O Transcendente - No.10

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rezados amigos e amigas, Quero logo agradecer aos milhares de professores (as) que assinaram e usam O TRANSCENDENTE em suas aulas de Ensino religioso. Dessa forma, estão nos prestigiando e, ao mesmo tempo, reconhecendo o trabalho que esta equipe vem desenvolvendo para o progresso do Ensino religioso. O Professor Éder Martins nos escreveu: “Passei a receber o jornal OT com assiduidade e estou muito satisfeito com o material. Meus alunos estão encantados com as atividades e com o conteúdo geral abordado”.

Ao longo desses três anos, tivemos a oportunidade de criar maravilhosas amizades com dezenas de pessoas, das mais diferentes expressões religiosas que se dispuseram a colaborar com a equipe de o TRANSCENDENTE, dando sugestões e escrevendo artigos. E digo mais, através delas, nos foi dada a oportunidade de conhecer mais profundamente as características e os valores de suas religiões que, ao longo dos séculos, formaram personalidades e muito contribuíram para o progresso da sociedade.

O FEL DA INTOLERÂNCIA

VIAGEM DE DIÁLOGO E PAZ

Infelizmente, ainda temos a lamentar as muitas formas de desrespeito, que mostram a falta de estima e de diálogo entre as diversas expressões religiosas. O Jornal Extra do RJ, na edição do dia 03 de Junho de 2008, trouxe esta reportagem: “O Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete, foi invadido e depredado por quatro jovens de uma igreja (seita) pentecostal. Eles ofenderam as pessoas, obrigaram a abrir a porta e invadiram o Centro. Em seguida, quebraram todas as imagens, mesas e cadeiras, dizendo que as imagens estavam com o demônio”. O pastor e professor Edson de Almeida comentou: “O fel da intolerância manifesta-se com intensidade em nossos dias. O ataque de quatro jovens adoecidos por uma religiosidade mórbida (...), é um triste exemplo. Dói no coração saber que esses meninos, na flor de sua juventude, estão dispostos a matar em nome de Deus”.

Contrastando com essa mentalidade intolerante, há pouco tempo vimos o Papa Bento XVI se apresentando, em sua viagem à Terra Santa, como “peregrino da paz”. “Nesta terra abençoada por Deus, afirmou o papa, às vezes parece impossível sair da espiral da violência!” E prosseguiu: “Jerusalém é a encruzilhada das três grandes religiões monoteístas. Seu próprio nome ‘cidade da paz’ expressa o desígnio de Deus sobre a humanidade: fazer dela uma grande família, deixando para trás preconceitos, vontades de domínio e praticando o mandamento fundamental: amar a Deus com todo seu ser e amar o próximo como a si mesmo”. “Nossas tradições religiosas, embora diferentes, têm um potencial poderoso para promover uma cultura de paz, através do ensinamento e da pregação dos valores espirituais mais profundos de nossa humanidade comum.” Em seguida, um representante judeu convidou as pessoas presentes a fecharem os olhos e cantar: “Senhor, dá-nos a paz”. Assim, a palavra paz alternava-se em Hebraico, “shalom”, em Latim, “pacem” e em Alemão, “Friede”.

LAICISMO AGRESSIVO Tony Blair, certa vez, expressou outra séria preocupação com a “marginalização” dos cristãos na Grã-Bretanha, país em que foi Primeiro Ministro. Ele chama esse fenômeno de “laicismo agressivo”. O ex-primeiro-ministro se mostra contrário a este fenômeno e especifica: “são ridículas as sanções impostas a algumas pessoas por terem manifestado publicamente sua fé. Penso que as pessoas deveriam se sentir orgulhosas de sua fé e deveriam poder expressá-la como desejam”. E sublinhou: “Estou também de acordo com os representantes religiosos que lamentam que a religião corra o risco de ser considerada uma excentricidade pessoal”. O próprio ex-ministro, que durante seu governo evitou referir-se a questões religiosas “para evitar que o considerassem um louco”, terminando seu mandato criou uma fundação para promover o respeito e a compreensão entre as religiões.

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presente edição traz em sua capa (ao fundo) a “Cidade da Paz”, Jerusalém; a Bandeira de Israel e o Menorá (candelabro), que traduzem aspectos importantes da religiosidade, da vida, da cultura e da história do povo de Israel. O Judaísmo é considerado a primeira religião monoteísta a aparecer na história. E é a partir dela que nascem o Cristianismo e o Islamismo. Conhecer mais profundamente a religiosidade e a história do povo judeu nos enriquece e nos ajuda a compreender melhor a nossa civilização ocidental, fundada especialmente sobre os princípios judaico-cristãos. Lendo esta edição, você conhecerá um pouco mais sobre essa cultura e religiosidade milenar.

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DEUS VOLTOU “Deus voltou às nossas sociedades. Nunca se havia falado tanto de religião como agora. A sociedade do século XXI ‘está marcada por duas preocupações, a ambiental e a religiosa’”, afirmou o presidente francês Sarkozy. No entanto, nunca podemos esquecer que as religiões, ao longo da história, foram capazes do melhor e do pior. Hoje ainda podem colocar-se a serviço de um projeto de santidade ou de alienação, de paz ou de guerra. Só um diálogo sincero e corajoso poderá costurar entre os crentes das diversas religiões a solidariedade, que possibilita a superação das crises atuais e a construção da tão desejada civilização do amor. Aos promotores do Ensino religioso e aos professores, o grande abraço de toda a minha equipe.

Você que é professor de Ensino Religioso e interessado em conhecer o mundo fantástico das culturas e religiões dos povos, assine o jornal O TRANSCENDENTE! As suas atividades ficarão muito mais interessantes! ASSINATURA COLETIVA: Confira o CUPOM na página 11. Ou através do site:

Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13 Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E. Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch Diagramação: Fábio Furtado Leite

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Ano III - Nº 10 - AGOSTO/SETEMBRO - 2009

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m todas as épocas da história da humanidade apareceram ateus que contracenaram com os crentes. No século XVIII, com o Iluminismo, a fé cristã foi duramente provada. Foi neste século, chamado de “Século das Luzes”, que a razão negou o Deus da revelação e ignorou a Bíblia. No século XIX travouse uma luta política e ideológica entre ciência, fé e revolução. Negou-se Deus em nome do progresso da ciência e da igualdade social. Pierre-Simon de Laplace (1749 – 1827), astrônomo e matemático francês, no Tratado de Mecânica Celeste, escrito em 1771, não mencionou Deus na aplicação da física de Isaac Newton ao movimento de planetas e estrelas. Propositalmente deixou Deus de fora “porque Eu não precisei dessa hipótese”. Para ele, Deus era uma hipótese desnecessária. Charles Darwin, em 1859, no livro “A Origem das Espécies”, dispensa Deus para explicar a origem da vida. Com ele Deus saía de cena na ordem celeste. Karl Marx (1818-1883), iniciador do “socialismo científico”, declarou que a religião era o “ópio do povo”. Sigmund Freud (1856–939) afirma ser a idéia de Deus um mero produto da nossa mente e a religião não passa de “uma ilusão”. Na segunda metade do século XX, as novas descobertas da astronomia e da cosmologia favoreceram a teoria de que o universo teve um começo e terá um fim. Nos anos 1960, a Teologia abriu-se para reconhecer o fenômeno da secularização. Tomando de empréstimo um tema de Nietzsche, alguns autores, sem muito sucesso, lançaram a “Teologia da Morte de Deus”. O fim do “muro de Berlin”, com a queda dos regimes comunistas na Europa, esvaziou a utopia marxista. No entanto, a filosofia marxista passou a influenciar novas formas de fazer teologia, como a Teologia da Libertação, nascida no Terceiro Mundo. Também a psicanálise freudiana foi acolhida com entusiasmo em alguns mosteiros e conventos. Na última década do século XX, contrariando o anúncio do “eclipse do sagrado”, houve uma inesperada primavera do espiritualismo e do fervor religioso. O fenômeno pentecostal, nascido do protestantismo norte-americano, a popularidade do papa João Paulo II, na Igreja católica, e o triunfo da revolução iraniana, comandada pelo aiatolá Khomeini, no mundo islâmico, mostraram que a religiosidade não iria acabar tão cedo. Sem dúvida, o incrível ataque terrorista ocorrido no dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, suscitou duas reações extremas: de um

