Natal CADERNO ESPECIAL
BRUSQUE
| QUINTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO DE 2010
Papai Noel
Eles se vestem de Na tal pág. 12B Um coração maior que o peito pág. 13B
Presépio
A história de Juarez e seu presépio de tinta pág. 8B
As seis mãos que fazem o presépio da família pág. 9B
VITRINE O que comprar para o Natal nas melhores lojas de Bru sque e região
Não pode ser vendido separadamente.
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Natal
EDITORIAL
O nascer de novo
A
vida é feita de histórias. A mais bela de todas lembramos a cada final de ano: 25 de dezembro, nascimento do Menino Jesus. Nesta terceira edição do Caderno de Natal, recheada de histórias de vida e esperança, trazemos este texto, atribuído na internet a Carlos Drummond de Andrade. Sendo ou não de Drummond, o fato é que ele expressa o muito do que vivemos neste momento do ano. “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendoa funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.... Para você, desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir. Todas as músicas que puder emocionar. Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que a sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida. Gostaria de lhe desejar tantas outras coisas. Mas nada seria suficiente... Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua FELICIDADE!!!
EXPEDIENTE Projeto Gráfico e Diagramação Jornal Município Dia a Dia Editora-Chefe Letícia Schlindwein
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N I R T I V E N I R T I V TRINE N I R T I V E N I R T I V E ITRIN N I R T I V E N I R T I V E ITRIN N I R T I V E N I R T I V ITRINE N I R T I V E N I R T I V ITRINE N I R T I V E N I R T I V E ITRIN N I R T I V E N I R T I V E VITRIN I R T I V E N I R T I V E VITRIN | BRUSQUE | QUINTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO DE 2010
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ARTE
O presépio de tinta de Juarez “Quando desci do ônibus e olhei ao meu redor, disse para o meu filho: ‘achei meu lugar para morar’”, conta Juarez Lucotte da Silva. Aos 50 anos, o artista plástico tem uma história marcada por perseverança e trabalho. Nascido em Mariópolis, no Paraná, mudou-se aos 11 anos para Clevelândia. Lá, na cidadezinha de 30 mil habitantes, trabalhou de pintor de fachada de casa, letreiros de comércio, vitrines, e até placas de políticos. “Percorria todas as cidades da região em busca de trabalho, já que Clevelândia era muito pequena”. Até descobrir que seu dom era a arte plástica, Juarez relutou um pouco. Tinha que pensar na família, já que tinha esposa e dois filhos para sustentar. “Nos letreiros que fazia, sempre colocava algum desenho, e o pessoal gostava bastante. Depois desenvolvi a técnica de pintar vitrines e no final do ano era comum criar painéis de Natal, papai noel e presépio”, revela.
Vida nova Mas em 2002 Juarez chegou na rodoviária de Brusque com a coragem e determinação adquiridas ao longo da vida. Veio primeiro com o filho mais velho, Stefani, para ver como era a cidade. “Minha mana (irmã) já morava em Brusque e naquela época falavase muito da cidade. Lá onde mo-
texto e fotos Carina Machado
rávamos era um lugar muito pobre, a gente via miséria mesmo, todos os dias”, conta. Com a certeza de que aqui era o seu lugar, Juarez voltou para o Paraná, a fim de buscar a esposa, Joana Darc e o filho mais novo, Júnior, hoje com 23 anos. Se instalaram primeiro no bairro Nova Brasília, onde a irmã morava, depois no Santa Terezinha, até Juarez conseguir economizar algum dinheiro e comprar um terreno no bairro Limeira. Ali construiu o que era para ser somente o seu ateliê, mas a família mudou-se para parte da construção, fugindo do aluguel. A cada Natal, Juarez sempre pintava painéis de presépio, como fez este ano. A obra foi escolhida para compor o espaço inaugurado pela Associação de Moradores, na área verde do Loteamento Dom Nelson, há duas semanas. Além do presépio, belíssimo e ao mesmo tempo singelo, retratando a beleza do nascimento de Cristo, Juarez pintou painéis com papai noel e renas. Quando pergunto dos Natais de sua infância, ele lembra dos momentos difíceis, mas não se deixa levar pelas recordações. Para ele, sempre há esperança para quem pratica o bem.
