Álbum Brusque 150 Anos

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brusque - 150 anos de história

omo um viajante, o investigador palmilha campos a ele desconhecidos, procura informações, traça um itinerário e, ao encerrar esse percurso, anseia divulgá-lo. Mas esse processo não se faz somente no isolamento do gabinete de trabalho, nas bibliotecas e nos arquivos. Ao contrário, saímos pelo mundo afora, observando as alterações provocadas pelo tempo e pelas pessoas. Este Álbum de Figuras, que ora apresentamos, é fruto de uma saborosa viagem pelas muitas histórias de nossa cidade, realizada através dos jornais antigos, de páginas já amareladas; das fotografias, observadas com encanto e paixão, embora sem descuidar dos detalhes; dos museus visitados e das pessoas às quais pedimos auxílio, buscando histórias, informações e imagens. A cada página o leitor irá se deliciar com figuras cuidadosamente escolhidas e organizadas, de forma que, a cada envelope aberto, encontrará uma surpresa. A cada figura colada, uma satisfação. Parte da história de Brusque passará, literalmente, pelas suas mãos, leitor. Juntamente com cada figura você encontrará referências sobre a imagem apresentada, informações obtidas através de uma pesquisa cuidadosa, que se pautou pela seriedade e qualidade das informações publicadas. Procuramos contemplar vários aspectos da história da cidade, embora sabedores de que compor um álbum de figuras com “toda a história” seria difícil e até impossível, uma vez que a história é produto das interpretações que fazemos do passado. Os temas são muitos e as possibilidades, gigantescas. Fizemos nossas escolhas. Cabe lembrar que o espaço de que dispusemos estava limitado por determinado número de páginas, assim, fizemos nossa seleção diante de uma imensa e incrível quantidade de possibilidades. Fazer chegar às suas mãos este material é, para nós, uma satisfação. Nas próximas páginas você embarcará nas canoas junto com os primeiros imigrantes fazendo uma viagem até os dias atuais. Conhecerá a trágica história dos Xokleng e seus conflitos com os colonizadores brancos; viajará no tempo até a criação da primeira rua da cidade; da fundação do Clube de Atiradores; da criação da Praça Barão von Schneeburg, como também conhecerá muitas alterações pelas quais a cidade de Brusque passou nestes 150 anos de história. Os Jogos Abertos, o Brusquense, o Paysandú e as comemorações do centenário também receberam espaço nestas páginas, assim como tantos outros assuntos. Levaremos você, leitor, a refletir sobre os costumes e práticas que permearam a nossa história. Embarque nessa viagem e faça a sua coleção. Agora, o Álbum está quase pronto, só falta colecionar as figuras. Esse trabalho deixaremos para você. Robson Gallassini

Boa Coleção!


brusque - 150 anos de história

índice

No Brasil Monárquico, uma ideia vitoriosa: a fundação da Colônia Itajahy

04

Acontecimentos que quebraram a rotina da cidade: desfiles e comemorações

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Você sabe quem foi Francisco Carlos de Araújo Brusque?

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Visitantes ilustres: cruzador Karlsruhe e o dirigível Hindenburg

29

Da Europa ao Brasil: conhecendo a rota de imigração

06

Brusque ganha uma praça pública. Conhecendo sua história

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O rio era o caminho... dos imigrantes, do comércio e das cheias

07

Avenida Cônsul Carlos Renaux: entre ruas, avenidas e muitos nomes

31

Os primeiros colonizadores: Pedro Werner, Johann Paul Kellner e Franz Sallenthien

08

Atravessando o Itajaí-Mirim: da barca à Ponte Estaiada Irineu Bornhausen

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Terra à vista: em meio a remos e canoas, chegam os primeiros colonos alemães

09

Conquistando corações e mentes: histórias da imprensa brusquense

33

Abrindo a clareira e levantando a primeira casa: a dura realidade dos colonos

10

Brusque, terra de ilustres músicos e de muita musicalidade

34

Mãos femininas: uma “olhadinha” no cotidiano doméstico colonial

11

Festas carnavalescas: bailes, fantasias, desfiles e escola de samba

35

Conhecendo uma das primeiras ruas de Brusque: a rua das Carreiras

12

Cultura e Esportes: a fundação da primeira sociedade de ginástica

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Colonos bons no gatilho: a fundação da Schützen-Verein Brusque

13

O mundo das vendas, armazéns e das lojas de secos e molhados

37

Xokleng: habitantes da região do Vale do Itajaí e Planalto Catarinense

14

Berço da Fiação Catarinense: o desenvolvimento econômico e o surgimento do setor industrial

38

Colonos versus nativos: entre flechas e espingardas, alguns sobreviventes

15

A primeira usina de energia elétrica: o fim dos lampiões a álcool e a querosene

39

Conhecendo as feras: o fantástico mundo animal da Mata Atlântica

16

As mulheres operárias: do trabalho nas fábricas ao casamento

40

As árvores que os imigrantes encontraram: conhecendo algumas plantas da região

17

Vestidos, saias e paletós: das alfaiatarias à pronta-entrega

41

Hora de ir à escola: os primeiros passos da educação em Brusque

18

Sport Club Brusquense: um dos primeiros times de futebol de Santa Catarina

42

Alunos, muitos alunos… Sala cheia e dois desafios: um era ensinar e outro aprender

19

Clube Atlético Carlos Renaux: “o vovô do futebol catarinense”

43

Tradição e fé: arte, arquitetura e religiosidade ao longo da história

20

Paysandú: a construção de uma história

44

A Igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Brusque

21

Clube Esportivo Paysandú: o ‘verde e branco’ e o nascimento do Brusque Futebol Clube

45

Azambuja: uma história de perseverança e fé

22

Tiro de Guerra 05-005: o braço armado da cidade

46

Dor e esperança: os primeiros hospitais da cidade

23

Brusque comemora 100 anos de fundação: as comemorações do Centenário

47

Casarões e vilas: uma viagem pela história da arquitetura da elite econômica local

24

Primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina: toda grande história tem um começo

48

Vila Operária: moradias padronizadas que viraram memória

25

Fenarreco: a reinvenção da tradição

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Um palacete erguido no centro da cidade. Você sabe quem morava aqui?

26

Brusque completa 150 anos: uma visão panorâmica da cidade

50

Conhecendo os prédios da administração municipal

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Créditos

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Apoio Cultural: Irmãos Fischer.

No Brasil Monárquico, uma ideia vitoriosa:

A fundação da Colônia Itajahy Poucos sabem, mas a bandeira do Brasil monárquico foi criação do famoso pintor francês Jean Baptiste Debret, com a colaboração de José Bonifácio de Andrada e Silva. Era ela que tremulava nos mastros em 1860, quando a Colônia Itajahy foi criada.

A Colônia Itajahy recebeu seus primeiros colonos em 1860. Como diretor foi nomeado o Barão Maximiliano von Schneeburg, que chegou à sede da colônia no dia 4 de agosto com os primeiros 55 imigrantes alemães, ao todo 10 famílias procedentes da Prússia e Hesse. Em 1873, havia em Brusque 2.891 colonos, dos quais 417 eram considerados brasileiros.

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Não se perca. Observe o litoral, suba pelo Itajaí-Açu e adentre pelo Itajaí-Mirim. As partes indicadas pelos números I, II e III formavam a Colônia Itajahy, a parte indicada pelo IV apresenta as terras da Colônia Príncipe D. Pedro. ASAB.

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O Imperador era bom de foto. D. Pedro II sempre foi retratado com pose. Quando a Colônia Itajahy foi fundada, era ele quem governava o Brasil. É isso mesmo, o Brasil era uma monarquia, com direito a coroa, cetro e tudo mais. SGL.

A polêmica a respeito do nome do Barão Maximiliano von Schneeburg – o nome Schneeburg aparece ora acentuado no primeiro e -Schnéeburg-, conforme adota Oswaldo R. Cabral, ou acentuado no segundo e -Schneéburg-, conforme aparece em várias publicações. Outros autores adotam por não utilizar acento nenhum. Conforme apuramos, foi possível identificar que o próprio Barão assinava ora um, ora outro e, sendo muitas vezes, difícil identificar por causa da caligrafia. Segundo as regras gramaticais da escrita alemã, a palavra não leva o acento, o qual, aliás, inexiste nessa língua. O uso do acento pode ter nascido de um aportuguesamento da pronúncia Schneeburg, ficando com um som mais aberto Schneéburg. Cabe ressaltar o significado do termo em alemão: burgo de neve.

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Ingleses e Americanos na área!!! Em 1867 foi fundada a Colônia Príncipe Dom Pedro, que estava situado a 6 km do porto das canoas (sede de Brusque), na rodovia Brusque D. Joaquim, após o morro da Souza Cruz, na confluência do ribeirão Águas Claras com o Itajaí-Mirim. Colonos de diversas nacionalidades, trazidos da América do Norte, ocuparam a região. Este centro de colonização não deu certo devido a falta de organização do Governo. Como consequência, a maioria dos imigrantes seguiu para outras regiões e o território da colônia foi anexado à Colônia Itajahy-Brusque em 6 de dezembro de 1869. No mesmo local, tentou-se a fixação de colonos poloneses, também sem muito êxito. A partir de 1875, o território foi ocupado pelos imigrantes italianos. (CABRAL, p. 253)


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Apoio Cultural: Colégio Energia e Centro Educacional Cultura.

Você sabe quem foi

Francisco Carlos de Araújo Brusque?

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Relógio de corda que pertenceu a Araújo Brusque. ASAB.

Ele era o Presidente da Província de Santa Catarina na época da criação da Colônia Itajahy, em 1860. Segundo consta nos documentos, em um jantar a bordo da Belmonte, ancorada na barra do rio, ocorreu a “cerimônia de batismo da nova colônia”. Na hora do brinde, o Barão pediu licença para denominar a nova colônia de Brusque, o que não foi aceito pelo próprio Francisco C. de Araújo Brusque, mesmo sob a insistência do médico Dr. Joaquim Monteiro Caminhoá. O nome veio em 1890, pelo Governador Lauro Mueller, que trocou o nome do lugar para Brusque. ASAB.

Caneta tinteiro, pote de tinta e demais utensílios utilizados nas atividades diárias junto ao governo de Santa Catarina, como também nos demais cargos que ocupou no Brasil Império. ASAB.

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Família Brusque. Da esquerda para a direita: Heráclito, dentista; José, médico; Francisco, eng. agrônomo; Arthur, farmacêutico; Rafael; no colo está Francisca; sentadas, D. Cecília, filhas Cecília e Eva. Brusque está de pé, à direita. ASAB

11 Este livro de bolso nos dá uma pista sobre Araújo Brusque. Atente para o crucifixo no centro. Viu? É um livro de orações. Homem temente a Deus. Nas páginas vazias tinha o capricho de anotar os nascimentos dos filhos como também os falecimentos, conforme se pode ver no detalhe. ASAB.

Traslado dos restos mortais de Araújo Brusque, sua esposa, filhos e uma escrava alforriada para Brusque, ocorrido em 1998, por iniciativa de Paulo Vendelino Kons. Foram enterrados junto da Casa de Brusque, onde, no local foi construído um monumento. ASAB.


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Apoio Cultural: Confeitaria Wegner.

Da Europa ao Brasil:

conhecendo a rota de imigração

Milhares de imigrantes europeus entraram no Brasil ao longo do século 19. A maioria tentava escapar das precárias condições de vida existentes no país de origem. Imaginem vocês que, no inverno, para enfrentar o frio, em várias regiões da Alemanha, muitas famílias eram obrigadas a roubar lenha para aquecer a casa. Só isso já basta para entendermos a situação em que viviam. O Brasil representava esperança: terra, trabalho e vida nova. Muitos apostaram nela. Para cá vieram alemães, italianos, poloneses, suíços e pessoas de vários outros países.

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O barco que fez o transporte dos imigrantes de Desterro até o porto de Itajaí foi a Belmonte, Canhoneira da Marinha de Guerra do Brasil. Infelizmente não existem imagens desta embarcação, porém encontramos a sua irmã gêmea, a Corveta Parnahyba, mesmo tamanho e modelo. Foi na Belmonte que o Barão von Schneeburg, Araújo Brusque e os primeiros imigrantes chegaram ao porto de Itajaí.

População da Colônia Ano

Católicos Protestantes

Total

1860

-

-

406

1861

-

-

732

1862

552

237

789

1863

668

287

955

1864

811

310

1121

1866

931

402

1333

1868

1015

502

1517

1869

1102

571

1673

1872

1500

666

2166

1873

1509

996

2505

1874

1545

1346

2891

1875

3473

1095

4568

1876

6646

1464

8110

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Olhando para uma mala como esta dá para entender o ditado popular “mala sem alça”. Eram em malas parecidas com esta que os imigrantes traziam os seus poucos pertences.

MADJ

Fonte: CABRAL, p.283.

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Feitos os preparativos de viagem na barra do rio, o Barão von Schneeburg embarcou os imigrantes em canoas rio acima, até um lugar demarcado pelo Eng. Riviere em 1856, onde seria fundada a Colônia. Era então 31 de julho. Levaram 5 dias até chegar ao local, que receberia o nome de “Porto das Canoas”, atual Ponte Estaiada. É provável que as canoas utilizadas fossem iguais ou semelhantes a esta, que data, possivelmente de 1883. Nela era possível acomodar cerca de 8 pessoas mais alguma carga e alimentos. APACL.


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Apoio Cultural: Toalhas Atlântica.

O rio era o caminho...

dos imigrantes, do comércio e das cheias

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A barra do rio era começo e o fim de muitas jornadas. Dali partiram, rio acima, os imigrantes. Ali chegavam os produtos da colônia para serem comercializados. Primeiro foram as madeiras, depois os produtos agrícolas e em seguida os produtos industriais. AHJFS. Ele cobrou seu preço!!! O rio serviu de caminho para os imigrantes e para o comércio dos colonos. Forneceu peixes e prainhas para as tardes de domingo. Mas as enchentes foram constantes, sempre causando danos e prejuízos. Aqui temos uma cheia do Itajaí no começo do século 20. As maiores enchentes registradas foram: 1880, 1911, 1937, 1954, 1961, 1984 e 2008. Mas cabe lembrar que entre essas, diversas outras ocorreram, embora de menores proporções. ASAB.

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Todos os caminhos levam ao porto... A extração de madeira marcou as primeiras décadas da colonização. Formavam-se balsas e, nas cheias, descia-se o rio. Dali as tábuas eram levadas para vários pontos do Brasil e, às vezes, a Europa. FGML.

A enchente de 1880. As águas do rio Itajaí e seus tributários começaram a subir no dia 22 de setembro. No dia seguinte, as águas já alcançavam as janelas das casas. As notícias que chegavam à capital eram desoladoras. Em frente da Vila de Itajaí passavam móveis boiando, madeiras, tetos de palha, cadáveres de animais trazidos pelo rio. Em Brusque, a população se refugiou no morro da igreja, ficando ali por três dias, isolados. Não havia qualquer notícia do interior da colônia. Os navios enviados para Itajaí com víveres não conseguiram aportar no porto, fundeando em Cabeçudas. Para Brusque foram remetidos, numa primeira partida, 50 arrobas de carne seca, 50 sacas de farinha, 8 arrobas de bacalhau, 4 sacas de feijão, açúcar, café... Mas era insuficiente para atender à população. Quando as águas baixaram as vendas foram saqueadas por uma população faminta e desolada. O cenário era de destruição. A plantação e os animais tinham desaparecido... (Cabral, p. 294)

Rio abaixo todo santo ajuda... Com a falta de estradas, o rio era o caminho para o porto. Lanchas de madeira eram utilizadas no transporte de pessoas e mercadorias. Somente em 1875 foi terminada a estrada que fazia a ligação da sede da Colônia à barra do rio, local onde se comercializavam os produtos coloniais. Mesmo assim, não era fácil fazer o trajeto. ASAB.


