Outros Críticos Convidam [catálogo 2015]

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TORRE MALAKOFF

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Apresentação

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Entre os meses de agosto e novembro de 2015, o festival Outros Críticos Convidam levou à Torre Malakoff, no bairro do Recife, uma série de debates e apresentações musicais que buscaram dialogar diversos temas relacionados à música contemporânea produzida no país. Participaram dos debates os músicos Benjamim Taubkin, Fernando Catatau, Ná Ozzetti, Kiko Dinucci, Romulo Fróes, Juliano Holanda, Ricardo Maia Jr., o professor da UFPE Paulo Marcondes Soares, além dos jornalistas Paulo Marcondes e Marina Suassuna, e do compositor e jornalista Germano Rabello. Após cada debate, o público pôde conferir shows de Ex-Exus (PE), Kalouv (PE), Passo Torto e Ná Ozzetti (SP) e Juliano Holanda (PE).

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Como resultado desses 4 meses de festival, foi produzido um minidocumentário de 17 minutos com o registro dos debates e apresentações, além de depoimentos de Antonio Gutierrez (Festival Rec-beat), Evandro Q (produtor), Alice Coutinho (compositora), entre outros. Muito mais que o registro do festival, a tentativa da edição do minidoc foi o de construir uma narrativa crítica que pudesse pôr em diálogo os diferentes temas abordados em todos os debates. O vídeo é dirigido por Hugo Coutinho (Jacaré Vídeo) e editado por Bersa Mendes. Além desse registro, produzimos um catálogo crítico com textos inéditos de jornalistas e pesquisadores que participaram da mediação dos debates. Esses artigos juntam-se aos áudios dos debates captados durante o festival, às fotografias de Camila van der Linden e a algumas bootlegs ao vivo dos shows realizados. 4


A 2ª edição do festival foi realizada pelo Outros Críticos e pela Sambada Comunicação e Cultura, com incentivo do Funcultura – Governo do Estado de Pernambuco. Recife, 22 de março de 2016.

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Ex-Exus PORQUE SOMOS E NÃO SOMOS TROPICALISTAS . 07 renato Contente . o tropicalismo está presente . 19

Kalouv A música como fetiche . 25 rodrigo édipo . {Imanência}

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Passo Torto e Ná Ozzetti A canção depois do fim . 45 paulo marcondes . Se melhorar, estraga . 56 germano rabello . esse bagúio loko chamado canção . 61

Juliano Holanda Solo, trio e orquestra: a práxis do músico contemporâneo . 65 marina suassuna . Como a indústria se relaciona com a rotina do músico contemporâneo . 77

mini-documentário . 81 6


. edição 01 - Porque somos e não somos tropicalistas

texto 01 . renato Contente . o tropicalismo está presente

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“Eu fico irritado com aquela história 'do ovo ou da galinha?’. Onde é que o Tropicalismo nasceu? Foi em Pernambuco, na Bahia? Pernambuco foi traído. Aquela coisa do rancor pernambucano. Eu não gosto desse papo. Então, vou tentar fazer uma fala que incomode, que seja Tropicalista.” Paulo Marcondes Soares

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Ouvir

debate

no


“Se a gente for fazer esse percurso do mangue, da tropicália e da antropofagia a gente pode chegar a coisas bem anteriores, experiências estéticas, artísticas. Isso é uma coisa contínua da produção cultural e artística.” Ricardo Maia Jr.

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Ouvir

debate

no


. .... .. . .. . ouça “!XÔ!”

Ex-Exus

. . . Ricardo Maia Jr. Amaro Mendonça João Marcelo Ferraz Arthur soares

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O tropicalismo estรก presente Otropicalismoestรกpresente por renato contente

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Ma

turado na segunda metade dos anos 1960, dentro de uma agitação cultural vertiginosa que envolvia diversas linguagens artísticas, o tropicalismo reconfigurava o "orgulho nacional" pregado pela ditadura militar ao friccionar os símbolos hiperbólicos de Brasil exportados ao exterior e as contradições de uma nação marcada por mazelas sociais. Se ganhou corpo a partir de um ponto questionador comum a trabalhos das artes visuais, do teatro e do cinema, foi na música que o “ismo" antropofágico encontrou seu canal de escoamento mais potente.

