Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil Faculdade SENAI/CETIQT Curso de Bacharelado em Design
THAIS EMANUELE DE OLIVEIRA FAGOTTI
Reaproveitamento de tecidos para criação de superfícies protetoras como inovação sustentável
Rio de Janeiro 2014
Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil Faculdade SENAI/CETIQT Curso de Bacharelado em Design
THAIS EMANUELE DE OLIVEIRA FAGOTTI
Reaproveitamento de tecidos para criação de superfícies protetoras como inovação sustentável
Monografia para Graduação a ser submetida à Comissão Examinadora do Curso de Bacharelado em Design, da Faculdade SENAI-CETIQT, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Design. Profª Paola de Lima Vichy
Rio de Janeiro 2014
Ficha catalográfica FAGOTTI, Thais Reaproveitamento de tecido para criação de superfícies protetoras como inovação sustentável./ Thais Emanuele de Oliveira Fagotti. – Rio de Janeiro, 2014. 145 p.
Monografia para Graduação a ser submetida à Comissão Examinadora do Curso de Bacharelado em Design, da Faculdade SENAICETIQT, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Design. 1. Reaproveitamento Têxtil. 2. Design de Superfície. I. Sustentabilidade.
THAIS EMANUELE DE OLIVEIRA FAGOTTI
Reaproveitamento de tecidos para criação de superfícies protetoras como inovação sustentável
Monografia para Graduação a ser submetida à Comissão Examinadora do Curso de Bacharelado em Design, da Faculdade SENAI-CETIQT, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Design. Data de Aprovação: 02/12/2014. Banca Examinadora: ________________________________________________________ Paola de Lima Vichy Mestre em Ciência em Engenharia de Produção, COPPE/UFRJ, Docente, SENAI CETIQT
________________________________________________________ Gabriel Gimmler Netto. Mestre em Design, PPG-Design, UFRGS. Docente, SENAI CETIQT.
________________________________________________________ Anael Alves Mestre em Ciência em Engenharia de Produção, COPPE/UFRJ, Docente, UFRJ.
___________________________________________________________________ João Dalla Rosa Junior Coordenador do Bacharelado em Design.
Dedico esse trabalho de conclusĂŁo de curso a minha famĂlia pelo apoio e suporte oferecidos durante o curso. Aos meus professores e amigos por todo o incentivo. E, principalmente, a Deus por ter me guiado e protegido por todo o caminho percorrido atĂŠ o presente momento.
Agradecimento Agradeço aos meus pais por todo o incentivo e suporte em relação aos meus estudos e em todos os quesitos da minha vida. Eles são e sempre serão os meus espelhos de vida, os meus maiores exemplos. Me ensinaram o que é ser uma pessoa humana, integra, batalhadora e com princípios. A toda a minha família que sempre me apoiou e esteve ao meu lado durante a minha caminhada e formação do meu caráter. As reuniões familiares regadas de risadas e boas conversas. Mas acima de tudo, ao amor incondicional e criação de um lar que eles me proporcionaram. Agradeço a todos os professores que estiveram presentes durante a minha vida acadêmica no curso de Bacharelado em Design - Habilitação em Superfície, da instituição Senai Cetiqt. Eles contribuíram para formação do presente trabalho através do conhecimento ensinado, tempo e paciência para os questionamentos. Mas principalmente ao carinho com que o fizeram. E ao meu mestre e incentivador Anael Alves, por ser um exemplo de pessoa e de educador, e a quem eu tanto admiro e respeito. Aos amigos descobertos no Rio de Janeiro, que me ensinaram, acolherem e dividiram comigo novas experiências, desafios, angustias e alegrias. Mas, principalmente, aos bons diálogos e discussões enriquecedoras. Um especial agradecimento à minha orientadora, Paola Vichy, que me guiou e acompanhou nesse trabalho. Nos períodos de dúvidas e aflições ela teve a paciência e o carinho de me nortear e acalmar, com suas palavras doces e de incentivo. Por último, mas com grande importância, quero agradecer aos profissionais da Sapekhas pela compreensão com as mudanças implantadas e pelo conhecimento transmitido.
Resumo O projeto de conclusão de curso tem por objetivo apresentar uma solução dentro do contexto de Design de Superfície para o reaproveitamento de retalhos de uma indústria de uniformes do Estado de Mato Grosso, com a intenção de diminuir a quantidade de resíduos depositados no meio ambiente ao aumentar o ciclo de vida das sobras através da atribuição de uma nova função. Para tanto, os conceitos de sustentabilidade foram indispensáveis, assim como a pesquisa sobre a empresa, para uma melhor resolução do problema. O que levou a criação de uma superfície protetora para malas visando resolver dificuldades enfrentados pelos viajantes, mas atribuindo valor estético através do estudo das cores e formas. Palavras-chave: Design de Superfície. Reaproveitamento têxtil. Sustentabilidade. Superfície protetora.
Abstract The conclusion project course aims to provide a solution within the context of Surface Design for reuse of scraps of a uniform industry in the State of Mato Grosso, with the intention of reducing the amount of waste deposited in the environment by increasing the life cycle of leftovers by assigning a new function. For this, the concepts of sustainability were indispensable, as well as research about the company, for better resolution of the problem. What prompted the creation of a protective surface for baggage aimed at resolving difficulties faced by travelers, assigning aesthetic value but through the study of shapes and colors. Key-words: Surface Design. Textile recycling. Sustainability. Protective surface.
SUMÁRIO
1234
Introdução
17
Design
23
Sapekhas: uma
41
oportunidade
Projeto de
Superfície –
55
protetor de mala
2.1 Design de
26
3.1 Projetos
46
4.1 Mapeamento 61
Superfície
sociais
do mercado
2.2 Design para 33
3.2 Mapeamento 50
4.2 Perfil do
a Sustentabilidade
das sobras
viajante
70
567
Processo
79
Protótipo
de criação e
desenvolvimento
5.1 Inspiração
82
5.2 As formas
92
5.3 A cor
96
5.4 Conceitos
102
finais 5.4.1 Mix de
106
produtos 5.5 Especificações técnicas 5.5.1 Cartela 109 de tecidos e aviementos 5.5.2 Cartela 110 de cores 5.5.3 Fichas técnicas
125
111
137
Considerações finais
Referências
141
1 Introdução
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21
1 Introdução
A
indústria têxtil foi precursora na ascensão fabril durante a Revolução Industrial. Esse marco se deve à criação do tear mecânico e da máquina de fiar. Ela impulsionou os outros setores a investirem em equipamentos mais modernos e tecnológicos, para que pudessem suprir as novas necessidades geradas por ela. A mecanização do trabalho é o outro grande fator que define a industrialização, e uma série de inovações tecnológicas entre o final do século XVIII e o início do XIX foi permitindo o aumento constante da produtividade na indústria têxtil a custos cada vez menores em função da rapidez da produção e da diminuição da mão-de-obra. (CARDOSO, 2004, p.19) Foi ainda neste contexto histórico que a profissão do designer foi valorizada e reconhecida, já que o setor fabril viu a necessidade de dividir as tarefas dentro da indústria, e era papel do designer elaborar um projeto.
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Além disso, observou-se a possibilidade de gerar padrões que seriam reproduzidos ilimitadamente, e com isso o 22 lucro seria maior. Além da industrialização, o mundo passa por dois outros processos históricos, a urbanização moderna e a globalização. E o profissional de design, dentro deste contexto, foi mudando e se aprimorando, ganhou novas funções, e escolas especializadas formavam designers qualificados para atender as demandas do mercado. De acordo com Celaschi (apud MORAES, 2010, p.7), “[...] o designer tornou-se um operador chave no mundo da produção e do consumo, cujo saber empregado é tipicamente multidisciplinar pelo seu modo de raciocinar sobre o próprio produto.” Com isso, surgiram áreas de especialização do design, e uma delas é o Design de Superfície, um campo novo, mas que ganhou destaque com a produção de estampas para a indústria têxtil, porém, é incorreto afirmar que ele trate somente disso. Ele abrange as interferências que podem ser feitas em uma superfície, como a textura, cor e padronagens. O mundo já industrializado e então capitalista passou a impor ao ser humano certas atitudes, como o consumo exagerado de bens como significado de poder e status social. E, para isso, estão aproveitando os recursos naturais ao máximo em prol do bem-estar criado pelo modelo consumista de viver. A consequência dos atos são: a poluição do meio ambiente, a escassez dos recursos, a desigualdade social, entre outros. O papel do designer neste meio é amenizar os impactos ao optar por produtos e processos sustentáveis, é o que denomina-se de design para a sustentabilidade. É um caminho a ser seguido, procurando fazer isto em todos os outros quesitos da vida, como a separação de lixo doméstico para a reciclagem e a não poluição de lugares públicos. A partir de ações como esta pode evitar alguns dos problemas ambientais citados acima. Nas práticas industriais a visão se volta para a diminuição das emissões de gases e de resíduos sólidos, esta prevista pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, uma lei do
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Ministério do Meio Ambiente. Para alcançar o objetivo as empresas investem em tecnologia de ponta, em pesquisa para buscar soluções, capacitação dos profissionais e 23 medidas mais imediatas. Pode-se citar o reaproveitamento de retalhos para a confecção de ecobags, como é feito pela empresa Dudalina. A Sapekhas, situada na cidade de Rondonópolis, Mato Grosso, fabrica uniformes personalizados para a região. A família proprietária da empresa possui tal preocupação como meio ambiente, por isso já implantou projetos para evitar o desperdício de tecidos, mas ainda não é o suficiente para amenizar os impactos. E é na interseção destes três temas Design de Superfície, Sustentabilidade e a Sapekhas, que o projeto se realizará. Para tanto, vê como objetivo criar superfícies protetoras para mala a partir de sobras de tecidos de uma confecção de uniforme de Rondonópolis, MT. A realização do mesmo foi feita a partir do estabelecimento de pequenas metas a serem atingidas. O projeto foi estruturado em duas fases, a de pesquisa e a de criação. Durante a primeira houve um levantamento bibliográfico em livros, artigos, revistas e sites para conceituar e embasar sobre design e suas ramificações – sustentabilidade e superfície. O conhecimento que se refere aos meios de reaproveitamento de tecido que as empresas adotam são necessários para saber como fazem, assim como pesquisar os concorrentes para saber sobre os seus produtos e pontos de venda. A pesquisa de campo no aeroporto possibilitou a identificação dos perfis de viajantes, ou seja, traçar um perfil das pessoas que frequentam este ambiente. Além deste, a empresa Sapekhas também foi visitada com o intuito de conhecer os seus métodos de trabalho e processos produtivos para que pudesse analisá-la com a intenção de futuras mudanças sustentáveis na mesma. A fase de criação foi uma avaliação de toda a pesquisa realizada para em seguida serem geradas ideias, feitas através de inspirações em diversa áreas, que viessem a solucionar o problema de sobra de tecido.
2 Design
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H
oje em dia, de acordo com Mozota (2011) o design é visto como uma profissão que mescla ciência e arte. Ou seja, são necessários conhecimentos lógicos e metodológicos, mas também intuição artística para a criação. A cultura é projetual e por isso geramse soluções inteligentes para os problemas. É papel do designer atribuir significado, conceitos e valores (significância) aos produtos finais, e ele o faz por meio da relação entre aspectos imateriais e materiais. O cenário em que está inserido é complexo, dinâmico e fluido. Isto se deve à rapidez da produção que estimula o consumo. E passou a pensar de uma maneira mais ampla dentro dos projetos, atrelando a eles serviços, distribuição e logística, imagem e comunicação (MORAES, 2010). O mercado e os consumidores, que ficaram mais criteriosos, exigem destes profissionais inovação estética, produtos e serviços que proporcionem emoção e prazer, além
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de funcionalidade. Devido a isso, o design, por vezes, transforma-se em um espetáculo e evento midiático e perde seu valor projetual e atemporal. (BONSIEPE, 2011). As exigências citadas acima geraram novas áreas de atuação e ensino do design, que se dividiu. Temos então design de interiores, gráfico, industrial, de produtos, 28 moda, estratégico, de embalagens, de serviços, e ainda, a área em que se insere a presente pesquisa: o design de superfície. Cada campo possui seu processo criativo, composição visual e relação entre os meios práticos e simbólicos.