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lado, motivou o nacionalismo norte-americano, justificando a guerra contra “o império do mal”; de outro lado, provocou a desconfiança e a hostilidade contra o “fundamentalismo” religioso. Esta segunda reação desembocou, para muitos, num “fundamentalismo anti-religioso”.

A MARATONA DO ATEíSMO

ísmo. No final do seu livro, em apêndice, inclui uma lista de “endereços úteis para indivíduos que precisem de apoio para fugir da religião”

(p. 477-482 da edição brasileira).

Sam Harris, filósofo norte-americano, no seu primeiro livro “O fim da fé – religião, terror e o futuro da razão”, publicado em 2004, expressava seu desejo de acabar com toda crença religiosa para o bem da humanidade. Não tendo conseguido seu objetivo, torna ao seu projeto demolidor na “Carta a uma nação cristã”. A “nação cristã” refere-se aos Estados Unidos onde, segundo o autor, mais da metade da população “acredita que o cosmo inteiro foi criado há seis mil anos”. Christopher Hitchens, jornalista inglês, radicado nos Estados Unidos, em seu livro “Deus não é grande: como a religião envenena tudo”, caricaturesca de tal modo a fé que dificilmente uma pessoa religiosa escapa de ser fundamentalista. Critica os jesuítas dizendo que “A Ordem Jesuíta, até o século XX, se recusava, por estatuto, a admitir um homem a não ser que ele pudesse provar que não tinha ‘sangue judeu’ por várias gerações”.

O ateísmo não é algo do passado, é bem presente. Os militantes ateus provocam os fiéis dos nossos dias, com seus escritos, seus livros e debates públicos, afirmando que pode existir sentido em uma vida sem religião. No início do século XXI, o proselitismo ateu está fortemente ancorado em diversos cientistas. Eis alguns destes neo-ateus e suas argumentações. Os livros de Hitchens e Dawkins vêm frequentando a lista dos “livros mais vendidos” nos Estados Unidos, e Onfray vendeu, apenas na França, 200.000 exemplares de seu “Tratado de Ateologia”. Richard Dawkins, biólogo inglês, no livro “Deus, um delírio”, não aceita nenhuma religião e diz que “a ciência trata do mundo físico, e a religião do espiritual”. Faz uma provocação aos religiosos dizendo que a religião nunca se contenta com os limites do mundo espiritual. A questão fundamental do ateísmo é que a exisDaniel Dennett, filósofo ameritência de Deus não pode ser comprovada, mas nem cano, em “Quebrando o encanto”, toma mesmo pode ser negada. O filósofo americano Riuma postura darwinista, provocando chard Rorty em um ensaio de “O Futuro da Religião”, os crentes para a discussão. Quebrar afirma que esta questão não pode ser decidida e, o encanto de Deus é uma questão portanto, deve ser abandonada. de bom senso. Dawkins, Onfray e Hitchens Mesmo Christopher Hitchens, jornalista são da opinião de que o mundo seria inglês, em “Deus não é grande”, apresentaum ateu pode melhor sem a religião. Mas, é uma hise irônico, criticando padres, rabinos, e deve cultivar pótese que não pode ser comprovada. pastores e irmãs que não interferem em valores sagrados, O que se pode afirmar, porém, é que a nada na sociedade. As religiões, afirma, como a verdade, crença em Deus não é necessária para estão sempre tentando influenciar polítio amor, a uma vida correta. A moral não é, como cas públicas, especialmente quando quesNietzsche sugeria, uma imposição do democracia. tões morais e sexuais estão em jogo. cristianismo: o senso do certo e do errado, Sam Harris, filósofo nortedo justo e do injusto, transcende as religiões americano, em seu livro “O fim da e, de certo modo, está impresso na natureza fé...”, sugere que a crença religiosa seja humana. banida da terra para o bem da humaniDennett observa que mesmo um ateu pode e dade. deve cultivar valores sagrados, como a verdade, o amor, a democracia. E uma vida sem Deus tampouco precisa ser vazia de sentido, como bem demonstrou o filósofo galês Bertrand Russell: “Eu acredito Richard Dawkins, biólogo inglês que, quando eu morrer, irei apodrecer, e nada do meu ego e professor emérito de Oxford, escre- sobreviverá. Mas me recuso a tremer de terror diante da mive: “Deus é um delírio”. Ele vendeu mais nha aniquilação. A felicidade não é menos felicidade porque de um milhão de exemplares e a obra deve chegar a um fim, nem o pensamento e o amor perdem seu entrou na lista dos livros, de não-ficção, mais ven- valor porque não são eternos”. didos no Brasil. (continua na próxima edição) Dawkins, que é um Darwinista convicto, difunde suas idéias através da Internet e viaja por todo o mundo, numa incansável cruzada em favor do ate-

É POSSÍVEL NEGAR DEUS?

OS LIVROS PUBLICADOS NO BRASIL

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om o advento das escolas laicas, as escolas confessionais, em todo o Brasil, muitas delas centenárias, tiveram que se adaptar aos novos tempos, focando com novo olhar suas concepções fundacionais, a fim de resignificarem suas ações e poderem caminhar em consonância com as atuais exigências sócio-educacionais, sem deixar de lado seus princípios, sua vocação e sua missão.

Seguindo essa tendência, também as escolas de confissão judaica vêm buscando soluções para manterem excelência acadêmica, sem perderem sua proposta cultural religiosa, muito pelo contrário, reforçando-a, por ser um favorável diferencial. Pesquisamos algumas escolas hebraicas no Brasil, buscando encontrar respostas para vários questionamentos. O resultado dessa busca, com certeza, nos oferece uma referência contextual sobre essas Instituições no Brasil.

