ANO III - Nº 8 MAR / ABR 2009
O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br
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APRESENTAÇÃO
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onstatando a carência de materiais didático-pedagógicos direcionados ao Ensino Religioso, um grupo de educadores capacitados, apaixonados e convictos da importância do ER atendeu aos apelos de muitos professores e idealizou o jornal O TRANSCENDENTE Jornal Pedagógico para o Ensino Religioso. O TRANSCENDENTE, que está em seu terceiro ano de existência, vem ganhando espaço e conquistando milhares de educadores, de Norte a Sul do Brasil. O segredo deste sucesso deve-se aos seus conteúdos, à qualidade do material e ao caráter prático e pedagógico na abordagem das temáticas. Além de outras qualidades, o subsídio é elaborado dentro das exigências atuais do Ministério da Educação.
Muitas são as opiniões existentes a respeito dos objetivos do Ensino Religioso e, como consequência, dos conteúdos a serem transmitidos. No entanto, está clara a preocupação de apresentar o fenômeno religioso e a importância do mesmo na formação do indivíduo e na construção da sociedade. Estamos certos disso. Após a edição introdutória, as edições seguintes apresentaram as matrizes religiosas indígena, africana, oriental, ocidental e, em seguida, o hinduísmo e o budismo, duas das maiores e mais antigas religiões da humanidade. Sem sombra de dúvidas, O TRANSCENDENTE está entre os melhores subsídios elaborados para o Ensino Religioso.
O Ministério da Educação orientou e pediu a todas as escolas do Brasil para que estudem profundamente a história da presença negra no Brasil, as riquezas culturais e as religiosidades afro-descendentes, bem como a situação e as problemáticas por eles vividas. É por isso que estamos dedicando duas edições a esse assunto. “É triste, diz Milton Santos, afirmar que a sociedade branca, após quatro séculos, ainda ‘desvia-se do enfrentamento do problema negro’. Isso veio criando, nos negros do Brasil, um complexo de inferioridade, embora que, segundo a doutrina oficial, jamais o Brasil acolhera alguma forma de discriminação ou preconceito”. Moral da história: na celebração dos 500 anos da descoberta do Brasil, diante de 500 anos de culpa, sentiu-se a necessidade de um ano de desculpa e, infelizmente, esta veio apenas de um ator histórico do jogo do poder: a Igreja Católica! O próprio presidente da República considerou-se quitado com a nomeação de um negro para a Casa Militar e de uma notável mulher negra para a sua Casa Cultural. E os filhos dos negros? Por enquanto continuam frequentando as piores escolas! Falta muito para ultrapassar o palavrório retórico e alcançar uma ação política consequente. Será que os negros terão que esperar mais outro século para obter o direito a uma participação plena na vida nacional? O problema tem que ser enfrentado e aqui entra o papel da escola, como também da mídia, geralmente negativo, pois sempre coloca o negro lá embaixo, na base da pirâmide social, também quando, tendo sorte, o negro tiver ‘subido na vida’. Não se pode esconder, continua Milton Santos, que há diferenças sociais e econômicas, como também estruturas seculares perversas, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente. Trata-se, na realidade, de uma forma da “apartheid” à brasileira, contra a qual é urgente reagir, se realmente desejamos integrá-los à sociedade de
modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja também ser plenamente brasileiro no Brasil.
Plantar o orgulho negro É o que almeja o músico Gilberto Gil ao dizer: “Os brancos já visitaram a África, seja nos livros seja em suas terras maravilhosas. Penso que os negros brasileiros deveriam lutar por um maior conhecimento sobre suas origens negras. Não tem nada do que se envergonhar. Nós somos gloriosos. Vamos plantar o orgulho negro! Essa é uma estratégia para vencer a desigualdade já nos pequenos grupos, na sala de aula, através de contos e fábulas africanas, etc. Para abolir o racismo é preciso acabar com a ignorância e exigir respeito de si mesmo como ponto de partida. Axé”! Será esta uma preocupação e um compromisso que deverá permear o ensino de todas as escolas do Brasil. Para isso será particularmente importante a contribuição do Ensino Religioso, que poderá trazer motivações essenciais para que as diversas raças, culturas e religiões se unam na promoção do respeito da dignidade do ser humano, que vem de uma única fonte. Numa visão transcendental, não pode haver discriminação, gente de primeira e de segunda classe, mas o cultivo de um jardim, onde a diversidade de cores constitui sua extraordinária beleza e riqueza.
Um apelo
Concluo com um apelo a todos: ajudem-nos a enriquecer o TRANSCENDENTE enviando-nos materiais e sugestões, como também a difundi-lo nas escolas, inclusive naquelas onde o ER ainda não está implementado. O jornal OT, por apresentar temas transversais, pode ajudar a todos os professores, não só os de ER.
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Coloquem-no na sala dos professores e nas salas de leituras da escola. Para todos, OT será mais um subsídio inspirador e motivador para a ação educativa. Trabalhemos juntos, isso é bem melhor e mais eficaz!
Nossa pauta Qual será a pauta a ser apresentada e desenvolvida para o ano letivo de 2009? Para todos que desejam organizar-se e preparar o seu plano de ensino em sintonia com o jornal, a pauta de O TRANSCENDENTE para 2009 é:
Apresentação da situação dos afro-brasileiros, que constituem praticamente a metade da população do Brasil, e suas religiosidades. A essa temática serão dedicadas as duas primeiras edições.
A terceira edição abordará o Judaísmo. A
última edição do ano apresentará o Cristianismo.
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em sombra de dúvida, o Brasil deve muito aos negros, seja pela suas riquezas culturais e religiosas, que sobrevivem há séculos e enriquecem o País, seja pelo tratamento dado aos escravos negros e pela discriminação racial e social sofrida ainda hoje por milhares de afrodescendentes. Nesta campanha de valorização da cultura afro, que é, inclusive, fomentada pelo Governo Federal, O TRANSCENDENTE se propõe a apresentar alguns aspectos dessa preciosíssima cultura. Apesar dos avanços, temos um longo caminho de respeito e de fraternidade a percorrer. Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13 Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E. Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch Diagramação: Fábio Furtado Leite
Endereço DO JORNAL “O TRANSCENDENTE”: SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão Jovem PARA CORRESPONDÊNCIA: Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SC FONE: (48) 3222-9572 / FAX-automático: (48) 3222-9967
ASSINATURA ANUAL Ano III - Nº 8 - MARÇO/ABRIL - 2009 •Individual: •Assinatura Coletiva (no CUPOM da página 11) •Assinatura de apoio: •Internacional:
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O ENSINO RELIGIOSO
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uitos pensam que os povos africanos são de uma mesma raça, tiveram a mesma origem e que tem os mesmos costumes e a mesma religião. Isto não é tão simples assim. Existem tantas religiões africanas quantos são os povos e as tribos da África, ou seja, muitas centenas. Nós não iremos nos deter a nenhuma delas em particular e sim aquilo que é mais comum em todas as manifestações religiosas.
Por que centenas de religiões na África? Um dos fatores primordiais desta diversidade é a variedade de sistemas sociais e políticos existentes. A crença e o ritual religioso refletem e retratam a estrutura social dos diversos povos africanos. As religiões africanas têm certas similaridades, mas, também, muitos contrastes, pois exercem influência uma sobre as outras através do contato humano. As religiões africanas, pertencentes a uma sociedade que não conhecia a escrita, possuem uma extensa literatura oral. Na tradicional religiosidade africana, os fatores mais importantes que determinam o mundo e o homem são forças invisíveis. Sendo assim, é fundamental a relação com os espíritos ancestrais.