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Apoio Cultural: FIP.

Os primeiros colonizadores:

Pedro Werner, Johann Paul Kellner e Franz Sallenthien Quando o Barão von Schneeburg e os primeiros colonos chegaram ao local onde seria instalada a Sede da Colônia, encontraram alguns moradores instalados na margem direita do rio. Esses mantinham engenhos de serrar madeira e farinha e foram os primeiros exploradores a se instalarem na região. Porém, os relatos apontam o nome de Vicente Ferreira de Melo como sendo pioneiro, mas, quando da chegada dos imigrantes, não morava mais no lugar. Atualmente, existe uma praça com o nome de Vicente Só, em frente da Sociedade Esportiva Bandeirante, em homenagem a este solitário e primitivo morador. Muitos especulam que Vicente estivesse na área à procura de ouro, mas se ele encontrou algum, não contou para ninguém. ASAB

Número de engenhos de serrar madeira existente nas Colônias Itajahy e Príncipe D. Pedro ANO

Nº DE ENGENHOS

1865

02

1866

03

1868

06

1869

08

1872

18

1885

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1919

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Fonte: LAUTH, Aloisius Carlos. A Colônia Príncipe Dom Pedro: um caso de política Imigratória no Brasil Império. p. 16.

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Pedro Miúdo. Assim era conhecido Pedro José Werner, um dos primeiros colonizadores da região. Quando da chegada dos primeiros imigrantes ele alojou-os em seu engenho de farinha até que fossem derrubadas as matas e construídos os primeiros abrigos. Pedro J. Werner acabou falecendo em 10 de janeiro de 1882 aos sessenta anos. Na foto vê-se sua esposa Catharina Palm, a filha Maria Werner e os fillhos Nicolau e Pedro Werner Filho. ASAB

Em 1852, Franz Sallenthien já se encontrava instalado no bairro Águas Claras com engenho de serra. Emigrara para a Colônia Blumenau em 1850, mas logo se mudou para as margens do Itajaí-Mirim. Além de Franz, na localidade de Pedras Grandes vivia Paul Kellner que também estava explorando a madeira da região. ASAB

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Tela de Frida Germer representando a chegada dos primeiros imigrantes ao engenho da família de Pedro J. Werner, na localidade de Vicente Só (margem direita do rio). Neste local, atualmente se encontra a Praça de mesmo nome, próximo da Sociedade Esportiva Bandeirante. Mais tarde, o Barão von Schneeburg escolheu as colinas da margem esquerda para servir de sede da Colônia Itajahy e mandou abrir a primeira estrada, chamada de “Caminho Novo”. FCB.

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Nesta tela, destacamos a existência de um engenho de farinha, pertencente a Pedro J. Werner. A maior parte das terras de Pedro Werner ficava à direita do rio, indo do atual Maluche até o ribeirão Limeira, no Bairro Santa Terezinha. Tela de Frida Germer - FCB.


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Apoio Cultural: Havan.

Terra à vista!

Entre remos e canoas, chegam os primeiros colonos alemães

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A vida não era fácil naqueles tempos. Vejamos: mata virgem, falta de pontes, total desconhecimento da região por parte dos colonos, falta de estradas, clima subtropical úmido, mosquitos, insetos dos mais variados, cobras venenosas, onças, enfim, um local onde tudo era novo e assustador. Ao mesmo tempo, inspirava sonhos e vontade de prosperar. Os imigrantes, recém-chegados da Europa, tiveram que encarar, logo no primeiro ano na Colônia, duas cheias do rio ItajaíMirim, embora os colonos estivessem protegidos junto aos seus ranchos, localizados nas partes mais altas

Temos aqui o primeiro mapa da Colônia Itajahy. Localize o Itajaí-Mirim, siga rio acima até os primeiros ranchos construídos para abrigar os colonos recémchegados (assinalados no mapa). Observe o “Caminho Novo”, primeira via de comunicação aberta na Colônia. Observe também o caminho construído ao lado do rio, na direção da cidade de Guabiruba (atual rua Hercílio Luz). A cruz indica o local escolhido para a construção do templo católico. Você acaba de chegar à sede da Colônia Itajahy. (Cabral, p.43)

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Registro para a posteridade. Família reunida e fazendo pose, pois fotógrafo não aparecia todos os dias. Temos aqui a família Morsch, que junto com o Barão von Schneeburg, desembarcou na Colônia Itajahy naquele 4 de agosto de 1860. Quantas histórias e aventuras para contar. ASAB. “Jacó Morsch, natural da Prússia, contava com 36 anos quando chegou à Colônia Itajahy junto com a primeira leva de imigrantes e trazia consigo a esposa Cristina Amália Flecker, de 32 anos e os filhos: Francisco (6 anos); Henrique (3 anos); 1 menor, recém-nascido e não batizado. Como profissão consta que era lavrador e professava a fé católica.” (CABRAL, p.307)

Neste desenho, baseado no cotidiano de uma família de colonos, por volta de 1860, é possível perceber as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes. Difíceis tempos aqueles. Sem mercados, farmácias, médicos, estradas e vizinhos próximos, tudo tinha de ser feito pelos integrantes da família. Ilustração Aldo.


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Apoio Cultural: Ótica Moderna.

Abrindo a clareira e levantando a primeira casa:

A dura realidade dos colonos

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Depois de receber o lote, a primeira providência era derrubar a mata. Tarefa difícil e perigosa. Reparem que a mulher está sem calçados para proteger os pés. Haja ânimo!!! Os trabalhos de derrubada da mata exigiam, além de força, ferramentas como machados, facões e foices. AHJFS.

Um belo sobrado no meio da mata. Uma imagem rara das primeiras moradias dos imigrantes. Você já se imaginou morando numa dessas? AHJFS

As técnicas agrícolas e os tipos de cultivo “Os imigrantes tiveram que se adaptar ao novo habitat e a uma nova agricultura. Os colonos em sua maioria vinham completamente iludidos quanto ao tipo de vida que iriam ter no sul do Brasil. A propaganda na Alemanha não lhes dava a mínima informação, informava isto sim, a existência de um verdadeiro paraíso subtropical onde todos seriam proprietários de terras. Os colonos estavam totalmente despreparados para enfrentar um lote totalmente coberto por floresta e isolado em uma ampla área despovoada. Esse despreparo diz respeito a tudo: nada sabiam das técnicas agrícolas adequadas, do equipamento necessário ao desmatamento e plantio, dos tipos de roupas adequados à região ou mesmo da inexistência de animais domésticos. Quando chegavam, recebiam da administração da Colônia um machado, enxada e um facão ou uma foice”. SEYFERTH, Giralda. A colonização alemã no Vale do Itajaí-Mirim: um estudo de desenvolvimento econômico. Porto Alegre/Brusque: ASAB, 1974

38 A construção à esquerda consta como sendo de Wilhelm Thies e a segunda era a sua casa comercial. Aos fundos estava a primeira cervejaria da Colônia, também de propriedade de Thies. Ao fundo, à direita, a torre da Igreja Católica em construção. Aqui, você está na atual rua Rui Barbosa. ASAB.

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A casa está pronta!! Depois de organizar as roças e iniciar a produção, os colonos iniciaram a construção das casas de tijolos. Claro que demorou um pouco e muitos, talvez, morreram sem conquistar este sonho. ASAB.

Força no braço! A produção de tábuas, no começo, era feita assim, no machado. Sem moleza. AHJFS


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Apoio Cultural: Havan.

Mãos femininas:

uma “olhadinha” no cotidiano doméstico colonial

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41 Isto é um elegante tanque de madeira. É isso mesmo, as roupas tinham de ser lavadas à mão. Lavar e passar roupa, com certeza, eram atividades que exigiam fibra. O trabalho era exercido pelas mulheres. MADJ Foto Elton Souza.

40 Padaria era um sonho distante. Pão era de milho e feito no forno a lenha. No cotidiano a mulher exercia papel crucial para a sobrevivência da família. Pai, mãe e filhos, todos juntos na luta pela conquista dos sonhos. AHJFS.

43 Quer tomar café? Primeiro moa os grãos e depois execute a torrefação. Tudo era feito em casa. Como as coisas mudaram! MADJ Foto Elton Souza. Andar na linha não era tarefa fácil. Vejam este ferro de passar aquecido com brasa. Além do peso, era preciso cuidar para não queimar a roupa. Não existia energia elétrica e muito menos máquinas de lavar. MADJ Foto Elton Souza.

42 Crianças, tá na hora de lavar as panelas... Cozinhar era uma tarefa da pesada. Utilizavam-se panelas de ferro para o preparo das refeições diárias, geralmente grandes e pesadas. Lembrando que tudo era feito no fogão a lenha. MADJ Foto Elton Souza.

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Apoio Cultural: Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque.

Conhecendo uma das primeiras ruas de Brusque:

a rua das carreiras Nesta rua ficava o Barracão de Imigrantes, responsável por alojar os recémchegados. Ali foi criada a primeira Sociedade de Atiradores, como também a primeira Cadeia da Colônia. Nas Carreiras, eram realizadas as Corridas de Cavalos, daí o nome. O Tiro de Guerra fora instalado, em 1917, nas dependências do Clube de Atiradores, que cedeu sua sede e seu estande de tiro para uso da nova unidade. Tudo isso fazia parte do cotidiano da rua das Carreiras.

Esta é uma das notícias mais antigas acerca das corridas de cavalos em Brusque. Jornal Novidades 1906. ASAB

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Se você seguir por este caminho, chegará a Guabiruba. Ao lado direito pode-se ver, parcialmente, a Sociedade de Atiradores. Não tenha dúvidas, você está nas “Carreiras”. Telo Graf/Internet.

Uma sobrevivente das Carreiras!!! Esta casa pertence aos primeiros anos do século 20 e ainda está de pé. Raridade nos dias de hoje. JMDD - Projeto Identidade.

Vista panorâmica da rua das Carreiras, atual Hercílio Luz. Ao fundo, à esquerda, está a Sociedade Esportiva Bandeirante, cuja sede fora inaugurada em 5 de junho de 1921. Na sequência temos a Indústria Schlösser, com destaque para a chaminé e demais construções. APFAG.

Flagrante de uma enchente na antiga rua das Carreiras. As águas do Itajaí-Mirim fazem parte da história da cidade. Desde os primeiros anos de colonização as enchentes causaram danos e prejuízos à comunidade. ASAB.

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Apoio Cultural: Raff Comunicação.

Colonos bom no gatilho:

a fundação da Schützen-Verein Brusque

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Em todas as regiões nas quais os alemães se estabeleceram em maior número, foi fundada uma Sociedade de Caça e Tiro. Essas sociedades serviam como espaços para a conservação da cultura alemã. O Clube de Caça e Tiro de Brusque foi fundado em 14 de julho de 1866, chamando-se, na época, de “Schützen-Verein Brusque”.

“Schützen-Verein Brusque” no início do século 20. Os sócios participavam da Schützenfest uniformizados e ostentando as medalhas obtidas nas competições de tiro. Era a maior festa do município. “A festa era o local onde os colonos viam seus companheiros, seus parentes e até seus vizinhos de picada”. Durava três dias e coincidia com a festa de Páscoa, fato que reunia grande público. ASAB.

54 Clube de Atiradores em dia de evento cívico. Cabe lembrar que o SchützenVerein Brusque é o mais antigo em atividade no país. Telo Graf/Internet.

53 Homens e bigodes. Ostentar um farto bigode era significado de respeito, coisa de adulto. Vemos aqui os sócios efetivos do “Schützen-Verein” em uniforme de gala, em 1912. Os uniformes, assim como a bandeira da sociedade, eram confeccionados na Alemanha e ostentados com orgulho. Ter um desses era sinônimo de status. ASAB.

55 Tinha de ser bom de mira para ganhar o prêmio de Rei do Tiro, uma honraria para poucos. Esta medalha, que comemora os 25 anos de fundação da sociedade, foi conferida a Mathias Moritz, Rei do Tiro de 1891. ASAB.

Este é um dos alvos utilizados nas competições de Rei do Cervo. Movimentado sob trilhos, este alvo deslocava-se no fundo do estande de tiro, tendo o atirador que efetuar os disparos a uma distância de 50 metros e sem apoio. As festas eram encerradas com grande baile festivo nos salões da Sociedade. Segundo consta, Fritz Klappoth foi quem mais conquistou o prêmio de Rei do Cervo, seis vezes. Ele era mesmo bom de gatilho.

Outras Sociedades de Atiradores Sociedade Atiradores de Guabiruba: fundada a 18 de janeiro de 1831. Em 31 de outubro de 1947 passou a chamar-se Sociedade Recreativa Guabirubense, não praticando mais as competições de Tiro ao Alvo. Sociedade de Atiradores Limeirense: fundada a 29 de agosto de 1926, com sede no bairro Limeira. Sua sede social era no salão Joanin Cervi. Encerrou suas atividades em 1940. Sociedade de Caça e Tiro Ypiranga: fundada em 8 março de 1930.


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Apoio Cultural: Samae.

Xokleng:

habitantes da região do Vale do Itajaí e Planalto Catarinense Durante séculos, os índios Xokleng dominaram as florestas que cobriam as encostas das montanhas, os vales litorâneos e as bordas do planalto no sul do Brasil. Eram nômades e viviam da caça, da pesca e da coleta. Caçavam diferentes tipos de animais e coletavam mel, frutos e raízes silvestres. Tinham o pinhão como um dos principais recursos alimentares. Com a chegada dos imigrantes no século XIX, seu território foi sendo invadido e tiveram que se defender. Depois de anos de conflitos, aqueles que sobreviveram foram colocados, a partir de 1914, no Posto Indígena Duque de Caxias, em Ibirama, administrado por Eduardo de Lima e Silva Hoerhann.

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Os Xokleng eram conhecidos, entre outros nomes, por Botocudos, devido ao uso do Tembetá, adorno utilizado pelos homens no lábio inferior. Este era introduzido quando ainda criança durante a realização de rituais marcados por cantos, danças e bebidas, embora sem anestesia. A imagem retrata o Cacique “Câmrém” feito pelo pintor alemão F. Becker. Sílvio Coelho dos Santos, p.61.

Com a derrubada das florestas e a expansão da colonização, os nativos se viram obrigados a atacar os rebanhos introduzidos pelos imigrantes para a obtenção de carne, muitas vezes. Temos aqui os Xokleng abatendo um boi no Posto Indígena Duque de Caxias. AHJFS..

Navegar é preciso. A canoa feita de um único tronco de árvore servia para aproveitar os caminhos oferecidos pelos rios. Aprendia-se desde criança os costumes e práticas da tribo. AHJFS.

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De cultura nômade, os Xokleng tinham técnicas desenvolvidas para este estilo de vida. Suas moradias eram feitas para uso temporário, pois logo mudavam de lugar. Esta é uma típica choupana construída pelos nativos durante suas andanças pela floresta. Rancho original dos Botocudos no Posto Indígena Duque de Caxias, Ibirama. AHJFS.

