ANO V - Nº 19 OUT/NOV 2011
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Olá amigos e amigas,
Estamos concluindo mais um ano letivo, por isso, quero agradecer aos milhares de professores que assinam O TRANSCENDENTE e usam este subsídio em suas aulas de Ensino Religioso. Ao longo destes meses, tivemos a oportunidade de criar maravilhosas amizades, recebendo sugestões e contribuições que vieram para acrescentar o trabalho da nossa equipe. Com as religiões Jainismo e Sikhismo completamos o giro pelas religiões que integram as quatro matrizes religiosas. Em breve editaremos um segundo livro didático-pedagógico sobre todas elas. Aguardem!
A busca da divindade que conduz à eternidade Como sabemos, a Índia é um país profundamente religioso. Na verdade, o homem é por sua natureza um ser religioso, portanto, a busca pelo sagrado, pela salvação e verdadeira felicidade faz parte da constituição de cada um de nós. Mesmo aquele que diz não acreditar em nada, em algum momento de sua vida acaba sentindo a necessidade de invocar alguém superior, com poder de transformar as realidades mais profundas. Não importa a divindade a quem se dirige nem a forma da prece, o homem é um ser que reza, acredita e busca a própria salvação. Nem todas as religiões têm o mesmo conceito ou dão o mesmo conteúdo à palavra salvação. Para o Cristianismo, salvação é, após a ressurreição da carne, o encontro com Deus Pai e a conseguinte felicidade eterna – o Paraíso, mas essa felicidade deve ser buscada durante a vida terrena. Para o Budismo e o Hinduísmo, a salvação é romper o ciclo interminável das reencarnações, através de comportamentos adequados durante a reencarnação atual, para se perder no Nirvana - estado de libertação do sofrimento. Como veremos nesta edição, tanto o credo do Sikhismo como do Jainismo procuram libertar os fiéis do ciclo da reencarnação. Isto é o que eles têm em comum, mas são diferentes em outras concepções.
Por um Ensino Religioso que prepara para a vida Através de conteúdos próprios e de uma adequada metodologia, o Ensino Religioso visa proporcionar ao educando o conhecimento dos elementos básicos que o auxiliem na busca de compreensão das razões de ser religioso e das próprias religiões, para que o respeito mútuo e a tolerância religiosa se efetivem nas relações de saber, de crer e de poder. O Ensino Religioso, assim entendido e bem compreendido, tem metodologia e conteúdos próprios. Estes elementos proporcionam uma educação completa e transformadora da realidade de um mundo cada vez mais carente de respeito, de senso crítico e de tolerância. Carente ainda de interesses por questões que encaminhem o sujeito, em fase de preparação para a vida, para a promoção de sua dignidade. O Ensino Religioso é disciplina que conduz o aluno a se perceber como sujeito portador de conhecimento religioso, agente da sua própria história e apto a vivenciar os valores propostos pelas religiões, sem discriminar seus semelhantes por motivo de crença, raça ou cor.
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Ensino Religioso produz conhecimento e práticas de vida Acredito que a escola não deva transmitir crenças ou apenas valores. Também não é aconselhável ao professor fazer proselitismo religioso ou dizer: eu sou católico ou, eu sou evangélico, acredito nisto ou naquilo, isto é melhor, isto é ruim. Através de conhecimentos e atitudes, ela, a escola, deve educar os alunos à religiosidade, ajudá-los a perceberem nas religiões, e mesmo fora delas, o que dá sentido último à vida e motiva o compromisso para a construção da nova sociedade, mais fraterna, humana e solidária. Vamos construir assim, aos poucos, quadros de referência para os ideais de vida dos nossos alunos no atual tsunami de ofertas, para saberem discernir, recusando o que não constrói personalidade e sociedade sadias; a saberem dialogar, criando convicções próprias e respeitando uns aos outros.
O Transcendente caminha com os professores de Ensino Religioso Quero concluir este editorial com as palavras da Profª Lisiane Malheiros Silveira, que nos anima e nos indica que estamos no caminho certo: Sou professora de Ensino Religioso no Ensino Médio, e pesquisadora, há 10 anos, nesta área. Minha escola E.E.E.B. Poncho Verde, Pbi - assina o Jornal desde 2008. Parabenizo ao grupo, pois percebe-se o crescente envolvimento da equipe em trazer à tona o desvelar de todo o mistério que envolve o Ser Transcendente nas mais variadas Tradições Religiosas no mundo. E, também, a evolução do Jornal com subsídios pedagógicos nesta área que ainda é perseguida por tratar das diversas Tradições Religiosas. Deus abençoe a toda a equipe do Jornal O Transcendente e vos ilumine para que possam continuar sendo esse instrumento de paz e de harmonia.
Parabéns!
ossa capa faz alusão às imagens dos místicos Mahavira, fundador do Jainismo e Guru Nanak, fundador do Sikhismo – duas religiões nascidas na Índia em séculos distintos e com doutrinas diferentes, mas, em comum, a busca pelo transcendente, quer seja por mediação divina, quer seja por mediação de seres supremos. Cada místico ostenta o símbolo da sua religião com expressivos significados: O símbolo do Jainismo é uma variação da roda dharmica – roda da lei/doutrina e situa-se no interior de uma mão – símbolo de sabedoria e de ensinamento. O símbolo do Sikhismo é o Kandha – presente na bandeira dos sikhs. Tem como significado a fusão de quatro armas: espada de dois gumes, círculo que representa a perfeição de Deus, e outras duas espadas: pin – o poder espiritual, e min – o poder temporal. As cores efusivas irradiam os tons próprios da cultura indiana.
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cesse o site da webradio Missão Jovem e acompanhe a discussão sobre os conteúdos do jornal O TRANSCENDENTE da edição de Agosto/Setembro de 2011.
www.webradiomissaojovem.com.br Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13 Diretor: Pe. Francisco Gomes - P.I.M.E. Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redatora: Roseli Cassias Diagramação: Fábio Furtado Leite / Juliana Lourenço
Endereço DO JORNAL “O TRANSCENDENTE”: SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão Jovem PARA CORRESPONDÊNCIA: Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SC FONE: (48) 3222.9572 / FAX-automático: (48) 3222.9967
ASSINATURA ANUAL Ano V - Nº 19 - OUTUBRO/NOVEMBRO - 2011
•Individual: •Assinatura Coletiva (no CUPOM da página 11) •Assinatura de apoio: •Internacional:
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R$ 20,00 R$ 35,00 R$ 55,00
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Queridos amigos! Que alegria reencontrar vocês.
