ANO II - Nº 7 OUT / NOV 2008
O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br
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rezados leitores, muita paz! O TRANSCENDENTE, com esta edição, completa 2 anos de existência e de serviço ao Ensino Religioso. Ele cresceu em experiência e qualidade, ganhando a estima e a simpatia de milhares de professores de norte a Sul do Brasil. Agradecemos a todos pela confiança, por terem assinado e por estarem utilizando esse nosso trabalho. Confessamos que o nosso trabalho não foi nada fácil. Nestes dois anos, no esforço de descobrirmos a linha-mestra e os objetivos principais do ER, ouvimos muitos professores e coordenadores desta área e percebemos que, mesmo dentro de uma mesma região, havia opiniões muito divergentes acerca do que é e do que deveria ser o ER.
DUAS CORRENTES Há quem diga que o ER deve se preocupar somente com o estudo do fenômeno religioso, algo puramente intelectual, assim como se estudaria a Matemática, a Física e outras disciplinas. Outros já não aceitam tal radicalidade, pois acreditam e sustentam que o ER deve se preocupar também com a formação integral do aluno, transmitindo-lhe valores, a maior riqueza das religiões, que o ajudem a crescer e a se tornar um bom cidadão. Dentre outras, essas são as duas principais correntes existentes e que estão sendo aplicadas nas escolas. Qual escolher ou privilegiar? Sinceramente, a equipe de O TRANSCENDENTE, sem esquecer as preocupações da primeira corrente, prefere a segunda, considerando-a mais abrangente e útil para o cidadão em formação. Estamos vivendo numa sociedade em crise de valores, onde as próprias famílias, muitas delas, não se preocupam com isso ou se sentem incapazes de fazê-lo. A pergunta é: quem o fará se a escola não o fizer?
APRESENTAÇÃO
O ER se preocupa com o diálogo inter-religioso, o ecumenismo, a construção da paz e o entendimento entre os povos. Mas como chegar a isso se, além de apresentar teoricamente o fenômeno religioso, o professor de ER não apresentar os grandes valores, que o diálogo, o ecumenismo e a paz têm como base?
TRISTES CONSTATAÇÕES China - Num encontro sobre justiça e criminalidade juvenil, em Pequim, o vice-secretário geral da organização, Liu Guiming, afirmou que, na China, os criminosos são cada vez mais jovens e seu número está aumentando, atingindo dois terços dos quatro milhões de casos criminais processados nas cortes do país. Mas não precisa mais ir longe para comprovar isso, pois, entre nós, são diárias as notícias de adolescentes assumindo atitudes impróprias, quando não assaltando, matando etc.
Após termos apresentado o Hinduísmo, nos seus mais diferentes aspectos, nesta edição apresentamos o Budismo, religião que propõe uma espiritualidade interessante para a nossa atualidade. Sua principal característica é a prática da meditação, arte que nós ocidentais ainda temos muito que aprender. Possivelmente, por esse motivo, o estresse é um dos grandes males de nossa sociedade. Amigos professores, difundam entre os seus colegas o jornal “O TRANSCENDENTE” e a “Coleção Educação”. Temos certeza de que o material que propomos é um ótimo subsídio para a sua nobre missão de educador. Acessem também o nosso site: www.otranscendente.com.br. Nele vocês encontrarão ricas sugestões para o ER. Um grande abraço do amigo.
Índia: A própria discriminação ou mesmo a perseguição voltaram a ser atuais. Na Índia, nação que sempre se distinguiu pelo convívio pacífico entre as religiões, segundo o Indian Catholic News Service, radicais hindus assassinaram pelo menos 25 pessoas. Duas voluntárias cristãs foram violentadas e queimadas vivas. Escolas, orfanatos e mais de 4.000 casas de cristãos foram queimados, levando 50 mil pessoas a se refugiarem na selva para salvar suas vidas.
Paquistão e Iraque: O mesmo acon-
tece nesses países que sofrem de grande instabilidade, em que os cristãos vivem atemorizados. Existe discriminação no mercado de trabalho e no acesso a colégios e universidades. Basta o nome cristão para que uma solicitação seja rejeitada.
TAREFA DO ENSINO RELIGIOSO Citamos esses fatos e situações, nem sempre ausentes entre nós, para mostrar o quanto o Ensino Religioso deve se tornar prioridade educativa, a fim de que se construa uma mentalidade de paz, de entendimento entre os povos, entre as diferentes culturas e religiões.
Num encontro cultural em Rímini ITÁLIA - 2008: Pierre Tauran afirmou: “As religiões devem ser fatores de paz e a liberdade religiosa o teste que serve para medir o respeito das demais liberdades e direitos do homem. No entanto, o paradoxo que se vive hoje, é que as religiões dão medo pelas ações de alguns crentes fanáticos que traíram sua própria fé”. E acrescenta: “Neste contexto, a paz, que começa na família e na escola, é a melhor das estratégias para segurar a tranqüilidade e a harmonia do amanhã”.
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NESTA EDIÇÃO
As imagens de Buda podem ser encontradas nas mais variadas formas e estilos, segundo as diversas correntes e culturas em que o budismo está presente. A capa mostra o Buda com um coque no alto da cabeça, que indica sabedoria e espiritualidade. A postura chamada de “assana” e a posição das mãos, “mudra”, indicam Buda ensinando e meditando. A mão direita levantada indica Buda oferecendo proteção aos fiéis. O polegar e o indicador formando um círculo e os dedos restantes curvados para fora representam a Roda da Lei. Os longos lóbulos auriculares simbolizam uma grande percepção. Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13 Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E. Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch Diagramação: Fábio Furtado Leite
Endereço DO JORNAL “O TRANSCENDENTE”: SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão Jovem PARA CORRESPONDÊNCIA: Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SC FONE: (48) 3222-9572 / FAX-automático: (48) 3222-9967
ASSINATURA ANUAL Ano II - Nº 7 - OUTUBRO / NOVEMBRO - 2008 •Individual: •Assinatura Coletiva (no CUPOM da página 11) •Assinatura de apoio: •Internacional:
R$ 20,00 R$ 35,00 R$ 55,00
Site: www.otranscendente.com.br E-mail: ot@otranscendente.com.br
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O ENSINO RELIGIOSO
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imos que no animismo o homem se sente protegido pela natureza, em geral pródiga para com ele. O universo é um campo de forças vitais, em contínua integração. O espírito e a matéria formam uma só realidade. Também vimos que o naturalismo, como os animistas, presta culto aos elementos da natureza, tais como: árvores, fontes, montanhas, animais e astros. Já o xamanismo se funda no transe mediúnico, ligado muitas vezes à magia e ao curandeirismo. O animismo é próprio dos africanos. O naturalismo é próprio dos indo-europeus. O xamanismo é típico dos asiáticos siberianos e, muito particularmente, dos mongóis.
Os primeiros cultos da humanidade foram dirigidos aos elementos da natureza: à terra, com as cerimônias de semeadura ou de colheita. Na verdade, não é a terra que é adorada, mas o espírito que nela habita e o antepassado que ela gerou. Os antepassados protegem a família e o povo dos quais são fundadores. Presta-se culto a eles na choupana por ocasião da colheita, caça, epidemia, brigas, etc. O mesmo se verifica nos outros elementos: o fogo, a água, o ar, o vento, o trovão. O sol, a lua, as estrelas são divindades porque são considerados seres vivos. Eles podem provocar chuva, caça, tempo bom... As pedras, os rios e as árvores são sinais dos elementos e venerados como tais. Esses lugares são freqüentados por gênios. Uns benevolentes protegem as habitações, as colheitas e as mulheres grávidas. Recebem oferendas. Outros, maléficos,
trazem doença, roubam os alimentos e engravidam as mulheres. São evitados ou são exorcizados. As pessoas se dirigem mais aos gênios, em culto, por serem mais acessíveis do que o deus supremo. A ele é reservada a habitação sagrada, é invocado constantemente, mas não se ora a ele. O culto aos gênios é apenas para afastar os malefícios e obter benefícios.