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A partir dos acordes dissonantes do LP Tropicalia ou Panis et circensis (1968), assim como em cerca de 20 discos assinados pelos artistas participantes do “álbum-manifesto”, o movimento solidificou um ideário imagético, comportamental e musical que continua a impactar não apenas a produção de cultura atual, mas também noções como as de “popstar”, “ídolo” e “juventude”. Como costuma ocorrer a acontecimentos artísticos legitimados pela indústria cultural, o tropicalismo foi revestido de certa aura mítica que, neste caso, o solidificou como a grande - ou ao menos a mais pop - referência de transgressão estética da cultura brasileira contemporânea.


O sociólogo da arte Paulo Marcondes Soares enxerga o tropicalismo como um espaço de experimentações que gerou um campo de tensões capaz de provocar um descentramento potente na cultura. No entanto, acredita que mensurar o seu impacto sobre a produção cultural de hoje é vagar num mar de especulações sem importância. “No meu modo de ver, mais substantivo nesse sentido é procurar entender como e em que condições formas artísticas de descentramento poético podem provocar modos de inovação no cenário mais amplo e multifacetado da cultura e, evidentemente, no mais específico dessa ou daquela expressão artística. Cultura é um fluxo, não se retém numa forma.

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Qualquer tentativa de se imortalizar um tipo de manifestação cultural, seja ela qual for, será a sua morte, sua fetichização”, defendeu o pesquisador. Para o crítico musical Pedro Alexandre Sanches, autor de Tropicalismo – Decadência bonita do samba (2000), o movimento, em sua carga ideológica e musical, é deglutido pelas novas gerações de maneira mais vigorosa hoje do que em décadas anteriores. “É fácil ver em detalhes variados a devoção à Tropicália por parte de artistas novos tão distintos como Mallu Magalhães, Jaloo, Johnny Hooker, Emicida, Criolo, Ava Rocha, Liniker etc. etc. etc. Se o conceito de ‘ídolo’ está falido, tanto para tropicalistas


velhos como para novos, acredito que é na seara do comportamento que o movimento de 50 anos atrás ainda dá as cartas na cultura brasileira”, pontuou. De acordo com Pedro, a devoção aos tropicalistas de primeira hora é inevitável, mas defende uma maior relativização, tanto para os pensadores da cultura, quanto para os artistas novos. “Sempre acreditei que estar consciente das contradições dos nossos mitos é uma forma de amá-los, nunca de desrespeitar seus legados”, opinou o jornalista. Paulo Marcondes chama a atenção para a tragédia anunciada do tropicalismo. Isto é, o fato de os tropicalistas não só terem consciência das contradições do

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movimento - que passou a integrar a cultura de consumo -, como também as terem utilizado como estratégias para friccionar o contexto cultural massificado no qual eles foram absorvidos. “A sociedade brasileira se insere atualmente no contexto global de sociedades capitalistas. Encontramo-nos bem integrados a uma cultura de consumo arregimentada à lógica do espetáculo massivo. Nesse sentido, podemos dizer que o tropicalismo anteviu a tragédia. Ao contrário do que muito se acusava em relação ao tropicalismo, que supostamente teria aderido acriticamente ao mercado, podemos dizer que o movimento foi uma das mais radicais propostas de entrar nas estruturas e,


simbolicamente, explodir com elas naquele contexto. Os versos de Torquato Neto em canções com Caetano Veloso e Gilberto Gil são bem emblemáticos nesse sentido. Assim como a ironia cortante em Tom Zé”, exemplificou. Como Paulo Marcondes ressalta, as tendências pós-tropicalistas coincidem com o período de maior endurecimento do regime militar, implantado em 1964. Depois do AI-5, o chamado “golpe dentro do golpe”, em dezembro de 1968, a repressão cada vez mais violenta do estado demandou novas posturas da contracultura nacional. “Deste ponto, uma aura de marginalismo contracultural passou a exercer o caráter de uma nova