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stou na Índia pesquisando sobre o Sikhismo e o Jainismo, religiões professadas neste país que, por sinal, são muito interessantes para nós que vivemos no ocidente, já que elas propõem aos seus adeptos um modo de viver muito diferente do nosso. Para falar sobre elas, apresento o indiano chamado Rakesh - nome que significa “Senhor da Noite”, no sânscrito, que é uma das línguas faladas na Índia. Fala Rakesh! - Olá, amigos do Brasil, é com muita alegria que falo para vocês sobre o Sikhismo e o Jainismo, que são religiões cheias de significados importantes para a elevação espiritual do nosso povo.
O Sikhismo ou Siquismo é uma religião monoteísta – que crê em um só Deus e nos ensinamentos dos dez Gurus. Ela foi fundada no fim do século XV, numa região chamada Pundjab – hoje dividida entre o Paquistão e a Índia, pelo Guru Nanak, que nasceu em 1469 e morreu em 1539. Guru Nanak é o nosso orgulho, ele deixou o legado da religião dos sikhs para os seus sucessores – os Dez Gurus (veja pág. 5)
Como é Deus para os Sikhs
Nosso povo entende que Deus é sem forma, eterno e além de qualquer descrição, sendo impossível captá-lo em toda a sua essência. Cremos que foi Deus quem criou o mundo e os seres humanos e, portanto, deve ser o único centro de devoção e de amor por parte dos homens.
Os Três Pilares do Sikhismo
Como nasceu o Sikhismo
Nossa religião não tem padres ou pastores e seus princípios básicos são: a igualdade, a humildade e o serviço comunitário, fundamentados em Três Pilares de Ação:
Compositor de 974 hinos evocando o nome de Deus, Guru Nanak encontrou alguns poucos elementos dentro da religião hinduísta e islâmico sufista, também professadas na Índia, que justificassem seu modo de crer e manifestar sua fé. Daí nasceu a religião dos sikhs: Sikh significa “disciplina” Sikhs são “discípulos tenazes e fortes”.
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O Livro Sagrado dos Sikhs
Vejam amigos, que interessante: os ensinamentos dos dez Gurus do Sikhismo são encontrados no livro sagrado dos sikhs, conhecido como Guru Granth Sahib que é considerado o décimo primeiro e último Guru, até os dias de hoje.
Partilhar os frutos do trabalho com aqueles que necessitam.
- Guru Nanak uma cozinha ou refeitório comunitário – modelo este que se perpetuou até aos nossos dias. O objetivo desta iniciativa foi promover a fraternidade e a igualdade entre os seres humanos. No langar prepara-se o karah prasad, uma refeição sagrada feita à base de farinha, açúcar e manteiga batida. Uma delícia! Numa cerimônia religiosa de um templo sikh, por exemplo, todos os participantes recebem este alimento, sem distinção de casta, nível econômico ou crenças religiosas. É uma grande alegria estar em fraternidade com todos!
Luta e perseguição
É isto mesmo, um livro sagrado com nome de Guru Granth Sahib, o qual todos os sikhs podem ler, independente da classe social e diferentemente do Hinduísmo em que somente a elite espiritual, dentro do sistema de castas, tem acesso às escrituras.
O espírito comunitário dos Sikhs
Vejam só que legal! Ao contrário do Hinduísmo, no Sikhismo não existe discriminação em relação às castas, prova disto é o fato de o Guru Nanak ter instituído, no seu tempo, o sistema do langar, que é
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Guru Tegh Bahadur, nono guru, foi decapitado; seu filho, Guru Gobing Singh, décimo guru, foi morto por flechada e, dos filhos deste: dois pereceram em batalha contra os mongóis e outros dois, mais novos, foram “emparedados vivos” por se recusarem a abdicar de sua crença. O emparedamento era uma prática de castigo muito utilizada na Idade Média, que consistia em construir em volta da pessoa uma cela sem abertura para deixá-la morrer à mingua, sem ar e sem alimento... Muito triste! Todos foram dignificados por terem perdido suas vidas, mas não sua fé.
Manter Deus presente na mente em todos os momentos.
Alcançar o sustento através da prática de trabalho honesto.
Independência
Os sikhs, por causa do crescimento do seu povo, sempre desejaram constituir uma nação independente, o que gerou contínuos confrontos com o governo. Apesar de, ao longo dos anos, a tensão ter diminuído, ainda hoje nosso povo luta pela conquista de um estado independente.
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Amigos, desta vez apresento a vocês mais um indiano, porém integrante da Religião Jainista, também nascida na Índia. O nome deste amigo é Prakash que quer dizer “filho da luz”. Como podem ver, ele usa um protetor para a boca... Curioso não? Mas ele mesmo nos contará sobre isto: Olá, Prakash, seja bem vindo ao nosso Jornal!
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omo estão vocês, amigos do Brasil? Vamos falar sobre o Jainismo, religião que surgiu entre 599 a. C. a 527 a. C, criada por Mahavira que pertencia à casta dos Xátrias – grupo pertencente a altos postos militares. Mahavira casou e viveu no luxo até 30 anos de idade quando se tornou mendigo e se dedicou ao ascetismo – modo de vida austera em que são refreados os prazeres mundanos. A partir desta vivência, Mahavira recebeu a revelação dos Tirthankaras – seres que conduzem as almas para a liberdade espiritual, através do rio do renascimento ou samsara. No Jainismo não há Deus, portanto, para os jainistas ou jainas, o universo não foi criado por nenhum ser superior e é dividido em cinco mundos. Cada mundo é habitado por seres supremos, os quais são venerados por meio de ritos diários de invocação.
As duas principais seitas jainistas são: Os Digambaras – palavra que significa “veste do céu”. Os adeptos desta seita creem que todas as posses, inclusive roupas, são empecilhos para a libertação. Por isso é muito comum encontrar monges digambaras andando pelas ruas completamente nus - só os homens, pois as mulheres são obrigadas a usar roupas. Eles carregam somente um recipiente com água e um espanador para espantar os insetos do caminho. Neste caso, eles sentem-se livres de culpas por matar seres viventes não infringindo, assim, o fundamento da não-violência. Os monges digambaras não carregam tigela para comida. As mãos são dispostas em concha para receber alimento. Os ensinamentos desta seita ditam que as mulheres são incapazes de atingir a libertação e para alcançar este merecimento, são obrigadas a reencanar como homens.