Os poderes do xamã
Podemos definir o xamanismo como uma atitude do homem perante os elementos da natureza. Se o africano deixava-se levar pelos ritmos da natureza pródiga e benigna, se o indo-europeu fazia pactos com a natureza, que não lhe era pródiga, mediante ritos mágicos, o mongol e o siberiano encontraram a idéia de evadir-se do mundo presente, pela meditação e pela ascese, para alcançar a região dos espíritos, a fim de encontrar paz e descanso. Nesta evasão de si é que aparece o xamã. Ele é uma espécie de curandeiro primitivo que não busca favores para si através do domínio dos espíritos celestes, mas, sim com a vida dos seus semelhantes. Por isso não se define o xamã como alguém que presta culto aos deuses, mas, um médico ou um psiquiatra, preocupado em afastar os males humanos. O xamã é uma espécie de advinho. Dotado de alma superior, tem comunicação com os espíritos. Suas faculdades supra-humanas lhe permitem mudar de aspecto, deslocar-se no espaço e ver o invisível. Este poder lhe vem de sua alma forte e da aliança que ele estabeleceu com um espírito tutelar. Sua veste, seu chapéu, seu tambor e a escuridão lhe permitem incorporar em si o seu gênio protetor. Pode então adivinhar e curar as doenças. Mas sua função é cuidar das almas, ou melhor, restituir uma alma sã ao homem desviado e até conduzir as almas dos mortos ao seu destino. Ele é o psiquiatra sagrado do animismo. Alguns autores chegam a dizer que os xamãs eram epiléticos, alucinados, charlatães. Contudo, mesmo além destes casos patológicos, há xamãs que se im-
põem por sua inteligência e integridade moral, gozando de autoridade entre os seus contemporâneos.
Um estudioso do xamanismo Foi o estudioso Mircea Eliade quem mais estudou o xamanismo. Ele esclarece que, na Índia, se desenvolveram os elementos mais racionais do xamanismo: na ioga, mediante a meditação transcendental e a disciplina ascética. Enquanto que, na China, se encontram os seus elementos mais carismáticos, misturados com ritos e fórmulas mágicas. É graças ao fato de que o xamã pode abandonar o próprio corpo e empreender viagens místicas em regiões etéreas, que ele tem condições de curar e de conduzir as almas. Ele pode reconduzir a alma do enfermo e reintegrá-la ao corpo. Só ele pode acompanhar as almas até a morada dos mortos. Ele apresenta as preces ao céu. Em outras palavras, ele é o especialista em questões espirituais, pois, conhece os riscos e os dramas das almas.
Segundo Eliade, uma sessão do xamanismo tem os seguintes passos:
1. apelo aos espíritos auxiliares e diálogo com eles
numa língua secreta; 2. toque de tambor e dança ritual para preparar a viagem mística; 3. o êxtase, quando a alma do xamã abandona o corpo e empreende a viagem pelo espaço. A finalidade desta viagem pelo espaço é invadir a esfera dos espíritos superiores, dominá-los e obter deles as informações necessárias para atender o cliente. Questões para debate e aprofundar:
1. Como podemos definir o xamanismo? 2. Podemos encontrar elementos do xamanismo nas outras culturas e povos?
3. No mundo pós-moderno nós encontramos elementos da cultura primitiva, particularmente do xamanismo?
O objetivo deste livro é oferecer uma compreensão fácil e completa das manifestações religiosas presentes no mundo. É um excelente instrumento que você utilizará para ampliar seu horizonte cultural e motivar as suas aulas de Ensino Religioso. Centenas de Secretarias de Educação de Estados e Prefeituras já escolheram este livro para seus professores de Ensino Religioso. Outras preferiram adquirir a “Coleção Educação” completa (10 livros), pois é de grande valor para a escola como um todo. Diante desta grande aceitação e da seleção de subsídios para o próximo ano que as instituições de educação vêm fazendo para 2009, convidamos você a avaliar com carinho esta oferta que a Equipe do O TRANSCENDENTE está fazendo, convicta da grande utilidade do material produzido e adotado por muitos professores. O valor é o mais barato possível: R$ 15,00 - o livro “O UNIVERSO RELIGIOSOS” e R$ 115,00 - a “COLEÇÃO EDDUCAÇÃO”.
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ntrevista com o Prof. Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, Secretário de Educação do Município de Florianópolis, expoente da Educação em Santa Catarina e, por três vezes, foi Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina.
1. O TRANSCENDENTE: Prof. Rodolfo, a Prefeitura Municipal de Florianópolis lançou neste ano, com extensão até 2010, um projeto educacional para a cultura da paz nas escolas da rede pública municipal, com o lema “Haja Paz na Terra a Começar por mim”. Quais são os objetivos deste Projeto?
CONVERSANDO COM O EDUCADOR
de Florianópolis é muito baixa, praticamente não existe. O que se precisa mudar são as relações de convivência para que sejam mais humanizadoras com o outro. Exemplos: respeito, solidariedade, acolhimento, o uso das “magics words” no dia a dia das crianças, entre professores e alunos, pais e professores etc. Os professores sabem que sem a “Educação para a Cultura de Paz” não se pode mudar comportamentos, pois é o conhecimento que faz com que processos de mudanças sejam deflagrados.
Prof. Rodolfo: Os objetivos do Projeto Educação Para Cultura de Paz são: • Estimular professores, educandos, pais e comunidade a compartilharem e a vivenciarem, no seu dia a dia, os princípios da Cultura de Paz: respeitar a vida; rejeitar a violência; redescobrir a solidariedade; ser generoso; ouvir para compreender e preservar o planeta. • Envolver toda a comunidade escolar e comunidade externa, juntamente com os Conselhos Escolares e APPs, em mediações de conflitos e em outras ações pacifistas práticas, mostrando que é possível implantar a paz na comunidade onde se está inserido. • Estimular as Unidades Educativas a inserirem a “Cultura de Paz” em seus projetos político-pedagógicos (PPP). • Estimular profissionais, educandos e comunidade a adotarem um estilo de vida pacificador, construindo sociedades sustentáveis. • Estimular uma mudança de mentalidade, da atual agressividade para a mudança do olhar. Um novo olhar para o amor, para a generosidade, para o afeto, para o compartilhamento, para o perdão, para o respeito mútuo e para a tolerância. • Melhorar a saúde e o bem estar das pessoas através da “Cultura de Paz” e de uma opção por um estilo de vida pacífico, banindo reações violentas como forma de resolução de conflitos. • Fazer opções e criar novas modalidades de jogos cooperativos, de forma a trabalhar a cooperação e não a competição entre as pessoas.
É preciso fazer com que os valores da cultura de paz sejam vivenciados na prática educativa, em todas as disciplinas e em todos os momentos da vida dos educandos, de modo a gerar, nas Unidades Educativas, um ambiente de solidariedade, de amor e de paz que tanto queremos.
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C) Haja o fortalecimento de uma educação comprometida com a “Cultura de Paz”, que imprima valores humanizadores que formem cidadãos da Paz; D) Haja uma ampliação da corrente humana pela opção do estilo de vida pela “Cultura de Paz”, fazendo com que Florianópolis seja conhecida como a Cidade da Paz.
4. OT: Secretário, o Jornal O Transcendente vem acompanhando o processo de implementação do ER nos estados e municípios do Brasil, em cumprimento à LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, referente ao ER no Brasil. Como podemos falar desta questão no município de Florianópolis? Prof. Rodolfo: Os pais de alunos, ou os próprios alunos têm direito ao ensino religioso na escola. É uma obrigação do município oferecer a disciplina de ER, embora se respeite a opção dos alunos. O ER oferecido na RME é uma formação integral, em que princípios éticos e valores são transmitidos às crianças e aos adolescentes que optam por esta disciplina. Reconhecemos, no entanto, que é uma questão que precisa ser mais discutida na rede.