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atitude nesse processo: o super-8, o udigrudi, as publicações de ‘Flor do Mal’, ‘Bondinho’, entre outras, as músicas de Jards Macalé e Waly Salomão para Gal e tantas outras manifestações são emblemáticas desse período de virada para os anos 1970. Talvez nunca, como até então, houvesse tanta propriedade na reivindicação do ‘experimental’ feita por Hélio Oiticica”, situou o docente. “Por outro lado, claro, ao menos na música, surgia uma expansão de mercado sem precedentes na consolidação da produção fonográfica no Brasil – da MPB às tendências mais acentuadas do mainstream, mas, também, do rock e suas produções alternativas. Tudo isso para dizer que, de lá para cá, em


termos específicos do experimentalismo nas artes, muitas são as expressões de radicalidade, inclusive, em procedimentos incorporados ao mercado”, completou. Na perspectiva de Pedro Alexandre, o tropicalismo continua a ser um elemento para se refletir sobre a cultura, a sociedade e a política do país, mas com as devidas contextualizações que a complexidade dos novos tempos exige. Nesse sentido, para o jornalista, a centralidade política do movimento já não existe há bastante tempo, em termos de discussão sobre esquerda, direita e em cima do muro. “A sociedade, por outro

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lado, me parece mais tropicalista do que nunca, no sentido de uma revolução de costumes que está mais que evidente, num levante das chamadas minorias que também não poderia estar mais evidente e potente. É impossível não pensar na trilogia mulher-negro-gay formada por Gal-Gil-Caetano quando a gente vê as passeatas de mulheres pelas ruas, o orgulho negro cada dia mais forte, a expansão do comportamento homossexual assumido e sem vergonha de ser feliz... Nesse sentido, que é o da cultura, o projeto tropicalista demorou, mas venceu”, avaliou.


. edição 02 - A música como fetiche

texto 02 . rodrigo édipo . {Imanência}

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.


“Eu, como músico, sinto uma conexão quase mística. Quando você fala em feitiço. Quando a gente está mais dentro da música é o momento que a gente mais se perde de si. Se mistura no emaranhado de sons e ritmos.” Bruno Saraiva

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Ouvir

debate

no


“Nesse primeiro contato, quando você percebe o feitiço da música, é quando você está procurando a sua identidade. Quando adolescente.” Túlio Albuquerque

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Ouvir

debate

no


“Hoje em dia todo mundo é voltado para consumismo, grana e mercado, e eu acho que a arte em si, vai além disso. Ela é uma união mesmo.” Fernando Catatau

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Ouvir

debate

no


Kalouv

. .... .. . .. . ouça “durango” e “deus é uma viagem”, ao vivo no festival.

. . .

. . .

rennar pires

part. fernando catatau

saulo mesquita bruno saraiva

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basílio queiroz tulio albuquerque


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{

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por Rodrigo édipo

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(...) Por conta desse circo de horror que minha vida se transformou eu decidi escrever esse manifesto cosmopolítico para que as futuras gerações saibam o que os livros de história, a partir das suas ideologias sociais, com certeza não vão contar. Ou vão contar errado.

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.1 (...) Vamos lubrificar nossas máquinas... música é o futuro! Qual é mesmo o nome do instrumento que você criou? O {Imanência} virou uma febre, a solução milenar criada por nossos ancestrais permitia que as árvores reverberassem sons de cura a partir da conexão com outras tecnologias. Após uma necessidade pontual da gestão pública branca, passou a ser controlada pelo poder público (de interesses privados) e virou o mais novo e inovador “patrimônio da cidade”. Ícones foram criados. Assumo que a responsabilidade foi toda minha, por ganância eu aceitei um


contrato milionário, um grande erro. Fiquei famoso. Virei mercadoria. Virei espetáculo. O som que criamos circulou por milhares de telas. Antes fosse nas mãos dos artistas. As telas estavam nos shoppings, nas grandes avenidas, no comércio, no bolso de cada cidadão conectado no wifi. O que era sagrado, virou ilusão e foi profanado em menos de um mês. Foi aí que entendi na prática que o espetáculo é algo grandioso, inacessível e indiscutível. Já não era mais eu ali. Camisas, bottons, espaços vipis. Homens, muitos homens. Escolhi todos a dedo. Minha imagem sempre atrelada aos ratos era o que mais me incomodava, mas era o preço. Inclusive soube hoje que aquela minha estátua matando um roedor gigante foi depredada por jovens da favela. Pois é, a doença da fama me pegou de jeito e — posso garantir — ela é mais