Alguns elementos gerais encontrados nestas religiões A) O Ser Supremo: Ele não é o mais elevado dos espíritos da natureza e nem se equipara ao Deus da Bíblia. É mais uma potência suprema do que um ser pessoal. Nem sempre é criador e, muitas vezes, aparece acompanhado de esposa e filhos. b) O Demiurgo: a criação foi feita por um demiurgo, espécie de um antepassado mítico, identificado com o fundador do povo. Foi ele quem fez o homem, seus costumes, ofícios e ritos. C) As potências espirituais (espíritos protetores): abaixo do Ser Supremo existem outros seres espirituais (antepassados ou deuses da natureza) que se ocupam das coisas mundanas. Há os espíritos ancestrais que são os protetores da família, os espíritos errantes que, por serem mal sepultados, não querem ficar esquecidos e os espíritos tribais que se ocupam com o bem da tribo e de seu chefe. As religiões tribais africanas não vivem com medo dos demônios, como dizem alguns. Acredita-se possuir poderes para expulsar os maus espíritos e as desgraças por meio de determinados ritos e amuletos. Os ancestrais se manifestam através de um médium de quem o espírito tomou posse. Tendo recebido dons especiais do espírito, só o médium pode acalmar, expulsar os maus espíritos ou torná-los favoráveis através de orações, cantos, danças e ofertas.
D) Os Ritos de Iniciação: os africanos dão muita importância aos ritos de iniciação, com provas muito duras e às vezes sangrentas. E) As Danças: os ritos têm um papel importante na manutenção das tradições religiosas e sociais. Neste sentido as danças são muito importantes. F) O Fetichismo: desde que os portugueses descobriram a África, ficou conhecida a prática do “feitiço” ligado à magia negra. Os feitiços nada mais é do que amuletos. G) O Culto: os africanos não tem estátuas de deuses, templos ou sacerdotes. Os sacrifícios de pequenos animais têm o caráter de participação, isto é, o sangue dos animais não é oferecido aos deuses, mas aos orixás (espíritos intermediários), como meio de comunicação com os vivos. H) A Moral: para aos africanos moral e religião são a mesma coisa. Aquilo que dificulta a convivência humana é punido pela autoridade tribal e reparado por ritos religiosos, pois irritam os espíritos e provocam calamidades. Assim, o africano se vê obrigado a respeitar o bem, a natureza e a pessoa. I) Outros elementos: cumpre dar atenção também à majestade divina, à feitura de chuva, aos rituais de iniciação, às sociedades secretas, à possessão do espírito, aos sistemas de vaticínio, à feitiçaria e à bruxaria.
Alguns elementos particulares das religiões africanas:
A) Os Bosquímanos e os Hotentotes, no sul de Angola, adoram um espírito pessoal de nome, espírito que se identifica com o céu, a montanha, a chuva. B) Os Pigmeus, habitantes das florestas do Congo, consideram o Ser Supremo pai criador do mundo e do homem, providente e remunerador. Esta noção se assemelha muito ao monoteísmo bíblico. C) Os Bantus, no Tsuigoab, sul da África (Congo, Angola, Moçambique) têm muitos nomes para o Ser Supremo. O mais comum é Mulunga, cujo sentido ainda não foi decifrado. Cultuam os antepassados e as potências naturais. D) Os nomes dos deuses. Na África Equatorial aparece o nome Nyambi, deus criador que vive no céu. Na África Ocidental (Nigéria) os Iorubás chamam a deus de Olurum, isto é, dono do céu. Os pastores da África Oriental cultuam um deus único de nome Eng-Ai. Os povos da África central têm nomes de deuses mais islamizados, mas guardam reminiscências totemistas e animistas. Também encontramos, em alguns povos, tendências politeístas, com divinização das forças da natureza, de reis e dos antepassados.
OS MITOS
A maioria dos povos africanos tem seus mitos que tratam da criação do mundo e do homem. O Ser Supremo aparece como anterior e superior ao mundo que ele cria. É sempre favorável ao homem embora se veja obrigado a castigá-lo pela sua desobediência. A) O Deus ocioso. É típica a noção de deus que não se ocupa dos humanos. Deixa-os aos próprios homens e às potências intermediárias (espíritos). Somente em casos dramáticos é que os homens o invocam para restabelecer a ordem.
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B) As potências intermediárias adquirem grande importância. Inferiores ao Ser Supremo, elas agem a mandato dele. Elas decidem tudo e são objetos de culto e de prece. Os Iurubás têm mais de 400 orixás que recebem sacrifícios. Alguns deles introduzidos no Brasil. A sua ação na vida das pessoas acontece por meio de manjares e sangue de animais sacrificados, por transes e danças.
A religiosidade africana Os africanos não fazem imagens do Ser Supremo, mas possuem lugares de culto, embora modestos: pequenas cabanas, altares junto aos caminhos ou nas montanhas. As oferendas são feitas para pedir saúde e sucesso. Rezam diariamente e gostam da prece comunitária com danças e cânticos. São bastante criativos e espontâneos, pois não gostam da formalidade. As fórmulas e orações escritas importam muito pouco para os africanos que se deixam empolgar pelo dinamismo e eficácia dos seus ritos.
A vida eterna A vida eterna é quase um dogma nas religiões africanas. Muitos povos e tribos falam que a morte não estava nos planos do criador. Ele apareceu por culpa do próprio homem ou de um mensageiro infiel que não soube dar ao homem a boa nova da imortalidade, trocando a mensagem pela noticia da morte universal. A morte é um acidente imprevisto nos planos do criador, ela tem fins pedagógicos. Os lamba, em Zâmbia, afirmam que o primeiro homem enviou um pedido ao Ser Supremo de algumas sementes que foram entregues ao seu mensageiro em pequenos pacotes com a instrução de que um deles não poderia ser aberto. Mas, o mensageiro curioso, abriu o dito pacote, do qual saiu a morte. Os Kono, da Serra Leoa, dizem que o Ser Supremo enviou novas peles aos homens e as confiou a um cachorro. Mas, quando este ia a caminho para a terra, abandonou o embrulho para participar de uma festa. Falou aos companheiros que deveria levar peles novas aos homens, mas a serpente que ouviu a conversa roubou as peles e as repartiu entre os seus parentes. Desde então as serpentes mudam de pele, são imortais, enquanto os homens ficaram marcados com a morte.
1. Quais elementos presentes nas religiões
africanas merecem um destaque especial?
2. O que, disso tudo, ainda faz parte da religiosidade afro – brasileira? Como?
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O
bairro carioca Cidade de Deus, fundado em 1960 e com uma população atual de 38 mil habitantes, apresenta indicadores sociais entre os mais críticos da cidade do Rio de Janeiro. À época de sua inauguração, segundo historiadores, esse conjunto habitacional estava localizado no meio do nada e não se sabe por qual razão este nome lhe foi dado, supõese que tenha sido para motivar os novos moradores. Por suas características ímpares de violência, Cidade de Deus inspirou autores diferentes a lançarem livro e filme sobre esta realidade social trazendo o assunto para o conhecimento de todo o Brasil. Em 2002, o filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meireles, foi sucesso de bilheteria, colocando o bairro explicitamente nos meios de comunicação, porém reforçando seu estigma de comunidade violenta e perigosa e favorecendo um movimento de preconceito e discriminação. Em 2003, após intenso processo de discussões, surgiu o Comitê Comunitário de Cidade de Deus, que reuniu diferentes entidades locais que, até então, se esforçavam isoladamente em suas organizações, para que juntas pudessem trabalhar com programas e projetos que resultassem em positivo impacto social para a população do bairro.
Diante dessa realidade, nos perguntamos:
Como funcionam e como estão organizadas, hoje, instituições como a família, a escola e as igrejas na Cidade de Deus?
