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Especial
Balneário Camboriú, 4 de dezembro de 2010
“Hoje as pessoas caem na internet como caem de um barco, e se desesperam”
Luli Radfahrer
N
a última terça-feira aconteceu o primeiro Tatticando, seminário de comunicação digital que lotou o auditório do Teatro Municipal de Itajaí, demonstrando que o público está carente por esse tipo de evento na região.
Por Caroline Cezar
O conceituado Luli Radfahrer, um dos pioneiros na cultura digital do país, -que fundou a DPZ.com, é professor da ECA/ SP há 15 anos e consultor-, palestou na ocasião, desmitificando e trazendo novo olhar a uma série de lugares comuns, que por comodismo ou desatenção acabamos repetindo. “Internet não é rede mundial coisa nenhuma, a internet é
do tamanho de Bombinhas”, disse ele se referindo à verdade que as pessoas costumam se comunicar, no meio digital, com uma rede ainda restrita de contatos, que valoriza mais o local, e não o mundial como se propaga automaticamente. “Você não fala japonês, não fala grego, se duvidar não tem nem um amigo em Minas Gerais, quem dirá no Niemen. O hiper local é muito importante, as oportunidades
“O que é discutido nas redes sociais?
Televisão, futebol, morro carioca. A grossa maioria das discussões é a própria mídia”.”
“Por que a gente ouve tanto o outro? Ele vem te dizer aquele monte de obviedades, mas que você não enxerga.” “Falam de inovação como uma palavra mágica… é uma coisa tão velha, tão manjada, que peloamordedeus, seu uso deveria ser justa causa para demissão por plágio.”
estão ali”, colocou Radfahrer. Também palestrou Eduardo Lorea, gerente de internet do grupo RBS em Santa Catarina, que trouxe dados estatísticos do mercado, mostrando que esse se ampliou sobremaneira. Lorea também abordou a questão da transmídia na comunicação, as narrativas não se encerram mais em um só meio, elas perpassam, têm continuações,
dialogam o tempo todo. Não só nos meios de comunicação, mas em todas as áreas, em qualquer tipo de consumo: habitação, carro, educação, noite. “Há etapas digitais em todos os âmbitos da nossa existência hoje”, colocou ele. A iniciativa do evento foi da Tatticas, agência de publicidade que estava completando mais um aniversário e resolveu ao invés de fazer uma festa, tra-
“Quando dou um passo pra frente tecnológico, fica desconfortável. Tudo que eu sabia esfarela; qualquer desgraça no pretérito perfeito é ótima.”
absoluto
“O desapareceu. Mais gente nos mesmos lugares, mais verdades conflitando, na hora que você tem duas verdades conflitando não existe mais absoluto”.
“Ninguém leva a sério novas tecnologias, você olha, desconfia, varre pro tapete, quando ele fica maior que casa daí sim, agora tenho que ver o que é”.
“Todos são iguaizinhos tentando ser diferentes… vou ser diferente de todo mundo então, vou ser um igual”.
“Preciso saber pra que serve, não como usar”.
zer conteúdo científico e tentar incentivar o mercado a prestar atenção na necessidade de se conectar. “Em Santa Catarina ainda estamos muito crús em relação ao digital, mas é preciso gerar essa consciência e desmitificar a idéia de que internet é coisa para jovem ou público de luxo”, disse Franciele Chiapetti, da Tatticas. O evento teve apoio do Senac.
“Todo mundo forma opinião hoje” “Existe muito mais comunicação, mais intercâmbio, mais verdades, gente testando coisas ao mesmo tempo… quanto mais certo ele acha que tá, mais você desconfia dele. É estar indeciso, estar inseguro, muito natural”.
“Metade do mundo ainda não está conectado, talvez uma parte dessa parcela migre direto para o celular e nunca tenha usado um computador”. “Na constante evolução, desconforto é excelente”.