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danosa que a leptospirose. Após morrer e não gostar nem um pouco do que vi do outro lado, resolvi dar um basta. (...) Saiba sempre quem são seus inimigos. Rasguei o contrato com o demônio e passei a ser perseguido noite e dia pelas ruas da cidade. Eu já sabia que meus dias de liberdade estavam contados, mas eu estava me sentindo mais livre do que nunca. Criamos um coletivo indígena ecoanarquista e fomos para o front em busca de uma ecologia libertária através do {Imanência}, uma de nossas missões era levar o som para patamares nunca antes alcançados e, através de uma paisagem sonora mais


silenciosa e conectada com Deus, transformar radicalmente a conexão entre o homem e a natureza. Primeiro foram as árvores, depois os rios e cachoeiras, os humanos vieram logo na sequência. Solucionávamos qualquer tipo de problema, as águas ficaram mais limpas, o ar mais puro, os espaços mais verdes e o respeito às tradições e a identidade dos povos foram fortalecidos. Ouvi dizer até que cegos voltaram a enxergar e cadeirantes voltaram a andar. Disso eu não tenho certeza, mas só sei que de popstar corrupto e sonhador, abracei o banditismo e virei o inimigo público nº1.

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.2 Outra gente. Há 3 anos eu não sei onde estou e a sede é grande. Vivo exilado em uma espécie de sítio, num lugar seco, sem outros humanos por perto e com um chip implantado na sola do meu pé desde o dia que cheguei. Durmo em um colchão que transformei em uma rede e não como há três dias. Eu não sei qual é o plano deles, nem sei mais quem são eles, mas acho que esse é o começo do fim. Desde que me capturaram de forma muito desrespeitosa em meio a um ritual com meu povo, hoje é o dia mais difícil de engolir e está me fazendo lembrar a primeira vez que adentrei naquele maldito gabinete. O sorriso estava estampado no meu rosto e eu realmente


acreditava que minha vida ia dar uma guinada pra melhor. (...) Era tardinha, bati na porta e entrei com a pior das intenções. A cadeira do Prefeito estava vazia, na mesa papéis riscados, canetas espalhadas no chão e marcas pretas de café por todo canto. O cenário era de horror, todas as telas (de diferentes tamanhos) estavam conectadas e exibindo apenas uma única imagem, em preto e branco, de um rato asqueroso e com um sorriso cínico. Cabeças de roedores feitos em cerâmica também faziam a composição do espaço, elas estavam no chão, nas mesas e até penduradas em cordas vindas do teto. Os rastros de barro espatifados em todas as paredes da sala

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denunciavam uma esquizofrenia paranóica que, de certo, tinha acontecido há poucos minutos. Eu entendo, ratos são mesmo mamíferos polêmicos e nunca haverá uma gestão pública que resista sem enlouquecer a uma infestação de roedores por toda a cidade como a que estávamos vivendo. A sensação de pisar descalço numa ninhada de filhotes de ratos enquanto atravessa a principal via da cidade não era muito legal, muito menos ter que usar guarda-chuva, mesmo num Sol de 45 graus, para aparar a queda de ratos vivos do alto dos prédios de 70 andares que, naquela época, continuavam a infestar a cidade. E o rio? A água era de cor preta e tinha virado piscina pros roedores. Para um caburé feito eu, morador do mato, os animais não me assustam muito, até


porque eu sou eles. Mas pro homem branco, esse mesmo que desrespeitou a todos nós, inclusive a ele mesmo, uma invasão roedora como essa era motivo de sobra para um surto psicótico irremediável.

todo mundo é índio, menos os que não são. Ele gargalhou, me deu três tapinhas nas costas e provavelmente não entendeu o recado. (...)

Quer dizer que chegou o feiticeiro que vai me ajudar a resolver os problemas do povo! A arrogância e o cinismo mesmo em uma situação de fragilidade filosófica como essa me deu ânsia de vômito. Enguiei, dei um sorriso e pedi com toda a gentileza que o Sr. Prefeito prestasse atenção no som. Mas antes ele me olhou da cabeça aos pés e perguntou se eu era mesmo índio. O assessor de pele negra e dentes reluzentes baixou os olhos em um lapso de vergonha. Eu respondi sorrindo que no Brasil

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.3 Que música é essa? É baseada no Jongo, uma dança brasileira de origem africana. Gostei da mistura. Vai estourar!


