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Balneário Camboriú, 13 de março de 2010
Entrevista
Balneário tem cinco títulos mundiais no surfe, só fica atrás de Cocoa Beach, mas ninguém sabe disso”. (Ícaro Cavalheiro, nascido na Ilha das Cabras, ex-surfista profissional e juiz da elite do surfe mundial há oito anos) Divulgação
n o s s a
g e n t e
Caroline Cezar
carol.jp3@gmail.com
Nome – ÍCARO CAVALHEIRO. Idade – 41. Natural – Balneário Camboriú. Em Balneário Camboriú – Desde sempre. Formação – Surfista. Profissão – Juiz da ASP Internacional. Estado civil – Casado. Filhos – Rafaela, 12, e Ícaro, 21. Lazer – É meu trabalho, mas também gosto de cozinhar. Comida predileta – Picanha. Música – Sou bem eclético, gosto de tudo. Um filme – Che. Religião - Acho que sou crente, porque creio em Deus. Planos – Ser feliz, só isso.
Í
caro Cavalheiro, 41 de vida, 41 de Balneário Camboriú. Nascido na Ilha das Cabras, filho do popular ‘Marciano’, mais nativo impossível, mas criou asas para o mundo. O surfista, que até os dez anos não viu televisão, rodou em não sabe quantos países - “só sei que foram muitos”, primeiro como atleta, hoje como juiz. Dá notas para os melhores surfistas do mundo, é respeitado no meio. Sua credibilidade faz com que há oito anos esteja no quadro da Association of Surfing Professionals (ASP).
Sonhador inveterado, diz que o surfe é sua paixão, e preocupa-se em retribuir os frutos que colheu, a fim de encaminhar a molecada de forma séria e profissional no surfe e resgatar o título de ‘celeiro de atletas’ que Balneário sustentou por tantos anos. “Temos cinco títulos mundiais” reforça sempre. Ícaro está de férias em Balneário, onde mora com a família, -quando não está na ponte aérea-, e concedeu entrevista ao Página3 na sua casa. Confira.
Entrevista Arquivo pessoal
Balneário Camboriú, 13 de março de 2010
salva-vidas, eu sempre tive aqueles cortes de cabelo tipo miliquinho, meu pai nunca levantou a voz para nada, é dez, mas sempre num sistema mais rígido... Foi assim, e como eu estava falando, o surfe cresceu muito, a gente faz parte dessa evolução. O que eu trago comigo daquela época é o verdadeiro espírito do surfe, gostar mesmo, a paixão pela coisa. JP3 - Quando você optou pela carreira mesmo era moleque ainda? Ícaro - Eu parei um ano e meio, fui para Curitiba na casa da mãe para estudar, porque queria ser médico. Acabei abandonando enfermagem e medicina para o surfe. Os anos foram se passando, sempre gostei de estudar, mas também competia, fui campeão mirim, junior, amador duas vezes, profissional em 88 com 19 anos, paranaense também em 88, 89 e me mudei para o Guarujá, em 87, fui com mulher, filho, que era bebezinho, o Icarozinho nasceu em maio e levei pra lá em junho, com a Lilica.
Infância na ilha, com o pai Marciano, as mãos cheias de lagostas. A pescaria da época não era fraca.