5. OT: Secretário, a equipe do Jornal OT parabeniza-o, juntamente com a sua equipe, por este Projeto e, considerando sua vasta experiência na área de Educação, inclusive como reitor da UFSC por três gestões, pergunta: qual sua opinião sobre a necessidade de um maior empenho para a formação humana e social dos educandos no espaço privilegiado da escola? Prof. Rodolfo: Não se pode negar que uma boa formação integral é essencial ao ser humano. A proposta de se erigir uma capela ecumênica no campus universitário foi em decorrência da falta de acolhimento espiritual aos jovens. Até hoje, a Universidade mantém vários grupos de religiões diversas, que utilizam a capela para encontros de jovens. Na rede pública municipal há que sensibilizar os educadores e as famílias para que a questão religiosa seja sistematizada nas unidades escolares. Temos que resgatar valores, princípios e limites, e a escola é, sem dúvida, um dos espaços para tal.
• Incentivar a Paz como um caminho imprescindível para o desenvolvimento de uma Educação de qualidade. • Fazer com que a cidade de Florianópolis seja conhecida como a Cidade da Paz.
2. OT: Prof. Rodolfo, qual metodologia de sensibilização está sendo aplicada aos professores para trabalharem esta causa com seus alunos, uma vez que nos deparamos com muitos professores desestimulados e até desacreditados com a educação, inclusive por problemas de violência dentro da própria escola? Prof. Rodolfo: Foi feita uma avaliação institucional da RME (Rede Municipal de Ensino) e os dados revelaram que a violência física nas escolas
piciando um ambiente escolar pacífico e acolhedor;
6. OT: Secretário, qual seu parecer sobre o Jornal O TRANSCENDENTE - subsídio pedagógico para o Ensino Religioso? 3. OT: Com este Projeto, quais são as expectativas de resultados a serem alcançados na formação dos alunos? Prof. Rodolfo: Apresento as principais: a) Não haja atos de violência nas escolas da RME de Florianópolis;
B) Haja uma relação de respeito e solidariedade entre os educandos e entre os profissionais da educação, pro-
Prof. Rodolfo: O Jornal O Transcendente, pelo seu conteúdo, revela ser um material de consulta necessário às instituições educativas que se preocupam com a formação integral do ser humano. Seus artigos tratam de temas atuais, interessantes, informativos e formativos. Recomendo-o a todos aqueles que querem influenciar positivamente no lugar onde estão inseridos.
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UNIVERSO RELIGIOSO
Geninho: Oi amigos, tudo bem com vocês? que era aquilo. O cocheiro lhe responJá estamos che- deu: “Isso é a vida, é o que acontece com todos gando ao final os homens!”. Em outras duas oportunidades, no caminho, Siddhartha enconde mais um ano trou também um doente e um cadáver. letivo. Como o tempo passa rápido! Nesta última edição do Dessa forma, ele coano, tenho a honra e a satisfa- nheceu o tempo que ção de apresentar para vocês a tudo consome, a dor e a morte. o Budismo. Para facilitar esse Muito perturtrabalho, pedi ajuda ao meu bado, ele resolveu amigo Shariputra. Seu nome fazer um quarto lembra um dos principais discípasseio. Desta vez, pulos de Buda. encontrou um asceta mendigando, de uma magreza espantosa, vestido de farrapos. Mas ele possuía o olhar sereno de um vencedor. Ao ver isso, Siddhartha percebe que havia uma Shariputra: Bom, como existem muisaída para a libertação de todo o sofritos relatos sobre a sua vida, eu apremento humano. sentarei para vocês a versão mais aceita pelos pesquisaA iluminação dores e estudiosos. Após essa experiência, NASCIMENTO Siddhartha abandona tudo, a própria esposa e um filho, Siddhartha Gautama, o e ingressa no ascetismo inBuda, nasceu por volta diano. Através de muita do ano 556 antes da Era disciplina, ele alcançou os Cristã, no atual Nepal. seus objetivos, mas estava Seu pai, que se chamava insatisfeito, pois ainda não havia venciSuddhodana, era o rei dos Shakya. Sua do o sofrimento e a morte. mãe faleceu logo após lhe dar à luz. Desesperado, sentado sob a árvoAssim que nasceu, Siddhartha re Bodhi, a árvore da sabedoria, foi levado a um templo, onde os saSiddhartha passou pelos quacerdotes identificaram, em seu cortro estágios da meditação, po, sinais que o predestinariam a ser atingindo assim a “Iluum grande homem. Um sábio preminação”. disse que ele seria um grande asceta e que libertaria a humanidade dos O Buda (O Iluminado) sofrimentos. Impressionado com a profecia, seu pai o criou isolado num Embora desejasse permanecer palácio, distante da realidade e dos neste estágio de iluminação, problemas do povo. acredita-se que o deus Hindu
Descobertas Certo dia, Siddhartha saiu para caminhar e encontrou um idoso, trêmulo, enrugado e portando uma bengala. Assustado, perguntou ao seu cocheiro o
Brahman o teria persuadido a ensinar aos outros as “verdades que nem mesmo os deuses conheciam”. A partir de então, Siddhartha passou a ser chamado de Buda, ou seja, o iluminado, e começou a peregrinar e a
fazer sermões.
a pERFEIÇÃO ESTÁ NO EQUILÍBRIO O primeiro sermão é conhecido como o “Caminho do meio”. Neste sermão, Buda afirma que o caminho da perfeição não se encontra nos extremos de uma vida consagrada aos prazeres e nem na prática de cruéis austeridades corporais. A perfeição, dizia, está no equilíbrio. Segundo Buda, as principais faltas da humanidade, representadas por animais, cobiça (porco), ódio (serpente) e a ilusão (galo), deveriam ser evitadas, pois: “Consumido pelo desejo, enfurecido pelo ódio, cegado pela ilusão, esmagado e desesperado, o homem contempla seu próprio declínio, o dos outros e o de todos juntos”.
As Quatro Nobres Verdades Elas resumem os ensinamentos de Buda:
1. Toda a existência é
dukkha, ou seja, é insatisfatória e cheia de sofrimento.
2. O Dukkha deriva do tanha, o desejo ou apego, que significa o esforço constante de encontrar algo permanente e estável num mundo transitório. 3. O Dukkha pode cessar totalmente, e isso é o Nirvana. 4. A quarta verdade é que tudo pode
samento correto, fala correta, esforço correto, ação correta, atenção correta, existência correta e concentração correta.
RECOMENDAÇÕES À medida que Buda fazia as suas peregrinações, o número de adeptos aos seus ensinamentos aumentava. Aos 80 anos, Buda percebe que o seu fim está próximo. Suas últimas recomendações aos seus discípulos foram: “Nada mais resta senão praticar, contemplar e propagar a Verdade (...) Os mendicantes não devem contar com qualquer apoio exterior, devem tomar o EU por refúgio... e é por isso que eu vos deixo, parto, tendo encontrado refúgio no EU”. “Todas as coisas compostas estão sujeitas à corrupção. Lutai pelo vosso ideal com sobriedade”. A vasta sabedoria de Buda espalhou-se pelo mundo inteiro e, dessa forma, surgiram também muitas correntes. Destacam-se: “O Pequeno Veículo” e “O Grande Veículo”. O primeiro refere-se ao Budismo original, literal, ortodoxo. Este ensina que, seguindo os ensinamentos e as práticas ensinadas pelo próprio Buda, é possível atravessar o rio das reencarnações e chegar ao Nirvana. O segundo ensina que é difícil chegar ao nirvana, mas através de transmigrações pode-se chegar à perfeição. A prioridade não é fugir do ciclo de reencarnações, mas acreditar que, ajudando as pessoas a se libertarem, o próprio homem se liberta.
ser alcançado, seguindo estes oito passos: compreensão correta, pen-
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oje, nos lugares onde se encontram os restos mortais de Buda, como também nos lugares onde ele viveu, são realizadas procissões: em Kapilavastu, a cidade natal; em Bodh Gaya, onde ele recebera a “Iluminação”; em Sarnath, onde ele pregou pela primeira vez; em Kusinara, onde ele morreu e entrou no Nirvana. Pesquise e localize, no mapa da Índia, os lugares onde são realizadas peregrinações em homenagem ao Buda e, no mapa que propomos (ao lado), coloque corretamente o nome dessas cidades nos pontos indicados.