2.1 Design de Superfície
O Design de Superfície é uma especialidade nova, mas que está em crescimento no Brasil e no mundo. Ele foi trazido ao país pela linha de pesquisa do Núcleo de Design de Superfície da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NDS-UFGRS). O surgimento do campo é mais antigo e, de acordo com Ruthschilling (2008, p.11) “a referência mais concreta encontrada é a fundação da Surface Designer Association – SDA, em 1977, nos Estados Unidos da América”. Os artistas têxteis se reuniram para montar esta associação e receberam o crédito pela nomenclatura surface design. E a definição dela é que o Design de Superfície abrange coloração, padronagem e estruturas de fibras e tecidos. Isso envolve exploração criativa de processos como tingimento, pintura, estamparia, bordado, embelezamento, quilting, tecelagem, tricô, feltro e confecção de papéis. (DAS, apud RUTHSCHILLING, 2008, p.13)
A descrição acima nos leva a pensar que a área é um desdobramento da indústria têxtil. No começo ela era,
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mas pode-se observar um vasto campo de materiais e modalidades em que o designer atua, como em cerâmicas, papelaria e diversos revestimentos. Outra semelhança é a aproximação com o Design Gráfico, porém, é incorreto afirmar isso baseado em alguns processos que se assemelham durante a criação ou projeto, uma vez que todos são Design. Freitas (2009, p.22) afirma que “todas as áreas em que o design de superfície faz interface 29 são também universos que possuem suas próprias complexidades de trabalho, suas próprias questões e buscas expressionais e especificidades processuais.” A extensão que alcança se deve ao material de trabalho, a superfície. O designer busca transmitir uma carga comunicativa, ou seja, transformar as informações em formas que tenham significados. O conhecimento sobre artes, fatos históricos, música, entre outros são importantes para compor a bagagem, uma vez que as sínteses dessas informações serão convertidas na construção da comunicação simbólica da superfície. Estes signos podem ser percebidos através dos sentidos, usandose cores, texturas (ilustração 1) e grafismos. É uma atividade criativa e técnica que se ocupa com a criação e desenvolvimento de qualidades estéticas, funcionais e estruturais, projetadas especificamente para constituição e/ou tratamentos de superfícies, adequadas ao contexto sociocultural e às diferentes necessidades e processos produtivos. (RUTHSCHILLING, 2008, p.23) A cor, neste processo, tem grande importância, por ser uma ferramenta de comunicação e de acordo com Ambrose (2011, p.131) ela “atrai a atenção, destaca e torna os elementos mais atraentes.” E a sua magnificência é capaz de transformar a simplicidade em um espetáculo de vida, como por exemplo os raios solares que incidem em uma superfície molhada – a da chuva – dando origem ao arco-íris. A visão das cores é um fenômeno fisiológico e também psicológico. Isto é, só adquirem significado e conteúdo a partir da interpretação humana. Fraser e Banks (2007, p.10) afirmam “que ver é um fenômeno
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Ilustração 1 - Cor e textura no tapete Topissimo da empresa espanhola Nani Marquina. Fonte: Site da Nani Marquina.
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duplo: um encontro com o mundo externo e um encontro com si mesmo.” Sendo assim, as cores ganham valores e sentidos arbitrários porque lhe são atribuídos por pessoas em diferentes contextos sociais, culturais, geográficos e emocionais. Um exemplo disso é o uso das cores para transmitir significados culturais simbólicos, como o preto na Igreja Católica que é usado para missas funerárias, enquanto que na tradição islâmica é usado para 31 demonstrar a ocultação de Deus dentro do seu próprio esplendor. O fenômeno fisiológico diz respeito as sensações ópticas diferentes que as cores transmitem quando interagem uma com as outras. Isto é denominado de mistura partitiva. Fraser afirma que “quando se combinam cores, todos os tipos de interações são realçados [...] e a impressão gerada pelas cores em uma imagem podem ser imprevisíveis” (2012, p.40) O fato do resultado ser aleatório por depender da reação de pessoas com diferentes conhecimentos e vivências, não quer dizer que ele não possa ser manipulado a ter um fim específico. O efeito cromático pode ser intensificado através da combinação das cores que podem parecer mais vibrantes ou luminosas. Ainda de acordo com Fraser “os matizes quentes (vermelhos) tendem a se mover na direção do espectador, enquanto os matizes frios (azuis) recuam. ” (2012, p.144) As interações destas cores criam sensação de profundidade, ou seja, da imagem estar em perspectiva. Outro uso que contribui para este efeito é o de cores claras para representar objetos distantes da imagem principal e o uso de escuras para os pertos. Porém, pode haver uma inversão quando as cores são intensificadas por fundos muito claros ou muito escuros, uma vez que os elementos que mais se diferem do fundo são os que mais atraem o olhar, o que pode ser comprovado pela ilustração abaixo.
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Ilustração 2 - O azul sobre o fundo branco parece avançar, mesmo sendo uma cor fria. O contrário ocorre na quando o fundo é azul e os quadrados brancos, seguindo a tendências das leis cromáticas. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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A cor é mais que uma mistura entre matizes e tons que se contrastam entre si, eles se relacionam com a interpretação pessoal , fenômeno psicológico, de cada um e com a intenção que se quis expressar através das escolhas de cores. A significação delas é arbitrária, pois os valores são atribuídos por nós, como o fato de ligarmos as cores verde, amarelo e azul as cores da bandeira do Brasil. As almofadas da ilustração 3 não têm o desenho da bandeira, mas a associação com ela é instantânea. Ou como o sinal de trânsito em que o vermelho significa pare, o amarelo atenção e o verde siga. São cores com significações atribuídas e ensinadas a todos, mas as escolhas para tal representação poderiam ser outras, como o laranja para seguir, consequentemente o que se interpreta sobre o vermelho e o laranja também.
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33 Ilustração 3 - Almofadas e mantas de tricôs coloridas. Fonte: Site da Drika Artesanatos.
Goethe estudou “a maneira como a natureza humana reage à cor, mas outra questão da psicologia da cor [...] diz respeito ao modo como as preferências pessoais de cor podem estar relacionadas ao caráter individual.” (FRASER, 2012, p.64). É por isso que no design, é “considerada como elemento básico de criação, a cor assume papel tão importante quanto o das formas [...].” (BARROS, 2006, p.324). É uma ferramenta utilizada para a transmissão de ideias e emoções, a sua comunicação criativa, funcional e contemporânea é tão poderosa quanto o uso da linguagem verbal. Isso se deve a interação que as cores tem. O designer ao projetar uma superfície não deve se preocupar “[...] com as propriedades físicas das cores, mas com seus efeitos em nós, suas tensões ou valores internos.” (BARROS, 2006, p.317). Porém, devese atentar para a interação delas com o meio, pois o contexto em que a superfície está inserida pode modificar a percepção das cores. Isto acontece por causa do aparelho visual que se adapta quando se depara com o contraste dos diversos tons causados pela oscilação da luz ou pelas outras cores.
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Um meio de manipular a sensação que se tem ao se olhar para uma cor é dar nomes a elas, por exemplo ao vermos uma lata de tinta vermelha com o nome de amor intenso, o pensamento será levado a um amor existente ou imaginário, a uma cena específica, e irá criar associações para que uma relação com aquela cor especifica seja ligada a um momento pessoal da vida 34 do observador da lata. Outro meio para tal fim é traçar perfis de grupos sociais e definir as cores deles, como é o caso dos advogados, que precisam usar ternos escuros, variando entre as tonalidades de cinza, azul e preto, ou mesmo a divisão entre meninos com o azul e as meninas com o rosa. As cores podem mostrar seriedade e sobriedade para o trabalho, mas podem demostrar estado de espírito, alegria, paz, bom ou mau humor, entre todos os outros. E a combinação entre elas significam ainda mais, pois conduzem a diferentes interpretações e atentam aos pontos focais, ou seja, ao que querem que seja observado. Ao entender o papel da cor em um projeto de design e que ele é feito por pessoas – os designers – pode-se compreender que é impossível criar superfícies sem que as próprias crenças, ideias e percepções sejam transmitidas para ela. A superfície escolhida para ser tratada é a têxtil e as cores são as que estão disponíveis, na verdade, os resíduos gerados pela indústria de vestimentas profissionais, os uniformes. Os retalhos, como são chamadas as sobras dos cortes das peças, são descartados ou feitos estopas para postos de gasolina, porém não é tudo reaproveitado, alguns pedaços e materiais são descartados. A preocupação é buscar soluções e atribuir uma nova função, ao criar uma nova significação e utilidade para eles, ou seja, gerar receita enquanto evita descartes.
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2.2 Design para a Sustentabilidade
O contexto ocidental exige uma nova abordagem da economia e do design e “considerando que a próxima economia é um novo tipo de economia social, o próximo design é um novo tipo de design: o design da inovação social e sustentabilidade. ” (MANZINI, apud MORAES, 2010, p.ix). Para implantar o novo design na sociedade, é 35 necessário buscar conceitos sustentáveis, suas variantes e métodos de aplicação em indústrias. E para tanto, o design, segundo Mozota (2011), tem várias tarefas e preocupações, como a ética global, que preza pelos conceitos sustentáveis e os promove, e a ética social, que visa à criação de um ambiente de trabalho mais confortável para o trabalhador. E outros conceitos projetuais, como valorização da heterogeneidade cultural e da globalização. O design “é o fator central da humanização inovadora de tecnologias e o fator crucial do intercâmbio cultural e econômico. (MOZOTA, 2011, p.16). Visto desta maneira, o design de superfície, que é uma especialidade do design, e a sustentabilidade caminham juntos. O Life Cycle Design, permite uma análise melhor sobre o desenvolvimento de produtos sustentáveis que envolvam todas as fases do projeto e os danos ao meio ambiente. E assim, suavizá-los, para que sejam mínimos. Tal conceito possibilita uma visualização melhor dos pontos em comuns entre design e sustentabilidade. No por meio da inserção do hábito de prever, de forma sistêmica e antecipada, ainda durante as etapas de geração de alternativas projetuais, coordenadas e linhas guias que promoveriam uma relação desejável entre projeto, produção e o fim da vida do produto, prevendo por consequência sua reutilização e reciclagem, ou seja: projetar o ciclo de vida inteiro do produto. (MORAES, 2010, p.59)
que tange o âmbito projetual, esse conceito de modelo sustentável se desdobra, portanto,
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“A sustentabilidade ambiental é um objetivo a ser atingido e não, como hoje muitas vezes é entendido, uma direção a ser seguida. ” (MANZINI, VEZZOLI, 2011, p.28). Isto é, o design para a sustentabilidade não se refere apenas a reciclagem e reutilização de materiais, mas sim em como prolongar a vida útil dos produtos para que durem mais e reduzir os impactos ambientais. Um 36 exemplo de produto que não segue tais conceitos é a cadeira de papelão, ela adia o descarte na natureza, mas a sua duração é ínfima, porque se deteriora e se torna inutilizável em pouco tempo. Portanto, não há quesitos sustentáveis e é preferível comprar uma cadeira de metal que tem a possibilidade de passar de geração para geração, ou seja, longa duração. (VEZZOLI, 2010, p.45). Com esta afirmação, uma dúvida surge sobre o que realmente é a sustentabilidade e sobre o que ela se apoia. A sustentabilidade ambiental relacionada ao desenvolvimento de produto está ligada ao ciclo de vida deles, aos métodos e critérios do seu planejamento. Mas vai além disso, se refere ao que é ambientalmente correto, socialmente justo, economicamente viável e, hoje em dia, foi acrescentado o culturalmente aceito. A primeira, se refere aos impactos ambientais causadas pela sociedade de consumo, que exige uma produção em larga escala de muitos produtos, isto é causado pelo que se chama de entrada (input) de matéria-prima em uma empresa após ser extraída do meio ambiente e, a saída (output) que são as emissões de substâncias. A ilustração 4 demonstra com clareza este processo.
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Ilustração 4 - Ciclo de produção. Fonte: SILVA & COSTA, 2010, p.48.