JP3 - Acho que você foi o único que nasceu na ilha aqui em Balneário né? Ícaro - É, que eu saiba fui, morei ali por 11 anos, nasci ali, não deu tempo de ir para o hospital...eu comecei a surfar até porque tinha uma curiosidade, via o pessoal ali, acho que era o Havaiano, o Lâmpada, o Mostarda, eles surfavam no parcel, eu morava na ilha e dava aquelas ressacas... Hoje acho que com tanto prédio que fizeram deu uma mudança bem radical nas correntes, de como o vento influencia no fundo e em toda a formação da onda, não sei se era porque eu era menor mas eu não vejo mais aquelas ondas que davam antigamente aqui, 42 anos atrás, aquele mar enorme, não vejo mais. Mas acho que ali que me puxou para ser surfista. JP3 - Quantos anos você tinha quanto pegou sua primeira prancha? Ícaro - Minha primeira prancha...acho que uns 11 anos. JP3 - E foi naquele esquema de recorta e e cola? Ícaro - Recorta e cola, e pra ser sincero surfei com uma prancha de fibra antes do isopor, no final de julho tinha a festa das nações, a Julifest, e eu faço aniversário dia 7 de agosto. Eu fui na festa com o papai, tinha
um aquário, me chamou atenção, eu adoro aquários, e fui olhar, fiquei um tempo, e lá no fundo, dentro da loja, vi uma prancha vermelha. Era uma 7,5, 7,8, gigante, monoquilha, pesadona, e eu falei ‘pai, olha isso’! Daqui a pouco escutei ‘ô Marciano’, o cara era amigão do pai. Só que a prancha era cara, 150, 200 pilas na época, o pai não tinha, eu fiquei fascinado. Ele me perguntou ‘Tu quer mesmo?’ Quero. ‘Tu quer mesmo’. Quero. ‘Então tá, quando tu fizer aniversário se for bonzinho o pai vai dar’. E me deu mesmo, aí foi a primeira vez, não tinha surfado nem com isopor. Minha prancha era muito grande, eu ia surfar ali no frente do Roma, Mauro, Bito, Cacau, aquela turma das antigas, aí eu sei que no primeiro dia já comecei a descer de lado, cortando as ondas... Em outubro teve um campeonato, eu peguei um serrote, cortei aquela prancha no meio, fiz uma rabeta fish, duas quilhas de madeirite, encapei com resina, colei e competi com aquela prancha. Fiquei em segundo e dali não parei mais. Fui campeão mirim catarinense em 83 com essa prancha. Depois pegava aquelas de isopor Guarujá, tirava a quilha de isopor que vinha com ela, fazia um buraco, colocava quilha de madeirite com dure-
pox, dava uma encapadinha, mangueirinha, soro pra fazer a cordinha, meia para amarrar no pé, roupa de borracha não existia, aliás existia mas era muito cara, as coisas foram acontecendo. No final desse ano já consegui um patrocinador em Florianópolis, que foi a Brasil Natural. JP3 - Naquela época o surfe não era muito bem visto, teu pai aprovou? Ícaro - Olha, não é que aprovou, ele deu a prancha, mas não era muito bem o que ele queria que eu fizesse. Ele era um nadador, disciplinado,
Ícaro, nas antigas, em BC, com sua primeira prancha, já devidamente “estilizada”. Ele diz que tem orgulho da terrinha e da geração de atletas que se formou aqui. Quer resgatar e incentivar o surfe local.
JP3 - E não parou nunca mais... Ícaro - Fui o primeiro brasileiro a ir para Ilha de Páscoa, agora infelizmente deu essa catástrofe lá meu deus... fiz muitas viagens pelo mundo, Europa inteira, segui o circuito mundial. Comecei a sair do país em 87 já, ganhei um evento que era o circuito Anocas, mesmo sendo amador fiquei em segundo na categoria profissional, perdi por dez pontos para o Bilo, ganhei a amadora. Na profissional ficou Bilo em primeiro, eu em segundo, Davi Husadel em terceiro e Saulo Lyra em quarto, tudo de Balneário Camboriú, por isso que eu penso quando vou nessas reuniões da ASBC que tem em prol do esporte, eu luto pelo esporte, quero fazer isso. Apesar de viver numa casa humilde, crio meus filhos, posso botar numa boa escola, tenho a simplicidade que é meu jeito e da minha esposa de ser, a gente é super feliz e o surfe me deu tudo isso... eu lembro daquela época dificil, e quero dar de volta, retribuir como puder o que eu ganhei. JP3 - Você teve uma infância
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privilegiada e daí que deve vir esse gosto pelas coisas simples... Ícaro - Eu tinha 10 anos e nunca tinha visto televisão, chutado bola, andado de bicicleta, nada. Eu só nadava, mergulhava, esquiava, pescava, fazia tudo que é do mar. Minha brincadeira era fazer... deus que me perdoe, eu não tenho passarinho na gaiola (risos), mas era fazer arapuca porque lá na ilha tinha um monte de passarinho, eu pegava e soltava... Fazia redinha pra pescar ali no portinho e barquinho de isopor, porque o mar trazia muita coisa. Eu pegava uma faquinha e fazia os barquinhos... fiz até umas pescarias boas. Ah preciso mostrar uma coisa (levanta pra pegar um arquivo fotográfico com fotos dele criança com o pai e as mãos cheias de lagostas. Entre as fotos antigas, uma mostra o Hotel Balneário: ‘Uma tristeza, era todo feito de óleo de baleia, destruíram nosso patrimonio histórico, hoje tem uma farmácia lá’, relembra Ícaro. JP3 - Aí vocês tiveram que sair da ilha, aquela coisa toda. Ícaro - É, foi uma luta, com 12 anos tendo que trabalhar, cuidei muito dos meus irmãos, descobri o esporte muito cedo e descobri também que não sirvo para ser empregado, não gosto de ser mandado, receber ordem. O esporte me proporcionou muita coisa boa, conhecer o mundo, fazer da minha profissão uma opção feliz, agradável, prazerosa. JP3 - Como foi a transição de deixar de ser atleta para estar atrás na mesa? Ícaro - Muitas coisas aconteceram... eu sou um atleta que sempre estive envolvido, ajudei a fundar a ASBC (Associação de Surfe de Balneário Camboriú), sou sócio fundador em 88, fiz parte de vários grupos de atletas, como representante na Fecasurf, na associação paulista, na Abrasp, no circuito mundial faço parte do conselho de juízes pelos últimos 4 anos, estudo bastante o esporte...
