para o lado e sauda-

rem as mães que estão ao seu lado (dar um tempo para os cumprimentos).

• Convidar as mães para tomarem nas mãos as fitas que receberam na entrada e, à medida que ouvirem a declamação do texto, irem tecendo as fitas e formando uma trança, no sentido de “tecer a vida”.

• Ao som de fundo musical apropriado, dar início à de-

clamação, pausadamente, criando um clima de sentimentos e emoções e dando tempo para as mães tecerem as suas fitas.

• Terminada a declamação, a coordenadora poderá

retomar a palavra e elaborar algumas questões referentes à dinâmica realizada para as mães meditarem enquanto contemplam as fitas tecidas:

- Quais sentimentos povoaram meu coração durante esta reflexão? - Quais lembranças da vida vieram à minha mente e ao meu coração? - Quais são os sonhos que sonho para meu filho, minha filha? Entrada dos filhos no ambiente:

• As

crianças adentrarão no ambiente cantando “Parabéns pra você”, ou um canto especial previamente ensaiado. Caso tenham preparado, entregarão um presentinho para as mamães.

Final: Para concluir a celebração, poderá ser feita uma bênção por um sacerdote, pastor ou rezar a oração do PaiNosso. Veja mais: “Mamãe, uma pessoa especial”

Você que já assina e usa este subsídio, difunda-o entre os colegas de Ensino Religioso e outros interessados.

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Livro: Educando para a Vida – Coleção Educação – página 75

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Transformações e desafios da adolescência Crescer não é tarefa fácil. A adolescência é uma fase da vida permeada por grandes transformações físicas e psíquicas. Em geral, a perda do corpo e dos privilégios infantis, aliada a exigência social de fazer escolhas, cujas repercussões serão sentidas a médio e longo prazo, originam insegurança e sentimento de inadequação para o adolescente. Os principais desafios que delimitam a passagem da adolescência para a vida adulta são: a criação de uma identidade profissional; a conquista da independência financeira e o desenvolvimento de relacionamentos íntimos. As experiências amorosas na adolescência são extremamente marcantes (quem não lembra do seu primeiro namorado ou namorada?) e oferecem inúmeras possibilidades de aprendizagem.

RITOS E VIDA

uma pessoa real significa ter que aprender a administrar as diferenças individuais. Nem sempre o outro aprova aquilo que eu digo ou faço; nem sempre o outro quer fazer o mesmo que eu; nem sempre o que o outro diz ou faz é digno de admiração. Mais importante que perguntar “concordamos em tudo?”, é perguntar “o que fazemos quando discordamos?”.

Qual é o “segredo” para o estabelecimento e manutenção de relações felizes?

Escolhas amorosas na adolescência: pessoa real versus pessoa idealizada As escolhas amorosas na adolescência tendem a ser realizadas não em função de características reais, mas de idealizações a respeito da “pessoa amada”. Sob o efeito da paixão, é comum encontrar dificuldades para identificar comportamentos da outra pessoa que sejam considerados inadequados. Em contrapartida, o adolescente tende a super-dimensionar as qualidades do parceiro ou, mais do que isso, a projetar no outro qualidades que ele não tem. Para desespero daqueles que estão a sua volta, em especial seus pais e amigos, é comum que o adolescente despreze opiniões contrárias as suas em relação às qualidades e defeitos da “pessoa amada”. Escrevo “pessoa amada” entre aspas, porque em processos de idealização o que é “amado” não é a pessoa em si, mas a fantasia criada a respeito dela.

Namoro na adolescência: quais são os benefícios? Passada a fase de idealização, é possível identificar, não apenas as qualidades, mas também os defeitos do parceiro. A capacidade de relacionar-se com uma pessoa real, e não mais com uma pessoa “ideal”, é sinal de maturidade. Relacionar-se com

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recem incentivos em relação aos comportamentos que apresentam, considerados socialmente adequados, e repreensões em relação aos comportamentos considerados inadequados. Em função dessa troca de “juízos”, o adolescente, gradualmente, passa a desenvolver maior capacidade para avaliar que comportamentos são eficazes ou adequados não apenas em função de suas experiências anteriores, mas também em função das experiências do parceiro. É importante ressaltar que, na adolescência, o “feedback” oferecido pelo namorado ou namorada será, provavelmente, melhor aceito e aproveitado pelo adolescente do que o “feedback” oferecido por seus pais. Isso acontece porque as relações de poder entre os namorados são, em geral, mais equilibradas do que as relações de poder entre pais e filhos.