Seres Supremos
Os jainistas veneram cinco categorias de seres supremos. Os devotos seguem um ritual diário de invocação desses seres, inclinando-se em direção aos quatro pontos cardeais ao fazê-lo.
Arhats
Acharyas
São guias espirituais e formam o terceiro nível dos seres supremos. Cada acharya conduz uma ordem de monges ou monjas.
Também conhecido como tirthankara ou jina (grande mestre), um arhat é o primeiro ser supremo, um mestre que lança os fundamentos para a libertação de outros.
Ciclo da Vida
Os jainistas, assim como os adeptos de outras religiões indianas, acreditam que a alma humana reencarna continuamente, e que a vida que cada pessoa leva afeta a sua reencarnação. É preciso, pois, evitar apegos às coisas do mundo para livrar a alma do carma e atingir a libertação. Acompanhe a sequência do ciclo:
• Jiva: o universo contém um número infinito de almas, ou jivas. Os jivas existem eternamente e não possuem substância material. Seu estado natural é de êxtase e autoconhecimento. Porém, os jivas se associam ao mundo material devido aos efeitos do carma.
• Carma: em decorrência das ações mundanas, uma substância chamada
carma se associa ao jiva, envolvendo-o com um corpo material. O carma atrai a alma para baixo, impossibilitando a libertação e atrapalhando a alma no ciclo da reencarnação.
• Renúncia: para evitar acumulação de carma, é necessário ter uma vida de renúncia, abandonando os hábitos mundanos. Através da disciplina, a alma de uma pessoa pode livrar-se do carma já acumulado.
Ele é o segundo ser Reencarnação: de acordo com o seu supremo, uma espécie carma, uma alma pode reencarnar sob qualquer de santo. Um siddha é forma: humano, animal ou planta. Uma alma só uma alma que alcançou a alcança a libertação ao livrar-se de seu carma. libertação sob a orientação de um mestre, vivendo em Moksha: quando atinge o moksha, ou libertaestado de êxtase no ção, a alma se liberta do carma e do ciclo da reencarnatopo do cosmo. ção, e recupera a leveza natural. Ela flutua no topo do universo, onde permanece em êxtase.
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Monges
O restante dos monges jainistas ocupa o quinto nível dos seres supremos. Para os digambaras, só os homens podem alcançar a libertação.
Durante a invocação dos seres supremos, o jainista inclina-se em direção aos quatro pontos cardeais.
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brancas e recebem três coisas: um cajado, uma tigela para mendigar comida e um espanador de lã. Muitos deles usam uma proteção na boca para evitar ou diminuir os riscos de inspirar insetos ou micróbios. Diferentemente dos digambaras, os shetambaras não acreditam que as mulheres não possam alcançar a libertação e discordam da autoridade da escritura de certos textos, mas, mesmo assim, as duas seitas se fundamentam nas antigas escrituras.
Siddhas
Upadhyayas
O quarto nível dos seres supremos consiste nos upadhyayas, monges instrutores que transmitem seu conhecimento das escrituras a outros monges e monjas.
Os Shetambaras – usam roupas longas
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• Sallekhana: Os fiéis jainistas con-
sideram a morte por inanição a maneira ideal de morrer. Esse suicídio religioso, monitorado por um guia espiritual, comprova o completo desapego dos jainistas às coisas mundanas.
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uando Nanak era ainda adolescente, seu pai lhe deu dinheiro e lhe disse para ir à cidade mais próxima e realizar negócios com esse dinheiro: “Faça o melhor negócio que conseguir”, disselhe o pai. Durante o trajeto para a cidade, Nanak encontrou um grupo de homens que estavam rezando. Eles eram magros e famintos e Nanak acabou descobrindo que não comiam havia uma semana. Nanak, então,
foi ao mercado da cidade e, com o dinheiro recebido, comprou cestos com comida e levou-os para aqueles famintos. Chegando em casa, o pai lhe pediu que mostrasse o bom negócio que havia feito e, vendo que o filho tinha retornado de mãos vazias, ficou enfurecido. Mas Nanak mostrou-lhe que tinha feito o melhor negócio: tinha alimentado os famintos.
“Deus é o verdadeiro Guru”
para encontrar direção, inspiração e conforto nos vários períodos da vida.
“Deus é o verdadeiro guru”, disse Nanak. Ele escreveu hino de louvor a Deus e, por muitos anos, viajou pela Índia e outros países, cantando e ensinando. Aos 50 anos, fundou a cidade de Kartarpur, na região de Punjab. Naquela cidade, muitas pessoas passaram a viver como os sikhs, ou seja, como discípulos do grande guru. Assim, seus discípulos se tornaram conhecidos como povo pertencente à religião sikh. Quando o Guru Nanak tornou-se idoso, os sikhs perguntaram-se: quem seria o guru depois dele? O guru Nanak decidiu, então, escolher um homem chamado Lehna, que o tinha seguido por muitos anos. Lehna era um homem piedoso e não fazia trabalhos desonestos, era uma pessoa humilde e sempre bem humorada. Isto ainda é muito importante para os sikhs: eles fazem tudo para servir aos outros e frequentemente fazem trabalhos muito humildes e até desagradáveis.