Presente de Natal A relação de Juarez com o
Entre um trabalho e outro Juarez encontra tempo para pintar a história de Brusque
“
Eu vivo da minha arte, então todo apoio que recebo é importante, é uma porta que se abre
Natal é muito especial. O filho mais velho, Stefani, nasceu em um 25 de dezembro. “Ele é uma pessoa muito boa, de um coração muito grande”, conta o pai, que para compor a frase até o final, parou em alguns momentos, emocionado. Sentimento bom, de orgulho e admiração pelo filho, que também seguiu o caminho do pai: o da arte. Com o mesmo carinho Juarez fala da esposa Joana, ou Jô, como a chama no dia a dia. “Ela sempre esteve ao meu lado, me apoiando nas minhas decisões. Às vezes ela viaja a Curitiba, para rever os parentes e faz uma falta muito grande aqui”, comenta o artista, que também derrete-se quando fala do filho mais novo, Júnior. “Ele vai ser papai agora, estamos todos ansiosos”, diz Juarez, que em breve terá nos braços o primeiro neto.
Viver de arte Na casa de Juarez, o simples da construção mistura-se com o belo de sua arte. São inúmeras telas dos mais variados temas: desde paisagens, pessoas, animais, até quadros esotéricos, religiosos e históricos. “Estou pintando telas com a história de Brusque”, revela. Nos próximos dias, parte do trabalho de Juarez poderá ser vista em uma barraca que a Fundação Cultural irá montar na Praça Sesquicentenário. Além das telas o artista também faz esculturas em madeira, compõe peças com bambu e massa, e aproveita todo tipo de material para transformá-lo em arte. Seu trabalho é vendido em lojas de Balneário Camboriú e Blumenau, principalmente a linha esotérica. Mas o artista também trabalha com encomendas, uma delas já está semipronta: a Santa Ceia. No ano que vem, já existe o convite para que Juarez dê cursos na Fundação Cultural de Brusque. Algo que já fez por seis anos. “Meus alunos viraram meus amigos e tenho contato com muitos até hoje”, comenta. A oportunidade é vista com muito entusiasmo. “Eu vivo da minha arte, então todo apoio que recebo é importante, é uma porta que se abre”, acredita.
O presépio que Juarez fez este ano resolveu compartilhar com os moradores da comunidade
Natal em família Para Juarez o Natal é uma data divertida. Geralmente reúnem-se todos os irmãos com suas famílias. “Tenho duas manas que moram em Brusque e duas em Curitiba. No ano passado ficamos todos aqui. Este ano ainda não sei, mas acredito que passaremos lá”, adianta. No dia 25 eles conversam, relembram situações engraçadas e jogam até bingo. Bingo? “Sim, quem ganha sai sempre com um presente”, diz o artista. Além da arte e da família,
Juarez participa das ações da Associação de Moradores do loteamento, uma forma de estar junto da comunidade, embora o corre corre diário do trabalho não lhe permita muito tempo livre. O homem que teve em novembro de 2008 parte de sua história em Brusque levada pelas águas, não se deixa abater. A fé e a esperança dão forças para que continue em frente, fazendo arte e tornando seu mundo e o de muitas outras pessoas mais colorido e belo. E entre as belezas de sua arte, o presépio de tinta, que não pode faltar a cada ano.
No ‘ateliê casa do artista’, as obras são dos mais variados temas, inclusive esotérico
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, a d a B o d o i p é s O pre Davi e Gabriel TRADIÇÃO
Ali, sentados na varanda da casa de Bada, ele no banquinho e Gabriel e Davi dividindo a rede, surgiu a ideia de fazerem um presépio. O ano foi 2009. No gramado em frente à casa do bairro Santa Luzia, eles construíram uma capelinha, representando a estrebaria, com bambu e folhas de palmeira, e lá dentro, rodeado de luzes coloridas, o pequeno Menino Jesus, Maria, José e dois reis magos. Dois, como assim? A esposa de Bada, ou melhor, de Ademir Cardoso dos Santos explica: “Corremos muitas lojas em busca das esculturas do presépio. Só achamos aqui em Águas Claras, mas no ano passado só tinha dois reis, o terceiro chegou este ano”, esclarece Isolete.