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“Aqui é o celeiro, uma escolinha, a onda é muito boa para surfar”
A filha Rafaela, de 12 anos, surfando no Havai.
JP3 - Daí para ser juiz... Ícaro - ...fizemos um surf treino na Praia do Tombo, era o Tomboys Surfe Clube, como não tínhamos dinheiro pegamos uns 50 reais cada um, os profissionais, Paulo Kid, Picuruta, Jair de Oliveira, Neno, Amaro, Paulinho do Tombo, Ricardo Toledo, Magnus Dias, aquela turma do começo dos anos 90, e fizemos esse surf treino. Nós competíamos e nós mesmo julgávamos, uns tinham mais habilidade, outros menos, e eu gostei...quando chegou 98, que me aposentei como atleta, estava voltando do Guarujá que ficou muito violento, e por coincidência comecei a julgar. Os responsáveis da época, os head judges da Fecasurf, da Abrasp acharam que eu era bom, fui fazer um estágio no mundial que teve no Rio, em 2000, e um dos caras, um australiano, ficou doente do estômago, tinham que chamar alguém para por no lugar. Aí disseram: ‘ó que nada, o cara aqui surfa pra caramba, está aqui fazendo estágio, quebrando, mora aqui do lado, vamos botar ele pra sentar’. Julguei cinco baterias, no ano seguinte estava julgando o circuito mundial. Correndo atrás, vocação, busca, e pelo conhecimento. Me perguntei “Eu tenho talento? Então quero julgar os melhores, porque competi no circuito mundial, fiquei em 59º no mundo, não é nada mas é alguma coisa”. Hoje, graças a Deus, estou julgando, passando informações, fazendo treinamento, buscando bons juízes... Os catarinenses têm uma escola incrível, Renato Wikel, Xandy Fontes, Jordão Bailo, o Luli Pereira, Luis Antonio, todos vão pro mundo... e é como os atletas, só os fortes sobrevivem, tem que ter garra, personalidade.
JP3 - Santa Catarina já lançou muitos atletas para o mundo também, Balneário Camboriú principalmente, mas não sei se pela rotatividade da cidade, muita gente nova morando, parece que ninguém sabe disso. Ícaro - É, a gente perdeu um pouco da nossa identidade, porque Balneário Camboriú tem épocas que você vai passear, eu sou nativo daqui, você sai na rua e não conhece mais ninguém. Antigamente não era assim. Eu acho que essa nossa característica tem que ser mostrada, a única praia que tem mais títulos mundiais que Balneário Camboriú é Cocoa Beach, onde o Kelly Slater nasceu, que tem nove, todos dele. Balneário é a única praia do mundo que tem cinco títulos mundiais, dois WQS do Teco (Padaratz), dois WQS do Neco (Padaratz), e um mundial amador do James Santos, isso ninguém sabe. Nós temos a nossa história. Aquela época a final dos profissionais era Davi (Husadel), Bilo (Valde-
Com a esposa Lilica e a filha curtindo férias.