É levado em consideração todo o ciclo, por isso é importante durante um projeto de design estudar cada etapa atentamente para saber aonde se pode melhorar e atenuar os danos ao meio ambiente. É importante pensar no fato que o esgotamento dos recursos afeta as outras dimensões da sustentabilidade, como a social e econômica – as gerações futuras passarão necessidades ao serem privadas dos mesmos e o ecossistema estará em desequilíbrio. Portanto, é preciso preservar o que há disponível na natureza – ao utilizar os recursos renováveis – prevenir a poluição, aumentando a biocompatibilidade,
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otimizar a vida útil do produto, reduzir o consumo na distribuição e transporte ao optar por recursos locais. Os recursos renováveis se referem ao que pode ser recolocado na natureza ou se regenerar, independente da taxa de consumo humano. Pode-se citar o vento, radiação solar, hidroeletricidade, entre outros. Os nãorenováveis são os que não podem se regenerar e acabam, 38 como o combustível fóssil, a água, metais e outros. A biocompatibilidade diz respeito ao uso de materiais da mesma composição para a fabricação de um produto, porque assim podem ser reciclados com maior facilidade, e resistentes para durarem mais. Ser socialmente justo é ter qualidade social, ou seja, condições para se viver bem em uma sociedade, tendo satisfação, bem-estar e um bom convívio com outros indivíduos. “O convívio nos leva portanto, a uma ideia de sociedade que não é uma soma de indivíduos isolados mas sim um entrelaçamento de redes e relações operativas e afetivas. Uma sociedade em que existe solidariedade [...]” ( MANZINI, VEZZOLI, 2011, p.59). Sendo assim, uma sociedade multipolar, em que os sistemas coexistem, como a alta tecnologia e o artesanal, o feito à mão, a produção em alta escala e o personalizado, único, do trabalho formal ao informal. Relações diferentes mas comunicáveis entre si, em que os consumidores possam escolher o que desejam. Isto é denominado de Friendlyness, pelos autores citados acima, Manzini e Vezzoli. É a liberdade e a consciência de escolha, é ser um consumidor competente e capaz, mas acima de tudo saber zelar pelos produtos e pelo meio em que vive. A existência de uma sociedade mais solidária é possível, desde que haja integração entre os grupos, em que os mais capazes, talvez até mesmo os com condições financeiras melhores, estejam dispostos a ajudar os que por algum infortúnio não tiveram oportunidades iguais. Um exemplo disso são os projetos voltados para crianças carentes e a contribuição com instituições de ensino, principalmente as profissionalizantes. E para demonstrar pode-se citar dois deles, um é o projeto Menor Aprendiz
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e o outro é a inclusão de presos no mercado de trabalho. Ambos têm a chance de trabalhar em companhias para aprenderem e possivelmente serem contratados. O terceiro item da sustentabilidade é o que se refere a economia e a sua viabilidade, ou seja, é o planejamento de produtos que consideram os quesitos citados acima mas também o fato de poder ser fabricado com os processos e tecnologias existentes hoje em 39 dia. Este conceito preza pela desmaterialização ao propor o estabelecimento de serviços que prolonguem os produtos e correspondem a demanda de bem estar social. Porque assim o consumo diminuiria e as pessoas estariam igualmente satisfeitas. Os livros digitais evitam o desmatamento para que se possa fabricar papel e a poluição para a produção da tinta. O mesmo acontece com outros meios tecnológicos, como os jornais online e e-mail ao invés de jornal impresso e da carta. O item inserido atualmente, o culturalmente aceito, é tão relevante como os outros para a sustentabilidade quanto para o design. O profissional de designer tem como um de seus objetivos tornar mais atrativo os produtos, além de atribuir novas funções. Por isso, influência pessoas a adquirirem o que produzem ao traduzir gostos, necessidades e desejos, podendo assim mudar hábitos de compras e as prioridades de uma sociedade. Este motivo é que torna o designer capacitado para gerar alternativas ecoeficientes que equilibrem solução técnica e estética. Isto é, produzir através dos conceitos sustentáveis e fazer com que ele seja aceito, mais que isso, que seja um objeto de desejo e possa ser substituído pelos antigos menos ecológicos. Mesmo assim, não descarta-se em hipótese alguma o ideal do consumo consciente. O cenário contemporâneo contrasta com os conceitos de sustentabilidade citados acima, porque utiliza-se os recursos não renováveis de maneira imprópria, sem pensar no futuro e na escassez do mesmo. A sociedade consome desenfreadamente, preza pelo que é efêmero e descarta permanentemente em busca de inovação tecnológica. Isto se deve ao modo como o sucesso é medido, pelo padrão de posse, de consumo de
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bens e excesso de informação. Além disso, a produção está descentralizada, isto significa que a matéria-prima é extraída de um lugar levado para outro continente para ser transformada em produto que será vendido em países diferentes. Esta é a descrição da cadeia produtiva contemporânea imposta pelo capitalismo flexível – usuários de uma mesma marca estão espalhados por 40 todas as regiões. A indústria têxtil se enquadra no cenário contemporâneo, pois participa desde o começo do ciclo produtivo, da matéria-prima a comercialização do produto final. E com isso os impactos ambientais são enormes, apesar de serem grandes geradores de empregos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o setor têxtil de confecções é o segundo na geração de empregos e de oportunidades para os que querem o primeiro trabalho. Os índices ainda afirmam que 75% dos trabalhadores são mulheres e que o setor representa 3,5% do PIB total do Brasil. E para corresponder a essas estatísticas é necessário um volume alto de produção. Com isso, a proporção de resíduos produzidos é expressiva e considerado perigosa. Não seria se as quantidades fossem menores, mas tamanho volume quando em contato com o meio ambiente provoca sérios danos, devido aos produtos químicos tóxicos em suas fibras. No relatório da Brasil têxtil, publicado em 2010, há informações que em 2009 foram produzidas 423.978 toneladas de resíduos têxteis a partir de 2.119.888 toneladas de fios e filamentos transformados em tecido plano e malha, ou seja, 20% de desperdício. A diminuição de resíduos está descrita na Lei 12.305/2010 do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que foi criada para orientar o descarte dos que foram gerados pelos diversos processos industriais. A lei prevê a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou
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reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos – aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014) A contextualização da indústria é necessária para buscar inovações de reaproveitamento de sobras de tecidos. Empresas do setor têxtil já perceberam a importância da política social e ambiental, e pode-se ver projetos sustentáveis em vários setores. Um exemplo 41 é a empresa Dudalina, que criou o Projeto Geração de Renda em 2005, o intuito é incentivar grupos de geração de rendas a partir da doação de retalhos da fábrica – produzem camisas – e a capacitação de mão-de-obra. O programa já deixou de descartar, em 9 anos, 52,9 toneladas de retalhos no meio ambiente. Os grupos produzem sacolas, nécessaire e bolsas de patchwork e as vendem. E com isso, a empresa faz a campanha de substituição da sacola plástica pela de tecido e que dura mais. Além de divulgar a marca e contribuir para uma imagem positiva perante o público.
Ilustração 5 - Nécessaire de retalhos. Fonte: Site da Dudalina.
Thais Emanuele de Oliveira Fagotti
A COOPA ROCA é uma cooperativa de mulheres que moram na Rocinha, RJ, e que fazem artesanatos de moda e de design. Elas recebem capacitação e são gerenciadas durante a produção das peças. O projeto teve início na década de 80 com o intuito de gerar renda extra para as integrantes e não se afastassem de casa e do cuidado com os filhos. A cooperativa conta 42 hoje com 100 artesãs e promove a inserção social na comunidade de baixa renda. Os produtos usam técnicas brasileiras como o fuxico, o crochê, o bordado, o nozinho e o patchwork. Entre eles estão vestidos, blusas, bolsas, saias, almofadas, jogos americanos, colares e peças de decoração. A luminárias já foram exportadas para os Estados Unidos. Seis delas foram para o museu de design Smithsonian Cooper-Hewitt, e oito para o prédio das Organizações das Nações Unidas (ONU), ambos em Nova York. Além disso, promovem desfiles com as novas coleções e exposições em museus. Almofadas custam em torno de R$ 180,00. Os Cristais de Luz – as luminárias redondas com acabamento em crochê – saem a R$ 400,00 ou R$ 540,00 dependendo do tamanho e do ponto do crochê. O preço é justificado pelo valor artesanal das peças e pela exclusividade. Estas são comercializadas na loja própria no Fashion Mall, Rio de Janeiro, RJ. A parceria com estilistas como Alexandre Herchcovitch e Carlos Miele, contribuíram para a divulgação da marca. A Lacoste e Osklen, além de artistas plásticos como Ernesto Neto e o holandês Tord Boontje, também se juntaram a eles ao perceber a qualidade do trabalho.
Ilustração 6 - Iluminárias de crochê Coopa Roca. Fonte: Site da Coopa Roca.
3 Sapekhas: uma oportunidade
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45
3 Sapekhas:
uma oportunidade
Ilustração 7 - Infraestrutura da empresa em 2008. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
A
empresa Sapekhas é uma confecção que produz uniformes profissionais e tem uma unidade fabril em Cuiabá e a sede em Rondonópolis, ambas no estado do Mato Grosso. A indústria familiar, surgiu primeiramente com o intuito de fabricar e vender roupas infantis, há 15 anos atrás, através da parceria entre mãe e filha, Dinah Zangari e Claudia Fagotti. A adaptação ao mercado foi boa, porém a oportunidade de fabricar grandes quantidades de uniformes apareceu e fez com que elas aderissem esse novo produto. A confecção cresceu e, no decorrer dos anos, passou do fundo de quintal para um grande barracão. A empresa, a maior da cidade de Rondonópolis, atende toda a região Sul e Sudeste do Estado, além de algumas cidades do Norte. Atualmente, ela produz uniformes personalizados, tem uma serigrafia e máquina sublimática próprias e terceiriza os bordados. Além disso,
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é homologada pela Santanense – indústria têxtil – o que significa a representação oficial da Sapekhas sobre os tecidos produzidos por ela. O processo dentro da empresa começa com a comercialização dos produtos, feitos por uma equipe de vendedores que vão até os clientes para atendê-los. Com os pedidos fechados, a arte é feita e aprovada, para em seguida ser passada para o setor produtivo. O produto pronto passa pelo setor de expedição, onde é verificada sua qualidade, os restos de linhas são cortados, ele é embalado e armazenado até ser entregue ao cliente. Este processo é idêntico aos dos concorrentes locais da Sapekhas, que são 46 Dimarca, Kipimenta, Lua de Pano, entre outras pequenas empresas ou até mesmo pessoas que costuram em casa. Os uniformes apresentados pelas ilustrações 8, 9 e 10 são exemplos do que pode ser produzido pela própria empresa.
Ilustração 8/9/10 - Uniformes confeccionados na Sapekhas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014
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Atualmente, a confecção conta com a colaboração direta de 60 funcionários, sendo a maioria mulheres e, mais 40 terceirizados. O setor produtivo é divido entre corte e costura. O setor do corte é o início da produção, ele é subdividido entre a plotagem e o próprio corte. Na plotagem é usado o software Audaces, ele melhora a porcentagem de aproveitamento do tecido, ou seja, as peças são dispostas para que sobre o mínimo de espaço entre um molde e outro. A impressão é auxiliada por duas impressoras, uma com largura de 80cm e outra de 1,85cm. Os tamanhos de papéis diferentes são necessários quando o propósito é desperdiçar a menor quantidade dele. Isso se deve ao fato das larguras dos tecidos variarem. E além disso a impressora maior evita 47 a perda de tempo, uma vez que quando só existia a menor era preciso emendar os papéis com o auxílio de fita adesiva, e para encaixar uma folha em cima da outra com perfeição exigia habilidade e tempo. Após os moldes prontos, eles são armazenados e em seguida verifica-se se há tecido para serem cortados. Para tanto, os tecidos são enfestados – colocados um em cima do outro, em comprimentos determinados pelas especificações da nota de rodapé – e as folhas colocadas por cima, o papel é alfinetado na primeira camada do enfesto para que ele não ande durante o corte. Em seguida, usa-se a máquina de corte e as peças são separadas por tamanho, e em lotes com os aviamentos necessários, como etiqueta, linha, zíper, botão e elástico, refletivo, entre outros. Os lotes são colocados em caixas e descem para a produção. Esta é separada pelo setor de malhas, camisaria e tecidos plano – e pesados, como o brim. E assim, as peças são confeccionadas. Apesar da abrupta ascensão, sempre se preocupou com as questões sociais, o que levou a empresa a procurar parceria com o SESI, o programa permite que os funcionários com baixa escolaridade tenham a oportunidade de estudar através do programa EJA – Educação de Jovens e Adultos. Além disso, o Sebrae e o Sinvest oferecem cursos gratuitos e outros financiados pela mesma. É um investimento na qualidade de vida
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3.1 Projetos Sociais
dos funcionários e na qualificação profissional, o que melhora o ambiente de trabalho e traz rentabilidade para o negócio. A Prefeitura de Rondonópolis e a Sapekhas se uniram para criar um projeto que beneficiasse a comunidade local e as confecções, que sofriam com a falta de mão de obra qualificada. O projeto visa ensinar mulheres a costurar, através de uma indústria-escola, e inseri-las no mercado de trabalho para que tenham ou aumentem a renda familiar. As confecções doam os materiais têxteis que não são mais úteis para elas e a Prefeitura oferece 48 o espaço e os professores. O acesso é direto entre os estudantes e as corporações interessadas. Outra preocupação é com o meio ambiente. E para tanto, a empresa tem dois projetos que reutilizam os tecidos remanescentes, um de estopas – ilustração 11 – e outro de roupas infantis. Estes prolongam a vida útil de retalhos que seriam descartados na natureza. O primeiro reaproveita totalmente a malha e pequenos retalhos de tecido plano. A estopa é montada com duas partes de malha, pedaços em média de 15 cm por 15 cm – a medida varia de corte para corte, e quando necessário mais de dois pedaços são usados. Os retalhos maiores são para as camadas de fora, dentro é colocado os menores, ou até mesmo os fiapos de malha ou tecido plano. E depois de montado é costurado de fora a fora de modo que o preenchimento fique dentro das bordas e preso. Este produto é pesado e vendido por quilo para postos de gasolina, oficina mecânicas, fazendas, construtoras, entre outras. A sua função é para limpar, seja as mãos ou instrumentos de trabalho. As estopas são confeccionadas por mulheres que tem uma ou duas máquinas de costura em suas casas e se juntam com uma amiga ou outra para produzir. Elas não tem um ambiente adequado e, as vezes, nem maquinário. E a solução foi emprestar as máquinas industriais mais antigas da própria fábrica para essas mulheres. Isto aumentou a produção delas, logo o interesse se tornou maior, como o lucro das partes interessadas.
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Ilustração 11 - Estopas com as sobras de retalhos de tecido plano e de malha. Fonte: Elaborado pela autora, 2014
Ilustração 12 - Software Audaces com as calcinhas e cuecas encaixadas no molde para impressão. Fonte: Elaborado pela autora 2014.
