Balneário Camboriú 46 anos

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Balneário Camboriú . julho . 2010

e d i t o r i a l

O tesouro Ainda muito jovem, mas madura, Balneário Camboriú chega aos 46 anos em ritmo acelerado de crescimento em todos os sentidos, mas com um sinal de alerta aos seus governantes: exige uma administração firme e vigilante 24 horas. Chegamos a um ponto em que qualquer descuido agora, pode apresentar seqüelas sem volta em um futuro bem próximo. A comunidade ou parcela dela, sempre vigilante, precisa se antenar porque o espaço está ficando cada vez mais reduzido e a procura não pára de crescer. É hoje um dos metros quadrados mais caros do país, tem uma qualidade de vida que as pessoas procuram cada vez mais, tem uma integração urbana que se inverteu, antes era só praia, hoje é a praia dentro da cidade, e não tem quem não goste dessa aproximação. Politizada, moderna, é ainda uma cidade pequena, por causa de sua área territorial, preserva em alguns momentos essa característica de cidade de inte-

rior, mas é cosmopolita, altiva, funciona praticamente 24 horas como nenhuma outra cidade catarinense, nem mesmo a Capital. Há poucos anos, talvez duas décadas, os turistas vinham para Balneário Camboriú para tomar banho de mar, mas se deslocavam à cidades vizinhas para fazer compras. O comércio era tímido, mas encontrou seu caminho. Abriu seu espaço e hoje é referência no estado. Suas lojas primam pela beleza, pela novidade, sofisticação. A construção civil precisou se adequar às leis da era moderna, que envolvem as questões ambientais, alguns ainda teimam, patinam, mas sabem que irão escorregar. O cliente é outro, exigente, quer qualidade, quer sustentabilidade, pensa mais no futuro dos filhos, netos. Os construtores têm que andar nessa linha e ao longo dos últimos anos, eles investiram, mudaram seu conceito, gastam em qualidade, quem não fizer isso estará fora do mercado.

E x p e d i e n t e

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Arquivo JP3

Mas o tesouro de Balneário Camboriú está à nossa volta, o imenso jardim verde, que já sofreu cortes profundos, retaliações, desmatamentos, mas ainda está lá e é para lá que precisamos prender nossa atenção, nossa vigilância, com a mesma intensidade que devemos olhar para o nosso rio Camboriú. Fazendo isso estaremos comemorando com dignidade e respeito os 46 anos da cidade que escolhemos para viver.

S u p l e m e n t o

B C 4 6 a n o s

O suplemento Balneário Camboriú 46 anos é um produto do Jornal Página 3, os textos desse Caderno Especial são de Caroline Cezar, Fernanda Schneider, Waldemar Cezar e Marlise Schneider. Cezar. Waldemar Cezar fez as fotos usadas para projetar nas páginas o ontem e hoje de Balneário Camboriú. Diagramação de Fabiane Diniz e Caroline Cezar.


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Paixão por Balneário As pessoas que conhecem Balneário Camboriú sempre querem voltar. Sempre pensam em morar na cidade. Alguns o fazem assim que a oportunidade surge. Outros deixam para quando a aposentaria chegar. O que encanta tanto as pessoas aqui? Neste suplemento especial dos 46 anos de Balneário Camboriú fomos buscar respostas. De quem chegou há várias décadas e de quem chegou há um, dois, três anos. Mesmo comparando épocas, quem chegou há tempo e quem chegou agora, revelou uma coisa em comum: a paixão por Balneário Camboriú. Uma das características da cidade é a alta rotatividade,

novos moradores chegam a todo momento. E a maioria deles pensa que a cidade foi sempre assim. Nesta edição, um pouco ‘das antigas’ para quem pensa que Balneário Camboriú não tem história. Tem muita história. O jornalista Waldemar Cezar selecionou imagens do arquivo JP3 e foi às ruas, colher do mesmo ângulo, a transformação. Até quem mora há muitos anos aqui, se espanta com a mudança. A verticalização da cidade que todos acompanhamos no diaa-dia e está integrada às nossas vidas, já nos limitamos a dizer, ‘aqui vai ter mais um prédio’ e seguimos caminho. As lentes do fotógrafo Zé