Como dependiam da caça para a obtenção de carne, os Xokleng dominavam o uso do arco e de várias técnicas para abater os animais. A confecção do arco e suas flechas era conhecimento básico para um integrante do grupo. Estima-se que esta fotografia tenha sido tirada por volta de 1907, em um estúdio em Blumenau, Brusque ou Itajaí. APACL.


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Apoio Cultural: Unimed Brusque.

Colonos versus nativos:

entre flechas e espingardas, alguns sobreviventes

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Turmas de bugreiros eram formadas, em regra, de 8 a 15 homens. Atacavam os índios em seus acampamentos, de surpresa. O mais conhecido bugreiro em Santa Catarina foi Martinho Marcelino de Jesus, conhecido como Martinho Bugreiro. Este “caçador de gente” esteve a serviço das Colônias no processo de expulsão e extermínio dos índios da região.FGML.

Martinho Marcelino de Jesus nasceu em Bom Retiro, Santa Catarina, por volta de 1876, falecendo no ano de 1936. APACL.

Personagem conhecido na história local, João Indaiá Schaefer foi capturado em 1905, quando bugreiros contratados pelo Superintendente do Município, Vicente Schaefer, e liderados por Martinho Bugreiro, atacaram sua tribo, na região do Ribeirão do Ouro. Foi adotado pelo próprio Schaefer. João cresceu no mundo dos brancos, foi integrante do Coral São Luís e jogador do Sport Club Brusquense. Nas comemorações do Centenário de Brusque, João Indaiá Schaefer desfilou em um Carro Alegórico representando os Xokleng. Faleceu em 7 de maio de 1961. Telo Graf/Internet.

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João Indaiá Schaefer no desfile do Centenário de Brusque, em 1960. ASAB.

João I. Schaefer morava no local onde atualmente existe uma praça com seu nome, no bairro Santa Terezinha. Na foto à direita, pode-se vê-lo no coral, assim como também podemos encontrá-lo, ainda na juventude, no “Brusquense”, na imagem à esquerda. ASAB.

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Apoio Cultural: CCAA.

Conhecendo as feras:

o fantástico mundo animal da mata atlântica A floresta de Mata Atlântica abriga a maior diversidade de espécimes animais e vegetais do planeta, embora, atualmente, exista somente de 5 a 7 por cento das matas originais. É no interior dessa floresta que vivem centenas de espécimes animais, muitos dos quais são raros nos dias atuais. Destacamos seis animais para você.

66 Com cara de gatinho querido... Não se engane, é uma jaguatirica, felino carnívoro de pouco mais de um metro de comprimento, contando a cauda. Vive nas matas de nossa região embora raramente seja visto. Internet.

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Maior mamífero do Brasil, esta é a anta. Com 1,2 metro de altura e 2,2 metros de comprimento (a fêmea), esse mamífero, parente distante do elefante, chega a pesar 250 quilos. Animal caçado pelos Xokleng, como também pelos colonos, pela quantidade e qualidade de sua carne. JMDD Projeto Identidade.

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Brusque ganha ave símbolo. Escolhida através de votação popular a Saíra militar foi eleita ave símbolo do município. Conhecida por soldadinho, saíra-defogo e verdelim, esta ave tem um desenho único. Para começar, apresenta uma faixa vermelho-vivo ao redor do pescoço, que lhe confere outro nome frequente: saíra-de-lenço. Nas fêmeas, a diferença é que a faixa vermelha é mais apagada (quase de uma cor canela). O tamanho médio da saíra-militar é de 13,5 centímetros. O Projeto de Lei 94/2009, de autoria do vereador Alessandro Simas, votado no dia 9 de dezembro de 2009, consolidou a escolha. Internet.

Esta é a jacutinga, uma das aves mais impressionantes da Floresta Atlântica. Nos tempos em que as caçadas eram comuns, na região do Vale do Itajaí-Mirim, ela foi alvo de muitos tiros. Hoje, corre o risco de extinção. JMDD - Projeto Identidade.

70 Fofinho, não? Esquece! Quando se sente ameaçado, o tamanduámirim se levanta, abrindo os “braços” e ao ser atacado se abraça com o atacante até a morte ou até conseguir se libertar. Internet.

Imagine dar de cara com uma dessas? Esta é a jararacuçu, cobra venenosa, da família das víboras, que pode chegar a 2 metros de comprimento e é encontrada em nossas matas. Essa espécie apresenta fêmeas maiores do que os machos e diferentes na coloração. Ele é cinza e ela amarelada. Zoobotânico. Foto Edu Gevaerd.

Na língua tupi-guarani, “jarara” significa o bote da cobra e “uçu” significa grande ou longo. Ao pé da letra jararacuçu significa a cobra que dá o bote a grande distância. No Brasil, a maioria dos acidentes envolvendo pessoas picadas por cobras são atribuídos às picadas de jararacuçus. Essas víboras são muito temidas pela quantidade de veneno que podem injetar, além de ela possuir uma camuflagem quase perfeita. As jararacuçus costumam tomar sol para se aquecerem durante o dia e preferem caçar à noite.


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Apoio Cultural: Quimisa.

As árvores que os imigrantes encontraram:

conhecendo algumas plantas da região A mata original que cobria o território da cidade de Brusque, pelo menos a maior parte, já foi posta ao chão. Aqui, predominava a Mata Atlântica, com árvores frondosas e com suas copas largas a se projetarem para o alto. Árvores como cedro, peroba, canela, ipês, o roxo e o amarelo, ticum, a guabiroba e outras. Com a chegada dos primeiros colonos, logo teve início a derrubada para o plantio. A exploração madeireira voltada para o comércio também teve seu papel na destruição das matas; o crescimento populacional e a ocupação de novas áreas continuam fazendo a sua. Destacamos, a seguir, imagens de algumas das árvores que existem em nossa região.

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Não foi pintado à mão, mas parece. Esta é o ipê-amarelo, comum na região e bastante utilizado em paisagismo. Tem como característica principal suas flores amarelas que cobrem toda a sua copa. Árvore que chama a atenção, sobretudo por sua beleza. Internet.

Esta é a árvore símbolo da cidade de Brusque: o cedro. Uma das árvores mais altas de nossas florestas, embora provida de pouca folhagem. Essa árvore pode atingir entre 25 e 35 metros de altura, tendo um tronco entre 60 e 90 cm de diâmetro, quase sempre reto. Madeira de lei, foi muito utilizada para a produção de móveis e por este motivo, é difícil de ser encontrada na região. O bairro Cedro recebeu esse nome devido a essa árvore, que antes era comum na região. Internet.

Detalhe dos frutos da guabiroba.

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Em perigo de extinção... o Euterpe edulis, árvore abundante na Mata Atlântica, conhecido popularmente como “palmiteiro” ou “pé de palmito”, apresenta um tronco único e pode atingir de 20 a 30 metros de altura na fase adulta. Esta planta é bastante cobiçada por seu palmito, retirado da parte superior do tronco com as folhas. A palmeira demora em torno de dez anos para que o palmito esteja “maduro”, sendo necessário derrubar a árvore para retirá-lo. Por esse motivo é uma árvore considerada em perigo de extinção. JMDD - Projeto Identidade.

Será que sobrou alguma? Linda, não? Esta é a canela-preta, também chamada de canela-broto, canela-bicha, entre outros. É uma árvore que alcança entre 25 a 30 metros de altura. Seu tronco é pouco curvo, sendo ótima para produção de tábuas. Por isso sobraram poucas. Internet.

Você já comeu guabiroba? Essa você não encontra no mercado. Para saborear esse delicioso fruto é preciso achálo, o que nem sempre é uma tarefa fácil! A guabiroba, ou gabiroba, como também é chamada, exala um aroma adocicado, que só quem conhece pra saber. Foto do autor.


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Apoio Cultural: Unifebe.

Hora de ir à escola:

os primeiros passos da Educação em Brusque Desde os primeiros tempos da Colônia Itajahy, a instrução das crianças foi uma preocupação. O Barão von Schneeburg solicitara às autoridades a nomeação de uma professora pública, tendo até indicado o nome da Condessa Maria von Buettner para ocupar o cargo, que acabou aceitando a proposta do Dr. Blumenau, se estabelecendo naquela cidade. Para o cargo de professora fora admitida a Baronesa Sofia Augusta von Knorring que, em 1861 já se achava nomeada para a primeira escola pública do sexo feminino que se inaugurou na Colônia. Depois de mais de 30 anos de magistério, aposentou-se em 1895. Foi para Blumenau, indo residir na companhia de sua filha, Mathilde, casada com Paulo Schwartzer. Faleceu no dia 26 de julho de 1898, de moléstia hepática. Foi sepultada no cemitério católico. Sofia Augusta foi protestante, porém, para poder ser nomeada professora em Brusque teve que converterse ao catolicismo, pois o Brasil era um país oficialmente católico.

A Escola Evangélica Alemã surgiu em 1872, coordenada pelo pastor protestante Johann Anton H. Sandreczki, sendo as aulas realizadas na residência do mesmo. Nesta residência, antes da construção da Igreja Luterana, celebravam-se os cultos religiosos luteranos. ASAB.

77 Vemos aqui o prédio da Escola Evangélica de Brusque que, em 1938, por ordem da política nacionalista, alterou seu nome para Escola Evangélica Alberto Torres. Em 1947, depois da guerra, foi permitida a alteração dos nomes e neste momento o Cônsul, que faleceu em janeiro de 1945, foi homenageado. Na ocasião é criado o primeiro Ginásio do município (que até então possuía apenas o ensino fundamental), e ocorre a mudança no nome, passando a ser chamado Ginásio Cônsul Carlos Renaux. ASAB.

78 Colégio e Ginásio Santo Antônio. Fundado como escola Paroquial em 1903 pelo então vigário pe. Antonio Eising para atender a população católica da região, iniciou suas atividades em um casarão alugado na rua principal da cidade (Casa Peiter). Foi transferida mais tarde (1909) para um prédio próprio localizado atrás da igreja matriz. A educação das crianças ficou a cargo das Irmãs da Divina Providência. Depois de várias décadas e muitas histórias, continua atuando na educação dos brusquenses, hoje com o nome de Colégio São Luiz. ASAB.

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Baronesa Sofia Augusta von Knorring, primeira professora da Colônia Itajahy. ASAB.

Prédio da Primeira Escola de Brusque, somente para meninas. ASAB.

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Meninos de um lado, meninas de outro. Durante muito tempo, a educação de meninos e meninas era realizada em salas separadas. Aqui, vemos o Grupo Escolar Feliciano Pires, em foto tirada em 1928, com o prédio dos meninos e o prédio das meninas. Nada de namoro na escola!!! Em 1917 ocorreu a inauguração deste prédio e naquele período se enfatizava a aprendizagem da língua portuguesa. “Temos finalmente, a possibilidade de poder mandar nossos filhos a uma escola nacional. Agora nossos filhos têm a ocasião de aprender o vernáculo (língua portuguesa) e de serem educados no conhecimento da História do Brasil, desenvolvendo-os a bons cidadãos (...)” Era a política de nacionalização começando a aparecer. ASAB.


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Apoio Cultural: Unifebe.

Alunos, muitos alunos...

Sala cheia e dois desafios: ensinar e aprender

81 Atenção crianças, hora da aula! Trajando uniformes “a marinheiro” temos aqui alunos do Grupo Escolar Santo Antônio (atual Colégio São Luiz). Atrás está a professora Valtrudes Gartner Zing, responsável por esta turminha. Ao fundo, piano para as aulas de música e o quadro do patrono, Cônsul Carlos Renaux. APVGZ.

82 Meninos e meninas estudavam na mesma escola, porém em salas separadas. Em fila para foto, temos os alunos da Escola Complementar que funcionava anexo ao prédio do ‘Feliciano Pires’. Teve vida curta. Criada em 1923 deixou de funcionar com esse nome em dezembro de 1934, e a partir de janeiro de 1935 passou a denominar-se Escola Normal Primária. ASAB.

83 Escola Primária de Brusque, 11 de agosto de 1926. Turma dirigida pela Professora Luiza Hoffmann. Fato que chama a atenção nesta figura é de que poucas crianças estão sorrindo. Tirar foto era coisa séria e não acontecia com frequência. ASAB

84 Joãozinho, fica na fila! Imaginem as dificuldades dos professores em manter a organização das crianças em uma hora como essa. Devemos lembrar que na época em que certas “punições” eram comuns, os professores eram, muitas vezes, temidos. Alunos perfilados em frente da Escola da Batêa. Note-se que as crianças estão descalças, fruto das dificuldades financeiras das famílias. Temos a professora Alvina Truppel Kormann, em foto de 1934. ASAB.

85 Higiene e asseio, esta foi, durante muito tempo, uma das disciplinas ministradas nas escolas. Certamente ensinar às crianças hábitos como escovar os dentes, lavar as mãos e coisas do tipo, evitava doenças e problemas futuros. Vemos aqui o 1º ano masculino do Grupo Escolar Feliciano Pires, em 1920. Ao centro da foto está a professora Reinalda Moritz. ASAB.


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Apoio Cultural: Bruplast.

Tradição e fé:

arte, arquitetura e religiosidade ao longo da história Este é o primeiro registro fotográfico da cidade de Brusque. Em foto tirada possivelmente entre os anos de 1872 e 1875, vemos a primeira capela da colônia, erguida em 1865 e feita de madeira com 8 por 15 metros. Possuía 28 bancos além de um sino de 15 arrobas (aproximadamente 225 quilos) denominado Ana Susana, fabricado na Alemanha, sob encomenda de Pedro José Werner e Pedro Jacob Heil. Cabe lembrar que a Capelania foi criada em 1867, tendo como padroeira Nossa Senhora do Socorro. ASAB.

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Na década de 1950, a antiga Igreja Matriz deu lugar a um novo templo. O projeto apresentado pelo arquiteto alemão Gottfried Boehm foi considerado ousado e, coube, então, ao mestre de obras adaptá-lo, fazendo surgir a obra que aí está. As obras iniciaram em abril de 1955, sendo finalizadas no início da década de 1970. APFAG..

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Igreja Católica inaugurada em 1877. Os torreões que aparecem na parte da frente foram instalados anos depois. As estátuas dos santos (3 ao todo) e do Cristo guardavam a entrada do templo. Era uma construção em estilo gótico, com 16 por 20 metros. Possuía também uma torre de 25 metros de altura, onde foram instalados o sino e um relógio, doado por Dom Pedro II. Esta imagem registra o templo católico em 1950, e que foi demolido em 1953. APFAG.

“Ana Susana Bin Ich genannt “Ana Susana eis meu nome

Brusque ist mein Vaterland Minha pátria é Brusque

Da will Ich bleiben Lá quero ficar

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Will alle Wetter am Himmel vertreiben.” E de nosso céu as tempestades afugentar.”

Padre Alberto Gattone, 1º vigário de Brusque

MADJ

Estátua de São Pedro

Relógio instalado na igreja matriz inaugurada em 1877 e que fora doado por D. Pedro II. Atualmente pode ser visto no Museu Arquidiocesano Dom Joaquim. MADJ.


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Apoio Cultural: Tinturaria Florisa.

Igreja da Comunidade Evangélica de

Confissão Luterana de Brusque

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Flagrante de uma das ampliações realizadas na igreja. Apesar das alterações realizadas ao longo dos anos, manteve quase inalterado o seu desenho original. Telo Graf/Internet.