(sorri) Já era noite. Peguei o ônibus e voltei para casa. Não contei a ninguém. O plano parecia mesmo perfeito... Fim

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.. edição 03 - A canção depois do fim

texto 03 . paulo marcondes . Se melhorar, estraga Texto 04 . germano rabello . esse bagúio loko chamado canção

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.


“Eu acho que o único lugar do mundo que talvez se esteja discutindo a morte da canção é no Brasil. Não sei se nos Estados Unidos, na Inglaterra, estão pensando nisso. Isso é interessante, demonstra a importância da canção na cultura brasileira.” Romulo Fróes

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Ouvir

debate

no


“Eu, como intérprete, pra mim não tem o tempo de cada canção. Ou ela vai me dizer, ou não vai me dizer. Então, pode ser uma coisa do século passado, uma canção que vai me tocar. ” Ná Ozzetti

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Ouvir

debate

no


“Se não for o Chico Buarque, se não for o Tom Jobim, eles vão repudiar. Estão parados no tempo. Tem essa expectativa mesmo. Se aparecer um mc Brinquedo, como eles vão lidar? mc Brinquedo é um furacão. Eu vou falar que o cara é inferior ao Tom Jobim? E diferente, só.” Kiko Dinucci

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Ouvir

debate

no


PassoTorto & NáOzzetti

. .... .. . .. .

. . .

ouça os discos “thiago frança”,

ná ozzetti

“passo elétrico” e “passo torto”.

rodrigo campos kiko dinucci

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romulo fróes marcelo cabral


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Se

melhorar,

estraga

Otropicalismoestรกpresente por paulo marcondes

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No

final do mês de outubro aconteceu na Torre Malakov o 3º encontro promovido pela revista Outros Críticos, no Recife. Como de praxe, a noite teria um debate com um tema definido e a apresentação de um grupo, no caso, o Passo Torto ao lado de Ná Ozzetti. O assunto para a discussão era pertinente: “a canção depois do fim”, e isso ergueu um questionamento, afinal de contas, a canção morreu, como interpretaram na famosa entrevista de Chico Buarque para a Folha de S. Paulo? Neste texto pretendo seguir um caminho um pouco diferente do tema, já que para todos os participantes do Outros Críticos convidam, a canção só morrerá quando a humanidade deixar de existir. Kiko Dinucci, guitarrista do Passo Torto, disse uma frase

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muito importante durante a troca de ideias e que serve como norte para este artigo. “Enquanto eles matam a música, nós lançamos 50 discos por ano”, se referindo ao esquisito texto do acadêmico Vladimir Safatle, na Folha de S. Paulo, que falava que o Brasil não produzia nada musicalmente relevante há anos e que de fato, a gente vivia a pior crise da música nacional. Ora, será? O Brasil nunca esteve em um momento tão fértil de sua produção musical como hoje e inúmeros fatores contribuíram para isso, como o maior acesso ao computador, à internet, às redes sociais, a uma produção caseira e com isso, a não depêndencia da grande mídia para a divulgação dos materiais e de uma quantia enorme de dinheiro para a gravação em grandes


estúdios. Hoje, por exemplo, a resenha de um blog feita por um estudante ou desempregado, que não ganha absolutamente nada para escrever, às vezes vale mais para a banda do que o review dos grandes veículos de comunicação e talvez seja nesse ponto que a música esteja morta para essa gente. A informação atualmente está em vários espaços ao mesmo tempo, em inúmeros sites, blogs e principalmente na rua, local em que muitos hoje esquecem de estar. É a frase do Emicida resumindo todo um pensamento: “caminho pelas calçadas, sempre, e nunca te vi”. Ou a do Black Alien “eu tive lá, e não te vi lá”. Enquanto muitos gravam, produzem, compõem e fazem shows, em um momento extremamente efervescente da cena musical brasileira, e isso