Pedro, um paulista que está morando há pouco tempo na cidade, mostram essa realidade de outro ângulo, como nunca vimos. A edição está convencida de que é necessário direcionar o olhar dos antigos e dos novos moradores para a nossa volta, nosso redor e não medir esforços para salvar o que nos resta de natureza, esta é uma só, um presente de Deus, que precisamos preservar a todo o custo. Basta olhar as imagens da praia de Taquarinhas que mais parecem obras de arte, mas estão bem aqui, do nosso lado, ao nosso alcance. E podemos segurar essa realidade, se quisermos. Arquivo JP3

Antes mesmo de emancipar-se de Camboriú, em 1964, a praia já despertava paixões. Hoje o cenário é muito diferente, no lugar da restinga, um calçadão cheio de prédios, mas a paixão pela praia continua a mesma...


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Impressões de quem chegou há pouco na cidade

O custo de vida é muito alto Arquivo Pessoal

A jornalista Giovana pensa em voltar à terra natal.

“Durante anos vinha passar as férias e era um sonho de toda família morar aqui. Agora, no

dia a dia, a gente vê que é uma cidade com problemas como todas as outras”, diz a jorna-

lista Giovana Faleiro, 33, que deixou Maringá (PR) há cinco meses e veio morar em BC com o pai, que recebeu uma boa proposta de emprego, mais a mãe e o filho de 13 anos. Apesar de adorar a cidade, que oferece uma praia de graça como lazer exclusivo, coisa que lá na terra da Giovana não tem, entre outras qualidades, como a tranquilidade do filho poder ir e voltar da escola sozinho, a jornalista já pensa em voltar à Maringá. “Aparentemente BC oferece um mercado de trabalho muito bom, mas é fechado e a remuneração na minha área é ruim em comparação com a de lá. O custo de vida aqui também é muito alto, achamos que depois da temporada diminuiriam os preços, mas não é assim. Na verdade, o clima é de temporada o ano inteiro, porque em todas as épocas estão chegando turistas”.

Os novos comerciantes na cidade sentem a baixa temporada Os empresários Marcio e Cleyze Vanderlinde, 30, vieram de Guarapuava (PR) morar em BC há nove meses. Eles são catarinenses de Blumenau, a família toda mora em cidades próximas, um dos motivos que fez o casal tomar a decisão de voltar

para o Estado e escolher Balneário para viver e trabalhar. “Juntamos a vontade de estar perto da família com a oportunidade de ter um negócio nosso aqui. É muito diferente, lá é mais interior, também é mais frio, mas temos gostado

bastante. Na baixa temporada, é complicado, acredito que não só para nós, mas para todos comerciantes, por isso mudamos um pouco o foco da loja para melhorar nesse sentido, mas tem sido bem bacana, estamos felizes”, pontuou Cleyze.

Essa segurança de poder andar a qualquer horário...

Arquivo Pessoal

Carla no mirante do Teleférico: ter tudo próximo é o que encanta.

A estudante Carla Querobim, 27, se mudou para Balneário há quatro anos para cursar Jornalismo na Univali, em Itajaí. Conta que nem conhecia a cidade, mas como passou no vestibular pelo ProUni (processo seletivo), poderia escolher entre cinco cidades, optou por Itajaí. “Quando cheguei, vim direto para BC, disseram que

aqui era mais seguro. Adorei, ando cinco minutinhos e estou na praia. Essa segurança de poder andar a qualquer horário sozinha, ter tudo próximo, boas opções de lazer é o que me encanta. O que atrapalha um pouco é final do ano, muitos turistas, filas, trânsito lento, mas isso faz parte”.