O projeto de roupas infantis começou há quatro anos e a realização só foi possível devido ao software Audaces, já implementado na empresa. Este otimiza o espaço entre os moldes, ou seja, diminui a perda de tecido ao encontrar a melhor disposição deles. E então, só depois, são adicionadas na modelagem as calcinhas, cuecas – ilustração 12/13, macacões e camisetas infantis, a maioria dos encaixes produtos são os de menor tamanho – número 1 e 2 – devido ao melhor aproveitamento dos espaços vazios. Com isto, há redução das perdas de tecido, neste caso em especifico abrange as malhas, uma vez que, para produzir as peças citadas são necessários tecidos mais maleáveis e frescos, como pode ser visto nas ilustrações 14. A ideia do projeto Retalhos da Solidariedade também surgiu com o intuito de beneficiar crianças carentes, e com isso novas parcerias foram formadas, como a da empresa de lingerie que passou a doar os elásticos que eles não usariam mais. Além das doações para as crianças há venda para o comércio local.
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Ilustração 13 Calcinhas infantis frente e costas cortadas em malha pv cinza Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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Ilustração 14 - Roupas infantis prontas. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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O principal problema é o de mão de obra, há poucas costureiras na cidade, mesmo com os projetos da indústria-escola. E as roupas infantis ficam estocadas. Uma opção foi a abertura da empresa aos sábados, em que a produção era dividida entre elas e a Sapekhas. Além destes grandes projetos, algumas medidas são tomadas para ainda evitar desperdícios ou a necessidade de usar um novo material, como por exemplo o fato das sewparações dos lotes de roupas serem amarrados com as tiras que sobram dos cortes, ou as anotações de tamanhos feitos em pedaços de tecidos claros e presos as peças ou fardos. Apesar de todos as ideias implementadas na corporação ainda há retalhos, principalmente de tecido plano, uma 51 vez que a malha é toda reaproveitada para os dois projetos já mencionados. Um monitoramento de quatro meses foi realizado com a intenção de quantificar as sobras de retalhos, de malha sobraram 524kg e de tecido plano 554kg. Vale ressaltar que a malha ainda será usada para as estopas. Devido a essas constatações, percebe-se que a sobra de tecido plano é muito maior que a malha. E a situação vem se agravando com o tempo, pois o depósito em que são armazenados os retalhos está cada vez mais cheio.
Ilustração 15 - Foto do depósito com os retalhos de tecido plano. Fonte: Elaborado pela autora, 2014
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3.2 Mapeamento das Sobras A quantidade (peso) das sobras, ilustração 16 e 17, depende do dia, ou seja, tem dias em que são cortadas pedidos diferentes, que variam no tecido e tamanho, sendo necessários enfestos menores e mais trabalhosos. Porém, alguns dias eles são maiores, com várias camadas de um mesmo tecido, os cortes levam o mesmo tempo, mas a quantidade de peças cortadas no final é maior, e consequentemente os retalhos. Os tecidos usados na Sapekhas variam entre tecido plano ou malha, e quanto a composição, algodão, poliéster, viscose e 52 misturas entre eles. A malha é usada para camisetas, camisetas gola polo, short, calças, coletes e tocas. Entre elas estão PV, piquet, trilobol, polly, dry, helanca. Os tecidos planos são usados para calças, camisas, camisetes, macacão, coletes e tocas. Os usados pela fábrica são brim leve e pesado, fio a fio, unistil, unioffice e tactel, entre outros que variam de fornecedor para fornecedor. Os clientes normalmente são escolas, construtoras, escritórios, fazendas, restaurantes, supermercados, postos e lojas. O acompanhamento durante dois meses na fábrica permitiu o mapeamento dos tamanhos, formatos e cores dos tecidos planos. As anotações dizem respeito aos que sobram e não são utilizados para novas peças ou na confecção de estopas. Para tanto, foi feito uma média de tamanho e formatos observados durante a pesquisa dentro da empresa. As ilustrações demonstram alguns formatos de retalhos, mas eles são muito diversificados, portanto, há infinitos outros que não estão aqui representados.
Ilustração 17 - Retalhos de brim verde e pv meia mescla cinza Fonte: Elaborado pela autora, 2014
Ilustração 16 - Retalho de brim leve azul Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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Thais Emanuele de Oliveira Fagotti
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Ilustração 18/ 19 - Tamanhos e formatos dos retalhos. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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As cores também foram observadas, e a cartela abaixo mostra as que são frequentemente pedidas pelos clientes da empresa
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Ilustração 20 - Cartela de cores. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
4 Projeto de SuperfĂcie
Reaproveitamento de tecidos para criação de superfícies
4 Projeto de Superfície
protetoras como inovação sustentável
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A
intenção do projeto desde o começo era encontrar uma superfície que pudesse ser feita com sobras de tecido e através dela gerar rentabilidade para a empresa com a criação de uma segunda linha de produtos e diminuir ainda mais os retalhos remanescentes. E, além disso, deveria ter uma utilidade para o usuário, ou seja, resolver um problema de design. Ao pensar em possíveis superfícies, a ideia ocorreu durante uma viagem de avião em que tive a caixa de isopor violada e a mala rasgada. O fato me levou a pensar em relatos que havia escutado de pessoas amigas e percebi aonde estava a minha oportunidade, criar uma superfície que protegesse outra. Viajar é um prazer e os motivos podem ser infinitos. As viagens podem ser para realizar negócios, a trabalho ou ter fins recreativos. A última diz respeito aos passeios, visitar amigos ou parentes, conhecer algum lugar novo
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em que se ouviu falar pela beleza ou riqueza cultural – talvez ambos –, ou mesmo para fazer compras. A viagem pode ser romântica, para comemorar uma data especial ou lua de mel; entre amigos; para relaxar; pode ser praia, neve, montanhas, lagos, cidades históricas. O negócio durante a viagem permite a visita a clientes, fornecedores, indústrias líderes no seu campo de atuação – visita técnica para conhecer o processo produtivo, administrativo ou alguma inovação implantada por elas – assistir palestras e frequentar feiras. O trabalho ainda abrange a busca por inspiração para a criação de uma nova coleção, seja ela de qualquer área profissional. E também, o estudo de uma nova língua ou cultura.
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Durante as viagens, há sempre conhecimento adquirido, independente da área ou do grau, seja ele gastronômico, histórico, artístico, ecológico, técnico, financeiro e muitos outros. E elas tem dois destinos, os nacionais e os internacionais (ilustração 21), e vários
Ilustração 20 - Praia de Boa Viagem no litoral sul de Pernambuco, um exemplo de viagem nacional. Fonte: Site do Eco passaporte.
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Ilustração 20 - Praia de Boa Viagem no litoral sul de Pernambuco, um exemplo de viagem nacional. Fonte: Site do Eco passaporte.
Ilustração 22 - Mala personalizada com fitas do bonfim que mostram a nacionalidade baiana ou crença do dono, além de facilitar a identificação. E os adesivos sugerem que pertence a uma mulher. Fonte: Blog da Superlucy.
meios de transporte, carro, ônibus, avião e trem. No Brasil, as mais comuns são as três primeiras, a última ainda é rara devida a falta de opções e de infraestrutura. As viagens de avião são as que oferecem maior rapidez e facilidade de locomoção, as promoções feitas pelas companhias aéreas incentivam a escolha delas e isto, fez com que este meio se popularizasse. Hoje em dia, o acesso é viável e compensador. Despois da escolha do destino, é preciso saber qual bagagem levar e o que colocar dentro dela, se roupa para frio, calor, esportiva ou de festa. A mala é a identidade do seu dono, por mais que ninguém tenha acesso ao 61 que está dentro pode-se perceber várias características apenas ao observar o revestimento, que vai desde a cor ou estampa, formato, tamanho, adereços e cuidado. E além da escolha tem-se a opção de personalizá-la com etiquetas, adesivos, fitas, entre outros (ilustração 22/23). E com isso, fica ainda mais claro a identidade do dono. A customização ajuda a identificar a mala quando se chega na sala de desembarque para pegá-la. Ilustração 23 - Etiqueta para identificação da mala e possibilita afirmar que a dona é mulher, e até mesmo que ainda é jovem. Fonte: Blog da Sou mimada.
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Ilustração 24 Carregamento de malas no Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) em Belo Horizonte, Minas Gerais Fonte: Site O tempo.
62 Ilustração 25 - Malas caídas ao passarem na esteira a espera dos donos Fonte: Site da Skyscrapercity
Ilustração 26 - Mala danificada por ter sido violada e objetos furtados Fonte: Site do Extra Globo.
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4.1 Mapeamento de mercado
A decisão de fazer superfícies protetoras para mala tornou necessária a pesquisa do mercado para descobrir se haviam outras empresas que a fabricavam e vendiam. É importante para analisar seus produtos e avaliar os pontos fracos e fortes, para evitar os erros já cometidos e consertá-los e seguir os acertos. Além de tentar propor soluções novas que eles não ofereçam.
Ilustração 27 - Capa para mala. Fonte: Site da Luggy
Luggy A empresa Luggy é nacional e está situada na capital de São Paulo. Ela existe a mais de dez anos. Além da sua sede, a internet também é um meio de comercialização. As capas da Luggy, são produzidas pela N Costure (NC). De acordo com o site, as capas podem ser personalizadas, ou seja, podem ter detalhes como punho de uma cor diferente ou até mesmo bordados 63 com a marca do cliente. E há desconto para compras em grandes quantidades.
Ilustração 28/29 Detalhes das partes inferiores e seus fechos. Fonte: Site da Luggy.
Tamanho P M G GG Variável
Produto concorrente
Material
Poliéster e elastano.
Preço Tamanhos
89.90 4
Fecho
Com um ou dois encaixes
Aberturas Cores/Estampas Distribuição
Zíper Duas em cima. Sim Internet
Tamanhos (cm) Altura Largura 55 40 68 45 75 48 81 55
Profundidade 20 25 28 28
Comentários Se adapta a mala. Fácil lavagem e reutilizável. Não é impermeável. Razoável Boa quantidade tamanhos. Impede a violação da mala com cadeados e lacres e ajuste a mala com duas ou mais rodas. Na lateral esquerda ou direita. Facilita o carregamento. Diversidade. Boa divulgação.
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StarBags do Brasil A empresa começou com um problema de uma das sócias ao ter a mala trocada no aeroporto, o transtorno foi tamanho que na viagem seguinte pediu a sua mãe que costurasse uma mala para ela. Ao conversar com uma senhora que a ajudou dentro do aeroporto a encapar a mala, ela percebeu que outras pessoas já haviam passado por isso e ainda passam. A empresa se localiza em Porto Alegre - RS, a venda é feita virtualmente e pela loja no aeroporto Salgado Filho – na mesma cidade da empresa.
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Tamanhos PP P M G GG
Altura Até 50 cm Até 60 cm Até 70 cm Até 80 cm Acima de 80 cm
Variável
Produto concorrente
Material
Elastano
Preço Tamanhos
72,68 a 79,00 5
Fecho Aberturas Cores/ Estampas
Distribuição
Encaixe Zíper central (meio da capa) Duas em cima. Três cores de elastano. Estampa Internet Aeroporto
Ilustração 30/31 Capa para mala. Fonte: Site da StarsBags do Brasil
Comentários Se adapta a mala Fácil lavagem e reutilizável. Não é impermeável. Razoável Grande variação Impede a violação da mala com cadeados e lacres. Permite que a capa vire uma bolsa pequena. Facilita o carregamento. Poucas variáveis de cores. Permite a impressão da estampa que o cliente quiser no tecido do meio. Vendas online permitem a personalização e entrega em casa. Ponto de venda excelente.
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SkinBag A companhia tem serviços online e representantes por todo o país, nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Bahia, Maranhão e Pernambuco. E em lojas como a Le Postiche.
Ilustração 32 - Capa para mala. Fonte: Site da Skin Bag
Tamanho P M G GG Variável
Produto concorrente
Material
Elastano
Preço Tamanhos
69.90 4
Fecho
Encaixe
Aberturas
Em cima Estampas
Cores/Estampas
Distribuição
Logo
Tamanhos (cm) Altura Largura min -max min -max 43 - 53 32 - 40 55 - 67 38 - 46 67 - 81 40 - 49 68 - 52 47 - 57
Profundidade min -max 23 - 28 23 - 29 27 – 33 30 - 37
Comentários Se adapta a mala Fácil lavagem e reutilizável. Não é impermeável. Razoável Grande variação Impede a violação da mala com cadeados e lacres. Facilita o carregamento. Muita variedade Cliente pode estampar a logo de qualquer marca
Internet
Entregas em todo Brasil, frete grátis.
Revendedores
Espalhados pelo país
65
Thais Emanuele de Oliveira Fagotti
Bagaggio A empresa de cunho familiar está no mercado desde 1942 e comercializa malas, bolsas, pastas, carteiras e acessórios para viagem. As vendas online tiveram início em 2000 com a abertura do site oficial. O público que buscam atingir vai desde homens, mulheres e executivos. A capa produzida não tem variação de cor ou de estampa, teve como tema o Brasil – a bandeira.
