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Balneário Camboriú, 20 de novembro de 2010
Entrevista
Queremos mostrar nosso lado bonzinho, que pode haver solução” (Alberto Veiga, sócio da Construtora Irmãos Thá)
n o s s a
g e n t e
Caroline Cezar
carol.jp3@gmail.com
Waldemar Cezar
waldemar@camboriu.com.br
Caroline Cezar
Q
Nome - Alberto Accioly Veiga Filho. Idade - 52. Em BC - Desde 2003, metade do tempo aqui, metade em Curitiba. Estado civil - Divorciado. Filhos - um de 20, um de 16. Formação - Engenheiro civil, pós em administração. Profissão - Engenheiro e empresário. Lazer - Fotografia, esportes, bike, futebol. Comida - Japonesa. Música - Sou eclético. Religião - Respeito todas. Planos - Fazer o empreendimento mais fantástico que seja referência no sul, no mundo, na praia de Taquarinhas. Perfil - Obcecado.
ualquer obra feita em área
tino da área verde da cidade, coisa que
relativamente preservada gera
não existia há 50 anos, o que fez com
alguma polêmica, quem dirá
que muito fosse destruído.
na última praia até então mantida intacta em Balneário Camboriú, cidade tomada pela exploração imobiliária desenfreada e inconsciente.
O empresário Alberto Thá, que quer construir naquela praia, concedeu entrevista ao Página3, onde explicou seu projeto, disse que quer buscar o diálogo,
Taquarinhas vem gerado bastante dis-
e que Taquarinhas é só um ponto den-
cussão, e isso é positivo, porque mostra
tro da imensa área que precisa urgente-
consciência e preocupação com o des-
mente de um Plano Diretor eficiente.
Entrevista
Balneário Camboriú, 20 de novembro de 2010
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Acervo pessoal
Seu pai, em viveiro montado no empreendimento Camboriú Golf.
JP3 – Quando vocês compraram o terreno de Taquarinhas imaginavam o que vinha pela frente? Onde começou essa história? Alberto Veiga - Aprovamos o projeto em 2005 e logo que a gente aprovou uma ONG chamada V Ambiental entrou com uma denúncia no MPF; o procurador, Roger Fabri, entrou com uma ação, eu não sei os termos exatos, mas ela foi sentenciada, vista pelo juiz, ele fez a tentativa de conciliação, teve êxito, e em janeiro de 2006 teve uma visita no local, com procurador, juiz, ONGs, Ibama, Fatma, todo mundo, disso nasceu a obrigação da prefeitura de realizar o plano de manejo de toda aquela área da APA.
Secretaria do Meio Ambiente, onde, sabemos, estão a maioria dos nossos adversários, primeiro e segundo escalão… tem gente que não gosta da gente. JP3 – …mas assim, a discussão está muito colocada em termos de adversário e se encaminhando para um lado que não é muito legal. Essa discussão é mais de valores, tem gente nessa comunidade que acha que preservar aquela praia através de um parque é um bom negócio para a cidade, tem gente que acha que desenvolver aquela praia através de um empreendimento residencial-hoteleiro é uma boa para a cidade, e existe um choque entre essas posições. Mas isso não é necessariamente o cara ser adversário, são pessoas com pontos de vista diferentes. Você conhece a nossa posição, somos contra a obra, mas também a favor do direito de propriedade. Se você não pode edificar lá, você tem o direito de ser ressarcido do investimento que fez. Alberto Veiga – Sim.