Aniversário de Jesus Davi, de quatro anos e Gabriel, de nove, são sobrinhos de Ademir, 58 anos. Aposentado, depois de uma vida inteira de trabalho como tintureiro, Bada, como é chamado pelos meninos, chegou a fazer massas para vender com a família até 2004. Depois vendeu as máquinas para o restaurante do cunhado e passou a se dedicar somente aos afazeres da casa. Conserta algo aqui, pinta outro ali... E nessa rotina diária ele se encontra com os meninos todos os dias,
no finzinho da tarde. Os três passam horas conversando na varanda. Os meninos contam as peripécias da escola, os projetos que passam por suas mentes, e Bada, com toda paciência do mundo escuta, sugere e muitas vezes dá vida àquelas ideias. Como aconteceu com o presépio.
O começo Mas a vida de Bada não foi sempre assim. Casou-se com Isolete em maio de 79, depois de oito anos entre namoro e noivado. Mudaram-se para uma meia água no mesmo terreno onde hoje têm uma casa, maior, mais espaçosa. “A meia água era mais na frente do terreno, e depois construímos a casa atrás”. A ‘casa nova’ recebeu a família alguns anos depois. Nesse meio tempo já não era somente o casal, Caroline, a primeira filha, entrou no novo lar no colo dos pais. Mais tarde nasceu Lucas, o segundo filho. Hoje, 31 anos depois, Isolete e Ademir se divertem com os sobrinhos, figurinhas mais do que certas no dia a dia do casal.
A nova “capelinha” Este ano o presépio do trio ganhou uma capelinha maior e teve até inauguração pra toda
família no dia 15 de novembro, feriado. Tão cedo? Sim, já que a construção teve início em outubro e foi feita com calma, segundo Gabriel. Todos os dias ao chegarem da escola, mal largavam a mochila e lá estavam com Bada, medindo os bambus, entrelaçando as folhas de palmeira, desenroscando os O trio que deu vida ao presépio da família: Bada, Davi e Gabriel pisca-piscas, e dando forma ao presépio da família. A comprei dois foguetes e quatro capelinha teve como base um bombinhas”, comenta Bada. E coqueiro meio danificado pelo Davi faz questão de contar mais tempo, o qual fazia parte do quin- um pouco: “Eu joguei as bomtal de Bada. Ele foi cerrado em binhas”, diz rápido. Gabriel já é quatro partes para sustentar a mais ponderado, mas também ‘pequena casa’, composta ainda conta que ficou responsável pela de folhas de palmeira, bambu, construção na ausência de Bada. sarrafos para a base do telhado e “Quando ele foi pra praia eu tomei lona. Na decoração, além das es- conta. Vinha aqui todos os dias culturas do presépio, pisca-piscas, para ‘trabalhar’ no presépio”. plantas e uma estrela enorme. Com a capelinha pronta surgiu uma última dúvida dos meninos: colocar ou não o Menino Jesus antes do dia 25 de dezemNo dia da inauguração os bro? “Nós conversamos e entenmeninos tiveram a ideia de fazer demos que como comemoramos a estrela cair da casa de Bada, o nascimento de Jesus, é na veraté o presépio. “Colocamos um dade o aniversário Dele, então fio de nylon lá de cima da casa decidimos colocar”, explica Bada. até aqui e soltamos a estrela. Dúvida tirada foi Elenice, a Mas o fio era muito flexível, en- mãe dos garotos, que ajudou a tão demorou até ela descer total- decorar o presépio. “As crianças mente”, revela Bada. fizeram o caminho com as pedriMas a estrela desceu e em nhas e vimos em que local ficava meio aos olhares dos pais, primos melhor cada escultura, cada plane tios, até fogos marcaram o dia ta”, revela. Para ela essa vontade da inauguração. Fogos? “Sim, das crianças em fazerem o presé-
Fogos e bombinhas
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texto e fotos Carina Machado
pio é muito bonita. “É importante porque eles têm que saber o porquê do Natal, que não é uma data comercial só de presente e Papai Noel. É o nascimento de Jesus, é por causa Dele que existe o Natal e estamos aqui hoje. Sem dúvida é algo feito com muito carinho e fico muito feliz com isso”, completa a mãe. Bada também demonstra alegria quando pergunto do presépio. “Foram horas muito agradáveis e me sinto feliz por ter feito isso com o Davi e o Gabriel. Já estamos até pensando no presépio do ano que vem”. Gabriel emenda a fala do tio e já conta algumas das ideias para o presépio em 2011. “Estamos pensando em fazer com tirinhas de jornal”. “Ou com caixas de leite”, corre Davi pra contar. Tiras ou caixas a certeza é que o presépio de 2011 será construído com muito amor, carinho e união entre Bada, Davi e Gabriel.