66 Ilustração 34/35 – Detalhe do fundo e da parte superior. Fonte: Site da Bagaggio.
Tamanho Média Grande
Altura (cm) 62 72
Largura (cm) 41 50
Profundidade (cm) 28 30
Ilustração 33 - Capa para mala. Fonte: Site da Bagaggio.
Variável
Produto concorrente
Material
Elastano
Preço Tamanhos
49.90 2
Fecho
Zíper
Aberturas Cores/Estampas
Em cima Estampas
Comentários Se adapta a mala Fácil lavagem e reutilizável. Não é impermeável. Razoável Pouca variação Não permite o fechamento com lacre ou cadeados. Facilita o carregamento. Apenas uma
Internet
Entregas em todo Brasil, frete grátis.
Lojas
Espalhadas pelo país
Distribuição
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Sestini Empresa nacional fundada em 1944 com a abertura das importações do mercado brasileiro. As vendas são feitas online ou através das lojas franqueadas espalhadas pelo Estado de São Paulo – duas na capital, uma em Sorocaba e outra em São Bernardo do Campo, todas dentro de shoppings. Dentre os produtos podemos encontrar malas de viagem, frasqueiras, sacolas, nécessaires, porta-ternos, pastas, maletas, mochilas – adultos, jovem e crianças –, sacolas, pastas-carteiro, estojos.
67
Ilustração 36 - Capa para mala. Fonte: Site da Sestini
Variável
Produto concorrente
Material
Poliéster e elastano
Preço
84.90 a 59.90
Tamanhos
2
Fecho Aberturas Cores/Estampas. Distribuição
Em cima Lateral Estampas Internet Lojas
Comentários Se adapta a mala Fácil lavagem e reutilizável. Não é impermeável. Razoável Pouca variação e sem especificação de tamanhos. Facilita o carregamento. Para malas com alça lateral, facilita o carregamento. Variadas Entregas em todo Brasil, Restrito ao Estado de São Paulo
Thais Emanuele de Oliveira Fagotti
Id Bag Atua no mercado de acessórios para viagem, fabrica as capas para mala e vinho, etiquetas e faixas, todas podem ser personalizadas. O intuito da produção deste é a proteção, conservação e identificação das bagagens, evitando transtornos.
Ilustração 39 – Etiquetas pronta entrega. Fonte: Site da Id Bag.
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Tamanho P M G GG
Altura (cm) min -max 43 - 50 57 - 62 64 - 70 72 - 78
Variável
Produto concorrente
Material
Elástico
Preço Tamanhos Fecho
105.00 4 Não tem Em cima e embaixo.
Aberturas Cores/ Estampas Distribuição
Lateral Cores Internet
Ilustração 37 - Capa para mala. Fonte: Site da Sestini
Comentários Se adapta a mala Fácil lavagem e reutilizável. Não é impermeável. Alto variação Impede o uso de cadeados Não protege onde não há capa.. Com exceção da P, facilita o carregamento Variadas Entregas em todo Brasil
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AlliExpress
Ilustração 40 Malas com as capas. Fonte: Site da AliExpress.
A AlliExpress é um site que reúne diversos produtos diretos da indústria, ou seja, de acordo com o site, a preço de atacado. A versão do site é brasileira, mas a sua origem é chinesa, e ele pertence ao grupo Alibaba. O intuito da empresa é a divulgação de produtos inovadores e tecnológicos para que eles possam competir efetivamente no mercado. As capas para mala são fabricadas pela Ito, empresa que não tem sua localização divulgada. O kit inclui duas capas. De acordo com as avaliações do site, as entregas demoram e há a possibilidade de não chegarem.
69 Tamanhos (cm) Tamanho Altura Média 37 Grande 44 47 57 Variável
Produto concorrente
Material
Nylon
Preço Tamanhos
R$15.00 4 variações
Fecho
Velcro
Aberturas Cores/Estampas
Duas em cima. Nenhuma
Distribuição
Internet
Largura 24 28 31 29.5
Comentários Não estica. Impermeável, de fácil lavagem e reutilizável. Barato Boa quantidade tamanhos. Não impede a violação da mala. Não permite a adaptação a malas com rodas no meio. Facilita o carregamento. Apenas duas cores As avaliações dizem que a entrega demora.
Thais Emanuele de Oliveira Fagotti
Concorrente indireto O concorrente indireto das capas para malas é a proteção através do sistema de plastificação. Ou seja, um filme plástico termoencolhível é envolvido na bagagem e em seguida aquecido para se ajustar ao tamanho da mala. E quem presta o serviço no Brasil é a Protec Bag e a True Star. Além da mala podem ser embalados valises, sacolas, pacotes, caixas, equipamentos eletrônicos, caixas de isopor, bicicletas, carrinhos de bebê, pranchas de surf, entre outros. Os dois últimos custam 80 reias e o restante 40. A Protec Bag trabalha em parceria com a Assist Card, uma seguradora que oferece diversos serviços, como “coberturas de assistência médica por acidente, medicamentos, odontologia de urgência, traslado, assistência em caso de roubo ou extravios documentos, localização e indenização por extravios de bagagens entre outros”. A análise de cada concorrente permitiu notar os 70 pontos fortes e fracos, o que fazem e como. E para comparar cada um deles a tabela abaixo os uniu, assim como os quesitos de observação. O que mostrou que nenhum é melhor que o outro, em que cada detalhe da superficie tem sua funçao e qualidades.
Ilustração 42 Guichê True Star, mostrando como é uma mala embalada. Fonte: Elaborado pela autora, 2014
Ilustração 41 - Loja padrão do Protect Bag, mostrando como é uma mala embalada pelo filme plástico da empresa. Fonte: Site da Protec Bag.
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O concorrente indireto das capas para malas é a proteção através do sistema de plastificação. Ou seja, um filme plástico termoencolhível é envolvido na bagagem e em seguida aquecido para se ajustar ao tamanho da mala. E quem presta o serviço no Brasil é a Protec Bag e a True Star. Além da mala podem ser embalados valises, sacolas, pacotes, caixas, equipamentos eletrônicos, caixas de isopor, bicicletas, carrinhos de bebê, pranchas de surf, entre outros. Os dois últimos custam 80 reias e o restante 40. A Protec Bag trabalha em parceria com a Assist Card, uma seguradora que oferece diversos serviços, como “coberturas de assistência médica por acidente, medicamentos, odontologia de urgência, traslado, assistência em caso de roubo ou extravios documentos, localização e indenização por extravios de bagagens entre outros”. Luggy Elastano Poliéster Material Nylon 15 49,90 a 69,9 Preço (R$) 69,90 a 89,9 89,9 a 105,00 PP P M Tamanhos G GG Zíper Velcro Fecho Encaixe Em cima Abertura Lateral Cor Personalização Estampas Logo Internet Distribuição Lojas Revenda
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StarBags do SkinBag Bagaggio Sestini Id bag Ali Express Brasil X X X X X X X X X
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4.2 Perfis dos viajantes
Os aeroportos, antigamente, eram frequentados por pessoas com um alto poder aquisitivo, devido ao valor exorbitante das passagens. Porém, hoje em dia, com promoções e pacotes oferecidos pelas companhias aéreas e empresas de turismo ficou fácil e barato ter acesso ao transporte em questão. Devido a isso, é possível identificar diversos perfis de viajantes. E para tanto, a metodologia de pesquisa se baseou na observação das pessoas dentro do aeroporto Santos Dummont, no centro do Rio de Janeiro, como também em entrevista semiestruturada com os viajantes e com especialistas. A observação, que durou cinco horas, foi necessária para constatar na prática e ter um olhar analítico de como funciona o ambiente dos aeroportos, o comportamento dos indivíduos em relação ao meio e ao que transportam. 72 No check in nota-se a diversidade das bagagens dos passageiros, variando em cor, estampa, tamanho, material e quantidade. A diversidade não é definida somente por isso, dentre elas, além das malas, estavam carrinhos de bebê, pranchas de surf, caixas térmicas ou de isopor, instrumentos musicais. Já no terminal de embarque, pode-se perceber o que transportam para dentro do avião. Em média levam duas bagagens, que variam entre bolsas, mochilas, sacolas de lojas, malas de pequeno porte, pastas, casacos, porta ternos ou outro tipo de roupa. E nas mãos, livros, revistas, jornais, documentos, celular e passagens. No desembarque, as malas normalmente não estavam embaladas, e não possuíam capas, poucas tinham o saco fornecido pela companhia aérea ou o filme termoencolhível, e raridades as com adesivos de frágeis. Mas, a grande maioria, possuía alguma forma de trava, desde o da própria mala, a cadeados e lacres. E continham algum tipo de acessório para facilitar a identificação, laços, fitas, etiquetas ou faixas com encaixe. O roteiro da entrevista, feita com 10 pessoas, percorria assuntos como os motivos que a levavam a viajar, a relação com a sua mala, o que costumava levar
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dentro dela, se fazia algo para proteger ela e os pertences, o modo de identificação na esteira dos aeroportos. E assim, uma pergunta conduzia a outra, e a forma como era feita dependia da resposta do entrevistado. As análises dos diálogos revelaram alguns pontos em comum. Por exemplo, o fato de as pessoas não quererem misturar as roupas sujas com as limpas, o uso de sacos plásticos para embalar potes com conteúdo líquidos, roupas ou calçados, os de vidro são sempre colocados nos meios das roupas para evitar que quebrem, não levam objetos pessoais de valor, e sim, além dos já citados acima, maquiagem, secador, chapinha – em geral as mulheres -, roupa de banho, produtos de higiene pessoal, entre outros. Os equipamentos eletrônicos não devem ser despachados e sim levados na bagagem de mão. Os quesitos mais importantes foram o da identificação da mala na esteira, onde sempre ocorre trocas que causam transtornos aos passageiros, assim como a violação das 73 malas e os danos, como rasgos e sujeiras. E as pessoas argumentavam que isso diminuía o tempo de vida da mala e a deixava com aparência de velha e mal cuidada. Os especialistas entrevistados, um da Avianca do setor de bagagens e o outro da empresa Protec Bag, contribuíram para um aprofundamento dos serviços prestados nos aeroportos. O primeiro, abrangeu temas operacionais do funcionamento do transporte das bagagens, o caminho que é percorrido do check in ao desembarque. Ele começa com a pesagem e identificação através de etiquetas de papel, nesta etapa a companhia aérea pode oferecer um saco plástico para a proteção da mala, porém é um serviço limitado e sujeito a acabar em qualquer momento. E, assim, segue por uma esteira até uma sala aonde os operadores irão recolhe-las para colocar em um carrinho – pode ser coberto ou não – que será conduzido até o avião, onde outra esteira ou pessoa as armazenará no compartimento de bagagem, separadas por conexões finais. No destino, o caminho é contrário, terminando na sala de desembarque, lugar onde cada passageiro pegará a sua mala. A pesquisa enfatizou os problemas que os
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passageiros enfrentam com as malas e como a companhia lida com isso. Os principais transtornos se referem as malas de tecido rasgadas ou sujas, as de fibras arranhadas, puxadores com ferros amassados, alças e rodinhas quebradas. Em casos como esses é oferecido conserto aos danos, mas algumas podem continuar defeituosas, como costurar um rasgo, ou a mala de fibra que não tem como tirar os arranhões. Quando o serviço é aceito empresta-se ao passageiro uma mala até a sua não está pronta, quando se recusa, é necessário entrar com um pedido de ressarcimento da mala e a pessoa recebe o dinheiro equivalente a uma nova do mesmo modelo. Apesar de parecer fácil, não é, porque os processos dependem da empresa e do cumprimento das normas estabelecidas por ela, e o que muitas vezes não é informado aos clientes. Além disso, os passageiros normalmente estão em transição e não podem esperar 74 pelo tempo do conserto, e acabam ficando com o produto estragado, jogam fora e compram outro ou continuam usando-a. A entrevista com o técnico da empresa Protect Bag compreendeu a motivação dos indivíduos para embalar uma mala com filme plástico, que é a segurança da mala – inibe os furtos – e a proteção contra danos externos. A grande reclamação é sobre o preço cobrado e a constatação veio a partir do especialista que escuta os clientes reclamando e de um senhor que estava embalando a sua mala e disse que quando viajava com a família ficava inviável usufruir do serviço devido a quantia final paga pelo conjunto de bagagem. Com base na pesquisa, foi identificado perfis mais frequentes de viajantes, entre eles estão os jovens, mochileiros, aventureiros, adultos, executivos e as famílias. A limitação do rótulo não impede que os perfis se cruzem e se confundam, uma vez que depende do comportamento de cada indivíduo durante a sua viagem. Ou seja, um executivo pode ser jovem e estar viajando com a família. Ou um adulto pode ser um mochileiro e, assim por diante. Porém, a pesquisa se baseou nos momentos da observação no aeroporto e nas entrevistas individuais
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para obter os resultados que serão apresentados abaixo. Os jovens, pela idade e disposição são bons viajantes, porque tem vontade de conhecer um mundo novo e pelo espírito aventureiro. Uma cultura diferente acrescenta a eles amadurecimento, compaixão e respeito pelos costumes do local. O que não os impede é a falta de dinheiro, pois estão dispostos a se hospedarem em lugares baratos e a não comerem comida cara, já que o que realmente importa são as experiências que a viajem irá proporcionar. Os motivos para a realização de tamanha empreitada são infinitos, mas o de estudar e trabalhar no exterior são os mais citados pelo público. Isso se deve, principalmente, ao governo que atualmente está fomentando a ida de jovens ao exterior através de incentivo para estudarem em faculdades e aprender novas línguas (ilustração 43). O perfil no saguão dos aeroportos é variado, usam roupas confortáveis e dentro seu próprio estilo. O que 75 os define é a faixa etária, a vontade de viajar e arriscar. Os jovens na ilustração abaixo saíram de sua cidade, Amapá para irem ao Rio de Janeiro na Jornada Mundial da Juventude em 2013, durante o evento os jovens ficaram em escolas públicas e Igrejas Católicas, dividiram banheiros e andaram de transportes coletivos, ou seja, Ilustração 43 - Jovens amapaenses saindo do Aeroporto Internacional de Macapá e indo em direção ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude. Fonte : Site do Globo. com
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não tiveram o conforto de suas casas e de conhecerem a cidade, tiveram que aprender aonde ir e como chegar. 76 Os aventureiros escolhem destinos que causem adrenalina, escalada, rafting, trilhas, cachoeiras. Eles optam por ter contato com a natureza, não se importam em dormir em barracas e de acampar, lidam muito bem com os mosquitos e a falta de conforto. E além de aventureiros podem ser mochileiros, viajam com poucas roupas, mas muita vontade de aprender. Querem conhecer as diversas culturas e as suas histórias. Normalmente, planejam não gastar muito, por isso preferem hospedagens e alimentação baratas, mas não ficam em um mesmo lugar por muito tempo, mudam de cidades, estados e países durante a viagem, andam a pé e pedem carona. Nos aeroportos, carregam grande mochilas, vestem roupas
Fonte: Site da Penelope Agreste.