Para nos ajudar a conhecer melhor este trabalho desafiador, conversamos com a Educadora Mônica Maria de Oliveira, moradora da Cidade de Deus e coordenadora de comunidade junto à paróquia local. Ela atua também com crianças e adolescentes no reforço escolar e faz parte de uma equipe que auxilia famílias carentes assistidas pelos Vicentinos. Com expressiva preocupação social, simpática, competente e de personalidade marcante, Mônica nos revela a riqueza e os desafios de como é “educar na Cidade de Deus”.
CONVERSANDO COM O EDUCADOR
munidade violenta e perigosa. O que você achou do filme? Ele revelou a realidade de sua comunidade? MÔNICA: Segundo informações recebidas de pessoas que lembram bem da realidade da época em que o filme foi produzido, a violência era um fator predominante, sim, mas o filme foi contado segundo a visão de um fotógrafo. O fundador de minha paróquia, Pe. Julio Grooten, por exemplo, era uma pessoa muito respeitada pelos dois lados e, muitas vezes, interferiu pedindo trégua na guerra aqui estabelecida. No entanto, essa presença religiosa, em nenhum momento foi retratada no filme. A forma mentirosa e sensacionalista com que foi apresentada a Cidade de Deus só trouxe prejuízo para a comunidade e para os seus habitantes, pois não usou o mesmo critério para divulgar as coisas boas e as personalidades existentes naquela comunidade.
OT: Nas escolas do seu bairro existe a disciplina do ER?
MÔNICA: O Ensino Religioso existe somente no ensino particular, mas, mesmo assim, em uma minoria de escolas. Mesmo assim, nem sempre é ministrado por professores devidamente preparados.
OT: Quais os maiores desafios em trabalhar com educação na Cidade de Deus? MÔNICA: Não é fácil falar que Deus é bom quando as crianças, saindo pelas ruas, ou até em suas próprias casas, vivem uma realidade de violência familiar e os jovens não encontram oportunidades de estudo e de trabalho. Também é desafiador ver que somos “diferentes” por simplesmente morar na Cidade de Deus. Isso marca as pessoas e torna mais difícil falar em partilha, solidariedade e oportunidade. Quando a violência “esquenta”, até ela acalmar ficamos impossibilitados até de realizar nossos encontros semanais.
MÔNICA: Trabalho com crianças e adolescentes entre 4 a 14 anos com reforço escolar e pastoral. Temos também uma grande preocupação social na ajuda às famílias carentes, para as quais, uma vez por mês, arrecadamos alimentos.
OT: O filme “Cidade de Deus” colocou o bairro nos
veículos de comunicação, reforçando o estigma de co-
OT: A discriminação racial ainda é uma realidade
no Brasil. Esta realidade pode ser mudada? De que maneira? A escola pode contribuir?
MÔNICA: Na Cidade de Deus, a quantidade de afro-descendentes é grande e vejo isso em minha área de trabalho, como também na localidade em que vivo. Eu sinto claramente que somos massacrados em nossa auto-estima, seja pelo fato de sermos moradores desta comunidade, como também por pertencermos a esta etnia. É urgente combater todo tipo de discriminação. Mas como chegar a isso quando vivemos numa realidade onde impera um ensino público de péssima qualidade para a maioria negra?
OT: Diante de tanta violência, em sua opinião de
educadora, o que você acha que deveria ser feito para mudar esta situação? Quais seus sonhos e ideais nesse sentido?
MÔNICA: Fazer com que os educandos entendam que o ensino é um passaporte para se criar um futuro melhor e diferenciado da realidade da maioria das famílias que vivem aqui. Melhorar a auto-estima das crianças e adolescentes, fazendo com que elas se sintam valorizadas, apesar do espaço geográfico que habitamos.
Realizar
um trabalho sócio-cultural esclarecedor com período integral nas escolas para que as crianças tenham atividades que as levem a ler mais e a interagir com música, dança e teatro.
Criar cursos profissionalizantes com oportunidade de primeiro emprego para os jovens. Oferecer condições de subsistência de forma regular (carteira assinada), para os chefes de família, de modo que possam melhor estruturar suas famílias. Realizar uma educação de qualidade:
O TRANSCENDENTE: Qual sua ex-
periência profissional na Cidade de Deus?
estudam porque os pais mandam. Quando não têm aula, por algum motivo, isso é até comemorado. Acho que essa questão deve ser mais explorada pelo ensino público, pois a aprovação automática fez com que o interesse em aprender ficasse em segundo plano.
Muitas de nossas crianças são filhas de pais separados. Consequência disso: às vezes elas estão com o pai e outras vezes com a mãe, que não mora aqui. Como, então, realizar uma ação educativa de 15 em 15 dias?
OT: Em seu contato com as crianças, no reforço escolar, quais perspectivas de futuro você vê nelas?
Todas as crianças deveriam ter o direito a uma educação de alta qualidade e a cursar uma faculdade sem precisar do benefício das cotas. Precisamos criar uma sociedade que valorize todas as pessoas, independente da cor da pele. Que bom seria se vivêssemos numa sociedade onde todos tivessem direito à educação, a salários dignos e onde a cor da pele não fosse empecilho para que caminhássemos juntos!
MÔNICA: Não sinto a perspectiva de futuro nas crianças. Elas
É incrível, mas o significado do verbo amar relaciona-se com muitos outros verbos. Encontre, no diagrama ao lado, 06 desses verbos.
No quadro abaixo, escreva outras palavras que você relacionaria à palavra amar.
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Geninho: Olá, amigos, tudo bem com vocês?! Estou novamente aqui para falar do nosso universo religioso. Com a ajuda do meu amigo Zambi, apresentaremos nessa e na próxima edição as religiosidades afro-brasileiras. Zambi: Olá, amigos, inicio dizendo que meu nome é de origem africana e na linguagem Banto significa “Ser Supremo”. Vou contar para vocês a história de meus antepassados que ouvi do meu avô quando eu era pequenino e nunca mais a esqueci.
U
m pouco antes de descobrirem o Brasil, os portugueses chegaram à costa africana e, com o apoio de alguns chefes tribais, começaram a capturar pessoas para o trabalho escravo. Mas essa prática já existia antes de chegarem os portugueses. Os escravos eram tratados como objetos e, como tal, trocados por armas, pólvora, tecidos, espelhos, fumo e bebidas. Uma grande quantidade de escravos foi trazida ao Brasil, mas também para os Estados Unidos, para o Caribe e para outras regiões. Meu avô contou-me que, quando pequeno, estava brincando com os seus amiguinhos em sua aldeia, lá no interior da Angola, quando, de repente, apareceram os pombeiros, homens violentos que raptavam as pessoas para depois vendêlas como escravos. Meu avô, seus amigos e quase toda a aldeia foram raptados. Quando chegaram à praia, meu avô viu muita gente, homens, mulheres e crianças vindos de vários lugares, de várias tribos. Ali, os prisioneiros começaram a ser divididos em grupos. Muitas vezes os amigos e os casais com os seus filhos eram separados e enviados a destinos diferentes, de forma que nunca mais se encontrariam novamente.