O trio que deu vida ao presépio da família: Bada, Davi e Gabriel
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Além de construir a ‘capelinha’, as crianças fizeram os caminhos com pedrinhas e areia
Foram horas muito agradáveis e me sinto feliz por ter feito isso com o Davi e o Gabriel
As esculturas foram encontradas em uma loja, no bairro Águas Claras e somente este ano o presépio ficou completo, com os três reis magos
N I R T I V E N I R T I V TRINE N I R T I V E N I R T I V E ITRIN N I R T I V E N I R T I V E ITRIN N I R T I V E N I R T I V ITRINE N I R T I V E N I R T I V ITRINE N I R T I V E N I R T I V E ITRIN N I R T I V E N I R T I V E VITRIN I R T I V E N I R T I V E VITRIN 10B C A D E R N O E S P E C I A L
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l a t a N e d m e t s e v Eles se P AP A I N O E L
Um jovem Papai Noel Adriano Kormann tem 23 anos. Ao contrário de Pingo, não tem barba e tampouco a barriguinha de Papai Noel. Mas o jovem passou a se vestir de Natal há três anos, a convite do proprietário do Supermercado onde trabalha, Carol, em Guabiruba. FOTO CARINA MACHADO
FOTO GEISA
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Pingo nasceu Rubens Seyfert, hoje com 66 anos. O apelido ganhou do avô porque era “um bebê muito pequeno, um ‘pingo de gente’”, e foi ficando. Natural de Brusque, ali do bairro São Luiz, casou-se com Inês, ela do bairro Guarani. Da união nasceram Ricardo, Patricia e Jorge, que deram ao casal quatro netos, William, Maisa, Bianca e Beatriz. Dos Natais de sua infância Pingo lembra muito bem, e comenta que o Papai Noel era figura certa naquela época, embora mais simples. “ Co m emor á vamo s muito o dia de São Nicolau, 6 de dezembro”, relembra.
Alguns se agarram em mim, puxam a barba. Outros têm medo, não chegam muito perto
Relojoeiro aposentado, trabalhou ao longo de 40 anos com o tempo, consertando relógios. Também foi ajudante de ourivesaria. A profissão herdou do avô, Evilásio Gevaerd, e do pai, Ervim. Agora Pingo é aposentado. Cuida da casa, dos compromissos com a família e amigos, e em dezembro dedica-se à profissão Papai Noel.
Barba de verdade A barba, verdadeira, faz parte da vida de Pingo há 30 anos. Com o tempo passou de grisalha a totalmente branca. Durante o ano ele a conserva curtinha, só nos últimos meses deixa crescer. Foi a filha Patricia que viu em Pingo um ‘Papai Noel’ nato, pois quando mais novo, já havia se vestido de ‘bom velhinho’ em algumas oportunidades. “Ela era promotora de eventos do Shopping e me convidou para ser Papai Noel em 1999. Comecei naquele ano e não parei mais”, revela ele, que pode ser visto todos os dias no Shopping Gracher. A reação das crianças quando avistam Pingo, ou melhor, o Papai Noel, é um tanto curiosa. “Alguns se agarram em mim, puxam a barba. Outros têm medo, não chegam muito perto”, comenta. Noel respeita, sabe que cada criança tem seu jeito e seu tempo de abraçar e se render à alegria do bom velhinho. “Eu gosto muito disso, me sinto satisfeito em levar alegria às crianças. Isso é muito bom, as crianças me reconhecem até quando estou à paisana. Daí tenho que explicar por que não estou com a roupa vermelha”, conta. E quando pergunto se ele acredita em Papai Noel a resposta não poderia ser outra: “Sempre acreditei e hoje acredito ainda, até porque, eu sou ele”, termina com uma bela gargalhada, daquelas que sacodem o corpo inteiro.