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dizendo apenas do meio independente. É claro que hoje as coisas estão dispersas e espalhadas, não existe mais a centralização de nada, afinal de contas, é a internet, é a informação rápida, é uma geração inteira de músicos e artistas que conseguem produzir muito em locais longínquos um do outro, fazendo com que mais pessoas ouçam músicas, cada uma com um gênero específico, em alguns casos; mas por outro lado, isso também cria algo que não existia num passado nem tão recente, que é a comunicação direta entre artista e público. Se alguém duvidar do que digo, sobre estarmos em um momento muito bom para a música nacional, eu desafio para um exercício simples. Abra o Bandcamp e no campo de busca, pesquise por “Brazil”. Coloque para ordenar


pela ordem de lançamento dos discos e vocês verão uma infinidade de materiais que foram disponibilizados na plataforma na últimas semanas, meses, anos e isso apenas os que estão em um site específico, fora Soundcloud, os serviços pagos de streaming e os que lançam no Youtube. O que quero dizer é que uma pesquisa muito preguiçosa e simples, levaria a pessoa a um amontoado de discos e singles nacionais. Arrisco dizer que é impossível não existir sequer uma faixa que seja boa em meio a tanto material, lembrando que o bom ou ruim, quase sempre, é carregado de pessoalidade. Caso queira ver um pouco do que saiu neste ano, proponho outra atividade. Abra o site Hominis Canidae e na barra lateral esquerda, clique em 2015 e veja mais de 340 opções de

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materiais apenas deste ano. Para ilustrar, consigo pensar em alguns discos extremamentes relevantes para o Brasil e lançados apenas no ano de 2015. RÁ!, o segundo álbum do Ogi que mostra um talentoso artista, estudioso da rima e excelente contador de histórias; a vida adolescente gravada dentro de um cômodo de Fábio de Carvalho no disco Tudo em Vão; Trovões a Me Atingir de Jair Naves, um álbum que muda um pouco o rumo da carreira do músico e sugere um respiro no tão maltratado rock nacional; Fortaleza, do Cidadão Instigado, o álbum mais difícil do grupo, mais sério e menos ‘divertido’ que UHUUU!; as músicas de uma das revelações de 2015, o gorduratrans, dupla formada por dois amigos do subúrbio carioca que levam a expressão “rock de


quarto” ao extremo; o canto e o piano de Sofia Freire em seu début, Garimpo, enfim, inúmeros lançamentos que me fazem questionar se de fato nós vivemos o pior momento da música no país e se o Chico Science ou o mundo livre s/a foram os últimos grandes artistas daqui. Desde que o debate da Outros Críticos aconteceu, perguntei-me sobre o fim da música. O da canção, que era o proposto pelo debate de início, acredito que Luiz Tatit define muito bem a situação quando diz em seu artigo “Cancionistas Invisíveis”: “Onde houve língua e vida comunitária, houve canção. Enquanto houver seres falantes, haverá cancionistas convertendo suas falas em canto”. O estado atual da música nacional? Se melhorar, estraga. Nunca tivemos tanto acesso a variadas obras de

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qualidade no país, como se tem agora e nem a quantidade de músicos dispostos a gravarem e se expressarem por meio da música, lançando seus projetos em Bandcamps, Soundclouds, Facebooks e outras tantas ferramentas. A canção não vai acabar. E quando o momento fértil que vivemos no país, no que diz respeito à música, for o fim, por favor, que seja o apocalipse para todo o sempre.


esse bagúio loko chamado canção

por Germano rabello

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O

que você imagina como canção talvez seja diferente do que eu imagino. Talvez por ter tanto a ver com afetividade, com o tempo. Com nossas frequências, a rádio invisível que vibra na cabeça de cada um. Mas estou escutando música. Você também?

Recife, Torre Malakoff, 2015. Rolou um debate bem interessante sobre o tema “A canção depois do fim”, com a presença de Ná Ozzetti, Kiko Dinucci, Rômulo Fróes, mais este que vos escreve e Paulo Marcondes do Alt Newspaper (nós dois como mediadores do debate). Antes, nós mediadores tivemos uma ótima conversa para trocar experiências e perspectivas. Paulo sendo de São Paulo, eu de Recife. Ele acostumado a escutar rap, eu louco por melodia. Mas existem pontos de interseção, em tudo, tons de cor entre as cores (o disco do rapper paulistano Ogi sendo exemplo de exploração 62