Um pesadelo sem fim Meu avô, embora ainda pequeninho, manteve muito vivo na memória os gritos de dor, de tristeza e a dolorosa despedida do solo africano. Ele me contou que a
UNIVERSO RELIGIOSO
viagem para o Brasil não foi nada fácil, chegando a desejar a própria morte. Foram 40 dias de viagem, trancado no porão do navio, acorrentado, no escuro e com pouca ventilação, passando fome e sede. Muitos morreram de fome, de doenças ou em decorrência de maus-tratos. Ao desembarcarem no Brasil, os escravos eram reunidos em grandes galpões. Para melhorar a aparência física, antes de serem vendidos, os escravos recebiam alimentação especial para recuperar o peso perdido durante a viagem. Para ficarem mais vistosos, seus corpos eram besuntados com óleo e suas gengivas e dentes eram esfregados com raízes cítricas. De cabeças raspadas, eram marcados com ferro quente no ombro, na coxa ou no peito. Nos leilões públicos, os escravos eram vendidos como uma mercadoria qualquer e os preços variavam conforme as características: homens e mulheres fortes valiam mais do que crianças ou idosos. E o sofrimento não para por aí! Às vezes, enquanto esperavam pelo leilão, os negros eram obrigados a presenciar um açoitamento no pelourinho, a fim que fossem intimidados. Os castigos físicos eram comuns, mas aplicados somente contra os negros que não se submetiam ao trabalho forçado. Quando passavam a trabalhar nos engenhos, recebiam uma péssima alimentação e nem o sagrado direito de repousar era respeitado. Para evitar fugas, muitas vezes eram obrigados a dormirem acorrentados. Trabalhava-se do nascer ao por do sol. O trabalho nos engenhos de canade-açúcar era pesadíssimo. Pior ainda era a vida dos negros que trabalhavam nas minas de ouro. Devido às condições de trabalho e ao tratamento desumano a que eram submetidos, dificilmente ultrapassavam 10 anos de vida. Mas havia também os escravos domésticos, os escravos que trabalhavam como carpinteiros, pedreiros ou pintores. O trabalho deles não era tão pesado como o trabalho dos demais e alguns conseguiam, depois de muito trabalho e juntando as economias de uma vida inteira, comprar a carta de alforria, ou seja, a sua própria liberdade. Mas, mesmo com a carta de alforria em mãos, os negros eram discriminados e as portas da sociedade permaneciam fechadas para eles.
Apesar de tudo a cultura sobreviveu Proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos, os escravos
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tinham de seguir a religião imposta pelos senhores de engenho e a adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas e, assim, mantiveram vivos os hábitos, os costumes, as músicas, as danças, a culinária, a língua e a religião. Inclusive desenvolveram uma forma de luta: a capoeira. Apesar de todo o sofrimento e exploração causados aos escravos africanos, a sua religiosidade se infiltrou e se consolidou no povo, formando, ao lado da religião católica, as duas maiores religiões do Brasil.
A luta do povo negro por liberdade Claro que os negros africanos não aceitaram passivamente a escravidão. Por isso, os senhores preocupavam-se em resgatar os fugitivos e castigar os rebeldes para conter os escravos. Havia muitas formas de rebelião: fugas, suicídio e, em casos mais radicais, chegavase a assassinar o proprietário. Os negros que conseguiam fugir começaram a formar comunidades: os quilombos. O mais famoso, sem sombra de dúvidas, é o Quilombo dos Palmares, cujo chefe chamava-se Zumbi. Nessas comunidades, os negros cuidavam das próprias lavouras e até comercializavam produtos nas cidades mais próximas. As comunidades eram organizadas segundo os moldes que já existiam na África. Nos quilombos, os negros podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O tamanho dessas comunidades variava, chegando até cerca de 30 mil pessoas. Nessas comunidades havia algo muito especial, um tesouro de valor incalculável: a liberdade! Bom, meus amigos, voltaremos a falar nesse assunto na próxima edição. Axé a todos vocês!
Vimos, de forma resumida, a maneira com que os negros foram raptados da África, trazidos como escravos e o tratamento desumano que receberam aqui na época do Brasil colônia.
1. Como os negros são tratados hoje? 2. Quais são as formas “modernas” de preconceito, de racismo?
3. Existe, hoje, alguma forma de escravidão no Brasil? Quais?
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ESPIRITUALIDADES
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omos conversar com o Pai-de-santo Jayme D’Oxaguiã e ele nos contou como vive o seu dia-a-dia, a sua espiritualidade e outras curiosidades sobre a vida de um pai-de-santo.
O TRANSCENDENTE: Pai Jayme D’Oxaguiã, poderia nos explicar a origem e o significado do seu nome?
Pai JaYme d’Oxaguiã: Bom, Oxaguiã é o nome do orixá que eu carrego, o meu primeiro santo, o meu orixá de frente. Cada indivíduo tem dois anjos-daguarda – eu uso do sincretismo religioso para fazer-me entender melhor, há um anjo que cuida da nossa frente e outro que cuida das nossas costas. Oxaguiã é o dono de minha cabeça, ou seja, dono de minha feitura, dos meus caminhos. Segundo a lenda africana, Oxaguiã é o lado guerreiro de Oxalá, embora Oxalá seja pacificador. Além de Oxaguiã como Pai, tenho Iansã como Mãe. Iansã não é apegada a nada, é guerreira e não dá ago, isto é, não perdoa ninguém, nem os próprios filhos. Ela manifesta sua força nos ventos e nas tempestades.
raspa-se a cabeça e, durante sete dias, a pessoa realiza uma série de oferendas, alimentos especiais previamente preparados, trabalhos e rituais aos orixás.
OT: Qual é a diferença entre Umbanda pura e Almas de Angola?
Pai Jayme d’Oxaguiã: Os rituais diferem um pouco. O ritual da Alma de Angola é uma fusão de alguns ensinamentos de dois rituais do Candomblé: Ketu e Angola. No ritual de Almas de Angola se raspa o santo, são ofertadas comidas especiais aos orixás e há também o sacrifício de animais. É importante dizer que toda a carne dos animais sacrificados nos rituais é aproveitada para a alimentação. OT: Pai Jayme, como você vive a sua espiritualidade no dia-a-dia? Pai Jayme d’Oxaguiã: Eu sou graduado em
Biologia, sou professor e sempre fui muito discreto em expressar publicamente a minha religiosidade. Geralmente vou à casa de santo aos sábados, quando tenho as ses-
OT: Pai Jayme, como você descobriu quem são seus orixás protetores?
OT: O que significa “fazer a feitura”? Pai Jayme d’Oxaguiã: “Fazer a feitura” é
o processo realizado para tornar-se babalorixá (paide-santo). Nesse processo, raspa-se o santo, ou seja,
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OT: Como se dá a incorporação? Pai Jayme d’Oxaguiã: Alguns indivíduos
têm a capacidade da incorporação, são os médiuns. Eles, por exemplo, incorporam alguns dos antigos escravos brasileiros, chamados pretos velhos. Outras entidades são os caboclos e as crianças. No momento da incorporação, eles cuidam da pessoa, rezam por ela, como os curandeiros faziam antigamente.
OT: Qualquer pessoa pode incorporar uma entidade? Como identificá-la?
Pai JaYme d’Oxaguiã: Bom, a nossa espiritualidade se desenvolve dentro de uma casa de santo. A minha caminhada espiritual iniciou-se na Umbanda, onde fiz a minha primeira feitura. O meu orixá nesta época era Ogum. Depois de algum tempo, devido a uma doença de minha mãe, comecei a participar de um outro ritual de Umbanda, seguimento Almas de Angola. Ali fiz uma segunda feitura e recebi então o nome de Oxaguiã.
feriores para que eles tomem conta da casa, não deixando que coisas negativas cheguem ao ambiente e às pessoas que ali estarão.
sões públicas, e durante a semana, quando há necessidade de atender espiritualmente alguém. Eu não vivo do meu trabalho de pai-de-santo. Acordo cedo todos os dias, vou para o meu trabalho e sempre procuro fazer o bem, ser caridoso. Nunca utilizo de meus dons mediúnicos para ganhar dinheiro, para tirar proveito. Preparando-me para as celebrações, às sextas-feiras, não como carne e tomo banho de ervas. Preparo também o terreiro, iluminando o gongá, isto é, o altar, e harmonizo o ambiente para a celebração. Para isso utilizo incenso, ervas e uma combinação de folhas da natureza para “limpar” a casa dos fluidos negativos. Os filhos-desanto também se preparam para a celebração evitando comer carne, abstendo-se da atividade sexual, de frequentar bares e boates, enfim, nada que envolva vícios. Preparamos também alguns ebós, ou seja, pratos feitos à base de mel, farinha de mandioca, cachaça e dendê. Estes ebós são ofertados aos orixás ou às entidades in-
esolva as equações e substitua o resultado pelas letras correspondentes. Dessa forma você descobrirá o nome de alguns orixás. Observação: há duas letras ainda desconhecidas. Descubraas. Escreva o nome dos orixás encontrados.