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ESPIRITUALIDADES
ORIGEM DO BUDISMO
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akyamuni, que nasceu como Siddhartha Gautama, atingiu a iluminação aos 30 anos de idade e expôs vários nobres ensinos de acordo com a capacidade e a compreensão das pessoas. A essência dos ensinamentos de Sakyamuni está contida no Sutra de Lótus. Ele nos ensina que uma pessoa comum, independente da sua classe social ou condição em que nasce, e até mesmo do nível intelectual, pode atingir a Iluminação. Basta para isso, cada pessoa fazer uma reforma interior.
O QUE É BUDISMO? O Sutra de Lótus nos dá a mais clara resposta: É uma filosofia de vida. O Budismo ensina como purificar a vida, desenvolver a sabedoria para compreender a verdade da vida e a estabelecer a verdadeira independência. Em vários períodos da história, eruditos budistas compreenderam que o Sutra de Lótus é o mais profundo de todos os ensinos de Sakyamuni e que a iluminação de Sakyamuni foi a compreensão da única verdade de a toda vida.
E QUAL É ESTA VERDADE? É a Lei Eterna que existe nas mudanças fenomenais no Universo e permeia a vastidão ilimitada do espaço. O budismo classifica em dez categorias as condições sempre mutáveis da vida. Este conceito é chamado de Dez Estados de Vida. São eles: Inferno: O estado em que as pessoas são dominadas pelo impulso de destruir e de arruinar a todos, incluindo a si próprias. Fome e Animalidade: Em ambos, as ações são direcionadas para a auto-conservação e o benefício imediato, faltando qualquer autocontrole. Ira: Quando uma pessoa é egoísta e impelida pelo espírito competitivo de dominar. Ttanqüilidade: É um estado sereno, no qual as pessoas controlam seus desejos ou impulsos por meio da razão.
Alegria: É a felicidade pela conquista de um desejo ou uma vitória. O budismo serve exatamente para fazer com que cada pessoa encontre o equilíbrio da vida, controlando esses impulsos e desejos. Erudição: Ela existe quando as pessoas compreendem essa realidade por meio dos ensinos de seus antecessores. Absorção: Outras pessoas compreendem intuitivamente pela observação dos fenômenos naturais. A Erudição e a Absorção surgem quando a pessoa tenta conscientemente compreender a verdade máxima da vida. Cada forma de vida está inseparavelmente ligada a todos os outros seres e coisas no Universo. Bodhisatva: É a expressão da total devoção em ajudar e apoiar os outros. Ela indica uma vida cheia de compaixão. Buda: Este estado é alcançado quando a pessoa tem sabedoria para compreender a essência da própria vida e da dos outros, em perfeita harmonia com o ritmo do Universo desde o infinito passado até o eterno futuro. O Sutra de Lótus vem disciplinar a idéia de que esses dez estados de vida não estão separados e sem correlação. Com o Sutra de Lótus pode-se compreender que cada um dos Dez Estados inclui os outros estados e que uma pessoa tem o potencial para manifestá-los todos.
A LEI DA CAUSALIDADE O budismo ensina que a felicidade humana baseia-se na Lei de Causa e Efeito. Neste sentido, o budismo é muito diferente da doutrina de algumas religiões ocidentais que sustentam que um ser transcendental predetermina o curso de vida das pessoas neste mundo. O budismo afirma que cada indivíduo é responsável por seu próprio destino e tem, ao mesmo tempo, a prerrogativa para mudá-lo para melhor e desenvolver seu caráter no futuro. Um exemplo prático para entendermos esse conceito: um aluno que estude bastante para um exame
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e passe com notas altas. O estudo aplicado é a causa e ser aprovado, o efeito. Mas há sempre algum meio que liga a causa ao efeito, e, neste caso, o meio é o ato de prestar o exame. Alguns estudantes têm naturalmente boa memória, ao passo que outros tendem a esquecer as coisas rapidamente. A questão mais importante é o que produz essas diferenças entre os indivíduos. O budismo atribui a causa ao modo de vida nas existências anteriores. A individualidade e as habilidades naturais são os efeitos das causas realizadas em existências anteriores.
BUDISMO NITIREN DAISHONIN O Buda Nitiren Daishonin, que viveu no Japão de 1222 a 1282, elucidou a forma de aumentar a própria energia vital e sabedoria para poder atingir a liberdade que está muito além do que se pode atingir apenas com um esforço consciente. De acordo com seus ensinos, todo o Universo é regido por um único princípio ou lei. Ao entender essa lei, o indivíduo pode descobrir esse potencial oculto em sua própria vida e obter uma harmonia criativa com o meio ambiente. Nitiren Daishonin definiu a lei universal como Myoho-rengue-kyo, a lei que representa o fundamento do Sutra de Lótus e é conhecida como Daimoku. Nitiren recitou o Nam-myoho-rengue-kyo pela primeira vez na manhã de 28 de abril de 1253, apresentando a toda a humanidade, e gerações vindouras, o caminho direto para a iluminação. Além disso, ele deu respaldo à lei, inscrevendo-a num pergaminho - Gohonzon - para que as pessoas pudessem colocar a essência da sabedoria budista em prática e, desta forma, atingir a iluminação. No tratado intitulado “O Verdadeiro Objeto de Adoração”, ele concluiu que, crendo e orando Nam-myohorengue-kyo ao Gohonzon, que é a cristalização da lei universal, revelar-se-á a natureza de Buda inerente em todos os indivíduos. A iluminação não é mística, nem transcendental, como muitos supõem. Antes, é uma condição de máxima sabedoria, vitalidade e boa sorte, na qual o indivíduo pode moldar o seu próprio destino, encontrando plenitude nas atividades diárias e entendendo a missão de sua vida.
Os monges budistas que vivem nos mosteiros precisam seguir alguns preceitos. Coloque as letras que estão faltando nas palavras e descubra do que o monge deve abster-se.
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omo é possível conciliar a vida diária mundana com um caminho espiritual? Imagino como seria uma conversa em que tivesse a oportunidade de explicar isto a um executivo de uma empresa moderna. Na verdade, esta experiência eu mesmo vivi durante muitos anos de trabalho. Meu interlocutor, Ido, me encontra em um retiro zen e tenta saber como é a vida de um executivo que se tornou um monge zen. Ido é quem narra:
Ido: Monge Genshô, não é? Desejaria muito saber como o senhor concilia o papel de monge com seu trabalho como consultor. Como é possível ser executivo e monge ao mesmo tempo? (Ele coça a cabeça. Fios grisalhos estão começando a brotar, protestando contra a navalha que os cortou.)
RITOS E VIDA
do séc I e reflete uma postura mais aberta à sociedade. O zen moderno tem isso bem marcado e seus monges não são, em sua maioria, ascetas. Respondendo à pergunta, o “Sutra” realmente exalta o leigo Vimalakirti.
Ido: Então Vimalakirti é um modelo para o senhor? MONGE GENSHÔ: Para qualquer um que queira
conciliar o Dharma (vida espiritual) com a vida profana, é sim um grande modelo. (Paro um pouco. Tenho para mim que o trabalho mundano e a vida espiritual são incompatíveis. Ele acabou de minimizar tudo, como se não houvesse dificuldades.)
MONGE GENSHÔ: Entendeu? Ido: Não sei... então o comerciante era melhor que os monges ascetas?