A igreja da comunidade Luterana de Brusque foi inaugurada em 6 de janeiro de 1896, depois de dois anos de construção. Localizada no alto do morro, é, assim como a Matriz Católica, facilmente visível. As igrejas luteranas não podiam ter torres e nem sinos, pois não era a religião oficial do Império. Só puderam ter sinos depois da República. Os sinos do templo luterano foram instalados em 1895 e 1928. APFAG.

95 94 Fiéis à sua tradição, os integrantes da Comunidade Evangélica Luterana realizam, no primeiro sábado do mês, culto na língua alemã. É a manutenção da cultura lingüística herdada dos primeiros tempos da colonização. ASAB.

O órgão que se encontra no interior da igreja é da marca Bohn, fabricado em Novo Hamburgo/RS, composto por 1200 flautas. A inauguração desse majestoso instrumento musical se deu durante o mês do centenário da cidade, no dia 9 de agosto de 1960, com um grande concerto pelo maestro Willi Stein. ASAB.

Vista lateral do templo Luterano na década de 1950. Construído em estilo gótico, é muito conhecido pela sua excelente acústica. AFAG.

Retrato de Henrique Sandreczky e sua esposa. Ele foi o primeiro pastor da igreja Evangélica Luterana com residência fixa em Brusque. asab.


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Apoio Cultural: Cadore Malhas.

Vale de Azambuja:

uma história de perseverança e fé Região ocupada por colonos italianos chegados em 1875 e que em 1884 já visitavam a gruta existente no local. Sobre o altar penduraram um quadro de Nossa Senhora do Caravaggio. Com o passar do tempo, o local ganhou fama e os peregrinos começaram a aparecer. Inicialmente chamado de Valata Azambuja, o termo Vale de Azambuja veio somente depois dos anos 50.

96 Já em 1901 se constrói uma casa de madeira onde os doentes são abrigados. Parte do espaço é utilizado para os doentes gerais e a outra para os doentes mentais. Quando da inauguração oficial, a 29 de junho de 1902, a Santa Casa de Misericórdia já engloba um hospital, um asilo, um orfanato e um hospício. ASAB.

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A foto mostra ao centro o Hospital Azambuja por volta de 1927. Esse hospital foi obra da iniciativa do padre Gabriel Lux, que além de idealizador foi também arquiteto, construtor e administrador da construção, permanecendo à frente da administração do lugar entre os anos de 1905 até 1920. À esquerda, está a capela levantada pelo pe. Eising, e à direita vê-se o hospício. ASAB.

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Festa de Azambuja em meados dos anos 70. APEZ.

Mais um pra Brusque!!! Esta frase foi de uso comum durante muito tempo, pois as pessoas consideradas “loucas”, alienadas e portadoras de distúrbios mentais graves eram encaminhadas para o Hospício que ficava no Vale de Azambuja. Em 1942, o Governo do Estado transferiu os doentes mentais para a nova Colônia Santana, em São Pedro de Alcântara. ASAB.

Numa de suas andanças pelo interior, pe. José Sundrupp, pároco de São Luís Gonzaga foi mordido por uma jararaca na perna. Os fervorosos colonos italianos da Valata Azambuja aconselharam que ele fizesse uma promessa à Virgem e levasse a perna nas águas da gruta. O padre se curou e instituiu a festa de Azambuja, que conquistaria fama e grande público ao longo dos anos. Na foto, a Igreja de Azambuja construída na década de 1940. Simão Gramlich foi o autor do projeto. ASAB.

Sobre a tradicional festa de Azambuja, os registros apontam que já em 1892 é comemorada na data de 26 de maio. Vinham romeiros de vários locais do Estado, como por exemplo, de Trombudo Central, Rio do Sul, Florianópolis. A multidão, na falta de hotéis, se alojava em ranchos e olarias da região. Na festa de maio de 1900 contaram-se 2 mil romeiros. APER.

Padre Gabriel Lux

ST

Padre Eising


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Apoio Cultural: Cadore Malhas.

Dor e esperança:

os primeiros Hospitais da cidade

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Muitos foram os que nasceram pelas mãos das parteiras, das quais Frau Joenk e Frau Fuchs são as mais lembradas. Difíceis tempos aqueles. Em 1938, a cidade de Brusque contava com dois hospitais: Hospital e Maternidade Cônsul Carlos Renaux, local onde nasceram centenas de brusquenses, e o Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux, no Vale de Azambuja.

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A iniciativa da construção do Hospital e Maternidade Evangélica foi de Cônsul Carlos Renaux, que arcou com as despesas da planta e material. Em terreno cedido pela Comunidade Evangélica Luterana, foi então erguido o novo hospital, inaugurado em 20 de março de 1938, um domingo. ASAB.

As principais causas de morte apuradas em Brusque, no final da década de 40, eram a malária, febre tifóide e a difteria. Nos registros de óbitos foram encontrados, dentre os já citados, os seguintes motivos: dor de barriga, gripe cardíaca, morte repentina, choque operatório, envenenamento do sangue, cãibras, catarro sufocante, febre, inanição, infecção, fraqueza, etc. Segundo o pesquisador Arnaldo Cerulli, autor da pesquisa na década de 1940, os exames eram elementares e imprecisos, quando não errados e sem significado, não descrevendo uma moléstia, mas um sintoma.

Em 1901 já existia, em Azambuja, uma casa de madeira onde eram colocados os doentes. As atividades eram dirigidas pelas Irmãs da Divina Providência, que chegaram a Brusque em 1902. O primeiro doente era um ancião de 83 anos, achado num paiol sem paredes, deitado em cima de palha, coberto apenas com um cobertor fininho. Não havia médicos. A irmã Bárbara atendia os doentes, realizando inclusive pequenas cirurgias sem qualquer anestesia.

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O Cônsul Carlos Renaux mandou construir um novo hospital em Azambuja, abençoado em 1936, por D. Jaime de Barros Câmara, para atender a crescente necessidade da população. O primeiro médico residente foi Dr. Luiz Renaux. ASAB.

Propaganda publicada no semanal O Rebate em 1935.


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Apoio Cultural: Renaux Label.

Casarões e vilas:

uma viagem pela história da arquitetura da elite econômica local Com o desenvolvimento industrial e o surgimento de uma elite econômica, formada por industriais e grandes comerciantes, a cidade viu surgir belas residências, chamadas de palacetes ou vilas, como muitas eram conhecidas. Nesta página você irá conhecer algumas dessas residências que marcaram a história arquitetônica brusquense.

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Belos casarões rodeados por jardins. Você não está na Europa, mas em Brusque. Naquela época, estes casarões eram chamados de Vilas e batizados com o nome da esposa. A da esquerda é a “Vila Ida”, construída por Otto Renaux em meados da década de 1920. À direita, está a “Vila Maria” moradia de Gustav Walter Bueckmann técnico alemão contratado para realizar a instalação das máquinas de fiar na Fábrica Renaux e que acabou casando-se com Maria Renaux, filha de Carlos Renaux, daí o nome da Vila. Localizadas próximas da Fábrica Renaux, na rua 1º de Maio, antes chamada de Pomerânia, tinham seus jardins desenhados e cuidados por jardineiros trazidos da Alemanha. ASAB.

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Esta residência pertenceu a um dos mais prósperos comerciantes da Vila, que além dos trabalhos com a exploração, transporte e comércio de madeira, era proprietário de uma Casa Comercial na Vila (atual centro). Quando do aparecimento do automóvel em Brusque, lá estava ele fazendo roncar o motor e levantando poeira. Investiu seu capital na construção da primeira usina elétrica da cidade, localizada no Lageado, atual Guabiruba. A primeira fábrica de tecidos de seda em Brusque também foi criação sua, entre vários outros empreendimentos. Nesta imagem podemos vê-lo posando para a foto, encostado ao chafariz, em frente da sua bela morada, construída por volta de 1910. Seu nome: João Bauer (*13.11.1849 + 30.04.1931). ASAB.

Família Renaux reunida em frente da Vila Ida. Ao centro encontra-se o Cônusl Carlos Renaux, o patriarca do império têxtil brusquense. Telo Graf/Internet

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Augusto Bauer casou-se com Sophia Renaux, filha do casal Carlos Renaux e Selma Wagner Renaux. Construiu para si e sua família uma formosa “Vila”. Assim como os demais, batizou a bela morada com o nome da esposa, “Vila Sophia”. A residência estava localizada na rua Barão do Rio Branco, em terreno que pertencia à família Bauer, próximo ao local onde está a Caixa Econômica Federal atualmente.Telo Graf/Internet.

Esta é a Villa Quisisana que se encontra na rua Rodrigues Alves, ao lado do Colégio Estadual Feliciano Pires. Construída na década de 1930, levando a assinatura de um arquiteto alemão, a residência pertence à família Pastor e mantém a estrutura original, apesar das pequenas reformas no sistema hidráulico e energético. JMDD - Projeto Identidade.


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Apoio Cultural: Renaux Label.

Vila Operária:

moradias padronizadas que viraram memória

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Não é um palacete, mas tem estilo! Aos operários e demais trabalhadores locais, construir sua casa própria era uma batalha. Muitas eram construídas de madeira com o tradicional telhado de “duas águas”, outras eram levantadas com tijolos e cimento. JMDD - Projeto Identidade.

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Você já ouviu falar da Vila Operária? Pois é, esta que aparece na foto ficava no bairro Santa Rita, na rua próxima da Ponte do Trabalhador. Hoje, não existe mais nenhuma destas casas, todas desapareceram. Idealizada pela Fábrica Renaux, visava fornecer moradia aos trabalhadores da indústria. Telo Gral/Internet.

Vista panorâmica da Vila Operária.

116 Mãos à obra! Quando o assunto é o desenvolvimento industrial da cidade, logo aparecem as grandes indústrias. Não devemos nos esquecer que no interior destas estavam pessoas que, no dia a dia, cortavam, embalavam, transportavam e teciam a história econômica de nossa cidade. Ao final do expediente muitos dos operários subiam em suas bicicletas rumo às suas residências, onde, depois do almoço, iniciavam o trabalho na lavoura, mantendo uma dupla jornada de trabalho. ASAB.

Ao som de uma banda musical, operários desfilam por ocasião da inauguração da Fiação Limoeiro, em 21 de janeiro de 1950. Telo Graf/Internet.

Em 1965, Brusque tinha uma população de 29.681 pessoas. Foram contadas 13.204 crianças, sendo que 4.490 frequentavam a escola. A população estava assim dividida: 14.817 do sexo masculino e 14.864 do sexo feminino. Detalhe curioso: há uma diminuta maioria de mulheres, exatamente 47 a mais. O professorado estava constituído de 160 professoras e 28 professores.

Fábrica de Tecidos Carlos Renaux Número de Operários 1930

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1784

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Fonte: HERING, Maria Luiza Renaux. Colonização e Indústria no Vale do Itajaí: o Modelo Catarinense de Desenvolvimento. Blumenau. Editora da FURB, 1987. p.246.

Número de Operários em 2010 Renaux View - 800 Fábrica Renaux - 867


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Apoio Cultural: Renaux View.

Um Palacete erguido no centro da cidade.

Você sabe quem morava aqui? Esta residência, concluída em 1899, foi a primeira, e durante algum tempo a única em Brusque servida com luz elétrica e encanamento. A sala, segundo lembranças de Ana Butzke era formidável. “O assoalho era de madeira e talhado como raios de sol, também havia grandes espelhos nas paredes”. Outra inovação implantada: as dependências sanitárias com água corrente, inventadas na Inglaterra em 1885.

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Vista do centro de Brusque nos idos de 1940. Ao centro da foto, destaque-se o Palacete de Carlos Renaux, inaugurado em 1899. As estátuas que aparecem no alto do Palacete foram trazidas da Áustria. Por volta dos anos 30 o prédio já servia de casa comercial, onde o médico Carlos Moritz teve seu consultório. Logo atrás do Ford 1927, está a ‘Joana’, monumento comemorativo aos 50 anos de fundação da cidade. ASAB.

Carlos Cristiano Renaux, nascido a 11 de março de 1862, em Loerrach, no antigo Grão Ducado de Baden, Alemanha. Faleceu no dia 28 de janeiro de 1945, aos 83 anos de idade em Brusque. ASAB.

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O surgimento de um espaço público: sai o Palacete e entra a Praça. Antes de existir a praça que conhecemos pelo nome de Praça Barão von Schneeburg, havia, no local, construções diversas, entre elas, a conhecida pelo nome de Palacete Renaux, pertencente à família Renaux e que aparece nas figuras 117/118. O palacete foi demolido em 1949, entre março e agosto. Em seguida, iniciaram os preparativos para a instalação do espaço público no coração da avenida Cônsul Carlos Renaux. ASAB.

Estes medalhões guardavam a entrada da residência na parte interna. Feitos em gesso e importados da Europa, certamente impressionavam os visitantes. MADJ.

Carlos Renaux e sua esposa Selma com os primeiros filhos. Carlos Cristiano Renaux casou-se com a professora Selma Wagner, de Blumenau. Seus primeiros dois filhos, varões, faleceram poucos meses depois do nascimento. Depois vieram Sophia, Maria, Otto, Julio, Paulo, Luiz, Guilherme e Selma. Depois do falecimento de Selma, contraiu matrimônio com Johanna Maria von Schoenenbeck, em 1912, que faleceu anos mais tarde em Arnheim, Holanda. Agora estabelecido em Baden Baden, casou-se com Maria Luiza Auguste Lienhaerts, sua terceira esposa. Ao retornar da Alemanha, se estabeleceu na Vila Goucky, no alto do morro na rua 1º de Maio, onde passou seus últimos anos depois de perder sua terceira esposa.APMLR.


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Apoio Cultural: Renaux View.

Conhecendo os prédios da

administração municipal

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Anos mais tarde, a parte da frente do prédio do executivo municipal recebeu um novo frontão, deixando o prédio mais imponente. Este detalhe fora acrescentado em algum momento entre os anos de 1940 e 1950. No canto direito, pode-se perceber os andaimes utilizados na construção da nova Igreja Matriz. ASAB.

Bem-vindo ao prédio da administração da Colônia Itajahy-Príncipe D. Pedro, concluído no ano de 1874, durante a administração do Dr. Luis Betim Paes Leme. Durante toda sua administração (1860-1867), o Barão von Schneeburg lutou para conseguir as verbas necessárias à construção, embora sem sucesso. A casa onde o Barão morava e realizava a administração da Colônia não existe mais. ASAB.

126 Você lembra-se deste prédio? A construção do prédio da nova prefeitura foi iniciada em julho de 1965 e terminada em agosto de 1968, durante a gestão do prefeito Antônio Heil. ASAB.

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Sabe que edifício é este? É a antiga Prefeitura de Brusque, inaugurada em 29 de julho de 1917. A planta desta obra foi traçada pelo engenheiro Reinholz. O prédio foi construído por profissionais e operários de Brusque sob a intendência do Coronel Carlos Renaux e do superintendente Vicente Schaefer, no lugar do antigo Paço Municipal, tendo o Estado feito o donativo do terreno ao município. Reunia em seus muros, além das repartições municipais, o Fórum e seus cartórios, Coletoria de Rendas do Estado, a Agência dos Correios, o Cartório de Paz e Agência de Terras. Foi demolido em 1965 para a construção de novo prédio. ASAB.