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Impressões de quem nasceu aqui

Tinha um prédio só na praia inteira... A professora Marlene Mozdzenski, 60, lembra com saudade dos finais de semana que vinha passar em Balneário Camboriú quando era bem pequena. “A gente tinha que passar pelas rosetas para chegar no mar”, diz ela, que em 1965 se mudou definitivamente de Brusque com a família para cá. Da infância vivida por aqui, se recorda que quase tudo funcionava apenas na vizinha Itajaí. O Cometa era o ônibus velho que passava buzinando na frente da casa das crianças para levar para a escola, em Itajaí. “Aqui só tinha até 4ª série, quando fizeram até a 8ª no João Goulart, eu mudei para lá. Fui aluna e depois por muitos anos professora no João Goulart”, diz Marlene. A praia era cheia de

casinhas de pescadores, o único prédio que chamava atenção era o Hotel Fischer. Casas de aluguel já existiam, mas eram baratas e os turistas vinham passar 30, 40 dias. Ruas de barro e Avenida Brasil começando a ser feita. Em seguida, meados dos anos 60, apareceu o Marambaia, no pontal Norte, “imagine, era super chique, um hotel redondo...”. Essas são as principais recordações de Marlene, que continua amando viver em BC, mesmo com o crescimento acelerado e a falta de planejamento que tomou conta. Os quatro filhos nasceram em BC, no hospital Santa Inês, o único –até hoje – que existe por aqui.

Fotos Arquivo pessoal

Marlene com os filhos Marlo e Alex, no Pontal Norte, meados da década de 70.

Ia moleque para Praia do Côco sozinho... Um dos filhos da Marlene é o Alex Mozdzenski, 35, conhecido como ‘Aqua’, que lembra também com saudade da infância em Balneário. “Muita pescaria, aquelas redes ilimitadas na praia, bem mais mato, menos pessoas, a infância no colégio João Goulart, quando criança, íamos com o Marciano, pai do Ícaro (morador da Ilha), no barco dele para Laranjeiras, mergulhar e pescar. Marciano levava compra de casa (feijão, ovos, carne, etc) numa mochila enrolada com um plástico. Nadava até a ilha, até sua casa com a compra.

Os hippies (camelôs) tinham espaço grande garantido na calçada da Atlântica, que era mão dupla na época. O (extinto) Baturité era de bambu. E a despreocupação, a gente saía de casa voltava à tardinha ninguém perguntava onde estava, ia moleque para a praia do Côco sozinho, hoje não existe mais isso. Tive uma infância e depois uma adolescência muito colorida, calma, praia direto, aquele calor do surfe que começou nos anos 80..”. Hoje Alex cria o filho Zion, 5, na Praia Brava, num cantinho que ele chama de ‘ainda quase into-

cado’, com o desejo de resgatar um pouco do sabor da infância calma em BC. “A Brava e Balneário era tudo uma coisa só.. a gente vinha na Brava à noite pegar siri, a areia era lotada de siri, hoje não se vê quase, mas continuo amando viver aqui, não troco por nada, apesar de toda disputa que existe, os valores incabíveis. Nasci em família classe média baixa, naquele tempo se vivia bem, hoje tem gente com muito dinheiro chegando e vivendo aqui e pouco a pouco vão expelindo essa classe que não consegue mais pagar um IPTU no centro...”

Aqua cria Zion num cantinho quase intocado com sabor de infância boa.


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Taquarinhas, “menos é mais”

Fotos Caroline Cezar

A praia de Taquarinhas, em Balneário Camboriú é, senão a última, uma das únicas ainda totalmente preservadas no estado de Santa Catarina. Bem localizada na região da Interpraias, entre Laranjeiras e Taquaras, é a menina dos olhos de construtores, que planejam edificar de forma “integrada” resorts e condomínios de luxo. A comunidade não quer. Em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores pela Assembléia Legislativa, houveram muitas manifestações em favor de transformar aquela praia em parque ambiental, proposta feita pelo deputado estadual Sargento Soares, mas que continua engavetada na Alesc por pedido de vistas do também deputado Marcos Vieira, que faz parte da comissão de Constituição e Justiça.