O KHALSA Comunidade dos Sikhs
Os dez gurus e o livro sagrado dos sikhs
O Guru Nanak trocou seu nome para Angad, que significa “parte de mim”. Antes de morrer, também o Guru Angad escolheu o seu sucessor. As escolhas continuaram num total de dez gurus humanos. Através deles o Sikhismo desenvolveu-se até conseguir prosseguir sozinho. Gobind Singh, o décimo dos gurus, que morreu em 1708, decidiu não indicar nenhum sucessor humano. Disse que a coleção dos hinos, escritos por seis gurus e mestres muçulmanos
e hinduístas, deveria transformar-se no guru final para as pessoas, o guru supremo, conhecido como Guru Granth Sahib, livro tratado com profundo respeito e que tem um espaço reservado no templo ou em casa. Normalmente é colocado sobre uma estante forrada de couro, feita especialmente para ele. Os sikhistas procuram o Guru Granth Sahib – o livro sagrado,
Em 1699 o Guru Gobind Singh reuniu todos os sikhs e chamou um voluntário disposto a morrer pela sua fé: um homem dispôs-se. O guru o conduziu a uma tenda e reapareceu, momentos depois, com o punhal sujo de sangue. O povo, em atônito silêncio, ouviu o guru pedir novamente outro voluntário e outro homem se dispôs. Assim aconteceu até que cinco homens desapareceram dentro daquela tenda. Finalmente o guru retornou para dentro da tenda e saiu com os cinco homens ainda vivos: tinha colocado-os à prova em relação à força, à fidelidade e à fé em Deus. O guru anunciou então que os cinco corajosos seriam os primeiros membros do Khalsa, ou seja, os sikhs consagrados à defesa da sua religião e com a missão de cuidar das pessoas pobres e dos indefesos de todas as religiões. Hoje, os sikhs decidem o momento em que estão prontos para entrar no Khalsa – a comunidade dos sikhs ou, a ordem Khalsa. Esta entrada se dá por meio de uma iniciação realizada em cerimônia especial. Nela os sikhs recebem o título de amritdhari, que significa “portador do néctar” e novos nomes, passando a usar os chamados Cinco Cás (K) que são símbolos religiosos. Isso requer um grande compromisso e empenho. Muitas vezes, exige uma espera de alguns anos antes que alguém decida assumir essa consagração.
Os cinco símbolos dos sikhs, escolhidos pelo Guru Gobind Singh, definem a uniformidade e a identidade da sua fé. Todos eles iniciam pela letra “K”, conhecidos, portanto, como os “Cinco K”. São eles:
• Kesh: Cabelos e pêlos do corpo nunca cortados – significa que a pessoa está com Deus e aceita a sua vontade. Devem banhar-
se e lavar os cabelos todos os dias. • Kangha: Pente de madeira ou marfim para manter os cabelos limpos e ordenados – significa ordem e disciplina na vida dos portadores. • Kara: Bracelete de ferro para recordar que Deus é uno, sem início nem fim e que o Guru está unido à comunidade sikh e com todas as coisas. • Kirpan: Punhal para defender a fé, os pobres e os indefesos – significa a justiça. • Kaccha: Calças curtas que tornam mais fáceis os movimentos e simbolizam força moral, castidade e também as batalhas travadas pelos guerreiros sikhs. Um sexto “K” é o turbante, que serve para cobrir os cabelos longos, nunca cortados. O Guru Gobind Singh trocou o nome de todos os sikhs para mostrar que eles pertenciam a uma grande família. Os homens deveriam chamar-se Singh (leão) e as mulheres Kaur (princesa). Os sikhs usam ainda hoje estes nomes, junto com o nome da família para evitar confusão.
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Neste mês “O Transcendente” estuda o Jainismo e o Sikhismo, religiões nascidas do Hinduísmo que é a mais antiga religião da Índia. Aqui no Brasil estas religiões são pouco presentes. Mas precisamos conhecê-las para termos uma postura de diálogo e de compreensão para com elas. Por isso apresento alguns pontos que são condições para um diálogo inter-religioso.
Qual a melhor religião?
Interessante este breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o líder budista, Dalai Lama. No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual os dois participavam, Leonardo Boff pergunta: “Santidade, qual é a melhor religião?” Esperava que ele dissesse : “É o budismo tibetano” ou “são as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo.” O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, e afirmou: “A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor”. Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, Boff voltou a perguntar: “O que me faz melhor?” E Dalai Lama respondeu: “Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião”. E Leonardo concluiu: “Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...”
A única saída é o diálogo
Diante do diálogo acima descrito vemos que cada uma das religiões tem a sua verdade. E nós precisamos estar atentos para descobrir essas verdades. O diálogo pela verdade é a saída. No diálogo entre diferentes religiões há uma busca por algo que as identifique, que as una. Mas há os opositores ao diálogo inter-religioso, que são os conservadores e os fundamentalistas. Estes afirmam possuir a verdade, por isso, não aceitam que outros compartilhem com a sua verdade. Para eles não existe nenhuma outra verdade a ser buscada. Diante desta atitude o teólogo espanhol José Maria Mardones reafirma que o diálogo é a única tarefa e um compromisso para o século 21.
Requisito do diálogo
Há alguns requisitos necessários para o diálogo inter-religioso: a pertença a uma comunidade religiosa; a vivência profunda da própria fé; a disposição e a prontidão para ouvir o outro, isto é, não apenas parar de falar, mas um silêncio de escuta para compreender. Com o diálogo pretende-se conhecer mais profundamente o outro, conhecê-lo mais autenticamente, e, ficar feliz por conhecê-lo melhor.
As dez regras do diálogo
Existem regras que são universais que podem nos ajudar no diálogo inter-religioso.
1ª regra: conhecer a outra religião. Eu vou ao encontro do outro para crescer e não para forçar o outro a mudar e acatar minhas ideias.
2ª regra: o diálogo inter-religioso é um projeto de duas mãos, isto é, ele deve acontecer dentro da própria comunidade (religião) e fora dela.
3ª regra: o diálogo requer sinceridade e honestidade total. A falsa aparência aí não tem lugar. 4ª regra: o diálogo exige que eu aceite a sinceridade e a honestidade do outro.
5ª regra: cada participante deve definir-se religiosamente, estar convicto da religião que vive e que professa.
6ª regra: ir ao encontro do outro sem preconceitos. 7ª regra: o diálogo só acontece entre iguais. Ambos devem estar dispostos a aprender.
8ª regra: Só acontece diálogo com mútua confiança. 9ª regra:
O dialogante deve possuir um mínimo de autocrítica com referência a si e à tradição religião que confessa.
10ª regra:
procurar experimentar a religião do outro.
Termino este artigo lembrando um pensamento de Raimundo Panikar. “Para saber o que uma religião ensina, deve-se entender o que ela afirma e acreditar no que ela vive”. E, concluo que um cristão nunca vai entender o Jainismo e o Sikhismo se não acreditar no Jainismo e no Sikhismo!