“Daí é a cultura e a história de BC que não quero entrar no mérito, mas desde 50 anos atrás é assim, de repente não pode fazer nada na Barra Sul, e depois pode…”
JP3 – Eu lembro, o juiz condicionou a aprovação de alguma coisa ao plano de manejo, mas foi feito. Alberto Veiga - É, ficou pronto em julho de 2007 o plano de manejo, quando chegou na prefeitura, o órgão responsável, a Secretaria do Meio Ambiente, -o secretário era o Fernando Baumann-, pegou o plano realizado, foi estudar todo material para começar fazer as coisas acontecerem, e viu os membros que compunham o Conselho Gestor -se me permite um parênteses para trás, em fevereiro de 2006 lá no juiz de Itajaí, com procurador, ONG, aquele Rodrigo representando a Univali, foi feito um acordo, o prefeito nomeou oito membros para o Conselho; duas semanas depois o MP solicitou que fosse incluídos mais seis membros, esses seis eram o próprio procurador, a Thá, a ONG, Fatma, Ibama e CDL, fecha parênteses. Quando Fernando Baumann viu esses nomes, achou que não estavam adequados em relação a expressar a comunidade, pressionou e houve o primeiro decreto alterando de 14 para 16 membros. Isso foi final de 2007, começo de 2008. Em 2008 a gente sabe, o Rubens Spernau deixou a prefeitura mais solta e esse assunto ficou atrelado na
JP3 – Mas o que perguntamos no início era se você quando comprou esse terreno achou que ia enfrentar essa batalha toda. Ou pensou que seria mais fácil? Alberto Veiga - Para comprar pedimos uma opção por 120 dias, nesse tempo fizemos todas as análises e perguntamos para quem tem que aprovar, que é o Município e a Fatma. Esses dois nos deram tranquilidade total, “Olha, de acordo com a legislação você pode”, e nós compramos a área. JP3 - O Município foi omisso, o Município sabia desde a abertura da Interpraias que aquela APA necessitaria de um plano de manejo e um corpo gestor, e nunca tratou de fazer isso. Foi desatento. Alberto Veiga - Eu concordo com você, eu concordo. JP3 – E qual o caminho?
Alberto se intitula “metido a fotógrafo”.
Alberto Veiga - O caminho começou hoje de manhã, fizemos um debate (na Rádio 99 FM), pena que só tava o Cristiano (Voitina, presidente da ONG Ideia), porque ia também o Dr. Pedro (procurador do MPF), mas não foi. No debate começou a aparecer o confronto de idéias, que é a coisa mais importante que tem, isso que vocês estão falando, ele é um extremo, eu sou outro, mas no meio está a grande maioria, que não tem nada a ver, não quer saber de extremos. JP3 - Veja bem, corrija se estivermos errados, o senhor é um empreendedor, o senhor compra área para construir e ganhar dinheiro. Se o Estado disser “aqui vai ser um parque, mas está aqui o seu cheque, do que você pagou, e do prejuízo que teria, o não-lucro”, você vira as suas costas e vai construir em outro lugar, é isso? Alberto Veiga - Agora, para coibir abusos, a lei diz muito claro, que o cheque que tem que vir é um cheque do valor da área de mercado atual. O que acontece com Taquarinhas hoje? Acho que a questão ideológica, ou o que era melhor etcétera, tem que ser deixada um pouco de lado, e pensada daqui para frente. Você colocou no jornal aquela menção que eu fiz semana passada, mas é exatamente isso, se a gente olhar de uma maneira bem objetiva, Taquarinhas tem três caminhos muito claros, aliás dois: ou ficamos nessa briga, não aprova nada, fica esse negócio de parque estadual e não resolve, e a área não vai ser ocupada pela comunidade... eu falei assim de uma maneira, -mas não leve pelo lado pejorativo-, que posso até fazer uma casa lá, mas o que quis dizer é que nós vamos utilizar, nós proprietários, e não a comunidade. A outra alternativa é entender que o nosso projeto é muito melhor. Eu vou deixar esse caderno para vocês, aqui mostra que entre transformar cem por cento em parque estadual, entregar pra administração pública e ver o que vai dar… é só ver os 43 parques estaduais que tem em SC para ver quais são bem geridos, esse vai ser mais um. Vai ficar com 80% da área transformada em RPPN que vai ser custeada pela empresa, mantida pela empresa, aberta à comunidade, equipada, custo