Fonte: Site da Penelope Agreste.
Ilustração 44 - Jovens intercambistas do Estado de Pernambuco embarcam para o Canadá, onde estudarão a língua local e em faculdades dentro das suas áreas. Fonte: Site do Governo de Pernanbuco.
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leves e sempre de calçado fechado e confortável para andar. Os executivos têm o perfil mais fácil de identificar. Estão sempre bem vestidos, com roupas sociais e finas, e a espera do próximo voo que o levará para uma possível reunião ou de volta para casa, como se pode perceber na ilustração. A rotina de trabalho intensa e a organização do tempo faz com que eles levem bagagens de mão ao invés de despacharem, isso permite que saiam do desembarque direto. Porém, depende da quantidade de
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dias que ficarão fora, em casos de muitos não tem outra alternativa a não ser despachar. Outro que tem um perfil bem definido é o grupo familiar. Pai, mãe e filho(s), o que varia é a idade deles, o que influenciará o roteiro. Os filhos quando crianças possuem malas pequenas e identificadas com seus nomes através de etiquetas de super-heróis ou princesas, e quando adolescentes personalizam-nas conforme seus gostos ou preferem as chamativas, é a fase da busca pela identidade e a variedade entre eles é enorme. As mães carregam as maiores malas e os pais as discretas. Há casos que os papéis se invertem, ou seja, as exceções. Os pais cuidam das passagens e bagagens dos filhos, o que os torna o grupo que mais transporta objetos de mão
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Ilustração 48 Família no saguão de embarque de um aeroporto. A pequena mala da criança contém uma etiqueta verde de identificação. Fonte: Blog The backstreet.
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para dentro dos aviões. A ilustração abaixo é um claro exemplo de viagem em família. O ponto convergente entre os perfis explanados acima é a bagagem e seu comportamento com ela. O que não está relacionado apenas material físico, mas também ao emocional. A preocupação aos danos no objeto é nítida, devido aos problemas que ocorrem ou já ocorreram com os passageiros. Porém vai além deles. É uma preocupação em ter um produto que transmita o seu caráter, forma de pensar e ser, a sua profissão e motivos da viagem. É a personalidade do viajante impressa, sem que se diga uma única palavra. O conjunto deve dizer isso, a mala, indumentária e comportamento do indivíduo. O cuidado faz parte, porque demonstra o zelo que se tem pela bagagem, e a intenção ao se investir nela é a durabilidade. A partir das entrevistas e pesquisa de campo foi possível observar alguns pontos importantes das 79 necessidades dos viajantes, por isso painel com os insights sobre isso auxiliou na organização dos problemas, como pode ser visto abaixo. Ilustração 49 - Insights dos problemas dos viajantes. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
5 Processo de criação e desenvolvimento
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5 Processo de criação e desenvolvimento
protetoras como inovação sustentável
A
criação é um processo do projeto que é conduzido de acordo com cada designer e os seus métodos de trabalho. Normalmente, é a parte de maior liberdade de expressão, em que alternativas serão geradas com o intuito de solucionar o problema. Toda a pesquisa foi feita e analisada, assim o conhecimento necessário foi adquirido e pode ser usado da melhor maneira para criar ideias novas. Este passo pode ter uma natureza lógica e racional, mas pode não ter, as ideias podem surgir no começo, no meio ou somente no fase final do projeto. Elas podem dar certo ou errado independente da etapa em que foi gerada. O que diferencia o designer é o fato de saber selecionar as mais eficientes e as que melhor se adequam no briefing e ter outras em caso de não funcionarem na linha de produção. No presente projeto, o problema está em utilizar retalhos de tecido plano que seriam descartados no meio ambiente e transformá-los em um produto factível e viável para os processos já existentes na Sapekhas. Este será
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uma superfície protetora que atenderá as necessidades dos viajantes que utilizam os transportes fornecidos nos aeroportos. Não será apenas isso, mas também sustentável ao reutilizar sobras de tecidos. E para que isto se tornasse possível foi preciso pensar em um processo eficiente para fazê-lo, elaborando alternativas de encaixe no tecido, das formas, das cores, de fabricação e para atender as necessidades do perfil do público. As fontes de inspiração pesquisadas puderam gerar as soluções.
5.1 Inspiração
As ideias surgem do conhecimento que cada profissional de design carrega consigo: tudo o que aprendeu durante a vida lhe será útil. Por isso, a busca é incessante por conhecimento, a curiosidade aguçada por saber como os objetos funcionam, o que as pessoas pensam ou já pensaram dentro da história, artes, economia, design, arquitetura, e muitas outras. A fontes são diversas, podendo ser surpreendentes ou coisas básicas do cotidiano, do passado ou do presente. O importante é que isso cause ao designer estímulos para a criatividade. O ponto de partida para buscar estas fontes foram os retalhos, o mapeamento permitiu identificar as suas 84 formas mais frequentes, as geométricas, como pode ser visto abaixo.
Ilustração 50 - Formas dos retalhos. Fonte: Elaborado pela autora.
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A constatação feita a partir destes retalhos e suas formas foi que o aproveitamento deles seria melhor se usados assim, sem muitas mudanças de corte, o que também facilitaria na costura, por terem formas retas e de fácil e rápida união. A decisão das formas levou ao questionamento de como poderia se fazer o encaixe delas levando em consideração os critérios acima e ainda atribuindo valor estético ao que era considerado lixo. A organização do pensamento foi feita através de um brainstorming (ilustração 51) em que as possibilidades de encaixe já utilizadas hoje em dia foram listadas, tanto dentro como fora da área têxtil e do Design. O destaque foi a arquitetura, por trabalhar diretamente com a geometria e suas formas, e ás vezes, com encaixes inusitados e criativos. É uma área ligada ao Design de Superfície abrangendo a composição de fachadas, azulejos, entre outros.
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Ilustração 51- Brainstorming para listar todas as possibilidades de encaixe, buscando alternativas dentro e fora do universo têxtil. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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Durante a pesquisa imagética as formas mais encontradas foram as geométricas, entre elas os triângulos, trapézios, quadrados e retângulos. O olhar foi direcionado para isso, de modo a escolher as imagens de acordo com o que se adequa ao projeto e ao gosto pessoal da autora. A contribuição da arquitetura é referente as suas formas geométricas, que são indispensáveis durante a fase de desenvolvimento do projeto arquitetônico, porque através delas é que a determinação dos espaços e volumes serão feitas. As ilustrações escolhidas incitam a análise das composições, as escolhas das formas e sua disposição harmônica e as vezes criando tensões. A ilustração 52 tem um contraste entre as cores azul e branco, e também entre o branco e sua sombra. O ângulo em que a foto foi tirada, de cima para baixo e apenas do canto, aguçam o olhar e fazem com que as cores e formas sejam bem definidas. A seguinte foi escolhida devido ao jogo de luz e sombra e pelas sacadas formarem um retângulo projetado para fora dos quadrados da divisão entre os andares. Por isso, serviram de inspiração para a criação das composições das superfícies protetoras, assim como as ilustrações seguintes. 86
Ilustração 52/53 – Construções arquitetônicas usadas para inspiração de encaixes de formas geométricas. Fonte: Site da Arktetonix.
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Ilustração 54/55 - Construções arquitetônicas usadas para inspiração de encaixes de formas geométricas. Fonte: Site da Arktetonix.
A ilustração 54 e 55 possuem formas interessantes variando entre triângulos e retângulos e as cores diferentes em alguns deles, o que pode ser chamado de ponto focal e prende a atenção. Além disso o conjunto dos elementos formam quadrados, isso quer dizer que as formas agrupadas construíram outras, seja através de cores ou encaixes. O mesmo pode ser observado nas seguintes. Já na ilustração 57 a posição das tiras de madeira forma uma perspectiva de continuidade, quase sugerindo um movimento. E isto feito com retângulos finos. A próxima, também tendo sido tirada de baixo para cima, mostra que quanto mais distante o quadro fica menor ele parece e mais escuro também. Além da combinação do clássico preto e branco. A subsequente combina os triângulos para formar o teto arredondado de uma igreja, a disposição deles cria um efeito de perspectiva ao se perceber os tons mais escuros devido à sombra causada ora pela profundidade ora pelo elemento ao lado.
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Ilustração 56 - Diamond House, construção que explora as formas de encaixe e perspectiva. Fonte: Site Bontempo.
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Ilustração 57/58 Construções em perspectiva que dão a impressão de movimento e profundidade. Fonte: Fonte: Site da Arktetonix.
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Ilustração 59 - Uso da profundidade, luz e sombra e perspectiva. Fonte: Site da Geometria.
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A ilustração abaixo é um projeto arquitetônico que foi baseado no uso da luz e das cores dos ambientes. O modo como a luz reflete nas paredes opacas causa um efeito luminoso diferente, de acordo com cada sala, projetada com cores diferentes para atingir o objetivo.
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Ilustração 59 - Uso da profundidade, luz e sombra e perspectiva. Fonte: Site da Geometria.
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Os produtos têxteis funcionaram como inspiração, não somente por estar ligada a área de pesquisa do presente trabalho, mas para buscar abranger o conhecimento referente a este mundo, desde a mistura das cores ao encaixe das formas e, os acabamentos e técnicas usadas. A ilustração 61 é uma almofada feita com o encaixe de tiras pequenas de tecido e variando nos tons de azul. A colcha de retalhos (ilustração 62) mescla texturas, estampas, cores e formas, a opção torna o resultado da composição interessante. A calça de malha tem pequenas tiras branco no meio de todo o preto, o efeito disso e do corte fazem com que o olhar se delongue nesta área. Ou seja, a intenção é ter um ponto focal para manter a atenção do observador.
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Ilustração 61/62/63 Almofada, colcha e calça com detalhes geométricos, diferenciação pela modelagem, costura e escolha das cores. Fonte: Site do Pinterest
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A pesquisa no campo artístico se restringiu ao modernismo brasileiro com profissionais como Athos Bulcão e Francisco Valle. O primeiro tem grande importância no meio artístico e acadêmico do design de superfície. Foi um profissional completo, se relacionou com nomes da arte, arquitetura e design. A sua relação com este projeto se deve aos azulejos projetados que tem como diferencial as formas de montagem, uma vez que as padronagens podem ser posicionadas em qualquer ângulo para serem encaixadas, formando um desenho. Isto é possível devido a escolha de padrões simétricos e do módulo quadrado. O motivo de tal pensamento é a facilidade de instalação dos azulejos, em que qualquer operário está apto a executar o projeto sem prejudicar a qualidade da obra. As ilustrações abaixo demonstram a grandiosidade de seus pensamentos e feitos em vida.
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Ilustração 65 - Painel de azulejos, Museu de Gemas, Torre de TV, 1966. Fonte: Site da Fundação Athos.
Ilustração 64 - Painel de Azulejos, Salvador, Estação de Transbordo da Lapa, 1981. Fonte: Site da Licia Fabio.
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Porém, a grande inspiração é o trabalho do brasileiro Francisco Valle, nascido em Belo Horizonte e graduado em artes plásticas e comunicação publicitária. Seu trabalho vai desde ilustração gráfica minimalista a pinturas detalhadas. A sua arte gráfica é uma mistura de cores e formas geométricas, dispostas de maneira a prender a atenção do observador. A ilustração 66, contém três trabalhos de Valle que foram usados como fonte de inspiração tanto ao que se refere à disposição dos 92 triângulos e o uso das cores. A seguinte mostra o uso dos retângulos e linhas. Já a ilustração 68 é uma mistura dos dois primeiros, a disposição é harmoniosa tanto das cores quanto das formas. Os tons são neutros e complementares, e sendo assim se equilibram.