As diversas fases do diálogo
No diálogo inter-religioso acontecem pelo menos três fases distintas:
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Numa primeira fase nós mudamos as concepções errôneas e passamos a conhecer melhor o outro.
Dividir a turma em 2 grupos. Um grupo apresentará conteúdos sobre Sikhismo (pgs. 3 e 4). O outro grupo apresentará conteúdos sobre Jainismo.
• Numa segunda fase começamos
3 Usando o método ao lado “as diversas fases do diálogo” e “as dez regras do diálogo” acima, os grupos dialogarão sobre os valores e tradições de cada religião.
• Numa última fase procu-
4 Por fim, os grupos farão as considerações sobre os elementos convergentes encontrados nas duas religiões apresentadas.
a discernir os valores da outra tradição e nos apropriamos dos seus valores.
ramos conhecer e entender a verdade do outro.
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“Se eu pudesse, daria um s professores de Ensino Religioso do Brasil globo terrestre a cada criança... falam seu “Ponto de Vista” sobre Se possível, até um globo luminoso, na esperança de alargar ao máximo a visão esta disciplina que muito colabora com a infantil e de ir despertando interesse e amor por formação de vida dos educandos: como ela todos os povos, todas as raças, todas as línguas, D. Hélder Câmara se dá na prática e no dia a dia da sala de aula. todas as religiões!”
Debruçando sobre o planejamento
A cada dia que debruço a preparar aulas para lecionar com alunos de Ensino Fundamental II, é como se eu estivesse caminhando por lugares novos. A cada momento aprendo mais com as tradições religiosas e os ensinamentos de paz, amor e sabedoria que elas transmitem. Quando estou lendo e buscando mais conhecimento é o momento que, de fato, encontro-me com outros mundos, outros universos, encontro com o Transcendente. A experiência do Transcendente me faz meditar e refletir sobre a diversidade cultural e religiosa. Quando estou lendo para preparar as aulas, surge em minha mente uma série de trabalhos e atividades que podem ser desenvolvidas com os alunos. Estas ideias, em meu entendimento, são para o desenvolvimento de trabalhos interessantes e que exploram a criatividade dos adolescentes, seja através da arte, da música, do teatro, dos desenhos, da literatura ou das poesias. Particularmente são atividades que, ao terminar de preparar eu olho, leio e penso que são trabalhos que eu, enquanto aluna, gostaria de desenvolver.(...)
É preciso oferecer aos alunos mais que teoria
(...) Quando trabalhamos valores, mudanças de atitudes e pensamento crítico, no Ensino Religioso, devemos dar oportunidades aos nossos alunos para que possam colocar em prática todo o conhecimento adquirido. Uma visita a um asilo, por exemplo, dá a eles oportunidade de conhecerem a realidade de pessoas que contribuíram com a sociedade e agora se encontram esquecidas, procurando alguém que as ouça. Além de os alunos ouvirem histórias dos idosos, poderão desenvolver atividades para eles, como: cantar músicas da época dos idosos, histórias, teatros, entre outras coisas. Alguns dias atrás conversei com uma coordenadora do Ensino Religioso de uma escola confessional que desenvolve esse tipo de aprendizagem. Ela me relatou que alguns dos alunos iam fora do horário de aula e levavam seus pais junto, até o asilo que haviam visitado, pois haviam criado um laço de amizade com as pessoas que ali viviam. Isso não é maravilhoso? É disso que o mundo está precisando, atitudes, práticas. Estamos assassinando alunos com teorias, quando na realidade o que eles precisam é colocar em prática a teoria que, de tanto que a recebem, estão “vomitando” dentro das salas de aula. Para ilustrar meu posicionamento, faço a seguinte ilustração: Um homem no meio de um lago com dois remos, se ele usar só um remo, irá girar em círculos e não sairá do lugar. Mas se usar os dois remos ele não só vai sair do lugar como também irá a lugares que nunca imaginou ir.(...)
A interdisciplinaridade é algo extraordinário
(...) Dando sequência à minha caminhada para legitimar esta disciplina parti para uma prática mais desafiadora: comecei a trabalhar os textos sagrados de algumas tradições religiosas. E tive como parceiros meus próprios alunos. Lancei a pergunta: “Quem teria outros livros sagrados, além da Bíblia?” E, no final, consegui todos os livros das grandes religiões do mundo. Foi então que vi um trabalho coeso em relação à pluralidade e fenômeno religioso. Cada um teve a oportunidade de mostrar o texto que mais é trabalhado na sua prática de fé. Nessas oportunidades trabalho a ética de cada tradição religiosa, tendo por base o amor e a solidariedade, comum a TODAS. Outro aspecto que não poderia deixar de elencar é a minha prática com meus colegas de outras áreas de conhecimento. A interdisciplinaridade, no nosso trabalho, é algo extraordinário. É importante este exemplo: O 9º ano, baseando-se no livro o Auto da Compadecida, num projeto “Formação de leitores” da disciplina de português, falando sobre os mais diversos horizontes do Nordeste Brasileiro, mostrou suas características através de várias atividades com destaque para a religiosidade popular. (...)
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esde as origens mais primitivas da humanidade, as expressões artísticas fazem parte da história do homem. A arte religiosa, especialmente, é uma forma de comunicação presente em todas as crenças, cultos ou ritos vinculados às divindades, às forças sobrenaturais ou ao além. A arte religiosa sempre foi usada para motivar os fiéis às atitudes de reverência, piedade e conversão – um bom método para promover reflexão e introspecção nos cultos. De um modo amplo, as artes religiosas são manifestadas no campo da exuberante arquitetura exibida em templos, catedrais, sinagogas, mesquitas e em obras
Cultura Indiana
A cultura indiana é constituída por uma das mais antigas e diversificadas civilizações do planeta, composta por três etnias: negros, orientais e brancos. A cultura da Índia, nas artes, destaca-se pela: música, dança e pintura, e também é ricamente manifestada nos campos da literatura, da arquitetura e do cinema. Os principais instrumentos usados para entoar os ritmos indianos são: Tambura – instrumento de cordas Flauta – instrumento de sopro Mrindangam e Tabla – tambores Tala – gongo A dança indiana inclui elementos descritivos, onde são narradas aventuras de deuses e heróis míticos.