Os comportamentos, apresentados pelos adolescentes nos momentos em que existem conflitos no namoro, dependem, em grande parte, dos modelos de relação oferecidos pelos casais das famílias de origem. Se pai e mãe resolvem, constantemente, seus problemas conjugais aos gritos ou por meio do diálogo respeitoso, é compreensível que o adolescente recorra aos recursos por eles utilizados frente a um problema com seu namorado ou namorada. A riqueza da relação a dois reside no fato de que o outro possui modelos de interação diferentes e oferece ao parceiro, não apenas a possibilidade de avaliar as aprendizagens desenvolvidas na família de origem, mas também de aprender novos tipos de interação. O namoro possibilita ao adolescente ampliar seu repertório comportamental e, conseqüentemente, desenvolver novos recursos para administrar as diferenças individuais. Outro benefício do namoro, para o desenvolvimento dos adolescentes, é a possibilidade de receber e oferecer suporte emocional. Ao compartilhar suas experiências cotidianas, os namorados recebem e ofe-

É fácil para o adolescente exigir que o namorado ou a namorada se comporte de determinada maneira para melhor lhe agradar. Difícil é ser generoso a ponto de, ao se comportar, considerar e respeitar os sentimentos do outro. O tão almejado segredo para o estabelecimento e manutenção de relações felizes, não é encontrar a pessoa certa, mas SER a pessoa certa. A “pessoa certa” é aquela que está disposta a aprender a amar cada vez mais e melhor, cuja felicidade está atrelada ao sorriso e ao bem-estar do outro.

Professores (as), reúnam-se com seus alunos para um momento especial. Leiam o texto acima, discutam e realizem as atividades propostas no Encarte Pedagógico. A turma vai adorar! E mais, busquem na Coleção Educação: “Namoro: um projeto comum” – Livro Educando para a Vida, páginas 97 à 99. “Namoro: qualidade ou quantidade”- Livro Como Educar Hoje? Páginas 111 à 113.

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A

ginecologista Cleonice M. Piccoli Teixeira, entrevistada pelo jornal O TRANSCENDENTE, nos dá sua opinião sobre este problema cada vez mais difuso e preocupante. O TRANSCENDENTE: Muitos pais encontram-se

ATUALIDADES

Drª Cleonice: O teste positivo de gravidez é, para

OT: É importante lembrar que não somente a garo-

a jovem, um grande susto e, às vezes, até motivo de desespero. A partir do momento em que uma nova vida surge inesperadamente, não adianta lamentar. A vida é sagrada e, portanto, deve ser preservada. Aborto jamais! É importante, nesse momento, que a adolescente procure uma pessoa em quem ela possa confiar sua angústia e que seja seu esteio, dando-lhe orientações e ajuda.

ta, mas também o rapaz é responsável pela gravidez precoce. De que forma fortalecer a consciência dos rapazes com referência a esta questão, uma vez que ainda prevalece, em nossa sociedade, um comportamento machista de “deixar sobrar para a mulher esta responsabilidade”?

OT: São muito freqüentes, hoje, questões a respeito

recidos que, em seu desenvolvimento físico, se dá o amadurecimento e a capacidade de procriar. Muitas vezes os meninos não se dão conta de que já são fecundos e que a sua namorada pode engravidar. Daí a grande dificuldade de o menino se ver como pai quando ainda está pensando em “curtir a vida”, estudar, viajar, sair com amigos, freqüentar baladas e praticar esportes. O processo de responsabilidade sexual deve ser trabalhado pelos pais desde a infância, sem distinção de sexo. Garotos e garotas têm as mesmas responsabilidades diante da gravidez.

despreocupados, achando que na escola seus filhos recebem orientações adequadas sobre o tema “educação sexual”. No entanto, na prática, observa-se um grande despreparo das escolas neste campo. Pela sua experiência profissional e como mãe, tem algo a dizer a este respeito?

do aborto, como também em relação ao uso de camisinha, pílulas anticoncepcionais, pílula do dia seguinte e outros métodos anticonceptivos. Qual é o seu ponto de vista sobre tais atitudes e que conselhos a senhora oferece aos adolescentes e jovens a respeito dessas questões?