Parque pronto - Vegetação nativa, água limpa, larga faixa de areia, conchas, rochas, costão, pedras. Taquarinhas tem diversidade paisagística e ambiental. É um lugar que ainda proporciona um contato muito próximo com a natureza e atividades ao ar livre.


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Além da beleza cênica e do contato com a natureza intocada, a praia é um laboratório científico ao céu aberto. Espaço para aves migratórias, vegetação que mistura restinga e Mata Atlântica, entre outras características fazem com que Taquarinhas possa servir para pesquisadores e biólogos desenvolverem estudos e soluções para desequilíbrios ambientais, por exemplo, que ocorram em locais com as mesmas características -com a diferença é que ali elas ainda se mantêm em estado natural.

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Praia preservada: exceção e equilíbrio Se por um lado construir na praia de Taquarinhas atenderia interesses econômicos e políticos, por outro, transformando em parque ambiental a comunidade inteira -e isso inclui futuras gerações- poderia usufruir dos benefícios de garantir um pedaço de terra preservado no meio da selva de pedras que se transformou Balneário Camboriú.

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Fotos Caroline Cezar


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Balneário Camboriú, cidade surfe Ícaro Cavalheiro, Bilo, David Husadel, Teco e Neco Padaratz, Saulo Lyra, Mozart Teixeira, James Santos, Luli Pereira... o surfe de Balneário Camboriú tem uma história consistente, apesar de não muito longa. Todos esses nomes, entre outros, marcaram o cenário nacional e mundial do esporte. Por volta da década de 70 começaram a aparecer na cidade as primeiras pranchas, numa época que o esporte era marginalizado, “coisa de maconheiro e vagabundo”. Ninguém queria que o filho surfasse, nem que a filha namorasse um surfista. Em 80 foi o ‘boom’, época de expansão, em que muitos atletas da cidade marcaram presença nos principais circuitos do país.

A “casinha do surfista”, em frente à Galeria Maxim, era um dos points da galerinha. Na foto da esquerda pra direita: Terence Schauffert, Boca, Tim, Christian Vaccaro, Rapinga, André Huebs, Malhado, Harry Werner.

Rato Suicida - Didi Olegário, Binho, Dado Faigel, Micke Bernardoni e Fernando Padilha, geração anos 90 que continua com surfe no pé.

In memorian - Carol Beltrão, bodyboarder das mais lindas da terrinha, que faleceu precocemente de câncer, deixando saudades.

In memorian - Cristóvão, que teve a fábrica Cris J.P., nome forte do surfe local, faleceu em acidente, pegando todos de surpresa. Na foto, abraçado com Lui, que mora na Indonésia. Atrás Cláudio Diel.


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Ontem, hoje e sempre ‘Balneário é hoje a única cidade que tem cinco títulos mundiais, só ficando atrás de Cocoa Beach, que tem nove, todos de Kelly Slater. Teco venceu dois WQS, Neco mais dois, e James Santos tem um título mundial amador’. A declaração é de Ícaro Cavalheiro, que depois de uma carreira bem sucedida como atleta, é juiz do circuito mundial de surfe. Ele, que nasceu na Ilha das Cabras e morou lá até os 11 anos de idade. Todos esses nomes que fizeram história, seja nas competições ou nas rodas de bate-papo que relembram os velhos tempos, mostraram que a cidade tem as características ideais para o surfe: ondas fáceis para o aprendizado mas que às vezes crescem bastante, possibilitando o surfe no parcel, na altura da Ilha, fortes e consistentes; boa localização geográfica, cercada de diversas praias com ondas para todos os gostos. O que mais falta é o reconhecimento por parte da iniciativa pública e privada, nenhum governo municipal deu a atenção necessária para esse ponto, que poderia ser explorado melhor, inclusive turisticamente; e os atletas têm dificuldade em obter apoios e patrocínios.

