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Política
b-rodrigues@outdoorregional.com.br
O Fla-Flu da Cloroquina
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Medicamento divide opiniões e avança em uma seara cada vez mais política no país
Há tempos o Brasil vive uma verdadeira polarização em diversos temas. As discussões que defendem diferentes matizes já tiveram como mote desde o uso de roupas, comportamentos e até locais de frequentação, como os ‘rolezinhos’. Lembra? Pois bem, em quase tudo é possível fabricar visões dicotômicas e extremas.
Polarização
Enquanto os jovens de direita se preocupavam em entender como flutuava o sobe-e-desce da bolsa, o aumento ou redução da taxa Selic, os garotos de esquerda se empoderavam de assuntos culturais como cinema e literatura. Os resultados, que trazem uma enorme contribuição das universidades, não poderiam ser diferentes: há um Fla-Flu específico para cada temática atualmente. Fla-Flu, no caso para quem não é do ambiente esportivo, trata-se de uma tradicional rivalidade entre os times de futebol Flamengo e Fluminense. Pois bem, a bola da vez da enfática polaridade atende pelo nome de cloroquina.
Falta de comprovação científica
O País vive um momento em que muitas pessoas não sabem os nomes dos jogadores da seleção brasileira de futebol, mas sabem os nomes dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde o estouro da Lava Jato, o brasileiro passou a se interessar mais por política. No entanto, isso traz suas consequências e seus teores de exageros. É o caso da cloroquina, um antigo medicamento recrudescido ao mundo pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como opção de tratamento da Covid-19, vírus que paralisou o planeta com a pandemia e suas consequências letais à saúde e à economia. A sugestão seria muito bem-vinda ao planeta não fosse um único probleminha: a falta de comprovação científica. Não bastassem os terraplanistas, os negacionistas do aquecimento global e das vacinas, agora diversos países – especialmente o Brasil – vivem o dilema de ter a prescrição médica liberada para o uso dos suspeitos de Covid-19.
Garoto-propaganda
Com Jair Bolsonaro no comando, o governo federal não só recomenda como protocolou a indicação prévia do uso da cloroquina por meio do Ministério da Saúde. Não obstante a este gesto de formalização, o presidente anunciou ter testado positivo do novo coronavírus e ainda gravou um vídeo tomando cloroquina e incentivando o uso do medicamento, mesmo afirmando não ter nenhum tipo de comprovação. Desta maneira ele chancela-se como garoto-propaganda da cloroquina, angariando cada vez mais adeptos. Se de um lado diversos médicos endossam esta recomendação, outros, seguindo a OMS refutam o uso alegando ter contraindicações graves. O fato é que Fla-Flu se renova. Quem poderia imaginar que, em 2020, o tema seria o uso ou não de um remédio para salvar vidas como opção na penumbra das soluções médicas?