“Uma multidão nunca vista flutuou pelas ruas da cidade reunindo-se pelas 15 horas em frente ao Paço Municipal. Ali formaram as diversas sociedades em parada e começou o ato da inauguração. Carros e automóveis cruzaram as ruas da cidade e sempre mais e mais hóspedes vieram para assistir a grande festa do nosso município. O movimento foi além do esperado e da capacidade da rede hoteleira, os quartos estavam lotados. Ocasiões como essa faziam bem à saúde financeira destes empreendimentos hoteleiros”. (Gazeta Brusquense, 29 de julho de 1917)

Prédio da atual Prefeitura de Brusque, com projeto do engenheiro civil Rubens Aviz, inaugurado em 29 de maio de 1992, no governo de Ciro Marcial Roza.


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Apoio Cultural: Y-py Sports.

Acontecimentos que quebraram a rotina da cidade:

desfiles e comemorações

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Conta o dito popular, que nesse dia, somente uma pessoa ficou em casa, pois estava doente. Todos os demais participaram do Desfile Comemorativo aos 100 anos de Colonização Alemã em Santa Catarina, realizado a 17 de novembro de 1929. Foto tirada de cima do morro da Sociedade Ginástica (Turn-Verein Brusque), atual Sociedade Esportiva Bandeirante. As festividades ocorreram entre os dias 15 e 17 de novembro, contando com variada comemoração. Telo Graf/Internet.

128 Este é o monumento comemorativo aos 50 anos de fundação de Brusque. Foi encomendado da Áustria e instalado, provavelmente, em 1912, dois anos após a data a qual fora programada para sua instalação. O monumento foi colocado em frente ao Palacete Renaux e fornecia água retirada de um reservatório localizado onde atualmente está o Parque Zoobotânico. Telo Graf/internet.

O projeto original, iniciado em 1908, previa uma escultura em bronze de uma mulher, simbolizando a Vila, tendo sobre a cabeça um lampião de acetileno ou álcool. Deveria ter também duas efígies: uma de Francisco Carlos de Araújo Brusque e outra de Luiz Betim Paes Leme. De lados opostos haveria ainda dois chafarizes, cuja finalidade seria servir de água potável à população da Vila. Quanto ao nome “Joana”, devese, provavelmente, a uma série de coincidências: como o terreno onde a obra foi inicialmente instalada pertencia a Carlos Renaux, provavelmente a população associou a figura feminina da estátua a sua esposa do segundo casamento, a sra. Johana Maria von Schoenenbeck. Depois de permanecer vários anos em frente ao palacete, foi removida e colocada na cabeceira da ponte Vidal Ramos. De lá, anos mais tarde, foi encaminhada ao Museu do Vale do Rio Itajaí Mirim, onde se encontra atualmente. ASAB.

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A Banda da Força Pública do Estado de Santa Catarina presente nas comemorações dos 75 anos de fundação do município. Às 16 horas do dia 3 de agosto, realizou no coreto em frente da prefeitura seu primeiro concerto, executando impecavelmente a sinfonia da ópera Guarany, do grande maestro Carlos Gomes e outras operetas. ASAB.

Concentração de autoridades, populares e integrantes da Sociedade de Atiradores, portando estandartes e armas, em frente ao Paço Municipal, por ocasião do desfile de comemoração dos 100 anos de Colonização Alemã em Santa Catarina. ASAB


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Apoio Cultural: Marcelo Sports.

Visitantes ilustres:

Cruzador Karlsruhe e o dirigível HindeNburg

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Integrantes da comitiva do Cruzador Karlsruhe e grupos locais em formação em frente da prefeitura. ASAB.

Na manhã do dia 15 de dezembro de 1934, os marujos, oficiais e aspirantes do Cruzador Karlsruhe, ancorado em Itajaí, foram recebidos nas imediações da rua Barão do Rio Branco pelas autoridades locais e representantes da Sociedade Ginástica, Sociedade de Atiradores, Sociedade dos Cantores, Tiro de Guerra, Clube Esportivo Paysandú, Sport Club Brusquense, Associação Recreativa Musical, Tênis Clube e Jazz Band América, todos com suas bandeiras e estandartes. Estiveram presentes, ainda, um terço da Milícia Integralista e a Banda Musical Concórdia. “(...) Pouco tempo depois chegava ao local o contingente do Karlsruhe composto de 3 oficiais, 3 suboficiais e 50 aspirantes e marujos, sob o comando do Capitão de Corveta Otto Kähler”. Receber a visita de patrícios alemães de tão alto nível era motivo de orgulho para a população teuto-brasileira. Repare, no detalhe, a bandeira do III Reich alemão. Devemos lembrar que em 1933 Adolf Hitler assumiu o governo da Alemanha.

137 Dirigível alemão sobrevoa Brusque na manhã de 1º de dezembro de 1936. Eram cerca de 5 horas da manhã quando foi avistado pela população que podia ouvir o “roncar longínquo dos motores”. O Hindemburg possuía duzentos e quarenta e oito metros de cumprimento, e o seu diâmetro, ao centro, era de quarenta e um metros. Tão fantástico espetáculo só poderia significar uma coisa para a população local: a superioridade da cultura alemã. ASAB.

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Em Brusque, os oficiais, marujos e aspirantes participaram de vários eventos, como as competições realizadas na Sociedade Ginástica: exercícios dos ginastas nas paralelas e barra fixa, corrida de 100 metros, salto em distância, lançamento de peso, apresentações de canto e em seguida uma “partida dançante abrilhantada pelo Jazz Band Ideal”. Na segunda-feira, 3º dia dos marinheiros em Brusque, estava programado um torneio de Tiro ao Alvo, na Schützen-Verein. Depois do almoço, aproximadamente às 16 horas, reuniram-se no Largo Carlos Renaux onde foram feitas as despedidas e organizada a formatura pela Banda Musical Concórdia. Os visitantes despedem-se dos brusquenses. ASAB.

Marinheiros do Karlsruhe em frente ao Schützen-Verein cercados de populares. Conhecer integrantes da marinha alemã era, com certeza, uma situação que não acontecia todos os dias. ASAB.


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Apoio Cultural: Schmitt Buffet & Eventos.

Brusque ganha uma Praça Pública:

conhecendo sua história

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Quem foi Salgado Filho? Joaquim Pedro Salgado Filho dirigiu, entre outros cargos, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio no período de 1931 a 1934, no governo de Getúlio Vargas. Era um personagem bastante reverenciado no meio operário e veio a falecer em 30 de julho de 1950, meses antes da inauguração dessa praça, batizada em sua homenagem. ASAB.

No dia 1º de maio de 1951 era inaugurada a praça central da cidade. Seu primeiro nome foi Praça Salgado Filho. Às 19h30 do mesmo dia foi inaugurado, também, o serviço de iluminação. Eventos acompanhados pela Sociedade Musical Concórdia. Que espetáculo!!! ASAB.

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Você sabe quem é o homem da estátua? Não? Vamos às pistas: foi o fundador da primeira indústria têxtil de Brusque; inaugurou a primeira indústria da fiação têxtil em Santa Catarina, em 1900; foi nomeado Cônsul do Brasil na Alemanha; viveu boa parte de sua vida em Brusque; foi superintendente do município. Já descobriu? É o Cônsul Carlos Renaux. O monumento em homenagem a ele foi inaugurado com a praça em 1º de maio de 1951. ASAB.

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Praça Energizada sob um temporal. Enquanto os postes de iluminação clareavam a Praça Salgado Filho, os raios clareavam a cidade. À direita e ao fundo, sob o clarão de um raio que rasga o céu da cidade, temos o prédio da antiga prefeitura. ASAB.

Ato de inauguração da Praça Salgado Filho. ASAB

A praça pública do centro da cidade presenciou, ao longo desses anos, mudanças sociais, protestos políticos e comemorações das mais diversas, como também passou a chamar-se Praça Barão von Schneeburg, em dezembro de 1964, em virtude das pressões políticas dos militares que desejavam apagar o nome de Salgado Filho, político ligado à herança Varguista. Depois de receber uma carta do 23º Batalhão de Infantaria, de Blumenau, exigindo a alteração do nome, o prefeito Cyro Gevaerd, prestando uma homenagem ao primeiro diretor da Colônia Itajahy, nome sugerido por Ayres Gevaerd, alterou o nome da praça. ASAB.


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Apoio Cultural: Auto Posto Ipê.

Avenida Cônsul Carlos Renaux:

entre ruas, avenidas e muitos nomes Esta imagem da área central da cidade é dos primeiros anos do século XX. Temos o Palacete Renaux, o Hotel Schaefer, o prédio onde funcionou a prefeitura municipal e demais construções. Sobre a avenida Cônsul Carlos Renaux, cabe relatar que, quando da fundação da Colônia, era chamada de Caminho Novo. Esse nome aparece no primeiro mapa da Colônia (apresentado na página 9). Anos mais tarde, passou a ser chamada de rua Barão de Ivinheima. ASAB.

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De Barão de Ivinheima, a rua passou a se chamar, em 1931, avenida João Pessoa, em virtude da Revolução de 1930. Esta imagem retrata a avenida no início da década de 1930, que era dividida por árvores, dando duas mãos à rua. ASAB.

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146 Av. Cônsul Carlos Renaux em meados de 1970. Vista da avenida João Pessoa, provavelmente na segunda metade de 1930. Percebe-se um casario baixo com frente de tijolos. Atualmente, existem raras construções dessa época. A partir de dezembro de 1948, a avenida recebeu novo nome: Cônsul Carlos Renaux. ASAB.

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148 Centro de Brusque em meados de 1980.


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Apoio Cultural: Grupo Uniasselvi Assevim.

Atravessando o Itajaí-Mirim:

da Barca à Ponte estaiada Irineu Bornhausen

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Em março de 1952 a ponte Vidal Ramos deixou de existir para, já no ano seguinte, no dia 27 de setembro de 1953, ser inaugurada a Ponte Irineu Bornhausen. Nessa época, aqueles que estavam na margem esquerda se referiam ao outro lado como sendo Niterói. Assim, o uso da expressão “ele foi para Niterói”, significava “ele atravessou a ponte...”. ASAB

Cruzar os rios não era tarefa fácil, principalmente para aqueles que transportavam mercadorias. Para resolver esse problema fora instalada, na passagem sul da Vila, uma barca, que funcionou até 1905, quando da construção da ponte. Ancorada no outro lado está uma das lanchas utilizadas no transporte de mercadorias e pessoas através das águas do Itajaí-Mirim. Podemos identificar as seguintes construções: a Casa Comercial (venda) de João Bauer; no canto direito, ao fundo, o Palacete Renaux, e no alto do morro vê-se o templo luterano. APACL.

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Na tarde de sexta-feira, 8 de agosto de 1980, por volta de 15h30 da tarde, horário em que muita gente já se preparava para o final de semana, quando a bucólica rotina de Brusque seria, literalmente, sacudida em seus alicerces. Naquele instante, enquanto três pessoas e onze carros trafegavam sobre um dos símbolos do desenvolvimento da cidade, a ponte Irineu Bornhausen desmoronou sobre o leito do rio Itajaí-Mirim. Horas antes do desastre, a Rádio Araguaia tinha anunciado ao público, que James Crews, inspetor de fumo da Souza Cruz, tinha passado pela ponte e percebido que ela tremia, mas autoridades não deram ouvidos. ASAB.

A primeira ponte a ser construída na passagem sul da Vila foi a Ponte Vidal Ramos, inaugurada em 1905. Era ali a porta de entrada para aqueles que vinham de Itajaí como também da área localizada na margem direita do rio Itajaí-Mirim. ASAB.

Ponte Estaiada Irineu Bornhausen inaugurada em 20 de abril de 2004, erguida em concreto branco. Foto Elton Souza


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Apoio Cultural: Aradefe Malhas.

Conquistando corações e mentes:

histórias da imprensa brusquense

A Rádio Araguaia foi a primeira emissora de Brusque e a sétima do Estado, fundada em 6 de setembro de 1946. Ao longo de mais de 60 anos de história, ficou conhecida por vários programas, como a música gaúcha e os tangos argentinos, as rádios novelas, coberturas esportivas e das enchentes das décadas de 60 e 80. Hoje, com cerca de 25 colaboradores, continua atuante, fazendo a cobertura dos principais fatos de Brusque e região. Brusque hoje conta ainda com a Rádio Diplomata FM, Rádio Cidade AM e Rádio Guararema.

155 A colonização alemã no Vale do Itajaí influenciou também a criação da imprensa, fazendo com que os primeiros jornais de Brusque fossem escritos em alemão. Brusquer Zeitung foi fundado em 1º de janeiro de 1912. Criado por uma sociedade de acionistas liderados por Otto Renaux, tinha tipografia própria e a redação era comandada por Otto Gruber, seguido de Carlos Renaux e Moritz Von Schoenebeck. Os últimos exemplares foram editados em outubro de 1917, quando já fazia parte da Gazeta Brusquense (1914-1928), como seu suplemento: Beilage zur Brusquer Zeitung (1915-1917). JMDD - Projeto Identidade.

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O semanário “O Rebate” se destacou na história do jornalismo brusquense como o veículo de comunicação impresso de maior periodicidade, na primeira metade do século passado. Fundado por Alvino Graf (foto) e Álvaro de Carvalho, ele foi publicado pela primeira vez em 1934 e circulou até 1962. JMDD - Projeto Identidade.

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No ano do centenário de Brusque, o historiador Ayres Gevaerd escreveu um artigo abordando os principais veículos de comunicação da primeira metade do século. Além de citar os primeiros jornais em português e em alemão, ele recordou o Correio Brusquense (1938 - 1948), fundado por Álvaro de Carvalho, a Folha Brusquense (1954), fundado por Adherbal Vicente Schaefer e mais voltada ao esporte e o Jornal de Brusque (1952), de Cyro Gevaerd, criado especialmente para o centenário da cidade. Além destes, havia três jornais humorísticos: o Brusquer Fastnachtszeitung, Das Grosse Maul e O Espia; oito órgãos estudantis, três revistas e 11 publicações diversas, como cadernos especiais e jornais de entidades. JMDD - Projeto Identidade.

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Considerado o jornal mais antigo em atuação da nossa cidade, o Jornal Município Dia a Dia foi fundado com o nome de “O Município” em 26 de junho de 1954. Sob a direção de Cláudio José Schlindwein, foi o primeiro jornal diário de Brusque e região. Em 2010, mais um avanço pioneiro: todas as suas páginas ganharam cor. Tem conteúdo na íntegra na internet e hoje é referência na imprensa estadual e até nacional, com a produção de projetos sociais, que vão além do jornal papel. O primeiro responsável pela diretoria do jornal foi o empresário Raul Schaefer (foto), já proprietário da Sociedade Rádio Araguaia de Brusque. Como seu braço direito, convidou para atuar no comando da redação o jornalista Wilson Santos, seguido por outros profissionais da época, como Jaime Mendes. JMDD - Projeto Identidade.


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Apoio Cultural: Remy Automotive.

Brusque, terra de ilustres músicos e de

muita musicalidade As sociedades recreativas sofreram atribuições que ultrapassaram muito a finalidade de mero divertimento. Destacavam-se entre elas as sociedades de Canto, de Ginástica e as de Tiro. Vinculadas a elas existiam grupos teatrais, pequenas orquestras e bandas de música e grupos folclóricos. Seu objetivo mais sério: manter viva a língua e a cultura germânicas. A arte do canto foi uma atividade cultural muito cultivada pelos imigrantes alemães. Vemos aqui os integrantes da Sociedade de Cantores (Gesangverein Sängerbund), regido pelo professor Moritz Lehmann. Fundada em 22 de julho de 1896, sua finalidade principal era a prática do canto coral, masculino, a quatro vozes, embora seu corpo social fosse composto por vários sócios-cantores. Encerrou atividades por volta de 1938, provavelmente por causa da campanha nacionalista da Era Vargas, que proibiu o uso da língua alemã e o nome de instituições em língua estrangeira. ASAB.