Especial
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entrevista
“A internet não é rede mundial coisa nenhuma, é do tamanho de Bombinhas” JP3 - Luli, você é da primeira leva da internet no país. Quando era mais difícil, naquela época, que a informação sobre o assunto era nula, ou agora, que o excesso chega a atrapalhar e deixa todo mundo confuso? Radfharer - Em 94, quando comecei, o problema era explicar que existia essa coisa nova que se chamava internet e que era importante. Dava trabalho, ninguém tinha idéia do que era, falar em internet e em skates voadores dava no mesmo. O grande problema da época era que a indústria era consolidada, tv, rádio e jornal já existiam, há muito tempo não se fazia nada novo. Hoje o problema é que o cara não sabe o que fazer na net, qual produto é bom, tá todo mundo perdido, dizendo que é especialista, mas não sabe como fazer, o que fazer, como fazer...
centros, nas cidades grandes? Radfharer - Isso é muito legal, estava falando antes, que hoje existe uma enorme diferença entre São Paulo e Camboriú em termos de qualidade de vida e acesso a informação, mas com a internet, daqui a 10 anos, é muito mais fácil reduzir a diferença de informação do que reduzir a diferença de qualidade vida entre as duas cidades. Nunca foi tão bom estar em cidades pequenas e conectadas. Você tem acesso a todo conhecimento do mundo, e continua com a qualidade de vida de uma cidade pequena, ou de uma cidade de um nível humano. Cidades como Camboriú, Itajaí, Navegantes, uma do lado da outra, em São Paulo são bairros. ‘Ali depois do morro, a cidade acaba’, como assim a cidade acaba? Em São Paulo, cidade nunca acaba. Isso é uma coisa muito bacana, e se for bem usada pode ser uma enorme vantagem para quem está aqui.
“Precisamos alcançar mobilidade. Não pode ser coisa de rico, esse cara que usa duas horas de ônibus por dia tem que poder estar usando a internet esse tempo, por exemplo”.
JP3 - ...como lucrar com isso... Radfharer - ...é, como ganhar algum dinheiro com isso, ou pelo menos não perder uma fortuna com isso... É aquela dica que vale lá, vale aqui, em Camboriú, em Amsterdam, em São Paulo, Nova Iorque, hoje tem muita informação disponível, e onde você vai procurar? Nas fontes que você confia. Aí falam que a imprensa vai morrer porque hoje pode-se pegar conteúdo em blog, mas a imprensa não vai morrer, porque ela te dá aval do conteúdo. Você tem um monte de gente falando um monte de coisas, mas você vai confiar em bons autores, em editoras, na imprensa... dá pra identificar os picaretas. Quando você tem um problema de saúde, procura quem? O médico. Pode até ir olhar no Google, que vai te mandar tomar um chá, fazer alguma coisa, mas não vai deixar de ouvir o médico também. Crença cada um tem a que quiser, mas a gente acaba respeitando a opinião de quem tem o que dizer. Hoje em dia é muito melhor que naquela época, porque tendo muita informação você só precisa escolher, quando não tem nenhuma é uma terra de cego completa. JP3 - A informação ainda está mais concentrada nos grandes
JP3 - A essência do que você está falando tem a ver com aquela frase que você usa no twitter, espiou pra fora da caixa, caiu dela e não volta nem a pau. As pessoas estão mudando o jeito de trabalhar e de viver por causa da internet? Radfharer - Sim. Os processos das empresas ainda são muito burros, muito burros. Você pega empresas que se dizem inovadoras, tipo Microsoft, sei lá, e aquilo parece um exército, você tem aquelas carreiras, o indivíduo que vai subindo porque ficou lá um certo tempo, trabalha oito horas por dia, as regras não mudam nunca, o seu chefe é o dono da verdade, você não pode questionar... Se você vai no funcionalismo público, pelo menos é menos hipócrita que nas grandes empresas. Elas não entenderam que o modelo delas não faz mais nenhum sentido. Se eu tenho uma fábrica com 300 funcionários, bom ok, eu preciso ter 300 funcionários, mas no mesmo lugar? Por que não estão espalhados em escritórios menores? JP3 - Ou em casa? Radfharer - Ou na casa deles,
Caroline Cezar