Pai Jayme d’Oxaguiã: Para se desenvolver, o médium passa por alguns processos. Ele realiza uma caminhada espiritual. Primeiramente o faz através de uma “limpeza” feita com ervas, toma alguns banhos especiais, acende velas para o seu anjo de guarda etc. Assim, depois deste processo, que dura em média de 3 a 5 anos, a pessoa está apta para incorporar, para tornar-se médium. Neste meio tempo, nós poderemos identificar qual é o seu guia, o seu preto velho ou caboclo, e comprovar a existência deles, já que eles tiveram uma vida terrena. OT: Qualquer pessoa pode tornar-se pai ou mãede-santo?
Pai Jayme d’Oxaguiã: Para tornar-se pai ou mãe-de-santo, a pessoa precisa fazer uma longa caminhada espiritual. Primeiramente, ela é batizada, depois de 2 ou 3 anos, realiza a sua primeira obrigação, que é tomar obori, e recebe uma guia, que é um fio de contas do pai ou da mãe de cabeça dela. A esse processo acrescenta-se mais 3 a 4 anos, nos quais a pessoa permanece dentro da casa de santo aprendendo com seus orixás e desenvolvendo as obrigações de pai-pequeno ou de mãe-pequena. Depois de mais 4 ou 5 anos, a pessoa faz a sua coroa de babalorixá ou ialorixá. Mas, de fato, é realmente pai ou mãe-de-santo quando começa a ter filhos-de-santo. OT: Hoje, apenas os afro-descendentes participam dos terreiros?
Pai Jayme d’Oxaguiã: Considerando que
o Brasil foi colonizado pelos portugueses e que aqui já havia índios, e que depois vieram os africanos, os holandeses, os espanhóis, os italianos, os alemães etc, a miscigenação fez parte de nossa história e hoje podemos perceber isso claramente nos terreiros. Eu mesmo sou descendente de italianos e de espanhóis, mas meu tataravô era negro. Então, posso dizer que tenho o sangue negro que corre em minhas veias e tenho muito orgulho disso.
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RITOS E VIDA
N
uma bela oportunidade, a Equipe de O TRANSCENDENTE visitou o terreiro Reino de Iemanjá, participou da festa de Oxóssi e conversou com a Mãe Dilma de Iemanjá, mãe-de-santo há 27 anos, e com a Mãe Kátia de Omulu, mãe-de-santo há 21 anos. Ambas são do ritual de Umbanda Almas de Angola. A Equipe foi muito bem recebida e nesta edição apresentamos para vocês trechos desta agradabilíssima conversa.
Rito de passagem para mãe ou pai-de-santo O ritual dá-se em sete dias, nos quais nós ficamos recolhidos, deitamos na esteira, temos um quarto-desanto e cada dia há uma obrigação para fazer, um ritual a ser feito. Por exemplo, na segunda-feira, nós fazemos a obrigação para Exu e para as almas; na terça-feira, são realizados os preceitos, que são rituais, nos quais é feita a troca dos elementos da pessoa e ofertados ao orixá. São feitos vários cruzamentos no corpo da pessoa com um giz branco e a pessoa é ungida com a seiva de certas árvores e com ervas. Assim, ela fica imantada e energizada, maneira com a qual é feita a ligação da pessoa com o orixá. De certa forma, o rito é um segredo e não podemos dar maiores detalhes.
uma troca. Por exemplo: nós fazemos a nossa obrigação para com Exu, o guardião dos caminhos, ofertando-lhe farinha ou farofa, ou ofertamos pipoca ao Obaluaê ou canjica ao Oxalá e, em contrapartida, esperamos receber saúde, emprego, fartura, sucesso etc. A grande maioria dessas oferendas é feita para finalidades positivas. Em nossos terreiros, não admitimos que alguém venha pedir à entidade algo que seja contra a moral ou os bons costumes.
A música e a dança
A música e a dança é o que nos faz entrar em contato com os orixás. Faz parte de nossa espiritualidade. É através dos sons que nós nos concentramos e nos preparamos para o orixá. Do início ao fim da celebração, há cantos específicos para cada momento, que são coordenados pela mãe ou paide-santo. Quando cantamos a Iemanjá, por exemplo, vêm para o centro da roda os médiuns de Iemanjá e fazem a dança para Iemanjá. Portanto, para cada orixá há um canto e uma dança específica.
A hierarquia
Aqui em nosso terreiro, por exemplo, estou eu como mãe-de-santo, depois a Kátia, minha filha carnal e também mãe-de-santo. Katia é babá reforçada de 14 anos, mas já vai completar 21 anos de mãe-de-santo.
Os sacrifícios Os sacrifícios estão presentes, senão em todas, em boa parte das religiões. Na Bíblia, vemos, por exemplo, Abraão, que estava por sacrificar seu filho e oferecê-lo a Deus, quando apareceu um anjo apresentando-lhe um carneiro, fazendo-o mudar de idéia. Então, há séculos existe essa doação que o homem faz ao seu Deus. Para nós, o sangue do sacrifício é como uma troca de energia. Não fazemos os sacrifícios ao acaso, nós o fazemos com muito respeito, com orações etc. Nós não jogamos nada fora, pois todo o alimento é partilhado com a comunidade.
As oferendas
Na maioria das vezes, as pessoas têm uma idéia errônea e preconceituosa, quando vêem alguma oferenda feita na estrada. Às vezes, por exemplo, são oferendas de pessoas doentes que pedem por saúde etc. Podemos dizer que a oferenda, de certa maneira, é
O batismo Nós temos três datas para a realização do batismo. Ele pode ser realizado numa madrugada de sexta para sábado, quando há camarinha; na madrugada de Quinta-feira para a Sexta-feira Santa ou no dia em que a gente comemora e faz a obrigação de Mamãe Oxum, que é realizada sob uma cachoeira, onde é lavada a cabeça do santo. Hoje temos dificuldades em encontrar cachoeiras que tenham as águas limpas e a natureza a sua volta respeitada. Mas, felizmente, graças à colaboração de muitas pessoas, que cuidam da natureza, hoje ainda é possível encontrarmos belas e límpidas cachoeiras, onde podemos realizar os nossos ritos.
As guias Para cada orixá há uma guia e uma cor correspondente. Hoje procuramos fazer as guias usando mais os cristais, porque o cristal emana mais energia, mas há outras que são feitas de pedras ou de cerâmica. Elas servem para a proteção e são preparadas utilizando ervas e de acordo com o orixá de cada um. As guias também servem para diferenciar a graduação de cada pessoa no terreiro. Elas diferenciam uma babá de uma mãe-pequena, ou uma babá de 14 anos de uma babá de 21 anos e assim por diante. Todos os participantes do terreiro usam as guias. Por exemplo, quando a pessoa é batizada, ela já recebe a sua guia branca, que é a guia do anjo de guarda dela.
A pomba-gira
Temos também um filho babalaô reforçado de 14 anos, outros babalaôs, mães-pequenas e as burizadas. Mas para um terreiro funcionar, é preciso apenas um sacerdote, no caso, uma mãe ou um pai-de-santo, uma segunda pessoa que possa desempenhar a sua função em caso de necessidade; o cambono, que é quem entende do orixá, da forma e dos momentos do terreiro e o ogan, o responsável pelo atabaque.
