A urna eletrônica e o voto

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A urna eletrônica e o voto Pesquisas encomendadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o eleitor brasileiro não tem total confiança sobre o uso da urna eletrônica para a apuração e para a contagem dos votos nas eleições. A última pesquisa divulgada em dezembro de 2014 nos principais veículos de comunicação do país mostrou que somente 35% dos entrevistados atribuíram nota entre 7 e 10 para o nível de confiança das urnas eletrônicas. Creio que de lá para cá não houve mudanças neste posicionamento. Em paralelo ao nível de desconfiança do eleitor brasileiro com o uso das urnas eletrônicas, alguns especialistas na área da Tecnologia e da Segurança das Informações afirmam e comprovam, com testes, que as urnas eletrônicas não são totalmente seguras no processo de apuração e de contagem dos votos. Dentre os principais problemas colocados está a possibilidade de fraude contra o sigilo e contra a integridade do voto. Os testes mostraram a possibilidade de saber para quem o voto foi dado e, também, em redirecioná-lo para outro competidor. É bom lembrar que este tipo de fraude tem seu fim anunciado a partir do momento em que o processo de votação eletrônica venha acompanhado da impressão do voto, de modo que o eleitor possa confirmar se o voto impresso é igual ao digitado na urna. É fato que, com a introdução do uso das urnas eletrônicas, houve avanços significativos na apuração e na contagem dos votos nas eleições brasileiras. Se a lisura do processo não é 100% garantida como atestam os especialistas, há sim uma eficiência no exercício do voto e na apuração. Ou seja, votar e a apurar a contagem final de uma eleição se tornou mais rápido e racionalizado. Mais rápido porque em poucos cliques no teclado da urna o eleitor vota. Racionalizado porque eliminou a enorme cédula de papel, reduziu também sensivelmente o número de pessoas e a logística envolvida no trabalho de apuração e de contagem dos votos. Tudo isso impactou na redução dos gastos financeiros públicos para a organização do processo eleitoral. Por outro lado, o TSE, sabedor da vulnerabilidade do sistema eletrônico de votação, regularmente realiza testes públicos convidando especialistas para testarem o sistema e deste modo aperfeiçoá-lo contra as possíveis fraudes. Desde 1996 estamos presenciando esses avanços no sistema eleitoral brasileiro e decorrentes do sistema eletrônico de votação, porém, eles perdem o efeito positivo se não forem acompanhados de maior comprometimento do eleitor brasileiro com o processo de escolha de governantes. Este comprometimento é fruto de um voto consciente e bem informado, buscando o máximo possível de informações sobre as propostas e sobre o histórico político do seu candidato.


*Artigo assinado por Doacir Gonçalves de Quadros, Professor de Ciência Política e do Programa de Pós-graduação em Direito - Mestrado Acadêmico do Centro Universitário Internacional - UNINTER.


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