Adriano ao lado da mãe Odete: olhos claros, rosto jovem e coração de Papai Noel Natural do município vizinho a Brusque, Adriano viu no convite a oportunidade de levar alegria às crianças e clientes do supermercado. Mas este fascínio em levar o bem acabou ultrapassando as paredes do trabalho e se estendeu para eventos e comunidades de Guabiruba. “Onde eles convidam ele vai. Não precisa nem convidar duas vezes”, conta a mãe Odete, que fica um pouco apreensiva quando o filho demora a voltar. Ela sabe que ele está praticando uma boa ação, e o incentiva. “Uma vez que ele se sente bem, deve fazer o que gosta”, comenta. O jovem, que quando criança morria de medo de Papai Noel, hoje leva alegria às crianças no Natal. “É algo emocionante. Gosto de ver as crianças admirarem o Papai Noel, mas se vejo que ali no meio alguma tem medo, fico um pouco mais afastado. Cada um tem seu tempo”, revela ele, com a sabedoria de quem viveu o medo na pele e hoje se rendeu à bondade que a figura do Noel exala em todo Natal. FOTO HELTON
À paisana
FOTO GEISA
oi ali mesmo, no trenó estacionado no hall do Shopping Gracher que conversamos. Entre os olhares atentos das crianças que passavam pelo local, algumas carregadas em um colo apressado de mãe, outras de mãos dadas com um pai paciente ao perceber os passos mais lentos, quando se aproximavam do Papai Noel. Entre um aceno e outro, um sorriso naquele rosto bondoso, conversei com Pingo, que se veste de Natal, ou melhor, de Papai Noel todos os anos. A figura carismática não surge apenas quando está com a roupa e touca vermelhas, botas e cinto pretos. ‘À paisana’, como ele mesmo diz, também é confundido nas ruas de Brusque. Quem o conhece, sabe que foi o Pingo que acabara de atravessar a rua para ir ao supermercado. Mas para uma criança atenta e até mesmo um adulto admirado, era o Papai Noel disfarçado de gente comum, que chegara à fila da padaria no final da tarde. A confusão acontece porque Pingo tem mesmo cara e jeito de Papai Noel. “É de verdade, pode puxar”, diz ele referindo-se à barba, logo nos primeiros minutos de conversa. Eu, não perco a oportunidade, dou um puxãozinho, só pra garantir. E nesse clima de Natal, Pingo me conta um pouco da vida, de quando o Papai Noel surgiu e como ele se sente desde que passou a se vestir assim, há 11 anos.
texto Carina Machado
Papai Noel Adriano (à direita) durante uma comemoração em Guabiruba Nestes dias de dezembro, Adriano segue com a roupa vermelha e barba branca para os endereços onde é convidado. No sábado, o compromisso é com o pessoal do Jeep Clube. E à medida que dezembro avança, novos convites surgem. Ele diz que quer ser Papai Noel por muitos e muitos anos. O objetivo do jovem é admirável. Em um tempo em que são poucos os jovens que se interessam em dar continuidade a uma tradição, Adriano tem esta certeza. Prova de que não precisa de barba e nem barriguinha verdadeira, o coração bondoso de Papai Noel ele já tem.
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“Que fase” l e o N i a p a P e ...d P AP A I N O E L
A rotina do analista contábil Vitório Emanuel Zaghini, 49 anos, perde a seriedade dos números e a concentração dos cálculos sempre que é substituída pela roupa vermelha, a cinta preta e as botas. O Zaghini, como é conhecido por muitos, ou o ‘Que fase’, como é chamado por outros, encarna o Papai Noel todos os anos. “Começou a convite de duas primas minhas, que são professoras em Vidal Ramos. Elas me ligaram um dia porque queriam fazer um Natal especial para as crianças carentes, que nunca haviam visto o Papai Noel de perto”, relembra.
texto e fotos Carina Machado
Aquela conversa com as primas ficou em sua cabeça, martelando... Até que Zaghini decidiu ele mesmo comprar uma roupa de bom velhinho, e fazer o Natal das crianças de Vidal Ramos. Por seis anos arrecadou dinheiro com amigos, colegas de trabalho, comprou presentes, balas pirulitos, e seguiu para as comunidades mais carentes de sua cidade natal. Ao longo desse tempo conheceu muitas histórias e deparou-se com realidades difíceis, de cortar o coração.