mas às vezes tem problema de administração, tem gente que lida melhor com grupos, mas faz grupos pequenos então... a Asus, que faz aquele Net PC, o EEPC, monta fábricas, até -se não me engano-, 150 pessoas. Chegou 150, outra fábrica, outra... por quê? Pega uma empresa grande e vê a quantidade de gente que trabalha no RH, são 200 pessoas só para cuidar de pessoas, se perdeu completamente a dimensão. JP3 - Aí voltamos na questão da cidade pequena no mundo. Radfharer - Sim, é o mesmo paralelo entre Camboriú e São Paulo, Camboriú é uma cidade moderna, tem todas as coisas boas, acesso a um monte de coisas, é dinâmica, tudo acontece ali, e é pequena. Você consegue viver uma vida razoável, ir dormir em casa, almoçar em casa, é muito mais agradável do que morar naquela cidade enorme. Sua empresa pode ser grande, mas pra que um escritório grande? Você não conhece o cara do terceiro andar.. JP3 - É coisa dessa visão mais alternativa, que tem muito a ver com o meio digital não é? Radfharer - É, ela é mais recente, tem menos manias, e muda muito rápido. Se você trabalha com mineração, pode mudar um pouco a tecnologia, mas vai sempre continuar tirando cobre da terra, muda pouco, mas... JP3 - …no digital é uma transformação constante. O formato blog, por exemplo, dos que usam há mais tempo muitos já criticam o modelo... Radfharer - Acho que mais que você criticar ou apoiar, só o fato de você se questionar sobre aquilo é muito bom. JP3 - Sobre não fazer mais sentido. Radfharer - Exatamente. As pessoas mais esclarecidas que conheço se questionam constantemente, quando você tem 12 anos você se comporta de um jeito, aos 14 você repensa, aquilo tudo que você tinha como verdade não é mais verdade, e assim por diante. Como um cara entra numa empresa, passa 20 anos ali, e não muda nada? Cara, nenhum ser humano faz isso, nem planta, nem bicho, nenhuma indústria mais recente. JP3 - É cômodo, mais seguro. Radfharer - É, confortável, mas deixa barrigudo. JP3 - A cidade é pequena e parece que não entendeu muito bem a importância e a
possibilidade de estar conectada ao mundo. Radfharer - Mas temos que nos perguntar, por que não entendeu? É muito fácil reclamar, ‘meu cliente não entendeu, em São Paulo a coisa é diferente’, mas muito difícil tentar entender o porquê. Quando você entende fica fácil. Por que ele não precisa? Porque passou a vida atendendo as pessoas com a barriga no balcão. Mas se você abre mais uma loja numa cidade com um milhão de pessoas ninguém te vê. Essas cidades avançaram por necessidade pura. Se você dizer que ele precisa se conectar para ser moderno ele nunca vai entender. Tem que pensar com a cabeça dele. JP3 - Ele tem que viver aquilo. Radfharer - É, se o cara não entendeu, você vai forçar ele? Não tem como. As pessoas adoram bater o pé, reclamar, mas não conseguem... JP3 - Se fazer entender. Radfharer - Exato, se fazer entender. Vou contar uma história divertida, que tem a ver com você: você tem um piercing no nariz, a primeira vez que vi um piercing, era 92, um aluno meu, que tinha um pino enorme na testa, quando eu vi, até assustei, pensei: ‘que
é aquilo né?’ Vai que quebrou a cabeça, tem um pino cirúrgico, fiquei até com vergonha de perguntar. Pedi ao colega, e ele disse: - É um piercing professor. - Mas piercing, de furar? - É. - Mas... por quê? - É só um brinco num lugar diferente. Óbvio, óbvio. Anos depois conversando, falaram perto de mim, “piercing é um negócio nojento”. - Mas por que nojento? É só um brinco num lugar diferente. - Mas você tem algum que eu não quero nem saber onde? Não, eu só parei pra perguntar o que é. Esse é o grande problema do digital, você não pára pra perguntar o que é, corre atrás porque todo mundo tem, ou nega, porque não entende, e não pergunta por que... aí só dá cabeçada até entender. JP3 - Palestrante não né? Radfharer - Horrível, qualquer zé mané é palestrante, é nome de desempregado, pior que palestrante só consultor (risos)... O cara não tem que decorar e fazer show, tem que entender o público, por que ele está te ouvindo, e o que você precisa fazer pra melhorar a vida dele, aumentar a compreensão dele. Mas o palestrante em si é um ator, fazendo papel dele mesmo, repete a mesma piada, do mesmo jeito, sempre, chatérrimo.