MONGE GENSHÔ: Este é o budismo Mahayana
e tem uma forte corrente laicizante. Este Sutra (diálogo acima) de Vimalakirti deve ser datado de depois
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MONGE GENSHÔ: E então, entendeu que a mente é que faz a diferença? Ido: Entendi com a cabeça, ou seja, não compreendi direito.
MONGE GENSHÔ: Bem, imagine que você está em um avião e vai para uma reunião. O que você faz?
MONGE GENSHÔ: Sempre me perguntam isto.
Mas estou interessado em responder, pois acho que é esta a minha tarefa. Na verdade, quando quis ser monge, queria escapar da vida turbulenta das atividades. Pedi a meu professor que me orientasse, e ele me disse que não via motivos para ser monge. – “Para quê?”, disse ele. Eu sou monge e estou sempre construindo, viajando, procurando por recursos para fazer as coisas. Você faz o mesmo, qual é a diferença? Senti como se as portas do futuro se fechassem, cinqüenta anos, sempre trabalhando e ganhando, mas a trilha à frente não parava de subir a montanha. Senti profunda tristeza, eu era um prisioneiro. Mas não era a atividade que estava errada, era minha mente. MONGE GENSHÔ: Esta é a história de Vimalakirti, um famoso comerciante e discípulo de Buda. Ninguém podia vencê-lo no debate. Os discípulos de Buda o encontraram, quando iam para o mosteiro, e perguntaram a ele, que vinha após ter visitado Buda: - Aonde vais, Vimalakirti? - Vou para o mosteiro. – Para o mosteiro? Mas a direção que você vai é a da cidade! E Vimalakirti, calmamente, disse: - Sim. Lá onde eu trabalho é que estão as pessoas que sofrem, precisam de empregos, de ajuda e ensinamentos, lá precisam de mim. Lá é meu mosteiro.
só as formas têm bordas mais marcadas, tudo é mais colorido. A luz aparenta ser com volume e peso, e os sons ondulam como se tocassem minha pele com o vento. Será efeito da privação sensorial na meditação? Não sei, mas é extremamente prazeroso. Caminho sentindo as saliências do solo e aproveitando aquilo. É como se minha mente tivesse cansado de tanto pensar e agora, nesta pausa, a oportunidade de meditar surja. Saímos para o jardim. Procuro com os olhos e vejo Genshô se aproximando. Ele mesmo pergunta:
Ido: Penso na reunião. MONGE GENSHÔ: Ora, Ido, quando
você chegar lá, as coisas serão exatamente como você imagina ou serão diferentes?
Ido: Normalmente bem diferentes do que eu pensava.
Ido: Mas monge, como viver como monge na correria da vida de executivo, correndo para os aviões, discutindo com clientes, enfrentando o trânsito? MONGE GENSHÔ: Bem, Ido, o problema não está em nada disso, está na maneira como sua mente funciona frente a toda essa turbulência. Toca o sinal do zazen da tarde. Quinze horas. Todos se movem para o zendô. Estou insatisfeito com o resultado da conversa, pergunto se podemos continuar depois e Genshô acena que sim. Parece um pouco satisfeito que eu esteja confuso. Entro no zendô e sigo para o meu lugar cumprindo as regras. Sento, giro para a parede, mãos no colo no mudra universal. Respiro fundo. Expiro pela boca, duas vezes. Tento ficar aqui. Que nada, minha cabeça está na conversa de há pouco. Sento pensando e, após uma hora e meia, “viajei” por mil cantos sem resolver o que desejava. Parece que pensar é inútil. Acaba o período de meditação, no qual não meditei de maneira alguma, e saímos para a clara tarde. Apesar de ter “viajado” tanto, pelos meus pensamentos, quando saio, vejo tudo mais nítido. O caminho de pedras surge vibrante. As cores das folhas se mesclam contra um céu azul, parece que balançam mais devagar na brisa ocasional. Nada está diferente,
Para chegar ao caminho da perfeição, segundo o budismo, existem oito virtudes. Resolva as equações matemáticas, substitua os resultados pelas letras correspondentes e acrescente “correto(a)” a cada virtude. Acima de tudo, procure vivê-las diariamente.
Glossário Mahayana: Forma de budismo que valoriza a inclusão dos leigos dando a eles papéis antes reservados somente aos monges. Sutra: Escrituras budistas. Dharma: A lei, a sabedoria, a doutrina. Zazen: Prática zen de meditação sentada. Zendô: Sala onde se pratica o zazen. Mudra: Gesto ou postura com significado religioso. Carma: Literalmente “ação”. Ação que produz conseqüências, normalmente se diz que andamos sobre as conseqüências de nossas ações.
MONGE GENSHÔ: E então, por que você pensa antes de chegar ao local de trabalho e sobre o que vai encontrar ali? (Parei um momento, cogitando, lembrando das horas de imaginação e expectativa. Tudo inútil, mera especulação, ansiedade.) Ido: Porque sou um preocupado. (MONGE GENSHÔ): Acho que você devia fazer
qualquer coisa menos ficar alimentando expectativas... até simplesmente curtir a viagem teria mais sentido... (Ele tinha razão, gastei sempre muita energia pensando no futuro, planejando mentalmente, visualizando eventos que não sucederam. Dando mentalmente respostas inteligentes que nunca usei.)
MONGE GENSHÔ: E por que você pensa que agimos assim? Ido: Porque criamos automatismos na nossa maneira de viver Ido: E você crê que é possível que abandonemos nossos padrões de repetição? MONGE GENSHÔ: Sem dúvida, é esta uma das ra-
zões por que treinamos a meditação. Para cortar nosso carma. Observar os processos da mente a fim de sermos senhores dela em lugar de autômatos. De seguidores de impulsos cármicos.
MONGE GENSHÔ: Olhe, Ido, o que tentei dizer é que é perfeitamente possível ser senhor de sua mente dentro de uma batalha. Mas isto exige treinamento. E é isto que o zen é, um método de treinamento. Se você treinar adequadamente, descobrirá que viajar de avião, a caminho de uma reunião, é em si mesmo a vida. Idêntico a meditar. Igual a recitar sutras. Portanto, trabalhar é essencialmente a vida de um monge, basta se livrar do peso de uma mente preocupada. Ep íl o g o :
Falamos nesta conversa sobre uma forma de viver, mas ela não depende de um saber a respeito, e sim de um treinamento tal em que se possa focar a mente e deixá-la liberta do modo de operação convencional. Esta é uma experiência vivida e ao alcance de qualquer um.
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ATUALIDADES
No oriente
O
ato de enterrar os mortos reporta há 40.000 anos, com o Homo Sapiens e o Homem de Neanderthal, no início da história humana, antes mesmo do período da agricultura. Este fenômeno é visto em todas as culturas religiosas e de maneiras muito diversificadas.
Na cultura indígena
Na cultura indígena, o enterro dos mortos está ligado aos elementos terra e fogo. Algumas tribos, após ritos intensos de culto ao falecido, cremam o cadáver, misturam suas cinzas em bebidas dando seqüência a outros ritos. Outras tribos, com expressivos cultos de reverência, enterram seus mortos em cemitérios especiais localizados próximos às suas residências.
Na cultura africana Na cultura africana, morrer é ir e voltar, não dentro de uma visão evolutiva e carmática, mas dentro da ótica africana da realização. Para os africanos, ao morrer a pessoa nasce de novo na mesma família como filhos e netos. Nesta cultura há a concepção de que o planeta, para que tenha continuidade, precisa deste renascimento, até porque, para eles, a vida terrena é muito boa e, portanto, é importante ficar por aqui. Após a morte, o corpo é lavado, untado, perfumado e vestido com a roupa mais bonita que a pessoa tiver e, antes do enterro, a família se reúne para festejar. Na cultura africana não há cremação dos corpos. O corpo é colocado na terra para ser transformado em matéria prima para novos seres humanos. Todos os mortos são enterrados sob um rito religioso, ocasião em que todos os pertences da pessoa falecida são distribuídos aos parentes ou destruídos neste mesmo evento.