Drª Cleonice: A escola, em seu currículo, ensi-

Drª Cleonice: Os meios de

na a anatomia e o funcionamento dos órgãos sexuais. No entanto, nem todos os professores ministram, além da informação, a formação sobre o exercício da sexualidade, que não se restringe a genitalidade, “o fazer sexo”, e sim a todo o envolvimento do ser humano na sua dimensão emocional e sexual. Considerar que a escola é responsável pela educação sexual é delegar “a outro” a obrigação essencial de educar, que, na verdade, é dos pais ou responsáveis pela criança/jovem.

OT: Muitos adolescentes já tiveram sua primeira experiência sexual. Alguns, inclusive, desde muito cedo, mantêm relações sexuais de forma periódica, sem estarem preparados física e psicologicamente para este ato. Qual sua consideração a este respeito?

Drª Cleonice: Essa situação confirma que os jovens são vítimas da falta de orientação, diálogo e atenção dentro de casa ou que se deixam levar por influências externas como o modismo do “ficar”, querer ser moderno e avançado no tempo e, de forma inconseqüente, iniciar o relacionamento sexual. O importante é que o adolescente seja responsável, busque informações, peça orientações e acate os conselhos de quem tem mais experiência de vida.

OT: A gravidez precoce, geralmente inesperada, afeta um projeto de vida. Os sonhos e as perspectivas de vida de muitas adolescentes vão por “água abaixo”. O que fazer quando isso acontece?

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comunicação, principalmente a televisão e a internet, têm o lado positivo de informar sobre o que existe no âmbito de prevenção da gravidez. Enquanto médica, eu costumo orientar que o relacionamento sexual é atitude de “gente grande”, que quer dizer: pessoa responsável e conhecedora das conseqüências do seu ato. Cabe ao profissional da saúde explanar e orientar os jovens em suas escolhas.

OT: Visto que gravidez na adolescência é uma problemática que normalmente “estoura” na escola, qual contribuição e orientação poderão ser dadas aos educadores para que eles saibam trabalhar com competência e responsabilidade esta questão junto aos seus alunos e suas famílias?

Drª Cleonice: A gravidez na adolescência “estoura” na vida da jovem mãe, na vida do seu parceiro – pai da criança, nas famílias de ambos e na escola, pois os estudos ficarão prejudicados. Os educadores que realmente trabalham a formação dos alunos, independente da sua disciplina, e vêem nisso sua missão, sabem dar o apoio e as orientações necessárias nesse momento.

Drª Cleonice: Os adolescentes devem ser escla-

OT: Ainda assim, se apesar de tantos esclarecimentos, vier a acontecer uma gravidez fora de hora, como os adolescentes devem proceder para não colocar a perder a vida que conceberam – uma criança que vai nascer?

Drª Cleonice: Como já dissemos anteriormente, a vida é sagrada e dom de Deus. Ele é o dono e Senhor da Vida! Mesmo na gravidez inesperada e, num primeiro momento, indesejada, é importante superar os sentimentos de rejeição e partir para a compreensão e aceitação desse fato novo. Lembremos, no entanto, que uma pessoa da confiança dos dois adolescentes é muito importante para ajudar nessa saudável transformação. O amor sempre consegue superar as dificuldades e, no caso, gerar um ser amado e equilibrado.

Siga a seqüência entre letras e números que o quadro ao lado propõe e monte a frase. Em seguida, converse com a sua turma. Qual é a sua opinião a respeito desta afirmação? Você concorda? Por quê?

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O

s antigos gregos trabalhavam todos os dias. Eles não tinham final de semana, somente paravam de trabalhar por ocasião dos feriados religiosos e eventos esportivos, dentre eles os Jogos Olímpicos. No começo, as Olimpíadas eram conhecidas como Festival Olímpico e faziam parte de quatro grandes festivais religiosos pan-helênicos, celebrados na Grécia Antiga, e assistidos por visitantes vindos de todas as cidades-estado que formavam o mundo grego.

NOSSO COMPROMISSO

não encontra o mesmo eco em nossos dias, onde o esporte, em muitos casos, é visto como uma disputa em que, para alguns, ganhar compreende alterar o físico com drogas anabolizantes – o doping. Trata-se de casos isolados, mas que tem se tornado freqüentes e que maculam o espírito dos jogos. Ben Johnson, atle-

Quando os valores se invertem O grande ideal olímpico, preconizado no início das olimpíadas da era moderna, expressado na frase: “O importante é competir, não ganhar”, já

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Quem são os campeões da vida? Cito só alguns:

as crianças que estão nos hospitais vítimas de doenças graves e que, mesmo com dores e sem saber a razão de ali estarem, se rendem ao carinho dos profissionais da saúde esboçando um sorriso de gratidão.

as crianças vítimas de maus-tratos e abandono que, sem saber por quê, lutam para sobreviver. Muitas destas crianças encontram-se em condições de riscos sociais, expostas à exploração infantil e às drogas.