zero, benefício total. Então eu acho que é muito fácil defender a nossa idéia, entre você pagar cem milhões para fazer um parque estadual, quer dizer… mais um troço, vale a pena? Não vale, a situação é essa hoje. “Ah, mas não é cem, é oitenta, é sessenta, cento e vinte?” Não importa. JP3 - O que nós enxergamos como qualidade de Taquarinhas, e por isso somos contra a obra, -não a sua, mas qualquer uma lá-, é que ela é ainda uma praia com características razoavelmente conservadas… e não tem mais nenhuma. Esse é o problema, nós conseguimos destruir todas as nossas praias. Alberto Veiga - É um pouco de exagero, não tem mais nenhuma é exagero. O Dão Koeddermann veio com aquela frase que quer conhecer a última praia agreste do litoral de Santa Catarina… não é bem assim. JP3 - Não é bem assim, mas aqui na nossa região, num lugar urbano, acessível, próximo, que tem um asfalto bom na frente, está dentro de um pólo turístico, não tem, na nossa região não tem. E se a gente conseguisse isso de graça por parte do governo ia ser muito bom. A prefeitura não vai poder pagar… Alberto Veiga - Nem o Estado, não vai querer pagar. JP3 - Bom, se o Estado pagar vai ser muito bom. Alberto Veiga - Mas olha, vem cá, você é o governador, você vai analisar as duas propostas, parque estadual, e RPPN, uma de graça, a outra… quantas creches dá? Vale a pena? Pra que, para uma pessoa cuidar desse parque? Vai ter um novo morador em Taquarinhas, quem será que vai morar lá, vai cuidar do parque, e aí? Vai gerar um emprego? Nós esquecemos de dizer, o empreendimento vai gerar 300 empregos, constantes, diretos, daqui. JP3 - Mas esse negócio de emprego é relativo. Alberto Veiga – Não, é importante. JP3 - É, mas 20 restaurantes geram 300 empregos. É importante mas não é determinante nesse tipo de coisa. Alberto Veiga - É mais impor-
tante do que você dizer ‘eu quero segurar aquela área ali circulada por rodovias e praias, para observar pássaros’, o que é mais importante? JP3 - Não sei, tem muito lugar preservado que ganha dinheiro com isso. JP3 – Mas o dinheiro não deve ser o foco de discussão nesse caso, é um lugar para pesquisa científica, tem valor ambiental, um ecossistema variado. Alberto Veiga - Só essa bolinha aqui (mostra no desenho) é área de empreendimento, vamos fazer trilhas, dá quase 2 km de trilhas, ela vem de Laranjeiras, vai para cima do morro, entra na praia de Taquarinhas… nós vamos fazer uma transposição pedida em 2005 na única audiência pública que teve de Taquarinhas e deu 95% de aceitação do empreendimento, eles pediram para fazer uma passarela, para o pessoal vir de Taquaras para Taquarinhas e vice versa… nós fizemos, estamos propondo, se vão querer ou não vão querer não sei, acho uma boa idéia… Dá a volta, a praia obviamente é publica, e gente vai entregar equipado, tem centro de visitantes, mirante da passarela, produção de mudas e árboreo, mirante da pedra, centro contemporâneo de contemplação, anfiteatro de educação ambiental, aqui em Laranjeiras, -olha que legal-, centro de estudos do mar, nossa área vai até Laranjeiras, a gente constrói aqui para ONGs administrarem para pesquisa, é um projeto muito bacana. Isso aqui é importantíssimo, não tem que olhar só árvore, tem que olhar floresta, a APA Costa Brava tem 9 milhões, 560 mil metros quadrados, Taquarinhas tem 650 mil, são 6% do todo… nesses a gente vai usar 126 mil metros quadrados, o que tem que fazer não é só uma RPPN de Taquarinhas, é fazer uma geral. JP3 - Esse é o problema, lá nessa região está acontecendo todo tipo de patifaria possível e inimaginável. O seu empreendimento é o único que tem visibilidade, isso a gente tem que reconhecer, vocês estão discutindo aberto.