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164 Maestro Edino Krieger - Nascido em Brusque a 17 de março de 1928, de ascendentes alemães e italianos por parte do pai Aldo Krieger e portugueses e índia por parte da mãe Gertrudes Régis, iniciou estudos de violino aos sete anos com seu pai. Compositor respeitado internacionalmente, com uma vida inteira dedicada à música, foi criador das Bienais de Música Brasileira Contemporânea, diretor de música da Funarte, presidente do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, presidente da Academia Brasileira de Música por duas gestões e diretor da Sala Cecília Meireles. Com peças orquestrais, música de câmara, peças para piano, obras para coro à capela e outras, o ecletismo de Edino Krieger perfila-se na história brasileira ao lado da música sacra do padre José Maurício, da ópera de Carlos Gomes e do modernismo nacionalista de Villa-Lobos. AIAK.

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Entre alfaiates e marceneiros, a música nasceu com bela entonação. Este grupo musical era formado de cinco irmãos Krieger (Aldo, Érico, Oscar, Axel e Nilo) todos alfaiates e cinco Diegoli (Primo, Augusto, Aníbal, Rudi e Ivo) todos marceneiros. Para ficar mais emocionante, os primeiros eram de Religião Evangélica e os segundos de Religião Católica. O Jazz Band América nasceu em 1929 e foi o primeiro grupo de Jazz em Brusque. ASAB.

Maestro Aldo Krieger, violinista, compositor e regente. Nasceu em Brusque no dia 5 de julho de 1903 e foi o primeiro filho do casal Gustavo e Adelaide Krieger. Aldo seguiu a profissão do pai: tornou-se alfaiate. Porém, foi a música que o encantou. Aos sete anos começou seu aprendizado formal de música com o professor alemão Reinhard Graupner. Ao longo de sua vida muitos foram os seus feitos no mundo musical: criou a Jazz Band América; em 1951 fundou o Orfeão Juvenil “Amadeus Mozart”, e em 18 de novembro de 1954 promoveu a instalação do Conservatório de Música de Brusque. Dentre as suas obras constam o Hino do Centenário de Brusque, convertido anos depois em Hino de Brusque, além de várias outras. Depois de 10 anos de dedicação à música na capital catarinense, Aldo Krieger retorna definitivamente a Brusque. Faleceu em 12 de outubro de 1972, aos sessenta e nove anos. (Óleo sobre tela de Eusébio Maestri – AIAK).

História musicada Na década de 1950, Aldo ingressa no curso de Canto Orfeônico do Conservatório Nacional onde foi aluno de VillaLobos. Recebeu, junto com os demais colegas de curso, a tarefa de compor uma música cuja partitura seguisse o desenho da Serra dos Órgãos e do pico Dedo de Deus. Os trabalhos iam sendo apresentados, um a um, e o célebre professor ia criando conceitos bem-humorados para atribuir a cada aluno: “amigo do macaco”, “amigo do cachorro”... Por último, o brusquense se desculpa, justificando-se por não ter cumprido a tarefa à risca: ele havia feito as “sombras” das montanhas, transformando-as em contracanto. O efeito do coro em duas vozes impressionou o mestre, que festejou o resultado que ouvira. Villa-Lobos concedeu seu conceito a Aldinho: “amigo de todos nós”.


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Apoio Cultural: Grupo Uniasselvi Assevim.

Festas Carnavalescas:

bailes, fantasias, desfiles e escola de samba

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Foliões prontos para o Baile. Vestindo fantasia de piratas, o grupo posava para foto às margens do rio Itajaí em 1929. ASAB.

Vemos aqui o animado grupo carnavalesco intitulado “As Futuristas”, em foto de 1924. Capricho e criatividade na escolha das fantasias faziam parte das preparações para o Baile de Carnaval. As comemorações do Carnaval tiveram início no interior dos Clubes de Caça e Tiro e seguiam os moldes dos antigos bailes de máscaras. ASAB.

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Desfile carnavalesco de 1934 marca a comemoração das festividades em Brusque. A festa tinha a participação familiar, onde tanto crianças quanto adultos brincavam durante as comemorações. Apesar de ser considerada uma festa pagã, o Carnaval foi intensamente comemorado em Brusque. ASAB.

Os bailes carnavalescos eram realizados nos salões do Caça e Tiro, do Paysandú e do Brusquense. Desfiles, escolha da melhor fantasia e eleição do Rei Momo eram acontecimentos obrigatórios nas festas. A imagem em destaque apresenta o baile da Sociedade Esportiva Paysandú, de 1931, realizado na Sociedade de Atiradores, pois a sede social do Paysandú só seria inaugurada anos mais tarde. ASAB.

Os festejos ganhavam as ruas. Os mais abonados enfeitavam seus possantes veículos e saíam pelas ruas da cidade a comemorar. ASAB. Em 1956, foi criada a Primeira Escola de Samba de Brusque. Esta introdução nos bailes carnavalescos se deve a João Celso Schöning. A escola durou até 1965. ASAB.


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Apoio Cultural: Sociedade Esportiva Bandeirante.

Cultura e esporte:

a fundação da primeira sociedade de ginástica Frisch, Fromm, Froelich und Frei (lépido, devotado, alegre e livre): esse era o lema do Turnverein Brusque, fundado em 1900. Os imigrantes alemães buscaram através da prática da ginástica a vitalização dos corpos e manter a “força da cultura alemã”. Força e disciplina eram encaradas como valores fundamentais, além de servir como espaço de sociabilidade para a manutenção da língua e cultura germânicas. Tempos depois o nome foi alterado para Sociedade Ginástica Brusque e atualmente Sociedade Esportiva Bandeirante.

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Antiga sede da Sociedade Ginástica, inaugurada em 5 de junho de 1921. ASAB.

A prática do tênis também teve seus adeptos. Em 1924 temos a fundação do Tênis Clube Brusque, que tinha seu campo em terreno pertencente à firma Buettner S/A. Promoveram diversos jogos com clubes de outras cidades, como também eventos sociais. Possuíam, inclusive, um departamento feminino. Suas atividades foram diminuindo até cessarem por volta de 1941/42. ASAB.

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Desfile, uma forma de reafirmar seus valores. Os desfiles pelas ruas da cidade tendo à frente uma Banda Musical eram comuns. Temos aqui a Sociedade Ginástica se apresentado à comunidade, portando bandeira e precedida por uma banda musical. ASAB.

175 Além da prática da ginástica e do futebol, o bolão também foi, e ainda é, uma atividade esportiva presente em nossa sociedade. Prova disso é a inauguração do Bolão de Max Koehler, em 1899. ASAB.

A história esportiva da comunidade brusquense é muito rica. Aqui, diversos clubes foram fundados, nas mais diversas modalidades. Citamos a título de exemplo: a Associação Esportiva Caxias, Acareí Volei Club, Independente Esporte Club, Joquei Club Brusquense, Clube Esportivo Guarani, Esporte Clube Ypiranga, Sport Club Brusquense, Clube Atlético Carlos Renaux, entre outros. Na história do esporte, as mulheres também estiveram presentes. Como exemplo apresentamos um jogo de voleibol na Sociedade Esportiva Paysandú. ASAB


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Apoio Cultural: CDL Brusque.

O mundo das vendas,

Armazéns e das Lojas de Secos e Molhados Levantados os primeiros ranchos, logo apareceram as “vendas”. Em Brusque, três anos após sua fundação, em 1860, os relatórios da diretoria apontavam a existência de 5 casas comerciais, subindo este número para 14, em 1876. O primeiro negócio registrado pertencia ao itajaiense Joaquim Pereira Liberato. Logo surgiriam outros.

177 176 Casa Comercial de João Bauer. Na “varanda”, no segundo andar, está Bauer e sua esposa Maria Olinger. ASAB.

Esta era a Venda de João Bauer, localizada na área central da Vila, próximo da Ponte Vidal Ramos. Bauer iniciou com a exploração de madeira, chegando a ter um total de 24 engenhos de serra, localizados em Brusque, Itajaí, Luís Alves e Rio do Sul. Adquiriu o primeiro automóvel. Montou uma cervejaria em Itajaí, junto ao seu depósito de madeira. No porto estavam seus veleiros: o Tigre, o Bugre e o Brusque, constando como de sua propriedade o primeiro navio a motor, o Rudi, que realizava o transporte de passageiros e carga. Se já não bastasse tamanho roll de emprendimentos econômicos foi o primeiro a instalar casa de veraneio em Cabeçudas. ASAB

Antiga Loja de Tecidos Renaux.

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Aqui temos a antiga “Casa Comercial” que pertencera a Guilherme Krieger, que posteriormente foi adquirida por Carlos Renaux, onde fora instalada sua loja de tecidos anos mais tarde. Por volta de 1890/1900, destacavam-se, em Brusque, as “vendas” que pertenciam a João Bauer, Guilherme Krieger, Eduardo von Buettner, Carlos Renaux e Augusto Klappoth. As vendas proporcionaram o acúmulo de capital que possibilitou aos vendeiros investirem nas atividades industriais. Como exemplo, citamos, Bauer, Krieger, Renaux e Buettner, que partiram para investimentos mais audaciosos: a indústria. Hoje, essa casa abriga a loja Casas Bahia. ASAB.

Tá difícil, vai na venda!!! As compras, durante muito tempo, eram realizadas nas “vendas de secos e molhados”, que vendiam de tudo: tecidos, sementes agrícolas, doces, ferramentas, botas, ratoeiras, etc. Na foto, temos a Casa Toni, de Antônio Mafezzolli, que ficava na esquina da atual rua João Bauer com a rua Felipe Schmidt. APFAG.


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Apoio Cultural: ACIBr.

Berço da Fiação Catarinense:

o desenvolvimento econômico e o surgimento do setor industrial Brusque foi palco da primeira leva de imigrantes poloneses ao Brasil. Tivemos duas correntes polonesas: uma em 1869, dirigida para a Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro e a segunda em 1890, constituída de imigrantes vindos de Lodz, na Polônia. Esse grupo era formado por trabalhadores urbanos que conheciam técnicas de produção fabril, já em pleno desenvolvimento na Europa. Os primeiros foram embora para Curitiba, mas os integrantes do segundo grupo construíram os teares e ficaram. Sobrenomes como: Kreibich, Petermann, Schlösser, Hartke, Yeske, Wilke, Haake, Yancowsky, Tietzmann estavam entre eles…

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Instalações da Fábrica Renaux por volta de 1934, na Pomerânia, atual 1º de Maio. Aqui se deu o nascimento de um poderoso parque industrial: as Indústrias Renaux. APFAG.

A empresa Schlösser, fundada a partir do pioneirismo e visão empreendedora de Gustavo Schlösser e seus filhos Hugo e Adolfo no dia 1º de janeiro de 1911, recebendo inicialmente a denominação de Gustavo Schlösser & Filhos. Mais tarde, no ano de 1933, ocorreu a transformação para Sociedade Anônima, sendo a razão social modificada para Companhia Industrial Schlösser S/A. ASAB

Em histórias várias vezes contadas, os vendeiros Carlos Renaux e João Bauer, detentores de capital, se associaram aos poloneses para a criação da indústria têxtil local. A primeira indústria de tecidos de seda foi fundada por João Bauer, seguido por Carlos Renaux, Eduardo von Buettner, Rodolpho Tietzmann, Gustavo Schlösser que, juntos, consolidaram a indústria têxtil brusquense. Renaux fundou a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, em 11 de março de 1892, dia do seu aniversário, sendo que em 1900 inaugurou a primeira indústria de fiação em Santa Catarina.

Em 1898 tivemos o início das atividades da Buettner S/A Indústria e Comércio. Seu fundador, Eduardo von Buettner, comerciante, especializou-se na fabricação de bordados finos e, posteriormente, em guarnições para cama, colchas, cortinados, sendo a primeira indústria a operar com bordados no Brasil. Em 1930 passou a produzir toalhas de banho. ASAB.


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Apoio Cultural: Irmãos Fischer.

A primeira usina de energia elétrica:

o fim dos lampiões a álcool e a querosene A Vila foi iluminada! A instalação da primeira usina de energia foi obra do vendeiro João Bauer. Instalada em Guabiruba Sul, área então pertencente a Brusque, sua inauguração se deu precisamente às 18h30, do dia 13 de novembro de 1913, quando o superintendente Guilherme Krieger acionou a chave. Seguiu-se um desfile das autoridades e populares pelas ruas iluminadas da Vila de Brusque, ao som das Bandas Musicais Concórdia e Liberdade. O dia 13 de novembro era, também, o aniversário de João Bauer.

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Da esquerda para a direita: Adão Bambinetti, José Mosimann e João Bauer. Cena registrada em 20 de março de 1920, no interior da Usina em Guabiruba Sul. ASAB.

190 Sem energia as coisas andavam mais devagar. A modernização da produção têxtil se deu, em parte, com a inauguração da usina hidrelétrica, construída em Guabiruba Sul. Com a iluminação, foi possível o trabalho noturno regular, sem falar do uso de máquinas elétricas que proporcionaram maior produção. APACL.

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Industrialização e energia elétrica estão ligadas. Aqui temos o registro do interior de uma fábrica brusquense por volta de 1920. Além de fornecer energia para as indústrias e casas comerciais, possibilitou maior comodidade para os moradores da cidade. Gradativamente, a modernidade foi entrando nas casas e criando novos hábitos, como o uso da iluminação, do rádio, da geladeira e, anos mais tarde, da televisão. APACL.

Lampião, parceiro nas noites. Quando não havia fornecimento de energia elétrica, as velas, e depois os lampiões forneciam a iluminação necessária. Naqueles tempos, dormia-se mais cedo, pois a “luz” era poupada para as atividades de maior importância da casa. Televisão, computador, geladeira eram artefatos com os quais nem se sonhava. MADJ.

192 Com a instalação da usina de energia, foram instalados os postes que traziam a energia até a Vila. Nesta imagem é possível identificá-los na paisagem. Os postes de metal instalados por João Bauer cumpriram seu papel até meados de 1973, quando começaram a ser trocados, segundo apontou Ayres Gevaerd. A instalação da usina e a distribuição da energia elétrica colocaram a cidade de Brusque no caminho do progresso, permitindo maior impulso a muitos setores econômicos locais. ASAB.

Com o aumento do consumo, a usina enfrentou problemas no fornecimento de energia. Em 1921 Bauer recebeu proposta da Empresa Força e Luz Santa Catarina, com sede em Blumenau, e a venda foi concretizada em 12 de agosto de 1922. Anos mais tarde, em 1929, foi instalada a linha de transmissão e energia elétrica do Salto para Brusque. A desativação da usina deve ter ocorrido por volta de 1929/30, depois da instalação daquela linha de transmissão, avalia Quido Jacob Bauer.


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Apoio Cultural: SOS Animais Hospital Veterinário.

As mulheres operárias:

do trabalho nas fábricas ao casamento

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Juntos, porém separados. No interior das fábricas, homens e mulheres botavam as máquinas para funcionar. Trabalhavam juntos, mas, na maior parte das vezes, exerciam trabalhos diferentes. As mulheres, geralmente, eram designadas para trabalhar na “espularia” e na “fazenda”. Além do trabalho na fábrica as mulheres tinham que cumprir as funções domésticas: lavar, passar, cozinhar... ASAB.