” Letra “Alfa dos gregos
a marca A letra é nagem so er p o d “Zorro”
A morte
A morte é vista como uma passagem. A pessoa deixa a matéria de um lado e vai para o lado espiritual. No outro lado, o espírito também tem as suas obrigações, como nós temos as nossas aqui, de crescer e de evoluir. O caminho espiritual continua sempre, não para.
O
caçador de tesouros está procurando uma riqueza infinitamente mais valiosa que o ouro e a prata. Para descobrir o tesouro, o caçador deve seguir o seu caminho desvendando as pistas, que são letras. Que tesouro é esse de que estamos falando?
Resposta no site: www.otranscendente.com.br amãe”, Está em “m “mão... e a” am “m
A pomba-gira, as ciganas, que pertencem à linhagem de Exu, são espíritos ou entidades que ainda vêm para evoluir. Eles vêm para trabalhar, para fazer caridade. Isso também depende muito de cada médium que incorpora a entidade, porque, ao fazer caridade, ele faz com que ela evolua espiritualmente.
Sem ela, e se escrev ” “sprança
de Letra que po e receber cras al 500 no numer romano
É a nona do ABC
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ATUALIDADES
S
e partirmos das evidências históricopaleontológicas de que a humanidade começou no continente africano e que as práticas religiosas também surgiram lá, podemos afirmar que toda a identidade religiosa, em qualquer parte do mundo, tem suas raízes na África. Logo, essa identidade é, em certa medida, uma religiosidade afrodescendente.
Uma origem em comum Resumidamente, a lógica é a seguinte: a religiosidade teve início na África e de lá foi disseminada para outras partes da Terra. Nesses lugares, as comunidades assentadas criaram suas culturas e também suas identidades religiosas. Mas, devido às influências geográficas e ao paulatino distanciamento histórico, essas identidades foram se particularizando em relação às práticas ancestrais africanas. O Brasil e a África, por exemplo, se identificam culturalmente em vários aspectos, graças ao seu passado histórico duplamente comum: a colonização por países europeus predominantemente cristãos e a própria ancestralidade africana. Apesar disso, é preciso ter muita cautela ao tratar da afro-descendência no Brasil e das similaridades a ela inerentes. No que diz respeito à religiosidade, os ritos sacros que os negros fazem no Brasil só têm alguma ascendência africana, não necessariamente a ancestralidade autenticamente africana. Eles misturam ritos de matriz tradicional africana com os ritos cristãos e de outras religiões praticadas no Brasil. Para complicar, não existe de fato uma identidade religiosa africana única.
As religiosidades africanas sofreram influências Apesar de terem conseguido preservar boa parte de suas tradições culturais e religiosas durante os séculos de dominação colonialista, os africanos não ficaram totalmente imunes à globalização cultural e religiosa que se desenhava havia séculos. O intenso contato social com os colonizadores europeus, a partir do século XV, afetou as tradições culturais e religiosas nativas africanas. Da mesma forma, a convivência voluntária ou forçada com povos islâmicos, a partir do sétimo século, já tinha influenciado a própria natureza das identidades religiosas na África.
Então, muitos escravos trazidos para o Brasil não praticavam necessariamente as religiões tradicionais nativas, mas uma forma contaminada dessa religiosidade, com elementos do cristianismo e/ou do islamismo. No Brasil, com o passar do tempo e com a perda gradativa das referências ancestrais africanas, os negros se viram forçados a aprofundar o sincretismo, uma forma de mestiçagem religiosa muito comum em terras de colonização escravocrata neolatina e de missão, como foi o Brasil.
O Sincretismo religioso Os descendentes de africanos, sobretudo as gerações nascidas no Brasil, habilmente construíram estratégias, criando aparentes sincretismos religiosos entre os deuses africanos e os santos católicos. Nesse sentido, produziram um fator de ajustamento do indivíduo à sociedade. O candomblé baiano, por exemplo, conservou muito do panteão mítico africano. Porém, a forma como existe no país não existe na África. Foi uma religião concebida no novo país. Este é o caráter de vitalidade das religiões, que é viva e passou por um longo processo de aculturação e transformação que, em alguns casos, se converte em ideologia, mas nem sempre (FÁVERO, 2007). Existe outro aspecto a considerar: a forma de aculturação dos negros no continente americano. Comparativamente aos negros nas ex-colônias anglosaxônicas da América do Norte, que perderam quase por completo as referências culturais e religiosas da ancestralidade africana, os negros na América Latina e Caribe, apesar do sincretismo, preservaram algumas referências religiosas africanas.
A religiosidade afro-brasileira Candomblé e Umbanda, as duas “religiões africanas” de alcance nacional, são distintas na origem, mas entrelaçadas no conceito e na invocação à ancestralidade africana. O candomblé, que foi criado por escravos trazidos da região do Golfo da Guiné, principalmente dos atuais Benin e Nigéria, incorporou muitos ritos do cristianismo e do espiritismo. Por volta de 1920, época de efervescência modernista no Brasil, nascia a umbanda, como “dissidência de um kardecismo que rejeitava a presença de
A frase começa aqui.
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guias negros e caboclos, considerados [...] como espíritos inferiores” (PRANDI, 2006, apud BRÜGGER, 2008). Os terreiros foram organizados como uma mescla de práticas religiosas tradicionais africanas, do cristianismo, espiritismo e de cabalas orientais. Iemanjá, por exemplo, surge como uma das figuras emblemáticas desse sincretismo. Entre os praticantes de religiões ditas africanas, Iemanjá é a rainha das águas, mas nada impede que também seja a mãe de Jesus Cristo venerada como Nossa Senhora dos Navegantes; que seja reverenciada ou tolerada por brasileiros praticantes de outras religiões, mesmo entre os evangélicos abertos à diversidade religiosa. Um dos pontos de convergência religiosa acontece na noite do Reveillon: fiéis das mais variadas matrizes religiosas acorrem às praias com oferendas à deusa dos mares à procura de proteção, paz e sucesso no ano vindouro. O branco, cor simbólica da paz no mundo ocidental, colora os fiéis, transitando entre o mundo profano e o religioso.
Respeito e convivência Na Bahia de Todos os Santos, estado sincrético por excelência, as escadarias da igreja do Bonfim são lavadas por mães e pais de santo, após uma celebração religiosa que reúne, pacificamente, diga-se de passagem, católicos e praticantes de religiões de matriz africana. A própria Igreja Católica, trabalha, há anos, pela valorização da negritude em seus ritos e dentro da sua estrutura. Em 1988, a CNBB incentivou a criação da Pastoral Afro, respondendo à demanda de Agentes Pastorais Negros que já atuavam em algumas paróquias e comunidades eclesiais de base, como também incluiu “celebrações afros” nos seus calendários litúrgicos. Os agentes organizam grupos de estudo que abordam a questão dos negros brasileiros do ponto de vista litúrgico, antropológico, histórico, cultural e político. O que existe no Brasil de hoje é, na verdade, uma religiosidade sincrética e mestiça. Ela pode ser percebida tanto nas práticas religiosas cristãs quanto nos terreiros das religiões de matriz africana.
Coloque todas as palavras que estão nos “pilares da ponte” nos seus devidos lugares, formando, assim, uma frase. Converse com os colegas a respeito.