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Alberto Veiga - Queremos obrigar todo mundo a fazer. JP3 - Mas essa tarefa de disciplinar seria através do plano de manejo da prefeitura, que nunca foi feito, foi feito um plano de manejo em cima da terra pago pela Emasa, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nessa região existe muita gente mal intencionada. Alberto Veiga - Não tenha dúvidas, mas estamos na luta para tentar buscar… Para que ficar brigando, um cede um pouquinho, outro cede mais um pouco… A gente já cedeu, sempre falamos em RPPN, mas era metade do terreno, 50%, e 50% empreendimento. Entendemos que era importante, voltamos atrás… isso é um mérito desse movimento todo, dessa reivindicação que eu acho justa. JP3 - Alberto, você comentou semana passada que vocês querem ser a exceção dos predadores, mas o que vemos nesse meio é que depois que começa a obra, começa a surgir reclamação. Tem reclamação da Thá em Camboriú, na Praia Brava … Depois que começam vocês passam por cima de algumas coisas? Como fica isso? Alberto Veiga - Vou até estender, essa tua colocaçao foi a mesma que o Pedro Nicolau fez na audiência semana passada, aprova uma coisa, passa o tempo, muda aqui, muda ali… JP3 – Você concorda que existe essa coisa de projeto especial, aprovou e depois de um tempo levanta uma torre, levanta outra torre… Alberto Veiga - Isso é uma característica muito mais forte aqui em Balneário, em Curitiba não é admitido um monte de abusos, mas deixa que não quero encampar outra confusão. Mas minha resposta para o Pedro, que repito aqui, é, se ele está dizendo que acontece isso… ele tem o papel de receber uma denúncia, tomar as medidas… Também acho errado…não pode. Mas vamos voltar para Taquarinhas, já imaginou um negócio com essa visibilidade de 6 anos de discussão de vai-não-vai, a gente aprovar o projeto e executar um projeto diferente, me desculpe… nós somos um alvo, porque somos de fora, porque criou uma polêmica grande… não faríamos isso.
da Interpraias, que foi paralisada duas ou três vezes, o teu negócio do golfe lá em Camboriú, quando o tratorista botou terra dentro do rio, não foi isso? Alberto Veiga - Fechou, fechou um pedaço do rio, tive que ir lá correndo. Mas veja, você concorda que quando eu soube, mandei tirar na hora, o Ibama chegou três dias depois e estava regularizado, mas daí nasceu a oportunidade de bater na gente… Carimbar essa coisa ruim, que eu acho que o objetivo era aqui Taquarinhas.
Reprodução
JP3 - Na verdade, você que deu munição pra turma. Alberto Veiga - Dei, dei, foi um erro, um erro de empresa. JP3 – É que nem aquela do petróleo, ela não quer derramar petróleo na água, mas quando derrama paga o óleo. Alberto Veiga - Mas no golfe, fazendo um parênteses, está totalmente aprovado, vencemos os trâmites e vamos lançar em janeiro.
“Gerar empregos é mais importante do que você dizer ‘eu quero segurar aquela área ali circulada por rodovias e praias, para observar pássaros”
JP3 - Me desculpa, mas eu discordo. Eles conseguem, fazem, as pessoas reclamam e depois esquecem. Aconteceu várias vezes, a própria construção
Entrevista
JP3 E Taquarinhas juridicamente? Alber to Veiga - Teve em 2006 a audiência de conciliação, e depois daquela se passaram 4 anos, e como não estava acontecendo nada, o juiz chamou as partes para fazer uma nova tentativa de conciliação. Ele deu dez dias para as partes se manifestarem e depois vai tomar uma decisão. Meu interesse á agilizar esse negócio, está muito demorado, me prejudicando. JP3 – Agilizar para o sim ou para o não. Alberto Veiga – É. JP3 - Deixa fazer uma pergunta cretina. Se o juiz disser que não, você vai torcer que o governo transforme em parque e te pague? Seria uma saída para o senhor? Alberto Veiga - Não, não é que é saída, não é o que eu quero, talvez seja até mais confortável. Mas esse aí é o empreendimento da minha vida, eu vou fazer uma coisa caprichada lá. JP3 – E repetindo, você pensou que seria tão difícil? Alberto Veiga - Jamais pensei, senão não tinha entrado. O que acontece é uma barbaridade. JP3 - Mas agora virou desafio pessoal. Alberto Veiga - Não, não, não é desafio, é mais um idealismo, nao é justo abrir mão de um empreendimento que vai ser muito melhor para cidade, para fazer um parque estadual, para quem quer ficar usufruindo do parque. Vou até o fim, até o
O projeto do empreendimento e da RPPN em Taquarinhas.