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De acordo com o testemunho de operário que entrou na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux no ano de 1900, na época ela contava cerca de 100 empregados. Nesta imagem do início do século, aparecem alguns dos operários da fábrica, entre eles mulheres e crianças, fato comum na época. APACL.

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Confronto e resistência. As relações no interior das fábricas não foram sempre “cordiais”, havia conflitos, sim. Aqui, vemos o desfile em comemoração ao 1º de maio de 1934. Desfile de botar inveja!!! É provável que a maioria destas mulheres fossem solteiras, pois ao casarem abandonavam o trabalho na fábrica para se dedicar ao lar. ASAB.

Casar, ter filhos e adquirir a casa própria. Destino certo para muitas mulheres que viveram ao longo da primeira metade do século 19. Esta é uma foto típica dos casamentos da época. ASAB.

Vários são os relatos de trabalhadores da indústria brusquense que para chegarem até a fábrica tinham que pedalar várias horas no escuro, com ou sem chuva. Medo e cansaço faziam parte da jornada diária. De bicicleta ou mesmo de caminhão, para os menos afortunados restava uma longa caminhada. Era preciso chegar no horário. ASAB.

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A bicicleta foi um dos principais meios de transporte dos trabalhadores da cidade, inclusive das mulheres. Vemos aqui um bicicletário de uma das fábricas Renaux. ASAB.


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Apoio Cultural: AMPE.

Vestidos, saias e paletós:

das Alfaiatarias à Pronta-Entrega Comprar roupas novas não fazia parte do cotidiano das pessoas durante as primeiras décadas da Colonização, pois não existiam lojas de roupas como hoje. A produção das vestimentas cabia às esposas que, além dos afazeres domésticos, tinham, muitas vezes, que costurar as roupas da família. Junto da primeira leva de imigrantes que chegaram à região, havia um alfaiate. Seu nome: João José Scharfenberg, de 32 anos, casado e pai de quatro filhos.

Vista do interior da Alfaiataria Krieger. ASAB.

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Quando as saias não passavam dos joelhos, a costura era uma arte doméstica necessária. Esta figura retrata as roupas utilizadas ao longo das décadas de 1920 e 1930. ASAB.

Feitas sob medida. Brusque foi terra de muitos alfaiates, homens que se dedicaram à arte do ‘corte e costura’, vestindo boa parcela da população. Lembramos aqui da família Krieger, que além de serem exímios alfaiates, eram excelentes músicos. Aqueles que tinham maiores recursos recorriam às mãos destes habilidosos artistas para a manufatura das roupas. No universo masculino, o terno era a regra, acompanhado do inseparável chapéu e da gravata. Homens posando para foto em meados da década de 30. ASAB.

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O uso das últimas novidades do mundo da moda não é um privilégio somente das mulheres. No entanto, a indústria da moda sempre esteve muito próxima do universo feminino: novos tecidos, novos modelos, chapéus e sapatos faziam parte dos seus desejos cotidianos de consumo. Os espaços de sociabilidade, como festas, bailes, missas, ou até um “pic-nic” de domingo eram uma boa oportunidade para “mostrar” uma roupa nova. ASAB.

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Com o passar do tempo, as alfaiatarias foram dando lugar ao comércio de roupas prontas. Tirar as medidas, escolher o tecido, aguardar a feitura da encomenda, ir buscar a roupa... essa rotina não faz mais parte do nosso cotidiano. O comércio de roupa pronta para vestir, que começa a ganhar força a partir da década de 1970, acabou prevalecendo. Hoje, Brusque é conhecida por sua grande produção na área do vestuário, levando o título de “Capital da Pronta Entrega”. ASAB.


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Apoio Cultural: Loostex.

Sport Club Brusquense:

um dos primeiros times de futebol de Santa Catarina Criado em 14 de setembro de 1913, o Sport Club Brusquense foi um dos primeiros times de futebol de Santa Catarina. Não havia campo, nem uniforme, nem mesmo uma bola “oficial” na cidade. Tudo teve que ser “importado” ou criado aqui mesmo. Os primeiros jogos eram disputados, literalmente, na raça, com jogadores descalços. Em 1914, foi instituído o primeiro uniforme: camisa de listras verticais branco e vermelho, em homenagem à bandeira do Estado, com calção branco, meias compridas e chuteiras de couro. As meias e as chuteiras eram fabricadas em Brusque, mediante modelos trazidos de Novo Hamburgo-RS, por Arthur Olinger e Matias Moritz.

Hino do Sport Club Brusquense Letra: Srta. Maria Etelvina da Luz. Música: Primo Diegoli Estribilho Ao campo, jogadores, Treinar para vencer. Unidos no Combate, Seremos até morrer! Somos fortes jogadores Do Brusquense Club amado. Venceremos o combate Sempre “Azul-encarnado”!

208 Seleção do Sport Club Brusquense, em foto de 1920. Diretores: Nicolau L. Gonzaga, Augusto Bauer, Dr. Belizario Ramos, Humberto Matiolli e Arthur Gevaerd. Jogadores de pé, da esquerda para a direita: Arthur Olinger, José Gartner, Germano Jacobs, Guilherme Diegoli, R. Victor Tietzmann, Antonio Maffezzolli, Wenceslau Nasguevitz, Augusto Diegoli, Arnoldo Graupner e João I. Schaefer. Ajoelhados na mesma ordem: Oscar Westarb, Gustavo Dittrich, Guilherme Hohe, Osvaldo Gleich, Alexandre A. Gevaerd, Ernesto Cervi. Sentados na mesma ordem: Antonio Zendron, Teodoro Cervi, Carlos Albani, Luiz Zanon, Bernardo Kirchner e Carlos Cervi. ASAB.

O Estádio Augusto Bauer, sede do Sport Club Brusquense, que até então treinava nas dependências do ‘Turnverein Brusque’ - atual Bandeirante - começou a se tornar realidade a partir de 1931, quando o clube adquiriu o terreno para a sua construção na avenida Lauro Muller. O Estádio foi batizado com o nome do antigo proprietário do terreno, o senhor Augusto Bauer.

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Antes da construção do Estádio Augusto Bauer os jogos do brusquense aconteciam em terrenos alugados, e mais tarde, no campo da Sociedade Ginástica (atual S. E. Bandeirante), também alugado, passando tempos depois para o terreno onde se encontra o atual estádio. Aqui vemos a população local prestigiando a disputa esportiva do S. C. B. no evento de inauguração do Estádio Augusto Bauer, ocorrido a 7 de junho de 1931, tendo a ponte Vidal Ramos ao fundo, coberta com seu telhado de zinco. ASAB.

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Todo clube que se preze tem uma sede social, e o Sport Club Brusquense não ficou de fora. Inaugurou a sua em 1940. Em seus salões foram realizadas diversas festas carnavalescas, encontros sociais e comemorações políticas. Foi, sem dúvida, um espaço de destaque na sociedade brusquense. Depois dos estragos causados pela enchente de 1984, a sede social foi demolida. ASAB.


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Apoio Cultural: Lemus Calçados.

Clube Atlético Carlos Renaux:

“o vovô do futebol catarinense” Em março de 1944, o Sport Club Brusquense mudou de nome, passou a se chamar Clube Atlético Carlos Renaux, recebendo também o titulo de “Vovô do Futebol Catarinense”. Disputou jogos com times de vários locais do Brasil, enfrentando inclusive o Clube de Regatas Flamengo, Clube de Regatas Vasco da Gama, Botafogo Futebol e Regatas, Coritiba Foot Ball Club e Palestra Itália, de Curitiba, todos nos gramados do Augusto Bauer. Tempos de glória! Recentemente, o “Carrenô” voltou a denominar-se Sport Club Brusquense, retomando seu primeiro nome.

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Campeão Estadual pela primeira vez! O Clube Atlético Carlos Renaux foi o Campeão Catarinense de 1950. Jogou contra o Atlético, de São Francisco do Sul, o Grêmio, de Caçador e o Figueirense, da Capital. De pé: Valdir Bianchini, Tesoura, Anibal Bolognini, José Germano Schaefer (Pilolo), Afonsinho, Arno Mosimann, Ivo Willrich. Agachados: Aderbal Schaefer, Otávio Bolognini, Hélio Olinger, Egon Petruschky e Oli Rodrigues (Tijucano). ASAB.

Dia de clássico no Augusto Bauer. Clube Atlético Carlos Renaux contra Botafogo. Essa partida ocorreu em 30 de março de 1958. E para dificultar o jogo, o Botafogo entrou em campo com todos os seus grandes jogadores. ASAB.

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212 Carlos Renaux versus Botafogo de Futebol e Regatas movimentaram o Estádio Augusto Bauer em 1958. No estádio, mesmo com a colocação de mais 400 cadeiras numeradas e a construção de mais uma arquibancada, provisória, ficou superlotado. O primeiro tempo terminou em 4 a 1 para o time da casa. No final do segundo tempo o placar ficou em 5x5. ASAB.

Invicto! Isso mesmo, o Clube Atlético Carlos Renaux foi o Campeão Catarinense de 1953 sem perder nenhuma partida. O título de artilheiro do campeonato ficou para Otávio, com a marca de 15 gols. De pé, da esquerda para a direita: Tesoura, Valdir Borba, Pilolo, Orival, Bolognini, Ivo, Walace, Mosimann e Afonsinho. Agachados: Petruschky, Esnel, Otávio, Aderbal, Joyne e Regla. ASAB.

Como era ser jogador de futebol naquela época? José Germano Schaefer, o Pilolo responde: “O atleta, quando eu comecei, era simplesmente um amador. Mas eu fui jogador por mais de treze anos e sempre fui jogador amador. Nunca ganhei nada do clube. Inclusive minha chuteira, meu calção e minhas meias eu levava pra casa e a minha mãe lavava tudo direitinho para o próximo dia. Meu pai comprava sebo pra passar na chuteira porque naquele tempo a chuteira era uma coisa horrível, pesada, dura! Para mim a maior partida que eu joguei na minha vida foi contra a Seleção Gaúcha, lá em Porto Alegre. Nós saímos de Florianópolis numa quinta-feira de tarde e chegamos a Porto Alegre lá pelas seis horas. O avião não pôde descer por causa de um temporal, então ficamos sobrevoando. Quando o avião desceu fomos direto para o campo. Trocamos a roupa, entramos em campo e ganhamos da Seleção Gaúcha por 2 a 1.”


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Apoio Cultural: Clube Esportivo Paysandú.

Paysandú:

a construção de uma história Não é todo dia que se inaugura um campo de futebol. No dia 15 de junho de 1924, autoridades, jogadores e populares se reuniram para a inauguração do campo do Paysandú e da Praça de Desportos Coronel Carlos Renaux. No local, também fora erguida uma “modesta construção” que se levantou nas laterais do campo, onde passaram a realizar suas reuniões.

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217 24 de outubro de 1943. Nesse dia era lançada a pedra fundamental da nova Sede Social do Paysandú. Participaram do evento as sociedades de Brusque, autoridades e a Banda Musical. A construção que aparece na esquina ainda existe. A sede social foi inaugurada em fins de 1949. ASAB.

Trabalho em equipe. Para a construção do campo, associados, simpatizantes, diretores e atletas revezaram-se nos horários disponíveis, inclusiva à noite, para o aterro necessário, pois o local precisava de reparos. Para a comemoração da solenidade a principal partida ficou a cargo do Brasil F. C. de Tijucas versus C. E. Paysandú. ASAB.

Menino se aventura dentro de uma gaveta na lagoa formada no gramado do clube Paysandú, na enchente de 1961. Assim como o Brusquense, o Paysandú também sofreu com as enchentes, catástrofes presentes ao longo da história da cidade. ASAB.

219 218 O Paysandú ergue nova sede social. A sede recebeu o nome de Cônsul Carlos Renaux, escolhido em virtude de sua doação para a construção do prédio. O Paysandú, fundado em 1918 foi o principal adversário do Brusquense, e mais tarde do Clube Atlético Carlos Renaux. Nesta figura temos o início das obras da Sede Social do verde e branco, aparecendo em destaque o Sr. Ayres Gevaerd. ASAB.

No tempo em que o povo brusquense assistia as disputas entre Paysandú e Brusquense, e depois Paysandú versus Carlos Renaux, as torcidas vibravam por “prata da casa”. As rivalidades locais levavam centenas de torcedores ao campo, exigindo que os times se aperfeiçoassem na prática do esporte. Quem sabe um dia teremos, novamente, dois times, duas torcidas, um único objetivo: o espetáculo! Em vista panorâmica, vemos a sede erguida para o “verde e branco”.

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Apoio Cultural: Quimisa.

Clube Esportivo Paysandú:

o ‘verde e branco’ e o nascimento do Brusque Futebol Clube Por décadas esse foi o principal rival do S. C. Brusquense. A população local se dividia quando o assunto era futebol. Paysandú e Brusquense realizaram diversos duelos em campo, empolgando a torcida. Cabe registrar que esse clube foi criado em dezembro de 1918.

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Jogadores do Clube Esportivo Paysandú em foto tirada em 1919. Da esquerda para a direita: Paulo Renaux – presidente. Victo A. Gevaerd, Antero da Silva, Adolfo Bauer, Germano Jacobs, Luiz Zanon e João Belli. De joelhos: Osvaldo Gleich, Adolfo Walendowsky e Fritz Ammann. Sentados: Francisco Grotti, Augusto Moritz e Luiz Gevaerd. ASAB. APEZ

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Da esquerda para a direita: Arthur Jachowicz - Diretor Esportivo; Bruno Maluche – Presidente; jogadores: Vilaci; Arany; Alcino; Zanon; Guido; Walace; Pecinha; Aristides - Técnico. Agachados: Teixeira - massagista; Nilo; Julinho; Tele; Godberto; Heins; Chico; Wilimar. ASAB.

O Clube Esportivo Paysandú, criado em 1918, empolgou as disputas locais até o ano de 1987, quando cedeu sua vaga na primeira divisão em 1987 para o Brusque Futebol Clube, que acabara de nascer e obter força na cidade. O Paysandú chegou a conquistar a Segunda Divisão Catarinense em 1986. ASAB.

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O Brusque Futebol Clube nasceu da fusão do Clube Atlético Carlos Renaux e do Clube Esportivo Paysandú, vencendo em 1992 a Copa Santa Catarina como também o Campeonato Catarinense. De lá para cá, o Bruscão vem embalando a torcida. JMDD.


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Apoio Cultural: Colorsul Tintas.

Tiro de Guerra 05-005:

o braço armado da cidade

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Sede atual do Tiro de Guerra 05-005, construída em 1941. Fundado em 1916, o Tiro de Guerra ocupou inicialmente a Sociedade de Caça e Tiro e, em 1928, passou a ocupar uma das dependências da prefeitura. ATG.

O registro desta cena refere-se ao primeiro desfile do Tiro de Guerra, ocorrido em 15 de julho de 1917. Aqui, vemos os soldados do TG posando para foto em frente da prefeitura. Atrás dos soldados está a Banda Musical Concórdia que acompanhava o TG em seus desfiles. ATG.