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Especial João Souza
“A gente vive feito índio, cercado de mito. Deus da mandioca, da chuva, da areia e pronto. Não deu certo, foi deus que não tava fim. Panteão como hipótese, estamos cercados de desinformação”. JP3 - Hoje tua principal atividade é consultoria, você tem que fazer justamente aquilo que estávamos falando, convencer as pessoas. Radfharer - É, é falar aquilo que é óbvio pra você, evidente pra ele, mas ele não sabe. É que nem aquele amigo que é gay, que todo mundo sabe que ele é gay, mas ele tem enorme dificuldade de se aceitar. Você fala pra ele: ‘peloamordedeus tá apertado aí nessa armário, tá quente’ e o cara sai e fica feliz da vida. A verdade é óbvia, é banal, está sendo esfregada na sua cara, e você não percebe. JP3 - Diferente do trabalho do professor. Radfharer - O trabalho do professor é o de expandir horizontes, é muito legal, ele te mostra coisas que você nunca tinha parado pra pensar e não pensaria; o do consultor é mais parecido com o de um terapeuta, ele mostra o que é realmente óbvio, mas às vezes precisa ouvir se não continua fazendo a coisa muito errada. JP3 - De forma geral não
existe fórmula, pacote de ferramentas essenciais, cada caso é um. Radfharer - Não existe. Quer ver, o que é uma mulher de 37 anos hoje, o que isso te diz? Ela pode ser divorciada mãe de dois filhos, pode ser casada e super feliz, pode ser solteira e super feliz, pode ser uma mega empresária, pode nunca ter trabalhado, pode ser extremamente frustrada ou realizada. Não te diz mais nada dizer que ela é uma mulher de 37 anos, ou o cara ter uma empresa... Tá, uma empresa de cosméticos. Uma empresa de cosméticos na praia... Não tem informação suficiente. Se fórmula funcionasse livro de cantadas ia dar super certo, mas todo mundo sabe que ele não vai sair com a mulher dos sonhos lendo aquilo, que é um grande engodo. JP3 - (risos) Você fala disso no seu livro (A Arte da Guerra Para Quem Mexeu no Queijo do pai Rico). Radfharer - Sim, porque a única forma de auto ajuda
Luli Radfahrer no Tatticando com a idealizadora Franciele e o gerente de internet da RBS, Eduardo Lorea.
que você pode ter é a autoconsciência, quando você toma consciência de quem é, onde está, como foi parar ali, e como quer sair... O budismo fala muito isso, que você vive dentro de um eterno retorno até tomar consciência e evoluir para uma fase adiante. Não tem fórmula, não tem segredo, não tem sete hábitos, não tem nenhum ocultismo mágico. A única coisa é tomar consciência de onde você está. Se você por acaso acorda, está perdida na Mata Atlântica fechada, até escuta o mar, mas não consegue sair de jeito nenhum, vai fazer o que, entrar em pânico? Claro que não. Pára, respira,
onde eu tô, onde tá o sol, tô com fome, tô com sede, tô com o braço quebrado... Faz uma bela análise de si mesmo, e daí você percebe, ‘espera, tô ouvindo o mar, acho que é pra cá’... e começa a caminhar. Muita gente hoje cai da internet como quem caiu de um barco, e se você cai de um barco e se desespera é a pior coisa que você pode fazer. Calma, respira. Ou o cara que acabou de se divorciar, é clássico, não sabe o que fazer... fica perdido porque a vida dele era muito confortável até ali, mas a mulher cansou e largou. Tem fórmula pra ele? Tem. Pára, respira, veja o que de errado
você fez, segue em frente. JP3 - E essa geração está aprendendo a fazer isso muito rápido, se adequar com facilidade. Radfharer - Sim, todo mundo fala muito mal dessa cultura descartável, dessa molecada que vive em vídeo-game, mas cara, vídeo-game tem coisas muito boas, é um lugar que você erra, testa, erra, testa de novo, aprende, acerta, é Darwinismo na prática... Às vezes melhor que você sentar numa escola, o professor vomitar um monte de bobagem que você nunca vai usar, tipo tabela periódica.
se usa muito!
» 5, 2 bilhões de fotos, 5,3 milhões de novas fotos por dia. As pessoas fotografam melhor, bateu a foto, subiu. Pus on line, e quem tem que se preocupar em guardar é o yahoo.
» Mais de 500 milhões » Mais de 20% de tráde usuários, isso porfego. Neguinho pirateque a China não deixa ando Hollywood. entrar.