mar Wetter), eu, Saulo (Lyra), Nagel Melo, Luciano Fischer, Ronnie Lazari, Marco Reis, olha aqui quantos nomes eu vou te falando... Lâmpada, Mostarda, tem uma gama tão grande, e agora a gente olha são poucos... na mirirm tinhamos Teco, Neco na junior, Fabiano Fischer, Charles Padaratz que veio depois... então a gente tinha aquela gama, perdemos um pouco da base, da formação do atleta. JP3 - Por quê? Ícaro - A cidade cresceu demais, e acho que precisa um pouco mais de atenção também. Uma coisa é você ver o esporte só como escolinha para ensinar o esporte, outra coisa é você ter uma escolinha que vai direcionar para competição, acho que está faltando um pouco mais de pegada, eu lembro, quando estava com a escolinha em 97, 98 saiu o Pedro Norberto, o Michel Flores, William Cardoso, e nós estávamos sempre levando pra competir em Matinhos, em Mariscal. Hoje quem está
fazendo um trabalho desses é o Buldogue, apesar de eu conhecer e elogiar todas as escolinhas que tem, desde a do Mozart, a Municipal, o Bilo, do Trinca... eles estão buscando e tentando fazer essa base voltar a ter resultados dentro do estado de Santa Catarina, primeiro. Vamos ver o que vai dar. JP3 - A associação local já teve várias fases, mas tá numa bad trip né, não está nos melhores dias... Ícaro - É isso que estou falando, a gente tem que trabalhar pelo esporte, esses dias eu cheguei em casa, me ligaram cinco pras oito para uma reunião às oito, eu fui. Porque acho que a gente tem que estar ali presente, trabalhando pelo esporte, unidos, para mim não importa, política ou não, um lado ou outro, eu trabalho pelo esporte, e vou tentar passar para minha comunidade um pouco do meu conhecimento, do que o esporte me deu, para a juventude que está vindo por aí. Isso está escrito, o que está escrito na história ninguém apaga,
vamos conseguir voltar, pode ser dado continuidade, é óbvio que pode, a gente viu aqui no Espumeiro (categoria de um campeonato local que ocorreu há duas semanas), os infantis, seu filho estava também, essa molecadinha, para eles que a gente tem que trabalhar... dar perspectiva para eles num esporte saudável, sadio, que você vai ter cultura, vai buscar o inglês... isso são planos, é mais um sonho que eu tenho entre tantos que a gente tem... Estou sempre lutando pela evolução do esporte. Quando comecei o surfe era o sétimo esporte praticado no país, hoje no litoral é o segundo. JP3 - Você acha que a praia de BC ainda é propícia para o aprendizado? Ícaro - Olha, é a grande vantagem, é como o pessoal de Florianópolis que veio julgar aqui esses dias falou, ‘mas aqui é perfeito pra começar!’ Porque a onda vem lá de fora até a beira e ali você consegue dar uma rasgada, um cut back, uma manobra de junção...
Botando pra dentro em Noronha, foto recente. “Hoje só caio em mar bom, quando está pequeno só acompanho minha filha”, disse Ícaro.
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“Para ser um bom surfista hoje tem que estudar, ter cultura, treinamento, levar a sério...” JP3 - ...escolinha... Ícaro - ...sim, se está um pouquinho maior até um tubinho, a onda é uma escolinha por si só... E depois que ele aprendeu aqui, pô tem a Praia do Coco que ele vai a pé, tem a Praia dos Amores que ele vai a pé também, se ele sair um pouquinho do lado tem Três Pedras, tem o Plaza, se quiser uma onda um pouquinho mais constante vai para Navegantes, a gente tem uma região bem privilegiada e isso aí não vai morrer não... pode não ter mais aquelas ondas gigantes que tinha, mas aqui é o celeiro, e é uma escolinha realmente, a onda é muito boa de surfar. JP3 - O que você acha do fundo artificial? Ícaro - É uma coisa que já funciona em outros países como na Austrália, na Califórnia, e que além de contribuir para flora e fauna marinha, se fizer um estudo certo, e dependendo da posição do swell, de norte, leste ou nordeste, vai quebrar onda. Eu não tenho nada contra. JP3 - O que pode melhorar no esporte? Ícaro - O surfe é saudável, o
contato com a natureza... já acabou aquela história de que surfista é alienado, ou drogado, hoje ele tem conhecimento, cultura... para você ser um bom surfista tem que ter um bom inglês, saber se relacionar com as pessoas, ser uma pessoa culta, porque você vai sair do país, andar pelos aeroportos, conhecer culturas diferentes, você vai ter que ser forte, e só os fortes sobrevivem mesmo. E eu ainda acho que a gente está muito malandro, porque para ser nadador, para ser um ginasta, um judoca olímpico, as pessoas têm treinamento muito sério... é uma coisa que estou tentando buscar, é um outro passo dos meus sonhos, sou um sonhador inveterado, no futuro poder ensinar a levar mais a sério... já fui convidado para fazer palestras sobre isso, a postura de um atleta, como ter uma disciplina, se regrar, qual é seu compromisso, seu foco, como vai saber preparar físico, mente, treino. JP3 - Tem uma dica para a nova geração? Ícaro - Quem quiser aprender a surfar que realmente busque informação, a tecnologia hoje está muito mais a favor, muito mais oportunidades, as escolas, pessoas que enten-
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Com o filho Icarozinho, vinte anos atrás...