Fato curioso ocorreu em 1930 quando os soldados do TG foram convocados para proteger as entradas da cidade – estradas vindas de Gaspar, Itajaí, Nova Trento, etc – tendo em vista a chegada das tropas da Aliança Liberal de Getúlio Vargas. Organizados em duplas nos pontos de vigia, os soldados se revezavam na guarda, portando fuzis e com ordem de atirar. Correu boato que o Governo iria recrutar os integrantes do TG e que seriam enviados para a capital. Com o argumento de “... não terem criado os seus filhos para fins interesseiros de falsos políticos...” os pais dos soldados incentivaram a fuga. Organizados em pequenos grupos seguiram para Batêa, outros para a Estrada do Pedro e outro grupo para o mato da Fazenda Hoffmann. Dias depois, os “desertores” retornaram as suas casas, pois a notícia se mostrou inverídica.

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229 Tropa do Tiro de Guerra de Brusque posando para foto em frente ao Hospital Azambuja, depois de mais de 3 quilômetros de marcha. APACL.

Conhecendo o Mosquetão modelo 7.62 M 968: arma utilizada pelo agrupamento TG 05-005 de Brusque é um modelo baseado no mosquetão Mauser M 564. As principais características desta arma são: capacidade de 5 tiros com carregamento manual; alcance útil de 400 metros e alcance máximo de 4000 metros; velocidade do projétil é de 830 m/s (saída do cano). Pode ser equipado com uma baioneta de 30 cm. Além do projétil de 7.62 mm, o mosquetão pode disparar granadas de bocal, instaladas na boca do cano e lançadas a longas distâncias. A arma pesa 3.920 gramas sem a baioneta e 4.340 gramas com a baioneta acoplada. ATG.

A formatura de uma turma do TG atraía a atenção da comunidade, pois completar as instruções militares era visto como sinal de patriotismo e “chegada à vida adulta”. Telo Graf/Internet Temos aqui capacete de metal, pá e picareta, instrumentos utilizados pelos soldados do Tiro de Guerra em seus treinamentos.


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Apoio Cultural: Rieg.

Brusque comemora 100 anos de fundação:

as comemorações do Centenário Para a comemoração do Centenário de Brusque, em 1960, foram organizadas várias atividades, entre elas a construção de um “Parque do Centenário”, que aparece nas imagens ao lado e que estava localizado entre as ruas Monte Castelo e avenida das Comunidades. Além do Parque foram realizados desfiles e bailes e os Primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina. ASAB.

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Foto panorâmica da área central da cidade, com destaque para o Parque do Centenário. Ao fundo, pode-se ver o lago que embelezava o local. À esquerda destaca-se a construção da nova Igreja Matriz, como também é possível visualizar o antigo Cemitério. Em frente da Igreja, estão a Casa Paroquial e a Escola Técnica de Comércio São Luiz. ASAB.

Cartaz alusivo ao 1º Centenário de Brusque.

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Para agradar ao público foi instalado um parque de diversões com direito a roda gigante e tudo mais. No alto, à esquerda, está o Colégio Cônsul Carlos Renaux. ASAB.

235 No interior do Parque do Centenário foram instalados balcões para exposição dos produtos locais. Na imagem, vemos Cyro Gevaerd (quarto da esquerda para a direita), um dos organizadores do Parque, em frente ao estande da empresa Renaux, com autoridades. ASAB.

Se este espaço tivesse sido preservado, a co- Público toma conta da avenida Cônsul Carmunidade brusquense poderia, nos dias de los Renaux momentos depois do término do hoje, desfrutar de um parque arborizado, desfile do Centenário. ASAB. com lago e pista para exercícios. ASAB.


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Apoio Cultural: Schlösser Tecidos.

Primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina:

toda grande história tem um começo Os primeiros Jogos foram realizados em 1960, nas dependências da Sociedade Esportiva Bandeirante, onde sagrou-se campeão o município de Florianópolis, ficando Brusque na segunda posição. Desde 1960, quando sediou os primeiros jogos, o município já realizou o evento mais três vezes: 1965, 1985 e 2000 e está pronto para sediar novamente em 2010.

237 Os Jogos Abertos de Santa Catarina foram criados a partir do espírito esportivo de Arthur Schlösser que, desde 1956, vinha colhendo informações sobre como criar uma competição esportiva de nível estadual tendo como base os Jogos Abertos do Interior, realizados em São Paulo. No ano de 1960, entre as comemorações do Centenário de Brusque, ocorreram os Primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina. ASAB.

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238 Cartaz do 1o e do 6o Jogos Abertos de Santa Catarina. ASAB.

Um achado fantástico! Temos aqui o crachá utilizado por Arthur Schlösser durante os Primeiros Jogos Abertos. ASAB.

239 Cartaz do 25o e 40o Jogos Abertos de Santa Catarina.

Troféu dos Primeiros Jogos Abertos. ASAB.

ASAB.

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Em 2010, os Jogos Abertos completam seus 50 anos de existência e são realizados na cidade de Brusque. SE.

Para a cerimônia de abertura dos Jogos de 1960, foram organizadas várias apresentações, realizadas na Sociedade Esportiva Bandeirante. Temos aqui o flagrante de um desses momentos nos gramados da sociedade. APRF.


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Apoio Cultural: Uvel Veículos.

Fenarreco:

a reinvenção da tradição O surgimento das festas de outubro, em Santa Catarina, está ligado a duas questões: às enchentes que atingiram o Vale do Itajaí em 1984; e de certa forma, a uma reinvenção da tradição, pois na década de 80 com o avanço do processo de globalização, os grupos locais buscaram na história da colonização suas raízes culturais a fim de preservarem sua identidade. Enquanto a sociedade ocidental caminhava para uma homogeneização cultural, as comunidades do Vale do Itajaí, assim como muitas outras, diziam: nós temos a ‘nossa particularidade’. Entre os dias 10 a 19 de outubro de 1986, foi realizada a primeira Festa Nacional do Marreco, que ocorreu nos salões da Sociedade de Caça e Tiro Araújo Brusque. Na primeira edição da Festa passaram pelos salões cerca de 70 mil visitantes, sendo consumidas 25 mil refeições e bebidos 20 mil litros de chope.

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Este foi o primeiro cartaz criado para a Festa Nacional do Marreco. Com os dizeres “Ir a uma festa de alemão e não comer marreco é a mesma coisa que ir a Roma e não ver o Papa”, a festa ressaltava as raízes culturais da cozinha local. ST.

Cartaz da 2a Fenarreco. ST.

Cardápio da 1a Fenarreco. ST.

244 A abertura da festa ocorre, anualmente, com um desfile nas ruas centrais da cidade onde a população, vestindo trajes típicos, participa com entusiasmo e alegria. ASAB.

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Os salões do Clube de Caça e Tiro se tornaram pequenos diante do enorme número de visitantes, quando então a festa foi transferida para um amplo terreno às margens da recém-inaugurada av. Beira Rio. A festa foi realizada sob grandes lonas, pois ainda não existia o Pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof, inaugurado em 26 de setembro de 1992. Desde então, a Fenarreco é realizada neste espaço, mostrado ao lado. ASAB.

Vista do Pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof. SECOM.


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Apoio Cultural: Mensageiro dos Sonhos.

Brusque completa 150 anos:

uma visão panorâmica da cidade Brusque nasceu à beira do rio Itajaí-Mirim. Assim, não seria engano dizer que o rio e a cidade estão ligados, como unha e carne. De uma simples picada na mata abriram-se caminhos, e anos mais tarde ruas e avenidas. As primeiras casas improvisadas deram lugar a moradas mais robustas, de madeira e alvenaria. Das árvores moldaram-se engenhos, pontes, carroças e fábricas. Ao som metálico dos teares tua economia foi moldada. Ali, teciam-se panos e também histórias, uma trama apaixonante. As noites ganhavam vida em volta das lamparinas a óleo de baleia, mais tarde convertidas em querosene e álcool. Até que um dia, apareceram as primeiras lâmpadas elétricas. Ganha-se escolas, praças, igrejas, lojas e cinemas. Corações e mentes brotaram nestas terras. Nesses 150 anos de histórias a cidade enfrentou, com certeza, muitos obstáculos. Como exemplo citamos a falta de estradas e remédios nos primeiros tempos; as intempéries da natureza que tantas vezes assolaram o Berço da Fiação Catarinense. Hoje, nestes 150 anos de existência, a cidade cresce, a economia prospera e se diversifica. Cabe lembrar que a história de uma cidade não é, como bem o sabemos, escrita por um indivíduo ou um herói, mas sim pelo conjunto de pessoas que nela vivem. A história de uma cidade não está nas paredes de um palacete nem nos muros de pedra que ostentam enormes construções. A história de uma cidade está calcada nos sonhos daqueles que ousaram sonhar e fazer desses sonhos realidade. Deixamos aqui nossos parabéns à cidade de Brusque e a todos aqueles que nela encontraram um lar.

247 Temos aqui a cidade vista do alto da torre da igreja católica, em meados da década de 1930. As linhas arquitetônicas emolduram o cenário. A mata vai cedendo lugar ao concreto. A cidade cresce... ASAB.

248 A cidade fotografada na década de 1960. ASAB.

249 Vista panorâmica do coração da cidade no começo dos anos 1990. Prédios já povoam o cenário. A cidade cresce para cima. ASAB.

250 Centro de Brusque na atualidade. JMDD.


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CRÉDITOS Referências • ADAMI; Luiz Saulo. ROSA; Tina. Brusque: Cidade Schneeburg. Itajaí: S/T Editores, 2005. • Álbum do 1º Centenário de Brusque. Sociedade Amigos de Brusque, 1960. • BAUER; Quido Jacob. Quando os sinos falavam ao vale. Editora Odorizzi. Blumenau, 2009. • CERULLI, Arnaldo. Manuscrito, 1942. ASAB. • CABRAL; Oswaldo Rodrigues. Brusque: subsídios para a história de uma colônia nos tempos do Império. Edição da SAB, 1958. • CABRAL; Oswaldo Rodrigues. História de Santa Catarina. Plano Nacional de Educação – Secretaria de Educação e Cultura. 1968. • GOULART; Maria do Carmo Ramos Krieger. Brusque: essas ruas que eu amo (I). Blumenau, 1982. • HERING; Maria Luiza Renaux. Colonização e Indústria no Vale do Itajaí: o modelo catarinense de Desenvolvimento. Blumenau: Editora da FURB, 1987. • RENAUX; Maria Luiza. O outro lado da História: o Papel da Mulher no Vale do Itajaí 1850-1950. Editora da FURB, 1995. • KOCH; Eloy Dorvalino. HEIL; Antônio. Clube Atlético Carlos Renaux: o vovô do futebol catarinense. Edição Comemorativa: Brusque-SC – 1960. • LAUTH; Aloisius Carlos. A Colônia Príncipe Dom Pedro: um caso de política imigratória no Brasil Império. Brusque, 1987. • NETO; Edu Gevaerd; SEDREZ; Paulo Cesar; Alienígenas no Comércio: uma história sindical. Itajaí: S&T Editores, 2009. • NIEBUHR; Marlus. Ecos e Sombras: memória operária em Brusque-SC na década de 50. Editora da Univali, 1999. • PIAZZA; Walter F. Santa Catarina: sua história. Editora Lunardelli/Editora da UFSC, 1983. • SANTOS; Silvio Coelho. Índios e brancos no sul do Brasil: a dramática experiência dos Xokleng. Porto Alegre: Editora Movimento. 1987. • SEYFERTH, Giralda. A colonização alemã no Vale do Itajaí-Mirim: um estudo de desenvolvimento econômico. Porto Alegre/Brusque: ASAB, 1974. • SEYFERTH, Giralda. Nacionalismo e identidade étnica: a ideologia germanista e o grupo étnico teuto-brasileiro numa comunidade do Vale do Itajaí. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1981. • SILVA; Zedar Perfeito da. O Vale do Itajaí. Serviço de Informação Agrícola.

Publicações e Revistas Revista Notícias de Vicente Só: Brusque ontem e hoje, editado pela Sociedade Amigos de Brusque. (todos os exemplares) Periódicos Novidades (Itajaí), Gazeta Brusquense, O Rebate, Correio Brusquense, O Progresso, O Município, Município Dia a Dia Fotografia Elton Souza, Edu Gevaerd Neto, Honório Bertolini. Ilustração (pãg. 6 e 9) Aldo Maes dos Anjos Colaboração Maria Luiza Renaux, Meire Anne H. Ruiz, Edu Gevaerd Neto, Clarí Wehrmann, Aloisius Carlos Lauth, Telo Graf, Renato Riffel e Paulo Vendelino Kohns Pesquisa e Edição Robson Gallassini Revisão Letícia Schlindwein, Risolete Schlindwein, Aloisius Carlos Lauth, Paulo Vendelino Kons, Maria Luiza Renaux e Rubens Fachini Projeto Gráfico, Diagramação e Tratamento de Imagens Paulo Morelli (www.chessdesign.com.br) e Marcos Aurélio Medeiros (www.marcosmedeiros.com)

Jornal Município Dia a Dia Rua Felipe Schmidt, 31 - sl. 01 Centro - Brusque - SC Fone: (47) 3351-1980 www.municipiodiaadia.com.br Diretor: Cláudio José Schlindwein Editora-Chefe: Letícia Schlindwein Impressão: Gráfica NF

Agradecimentos Durante o processo de elaboração deste material, contamos com o apoio de diversas instituições, como também de várias pessoas, sem as quais, a realização seria infinitamente mais complicada – segue lista de abreviaturas. Deixamos aqui nossos agradecimentos e respeito a todos. Fica registrada nossa gratidão aos historiadores Honório Bertoline e Edu Gevaerd Neto, pelo auxílio prestado, como também com especial carinho ao professor Aloisius Carlos Lauth. Abreviaturas ACB – Álbum do Centenário de Brusque ACCT – Arquivo do Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque AHJFS – Arquivo Histórico José Ferreira da Silva – Blumenau AIAK – Arquivo do Instituto Aldo Krieger APACL – Acervo Particular de Aloisius Carlos Lauth APEK – Acervo Particular de Edino Krieger APEZ – Acervo Particular de Érico Zendron APFAG – Acervo Particular da Família de Ayres Gevaerd APMLR – Acervo Particular de Maria Luiza Renaux APRF – Acervo Particular de Rubens Facchini ASAB – Arquivo da Sociedade Amigos de Brusque APTG – Acervo Particular de Telo Graf ATG – Arquivo do Tiro de Guerra CEDOM – Centro de Documentação Oral e Memória JMDD – Jornal Município dia a dia FCB – Fundação Cultural de Brusque FGML – Fundação Genésio Miranda Lins- Itajaí MADJ – Museu Arquidiocesano Dom Joaquim SE – Secretaria de Esportes de Brusque SECOM – Secretaria de Comunicação de Brusque SGL – Sociedade de Geografia de Lisboa ST – Secretaria de Turismo de Brusque

Histórico - Robson Gallassini O autor é professor de História do Centro Educacional Cultura e do Colégio Madre Francisca Lampel, Gaspar. Graduou-se na Unifebe, onde realizou também o Curso de Especialização Latu Sensu em História – um tema contemporâneo: a intolerância na sociedade latino-americana no período de 2005/6. Além de trabalhar na área da educação, realizou diversas pesquisas, como o desenvolvimento do livro “Imprensa e Memória: um exercício de Possibilidades” junto com o professor Marlus Niebuhr, ao longo dos anos 2004/5, livro este que aguarda publicação. Este projeto foi fruto de mais de um ano de pesquisa do professor Robson, que foi incansável no resgate fiel da informação.


Fundo Municipal de Apoio Ă Cultura


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