Choque cultural
Embora ainda mantenha viva suas características culturais mais primitivas, a Índia possui uma sociedade moderna e contextualizada com o mundo, revelada nos grandes aglomerados urbanos, universidades e um parque industrial muito forte. Diante de tantos contrastes e com o avanço da globalização é inegável que, cada vez mais, a Índia vem sofrendo expressivo choque cultural.
Um forte sentimento nacionalista Cheia de misticismos, com cheiro de incenso a cada esquina e pessoas exóticas caminhando pelas ruas, a Índia soma o tradicional com a modernidade, formando uma identidade única no mundo. Há uma grande diversidade de línguas na Índia e as expressões artísticas variam de estado para estado: culinária, música e dança fazem parte desta grande variedade, uma vez que cada região procura manter viva a memória dos seus ancestrais que viveram diferentes modos culturais em seu espaço e no seu tempo. Os indianos possuem um sentimento nacionalista muito forte e suas raízes familiares são muito solidificadas, o que mantém viva a cultura nacional.
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literalmente faraônicas como as pirâmides do Egito. No campo da iconografia, as artes religiosas se sobressaem por meio de esculturas, pinturas em quadros e afrescos decorativos em paredes, inspirados nos textos sagrados das religiões. Ao longo da história, até hoje, a religião com suas artes, além de evocar a devoção dos seus adeptos é fonte de inspiração para artistas e estudiosos. Um bom aprendizado é conhecer e pesquisar mais sobre as artes e a cultura religiosa da Índia e seus significados – país onde nasceram o Sikhismo e o Jainismo. Vamos conhecê-los melhor?
Casamento infantil faz parte da cultura indiana
Apesar de proibido pela Constituição Nacional de 1949, o casamento com crianças ainda perdura no país por conta de famílias tradicionais que, por medo de verem suas filhas fugirem com qualquer jovem, acabam por “tratar” casamentos para suas rebentas. Quando crescem, as meninas, já casadas na infância, passam a morar com seu marido na casa da família dele. Este tipo de casamento que ocorre entre os hinduístas, jainistas e muçulmanos varia de acordo com a região e com as diferentes castas.
Religião na Índia
As religiões são determinantes nas expressões do povo, constatadas em todas as manifestações da arte entre o povo indiano que, apesar de religiosos, são muito supersticiosos, independente da religião. Ver uma vaca em sonho, por exemplo, não é nada bom, porém, cruzar com uma vaca ao sair de casa é um sinal de bons auspícios. A literatura e a poesia nasceram como mais uma maneira de se conectar com o divino assim como a pintura e a escultura. Muitos quadros contemporâneos que se encontram no Museu de Arte de Nova Delhi, capital da Índia, fazem referência às tradições religiosas e mitos. Entre as principais divindades encontram-se:
Shiva
Vishnu
Ganesha
Brahma
Conhecendo um pouco sobre a Índia podemos constatar a riqueza cultural que existe nesse país desde há muito tempo. Isto significa dizer que podemos conhecer mais e melhor. Por esta razão, convidamos você, caro(a) educador(a), caro(a) aluno(a), a pesquisar mais profundamente sobre a Índia que tanto chama a atenção do mundo atual pelo seu poder político, cultural e como fonte de impressionante expressão do fenômeno religioso.
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Olá pessoal! Nesta edição nosso tema transversal perpassa a ética, a saúde e a pluralidade cultural. Vamos conversar sobre tatuagem, uma moda que tem avançado pelo mundo todo tendo como principais adeptos os adolescentes e os jovens. É muito importante discutirmos este tema em família, dentro da escola e em meio aos amigos pois, embora o ato de fazer uma tatuagem possa parecer uma questão de opção pessoal “e pronto!”, ela pode implicar em questões sociais, emocionais e de saúde, que precisam fazer parte do nosso conhecimento para fundamentarmos opinião sobre o assunto. Vamos saber mais!
O
Tatuagem em rituais religiosos
uso de tatuagens tem sua origem em povos e culturas do passado que tatuavam seus corpos em rituais religiosos. Registros arqueológicos remontam esta prática há 4000 anos a.C., pois, muitas múmias foram encontradas com vários rabiscos pelo rosto e corpo. Os primitivos se tatuavam para retratar fatos da vida como: nascimento, puberdade, reprodução e morte; para relatar fatos da vida social, iniciação para guerreiro, sacerdote ou rei; ao casar-se, celebrar a vida e identificar prisioneiros; pedir proteção ao transcendente e garantir a presença do espírito durante a vida e depois da morte. Muitas pesquisas arqueológicas comprovam que, há quatro milênios, tatuagens foram feitas no Egito e também por nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia, porém, a maior influência de tatuagens veio do oriente, mais precisamente da Índia. Também na Europa, China, Japão e norte da África foram encontradas evidências que, desde os primórdios da humanidade as pessoas ornamentavam a pele com desenhos criados com pigmentos de plantas e minerais injetados com instrumentos pontiagudos de madeira e de osso. Sabe-se que povos próximos ao Oceano Pacífico além dos Mares do Sul também possuíam a tradição da tatuagem. O termo tatuagem, em inglês tattoo, tem sua origem em línguas polinésias “taitianas” (línguas indígenas). Tattoo, por sua vez, tem origem no som “tah-tah”, emitido na execução das tatuagens feitas no passado, quando se utilizavam ossos finos como agulhas e uma espécie de martelinho para introduzir a tinta na pele. O pai da palavra tattoo foi o navegador inglês, capitão James Cook, também descobridor do surf que, no século XVIII, escreveu em seu diário a palavra tattow. Com a circulação dos marinheiros ingleses pelos oceanos, tanto a palavra tattoo quanto a própria tatuagem foram ganhando adeptos em novos territórios. Em 1879, porém, o Governo da Inglaterra deu uma conotação marginalizada a esta prática, ao tatuar criminosos como forma de identificação. Daí, certamente, surgiu no Continente a associação de tatuagem com pessoa fora da lei.