Coração grande
FOTO ARQUIVO MDD
Apesar de parecer, o personagem do Papai Noel não entrou na vida de Zaghini por acaso. O ‘Que fase’ tem um coração maior que o peito, e mesmo que a cada Natal fizesse planilhas com a quantidade de crianças, divididas por idades, quando chegava a Vidal Ramos ele incluía mais algumas. “Nunca faltava brinquedo, sempre havia um jeito”, revela, sob o olhar admirado da esposa Márcia. Casados há 25 anos, tiveram dois filhos, Silvia e Leandro. Zaghini nasceu em Vidal Ramos, onde morou até os seis anos, mudando-se para Brusque. Márcia era de Guabiruba. Suas histórias se encontraram no Baile do Chope, na cidade dela. Do encontro nasceu o namoro, noivado, até o casamento. Do amor nasceram dois filhos. E da vontade de levar alegria ao próximo nasceu o Papai Noel Zaghini, e as a s s i s te nte s Silvia e Márcia. “Elas em-
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Quando as crianças viam o Papai Noel, mesmo de máscara, barba falsa, não interessava, era o Papai Noel e com ele uma esperança
brulhavam os presentes e Márcia fazia os pacotinhos com balas e pirulitos que entregava junto”, comenta ele. Há três anos Zaghini teve que parar com as visitas a Vidal Ramos, algo que o deixa um pouco triste. A pastinha com as planilhas das crianças e as fotos tiradas em meio às comunidades é guardada no escritório de casa, facinho de achar. Enquanto folheia as páginas e mostra as fotos, ele garante que irá voltar. “Assim que me aposentar eu volto”. A expectativa é que isso aconteça dentro de três anos. Embora ainda demore um pouquinho, a semente que Zaghini plantou já deu frutos. Hoje, outros papais noéis chegaram a Vidal Ramos, levando um pouco de alegria às crianças, até o retorno de Tóio.
Tóio, Zaghini ou ‘Que fase’ O jargão ‘Que fase’ entrou na vida de Zaghini em uma viagem que fez a Mato Grosso. Com uma dor de dentes ‘daquelas’, ele não podia sequer matar a sede com uma cervejinha. Entre os amigos que o acompanhavam, um repetia a frase a cada nova latinha da loira. O jargão voltou com ele para Brusque. E quem o acompanha nessas andanças de Papai Noel ouve a frase constantemente. Tanto que alguns amigos nem o chamam mais de Zaghini, somente de ‘Que fase’. Já Tóio é o final de seu primei-
Zaghini: coração de Papai Noel e vontade de fazer o bem ro nome, Vitório. É como costuma ser chamado em Vidal Ramos, cidade onde mantém suas raízes até hoje. “Volto constantemente para lá, onde revejo os familiares, reencontro amigos”, comenta.
Nem demais, nem de menos Mas não é só Vidal Ramos que recebe a visita do Papai Noel Zaghini. Em Brusque ele passou a fazer parte da entrega de presentes do Papai Noel dos Correios e ainda do Jornal Município Dia a Dia. Entre as muitas histórias Zaghini lembra das balas, que pra não faltarem, acabava tirando dinheiro do próprio bolso. “Os Correios reservavam um valor para as balas, mas quando o Papai Noel chega, a criançada se junta mais e mais. Eu jogava as balas e meu amigo dizia pra economizar, mas como economizar? O Papai Noel não joga bala demais, joga a quantidade que é para jogar,
joga com o coração”, relembra. No final das contas, ele e o colega dos Correios acabavam juntando o dinheiro de ambos para comprar mais balas. O importante era fazer a alegria das crianças. Quando pergunto a ele o que sentiu em cada lugar por onde já passou de Papai Noel, ele reflete por alguns segundos e diz: “É um outro mundo, uma realidade diferente. Há lugares em que via as necessidades e dificuldades que as famílias passavam. Mas quando as crianças viam o Papai Noel, mesmo de máscara, barba falsa, não interessava, era o Papai Noel e com ele uma esperança”, completa. Esperança que Zaghini conta os dias para voltar a plantar no coração dos pequenos. Daqueles que esperam pelo Papai Noel e fazem do Natal um momento mágico, época de esquecer as dificuldades e sonhar que tudo é possível, basta acreditar.
Em Vidal Ramos, na localidade Cinema, em um dos Natais que fez para crianças carentes. A cidade onde tudo começou
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