Homenagem a Zeus O Festival Olímpico era sediado na cidade de Olímpia, em homenagem a Zeus – deus supremo da mitologia grega. Era, portanto, uma ocasião religiosa, onde o centro de tudo era o grande templo de Zeus. Mais de cem bois eram sacrificados no altar em frente ao templo e seu interior era dominado por uma estátua do deus coberta de ouro. Os atletas se reuniam, a cada quatro anos, no verão, no Festival Religioso sediado na cidade de Olímpia. Nessa ocasião, eles deixavam de lado todas as suas divergências. Caso as cidades gregas estivessem envolvidas em guerras durante a realização dos jogos, proclamava-se uma trégua sagrada (ekekheiria), que concedia uma espécie de salvo-conduto aos viajantes a caminho de Olímpia. Cada atleta, em frente ao altar, oferecia um sacrifício e rezava antes do começo dos jogos. Mente, corpo e espírito, que formavam o atleta completo, estavam sempre juntos nas competições, lugar para a conversão e para o aprendizado. Um comitê organizador decidia se a moral do atleta lhe dava o direito de competir. Na Era Antiga, como juramento, os gregos, antes dos jogos, faziam uma oração no templo de Zeus para que as competições fossem justas. Atualmente, no juramento, os atletas prometem honra, espírito de boa vontade e esportividade durante os jogos, com o objetivo de diminuir sentimentos nacionalistas.

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as mães que lutam pela educação de seus filhos, que buscam resgatar seus filhos das drogas, que perdem noites de sono para cuidar de suas crianças doentes e, pela manhã, seguem para o trabalho fora do lar – em dupla jornada de trabalho. ta canadense em Seul – 1988, após ter conquistado a medalha de ouro nos 100m, teve cassada sua medalha pelo Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, em junho de 2007, a nadadora Rebeca Gusmão também foi pega em doping nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro. O alto valor do investimento para sediar os jogos é outro fator que inverte o espírito dos jogos. Devido à macro-estrutura exigida para sediar as Olimpíadas, países de terceiro mundo não têm condições de concorrer com as propostas oferecidas pelos países mais desenvolvidos que muito lucram com este evento.

• os pais que, muitas vezes desempregados, percorrem quilômetros por dia, de porta em porta, na árdua missão de arrumar um emprego digno que possa suprir as necessidades de suas famílias. • Existem muitos Campeões. Uns são famosos

e com medalhas, mas existem outros milhões de campeões e campeãs anônimos (as), sem direito a pódio e nem medalhas, mas marcados indelevelmente pela coragem e pela “mania de ter fé na vida”, vencendo, a cada momento, o preconceito, o desemprego, a exploração, a precariedade da saúde e outros tantos desafios.

As olimpíadas da vida Podemos perceber que o maior Festival Olímpico dos novos tempos acontece, todos os dias, nas Olimpíadas da Vida. Elas também produzem muitos campeões! A geografia das Olimpíadas da Vida é outra. A cidade não é Olímpia, mas os centros urbanos, as favelas dos morros, as periferias das cidades, os sertões, os hospitais e as escolas onde as pessoas lutam pelos seus direitos e outras se comprometem voluntariamente no serviço aos mais pobres e carentes. É importante espelhar-se nos atletas das Olimpíadas, mas não podemos esquecer os atletas das Olimpíadas da Vida. Eles não possuem as ágeis habilidades de um competidor olímpico, mas possuem a capacidade de superar os desafios e os obstáculos impostos pelo dia a dia da vida.

1. Quem são os “Atletas da Vida” em sua casa, em sua escola, em sua igreja ou na sua comunidade? Por que os considera tais? 2. Muitos jovens, que freqüentam academias e pretendem manter seu corpo “malhado”, fazem uso indiscriminado de drogas anabolizantes. Qual a sua opinião a esse respeito? 3. É comum vermos atletas, sobretudo brasileiros, fazendo gestos de religiosidade e fé antes das competições. Qual sua consideração sobre isso?