É preciso formar jovens com visão ampla de mundo

O valor da solidariedade está presente na escola hebraica

Dentro da proposta educacional estabelecida pela legislação vigente, várias escolas hebraicas, com muita criatividade, buscam ampliar a construção do conhecimento dos seus alunos com projetos que ultrapassam os muros da escola, educando para a cidadania e para o compromisso social. Elas não somente acolhem alunos judeus, mas, também, alunos de outras denominações religiosas, resguardando-se, porém, ao direito de manterem sua identidade confessional, professando e cultivando seus ritos, suas celebrações e sua cultura com toda a comunidade escolar. Para a escola hebraica, é preciso formar jovens que tenham uma visão de mundo globalizado para que possam assumir e propagar uma ética embasada nos valores judaicos, buscando, deste modo, uma vida pessoal e profissional bem sucedida, em vista da coletividade. Os estudos judaicos fundamentam a participação do jovem judeu num mundo plural, procurando garantir a continuidade do seu povo e da sua cultura, respeitando as diferenças. Esses estudos são garantidos por professores especialistas em cultura judaica, uma vez que nem todos os docentes e funcionários da escola hebraica são judeus.

O valor da solidariedade, derivado da concepção de justiça social - Tzedaká, na língua hebraica - é muito trabalhado nessas escolas. Várias delas mantêm projetos de ação social, despertando o aluno para a prática do voluntariado como forma de participação consciente na vida em sociedade. O Ensino Religioso, propriamente dito, não é ministrado na escola hebraica, uma vez que a influência das religiões está inserida nas disciplinas de Artes, História e Geografia. A religiosidade, porém, faz parte do dia a dia dessas instituições, como um modo de ser e de viver. Desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental, os alunos são conduzidos a uma educação de mais de cinco mil anos de história, pois os valores judaicos são a base da identidade da escola hebraica. Desde pequena, a criança é colocada em contato com o universo judaico através da vivência das festividades e das tradições e da intimidade com a língua hebraica, aproximando-a, assim, de suas raízes. Muitos ritos e festas judaicas são vivenciados no ambiente escolar com a participação das famílias.

Os jovens judeus visitam os Campos de Concentração

A escola hebraica e as temáticas do contexto social

Também no Ensino Médio, a história, a religiosidade e a cultura judaica são estudadas, sendo esses temas considerados como sentido de existência das instituições judaicas de ensino. Através de um acordo entre quatro escolas hebraicas da capital paulista com o apoio da Federação Israelita de São Paulo e o Fundo Comunitário, alunos do Ensino Médio, em 2008, participaram do Projeto Chinuch - Marcha da Vida Mundial, na Polônia. Os participantes, de várias partes do mundo, fizeram o mesmo percurso realizado pelos judeus em direção às câmaras de extermínio entre os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, trilhado por milhões de judeus em direção à morte. Os alunos também foram a Israel, onde participaram das festividades alusivas aos 60 anos de Independência do Estado de Israel – Iom Haatzmault.

Os conteúdos de arte, literatura, história e tradição são ministrados em consonância com as questões do mundo contemporâneo e relacionados com temáticas contextuais como:

• conflitos sociais; • aborto; • eutanásia; • discriminação e • preconceitos. Também no Ensino Médio o ensino da Língua Hebraica é disciplina fundamental. Judeus históricos como o físico Albert Einstein, o psiquiatra Sigmund Freud e a filósofa Hannah Arendt são referências de estudo na escola hebraica, que contempla, em seu currículo, temas transversais sócio-afetivos como relações interpessoais, emoções, afetos, identidade e auto-estima.

Cultura judaica: uma herança que deve ser passada para os jovens Segundo a Congregação Judaica do Brasil, mantendo vivas as atividades culturais e religiosas em seu currículo, a escola hebraica visa garantir um espaço educativo de resgate da identidade judaica. A Congregação entende que a cultura é um dos alicerces na formação da identidade de um povo. A proposta da escola hebraica busca o desenvolvimento de um conhecimento amplo das raízes de um povo memorável que traz sua especificidade, suas alegrias, suas tristezas, suas tragédias e também suas ricas comemorações. Essa herança cultural deve ser transmitida à juventude não como uma manifestação do passado, mas como uma cultura viva que está em constante renovação.

Visite o nosso site e busque mais atividades e textos complementares sobre essa temática no Encarte Pedagógico dessa edição.

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i amigos, tudo bem com vocês?! Nesta edição, apresentaremos para vocês o Judaísmo. Para isso, o meu amigo Gamaliel nos contará, em poucas palavras, a história do povo e da fé judaica. Shalom, meus amigos, sou Gamaliel e meu nome, na língua hebraica, significa “Deus é minha recompensa”. Bom, como meu nome já diz, nós judeus vivemos nossa vida sempre elevando nosso pensamento e nossas ações a Deus, a nossa maior riqueza.

Sai de tua terra A história do nosso povo começa por volta do ano 2.000 a.C. numa cidade chamada Ur, na região da Mesopotâmia, onde hoje se localiza o Iraque. Ali morava um homem chamado Abraão. Certo dia, Deus apareceu a Abraão e lhe disse para sair de sua cidade, de sua terra, e que fosse para o lugar que o próprio Deus lhe indicaria, uma terra onde “corria leite e mel”. Deus prometeu a Abraão uma grande descendência e que ele seria pai de um grande povo. Por sua vez, Abraão rejeita os ídolos e as práticas religiosas politeístas, muito comuns em sua região e confia plenamente em seu único Deus.

povo de Israel atravessou o mar sem molhar os pés. O faraó e seus soldados vieram atrás, mas o mar voltou ao normal, destruindo o faraó e seu exército.

Os profetas Nem sempre o povo de Israel foi fiel a Deus e à sua aliança, firmada desde a época de Abraão. Muitas vezes se distanciou de Deus, chegando a ponto de adorar um bezerro de ouro. Já não havia mais o devido respeito às pessoas e nem a obediência aos dez mandamentos dados por Deus a Moisés no monte Sinai. Toda vez que isso acontecia, surgiam os profetas que, inspirados por Deus, repreendiam o povo pelas coisas erradas que estava fazendo, procurando conduzi-lo novamente no caminho do bem, da justiça e do temor a Deus. Os profetas eram pessoas que intermediavam a relação do povo de Israel com seu Deus.

A Torá O judaísmo fundamenta-se na Torá. A Torá é o nosso livro sagrado, é a palavra de Deus. Nela estão escritos a história da criação do mundo, o nascimento do povo judeu, mas, sobretudo as leis e as orientações que todo

E o mar se abriu Ao longo da história, o povo Judeu, ou o povo de Israel, sofreu muitíssimas perseguições e foi levado ao cativeiro e submetido à escravidão por muitos povos e por longos períodos. No entanto, Deus nunca o abandonou. Para citar um exemplo, quando o povo israelita era escravo no Egito, Deus enviou Moisés para libertálo da escravidão. Mas só depois de incessantes reclamações e das famosas “dez pragas” o faraó permitiu a liberdade tão sonhada aos israelitas. Foi então que Moisés reuniu todo o povo e o guiou rumo à “terra prometida”. Foram quarenta anos vagando pelo deserto, passando fome, sede e estando à mercê de muitos perigos. Mas o faraó não se conformou com a saída dos israelitas e resolveu ir atrás deles para trazê-los de volta, pois sentiu falta de seus serviços. Num determinado momento, o povo de Israel viu-se acuado, pois, diante dele, havia o mar vermelho e, atrás, os soldados do faraó. Inspirado por Deus, Moisés ergueu o seu cajado e o mar se abriu. O

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o judeu deve seguir. A Torá reflete também as profecias e tradições de mais de 3.500 anos de vida espiritual. Na Torá se encontram os ensinamentos e o sentido do “viver judaico”. É sinônimo de ciência, sabedoria, amor a Deus. Sem ela, a vida não tem sentido nem valor. Graças à Torá, o povo judeu suportou a opressão e até o genocídio sem perder sua fé.