Waldemar Wetter

, 47, o ‘Bilo’ veio muito pequeno de Blumenau para Balneário, surfava de prancha de isopor, viu o império vertical tomando conta da praia, mesmo assim é um apaixonado pela cidade. Há 16 anos seu escritório é na praia central, onde dá aulas de surfe. Como a maioria dos surfistas, Bilo lamenta a falta de apoio ao esporte que consagrou a cidade dentro e fora do Brasil. “Nunca tivemos uma pessoa ligada ao surfe envolvida na política, um surfista de coração, eles não usufruem da praia, não botam o pé na areia, então é difícil ter representatividade, o turismo é voltado para outros focos. Mas não é o surfe em si, tem também o lado da preservação, porque nós surfistas somos os maiores interessados na preservação. Falta estrutura, um sistema de captação de esgoto sanitário, resolver o canal do esgoto do Marambaia, uma parceria com a vizinha Camboriú, porque o problema de lá afeta diretamente a gente aqui...Falta visão, aquele molhe por exemplo da Barra Sul, foi feito sem estudo aprofundado, modificou a dinâmica de marés, trouxe sujeira, aquelas algas que antes se concentravam só na Barra Sul, hoje se espalharam na praia inteira, querem aterrar, mas tem que ser feito estudo profundo para isso... Apesar de todas essas mazelas, amo a cidade, criei raízes aqui e se não botarem mais a mão, está bom”.

Raízes: Bilo nos dias de hoje em frente ao seu ‘escritório’ na praia e com os parceiros de surfe nas antigas (de camiseta).

Nagel Mello, 43, é

um desses surfistas apaixonados, que acompanharam o crescimento da ‘surf city’. Chegou aqui bem pequeno e guarda boas recordações. “Minhas maiores lembranças daquela época eram as investidas para pegar ondas na Praia Brava, a galera saía a pé pelo meio do mato (onde hoje é a Estrada da Rainha), abrindo picadas até chegar na Praia Brava, onde as ondas perfeitas quebravam solitárias e sem construção alguma...apenas um hotel lá no meio, que hoje nem existe mais. Pegava muitos tubos na companhia de apenas dois ou três amigos”. Anualmente ele e mais uma porção dos amigos surfistas da mesma geração se encontram para matar as saudades num encontro que se tornou marca registrada.

Nagel hoje e há alguns anos, ainda moleque. No melhor estilo surfe, ele segurando Felipe Cabral nos ombros, que hoje mora na Califórnia e é pai de dois filhos...


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Balneário pelas lentes de Zé Pedro

Tudo que vi de BC se tratava de Skylines, 360 panorâmica flat da orla ou aéreas, como as das imobiliárias. Vi algumas referências de um colega de Nova Iorque, que me chamaram atenção, mas quando fui fazer

as imagens, elas não rolaram. E não rolaram pois eu não tinha nenhuma intimidade com a cidade. Depois de alguns meses, já mais íntimo da cidade, resolvi ir atrás de minha leitura. Continuei olhando para cima, mas desta vez, com uma outra lente, uma 8 mm, porque já uso esta lente para a produção de tour virtual 360°. Escolhi um lindo dia de outono, peguei minha mountain bike e saí. O resultado é este. BC tem estas facetas: mar/praia e concreto que, de certa forma, são os ‘mesmos’ elementos: a areia. Eu que corro na praia, descobri que a praia tem ótimos depósitos de sedimentos marinhos. Levei pra dentro de minha câmera, buscando associar a arquitetura de Balneário, que é uma das maiores fontes de emprego, renda, serviços desta cidade”. Zé Pedro Russo, fotógrafo.