dem, equipamento-, e aqueles que gostarem, e que com ajuda dos pais, decidirem ir em busca
Falando nisso... Por Alecson Luiz de Lima em 04 de março de 2010
Analisando a postura de alguns meios de imprensa e alguns jornalistas de nossa cidade e região, a pergunta que fica inevitável de se fazer é: “Quanto custa um jornalista?” Para se pensar ....... Para se pensar mesmo... » Li este comentário no Blog do Página 3 e voltei aos bons tempos da faculdade, lá nos anos 70, quando um dos mestres falou uma aula inteira sobre esse assunto. Ele dizia que um bom jornalista não tem preço, não se vende, não se cala, não negocia, é aquele que luta por um ideal, luta pela verdade e,
sobretudo, briga pela melhor (e mais verdadeira) informação ao seu leitor, mesmo que seja apenas um. “Se algum de vocês nesta sala pensa em usar a profissão como ponte para um mercado de negócios, para dar carteiraços em tudo que é lugar, para se sentir o ‘quarto’ poder, para ganhar dinheiro ‘por fora’ e calar-se diante de inverdades e informações contorcidas, então é melhor desistir agora, você nunca será um jornalista, que dirá um bom jornalista”, avisou o mestre. » Na sequência lembrei que ano passado quando o Página 3 noticiou que havia um fantasma nas contas de campanha do prefeito, este cidadão teve uma reação patética, ocupando todos os espaços que o Duca colocou à sua disposição para detonar o jornal e o jornalista que apurou a matéria. O jornalista que praticou jornalismo. De todas as baboseiras que falou, uma me chamou especial atenção, de que não ‘investiria’ nada no jornal enquanto prefeito e até um interlocutor seu, batia furiosamente na mesa e berrava no microfone, dizendo que as ‘torneiras’ (?) agora estavam fechadas, não sairia mais nada dali... coisas desse tipo,
de uma carreira profissional, devem realmente se preparar, mentalmente, fisicamente, um
bom inglês, uma boa cultura, tudo isso vai contribuir pra uma performance certa, boa.
Marlise S. Cezar
lisi@pagina3.com.br
passando a idéia de que o jornal vivia às custas da prefeitura, que seus jornalistas dependiam de dinheiro público para fazer o jornal, mas muito pior do que isso, passando a impressão de que isso é uma coisa normal, natural nesse meio... » Acusaram o jornal e seus jornalistas de viver às custas da prefeitura. Depois que entraram lá, reviraram de ‘pernas pro ar’ os documentos, loucos pra encontrar as cifras, afinal de contas, quanto foi investido nesse jornal, quanto esse jornalista ganhou nesses anos todos, quantos salários ‘extras’ pagaram pra eles e não sei o que mais...e então, o que aconteceu? O assunto morreu na casca. Porque constataram que o Página 3 recebia nestes anos todos apenas - e tão somente - o valor que correspondia a publicidade feita pela prefeitura, lá de vez em quando. Ela fazia anúncios no Página 3 como em outros veículos. Tudo lá, documentado, nada por fora, nada errado, nada ilegal nem constrangedor. E eles emudeceram, mas antes de fechar o bico, tenho certeza, já sabiam que não encontrariam nada, já sabiam que o Página 3 não ‘recebe’ extras para defender
Do álbum
Reprodução
O calendário com fotos de 13 voluntárias da Associação Elos do Amor, de Camboriú está à venda e o dinheiro será investido nas muitas necessidades do hospital daquela cidade. Foi a primeira de muitas ações que estão por vir para ajudar quem precisa. Exemplo de primeira linha!
ou acusar alguém, já sabiam que nenhum jornalista do Página 3 se ‘vende’, tem preço, eles sabem, eles conhecem e ficam irremediavelmente nervosos, porque não acreditam que aqui se faz jornalismo por ideal, porque acreditamos que
um bom jornalismo pode sim, contribuir para mudar o rumo de uma nau que está desgovernada. Já aconteceu em outras épocas, em outros lugares... » Por tudo isso Alecson, a sua pergunta é pertinente. Infelizmente. Para se pensar...