Jerusalém, uma cidade especial Desde sua fundação, pelo Rei David, Jerusalém foi e é o lugar mais próximo do coração de todos os judeus, pois todos têm um profundo vínculo espiritual com Jerusalém. A Cidade Santa mobiliza e toca a alma do homem como lugar algum na face da Terra, tornando-se um conceito e um símbolo que transcendem seus próprios limites geográficos. Israel, sem Jerusalém, pode ser comparado a um corpo destituído de alma.

Quando um judeu reza, não importa o lugar, deve orar voltado em direção à Jerusalém. Seguindo o mesmo costume, a Arca Sagrada, que guarda os rolos da Torá, é colocada na mesma direção. Dessa forma, todas as sinagogas são construídas voltadas para Jerusalém. Para nós, a Cidade Santa representa toda a bondade e o que de divino há sobre a Terra e, de forma geral, reflete a essência do nosso povo. O nome Jerusalém tem inúmeros significados, entre os quais “Cidade da Paz”. Assim, esperamos que se cumpram as diversas promessas divinas, tais como: que o Templo Sagrado seja restaurado, que todos os judeus sejam levados para seu verdadeiro Lar e que advenham a paz, a prosperidade e o fim de todo o sofrimento, não apenas na Cidade da Paz, mas no mundo todo.

A Shoá O dia 27 do mês de Nissan, entre março e abril do nosso calendário, marca o aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia. Nesse dia, quando a sirene, que marca o início das cerimônias oficiais em memória das vítimas do Holocausto, soa no país inteiro, todos os cidadãos, onde quer que estejam, ficam de pé e em silêncio durante um minuto. Um dos períodos mais sombrios de nossa história, sem dúvida, foi o Holocausto. Segundo a ideologia nazista, todos os judeus, como também negros, homossexuais, portadores de deficiências especiais, ciganos e as pessoas que fossem contra essa ideologia deveriam ser mortos. Foram mais de 6 milhões de pessoas transportadas em trens “da morte” para os campos de concentração e nunca mais voltaram, simplesmente porque alguém acreditava pertencer a uma raça superior e que deveria “eliminar os fracos”. Os campos e concentração e de extermínio eram uma verdadeira indústria, cuja finalidade era simplesmente matar. Câmaras de gás, fornos crematórios, as “marchas da morte”, trabalhos forçados, entre outras atrocidades, faziam parte do desolador cenário. A história da humanidade está cheia de barbáries e de loucuras, mas nenhum episódio é comparável a isso. Um sobrevivente dos campos de concentração disse que se algo se pareceu à “maldade em estado puro” foi a Shoá, o Holocausto.

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Sugestão de Atividade:

texto cita as “dez pragas” do Egito. Quais são essas “dez pragas”? Pesquisar utilizando a Bíblia ou a Torá, no livro do Êxodo. O conteúdo encontra-se a partir do 7o capítulo.

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viver judaico está relacionado com a ideia de que Deus observa tudo. Por isso todas as ações e atitudes do judeu almejam unicamente agradar a Deus. Tudo foi criado por Deus e tudo na vida do judeu deve servir a Deus. Em nosso dia-a-dia, levamos uma vida normal. Pertencemos a uma sociedade, a uma história. Não estamos desconectados da realidade. Contudo, colocamos a razão de nossa existência em Deus. Nesse sentido, um questionamento nos interpela: “para que fomos criados?”. Lá no fundo de nossa consciência, segundo a nossa concepção, todo o ser humano tem o conhecimento sobre o propósito da criação, como amar, como servir e a capacidade de se desenvolver. Para isso, é preciso apenas que cada um se esforce e procure em si mesmo as respostas aos seus questionamentos existenciais. O Talmud apresenta alguns relatos que auxiliam na formação dessa consciência. Este é um deles:

a Oração do Schemá Israel Shemá Israel! (Ouve, ó Israel!) Adonai é o nosso Deus. Foram essas as palavras que o patriarca Jacob ouviu de seus filhos no seu leito de morte. A partir de então, essa é uma das mais antigas e importantes orações do judaísmo. É a nossa declaração de fé. É a primeira oração que a mãe ensina ao seu filho. Nessa oração é proclamada a essência do judaísmo, que sempre se diferenciou de outros povos pela crença em um único Deus. O Shemá Israel nos ensina que devemos amar a Deus, reconhecer e aceitar o Seu Reino, a Sua Suprema autoridade e a Sua vontade. Ela também nos exorta a estudar a Torá e a ensiná-la às futuras gerações. A oração do Shemá marca o início e o fim de cada dia.

Quando ainda estamos no útero da nossa mãe, o Todo-poderoso envia um anjo para se sentar ao nosso lado e nos ensinar tudo o que precisaremos saber sobre a vida. Então, logo antes de nascermos, ele nos dá um tapinha debaixo do nariz, formando a depressão infranasal, a denteação que todo mundo tem. E esquecemos tudo o que o anjo nos ensinou.

Por isso devemos olhar dentro de nós mesmos para aprender sobre a vida. Escondido lá no fundo de nossa consciência está o conhecimento sobre o propósito da criação, como amar, como alcançar nosso potencial. Está tudo lá. Nós só precisamos fazer um esforço para se lembrar! Esta lição resume o ponto de vista da educação no Judaísmo. Ninguém pode ensinar alguma coisa nova. Mais ainda, um professor transmite informações de uma maneira que faz com que o aluno entre em contato com o que já sabe, e redescubra sozinho.

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Todo judeu deseja ardentemente uma vida virtuosa e sábia. No entanto, isso acontece através de um processo, de uma jornada, e aí vem a parte mais difícil: aplicar os princípios da Torá e corresponder a essas expectativas na sociedade e no diaa-dia. Este é o grande desafio de todos nós! O judeu se sente responsável pelo mundo inteiro. O Talmud diz que cada pessoa deve sentir que “o mundo foi criado para ela e é sua responsabilidade tomar conta dele.” Esse pensamento também está presente em nossas atitudes e em nosso pensamento, no sentido mais abrangente da humanidade. Também temos uma atenção toda especial aos pequenos gestos que fazemos. Nada pode passar despercebido. Procuramos fazer tudo com o pensamento voltado a Deus. Por isso, antes de bebermos um copo d’água, rezamos agradecendo a Deus pela existência da água, obra de sua criação. Da mesma forma quando comemos, quando nos levantamos, quando nos deitamos. Cada ação, cada atividade, é permeada de orações. Nós sempre procuramos estar em sintonia com nosso Deus e conectados à nossa realidade.