Nas religiões orientais, o rito de enterro dos mortos depende de cada religião. A nação hindu, por exemplo, crema seus mortos em uma pira aberta. Segundo algumas tradições, o corpo deve ser incinerado antes do pôr-do-sol do dia em que a pessoa falece e o seu crânio é partido para liberar o espírito. O fogo sagrado da pira é aceso pelo filho mais velho, que também faz as preces sânscritas rituais. Muitos hindus acreditam que morrer na cidade de Varanasi, situada às margens do rio Ganges, e ter as cinzas do seu corpo jogadas no rio é a melhor forma de morrer.
No ocidente Na cultura ocidental, na tradição cristã, o Dia dos Mortos, também denominado de Dia de Finados ou Dia dos fiéis defuntos, é celebrado no dia 02 de novembro. Esta tradição se reporta ao século II quando os cristãos rezavam pelos falecidos visitando os túmulos dos mártires. No século V, a Igreja Católica passou a dedicar um dia do ano para rezar pelos mortos, porém, por não existir uma data fixa, ninguém se lembrava de rezar.
O povo mexicano festeja este dia com muita festa, comidas variadas, bolos, música e doces em formato de caveirinhas e ossos adornados com açúcar e chocolates em formato de caixão funerário. Muitos turistas são atraídos por esta festa conhecida internacionalmente pela sua forma espontânea e irreverente de encarar a realidade da morte. Por estas características, tão marcante e culturalmente rica, a festa dos mortos, no México, que acontece entre os meses de outubro a novembro, foi nomeada pela UNESCO como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O povo mexicano, mesmo tendo sido colonizado por espanhóis, povo extremamente católico e, portanto, com uma maneira mais íntima de tratar a morte, herdou com muita intensidade a cultura indígena, que via na morte uma forma vibrante e festiva de celebrar a vida. Muitos noivos mexicanos optam por casar neste dia considerado especial. Há o costume de, após a cerimônia, visitarem o cemitério e, sobre a tumba de seus pais e parentes, tirar fotografias com o objetivo de não só apresentarem o companheiro ou companheira, mas também compartilhar com eles o momento de felicidade do casal.
Na Bolívia
Os Papas do século XI, Silvestre II, João XVII e Leão IX impuseram que a comunidade dedicasse um dia aos mortos. Somente no século XIII este dia anual passou a ser comemorado em 2 de novembro.
A festa de finados no México Os povos nativos da América Latina cultuam os mortos há, pelo menos, três mil anos. Os astecas e maias, entre outras civilizações, celebravam a vida dos ancestrais e conservavam os crânios como símbolo da morte e do renascimento. Na tradição asteca, as festividades, atualmente conhecidas como Dia dos Mortos, eram celebradas durante um mês, começando no princípio de agosto. No México, cuja maioria da população é de origem indígena, o Dia dos Mortos é uma das festas mais animadas, pois, segundo dizem, Deus deixa os mortos virem visitar os seus familiares que ainda estão na Terra. Os mortos, por sua vez, têm a oportunidade de comer e beber aquilo que mais gostavam em vida. Por isso preparam-se grandes banquetes nas casas das famílias no Dia de Finados.
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Na Bolívia, em outubro, em meio a muitas cores, música e alegria, o povo começa a se preparar para a festa do Winiapacha - Dia dos Mortos. Para os povos andinos, ao contrário da tristeza evocada nas sociedades ocidentais, este é um dia de profunda alegria. Também para este povo, segundo sua cosmovisão, o Dia dos Mortos é o dia em que eles voltam a terra para “ver como estão as coisas”, encontrar parentes e viver momentos de comunhão e partilha. Por esta razão tudo deve estar bem organizado e o mais especial possível. Alguns dias antes do evento, as mulheres preparam os tantanwawa - “pães dos mortos” para serem vendidos. Os pães têm formatos de corpos, com rostinhos de homens e mulheres. Outro culto que acontece ao meio-dia é a cerimônia com as folhas de coca, que são sagradas para o povo andino.
A festa de finados no Brasil Em nosso país esta tradição também é muito celebrada. Para o povo brasileiro esta festa já começa em meados do mês de outubro, quando os fiéis vão aos cemitérios para limpar as sepulturas de seus falecidos. No dia de Finados, as pessoas vão aos cemitérios para levar flores, acender velas e rezar pelos seus entes queridos. Apesar de ter uma conotação festiva, devido à grande concentração de pessoas que visitam os cemitérios, este dia não deixa de ser melancólico, pois traz à memória a perda do ente querido, as saudades e a distância.
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NOSSO COMPROMISSO
REALIDADES DIVERSAS A parceria que deve existir entre a família e a escola, para que a criança receba o cuidado necessário para uma formação saudável, vem ao longo do tempo e, no registro das experiências escolares, recebendo o justo destaque.
PÚBLICO-ALVO Ao pensar o seu Projeto político-pedagógico e o seu Plano Global, a escola deve levar em conta o perfil de alunos que possui e suas respectivas famílias. Seu público-alvo é sua razão de ser. Ele precisa ser mapeado, conhecido e reconhecido nos vários aspectos que o caracterizam: nível sócio-econômico, organização familiar, etnia, orientação religiosa, procedência, localização (se reside próximo ou distante da escola), entre outros.
A IDENTIDADE DA ESCOLA Tal domínio é retomado na sala de aula, quando o (a) professor (a) prepara o seu Plano de Trabalho. Por outro lado, a cada novo ano, a escola, em seu Seminário Pedagógico, e nos momentos de reunião com os pais, se dá a conhecer, manifestando sua identidade filosófico-pedagógica e, em que medida a participação efetiva de todos (as) constituir-se-á em significativa contribuição.
CADA UM COM SEU PAPEL Em se tratando da Educação Religiosa e sua inserção no contexto acima referido, é da maior importância, que os pais e a escola possuam clareza quanto ao papel que lhes cabe, a fim de que possam interagir com seriedade e criatividade. Existe, de fato, uma fronteira entre a família e a escola, no tocante ao assunto Religião. “A primeira e a comunidade religiosa, são espaços privilegiados para a vivência religiosa e opção de fé”. 1 A segunda, através do Componente Curricular Ensino Religioso, representa igualmente um espaço privilegiado de “informação e reflexão sobre o Fenômeno Religioso, responsável por despertar, sensibilizar e fundamentar a atitude religiosa, no sentido de subsidiar ao educando, o conhecimento necessário para que busque respostas coerentes aos anseios fundamentais do ser humano”. 2 1 2 3 4
Qual vem sendo a realidade, no contexto das famílias, quando o assunto é a Educação Religiosa dos filhos? Deparamo-nos com posturas que transitam, desde a indiferença justificada no discurso de que os mesmos farão livremente suas escolhas ao crescer, até posicionamentos radicais de uma vivência de fé proselitista. Isto sem ignorar a religiosidade difusa que peregrina entre o mercado religioso, servindo-se supersticiosamente das práticas mais variadas e antagônicas, com o fim de aplacar as ansiedades próprias de um contexto social pleno de conflitos e contradições. Será que as famílias se dão conta da grande responsabilidade que lhes cabe em criar dentro de si um ambiente que favoreça nos filhos o estabelecimento de uma atitude de abertura e sensibilidade para com o Transcendente?