Fotos zépedro russo/www.zpr360.com


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Olhar atento às peculiaridades da cidade Zé Pedro Russo é um fotógrafo paulista que há pouco mais de seis meses se instalou em Balneário Camboriú. Ele se intitula ‘cigano’, “busco o que meu coração precisa”. Depois de um tempo vivendo por aqui, decidiu revezar a vida e o trabalho entre BC, SP, Rio e Nova Iorque. “Descobri que embora BC seja fantástica, existe uma carência em termos artísticos e culturais e por isso resolvi buscar fora, para poder continuar dentro”. As fotos mais do que artísticas de Zé Pedro podem ser conferidas no site www.zpr360.com. O estúdio fica na rua 3050, número 90.

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Avenida Atlântica

Arquivo JP3

Waldemar Cezar

No começo da década de 1990 a Atlântica era bem modesta, calçadas estreitas, de cimento e pedra lavada. De tanto em tanto buracos e mais buracos, não havia maior preocupação com a orla. Mexer na Atlântica foi a primeira grande intervenção da prefeitura em muitos anos, arrancaram tudo e fizeram o calçadão. O prefeito da época, Pavan, virou ídolo não só para os moradores, os turistas do interior do Estado ficavam embasbacados com toda aquela estrutura.


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Terceira Avenida

Arquivo JP3

Waldemar Cezar

A cidade quase não tinha semáforos, as alças de retorno ainda estavam distantes, cruzar ou entrar em transversais era ‘na marra’. A Terceira Avenida apresentou uma inovação, as agulhas para conversão. Como essa da Terceira com a rua 1500, o motorista parava na agulha, esperava passarem os eventuais veículos no contra-fluxo e entrava. Na ocasião o supermercado De Angelina (um marco do nosso comércio na época) estava em construção. Hoje funciona no local o Imperatriz.


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Mais de três décadas de loja

Uma cidade em dois tempos

Arquivo Pessoal

Ademar Zonta

Divulgação

Na década de 1970, Balneário Camboriú fervilhava de futuro e de potencial para o crescimento da construção civil e do turismo, o que fez muita gente deixar o Vale do Itajaí para apostar no próprio negócio. De olho no mercado que as novas construtoras geravam, o empresário Ademar Zonta deixou Blumenau para abrir, em 1976, a Dimatel Iluminação, primeira loja do segmento na cidade. Até hoje, a empresa é referência em decoração e design de interiores na região.

O ser humano costuma ser movido por sonhos. Ou por um grande sonho. E foi atrás de um deste que eu e minha famílila deixamos Blumenau na década de 70 para investirmos nossa vida em Balneário Camboriú. Na época, uma cidade de pouco mais de 30 mil habitantes, pouca estrutura de atendimento médico e um comércio ainda fraco. Foi mesmo em busca de um novo horizonte que decidimos deixar tudo para trás, com um filho de quatro anos e uma filha de quatro meses de vida, e abrir uma loja de iluminação e materiais elétricos em Balneário Camboriú. Uma das primeiras do gênero na cidade. A maioria das ruas, na época, sequer era pavimentada e os veículos tinham dificuldade de transitar em algumas vias. Nós mesmos chegamos a atolar nosso carro na Terceira Avenida, então uma rua recém projetada. O turismo e a indústria da construção civil já eram as principais promessas para o desenvolvimento da cidade. E foi, de fato, sobre estes dois pilares econômicos que Balneário Camboriú cresceu e apareceu. Se em 1976, os prédios altos quase não se destacavam na Avenida Atlântica, no final da década de 80 eles se multiplicavam em ritmo aritmético. Junto com a construção civil, chegaram os mais variados segmentos de empresas e prestadores de serviços, que passaram a movimentar ainda mais a economia da cidade. A paixão dos turistas argentinos por Balneário Camboriú ajudou a trazer riqueza e um público diferenciado durante muitos verões da década de 80 para o litoral catarinense. Mais tarde, vários deles fixaram residência aqui e abriram seus próprios negócios. Hoje, Balneário Camboriú pouco se parece com aquele lugar de poucas lojas, pouca infra-estrutura e de carros atolados em dias de chuva. Trinta e quatro anos depois, a cidade recebe turistas nas quatro estações do ano, dispõe de boa infra-estrutura de lazer, comércio com horário especial, restaurantes com diversas especialidades de cozinhas internacionais e muita badalação para todas as idades. Quem chega em Balneário Camboriú, surpreende-se principalmente com o atendimento de qualidade, cultivado por quem acredita no potencial turístico do município. Tudo isso confere à cidade um ar cosmopolita. E a certeza de que valeu a pena apostar nos nossos sonhos. Ademar Zonta é proprietário da Dimatel Iluminação.