As coisas que Deus fez existem para o bem do homem

A boa conduta A nossa conduta está baseada na Torá, que traz instruções para a vida. Da mesma forma que um pai deseja que os seus filhos sejam saudáveis, fortes, inteligentes, talentosos e cheios de alegria, e procura instruí-los para tal, Deus, através de sua Palavra, a Torá, nos dá instruções para que alcancemos e aproveitemos ao máximo as benesses da vida. A Torá então é um guia e o padrão para a conduta ética.

Tudo foi criado por Deus. E Deus colocou o homem no mundo para que ele pudesse usufruir de sua bondade. Se existe a tecnologia, é para que possamos nos desenvolver, aprimorar nossos conhecimentos. Se a medicina evolui, é para que possamos ter uma vida mais saudável e longa. Tudo é presente de Deus para nós. Deus dá inteligência e sabedoria para o homem, não para ele se sentir um deus, mas para se sentir uma criatura muito amada, a preferida Dele. Por isso defendemos uma boa educação, especialmente uma educação sobre a vida, pois toda a verdade se encontra no mais íntimo de cada um. Efraim Schechter, Rabino Sinagoga Beit Lubavitch schariela@hotmail.com

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O Shabat O maior desafio de qualquer religião é manter suas tradições e, ao mesmo tempo, participar da vida contemporânea. As comemorações e rituais de passagem, aparentemente anacrônicos, ainda têm muito a contribuir à vida do judeu observante do século XXI. Ao mesmo tempo, a modernidade traz desafios inéditos que acarretarão em uma mudança das práticas milenares tradicionais. “Um santuário no tempo”, assim o Shabat foi descrito pelo rabino Abraham Yehoshua Heschel, um dos mais importantes filósofos judeus do século XX. O Shabat, descanso sabático do povo judeu, está entre os pilares fundamentais do Judaísmo. Sua origem mítica remonta à idéia de que Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou. Por este motivo, também nós devemos criar, de domingo a sexta-feira, e utilizar o sétimo dia da semana como um dia de orações, estudo e reflexão. A sexta-feira é um dia dedicado aos preparativos para o Shabat. Antes do anoitecer, a comida deve estar pronta, a casa precisa estar limpa, a família deve banhar-se e se vestir com roupas festivas e a mesa deve estar preparada para o jantar ritual. O Shabat começa com o acendimento de duas velas, uma referência aos termos utilizados pela Torá (Pentateuco) ao ordenar a observância do descanso sabático. Na primeira referência está escrito “zachor” (Ex. 20:8), que significa “recordarás do Sábado”. Na segunda aparição, o termo utilizado é “shamor” (Deut. 5:12), “observarás o Shabat”. O serviço religioso, que inicia o sábado, chamase Cabalat Shabat, o recebimento do Shabat. Dentre as principais orações deste serviço destaca-se o Lechá Dodi. Escrita pelos cabalistas, na cidade de Safed no norte de Israel, no século XVI, esta oração compara o povo judeu a um noivo que aguarda a chegada de sua noiva (o Shabat) com ansiedade e alegria. Quando a família retorna da sinagoga, dá-se início ao jantar cerimonial. Existe um costume dos pais abençoarem seus filhos. É realizado o Kidush, que é a santificação do vinho e realiza-se a lavagem ritual das mãos e a bênção sobre as duas chalót, que são pães trançados. Durante o jantar, costumase entoar cânticos especiais, as zemirót, e o jantar termina com o agradecimento pela refeição, o bircát hamazón.

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No sábado de manhã é realizada a oração matinal, o Schacharit, que tem como destaque a leitura pública da porção semanal da Torá, além de um estudo sobre o seu conteúdo. O serviço matutino é encerrado pela oração de Mussáf, um acréscimo litúrgico em lembrança ao sacrifício adicional de Shabat, que era realizado no Templo de Jerusalém. O almoço de Shabat segue, em linhas gerais, o mesmo ritual do jantar de sexta-feira. Pela tarde realiza-se o serviço religioso de Minchá com a leitura do início da porção da Torá da próxima semana. Finalmente, o Shabat termina com a Havdalá, que é a cerimônia de separação entre o sábado e o início da nova semana. Para este ritual, utiliza-se vinho, uma vela especial trançada com diversos pavios e especiarias. O objetivo é impressionar nossos cinco sentidos e nos preparar para o início de uma nova semana. Assim como o Shabat, todas as festas do calendário judaico têm início na véspera. Esse calendário é composto por anos de doze meses e anos de treze meses e os meses têm 29 ou 30 dias. O sistema é baseado nas fases da lua, porém existe um acerto em relação ao calendário solar para que as festas aconteçam sempre nas mesmas estações do ano. O Rosh Chodesh, início de mês judaico, cairá sempre em uma lua nova e a lua cheia coincidirá com a metade do mês.

As Festas Existe um período do calendário judaico conhecido como as Grandes Festas. Trata-se do ano novo, Rosh Hashaná, seguido por dez dias de arrependimento, Asseret Iemei Tshuvá, e o Iom Kipur, o dia do perdão. Durante este período, Deus julga cada uma de suas criaturas e determina acerca do seu futuro. Rosh Hashaná remonta à criação do mundo. Passaram-se 5.767 anos desde a criação do homem e da mulher no sexto dia da Criação. O Ano Novo é comemorado por dois dias de orações nas sinagogas, além de refeições festivas. Na sinagoga, destaca-se o Shofar, chifre de carneiro tocado para anunciar a chegada do novo ano e despertar a consciência dos fiéis. Durante as refeições, come-se maçã com mel, que representa a perspectiva de um ano bom e doce. Além disso, costuma-se comer cabeça de peixe ou de carneiro, em referência à tradução literal do nome do feriado, porque Rosh Hashaná significa a cabeça do ano. Depois de dez dias de arrependimento e reflexão, chega o dia mais austero do calendário judaico, o Iom Kipur. Nesse dia estão proibidas as relações íntimas, ba-

nhos por prazer, cosméticos, calçados de couro e, principalmente, alimentos e bebidas. Durante este jejum absoluto de vinte e cinco horas, os judeus realizam diversas orações, pedem perdão por suas transgressões e solicitam que o ano, que há pouco se iniciou, seja de paz. Um dos pontos altos do serviço é a oração do Col Nidrei. Durante esta reza, todos os rolos da Torá da sinagoga são retirados da Arca Sagrada e o cantor entoa três vezes a oração solene. No final do dia, um longo toque do Shofar é ouvido, marcando o final do jejum e a conclusão do julgamento divino.

A morte O Judaísmo tem muitos costumes relacionados à maneira de marcar o luto e a despedida de um familiar falecido. O enterro deve acontecer num cemitério judaico, depois que o corpo passar por uma lavagem ritual, a tahará. Existem três diferentes períodos de luto nos quais as restrições são decrescentes e, por outro lado, aumenta gradualmente a reinserção dos enlutados na sociedade. O primeiro período é de sete dias, depois 30 e, finalmente, um período de 11 meses, durante os quais será recitada diariamente uma oração de homenagem à pessoa falecida, o Kadish (santificação). O Judaísmo acredita que, embora assuma outra forma, a vida continua depois da morte. De maneira muito particular, o Judaísmo vê em suas comemorações e rituais de passagem uma oportunidade de enriquecimento espiritual para a vida do judeu observante.