melódica dentro do rap). Essa conversa e o debate que se seguiu me fez pensar bastante sobre o que eu reconheço como canção. Uma unidade de significado que envolve a junção de letra, ritmo e melodia, é basicamente assim que eu definiria. Mas penso que, indo além, canção é o que consegue se diferenciar, me alcançar, me tocar, tornar evidente seu significado. Canção é mais (e menos) do que a gravação de uma música: é o que você consegue reter da música no seu cérebro. Dá pra cantarolar tomando banho – metáfora poderosa da intimidade e pessoalidade. Ao mesmo tempo, tô aqui escutando Robertinho do Recife (“Seja o meu céu”) e pensando o quanto esse solo de guitarra parece expandir os limites da canção. Numa gravação, tudo é significado: a voz, os instrumentos, a mixagem. Todos os elementos devem comunicar algo.


O que nos leva às nossas frequências internas. Se um Chico Buarque, com certa lucidez, fala sobre o fim de uma era da canção, ele fala do interno e do externo. Da sua frequência estética: sente que algo gradualmente radical aconteceu. A canção nunca mais foi mais aquela, porque responde intimamente aos tempos em que vive. Se eu, com 35 anos, estranho certas tendências da música atual, que dirá as pessoas da geração de Chico. A discordância é sempre salutar, e a diversidade é linda. Um amigo meu me provocou para um debate. Ele jogou uma música, acho que era do Carcass, algo bem mais pesado do que eu costumo ouvir, metal extremo, e perguntou se aquilo era canção. A resposta sincera: pra mim parecia apenas uma massa sonora indiferenciada. Ouvidos mais treinados conseguiriam perceber nuances. Canção é conseguir perceber essas nuances: se eu não consigo, não preciso dizer categoricamente que aqui63

lo não é canção, e nem me interessa generalizar a esse ponto. Mas é bem honesto afirmar que aquilo não faz sentido pra mim. Como eu falei antes, canção é unidade de significado. Uma parte importante desse debate tem a ver com percepções, é subjetivo. Nem é preciso ser “eclético” a ponto de desrespeitar minha estética, nem é preciso invalidar a tua estética, por outro lado. Há ainda muito a ser experimentado dentro do que é considerado canção tradicional, até mesmo na voz e violão: existe a sua lógica interna, que é infinita e suas estruturas dentro da estrutura, para quem pode ver. Seus mistérios. E existirão outros formatos, se sobrepondo e convivendo (às vezes com algumas rusgas). As tendências mais modernas convivem com tendências retrô e as coisas novas podem surgir de pessoas aparentemente conservadoras. É surpreen-


dente, quando a gente analisa a história da arte, que muita gente criou o novo pensando que estava fazendo o tradicional. E que muita gente surfando as últimas tendências só conseguiu fazer mais do mesmo. Todos nós pertencemos. Tudo é música e tudo é cíclico.

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edição 04 - Solo, trio e orquestra: a práxis do músico contemporâneo

texto 05 . marina suassuna Como a indústria se relaciona com a rotina do músico contemporâneo

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“Os editais, de certa forma, acabaram cumprindo o mesmo papel da gravadora, no fim das contas. Acho que a grande saída é você fazer a sua música independente de qualquer coisa. Criar seu nicho, seu espaço.” Juliano Holanda

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Ouvir

debate

no


“A gente tem que construir coisas no mundo. É a única saída que a gente tem, especialmente no momento em que a gente vive agora. Não temos propostas lindas que batem à nossa porta.” Benjamim Taubkin

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Ouvir

debate

no


. .... .. . .. .

. . .

. . .

ouça “ouriço” e “partilha”,

juliano holanda

part. benjamim taubkin

ao vivo no festival.

walter areia isadora melo tom rocha

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Juliano Holanda


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Como a indústria se relaciona com a rotina do músico contemporâneo por MARINA SUASSUNA

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Na

da soa tão familiar a um músico contemporâneo do que transitar por diferentes práticas no mercado da música, desde a formação em diferentes projetos até a maneira como cada formato influencia na produção e na circulação de cada trabalho. O debate “Solo, trio, orquestra: a práxis do músico contemporâneo”, que encerrou a segunda temporada do festival Outros Críticos Convidam, em novembro de 2015, foi uma oportunidade de compreender o assunto pela perspectiva dos músicos Juliano Holanda (PE) e Benjamim Taubkin (SP). Em suas respectivas trajetórias musicais, ambos vêm exercitando, de maneira criativa, a capacidade de ampliar seu campo de atuação. Para além das experiências pessoais de cada um,