» Mais de 24 milhões de » Mais de 230 milhões pessoas on line simulde contas, em 190 tâneo. Se ligarem todos mercados. Tem mais na Vivo, ao mesmo correntistas no Paypal tempo, cai. do que gente na indonésia.
» Mais de 1 bilhão de contas, upload de 35/minuto, 600 anos de conteúdo.
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O meio é importante, mas não é o principal Profissional do design e morador de Balneário Camboriú, Guto de Lima, 32 (ilustra), do de Lima Design, concorda que nossa região ainda está um pouco “desconectada”, mas acha que isso vai além de simplesmente se fazer presente em redes sociais da internet. “Esse próprio evento, única divulgação que vi foi um outdoor, não vi nada na rede”, citou. Ele acha que o problema da comunicação digital é o
mesmo de sempre: “as pessoas não têm o que dizer, nao têm história pra contar. Criou-se consultores, agências digitais, especialistas, e estabeleceram como uma regra essa conexão, mas pra que serve, o que se quer dizer? É isso que precisa definir”. O designer destaca que hoje a regra se resume a entrar na rede, mas não se entende que tudo é mídia social. “A internet facilita, potencializa, mas
se você não sabe o que quer falar, nem pra quem, que é o be-a-bá da comunicação, é totalmente vazia essa história”, colocou ele, que vê como consequência muito mau uso do espaço digital, que exige a questão da etiqueta, do respeito da linguagem, dos códigos do grande grupo. “Comunicar-se bem é determinar claramente o público, com quem está falando, quem quer atingir, gerar conteúdo rele-
vante, alinhado à cultura da empresa, não necessariamente ao negócio em si... são desafios mesmo, mas a premissa é a de sempre, o papo tem que ser interessante, a grande maioria não sabe se comunicar, e nem sequer a razão da existência do seu negócio”.
mitirão conexões remotas, e cada vez mais as pessoas poderão interagir entre si independente de onde estiverem. “Muitos dizem que o home work é o futuro, mas home work já é uma realidade presente na vida de muitos afortunados. O desafio do momento com o
surgimento destes novos gadgets (iPhone, iPad, Androids e tablets) é caminhar rumo ao Anywhere working. Aí sim teremos liberdade de viajar de férias e trabalhar de verdade ao mesmo tempo”, idealiza o empresário.
entrevista via
Evoluindo no entendimento Para Adriano Cruz, 36, do Grupo W, empresa de desenvolvimento de softwares com sede em Balneário Camboriú, a realidade local já evoluiu muito desde que começaram, mas ainda está aquém do resto do país e do mundo. “A mentalidade está evoluindo lentamente”, colocou. Ele acha que é um momento interessante, porque alguns empresários estão percebendo que não
basta estar na internet. “Se o site não for bem construído tecnicamente, por exemplo, não vai aparecer nos mecanismos de busca e o resultado será inexpressivo. Não basta ficar bonito, tem que ser eficiente”. O Grupo W, que atende todo país, sempre ressalta que está em Balneário Camboriú pela qualidade de vida, e Adriano acha que num futuro nem tão distante todos os sistemas per-
entrevista via
A venda como consequência Guilherme Meneghelli, da Epic Studio, é designer, fotógrafo e vídeomaker, e concedeu entrevista via bate-papo na internet. O formato original foi mantido. Confira: Caroline: Tô fazendo uma especial sobre comunicação digital Guilherme: opa tem umas perguntas? Carol: o que tu pensa da visão local? estamos “atrasados?” Guilherme: sim Carol: e por quê? Guilherme: não tenho visto ações que pareçam realmente pensar no assunto spam por e-mail não é comunicação digital criar um usuário no orkut ou facebook não é comunicação digital
Carol: e tem que partir de quem? Guilherme: tem que partir dos profissionais é preciso amadurecer e criar estes novos produtos Carol: tu acha que não existe ou tá sendo mal usado? Guilherme: a comunicação digital, por parecer fácil, as empresas fazem por conta, mas é preciso fazê-lo com apreço a comunicação digital existe não é usada, ou mal usada as ferramentas existem mas é preciso explicar e vender é como ter uma câmera digital não torna uma pessoa fotógrafa comunicação digital não é ter internet Carol: tu concorda que existe uma informalidade na
comunicação digital? às vezes destoa da empresa tradicional... ou não? Guilherme: concordo, absolutamente ela é informal Carol: a empresa tem que rever conceitos de forma geral senão fica forçado. ou não? Guilherme: um exemplo: a publicidade do Facebook que criou o bilionário mais jovem da história absolutamente aliás, a comunicação digital está reensinando as pessoas a pensar a comunicação Carol: é um ponto de partida pra uma revisão total de valores, me parece Guilherme: geral porque pela customização absoluta o tempo todo, as pessoas querem não só ser tratadas pelo nome, mas rece-
ber informações que toquem Carol: pessoal e profissional uma coisa só, informalidade, colaboração? Guilherme: a comunicação tem dois caminhos não é nem uma questão de ser ouvida, as pessoas querem receber informações úteis coisas legais não adianta um produto bonitinho, tem que ter uma comunicação mais que adequada tem que tocar Carol: não necessariamente relacionadas ao produto. a venda como consequência? de um jeito de ser?