RETOMAR A RESPONSABILIDADE
O retorno ao Sagrado, após o longo silêncio da religião, causado pela situação do pós-guerra e da secularização, tem sido objeto dos mais variados estudos das Ciências Sociais, pois perdemos pelo caminho o eixo fundante e vivificante da vida humana, que é a sua comunhão com uma realidade que a ultrapassa e dignifica, que o sentido da existência é também o ser com e para o “outro”, superando as forças que tendem a desumanizá-la. A família é o espaço social que alicerça o conjunto de princípios, valores e condutas que, ao longo do tempo, se solidificarão, regendo o comportamento da pessoa e definindo a sua personalidade. Em decorrência de todo um contexto social tecnicista e mercadológico, a família distanciou-se do foco religioso e repassou aos filhos as suas perspectivas, julgando que farão suas escolhas mais tarde, como se os demais aspectos que envolvem o cuidado para com eles, desde os primeiros anos de vida, não se submetessem ao crivo criterioso e sistemático das suas decisões, como: as vacinas, a higiene, os hábitos alimentares, as visitas e passeios familiares, a escolha da escola etc. Se, ao contrário, a família caracteriza-se pelo interesse genuíno de vivenciar uma identidade de fé, ela estará oferecendo a expressão maior do seu amor por eles, que é o caminho da devoção, a ser percorrido na trilha do mistério da vida e seu encantamento. O grande desafio hoje, quando as pessoas se perdem umas das outras, esgueirando-se dentro de casa
Parâmetros Curriculares Nacionais para o ER, pág. 28. Referencial Curricular para o ER na Educação Básica do Sistema Estadual de Ensino. Porto Alegre: SEDUC, 2006. O ER no Sistema Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul – “Orientações Técnicas para a oferta do ER”. 2004. Parâmetros Curriculares Nacionais para o ER, pág. 28.
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como que a evitar o convívio afetivo e responsável, é transformar este espaço físico em espaço de comunhão com o Transcendente e entre si. A família é o laboratório da vida, do qual partimos e o qual, ao mesmo tempo carregamos, nos múltiplos experimentos que nos são dados fazer ao longo da existência.
ABRINDO HORIZONTES A estação mais próxima da família é a escola e esta afinidade que possuem por direito lhes imprime o grande compromisso de, juntas, assegurarem à criança e ao jovem uma formação que contribua para com o “ser religioso” que carrega dentro de si. Já na escola, o(a) filho(a) que se transforma em educando(a), processa suas impressões e julgamentos sobre todas as situações vivenciadas. E não é apenas na sala de aula que ele(a) constrói seus referenciais, mas o contexto educativo alarga-se permeando todos os relacionamentos. Saberse aceito(a) e sentir-se motivado(a) a se envolver efetivamente no currículo proposto, é de fundamental importância. Ao deparar-se com o ER, como disciplina de oferta obrigatória na escola, mas a qual freqüenta ou não por livre escolha, o(a) aluno(a) procurará saber em que medida uma ou outra decisão virá a lhe garantir um grau maior de satisfação.
IMPORTÂNCIA DO ER
Cabe a toda a comunidade escolar, assumir uma postura de irrefutável legitimidade para com este Componente Curricular. “É tarefa da escola esclarecer a comunidade escolar sobre a importância do Ensino Religioso na formação básica do cidadão (art. 33 da LDBEN), como Área de Conhecimento que não privilegia crença religiosa, nem prega a adesão a uma determinada Igreja, mas estuda o “Fenômeno Religioso” presente nas culturas e na história da humanidade, desenvolvendo, em seus conteúdos, cinco grandes eixos temáticos: culturas e tradições religiosas, teologias, textos sagrados, ritos e ethos”. 3 O (a) professor (a) de ER, uma vez contando com o apoio da escola, sinalizado através dos seus documentos e da dinâmica escolar, poderá desenvolver com segurança o próprio trabalho. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ER afirmam: “A constante busca do conhecimento das manifestações religiosas, a clareza quanto à sua própria convicção de fé, a consciência da complexidade da questão religiosa e a sensibilidade à pluralidade são requisitos essenciais no profissional do ensino religioso”. 4 A experiência única de ter diante de si, na pessoa dos (as) alunos (as) e suas famílias, uma bibliografia viva a partir da qual poderá debruçar-se em uma metodologia dialógica e investigativa, e um que - fazer de múltiplas possibilidades, dá ao (à) professor (a) o sentido profundo do despertamento, da busca e do alcance gradativo de uma perspectiva relacional inclusiva e fraterna.
FONAPER. Parâmetros Curriculares Nacionais do ER. 2. ed. São Paulo: Ave Maria, 1997. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO/RS. O ER no Sistema Estadual de Ensino do RS – orientações técnicas para a oferta do ensino religioso”. Porto Alegre: SEDUC, 2004.
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DINAMIZANDO
Olá, Educador (a)! Chegamos ao último bimestre do ano. Nossa! Como tudo passou depressa. É hora de conferirmos o desenvolvimento alcançado pelos seus alunos. Qual terá sido o avanço, considerando tudo o que o foi ensinado, vivenciado e construído durante o ano? Aparentemente não é fácil mensurarmos o desenvolvimento intelectual, mas é possível fazê-lo através de uma análise qualitativa comparativa: o que o aluno sabia antes, como pensava, como agia e, agora, o que sabe, como pensa, como é o seu agir? Neste 4º bimestre vamos trabalhar a DIMENSÃO INTELECTUAL dos educandos:
1. Estabeleça com os alunos novas metas para este bimestre (veja metas no site). 2. Retome com eles algumas idéias discutidas nos primeiros dias de aula
A
partir da estória “A galinha ruiva”, vamos fazer uma dinâmica que leve seus alunos a refletirem sobre a necessidade do trabalho em equipe, da cooperação e da interação para que se alcance resultados positivos na vida.
• Combine com seus alunos para trazerem para a sala de aula os elementos/símbolos citados na estória abaixo (podem usar elementos artificiais)
• Preparem um bonito cenário. Que tal levar um bolo de fubá de ver-
dade para a encenação? Vai ser uma idéia genial, pois, após realizarem a dinâmica e refletirem sobre as atitudes dos vários personagens, o bolo poderá ser repartido para todos.
E
ra uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda. Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento. A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar! Porém era muito trabalho. Ela iria precisar de bastante milho para o bolo. Quem poderia ajudar? Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos: - Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um bolo delicioso? - Eu é que não, disse o gato. Vou comer minha sardinha. - Eu é que não, disse o cachorro. Preciso correr atrás do gato. - Eu é que não, disse o porco. Vou dar uma volta em meu chiqueiro. - Eu é que não, disse a vaca. Vou passear no pasto. Como todo mundo disse não, a galinha ruiva foi colher o milho sozinha. Depois, aproximou-se novamente dos seus amigos e perguntou: - Quem vai me ajudar a debulhar e a moer o milho para fazer a farinha? - Eu é que não, disse o gato. Preciso deitar e fazer rom-rom.
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do ano, quando falaram do Projeto de Vida para 2008. 3. Convide-os a exporem seus sentimentos.
4. Entregue para cada aluno uma folha em branco e sugira que escrevam alguns
pensamentos que tinham no início do ano, sobre a nova série que freqüentariam e os sonhos para este final do ano.
5. Nesta mesma folha de papel, oriente para que escrevam o que lembram ter
aprendido e quais aulas, qual professor, quais conteúdos e disciplinas foram mais expressivos.
6. Peça aos seus alunos para avaliarem seu desenvolvimento fazendo um comparativo sobre o que sabiam e o que sabem agora. 7. Conversem sobre as conclusões que a chegaram e sobre a importância do
estudo e da participação qualitativa de todos nas atividades para que se sintam incluídos no contexto social e sejam, por seus próprios méritos, agentes de mudança e de transformação do mundo.
• Escolha alguns alunos para fazerem os referidos papéis: galinha, pintinhos, gato, cachorro, porco, vaca e um narrador.
• Distribua a frase que cada personagem falará. • Os alunos poderão usar máscaras representando os animais. • Motive os alunos para levarem a sério a brincadeira e fazerem dela uma analogia com a experiência da própria vida.
• Terminada a encenação, discutam sobre a importância do trabalho em equipe, o sentido positivo da cooperação, a necessidade do trabalho e da responsabilidade de todos para a realização de grandes projetos.
• Convide seus alunos a buscarem outros aspectos no texto, além dos já citados, que possam ser analisados e refletidos.