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Arquivo JP3

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Rua 3100

Waldemar Cezar

No ano de 1992 quando anoitecia era difícil encontrar um automóvel estacionado na Avenida Brasil, a frota era pequena. A rua 3100 era este deserto, a BR-101 não havia sido duplicada, o túnel que aparece ao fundo era de metal. Alguns imóveis permanecem, como o supermercado (prédio branco no lado direito) e o galpão no fundo à esquerda, hoje uma loja de produtos para animais.


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Arquivo JP3

Em 1992, o então prefeito Pavan inaugurou a primeira ciclovia. Já naquela ocasião se anunciava algo que nunca saiu do papel, um sistema cicloviário de primeiro mundo. A ciclovia é a mesma que até hoje existe na Marginal Oeste, só que na época era pavimentada com pedras. A vala pluvial, tenebrosa, foi canalizada e o espaço transformado em jardim. Waldemar Cezar

A primeira ciclovia


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Arquivo JP3

Marginal Leste

Waldemar Cezar

A Marginal Leste (na foto sendo preparada para receber pavimentação), era um barro só, em dias de chuva chegava a ficar intrafegável. Como símbolo de um urbanismo sem pé nem cabeça a Marginal, que era mais estreita, durante vários anos abrigou uma casa em seu leito. Depois de muita conversa esta casa foi derrubada, a proprietária recebeu da prefeitura um imóvel em outro local.


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Barra Sul Arquivo JP3

Waldemar Cezar

Esta esquina entre o rio e o mar é famosa, foi o centro da vida noturna mais intensa do litoral catarinense durante duas décadas, o agito era na rua, automóveis largados pelo caminho interrompiam o trânsito na Atlântica (e mais tarde, quando foi construída, também na Beira Rio) e a festa rolava solta. As fotos, tiradas da estrada Barra - Laranjeiras, mostram como mudou o pontal sul, hoje não existe mais o mercado de peixe, o trapiche sempre caindo aos pedaços foi renovado, as construções mais baixas foram ou estão sendo substituídas por edifícios, o teleférico ocupa todo o primeiro plano. A prainha, um banco de areia que atrapalhava a navegação, sumiu.


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Calçadão

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Arquivo JP3

Waldemar Cezar

Durante a reurbanização da Avenida Atlântica, quando os operários chegaram ao cruzamento com a Avenida Central o prefeito mandou as máquinas entrarem à esquerda e detonarem a Avenida Central, queria fazer um calçadão. Gritaria geral, os comerciantes não queriam saber daquilo, sem os veículos não teriam movimento. Apesar das reclamações a obra foi feita e claro, a cidade toda e os comerciantes se beneficiaram.