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II Guerra Mundial (1939A 1945), a maior hecatombe da humanidade provocada pelo

racismo, doutrina que sustenta a superioridade biológica, cultural e/ou moral de determinada raça, população, povo ou grupo social, resultou na morte de mais de 50 milhões de pessoas. Nesse mesmo período, seis milhões de judeus, sendo 1,5 milhão de crianças, foram assassinados pelo regime nacionalsocialista, nazista, na Alemanha de Adolf Hitler. Esse genocídio foi tão pavoroso que foi cognominado de “Holocausto”.

Holocausto ou Shoah (palavra hebraica que significa, literalmente, “destruição, ruína, catástrofe”) é o termo utilizado para denominar o fenômeno de destruição sistemática: perseguição, exclusão sócio-econômica, expropriação, trabalho forçado, tortura, guetoização e o extermínio de seis milhões de judeus. Entre outras vítimas do terror nazista, podemos citar os 20 milhões de eslavos russos, os 500 mil ciganos, além de homossexuais, deficientes físicos e pessoas de raça mestiça. Para tal extermínio em massa foram inicialmente criadas as Einsatzgruppen (operações móveis de assassinato), um comando de tropas especializadas em assassinatos coletivos. Como os esquadrões de fuzilamento da SS (Schutzstaffel), força policial do partido nazista, mas, por não assassinarem com a rapidez necessária, foram construídas nefandas “fábricas de morte” e aperfeiçoados os campos de extermínio, em Auschwitz, Sobibor, Chelmno e Majdanek. Assim, o racismo nazista chegou a chacinar 3 mil seres humanos por hora em Auschwitz-Birkenau.

Como o ser humano foi capaz de tudo isso? O livro “Mein Kampf ” (Minha Luta), de Hitler, o Livro Sagrado do nazismo, tem como essência o racismo: doutrina que sustenta a superioridade biológica, cultural e/ou moral da raça ariana, germânica, que deveria governar a humanidade a partir da Germânia de Mil Anos. Uma mistificação grotesca: estudos do genoma humano demonstram que os seres humanos não se subdividem em raças. O racismo nazista pregava o regime democrático como uma força desestabilizadora, porque colocava o poder nas mãos de outras raças inferiores, que não os germânicos arianos. As religiões que reconhecessem e ensinassem estas “verdades propagadas pelo nazismo” eram as religiões “verdadeiras”. As que pregassem o amor e a tolerância eram chamadas religiões “escravas” ou “fal-

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Mas não foi fácil a implantação da abertura do Brasil aos judeus perseguidos. Não poucos diplomatas brasileiros Enquanto no Brasil resistiram à alteração radical da orientação do Em nosso País, o Holocauto Itamaraty. Liderados pelo embaixador brasileiro na soa distante, como se tivesAlemanha Nazista, Cyro de Freitas Valle, chese sido reduzido à gou-se ao paroxismo de protestar Europa Ocupada junto ao presidente Vargas contra por Hitler. É prea nova orientação dada ao Itamaraty. ciso, pois, lembrar e Tentou-se, inclusive, remover Oswalrelembrar que o Brasil do Aranha de seu cargo. também foi vítima do racismo nazista. Tal atitude fez sobressair-se na Em se tratando de uma sociedade história dramática do Holocausto composta de uma mistura de raças, o nomes de diplomatas e humanistas, nosso povo estava destinado ao extermínio, se a Alemanha nazista tivesse Os judeus eram obrigados a usar como Souza Dantas, embaixador saído vitoriosa na II Guerra Mundial. esse símbolo, a “Estrela de Davi”, do Brasil em Paris, e do renomado escritor mineiro, Guimarães Rosa, para serem diferenciados Os ventos, em nosso país, sopravam a do consulado de Hamburgo. Ese discriminados. favor de Hitler. ses trabalharam febrilmente na emissão de vistos, salvando a vida de milhares de judeus, consagrando a imagem do Brasil como país humanitário no dramático e trágico momento do Holocausto, recusando-se a ser cúmplice do nefando genocídio perpetrado pelo racismo hitlerista. Sim, o Brasil tem muito a ver com o Holocausto dos judeus perpetrado pelos nazistas - mostrou ao mundo a sua face humanista e generosa, quando se observava no mundo a vertiginosa ascensão das doutrinas de Adolf Hitler. sas”, que deveriam ser repudiadas e exterminadas, principalmente o Judaísmo e o Cristianismo nãoariano.

Graças a uma propaganda bem elaborada, ocorreu uma pesada infiltração de simpatizantes do regime nazista e seu ódio racial ao judeu, principalmente no Ministério do Exterior. Chegou-se ao paroxismo da intolerância com a proibição severa As tribos de Israel, segundo a tradição, originaram-se a partir dos de entrada de judeus no Brasil pela nomes dos filhos de Jacó, neto de Abraão e dos dois filhos de José, que Circular Secreta 1.127, datada de também foram aceitos e abençoados por Abraão. 7.6.1937 e assinada pelo ministro No diagrama abaixo, você encontrará o nome e o brasão de algumas Mario Pimentel Brandão. das tribos. Apenas escreva-as no lugar correto. Pesquise na Torá ou na BíO Brasil, não fosse a pronta blia, no Livro do Gênesis, as demais tribos de Israel. e decidida ação antirracista de um núcleo humanista no governo de Vargas, poderia ter sido transformando em um cúmplice do regime nazista, por impedir a salvação de milhares de perseguidos judeus. De fato, quando em 15.3.1938 assumiu o Ministério do Exterior, o estadista Oswaldo Aranha rompeu com o antissemitismo vigente, anulando a 1.127, emitindo em 26.9.1938 a Circular Secreta 1.249, abrindo as portas do Brasil para os judeus, até na condição de turista e de agente comercial.

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oda a criança tem o direito de receber cuidados e educação para seu desenvolvimento e se tornar, assim, um adulto saudável. Mas o que mudou na maneira de educarmos nossos filhos ou nossos alunos? Antigamente, a forma de educar era autoritária. Dizia-se que criança não sabia nada e que os adultos tinham que ensinar, corrigir, dar castigo e até bater. Hoje, a forma de educar mudou: a criança é muito mais respeitada em sua individualidade e em suas necessidades. Mas, com essa mudança nas relações com a criança, muitos pais e professores estão tendo sérias dificuldades para pôr limites. Está difícil saber quando dizer SIM ou quando dizer NÃO sem traumatizar e, ao mesmo tempo, criando futuros cidadãos que consigam praticar o bem.