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NOSSO COMPROMISSO
O
Brasil é um mosaico. Porém, essa realidade ainda se constitui num gigantesco desafio. Esta “não conclusão” da nossa Questão nacional faz expressarse pela agudeza das insuficiências, por exemplo, das questões étnico-raciais. assim, a questão racial, como é considerada toda a gama de conflitos e desigualdades por conta de critérios racialmente utilizados para assegurar privilégios ou impor prejuízos, vai se manifestando por todas as vidas dos brasileiros. Estas, desde a mais tenra idade, já convivem com a força explícita ou não desses determinantes.
OS DESAFIOS Para todos aqueles que descendem da África, o convívio com as adversidades diárias, decorrentes da elevada concentração de melanina, configura quase que um calvário. Desde a hora em que a pessoa negra, pela manhã, abre os olhos para o início da sua jornada, já pode perceber as manifestações do racismo. Ao ingressar no ônibus, pode ser que naquele assento ninguém queira lhe fazer companhia; talvez, ainda, no seu próprio carro alguma viatura da polícia lhe pare para pedir seus documentos (apenas para conferir); talvez, ainda, no seu trabalho, onde você ocupa um cargo importante na hierarquia, alguém chegue ao seu setor, com você sentado na cadeira do chefe e lhe perguntem: onde ele se encontra? E ao anoitecer, quando você sai do trabalho e se dirige ao seu espaço de culto espiritual, no seu centro de Umbanda ou barracão de Candomblé, quando as entidades estiverem incorporadas e os filhos de santo estiverem, respeitosamente, concentrados em suas obrigações, talvez irrompa porta a dentro uma guarnição da Polícia Militar armada ameaçando e mandando parar o culto, proibindo o rufar dos tambores. Há uma deliberada ação de muitos grupos de policiais militares e setores governamentais que, sob o manto de conceitos pretensamente ambientais, vêem desfechando pesados golpes contra os praticantes das religiões de matrizes africanas. Deste modo, a liberdade para as práticas dos cultos religiosos, previstas na Constituição Federal, não é reconhecida pelos próprios agentes públicos, na maior parte dos estados da Federação. As religiões organizadas por negros, indígenas e
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espíritas sofrem profundas e vergonhosas perseguições, impedindo ou ameaçando o exercício da fé, conforme assegura a lei maior.
DIREITOS FUNDAMENTAIS Parece ser óbvia a facilidade desses ataques, considerando, principalmente, a origem humilde da maior parte dos praticantes, que não gozam de articulação social e política nas grandes esferas do poder, para que minimamente sejam protegidos das humilhantes intervenções dos policiais. A violência dessas ações, onde a intimidação é o propósito maior, materializa-se pelo uso do armamento pesado e pela forma arrogante de como se dirigem aos sacerdotes dessas religiões. Digo, ainda, que é preciso aprofundar a busca pela instituição da garantia dos direitos constitucionais, com base na Igualdade e Equidade. Por certo, nunca se viu e, tomara que não se veja, um templo católico sendo invadido, ameaçado ou fechado, naqueles períodos consagrados, do dia quando os sinos dobram.
respeito. Logo, a intolerância se estabelece da seguinte forma: vamos acabar com tudo que lhes permite respirar; a começar pelas crenças, com os vínculos com as suas ancestralidades, com a deslegitimação das suas culturas e quem sabe um dia tenhamos Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná “brancos”, de fato. Vale lembrar, para tanto, que foi por intermédio da força das religiões; dos cânticos; dos batuques; do culto à memória dos nossos ancestrais que os descendentes de africanos fizeram o processo de resistência ao holocausto; atravessando oceano e resistindo as relações hostis em terras desconhecidas. Foi assim que se venceu o BANZO; foi assim que não desejamos mais a morte por suicídio. E foi assim, também, que as mães não mais precisaram sacrificar a vida de seus bebês; também foi por esta ordem que conseguimos montar as nossas famílias e, por certo, também foi assim que garantimos o nascimento da Flor na Senzala. Saravá.
Entendendo as expressões: Sabemos que o Estado deve ser laico, entretanto não desconsideramos que os seres humanos que confeccionam as leis, ou que são responsáveis pelo seu zelo, as façam, muitas vezes, fortemente influenciados pelas expressões ideológicas das suas convicções políticas e religiosas. Isto tudo é compreensível, porém o aparelho do Estado não pode impedir as pessoas de usufruírem dos seus direitos mais elementares.
PROCESSO DE RESISTÊNCIA
Por sua vez, nas Unidades Federativas do sul do país, há uma cruel elaboração no imaginário do poder, que se transporta para a vida real. Essa elaboração vem do asseguramento de que os negros e os indígenas não existem, em expressividade, nesses espaços e, por isso, esses que insistem em por aqui viver, não merecem consideração e
Holocausto: Vítimas sacrificadas - abstração da vontade própria para satisfazer a de outrem. Os negros eram sacrificados para satisfazer os caprichos dos senhores brancos. Banzo: Triste, abatido - Nostalgia mortal que atacava os negros escravizados trazidos da África. Flor na Senzala: Verbete que exprime, ao contrário do que muitos pensavam, que também na senzala havia amor, família, esperanças e recordações entre os escravos brasileiros. Livro: Na Senzala Uma Flor (Robert Slenes) . Saravá: Saudação: Salve! Viva! - expressão de influência africana no português do Brasil.
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A AIDS ESTÁ EM TODO O MUNDO!
“O Mundo está perdendo a luta contra a AIDS”, declarou, em 2006, Richard Feachem, diretor do Fundo Global para o Combate da AIDS, Tuberculose e Malária (ONU). “Estamos começando a compreender a magnitude desse horror, mas apenas começando. Temos muito que fazer ainda”, complementou.
REALIDADE ASSUSTADORA Há aproximadamente 33,2 milhões de pessoas no mundo que vivem com HIV/AIDS e o alerta maior se dá para a África do Sul que, segundo estimativas, tem o maior índice de vítimas com 5,3 milhões de portadores do vírus da AIDS entre sua população de 45 milhões. No continente africano, estima-se que, atualmente, cerca de 25 milhões de pessoas sejam portadoras do HIV. Desde o começo desta epidemia, no início dos anos 80, já morreram, na África meridional, 11,5 milhões de pessoas, número quase igual ao da população da cidade de São Paulo. Por décadas, o problema do HIV na África do Sul tem apenas crescido. As estatísticas mostram que quase um terço (29,5%) das mulheres grávidas da África do Sul são soropositivas.
O HIV NÃO ESCOLHE NÍVEIS SOCIAIS
No início de 2005, o filho do líder político Nelson Mandela, de 54 anos, morreu em consequência da doença. Uma das razões para o crescimento do problema tem sido o fato de que a população, que por anos foi marginalizada pelo Apartheid – sistema político que separava a população negra da população branca - só tinha os “Sangomas”, curandeiros para resolver seus problemas de saúde. Antes da queda do Apartheid, os serviços de saúde para a população negra eram limitados, de forma que o HIV se tornou um problema generalizado e a comunidade então procurava os curandeiros que lhe passavam remédios naturais feitos à base de ervas, que não curavam a AIDS em si, mas ajudavam a aliviar os sintomas. Com o fim do Apartheid, abriram-se os hospitais para os negros, mas estes não vieram pelo fato que a elite médica, em sua maioria branca, manteve por anos uma campanha de ataques aos Sangomas, criando assim uma alienação cultural.
TEMAS TRANSVERSAIS
O ESCLARECIMENTO E O DIÁLOGO COMO SOLUÇÃO Para amenizar a situação, a solução foi convidar os Sangomas para um projeto de integração. Aos curandeiros foi confiado o poder de identificar os sintomas da AIDS e encaminhar as pessoas para os hospitais. Foi atribuída ainda a competência de oferecer medicamentos farmacêuticos misturados às ervas que a população já conhecia. Atualmente, após milhares de vidas perdidas, a solução encontrada para amenizar a questão da AIDS na África tem sido a riqueza da linguagem, na qual o diálogo, o respeito à cultura e os recursos modernos se fundem numa luta única contra o grande mal, o HIV. A profissão de curandeiro chegou a ser recentemente regulamentada pelo governo da África do Sul.