fim, se perder perdi. JP3 – Ainda têm várias instâncias para perder aqui, você é moço, a justiça às vezes demora um pouquinho… (risos). E o empreendimento? É puro luxo como falam? Alberto Veiga - Sabe que eu tenho um medo desgraçado de falar essa palavra luxo, é horrível, porque você pega esse extremo, vê o rico como um bicho-papão, tem que ver como uma aspiração. JP3 - É que para algumas pessoas dinheiro não é o mais importante. Alberto Veiga - Bom, nem vou entrar nesse mérito, mas te respondendo se começaria tudo de novo, eu acho que não, não vale a pena, é um desgaste, porque tem tanta gente que nao gosta de mim, faz o vudu lá de noite… por conta desse empreendimento e de toda essa confusão, eu quero provar para todo mundo que eu não sou um predador, sou bem intencionado e tenho um projeto maravilhoso para a cidade como um todo. JP3 - Quando a Thá começou a atuar aqui? Alberto Veiga – Quando trouxe esse projeto de Taquarinhas. Um ano depois veio o Camboriu Iate Golfe, e depois… Só para explicar, uma questão particular da empresa, estou há 30 anos na Thá, 15 na presidência, de onde saí em 2005, e de lá para cá minha parte é ficar na administração executiva e tocar esses dois empreendimentos, Taquarinhas e Golfe… todo mais não é minha responsabilidade, mas sou acionista e posso responder. Depois do Golfe teve o Terraços da Rainha, que hoje falam alguma coisa mal, que começou em 2006, depois dois prédios em Itajaí e depois Praia Brava. Onde inclusive o nosso tem apenas oito pavimentos. JP3 - E essa questão na Brava de fechar a rua, transformar em canteiro de obras? Alberto Veiga - Ah, daí é con-
fusão de obra. O vizinho tem toda razão, a gente não pode fazer isso, mas você imagina, obra né. Tem que administrar, ir resolvendo, não pode incomodar o vizinho. Quer dizer, incomodar o vizinho vai, mas tem que incomodar o mínimo possível, mas esse tipo de coisa acontece. JP3 - Voltando à Interpraias estão falando que a Thá dominou inclusive o Conselho Gestor da APA. Alberto Veiga - O Conselho começou com oito, depois entrou mais seis, deu 14. Mais um questionamento virou 16, depois 17, 19 e hoje 20. Todos esses decretos de lei, tudo foi feito no governo Spernau em 2008. Esses 20, do jeito que fizeram, que acusam a gente de manipular, dava a eles uma confortável maioria… e entrou o governo Piriquito em 2009, ficou abandonado, acho que a prioridade do Piriquito era resolver os problemas dele, a prefeitura ficou aguardando definições… E agora esse ano a coisa começou para valer, o Piriquito pegou o negócio todo remendado da gestão anterior e fez o dele. Da cabeça dele, eles acusam a gente… quem que manipulou? O Piriquito mudou uns nomes, tirou gente que não aparecia, tinha três da Barra, a Barra não faz nem parte da APA, mas na hora que eles perderam a maioria viraram bicho… Na reunião passada estavam lá os principais cérebros, quase todos os cérebros ambientais, que são gente boa, que sustentam a discussão, e preocupados que pudesse estar havendo isso mesmo… O Cristiano faz acusação, acusação, tudo mentira. Disse por exemplo que o terreno só vai acabar de ser pago em 2013, daonde que tira? Disse que o ex funcionário da Thá tá no Conselho, é verdade, temos dois mil funcionários, ele trabalhou com a gente 7, 8 meses, e saiu há 2 anos. JP3 - Que mais ele falou de mentira? Alberto Veiga – Ó, isso aqui