O limite tem, entre outras coisas, a função de ensinar às crianças certas regras de convívio social e, além disso, protegê-las de situações que podem ser perigosas. É muito importante para os pais e professores acreditarem que estabelecer limites aos filhos e aos alunos, desde pequenos, é ensinálos a viverem e a enfrentarem a vida de forma realista. Para isso, é preciso que a criança entenda que pode fazer muitas coisas, mas nem tudo e nem sempre. Estabelecer limites é: ensinar que os direitos são iguais para todos; ensinar que existem outras pessoas no mundo; dizer SIM sempre que possível e NÃO quando necessário;

só dizer NÃO quando houver uma razão concreta; mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não, e explicar o porquê; ensinar à criança a trabalhar pequenas frustrações do dia-a-dia para que, no futuro, possa superar seus problemas com mais equilíbrio e maturidade; ensinar que cada direito corresponde a um dever.

COMO DISCIPLINAR? Quando a criança recebe estímulo, fica com a sensação de que vale a pena fazer as coisas da maneira certa. Premiar não é só dar “coisas materiais” ou “boas notas”. Para a criança, por mais consumista que seja a nossa sociedade, mais vale um carinho,

um olhar afetuoso e um elogio sincero do que presentes ou passeios. Fazendo com que a criança assuma as conseqüências dos seus atos: com a mesma naturalidade com que elogiamos e premiamos nossos filhos e alunos, devemos conversar com eles quando eles erram, explicando e fazendo com que reflitam sobre as atitudes incorretas, tendo cuidado de nunca rotular a criança, relacionando uma atitude errada dela a seu jeito de ser, para que ela não se sinta humilhada e derrotada. Ninguém veio ao mundo sabendo o que é certo ou errado. Somos nós, pais, mães, professores e amigos que temos essa tarefa fundamental de passar para nossos filhos e alunos o que é certo e o que é errado, sem desrespeitar e agredir. Assim, eles poderão crescer mais seguros rumo à felicidade. Ensinar tudo isso não é tarefa fácil, mas veremos que, com calma e paciência, poderemos criar ambientes de paz e amor ao nosso redor. Se conseguirmos educar com esta perspectiva, certamente teremos famílias com mais paz e amor e, conseqüentemente, mais paz na sociedade. Afinal, a familia é, sem nos esquecermos da escola, uma ambiente privilegiado para educarmos as crianças com valores mais sublimes. Fonte: reflexão retirada e adaptada do livro “Construindo a Paz”

Construindo a Paz - Educando para a Vida Como educar, Hoje?

TRÊS LIVROS: R$ 36,00 - FRETE GRÁTIS educação deve estar integrada à vida concreta das pessoas. Por isso, apresentamos aqui três obras que enriquecerão as reflexões com os seus alunos, tornando suas aulas ainda mais interessantes. As obras apresentam reflexões sobre a própria educação, relacionado-a com diversas dimensões da vida: cidadania, religião, meio ambiente, sexualidade, trabalho, política, paz, entre outros. Além de apresentar diversas e importantes reflexões, as obras trazem teatros, dinâmicas e mensagens para diversificar e qualificar as formas de trabalhar os diversos temas, sempre sob a ótica da interdisciplinaridade.

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Os profetas foram grandes sábios que, como ninguém, souberam corrigir e educar a conduta do povo de Israel. Pesquise na Torá ou no Antigo Testamento, que se encontra na Bíblia, os nomes de alguns profetas de Israel e, no diagrama abaixo, circule-os.

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s temas transversais expressam conceitos e valores fundamentais à democracia, à cidadania e aos direitos humanos. Eles correspondem a questões emergentes para a sociedade brasileira e que estão presentes no dia- a-dia sob várias formas. O tema “Bullying”, apresentado nesta edição, é um fenômeno negativo que vem crescendo no Brasil e em outros países. Nas escolas, de modo especial, esta problemática precisa ser encarada “de frente” e combatida com radicalidade. É necessária uma discussão aberta e esclarecedora sobre esta questão.

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BULLYING Apelidos como “rolha de poço”, “quatro olhos”, “cabeção” ,“saracura” e atitudes agressivas como empurrões, beliscões ou puxões de cabelo são brincadeiras que acontecem com freqüência nas salas de aula. Seriam brincadeiras próprias da idade ou de estudantes? A resposta, expressamente, é NÃO! Professores e monitores precisam estar atentos a estas manifestações, pois, pela repetitividade e intencionalidade, revelam uma violência que ocorre sem motivação e, portanto, caracteriza o chamado fenômeno “bullying”.

através de apelidos sugestivos desmoralizantes. O bullying pode ocorrer em diversas ambientes como escolas, universidades, locais de trabalho e comunidades. Pesquisa científica define o bullying em três termos essenciais: o comportamento é agressivo e negativo; o comportamento é executado repetidamente; o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Segundo pesquisas, o “bullying” divide-se em duas categorias: “bullying” direto; “bullying” indireto, também conhecido como agressão social. O “bullying” direto é a forma mais comum entre os agressores masculinos. A agressão social, ou “bullying” indireto, é a forma mais comum entre pessoas do sexo feminino e crianças pequenas. Esta modalidade é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social, que é obtido através de uma variedade de técnicas, que incluem:

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Além de agressões relativas a alguma atitude do estudante, as concessões malgradas também podem se dar por alguma característica física do indíviduo, que, na maioria dos casos, afeta diretamente a vítima naquilo que ela própria já considera em si como um ponto fraco: gordo, magro demais, espinhas no rosto, nariz comprido, cor da pele, orelha de abano, entre outros.

Bullying na escola - o que fazer?

O QUE É BULLYING? “Bullying” é um termo de origem inglesa utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, que tem intencionalidade e são freqüentes, praticados por um indivíduo ou por grupos de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir o outro incapaz de se defender. De certa forma, o “bullying” revela o desejo consciente de maltratar uma pessoa e colocá-la em tensão. Este tema, no Brasil, embora trazido à discussão mais recentemente, ainda permanece um tanto velado e mal compreendido. Ao contrário do que muitos pensam e falam, o bullying não acontece somente nas escolas públicas ou em ambientes de periferia. O bullying é um assédio que também faz parte da postura de muitas pessoas ditas como “esclarecidas” e “de bem”. Há casos que revelam: quanto maior o nível de intelectualidade e de bens, maior é o preconceito e a perspicácia na elaboração de agressões psicológicas demonstradas

danos psicológicos graves para a criança e o adolescente induzindo, posteriormente, à entrada no mundo do crime. Segundo ele, os fatores de risco sobre a permissividade do “bullying” são os seguintes: Individuais: incluem fatores biológicos e físicos; e psicologicamente inibidores e facilitadores da aptidão social. Familiares: falta de supervisão dos pais; atitudes cruéis, passivas, negligentes e violentas dos pais, disciplina férrea. Conflitos familiares, maus exemplos de condutas; falta de comunicação entre pais e filhos, falta de ensino de valores pró-sociais e marginalização socioeconômica. Socioeducativos: fracasso escolar e vandalismo escolar. Outros fatores: socioambientais; o grupo de amigos; o desemprego, o ambiente de trabalho; os meios de comunicação, videogames e as drogas.

espalhar comentários; recusa em se socializar com a vítima; intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima; criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos - incluindo a etnia da vítima, a religião e até mesmo suas incapacidades.