Ilustração 67 - Quadros em Francisco Valle utiliza linhas e retângulos para a composição. Fonte: Site do Francisco Valle.
Ilustração 66 - Quadros em Francisco Valle utiliza triângulos para a composição. Fonte: Site do Francisco Valle.
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Ilustração 68 - Quadros em Francisco Valle utiliza triângulos, linhas e retângulos para a composição. Fonte: Site do Francisco Valle.
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A pesquisa imagética para inspiração permitiu ver que há muitas combinações e composições a serem feitas entre formas e cores e que elas só dependem da intenção do projeto e da mensagem que se quer transmitir. Todas as ilustrações têm uma identidade visual com um objetivo, e mesmo assim cada um interpreta de um jeito, de acordo com seus conhecimentos que podem ou não se aproximar do que o autor quis dizer. E é papel do designer traduzir a sua intenção, neste caso, em uma superfície.
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5.2 Formas
O problema do projeto era como reaproveitar os retalhos para transformá-los em uma superfície protetora funcional. A questão seguinte era como criar formas para a superfície que se adequassem a linha de produção, isto é, utilizando processos já existente na empresa e a otimização na fabricação. A produção em larga escala não poderia ser evitada, uma vez que a sobra de tecidos tem um volume alto devido à grande demanda por uniformes. Isto explica o porquê dos problemas citados acima – tempo e facilidade. Outro fator contribuinte para a escolha das formas geométricas é a variação de tamanhos e formatos que elas permitem e assim poderiam se ajustar aos espaços livres das modelagens feitas pelo software Audaces. Os formatos dos retalhos que sobram atualmente são irregulares mas se assemelham a retângulos e, ás vezes, a triângulos. Esta ideia surgiu com a pesquisa feita na empresa ao observar como a modelagem das peças se encaixavam para diminuir a perda e ganhou força com a busca por fontes de inspiração. Portanto foi mantida e obteve sucesso, o que poderia não ter acontecido, e assim novas alternativas deveriam ser buscadas. A não preferência por formas curvas se deve ao fato da demora para confeccionar, da experiência que 94 a costureira teria que ter, da mala ser quadrada e da dificuldade de encaixe na modelagem. A pesquisa de inspiração auxiliou na geração de conceitos para os encaixes, o que resultou na elaboração de sete opções de disposição das formas, conforme se segue nas ilustrações. A arquitetura contribuiu pela disposição simples das linhas e pela ideia de perspectiva das fotos (ilustração 69), tiradas estrategicamente para aumentar, diminuir (ilustração 70), destacar ou disfarçar um ponto. Ou formarem outras formas geométricas através da junção entre elas (ilustração 71).
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Ilustração 69 - P Vichy Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 70 - A Alves. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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Ilustração 71 – D Brum Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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O modernismo brasileiro, principalmente Francisco Valle, com sua mistura de triângulos e posições entre eles, inspiraram as ilustrações 72 e 73.
Ilustração 72 - J Dalla. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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Ilustração 73 - G Gimmler. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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As duas últimas formas representam a influência têxtil, com formas maiores e diferentes entre si.
Ilustração 74 - F Santos. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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Ilustração 75 - T Vieira. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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5.3 A cor
A partir do conhecimento da interação das cores e como elas podem ser interpretadas diferentemente por cada pessoa uma cartela de cores foi elaborada para os perfis de viajantes que foram divididos em classes, são elas os executivos, aventureiros e mochileiros, jovens, famílias e adultos. A escolha das cores levou em consideração suas características, interesses e cores disponíveis na empresa. As ilustrações com as interações das cores mostram a quantidade em que serão usadas nas capas para transmitir a intenção de cada perfil. Os executivos precisam de uma cartela mais sóbria, sem muitas variações e que demonstre seriedade. Por isso, as cores escolhidas são em sua maioria as frias, azul, violeta e verde, e as cores que se aproximem delas. As combinações variam entre duas ou três cores, e entre os tons, como cinza claro e escuro. O jeans e o preto formam um contraste ideal para o perfil, cores escuras e que demonstram força, refinamento, confiança e eficiência, e até mesmo frieza – na intenção de fazer negócios com a razão e não com o coração. Assim como as duas próximas combinações. Apesar do branco com cinza ser mais leve e não demonstrar tanta frieza, e o marrom se tornar quente ao ser contrastado com o azul 98 frio.
Ilustração 76 Combinação de preto e jeans. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 77 Combinação de cinza e branco. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 78 Combinação de azul e marrom. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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Os aventureiros e mochileiros são pessoas em contato com o meio ambiente, seja o urbano ou o ecológico, em busca de viagens com muita adrenalina e sem muitos compromissos. E a cartela demonstra isso, uma vez que as cores remetem a natureza – as árvores, ao céu, ao mar, ao pôr e nascer do sol e, principalmente, a flora. As três cores abaixo, foram escolhidas devido a interação entre elas. O verde e o laranja se misturados oticamente formam o marrom, cor da terra, acrescentando a cartela uma nova cor. Além disso, o contraste entre elas interferem na percepção, o amarelo e o laranja perecem mais vibrantes e claros juntos, já o laranja com o verde fica mais escuro e menos vibrante. A próxima combinação de verde e com marrom claro formam uma combinação terrosa, que transmite calma ao remeter a natureza e por não serem cores vibrantes. O mesmo acontece com a terceira combinação em que o amarelo fica neutralizado com a interação com os marrons.
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Ilustração 79 Combinação de verde, laranja e amarelo. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 80 Combinação de verde, e marrom claro. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 81 Combinação de amarelo, marrom claro e escuro. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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Os jovens têm todas as cores na sua cartela, pois eles têm a alegria característica da idade, que é aberta a novas experiências e experimentações. As combinações envolvem cores quentes e frias, sem receios de serem chamativas, mas sempre considerando a melhor interação entre elas. O amarelo e o vermelho são cores vibrantes e em contraste com o cinza se destacam mas perdem um pouco da luz pelo fato dele ser mais escuro e ter mais peso. O amarelo, na segunda combinação, é usado para transmitir otimismo e confiança e acrescentar calor as cores frias, marrom e azul. O azul contrasta com o amarelo e laranja para diminuir a luz deles, mas sem perder a alegria.
100 Ilustração 82 Combinação de vermelho, amarelo e cinza. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 83 Combinação de amarelo, azul e marrom. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 84 Combinação de azul, amarelo e laranja. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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As famílias são compostas de diferentes maneiras, homens, mulheres, os filhos e suas variadas idades. Por tanto, os tons são variados e as combinações também. Algumas mais alegres, outras mais sóbrias, ou ainda infantis. E que as capas possam ser usadas por todos eles de acordo com a necessidade de cada momento. Para este perfil foram escolhidas quatro combinações e priorizou-se as crianças já que não há outra categoria que elas se encaixam. As delas foram inspiradas em desenhos infantis, como Tom e Jerry para os meninos, e para as meninas na Branca de Neve. Ilustração 85 - Branca de Neve, princesa da Disney. Fonte: Site Cartoonvids.
Ilustração 88 Combinação de cinza claro e branco para o Tom e marrom claro e escuro para o Jerry. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
101 Ilustração 86 Combinação de amarelo, azul e vermelho. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 87 - Tom e Jerry, o gato e o rato, respectivamente, desenho animado. Fonte: Site Cartoonvids.
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E para os pais foram priorizadas combinações masculinas e femininas. O primeiro com cores mais neutras e sem muito contraste, para demonstrar uma seriedade, mas sem frieza. E, para as mulheres, laranja, vermelho e amarelo, cores mais claras e com alegria e transmitindo amor pela vida e pela dádiva de poder viajar com a família. Além disso, as cores escolhida para os integrantes são parecidas, pelo fato dos filhos se inspirarem nos pais, mas nenhum deles perdeu a identidade por isso, já que cada combinação transmite a sua mensagem. Os adultos, só diferem dos jovens em relação a combinação de cores e dos executivos em relação a seriedade, ou seja, eles são o meio termo, não muito alegres e não muito sóbrios. E os tons mais quentes e vibrantes serão contrastados com as cores frias.
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Ilustração 89 Combinação masculina de marrom claro e escuro e azul escuro. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 90 Combinação feminina de vermelho, amarelo e vermelho. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
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O azul é a cor mais vibrante e destaca as outras cores ao ser usado em maior quantidade. O cinza mais escuro permite a ideia de profundidade quando combinado com o claro. O vermelho é uma cor quente e o azul fria, o uso de menos primeiro equilibra a composição para ser usada por este perfil. A cor acrescenta vida, calor e energia, assim como causa um impacto visual pelo contraste. O mesmo acontece com a combinação do laranja com marrom.
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Ilustração 91 Combinação de azul, cinza claro e escuro. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 92 Combinação de azul escuro e vermelho. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
Ilustração 93 Combinação de marrom com laranja. Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
As cores muitas vezes se repetem, mas isso se deve a disponibilidade delas na empresa que depende dos pedidos dos clientes. As escolhidas estão sempre presentes, pois são as mais utilizadas para uniformes. Este pode ter cores diferentes caso seja solicitado, neste caso os retalhos delas serão encaixadas nos perfis de acordo com suas caracteristicas.
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5.4 Conceitos finais
A partir de toda a pesquisa foi possível elaborar conceitos e criar uma superfície protetora a partir de retalhos. O Design contribuiu com a metodologia, forneceu as ferramentas necessárias para organizar e envolver todas as partes de forma harmônica e lógica e, só assim, chegar ao produto final. Além disso, a teoria abrange o desenvolvimento de projetos que tenham significado, qualidades estéticas, funcionais e estruturais, ou seja, uma intenção e que transmita ao consumidor uma mensagem. O Design de Superfície aborda a criação de módulos, padronagens e texturas. Já o para a Sustentabilidade, diz que o pensamento deve-se voltar para a economia de recursos, como a reutilização, reaproveitamento, evitando o desperdício. E ainda, para o estudo dos processos de produção e análise do ciclo de vida de um produto. Sendo assim, a pesquisa de campo dentro da empresa Sapekhas permitiu a verificação do funcionamento, dos processos disponíveis e dos problemas enfrentados por ela. Um deles é o desperdício dos tecidos planos, uma vez que para a malha existem outros projetos em andamento. Então, foram identificados as cores, formatos e tamanhos e, ao tentar conectar design, sustentabilidade e produtividade, a solução foi pensar em uma superfície 104 que pudesse ser confeccionada a partir desses retalhos e dentro das limitações da empresa. Portanto, o exemplo do encaixe das calcinhas foi uma inspiração para fazer o mesmo, ou seja, encaixar as formas juntos com as modelagens de tecido plano para que elas fossem padronizadas. O pensamento no tipo de superfície era abrangente, poder-se-ia fazer produtos coorporativos para que a empresa pudesse presentear clientes, ou ainda decorativos, que usassem em suas casas. Mas poderiam ser vendidos, algo desejável e lucrativo. Durante o período de incubação e das infinitas possibilidades surgiu a ideia de produzir capas para mala, superfícies que protegeriam outras superfícies. Com a decisão tomada, os concorrentes foram pesquisados com a intenção de saber sobre os produtos, pontos de venda, distribuição, preço, consumidores e os tamanhos e formatos de mala – informação retirada dos concorrentes e das lojas que vendem mala. Assim, uma nova pesquisa foi feita, a dos viajantes, para identificar os perfis e saber os problemas e dificuldade que enfrentam durante uma viajem.
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Os problemas listados deveriam ser solucionados, por isso a capa deveria ser resistente para evitar danos e prolongar o tempo de vida da mala, os tecidos planos mais usados na Sapekhas são brim e o jeans, que atendem ao requisito. E também, deveriam proteger contra a sujeira e arranhões. Além de possibilitar a diferenciação da bagagem para uma fácil identificação do proprietário. Um problema encontrado foi a discrepância entre o material dos concorrentes que esticam e se adequam a variações pequenas de formatos das malas e o tecido plano que não possibilita o mesmo, a solução foi colocar elásticos – pedaços que não seriam mais usados – nas laterais, para isso o tamanho da lateral precisou ser aumentado em 10 cm. As malas tem variações de tamanhos em relação à altura, largura e profundidade, por isso durante a pesquisa dos concorrentes e lojas que vendem bagagens foi elaborado alguns tamanhos padrões para a base das superfícies protetoras, como pode ser visto na ilustração.