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Arquivo JP3

Balneário Camboriú já teve uma praça, a Tamandaré, cujo ponto alto era a cobertura de fibra de vidro, compondo uma figura geométrica denominada ‘parabolóide hiperbólica’. No topo tinha uma estrela, símbolo de campanha do prefeito da época, Harold Schultz. A tal parabolóide (com estrela e tudo) pegou fogo, gerando muita fumaça tóxica e movimentando a pacata cidade do início da década de 1990. A praça ganhou um posto policial, mas continua desprezada. Na época ao menos tinha cobertura e, no sub-solo, um banheiro público que nunca funcionou como tal. Waldemar Cezar

Praça Tamandaré


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Aniversário de Balneário Camboriú Fotos Divulgação

Casamento Coletivo – 46 casais juntam as alianças no Clube União Ariribá, dia 20, às 16h e o evento é aberto ao público. O Casamento Coletivo, promovido pela prefeitura municipal há 12 anos reúne sempre o número de noivos referente à idade que a cidade está comemorando. Na foto, as noivas no aniversário de 40 anos de Balneário.

Dia 17

» 18° Santa Catarina Cup - Torneio Internacional de Futsal. No Ginásio Municipal das Nações - Ginásio Municipal da Vila Real. Horário: 8 às 17h. » Festival de Bandas de Rock - Balneário Camboriú 46 Anos. Na Praça Almirante Tamandaré. Horário: 18h às 22h. » Torneio de Futsal Masculino – Taça Cidade de Balneário Camboriú. No Ginásio de Esportes G2 (Bairro das Nações) e G3 (Bairro da Barra). Horário: 19h. » Taça Brasil de Futsal Sub 17 No Ginásio de Esportes G3 (Bairro da Barra).

Dia 18

» Caminhada para Jesus. Na Av. Atlântica (Rua 3.700 até Praça Almirante Tamandaré). Horário: 9h » Festival de Pião. Na Praça Higino Pio. Horário: 14h às 17h. » Festa da Tainha de Rua. Na Rua Osmar de Souza Nunes.

Horário: 10h. » Dia da Cãominhada. Na Avenida Brasil em frente ao Hotel do Bosque até a Praça Almirante Tamandaré. Horário: 14h » Torneio de Futsal Masculino – Taça Cidade de Balneário Camboriú. No Ginásio de Esportes G2 (Bairro das Nações) e G3 (Bairro da Barra). Horário: 19h. » Taça Brasil de Futsal Sub 17. No Ginásio de Esportes G3 (Bairro da Barra).

Dia 19

» Baile Municipal e Show com Banda Açu. No Clube Ariribá. Horário: 21h. » Taça Brasil de Futsal Sub 17. No Ginásio de Esportes G3 (Bairro da Barra).

Dia 20

» 18° Santa Catarina Cup - Torneio Internacional de Futsal. No Ginásio Municipal das Nações - Ginásio Municipal da Vila Real . Horário: 8 às 17h. » Desfile temático em comemoração ao Aniversário do

Município. Da Rua 2000 até a Praça Almirante Tamandaré. Horário: 10h. » Festa do Bolo na Rua 3100, a partir das 8h, com corte do bolo de 46 metros, que será disponibilizado aos presentes. A festa é promovida há anos pela Associação dos Comerciantes da 3100. Na foto, o bolo de comemoração aos 45 anos de BC. » Torneio de Futsal Masculino – Taça Cidade de Balneário Camboriú. No Ginásio de Esportes G2 (Bairro das Nações) e G3 (Bairro da Barra). Horário: 19h. » Taça Brasil de Futsal Sub 17. No Ginásio de Esportes G3 (Bairro da Barra). - Para saber a programação completa do mês, acesse o site www.balneariocamboriu. sc.gov.br.

A 23ª Festa do Pescador, tradicional no bairro da Barra, começa hoje (17) e segue amanhã a partir das 19h. Entre as atrações, Terno de Reis, arrastão de camarão (foto) durante a manhã, concurso da Rainha dos Pescadores, gastronomia típica e até churrasco. tança começa pra valer Na Colônia de Pescadores Z-7.


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Balneário Camboriú . julho . 2010

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