Bullying na escola: um sério problema Nas escolas o “bullying” pode resultar em sérias consequências para o aluno, como: perda no rendimento escolar, não retorno das tarefas escolares, segregação tanto por parte dos colegas como dos próprios professores que, em inúmeros casos, por algum fato ocorrido em sala de aula, constrangem e intimidam o aluno com conotações jocosas, desencadeando, desta forma, em adesão de toda a turma que acaba por aprender a “má lição dada pelo professor” e a reproduzir essa cruel dinâmica na vida cotidiana. O Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Lélio Braga Calhau*, alerta: agressões morais ou até físicas podem causar

O esclarecimento pode, em muitos casos, facilitar o controle dessas situações. Uma boa conversa e exercícios de conscientização envolvendo toda a comunidade escolar - incluindo os pais dos alunos - podem colaborar muito para amenizar esta problemática e, até mesmo, erradicá-la do ambiente escolar. A participação e a integração efetiva dos alunos nesse processo é primordial para o êxito de um projeto de revisão e até de reconstrução de comportamentos e de posturas. As ações de discussão devem ser permanentes na escola, de modo a não se transformar em meras soluções temporárias e passageiras. É preciso também um cuidado permanente com as vítimas do bullying, mesmo que a problemática já tenha sido resolvida. A vítima permanece por muito tempo suscetível. A escola deve adotar uma política que vise a erradicação dessa problemática através de vivências constantes de tolerância, de solidariedade e de valorização, quer seja com alunos ou com os professores que, conforme vimos, em muitos casos, são os próprios implementadores desta problemática na escola. * Site do Ministério Público da Paraíba. http://www.pgj.pb.gov.br

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na

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do

Encarte Pedagógico as atividades sobre este tema e outros textos complementares no site: www.otranscendente.com.br

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B rancos e negros unidos R ealidade de poucos A mor, paz S olidariedade I gual a L iberdade.

D e onde vem tamanho rancor E ntre negros e brancos? T odos nós lutamos pela igualdade O u será que preferimos a desigualdade? D eus nos ensinou a amar, mas O s homens ensinam a humilhar os S eres, que são nossos irmãos e que merecem

P ovos que lutam por uma vida digna O nde cada um possa V iver a paz e o amor sem O dio e sem dor e então S eremos felizes nesta terra de todos os povos.

T eremos quando negros e brancos sem E xclusão? R aízes tristes que o homem, que diz ser O nosso respeito e admiração. S ão eles pardos ou negros R acional, traz no peito A dura realidade do preconceito.

Muitos de nós, quando crianças, dormíamos ao sabor de lindas histórias que nossos pais ou avós nos contavam. Talvez agora, essas histórias, ao invés de nos fazerem dormir felizes, nos ajudem a “viver” mais felizes. As histórias servem para todas as idades. Elas são de caráter pedagógico e provocam inquietação e questionamentos, ajudando a conduzir a uma saudável postura de vida. As histórias contidas nestes livros vêm de uma grande variedade de países, culturas e religiões. Pertencem à herança cultural e espiritual de toda a humanidade. Os quatro livros trazem mais de 400 histórias educativas que podem ser usadas em reuniões, nas salas de aula, no início de encontros, em palestras, enfim, é um auxílio para ilustrar temas importantes. Professor, com esses livros, você terá uma verdadeira arte educacional em suas mãos.

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abino Akiba tinha uma filha. Os astrólogos lhe haviam predito que, no dia em que ela iria se casar, uma serpente a morderia e a mataria. Essa predição atormentava o rabino Akiba. No dia do casamento fazia muito calor. Então a filha de Akiba foi passear no jardim e se deitou sobre um banco à sombra de algumas árvores. Tirou o grampo dos cabelos e, soltando-os, adormeceu. O rabino estava com calor e por isso também se dirigiu ao jardim. Vendo sua filha, pensou: -Ela trabalhou muito, está cansada e adormeceu. Na presença do pai, a filha se acordou. Foi então que, ao esticar o braço para colocar o grampo nos cabelos, a filha percebeu que havia pegado alguma coisa: uma grande e horrível serpente com os olhos perfurados! Na verdade, quando a filha estava colocando o grampo nos cabelo, perfurou os olhos da serpente que estava pronta para dar o bote. Após ter visto isso, Akiba disse a filha: -Louva ao Senhor por esse milagre. Diga-me qual boa ação que tens feito, pela qual Deus tem te salvado da morte! A filha respondeu: -Quando estava na festa, todos os convidados comiam e bebiam à vontade. À porta estava um pobre que, com voz baixa, pediu-me alguma coisa para comer, mas nenhum dos convidados o havia notado. Ele falava com vergonha. Eu peguei a porção que havia preparado para mim e dei a ele. Ele comeu até ficar saciado, deixando alguma coisa no prato. Ele me abençoou e continuou o seu caminho. -Então, disse o rabino Akiba, foi a tua caridade que te salvou da morte!

Informe

No decorrer de sua caminhada, apresentando as mais diversas religiões e o próprio fenômeno religioso, a equipe de O TRANSCENDENTE vem construindo muitas amizades e vendo o trabalho reconhecido. Sempre que possível, participamos de eventos que almejam e promovem a convivência harmoniosa, tanto no âmbito cultural como religioso. Em abril, a equipe OT participou da Semana das Religiões de Matrizes Africanas, promovida pela Câmera Municipal de Florianópolis, numa iniciativa do vereador Márcio de Souza. Em maio, a equipe participou da Semana da Igualdade Racial, promovida pela Secretaria de Assistência Social-SC. O diretor de O TRANSCENDENTE, padre Paulo de Coppi, juntamente com sua equipe, participou ativamente dos eventos. Após proferir palavras de apoio e de encorajamento aos movimentos afros, padre Paulo recebeu uma placa comemorativa da Câmera de Vereadores de Florianópolis.

Após quase três anos de existência e seguindo a proposta do MEC para o Ensino Religioso, O TRANSCENDENTE conseguiu um sucesso editorial inesperado! Seriedade na abordagem dos conteúdos, pesquisas, idealismo e comprometimento com a educação que a equipe de O TRANSCENDENTE vem desenvolvendo formam o segredo do sucesso. Também se deve à contribuição de especialistas, de representantes e de lideranças religiosas das mais diversas religiões

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pós meses de pesquisa e muito diálogo com pessoas de várias crenças, surgiu o livro “O Universo Religioso”. A obra apresenta as várias manisfestações religiosas tradicionais e as tendências atuais, com o objetivo de oferecer uma compreensão popular das manifestações religiosas presentes em nosso universo. Esta obra ajudará a conhecer melhor a religião de cada um, tendo como horizonte um diálogo sincero e aberto na busca de um mesmo objetivo: a fraternidade universal. Assim, se preservará melhor a fé e o respeito à fé dos outros.

que, a cada edição, apresentam sua própria religiosidade. Com seus conteúdos, reflexões, propostas de atividades e estilo dinâmico, centenas de professores, especialmente os de Ensino Religioso, ficaram fascinados e o adotaram como subsídio, a fim de melhorar ainda mais o trabalho que já estava sendo desenvolvido em suas escolas. Portanto, professor(a), queremos caminhar ao seu lado na construção de uma nova sociedade.

Assine e divulgue essa ideia!

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