Guilherme: isso o Google que vive de propagandas… úteis! a venda como consequência define bem é exatamente isso eu não quero ter um produto empurrado eu quero ser bem informado e sim que case com as idéias. Caroline Cezar
Guilherme Meneghelli
entrevista via
18 OPINIÃO de quem foi no evento Balneário Camboriú, 4 de dezembro de 2010
Anderson Pereira, Biliz, designer
“Eu gostei bastante do evento. Primeiro porque vem acres-
centar na formação de profissionais que trabalham com comunicação e multimídia além de informar pessoas de outras áreas sobre suas possibilidades e oportunidades. Vale dizer que há bastante mercado para isso aqui na região, mas poucas oportunidades de discussão com a presença de especialistas. Segundo porque sempre admirei o trabalho de Luli Radfahrer desde a época da faculdade onde estudei um pouco de suas pesquisas para fazer meu trabalho de conclusão de curso. E o bacana é que ele faz questão de compartilhar todo seu conhecimento disponibilizando um enorme volume de informações gratuitamente em seu site.
Achei tudo certo sobre a organização, apesar de haver 500 lugares no teatro, fiquei sabendo que que algumas pessoas não puderam participar por falta de vaga. Isso reforça a demanda e interesse por esse tipo de evento, ótimo motivo para haver uma segunda edição. Também percebi que os profissionais aqui da região falaram muito pouco e não transmitiram uma completa segurança sobre o assunto. Mesmo assim foi válido. A comunicação digital influência muito a minha vida. Posso dizer que fiz muitas amizades relevantes, me comunico com parentes e até conheci minha esposa pela internet. Profissionalmente, é o que direciona minha car-
reira. Consegui emprego através dela mas também já perdi oportunidades profissionais pelo mau uso. Qualquer meio de comunicação pode trazer prejuízos se mal usado. Acho que a tecnologia poderia estar mais presente na minha vida se não fosse a má qualidade dos serviços prestados pelas companhias telefônicas.
JP3 - Quantos anos de rede?
como essas surgem novas startup’s, novas uniões entre empresas, o que acaba fortalecendo a economia, e criando profissionais mais bem preparados para o mercado.
entre as pessoas não tem mais volta, cada vez mais os planos de celulares são usados para dados e menos para voz. As pessoas cada vez mais tem a necessidade de receber uma resposta instantânea, não podem esperar uma hora ou duas para ter a informação que necessitam, e é esse tipo de situação que faz com que a internet seja a cada dia mais consolidada.
Treze anos de rede, da discada à alta velocidade. JP3 - Acha que eventos como esse somam na cultura digital local? Por quê?
Juari Pinheiro, Snague, instrutor de informática, professor de informática para concurso público, estudante de webdesign e programação.
Sim, pois esse tipo de evento desperta a vontade e curiosidade sobre os tópicos abordados, dando novas direções para as empresas e profissionais que participam. E o mais importante de um evento desse é o networking possibilitado, de muitas palestras trouxe dados bem pertinentes de mercado, bom pra sacar qual é a das pessoas e pra onde elas põe a a atenção delas. Mas sem dúvida alguma o show ficou por conta do Luli. Eu queria saber se a Tatticas filmou o evento. Pro mercado local (boa parte das pessoas que tavam lá) foi épico.