Tatuagem na adolescência
De lá prá cá o tempo passou e a tatuagem persistiu sendo usada, hoje, por pessoas de diferentes culturas e níveis sociais como: forma de expressão artística, identidade sexual, identificação com determinado grupo ou por puro modismo. É aí que mora o perigo pois, reportagens mostram que nem todas as pessoas que tatuam seu corpo são capazes de assumir esta marca para a vida toda. Os maiores adeptos de tatuagem são justamente os adolescentes que, por falta de experiência, tomam esta decisão sem pensar na carreira profissional e nas consequências estéticas que levarão para a vida idosa quando a pele envelhecida muda de forma. Um dos grandes motivos de arrependimentos é, justamente, a falta de maturidade ao fazer uma tatuagem que, muitas vezes é realizada por impulsividade.
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Riscos de contaminação
Apesar de nos dias atuais já existirem recursos para a retirada de tatuagens, ainda assim, elas deixam marcas e a pele afetada nunca mais voltará ao seu estado normal, alertam os especialistas. Podem provocar granulomas e quelóides que são alterações na pele. E mais, a retirada é um processo mais doloroso do que fazer a própria tatuagem. Os médicos alertam ainda para o risco de contaminações pelos instrumentos utilizados no procedimento, incluindo doenças incuráveis e mortais como AIDS e outras que são transmitidas por sangue contaminado, além de reações alérgicas e inflamatórias que podem ser causadas pelas tintas.
Um pouco do que diz a legislação sobre esta prática em menores de idade?
No Brasil, muitos estados e municípios estabelecem artigos de leis que regulamentam e fiscalizam tanto a prática do profissional de tatuagem e local dos procedimentos como também protegem o consumidor por meio de dispositivos que podem ser encontrados em determinados documentos legais:
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Estatuto da Criança e do Adolescente – O ato de tatuar uma criança infringe o ECA em seu Art. 17: “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”
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Código Penal – Isto significa dizer que, se houver denúncia sobre criança tatuada, os responsáveis responderão pelo crime de lesão corporal previsto no Art. 129 do Código Penal: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano (dependendo do grau de ofensa)”.
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Código de Defesa do Consumidor – Lei Federal N° 8.078 – estabelece que um dos direitos básicos do consumidor é a proteção da saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de serviços.
Adolescente da Bélgica mandou tatuar 53 estrelas em seu rosto. Seu pai brigou, ela se arrependeu e o tatuador teve que desembolsar 30 mil reais para pagar uma cirurgia plástica para a remoção das estrelas.
15/08/2011 09:15:31
Lindo! Lindo! É preciso aprender com eles!
Alunos da professora Neusa Galera da Escola Barão Homem de Melo, do município de Alto Alegre, no Rio Grande do Sul, expressam, nas aulas de Ensino Religioso, o que pensam e sentem sobre o Meio Ambiente.
É
Vamos cuidar antes que ela se vá
do conhecimento de todos que depois de muitos anos maltratando a natureza, agora ela vem dar sua resposta e mostrar-nos quão frágil é o ser humano diante de sua grandeza... Muitas gerações vêm poluindo, desmatando, drenando e acabando com o meio em que vivemos. Fizeram e continuaram fazendo coisas sem pensar nas consequências devastadoras. Parece estar tão longe de nossa realidade a escassez da água, mas, ela está aí, apesar de fecharmos nossos olhos diante disso. Há extinção de muitos animais e alguns de nossos filhos ou netos não terão a oportunidade de conhecê-los. E quem é o culpado? O culpado é o ser que se diz racional. Não aja como um “ser humano”, ou melhor, “ser desumano”, aquele que mata, destrói, polui sem pensar no amanhã e não se dá conta que o amanhã está logo ali quando, tsunami, enchentes e deslizamentos ocorrem. Vamos juntos pôr a casa em ordem, essa nossa gigante casa que está pedindo socorro. Não vamos ajudar a terminar com ela. Vamos nos unir e reconstruir o que resta dela!
Alunas: Beatriz, Camila e Carla Morgana
Ninguém manda no mundo!
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ealmente o ser humano precisa aprender que não somos os donos do mundo, devemos fazer mais pelo planeta. Toda ação tem uma reação, então, devemos cuidar do nosso planeta, caso contrário as reações serão catastróficas. O exemplo é a trágica situação dos japoneses. O Japão é conhecido como o país mais atualizado do mundo e Tóquio é dita como a cidade que nunca para! É, mas desta vez parou pela força da natureza. Mais uma prova que não podemos controlá-la, por isso devemos preservá-la. Hoje em dia o homem só pensa em si próprio, não está pensando no futuro de seus filhos e netos. É preciso cuidar não jogando lixo nas ruas, reciclando e, até mesmo, utilizando a sacola retornável para que possamos conseguir diminuir o lixo do planeta. Devemos fazer de tudo para cuidar do nosso planeta e podermos manter nossa consciência tranquila.
Alunos: Cristyan, Ricardo e Darlene
Mudança de comportamento: a hora é agora
A
tualmente o planeta está regredindo cada vez mais, nos aspectos de qualidade de vida, sendo muitos desses danos ocasionados pelos seres humanos, através de atitudes inadequadas. As pessoas se comportam sem pensar nas consequências, sem levar em conta o caos em que o mundo está se transformando com aumento de desastres naturais, como: tempestades, furacões, seca, mudanças climáticas e aquecimento global. Acredita-se que o progresso é necessário, mas, com ele, aumenta o consumo compulsivo de inovações. O lucro descarta empregos e torna o planeta uma máquina de pessoas fascinadas pela modernidade. Todavia os seres humanos estão esquecendo o essencial: o meio em que se vive, será que está sendo preservado para as futuras gerações? Ou estamos sendo egoístas e conquistando bens somente para nosso proveito? Enfim, são urgentes as mudanças no modo de pensar e agir. Vamos inventar soluções que nos ajudem a viver bem sem agredir a natureza para amenizar a dor de muitos seres vivos. Faça sua parte, a hora é agora!
Alunos: Jann Carla, Isabel e Eduardo
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E
O progresso em nossas mãos
mbora a humanidade necessite impiedosamente do meio ambiente para sua sobrevivência, ela ainda não percebeu que está obcecada em destruir e não em renovar. A agressão exagerada e sem limites da fauna e da flora vem gerando graves consequências ao planeta. Em todos os verãos acontecem novas tragédias em diversas partes do mundo. Por causa disso, inúmeras pessoas perdem a vida. As gerações passadas destruíram para o progresso, que era necessário, mas agora é preciso reconstruir para que o progresso possa continuar. Fala-se muito em preservar, mas nada se faz para isso. A natureza é vingativa, e o amanhã é incerto. Não se sabe quando terremotos ou enchentes irão acontecer e destruir casas, vilas e cidades. A solução para estes problemas naturais exige tempo e força de vontade. Deve-se ter a consciência de que os desastres não cessarão se, primeiro, a população mundial não se der conta de que algo precisa ser feito com urgência. Contudo, é de extrema importância saber que, em um mundo tão grande, onde a tecnologia está voltada para o futuro, pequenos atos fazem, sim, “a diferença” e, certamente, geram o progresso de uma nação.