(mostrando o jornal com a entrevista de Cristiano), ah, isso é da pegunta de de vocês, dizendo que o Ideia foi eliminado do Conselho… ele nunca fez parte… Disseram que tocaram fogo nos documentos… e daí é culpa nossa? Xinga o prefeito, xinga o procurador… JP3 – Tá pago? Alberto Veiga - Desde 2004. JP3 - Quanto custou? Alberto Veiga - O quê? JP3 - O terreno. Alberto Veiga - (tempo) … não me lembro, mas hoje vale cem. JP3 – Não me lembro é ótimo, se saiu bem dessa. Alberto Veiga - Ó (ainda apontando a entrevista), isso foi legal que ele falou …’o progresso tem que existir, mas a disciplina tem que vir junto’… Perfeito, isso é a essência, vamos ver como pode ser equilibrado. Ele é um cara extremamente positivo, nós devíamos juntar os pólos positivos. JP3 – Sobre o empreendimento, explica melhor. Alberto Veiga – Você nunca entrou lá dentro né? JP3 - Já. Alberto Veiga - Já entrou aqui? JP3 - Já. Alberto Veiga – Aqui tem um platô. Você não acha que é justo ocupar só esse platô, toda parte da montanha deixar desocupada? Fica restinga toda, vai tapar o emprendimento, vai se ver pouco, é um platô e as construções são de dois pavimentos e meio, não 12, ou 18… Ou esses blocos, que a gente chama de núcleo multi-familiar, ou os uni-familiares, que são casa, até a cota 25 só, tudo com serviço hoteleiro, é um resort onde a pessoa vai comprar a unidade e deixar no lá, como no Costão do Santinho, usa quando precisar, quando não usa, deixa no hotel, o que dá uma renda, ou pelo menos ajuda a custear as despesas.
Entrevista
“Isso é uma característica muito mais forte aqui em Balneário, em Curitiba não é admitido um monte de abusos” JP3 – Para pessoas com alta renda. Alberto Veiga – Você perguntou antes, e eu fugi da resposta, é um empreendimento bem sofisticado, porque ele tem uma densidade pequena, não ocupa muito, todo rodeado de verde… Daí disseram “ah vocês vão jogar esgoto na praia. Pelo amor de deus, esse negócio é conversa de 30 anos atrás, como vai admitir isso? É tudo Green building, telhado de grama, tem várias vantagens, que usa a água, energia solar, conceitos inovadores, a própria construção vai usar eucalipto e não madeira da Amazônia, hoje é um conceito que agrega valor… não gosto de falar, porque o pessoal fica com mais raiva ainda da gente. Esses blocos têm afastamento de 60 metros um do outro… e longe 50 metros da praia. Mas agora queremos dar ênfase à RPPN. JP3 - E o acesso? Alberto Veiga - Já tem um para a casa do caseiro, outro que existe há 40 anos, que é essa mancha na restinga (apontando no mapa). E a gente faria um intermediário nesse vazio que é uma passarela, nao é caminho, é por cima da vegetação, tanto é que estamos propondo a passarela da RPPN, também vão ter que cortar alguns lugares…fazer da melhor maneira possível, tem vários bons exemplos disso, será tudo trilha para a comunidade, cuidado e custeado pelo empreendimento. JP3 - Então antes você vai ter que educar a comunidade, porque grande parte dela não sabe se portar na natureza.