CRESCE NÚMERO DE CASOS DE AIDS ENTRE JOVENS NO MUNDO O Relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS chama a atenção para o forte crescimento do número de novas infecções entre jovens. Pessoas entre 15 e 24 anos respondem por 40% dos 4,3 milhões de novas infecções em 2006, ou seja, 1,7 milhão. O mesmo Relatório demonstra o avanço do número de casos e o crescimento das mortes por AIDS. Em 2006, um total de 39,5 milhões de pessoas viviam com HIV/AIDS no mundo. 63% delas viviam na África Subsaariana.
RELATÓRIO MOSTRA AUMENTO DE CASOS DE AIDS ENTRE IDOSOS O Relatório (2006) mostra que houve um aumento na incidência da doença entre os idosos. Na população com 60 anos ou mais, de 1996 a 2005, a taxa (casos por 100 mil habitantes) passou de 5,9 para 8,8 (em homens) e de 1,7 para 4,6 (em mulheres). Segundo especialistas, o comportamento sexual dos idosos mudou muito devido à invenção de medicamentos como o Viagra. Outro fator relevante é que as pessoas que são idosas hoje podem ter se contaminado 10 ou 15 anos atrás, mas o HIV só se manifestou agora.
HIV NO BRASIL
Há 540 mil pessoas infectadas com o vírus da AIDS no Brasil. O Relatório do UNAIDS indica que as pessoas que vivem na pobreza e com baixo índice de educação formal são as mais vulneráveis ao HIV no Brasil. Além disso, aponta que cresce o número de mulheres infectadas no país e as brasileiras entre 25 e 39 anos são as que mais fazem o teste. Nos últimos anos, a epidemia mudou. Há novos grupos que se tornam mais vulneráveis: as mulheres, os negros, os adolescentes e os jovens. Apesar das mazelas deixadas por essa doença ainda tão cheia de preconceitos, no Brasil o acesso universal a medicamentos eficazes fez a AIDS ser considerada uma doença crônica para a maioria dos pacientes, desde que seja feito um acompanhamento médico rigoroso. Já na África do Sul e nos demais países da África, a AIDS ainda é uma sentença de morte para as famílias mais pobres. A LUTA É INTENSIFICADA: A primeira sede da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz - fora do continente brasileiro será inaugurada em Maputo, capital de Moçambique com o objetivo de produzir remédio contra a AIDS.
CONSTRUINDO CONHECIMENTO SOBRE O TEMA
• Além do que o texto apresenta, o que mais você
sabe sobre a AIDS?
• A AIDS é transmitida de diversos modos. Quais são
estas formas de contaminação?
• As campanhas contra a doença nem sempre atingem
a consciência das pessoas. A seu ver, qual seria a campanha ideal para atingir os jovens?
• Crie, juntamente com a sua turma, uma campanha de alerta e conscientização sobre o crescimento do número de jovens contaminados pelo HIV e envie para o Jornal O TRANSCENDENTE a campanha realizada. A melhor idéia será divulgada em nosso site.
África subsaariana Sul do Sudeste Asiático América Latina América do Norte Leste da Europa e Ásia Central Leste da Ásia Oeste da Europa Norte da África e Oriente Médio Caribe Austrália e Nova Zelândia
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ASSINATURAS
O
jornal O Transcendente tem a honra de convidar a todos os alunos e professores para participarem do concurso “Brasil: Terra de todos os povos”. O objetivo desse concurso é promover a criatividade artística e, acima de tudo, demonstrar que a nossa riqueza cultural está na diversidade, na acolhida e no respeito pelo outro, independentemente da cor da pele, raça, credo ou grupo étnico. As escolas têm, dessa forma, a oportunidade de trabalhar de forma criativa e edificante este tema. Além de estimular a habilidade artística e as reflexões
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acerca dessa proposta, todo o material será disponibilizado em nosso site e os melhores serão publicados no jornal O Transcendente. Acreditamos que, de uma forma ou de outra, essa partilha de sentimentos e de percepções nos enriquecerá mutuamente. Trata-se de um espaço aberto para todos. Inclusive muitos já foram contemplados com prêmios e brindes. Você, seus colegas e a sua escola poderão ser contemplados! Envie redações, desenhos, acrósticos, poesias, fotos etc. que abordem a temática: “Brasil: Terra de todos os povos”.
Enviar via e-mail: redacao@otranscendente.com.br / Via Fax: (48) 3222.9967 Jornal Missão Jovem - Cx.: Postal 3211 - CEP 88010-970 - Florianópolis - SC AG U AR DAM O S A S U A PA R T I C I PA Ç Ã O
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SABEDORIA E VIDA
U
m jovem, de nome Makembé, vivia com sua família em uma aldeia do Congo. Um dia, Makembé estava jogando bola sobre a terra árida, quando o grande sábio da vila o chamou: - “Makembé, todas as nossas esperanças repousam em você. Nós estamos em plena seca e todos os habitantes estão desesperados ao verem as suas plantações morrerem. Somente o mais jovem da aldeia poderá fazer cair a chuva e nos salvar da miséria!” - “Eu..., mas por que eu?” Balbucia o jovem. - “Sim, você. Você deve encontrar uma maneira de fazer cair água sobre a nossa aldeia. Essa é a sua missão!” Ainda um pouco desnorteado com a situação, o jovem refletiu: - “Bom, eu vejo apenas uma única solução. Certo dia minha avó falou-me de um arco mágico. Talvez eu possa servir-me dele. Mas onde poderia encontrá-lo?”. A noite toda Makembé procurou por uma resposta. Tudo em vão. Pela manhã, ele foi conversar com sua avó a respeito do arco mágico. Ela respondeu-lhe: - “O arco mágico foi escondido, mas se você responder corretamente a esta questão, eu revelarei seu esconderijo”.
A
migos professores, as paredes também podem falar! Esta coleção de banners apresenta a cultura, os costumes do passado e do presente da mãe África e, em parte, dos afro-brasileiros. Adquira estes banners e exponha-os nas paredes da escola. Assim, través deles, os alunos lembrarão, durante o ano inteiro e de forma interessante da mãe África.
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- “Eu estou lhe escutando vovó!” - “Pois bem. Se em seu caminho você encontrasse um homem e um cavalo machucados, e você poderia apenas cuidar de um deles, qual deles você escolheria? Após muita reflexão, Makembé responde seguro de si: - “O cavalo!” - “Ah, e por quê? - Disse a avó. - “Porque uma vez o cavalo curado, ele poderia transportar mais facilmente o homem ferido e assim chegaríamos o mais rápido possível ao hospital”. - “Parabéns! Você respondeu a questão com muito bom senso. Vou conduzi-lo até o arco”. Makembé acalmou-se e descansou por alguns minutos. Depois pegou o famoso arco que estava escondido e, com todas as suas forças, começou a atirar dezenas de flechas em direção às nuvens. As nuvens, atingidas pelas flechas, começaram a fazer barulho e as suas lágrimas começaram a cair. A chuva foi a maior alegria dos aldeões. Assim, todos aclamaram o jovem herói que, embora sendo ainda pequeno, fez uma grande ação.
Contos africanos: Makembé et l’arc magique Tradução: Sandro Liesch
Os banners são coloridos e feitos com tinta ultravioleta (UV), em lona resistente às intempéries, possibilitando longa durabilidade, mesmo expostos em ambientes externos. Juntamente com a “COLEÇÃO EDUCAÇÃO”, esta série de banners, contribui significativamente para uma aprendizagem mais interessante e eficaz.
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