- Eu é que não, disse o cachorro. Vou latir no portão. - Eu é que não, disse o porco. Preciso descansar. - Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de balançar meu guizo. E lá foi a galinha ruiva debulhar e moer o milho sozinha. Mais tarde ela novamente apelou para os seus amigos. - E agora? Quem vai me ajudar a preparar o bolo e colocá-lo no forno? E novamente ela ouviu de todos: - Eu é que não..... eu é que não... Resignada, lá foi a galinha ruiva preparar o bolo e colocá-lo no forno para assar. Quando o bolo ficou pronto... Aquele cheirinho bom foi fazendo os amigos se chegarem. Todos estavam com água na boca. Então a galinha ruiva perguntou: - Quem quer comer o bolo quentinho? - Eu queeerooooo! – exclamaram todos a uma só voz. - Pois, desta vez, eu é quem digo não pois vocês não ajudaram em nada – disse ela. Quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Todos ficaram sem comer o delicioso bolo e aprenderam a lição para sempre: quem não participa da comunidade pode perder os seus direitos.
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SABEDORIA E VIDA
OUTUBRO / NOVEMBRO - 2008 11
U
m homem morava no deserto e tinha quatro filhos ainda adolescentes. Querendo que seus filhos aprendessem a valiosa lição da não precipitação nos julgamentos, os enviou para uma terra onde tinha muitas árvores. Mas ele os enviou em diferentes épocas do ano. O primeiro filho foi no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o mais novo foi no outono. Quando o último deles voltou, o pai os reuniu e pediu que relatassem o que tinham visto. O primeiro filho disse que as árvores eram feias, meio curvadas, sem nenhum atrativo. O segundo filho discordou e disse que, na verdade, as árvores eram muito verdes e cheias de brotinhos, parecendo ter um bom futuro. O terceiro filho disse que eles estavam errados, porque elas estavam repletas de flores, com um aroma incrível e uma aparência maravilhosa! Já o mais novo discordou de todos e disse que as árvores estavam tão cheias de frutos que até se curvavam com o peso, passando a imagem de algo cheio de vida e substância. Aquele pai então explicou aos seus filhos adolescentes que todos eles estavam certos. Na verdade, eles viram as mesmas árvores em diferentes estações daquele mesmo ano. Ele disse que não se pode julgar uma árvore ou pessoas por apenas uma estação ou uma fase de sua vida. Ele explicou que a essência do que elas são, a alegria, o prazer, o amor, mas também as fases aparentemente ruins, que vem daquela vida, só podem ser medidas no final da jornada quando todas as estações forem concluídas. Se você desistir quando chegar o “inverno”, você vai perder as promessas da primavera, a beleza do verão e a plenitude do outono. Não permita que a dor de apenas uma “estação” destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida por apenas uma fase. Persevere através dos caminhos dificultosos, épocas melhores virão com certeza! Viva de forma simples, ame generosamente, importe-se profundamente, fale educadamente e deixe o restante com Deus! A felicidade mantém você doce. As dores mantêm você humano. As quedas mantêm você humilde. O sucesso mantém você brilhando. As provações mantêm você forte. Mas somente Deus te mantém prosseguindo.
História enviada por Ângelo Gobbi / Florianópolis - SC
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SABEDORIA E VIDA
Meu coração penetras E lês meus pensamentos, Se eu luto ou se descanso, Tu vês meus movimentos, De todas minhas palavras Tu tens conhecimento.
Por trás e pela frente Teu ser me envolve e cerca, O teu saber me encanta, Ele me excede e me supera, Tua mão me acompanha, Ele me guia e me acoberta!
As fibras do meu corpo, Teceste e entrançastes, No seio de minha mãe. Bem cedo me formaste Melhor do que ninguém Tu me conheceste e me amaste.
Quisesse eu me esconder De teu imenso olhar, Subir até o céu, Na terra me entranhar Atrás do horizonte, Lá iria te encontrar!
Se a luz do sol se fosse Que escuridão seria! Se as terras me envolvessem, O que adiantaria? Para ti, Senhor, a noite É clara como o dia!
Que as mãos da terra sumam Pereçam os violentos, Que tramam contra Ti Com vergonhoso intento Abusam do Teu nome Para teus planos sangrentos.
Teus planos insondáveis Sem fim, tuas maravilhas Cantá-las eu quisera, Mas quem o poderia? Como areia da praia, Só Tu as saberias!
Mas vê meu coração E minha angústia sente; Olha, Senhor, meus passos; Se vou erradamente, Coloca-me no caminho Da vida para sempre.
Deus criou cada um de nós, homens e mulheres. Por isso nos lhe somos gratos pela vida que está em nós e porque o senhor nos acompanha.
Casemiro Falkirvicz – 8ª I Escola Munic. Bom Jesus – Itaiópolis - SC Professora Rosemari Corrêa Sozo
Mais uma vez fiquei feliz ao receber os exemplares IV e V do Jornal o Transcendente - material já analisado e aprovado pela qualidade dos conhecimentos abordados e pela riqueza dos conteúdos. O Núcleo Regional de Educação de Cascavel-PR, possui ll8 professores de Ensino Religioso. Todos conhecem O Transcendente e uma boa parte já é assinante. Uso o jornal como modelo e fonte de pesquisa em todos os cursos que realizo com os professores. Mais uma vez agradeço pelos exemplares que acabo de receber e aproveito para informá-los que o tenho divulgado a outros Núcleos. Abraços e sucesso.
Clarice G. Drehmer / Coordenadora de Ensino Religioso - NRE de Cascavel - Paraná.
2009: A África em pauta
Em 2003 foi assinada pelo Presidente da República a Lei 10.639, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A Lei tornou obrigatório o ensino de História e Cultura da África e das populações negras brasileiras nas escolas oficiais e particulares de ensino fundamental e médio de todo o país. No entanto, passados cinco anos da sua criação, ainda é percentualmente pequeno o número de escolas já adaptadas à nova matriz curricular. Os principais problemas residem na formação de professores, na organização do material didático e na conscientização a respeito da nova temática. O estudo não pretende entrar nas escolas como uma disciplina específica, mas sim, como conteúdo programático que contemplará: a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade
nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil. Estas temáticas deverão fazer parte, de modo especial, das áreas de Educação Artística, Literatura e História Brasileira. Já em 2009, a SEPPIR - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (SECAD/ MEC), em parceria, esperam ver concluída a meta proposta de que 30% dos professores e gestores, atuantes na Rede Pública, tenham freqüentado cursos de formação continuada sobre o tema com, no mínimo, 180 horas de duração. As metas seguintes prevêem o percentual de 50% em 2011 e 100% em 2015.
O TRANSCENDENTE – PLANEJAMENTO 2009
Caro(a) Professor(a)! Para que você possa fazer a organização dos conteúdos do ER a serem trabalhados em sua escola em 2009 e planejar com antecedência as suas aulas, nosso jornal O TRANSCENDENTE oferece seu planejamento para o próximo ano. Na 1ª e 2ª edições de 2008, em sintonia com a proposta do MEC do estudo da África e africanidades, OT contemplará, dentro do contexto da religiosidade, o contexto histórico da África, a expressão religiosa vinda da África, sua contribuição para a riqueza cultural religiosa do Brasil e o sincretismo religioso adotado como maneira de preservação das origens religiosas africanas.
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Na 3ª e 4ª edições do ano, seguindo a cronologia das religiões, OT abordará o Judaísmo e o Cristianismo que seguem o Hinduísmo e Budismo por ordem de fundação e que dialogam entre si por possuírem as mesmas origens. Seguindo o modelo de OT, as abordagens das religiões serão permeadas por conteúdos previstos pelos Parâmetros Curriculares Nacional do ER. Os Temas transversais do ER: ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural e orientação sexual, relacionados aos conteúdos apresentados, ganharão espaço nas edições de OT 2009.
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