Alberto Veiga - Para isso o anfiteatro, para educação ambiental. JP3 – Não basta. Seria quanto de área construída? Alberto Veiga – Quarenta e cinco mil metros quadrados de área total de construção, é 20% do terreno, e de área impermeabilizada, que inclui a projeção da torre, a piscina, a quadra de tênis, toda parte esportiva, a rua, você somando tudo isso, vai ocupar um terço. Um terço de 20% são 6%, vamos cortar mato de 6%. Em contra-partida vamos dar todo esse bolsão verde, mata nativa, a gente quer mostrar isso, conversar… Vamos tocar, isso fica pronto em 4, 5 meses. O empreendimenrto pode começar mais para frente, mas isso é instantâneo. JP3 – Você tem consciência que mesmo tirando o mínimo vai mudar totalmente a característica da praia? Alberto Veiga - Veja, isso aqui, a passarela, é uma reivindicação, se você me perguntar se acho bom não sei, tem pontos negativos e positivos, prefiro que a comunidade decida. JP3 – Você tem uma previsão otimista quanto ao desfecho? Alberto Veiga - O juiz manifestou interesse em agilizar o processo… talvez em março, antes temos férias forenses… e se alguém pedir prova ou perícia demora mais um tempo… Mas eu espero que haja outra alternativa, não ficar brigando, vamos somar. Se essa discussão ficar nesse nheco nheco, porque a prefeitura não tem agilidade de fazer as coisas funcionar,
pelo contrário… então o que acontece? Vai saindo tudo pelas beiradinhas, o cara faz uma casa no final da rua, que já subiu 50 metros do morro, e vai subindo, vai tomando… por que não agiliza o negócio e cria um Plano Diretor efetivo, e salva tudo, salva 80%, porque qualquer um que tem terreno se sente no direito de utilizar… Faz como nós propomos, utiliza só 20%, o município ganha 4 milhões de metros quadrados de verde… vamos pensar grande. Taquarinhas faz parte desse todo, a gente está lançando uma semente que é mais inteligente. JP3 – Você morou a vida inteira em Curitiba? Alberto Veiga - Nasci em Ribeirão Preto, saí com dois anos para Curitiba… sou um paranaense de vida e catarinense de futuro, de presente e futuro, já passo metade do meu tempo aqui, adoro Santa Catarina, conheço muito bem o litoral. JP3 - E você conheceu várias praias preservadas? Alberto Veiga - Muitas, muitas. JP3 - E por que a Thá não constrói lá? (risos) Alberto Veiga - Que pergunta maldosa, não vou nem responder. JP3 - O pessoal entendido fala muito que essa área é o pulmão, o equilíbrio da cidade, que contrabalança o crescimento desenfreado de Balneário. Alberto Veiga - Por isso que estamos dando a solução,
Falando nisso... Descaso total Cada vez estou mais convencida que educação é mesmo o carro-chefe dos nossos problemas. O que dizer para milhões de jovens que fizeram o Enem semana passada, novamente pautado por problemas de toda a ordem. O negócio é muito grande, não funciona, não dá certo, e os estudantes viram palhaços, viram reféns de empresas que recebem milhões pra jogar tudo por água abaixo? Não é de hoje que esse exame vem dando ‘balão’ nos estudantes. Em outubro de 2009, foi cancelado porque houve vazamento de informações. Remarcaram pra dezembro, mas grandes universidades desistiram de usar o Enem em seus vestibulares. Dos 4,5
milhões de inscritos só 1,5 milhão fez o exame em dezembro. E o que aconteceu? O Inep divulgou o gabarito errado das provas. Em janeiro de 2010 o sistema on line do Mec para candidatura a vagas nas federais usando o Enem, começa com muitos erros, os alunos ficaram horas na fila para se inscrever. Um mês depois foram divulgados nomes de alunos não classificados para fazer sua matrícula. Tudo errado. O Inep divulga nota admitindo que um probleminha na digitalização das redações do Enem fez com fossem divulgadas notas erradas de quase mil alunos. Um probleminha, gente! Em agosto deste ano, informações sigilosas como RG, CPF, notas e números de matrícula
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vamos dar 80% nesse pulmão. Esse é o caminho melhor, o resto é briga, ficar sonhando… Graças a deus isso aqui teve uma preservação mais efetiva… Eu já acho que o que fizeram na Brava com o Plano Diretor foi errado, mas deixa pra lá, isso é outra história. JP3 - Mas você está construindo lá, fazendo parte disso, mesmo considerando errado? Alberto Veiga - A nossa defesa é essa, a legislação permite até 12 pavimentos, nós fizemos oito, aprovado já com a nova lei, lá na terceira quadra. Disso o pessoal não vai poder acusar. Na nossa frente tem 12 andares, mas nós optamos por respeitar, nisso estamos com paz na consciência…eu acho que foi inadequado. JP3 – Por quê? Alberto Veiga - Daí é a cultura e a história de BC que não quero entrar no mérito, mas desde 50 anos atrás é assim, de repente não pode fazer nada na Barra Sul, e depois pode… mas não vou entrar nessa discussão. Queremos mostrar nosso lado bonzinho, nosso lado certo, mostrar que pode ser uma solução. E pela lei o conselho gestor é órgão fiscalizador e não quem aprova. Eu nem sei até hoje por que a prefeitura não tem punho forte para decidir, ela deixa a discussão correr, abandonada, tinha que dar uma prioridade nesse assunto de uma maneira efetiva, equilibrada. JP3 – Você acha que se o juiz não aprovar teu projeto a cidade perde. Alberto Veiga - Sem dúvida. Por que eu vou fazer uma casa, e não vou gastar dinheiro para fazer RPPN. Não me deram nada, por que eu vou fazer? JP3 - Mas a praia é publica.