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O

DINAMIZANDO

• Estabeleça com a turma novas metas a serem alcan-

lá, amigo (a) Educador (a):

Esta atividade pode trazer excelentes resultados para o seu trabalho e para a vivência dos seus alunos. No 1º bimestre (edição 04), sugerimos uma reflexão sobre a DIMENSÃO INTRAPESSOAL com o objetivo de levar o (a) aluno (a) a um encontro consigo mesmo(a). Neste bimestre trabalharemos a DIMENSÃO INTERPESSOAL - Relacionamento com os amigos, com os professores e com a família.

• Faça

uma retrospectiva da dimensão trabalhada no bimestre anterior.

P

ersonagens: idoso (a), criança de rua, criança doente, jovem deficiente físico, pai, mãe, morador de rua, narrador. Cenário: Cadeiras em círculo. Com a ajuda dos alunos, elaborar um cenário no centro da sala que contenha: • tapete grande, lençol ou pano colorido • uma cadeira • seis almofadas • arranjo com folhagens • fundo musical • medalhas feitas de papel dourado (para pendurar no pescoço dos personagens ao final da apresentação).

COMO PREPARAR: • Vestir cada participante de acordo com o personagem que representa

• Poderão ser utilizados grandes lenços coloridos no lugar de roupas e adereços variados.

PARA COMEÇAR: • Som ligado • Os personagens entrarão em fila e sentarão nas almofadas. A pessoa idosa sentará na cadeira

• Baixar o som e começar a apresentação. Narrador: Queridas crianças! Vencer faz parte da vida! Através desta apresentação poderemos perceber quantas pessoas vencem, a cada dia, as Olimpíadas da Vida. Vamos prestar atenção e procurar reconhecer em cada uma delas e em nós mesmos os Campeões da Vida. Criança de rua: Meus amigos! Meu pai abandonou minha mãe quando eu nasci. Até minha mãe não quer mais saber de mim. Hoje, a rua é a minha casa. Sou vítima das drogas e, muitas vezes, tenho que correr da própria polícia. Acho que existe pouca proteção para crianças como eu. Apesar de tudo, gosto da vida e todos os dias defendo-me para não

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çadas nesta segunda etapa do Projeto. • Elabore atividades que os levem a perceberem-se como seres de relacionamentos e afetividades. • A cada encontro promova com seus alunos momentos de retomada das metas estabelecidas e dos passos dados em busca do cumprimento das mesmas. Elabore questionamentos que conduzam a turma a • repensar seu modo de agir e de se relacionar com as pessoas. Lembre-se: O sucesso desta caminhada depende muito de você, professor (a), pois, será a partir de sua motivação e habilidade na condução do processo que os alunos poderão encontrar algumas respostas para as sua buscas.

morrer. Eu também me considero um (a) Campeão (ã) da Vida! Criança doente: Amigos, eu sou vítima de uma doença muito grave. Moro mais tempo nos hospitais do que em minha própria casa. Meus pais me amam e eu os amo também. Estou sofrendo muito, mas não desanimo. Ah, como gostaria de brincar como uma criança saudável! Por isso tudo eu me considero um (a) campeão (ã) da Vida! Jovem com deficiência física: Colegas, minha condição física não me permite viver como vocês. Minha maior dificuldade é circular pelas ruas da cidade. As calçadas são muito esburacadas e existem poucas rampas de acesso aos ambientes públicos. Contudo, me esforço para viver serenamente e fazer o bem. Eu me considero um Campeão da Vida! Pai: Queridas crianças! Eu luto todos os dias para alimentar e educar os filhos. Atualmente estou desempregado. Vocês sabem como é difícil para um pai não poder dar o que um filho precisa! Mas, sou um homem de fé. Não desistirei de procurar trabalho, pois é ele que dignifica o homem. Eu também me considero um Campeão da Vida! Mãe: Meus filhos! Assim como a mãe de vocês, eu sou muito trabalhadora. Acordo muito cedo e tomo dois ônibus para chegar ao meu trabalho. Porém, antes de sair, levo meus filhos para a escola. À noite, quando volto, limpo a casa, lavo e passo roupas, preparo comida para meus filhos e os ajudo em suas tarefas escolares. Será que eu não serei também Campeã da Vida?