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Ilustração 94 - Tamanhos de malas definidos para este projeto. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
A busca por inspiração foi essencial para identificar os formatos geométricos como a forma de encaixe ideal nos espaços vazios das modelagens, o que também atenderia a facilidade de produção, com a redução do tempo e dos custos. E como produto do design, a intenção não era parecer patchwork, e sim tentar desvincular qualquer associação com restos de tecido, é o que justifica o aprofundamento na teoria das cores, através dela foi possível estudar a interação com o meio e a relação com
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as pessoas, ou seja, significados que são atribuídos e como são interpretadas. A partir disso, foi elaborada uma cartela de interação das cores para cada perfil de viajante. Os formatos e as cores foram combinados para formarem desenhos e estampas diferentes dos pequenos tamanhos encaixados nos moldes, ou seja, usando retalhos pequenos da mesma cor para formar um desenho maior. A mala possui diversos formatos, mas o que não muda são as duas alças da parte de cima, uma usada para conduzir a mala e outra como apoio para retirar de algum lugar. Portanto, a capa deveria ter uma abertura para que elas ficassem a mostra permitindo o uso. As rodinhas também variam de posição e quantidade na parte de baixo, como mostra a ilustração abaixo. E isto dificulta o estabelecimento de um padrão para o fundo da mala. Para tanto, a sugestão de adaptação de fechar se torna necessária e a resolução seria colocar alças removíveis, isto é, botões de pressão nos dois lados do fundo (ilustração 95).
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Ilustração 95 - Fundos das malas. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Ilustração 96 - Solução para os fundos das capas das malas. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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A utilização de botões de pressão foi a alternativa escolhida por se adaptar a capa dupla face e permitir o fechamento dos dois lados, sem interferir ou dificultar no uso. Também por ser um acessório já utilizado na fábrica, ou seja, um processo que eles dominam e que não haverá custo adicional referente a outros acessórios ou investimento em procedimentos desconhecidos. A dupla face surgiu com os perfis e os comportamentos em viagens diferentes, como o fato de um executivo poder se jovem ou um mochileiro em ocasiões diversas. Para a diminuição do tempo de confecção da capa uma medida foi adotada, a de fazer as laterais com pedaços maiores usando os restos de tecido que não podem ser usados no enfesto, são aqueles pequenos por não encaixarem uma modelagem de calça – que precisa ser cortada no sentido do fio – mas grande o suficiente para cortar várias laterais. A ilustração abaixo permite a visualização das sobras destes tecidos.
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Ilustração 97/98 - Retalhos de brim preto e jeans azul cortados e separados por grupos. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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5.4.1 Mix de superfícies As superfícies foram escolhidas de acordo com as combinações de cores de cada perfil e com as formas escolhidas, que foram quatro modelos, A Alves, P Vichy, G Gimmler e J Dalla. O mix começa com um desenho geral, mostrando todas as vistas da capa para mala.
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Ref.: A Alves 1
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Ref.: A Alves 2
Ref.: A Alves 3
Ref.: A Alves 4
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Ref.: G Gimmler 1
Ref.: G Gimmler 2
Ref.: G Gimmler 3
Ref.: G Gimmler 4
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Ref.: P Vichy 1
Ref.: P Vichy 2
Ref.: P Vichy 3
Ref.: P Vichy 4
Ref.: J Dalla 1
Ref.: J Dalla 2
Ref.: J Dalla 3
Ref.: J Dalla 4
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5.5 Especificações técnicas
5.5.1 Cartela de tecidos e aviamentos.
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Elástico de 5cm de largura.
Botão metálico de pressão.
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5.5.2 Cartela de cores
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5.5.3 Fichas técnicas
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6 Prot贸tipo
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Ilustração 99 - Os moldes, no Audaces, para a frente e costas do modelo A Alves. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2014.
6 Protótipo
O
processo de fabricação começou com a escolha da forma, que foi a A Aves, e das cores, preto e jeans azul para uma face 129 e laranja e marrom para a outra, para executivo e para jovem, respectivamente. O passo seguinte foi utilizar o software Audaces para desenhar retângulos que representavam as medidas da mala e seus seis lados, dentro deles as formas geométricas foram criadas e a elas adicionadas as margens de costura de 1cm. Devido ao grande número de emendas que a forma A Aves previa a modelista sugeriu uma adaptação e diminuição da quantidade de partes, logo as de cima ficaram com três e as duas de baixo com quatro. As partes foram nomeadas com letras para auxiliar na montagem, uma vez que, a parte da frente e das costas têm trinta e três pedaços para serem unidos (ilustração 99).
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Para assim serem encaixadas nos espaços vazios das modelagens de acordo com as cores correspondentes e serem impressas. Por serem formas que tem o intuito de melhor aproveitar o tecido elas não foram alinhadas no sentido do fio e sim deixadas de forma livre para um encaixe melhor. Os papéis foram colocados sobre o enfesto de tecido plano, alfinetados e cortados. As partes das calças foram separadas das da capa. Esta foi dividida por letra e grupo – as três linhas têm tamanhos diferentes, aumentam gradativamente – e depois por frente ou costa de capa, porque como o enfesto tem várias folhas de tecido a quantidade de partes era grande e, finalmente, todos os seis lados. Com os lotes separados, eles desceram para a produção, onde seriam costurados. As ilustrações abaixo demonstram os passos descritos.
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Ilustração 100 - Os retalhos cortados foram separados ainda com os papéis. Fonte: Acervo pessoal da autora.
Ilustração 101 - Os moldes de papel foram retirados e cada pedaço recebeu a sua letra correspondente de giz no avesso, para evitar confusão. Fonte: Acervo pessoal da autora.
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Os lotes desceram para a produção onde seriam costurados pela máquina interloque. Eles foram montados por grupos, primeiro o A, B e C, como sugere a ilustração 102. E unidos por linhas, o mesmo aconteceu com as demais letras e por fim por colunas. Com a frente e as costas montadas, as outras peças também foram costuradas utilizando o mesmo processo. Nas laterais os restos de elásticos foram costurados pela reta, primeiro presos pelas extremidades verticais e em seguida pelas horizontais, o que reduziu o tamanho mas proporcionou um melhor ajuste na mala. A parte inferior precisou ser passada e recebeu uma costura reta para reforço.
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Após todas as partes terem sido montadas individualmente elas foram separadas por cor e unidas pelas laterais – frente, costa e as duas laterais do marrom com laranja e do azul com preto. Com isso, formaram-se duas capas individuais, elas foram colocadas uma dentro da outra, direito com direito, para que as outras partes pudessem ser embutidas. Primeiro foi costurado em cima, ainda utilizando a interloque. E embaixo usou-se a reta
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para o acabamento. O elástico foi pregado em apenas um lado no começo, o azul com preto, mas quando a capa já estava pronta uma costura reta foi passada no meio de cada elástico para ele se prender no lado marrom com laranja. Por último, os botões foram pregados embaixo. O encaixe das partes das capas na modelagem permitiu um aproveitamento de 6,4% maior. O resultado pode ser observado através das imagens abaixo, uma como era feito antes e outra como será agora. Outro detalhe que pode ser notado na ilustração 104 é o fato de as formas, representadas pela cor rosa, estarem encaixadas de forma livre, como dito no início do texto.
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Ilustração 103 - Encaixe do molde de uma calca de brim número 40. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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Ilustração 104 - Encaixe do molde de uma calca de brim número 40 com as formas geométricas para a confecção das capas para mala. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Durante cada etapa o tempo foi cronometrado para que o cálculo do custo fosse realizado. Uma comparação 133 foi feita, entre a capa dupla face e a simples. O quadro abaixo mostra isso.
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Molde
Peรงas
Frente Frente Costa Costa Lateral Lateral Elรกstico Em cima Embaixo Unir: laterais, com a frente e as costas. Unir: laterais, com a frente e as costas. Ajeitar as duas faces Costurando em cima Juntando os elasticos
33 33 33 33 4 4 6 6 6
Dupla face Simples Tempo min/seg 9 9 9 0 9 9 9 0 1,19 0 1,19 1,19 13,12 13,12 1,06 1,06 3,28 3,28
4
2,3
2,3
4
2,3
0
2
2
0
2
5
5
6
5
0
Partes de baixo
3
8
8
Botรฃo
4
2
2
1h 37 min
54min 35 seg
Total
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O protótipo foi feito pela primeira vez e por apenas uma costureira, o que explica o tempo de confecção. Na produção, cada operador de máquina faz uma função, diminuindo consideravelmente o tempo gasto. Este é importante para orçar o custo da superfície. O tempo de corte será desconsiderado, pelo fato de não interferir, o mesmo acontecerá com os tecidos, uma vez que seriam descartados sem utilidade nenhuma. Assim, o preço será calculado então baseado no tempo de união e acabamento das peças e visando uma lucratividade. Portanto, a simples custará R$40,00 e a dupla face R$45,00. Sendo que uma costureira pode fazer oito da primeira e quatro da segunda e ganha R$1060,00 por mês, acrescentando 50% de impostos que a empresa paga por ela e mais 10% das despesas fixas, como energia, água, entre outras. O total seria de R$1766,00. A produção de oito por dia lucraria R$320,00 por dia e R$6.400,00 por mês. A dupla face lucraria, R$160,00 e R$3.200,00, respectivamente. Um lucro maior que 40%. Um critério importante para o uso é o peso da capa, porque ela não pode interferir na pesagem da mala e impedir o passageiro de levar mais pertences. O protótipo dupla face pesa 1 kg e a simples 0.6kg. As ilustrações a seguir mostram o protótipo em uso, primeiro em teste e nas seguinte em uso.
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Ilustração 105 – Teste da capa realizado logo após a fabricação dentro da empresa Sapekhas. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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Ilustração 106 – Viajante Natally Fagotti usando a capa em sua viagem para São Paulo, SP. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
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Ilustração 106 – Viajante Natally Fagotti usando a capa em sua viagem para Ilustração 107São – Paulo, SP. Detalhe do fundo Fonte: Elaborado pela da capa. 2014. Fonte:autora, Elaborado
pela autora, 2014.
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Ilustração 108/109 – Detalhe para a inversão de cores da frente e das costas do lado azul e jeans da capa. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
7 Consideraçþes finais
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7 Considerações finais
protetoras como inovação sustentável
O
design e o capitalismo existem dentro de um mesmo contexto, o estilo de vida da sociedade ocidental. O primeiro fomenta a necessidade do segundo ao produzir em grande escala e com um curto ciclo de vida do produto, o que é realizado através do lançamento de um novo com a intenção de que o antigo seja descartado. Além disso, a obsolescência planejada inibe o efeito cascata, em que os produtos de segunda mão são vendidos para classes com menor poder de aquisição. O que nos leva a pensar nas consequências futuras e aonde serão descartados e armazenados tanto lixo. Porém, o pensamento está mudando, os profissionais de várias áreas tentam hoje fabricar produtos com qualidade investindo em tecnologias e serviços para evitar a poluição e melhorar o bem-estar de uma sociedade. 141 Os conceitos da sustentabilidade estão se espalhando e contagiando as pessoas, aos poucos os consumidores passaram da compra por prazer a compra consciente. É um processo longo e demorado, e para incentivar tal mudança os designers tem papel importante, pois podem produzir com menor grau de poluição o que prejudicaria menos o meio ambiente e, ainda agregar valores estéticos que agucem a vontade de consumo do público.
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A empresa Sapekhas preocupada com o meio ambiente implementou projetos para evitar o desperdício dos retalhos, conseguiu lucrar e ainda ajudar a comunidade carente local. Além disso, abriu as portas para a realização de mais este projeto, disponibilizando tempo e recursos para a execução do mesmo. O presente projeto abrange conceitos de Design, como a funcionalidade, estética, comunicação e criatividade, também presentes no Design de Superfície, que aborda ainda sobre o uso de cores, formas e módulos. Todas estas considerações partiram da questão de como fazer o reaproveitamento têxtil e solucionar o alto índice de descarte de sobras de tecidos no meio ambiente. Foi quando o Design para a Sustentabilidade forneceu suas teorias, como o aumento do ciclo de vida dos produtos, criação de serviços, apoio a comunidade local, entre outros, e o modo de implementar na empresa. A união destes conhecimentos levou ao desenvolvimento de uma superfície protetora para mala formada por retalhos geométricos e com combinações de cores específicas para cada perfil de viajante com o intuito de solucionar os problemas enfrentados por eles durante uma viagem. Assim pode-se notar que a função é proteger a mala contra danos e furtos durante o manuseio dentro dos aeroportos, além de permitir a diferenciação da bagagem e evitar trocas por dificuldade de identificação. O valor estético está em fazer com que a capa não pareça feita de retalhos e cause um impacto visual pela combinação das cores e disposição das formas, provocando um desejo no observador. Com a implementação do projeto serão depositados menos 10%, em média, de resíduos têxtil da empresa no meio ambiente. Futuramente, a pretensão é aumentar a porcentagem através da criação de outras superfícies que resolvam o problema do restante dos retalhos, como as decorativas para casa, como jogo americano, cortinas, divisórias de ambiente, entre outros. Estudos como ou142 tras formas de encaixe e corte, possíveis produtos e funcionalidades para eles. Além do oferecimento de serviços que prolonguem o ciclo de vida. Tais como, o conserto em caso de danos e a impermeabilização da peça para evitar a lavagem por mais tempo. E o aluguel de capas em que o usuário não precisa se preocupar aonde guardar ou em lavar. E ainda, muitos usuários poderão ter acesso a elas, além de poderem trocar de estampas de acordo com o desejo e o estilo da viagem.
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