Ariel Cardeal Malveira, 20, estudante de Comunicação, mora
Olha, por ser o primeiro evento do tipo na região realizado por uma agência, achei ótimo. Tem um texto do Mini que fala dos clichês que estamos de saco cheio de ver em palestras desse tipo. E ontem não vi nenhum desses lá. Se tinha, não foi tratado de forma superficial. O Lorea começou muito bem,
Eu acompanho esse assunto faz um bom tempo, comecei por causa do Conector, blog do Gustavo Mini - justamente por um texto dele que me interessei em fazer publicidade - e depois fui me embrenhando mais na selva digital. No colégio eu tive um professor que falava de quebra de paradigmas, aí minha mãe me apresentou o Ponto de Mutação do Kapra, depois assisti Waking Life do Linklater e percebi que estava me debruçando para fora da caixa (como diz na bio do @radfahrer). Aí me veio um tio e me apresentou A Terceira Onda do
JP3 - Na tua opinião, internet é um caminho sem volta nas relações profissionais e pessoais? Quanto ela está presenta na tua vida? Internet, como conhecemos pode ser que acabe, mas a comunicação instantânea, e a proximidade do contato
Estou conectado há cerca de 7 anos, a primeira coisa que faço todos os dias quando acordo é ligar o computador e verificar e-mails. Acaba influenciando e tomando um certo tempo nas nossas relações, por isso ultimamente eu tento desconectar de tudo nos fins de semana e vou à praia ou ao shopping.
novo gás para os negócios. Muitas empresas surgiram com o avanço da tecnologia e outras renasceram quando resolveram se conectar. Na área do design foi fundamental para o desenvolvimento da profissão e dos profissionais. Democratizou a informação e prospectou novos mercados. Eu tenho certeza que o design não seria uma disciplina relevante para as empresas se não fossem as novas tecnologias e formas de comunicação.”
meios utilizados
As redes sociais deram um checar se é bom, se o preço está justo, as viagens são planejadas e executadas com ajuda da internet, a comunicação com amigos em 90% das vezes é efetuado por meio da internet. Posso até dizer que a internet já está onipresente em nossas vidas. meios utilizados
Internet está presente em quase tudo em minha vida, nada é comprado sem antes
Alvin Toffler, e percebi que a mudança toda não era só uma coisa da minha cabeça e de um punhado de futurólogos. O que Toffler falava em 1980 é real hoje. No blog do Mini eu vi um texto sobre o Convergence Culture, do Jenkins. Depois que li o cara, parti pro Pierre Lévy, supercitado em Convergence Culture. Ontem eu vi mais uma vez que pareço estar no caminho certo.
vasculhando informações sobre ciberespaço e tal.
Agora estou no 6º período de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda da Univali, me formo ano que vem. Semestre passado comecei a ler A Inteligência Coletiva do Pierre Lévy por conta do livro do Jenkins, e aí decidi fazer meu TCC relacionado a isso: antes de descobrir que já existia um trabalho sobre isso, eu ia fazer sobre o Google Wave como plataforma da IC. Passo quase 80% do meu tempo acordado na internet,
O que ele comentou ontem sobre Shakespeare faz total sentido! Aristóteles já disse que “todas as histórias já foram contadas.” A grande coisa é que a rede da internet catalisa esse processo, o que acaba por gerar resultados muito mais rápidos do que há 30 anos. Os princípios básicos da rede são 3: O de que nada acontece de forma isolada; acontece em todos os lugares; e estas redes são universais. (Ver Recuero, 2005, no Intercom) Ou seja, tu não está mais distante do Barack
Mas aí tenho que frisar uma coisa, que comentei em um email que mandei pro Luli hoje: Tudo isso é formado por PESSOAS. É CMC(Comunicação Mediada por Computador), e não seria nada se não fossem os atores da trama toda, gerando capital social e construindo a coisa a partir de sua própria realidade.
Obama ou do PC Siqueira. E o que era a formalidade, se não uma forma diplomática de aproximar pessoas? Logo, essas barreiras entre pessoal, profissional, casual, informal, tudo isso muda. E não é que caia por terra, mas é que surge uma nova forma de agir, de acordo com cada momento e pessoa, mas sem nunca deixar de transparecer o que lhe particular: suas subjetividades. E isso dá MUITO pano pra manga, muita conversa. Como diria o pessoal do Epic Shit: “que época pra se viver.” Ainda estou maturando tudo isso. E acho que McLuhan é super atual. =)
meios utilizados