Morador de rua: Meus amigos! Eu estou morando na rua. Mas não fui eu que escolhi esta vida, mas tudo me levou para isso. Vivo catando papéis e latinhas para sobreviver. Sofro muito pelo preconceito. Muitas pessoas pensam que os moradores de rua são vagabundos. Pode ser, mas nem sempre é assim. Eu sou um homem honesto. Pela minha luta me considero um Campeão da Vida! Idoso (a): Meus amigos! Eu também fui criança como vocês. Brinquei, cresci, fui jovem e hoje sou vovô (vovó). Já trabalhei muito, constitui uma família e ajudei o meu país a crescer.Vocês pensam que a vida dos idosos é fácil? Além das dificuldades físicas, nem sempre somos respeitados em nossos direitos de cidadãos e, às vezes, também não somos respeitados por nossos próprios filhos e netos. Sim, eu sou um Campeão da Vida! Narrador: Crianças, vocês perceberam? Todas essas pessoas são “atletas da vida!” Vocês concordam? Então vamos saudar estas pessoas que nas Olimpíadas da vida são sinais de amor, de busca da felicidade, de cuidado e, acima de tudo, de exemplo para todos nós. Que os “campeões da vida” sejam reconhecidos por todos nós e recebam a nossa vibração e o nosso aplauso. Viva!!! O (A) professor (a) poderá levar o tema adiante e ajudar a buscar, na vida de cada aluno (a), um bom motivo para ele (a) sentir-se um (a) Campeão (ã) da Vida, bem como reconhecer em seu papai, mamãe, avós, colegas ou pessoas conhecidas um atleta das Olimpíadas da Vida!

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SABEDORIA E VIDA

E

ntre o estado consciente e o sonho, deparei-me com uma grande porta. Ao me aproximar percebi um guardião, que me disse: - Ninguém pode entrar nesta sala. Aqui estão guardados os livros da vida. Aquele que conseguir passar por esta porta poderá ter acesso ao seu livro e modificá-lo a seu gosto. - Minha curiosidade era grande! Afinal, poderia escolher o meu destino. Insisti muito, e o guardião resolveu ceder: - Está bem, dou-lhe cinco minutos. - Eu nem podia acreditar! Cinco minutos eram mais do que suficientes para que eu pudesse decidir o resto da minha vida... Poderia apagar e acrescentar o que quisesse no livro da minha vida. Entrei, e a primeira coisa que vi foi o livro da vida do meu pior inimigo. Não agüentei de curiosidade. O que será que estava escrito no livro da vida dele? O que será que o destino reservava para aquela

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pessoa que eu não suportava? Abri o livro e comecei a ler: Não me conformei... Verifiquei que sua vida lhe reservava muitas coisas boas e não tive dúvidas! Apaguei as coisas boas e reescrevi o seu destino com uma porção de coisas ruins. Logo, vi outro livro... Era de uma colega de quem eu não gostava. Fiz a mesma coisa... De repente, depareime com o meu próprio livro! Nem acreditei. Este era o momento! Iria mudar o meu destino, apagaria todas as coisas ruins e reescreveria somente as boas. Seria a pessoa mais feliz do mundo! Quando peguei o livro, eis que alguém bateu no meu ombro e me disse: - Seu tempo acabou! Pode sair. - Fiquei atônito! Mas eu nem tive tempo de ver o meu livro!!! - Pois é, disse o guardião: - Eu lhe dei cinco minutos preciosos e você poderia ter modificado o seu livro, mas só se preocupou com a vida dos outros e não teve tempo de ver a sua. - Baixei a cabeça, cobri as faces com as mãos e sai da sala.

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T R A N S C E N D E N T E

SABEDORIA E VIDA

antas coisas em nossas vidas passam ápido demais e não conseguimos companhar as boas coisas que estão ao osso redor. Nos urpreende quantas pessoas adquirem onhecimentos ao longo de suas vidas não os utilizam em benefício do osso irmão que está tão próximo. ependemos uns dos outros para vivermos m sociedade. O espírito humanitário ão pode desaparecer de nossos corações. odos nós somos responsáveis pela construção de uma vida melhor m sociedade.

Bruna Moraes Vicente, 7ª série / Tijuicas - SC

Aluno: Luiz Fernando - 5ª Série / Tijucas - SC

Aluna: Shara Machado - 8ª Série Tijucas - SC

Finalmente, após sucessivas solicitações de catequistas, pais e educadores, estamos anunciando o lançamento de mais um livro de histórias: “Sabedoria dos Povos: 100 histórias, contos e fábulas”. Histórias, contos e fábulas têm um potencial motivador de extrema importância para difundir idéias e ensinamentos importantes para a formação de pessoas de todas as idades. Adquira-o utilizando:

Fone: (48) 3222.9572 / Fax: 3222.9967 Site: www.missaojovem.com.br / E-mail: mj@missaojovem.com.br

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