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Alberto Veiga - Sempre, isso nem se discute. Mas se você que gosta de fazer trilhas, para fazer o boulder aqui, vai ter que pedir autorização para o caseiro, provavelmente ele vai deixar. Assim como vinha gente pescar, nós deixavamos até que entraram de moto, proibimos. Ninguém mais usa, só um bacanão lá com uma casa… sozinho… grande vantagem para todo mundo. Não estou entrando nem no aspecto financeiro. JP3 – Você enxerga o valor ambiental desse lugar? Alberto Veiga - Mas vai permanecer, 80%, 90%, o que vai perder? O que a nossa ocupação vai contaminar ou prejudicar? JP3 - Onde tem gente tem degradação ambiental, você sabe disso, ali ainda é uma área preservada. Alberto Veiga – Mas e o parque? Também teria gente. JP3 – Você quer falar mais alguma coisa? Alberto Veiga - Um recado para o Cristiano, e outras pessoas que tem também uma obsessão contra, essa maneira como a gente vem lidando não traz benefício para ninguém, eu insisto para essa possibilidade de conversar, fazer o melhor possível… Ao invés de ficar aguardando uma decisão judicial, podemos ceder um pouco, na verdade ele já ganhou. Desde que ele começou com esse movimento muito forte, já abrimos mão de 30%, ia fazer 50%. Já estamos mostrando boa vontade, uma solução possível. Taquarinhas está ganhando holofote, mas a APA é o todo, vamos resolver de uma vez por todas, uma discussão mais desarmada, um debate inteligente, buscando solução para maioria.
Marlise S. Cezar
marlise.jp3@gmail.com
dos estudantes inscritos no Enem de 2007, 2008 e 2009 foram escancaradas no site do Inep. Um fato gravíssimo. O Brasil só tomou conhecimento porque O Estado de SP publicou e os dados foram retirados do ar no mesmo dia. E ficou por isso mesmo. Tanta m...e o custo do Enem saltou 28% nos valores de 2010 em relação ao ano anterior. Foi para R$ 128,5 milhões. Estou abismada com tanta indiferença em relação à nossa educação. O que estamos mostrando para nossos jovens estudantes é uma vergonha. É por isso que elegemos esses titiricas que depois de eleitos são submetidos à testes de escrita e leitura. Meu Deus, que país é esse?
Do álbum
Ricardo Alves
Depois dizem que casamentos estão fora de moda...presenciei um com tudo nos mínimos detalhes, dos amigos Ana Laura e Guidola, sábado passado, com 300 convidados, cerimônia na pequena igreja de Vigolo, festerê na Sociedade Humaitá, lindamente decorada, bufê classudo, doces maravilhosos, bolo da noiva de quatro andares, buquê da noiva voando pelos ares, som da Volares Band até o sol raiar e detalhe: com a presença dos noivos que irradiavam felicidade. Na foto, Ana e Guidola e as daminhas de honra com o pajem lindão, meu neto Pedro, que adorou mais esta experiência nova em sua vida.