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o encontro suscitou reflexões ainda mais abrangentes, uma delas acerca da configuração que o mercado da música incorporou nos últimos anos e de que maneira ele vem influenciando as novas práticas. A fragmentação do mercado, no qual as gravadoras perderam a influência, estaria, de certa forma, favorecendo um fluxo de produção e circulação mais diversificado? Faz sentido pensar na liberdade do músico contemporâneo como um sintoma do desprendimento em relação à indústria? Sobre isso, Benjamin Taubkin pontuou: "Eu não vejo toda essa liberdade. Grande parte dos artistas estão usando mal o potencial da liberdade que teriam. Hoje em dia, há trabalhos sendo escolhidos por editais em que o artista teria liberdade pra fazer sua criação. Porém, ele chama alguém da indústria ou um selo para dar um aval ao que ele está fazendo. Ele não tem coragem


ou o edital não permite que ele vá até o final do processo. Se pegarmos a música brasileira dos anos 1950 e 1960, talvez existia mais diversidade do que existe hoje. Vejo trabalhos urbanos muito parecidos em termos de procedimentos, sonoridade, poética, ao ponto de não saber diferenciá -los. As pessoas ficaram com receio dessa liberdade. Elas não estão bancando essa liberdade." Se a legitimação da indústria é vista com desconfiança nos dias de hoje, por outro lado, foi graças a ela que a música popular brasileira se consolidou. Também foi a indústria que tornou possível o conceito de disco, se apropriando das transformações das tecnologias de gravação e possibilitando a circulação da música no mundo antes do advento da internet. "Por isso temos tanto fascínio pelo vinil", observa Taubkin.

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Pensar na indústria como algo traiçoeiro se tornou comum nos últimos 30 anos. Foi nesse período, especificamente por volta dos anos 1980, que, na perspectiva do músico paulista, a indústria do disco se tornou um "modelo de como atirar no próprio pé e fracassar, de como ter tudo na mão e jogar tudo fora." Por outro lado, ele ratifica: "Mas nem sempre foi esse fiasco. Havia um espaço de inteligência, nessa indústria, que se perdeu. Já parou pra pensar sobre o milagre que é a musica brasileira? Que outra música popular no século 20 teve tão alta qualidade e foi gravada, registrada e popular? Chico, Caetano e Gil são populares até hoje porque foram artistas da grande indústria. Naquela época, a indústria trabalhou para essa música, fez com o que essa música chegasse às pessoas. De repente, virou isso de 'agora estamos livres'. Tem que ter um pouco de critério, se nao você


se perde." Para Juliano Holanda, nunca existiu uma indústria da música: "O que existe na verdade é uma indústria de produção em série. Uma indústria de produtores. Os editais acabaram cumprindo o mesmo papel das gravadoras. Cria-se essa ilusão. A grande saída é fazer a sua música independente de qualquer coisa, encontrar seu nicho. O edital tem que ser um plus. As pessoas acham que o edital é a única saída. É como o cara que estuda pra concurso, acha que se não fizer concurso, nunca vai arrumar emprego."

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MINI-DOCUMENTÁRIO

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Curadoria e edição do catálogo: Carlos Gomes Coordenação Geral e Produção Executiva: Paloma Granjeiro Assistente de Produção: Renata Farias Direção de Palco: Marcílio Moura Assessoria de imprensa: Corujas Projeto Gráfico: Fernanda Maia Fotografia: Camila van der Linden Direção e edição de vídeo: Hugo Coutinho Câmera: João Tavares Edição e finalização de vídeo: Bersa Mendes Intérprete de Libras: Jaqueline Martins Voluntário: Danilo Galindo Mediadores: Renato Contente, Rodrigo Édipo, Paulo Marcondes, Germano Rabello e Marina Suassuna. Debatedores: Paulo M. Soares, Fernando Catatau e Benjamim Taubkin 82

Agradecimentos: Equipe da Torre Malakoff


Incentivo:

realização:

outros críticos

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