Alunos: Graziela, Leandro, Rodrigo, Anderson
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N
osso concurso 2011, sobre a Diversidade Religiosa está muito concorrido. São inúmeras as escolas que aderiram à nossa proposta e que, durante todo este ano, têm trabalhado com os seus alunos sobre esta temática.
Devido esta expressiva participação e a excelente qualidade dos trabalhos, nossa avaliação exigirá uma atenção especial. As escolas e os alunos contemplados serão comunicados em novembro, via correio, e terão seus nomes publicados em nosso site e na primeira edição de OT 2012. Parabenizamos com muito carinho, os queridos professores e as professoras que, com excelência, estão motivando seus alunos a elaborarem as expressivas produções, tornando possível, assim, o êxito deste concurso que, temos certeza, tem resultado em grande aprendizado sobre a Diversidade Religiosa no mundo.
Alunos: Angélica Lopes de Souza, Jean Carlos da Silva, Cristiane Aline Henz e Alex Henz. 8º ano Escola Estadual de Ensino Médio São Miguel Cruzeiro do Sul - RS
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Alunos: Tatiane da Silva Maciel, Rayane Fernandes Figueiredo, Mariana Cavalcante Fernandes Costa e Rafaela Silva Ribeiro. 9º ano Escola Municipal José Lucas de Figueiredo Paraopeba - MG
Alunos: Gustavo Cambrainha de Albuquerque, Luguy Barbosa de Azevedo e Márcio Filipi dos Santos Lima. 9º ano Colégio Diocesano de Caruaru Caruaru - PE
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Mohandas Karam Ghand Gandhi, conhecido popularmente como Mahatma Gandhi, que significa “grande alma” em sânscrito (língua usada na Índia), nasceu em 1868, na Índia, e morreu assassinado a tiros, no mesmo país, em 1948. Ele foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e expressivo defensor do Satyagraha – “caminho da verdade”, movimento de resistência e não violência. Gandhi foi um dos maiores propagadores de mensagem da paz para a humanidade, e suas sementes de paz ainda se espalham pelo mundo atual.
Se eu pudesse
“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora...
A roupa de Gandhi
O Mahatma Gandhi provou que a “roupa não faz o homem”. Ele só usava uma tanga a fim de se identificar com as massas simples da Índia. Certa vez ele chegou assim vestido numa festa dada pelo governador inglês e os criados não o deixaram entrar. Ele voltou para casa e, por meio de um mensageiro, enviou um pacote ao governador. Dentro do pacote continha um terno. O governador ligou para casa de Gandhi e lhe perguntou o significado do embrulho. O grande homem respondeu: - Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa. Se é a roupa que vale, eu lhe enviei o meu terno ...
Para refletir em grupo: 1. O que faz o verdadeiro homem: a roupa que ele veste ou seu modo de ser? 2. O que se entende por: “Além do pão o trabalho. Além do trabalho, a ação”.
A
Queridos Professores:
Equipe O TRANSCENDENTE já se prepara para as edições do próximo ano, contemplando temas e estudos que fazem parte dos conteúdos propostos para o Ensino Religioso do Brasil, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. A organização do nosso trabalho tem como ponto primordial buscar os fundamentos teóricos das religiões do mundo e, na prática, ouvir os professores do Ensino Religioso de todos os estados do Brasil. Com estes elementos em pauta e, seguindo uma sistemática de trabalho, contemplamos com seriedade as sugestões e contribuições dos professores, os quais são os principais responsáveis pelo surgimento, em 2007, deste subsídio pedagógico para a disciplina do Ensino Religioso e outras disciplinas das ciências humanas. Deste modo, elaborado com as experiências de tantos profissionais da área e por uma equipe pedagógica comprometida com a ética e com constantes pesquisas, seguramente podemos dizer: O TRANSCENDENTE, é a cara do Brasil e das demandas do Ensino Religioso que é proposto para as escolas do país e, você, professor (a) faz parte desta construção. Contamos, ainda, com a sua ativa participação na difusão deste subsídio em meio aos professores da sua escola e da sua comunidade, a fim de que mais profissionais possam ter acesso e utilizar este rico instrumento pedagógico para o Ensino Religioso.
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Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: O de buscar, no interior de si mesmo, a resposta e a força para encontrar a saída.” por Mahatma Gandhi
Metodologia, temas, abordagens e construção de saberes
Estamos compilando um livro didático onde serão abordadas todas as religiões já trabalhadas nas edições de OT, nestes cinco anos de trabalho, que servirá de texto base para estudo e pesquisa dos alunos a fim de enriquecer e complementar as atividades propostas nas edições OT 2012 e nos anos seguintes. Entenda-se que o livro será uma proposta complementar, portanto, não vinculado, compulsoriamente, ao jornal que continuará sendo, por si só, um subsídio completo para o ER. Dentro desta metodologia, o aprendizado será mais dinâmico e interativo, de modo que os alunos, além de aprender, poderão ensinar e vivenciar os conhecimentos adquiridos. A partir de então passarão a processar o saber e a compreender a diversidade da nossa cultura marcada também pela religiosidade. Ao professor(a) caberá trabalhar com competência e muita criatividade para fazer das aulas de Ensino Religioso um espaço de reflexão e construção de conhecimentos para a vida. O Ensino Religioso Cronologia das Grandes Religiões Mosaico religioso: novas religiões, seitas e movimentos O Diálogo inter-religioso e a construção da paz O fenômeno religioso – ritos e espiritualidades Paisagens religiosas Temporalidade Sagrada Universo simbólico religioso: linguagem, gestos e escrita Temas transversais do ER e atualidades Meio Ambiente e sustentabilidade Atividades diversas – projetos - dinâmicas – teatros - concurso
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-Assessoria Pedagógica -
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