m達es
suplemento maio.2010
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Balneário Camboriú . maio . 2010
Editorial
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Dia das mães é todo dia Homenagens são sempre bem vindas, mas dia das mães, cá entre nós, é todo dia. É a vida real, é dor de parto (ou não), é levar e pegar na escola, é acompanhar tarefa, é cuidar de filho doente, e de filho são. É doação constante, é rever os próprios hábitos, é lembrar que educação se exercita mais com exemplos do que com doutrinas. É tolerância, paciência, entrega. É aprender a lidar com imprevistos. Com medos. Com alegrias. Com surpresas. Com febre de 40 graus. Com opiniões diferentes. Com fases. Com oscilações. É entender o respeito. É não invadir espaço. É não ser omissa. É assumir a escolha da maternidade e vivê-la integralmente. É se permitir chorar, sentir, ficar em dúvida, errar. Mas nunca deixar de avaliar o erro. É observar o outro e se auto-observar. Exercitar a escuta. O questionamento interno. O silêncio. É literalmente, dar o peito. Ser mãe é começar do zero todo santo dia, é morrer para renascer, é pensar num mundo melhor, onde o amor é via de mão única. Parabéns mães, por todos os dias da vida.
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Comportamento Ser mãe, que papel é este? A psicóloga Dulce Pinheiro abordou o tema nessa sextafeira, no Yogashala, em Florianópolis. Especializada em terapias familiares e no trabalho com o feminino, Dulce acha que o tema “Mãe - amor, conflitos, desafios”, tem que ser mais discutido, por isso pensa em montar grupos de estudo para oportunizar as trocas e aliviar angústias. “Percebo no meu consultório que as falas são muito parecidas, de não saber se estão no caminho certo, de acharem que só acontece com elas, é importante esse diálogo para que elas reafirmem seus papéis e percebam que muita coisa mudou”.
À moda antiga Dulce acha que grande parte dos conflitos vem de um modelo defasado do papel de mãe, que foi aprendido de geração em geração e/ou internalizado, mas que não serve para o contexto atual, para a realidade que a mãe vive hoje. Daí nascem as dúvidas, a culpa e outros sentimentos nao saudáveis que atrapalham exercer a função com segurança e tranquilidade. “Não existe um modelo do que é ser boa mãe, nós vamos tendo que experimentar, a cada fase, porque é diferente ser mãe de um bebê, depois de uma criança pequena, grande, um adolescente... e muda a cada filho, já que cada um é diferente do outro, então é impossível exis-
tir um padrão”, disse Dulce. Ela também aborda a questão do tempo na sociedade contemporânea, são muitas demandas e papéis, ocupações diversas e novamente muitas mulheres caem na padronização. “Ou acham que têm que ficar um turno em casa, ou que têm que abrir mão do seu tempo em alguma esfera da vida, mas não existe como determinar isso. O que é ser uma mãe presente? Se mede pela quantidade de horas ou pela intimidade que não se deixa perder, o diálogo, a confiança?” sugeriu.
O mais desafiador Na opinião de Dulce o papel de mãe é o um dos -se não o mais- desafiador, porque muda a todo instante, a pessoa tem que estar aprendendo todos os dias, descristalizando padrões, revendo conceitos. Hoje também, desde cedo, as crianças argumentam mais, acabou aquela educação de cima para baixo, em que os filhos não respondiam e obedeciam quietos qualquer determinação, numa mistura de respeito e medo. Outra característica dos dias de hoje é o individualismo, as pessoas estão se afastando uma das outras, enquanto que num passado recente tudo era mais “misturado”: “Ficavam em volta da mesa os filhos, os pais, os avós, conversando. Hoje costumam
criar uma separação, se vão a algum lugar, preferem deixar os filhos, ou separá-los de ambiente, acaba criando um isolamento. Isso no meu ver não é bom, afasta. Tem que criar espaços comuns, e procurar fazer as coisas juntos, as coisas boas, porque senão fica só a parte chata, perde o vínculo”, acha Dulce.
Aliviar o peso Para finalizar a psicóloga aconselha que a mães aliviem um pouco o peso dos próprios ombros. “Acho fundamental que elas se centrem em si mesmas, se conheçam e se fortaleçam nas suas próprias crenças. É preciso entender que apesar se ser fundamental na criação do filho, ela não é onipotente, não é única, não vai ser cem por cento determinante nesse filho. Tem que tirar o peso, entender que não é perfeita, que pode sentir raiva, medo, amor... Entender que tem limites, tem dificuldades, se permitir respirar um pouco, e talvez, até conversar com os filhos sobre isso. A maternidade é um vínculo belo, e pode ser exercida com mais paz, mais felicidade e aceitação”. Dulce Pinheiro, psicóloga. dulcepinheiro23@yahoo.com.br Fones 48 3223 7404, 48 9608 1466.
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Sobreviver não é o bastante... Tata, do blog Mamíferas (www.mamiferas.blogspot.com)
Muitas vezes, quando converso sobre criação de filhos, escolhas, caminhos, ouço argumentos do tipo: “ah, meus três filhos nasceram de cesárea e sobreviveram!”, “ah, meu filho não mamou nem um mês e taí, firme e forte!!”, “ah, eu apanhei dos meus pais quando criança e sobrevivi, não tenho traumas!!”, “ah, meus filhos comiam bala, pirulito, refrigerante à vontade e estão aí, vivinhos da silva!!”. Perco a vontade de discutir diante de um argumento desses, juro. Tão descabido, tão raso, tão simplório. Fico me perguntando: sobreviver é o bastante? Na nossa vida diária de escolhas e decisões como pais e mães, nosso parâmetro deve ser apenas optar pelo que não causará lesões óbvias, permanentes e irreversíveis em nossos filhos? Devemos nos contentar em garantir que eles ‘sobrevivam’ às nossas escolhas e aos caminhos pelos quais os conduzimos? Sim, bebês nascem de cesáreas desnecessáreas e não morrem por isso. Bebês deixam de ser amamentados, vivem à base de chupeta e mamadeira, são afastados do colo e do carinho de suas mães desde muito cedo, e sobrevivem. Crianças são agredidas física e verbalmente por seus pais e cuidadores, e seguem vivendo. Crianças comem porcarias
a torto e a direito, adquirem péssimos hábitos alimentares que os perseguirão pela vida toda, e seguem aí, vivinhos da silva. Crianças são desrespeitadas, negligenciadas, desconsideradas a todo momento, e sobrevivem a tudo isso. Sim, é assim mesmo. Crianças são seres muito resilientes. Eles sobrevivem a quase tudo. Mas e daí? Isso é o bastante? Para mim, não. Eu não quero fazer escolhas às quais minhas filhas possam simplesmente ‘sobreviver’. Não, isso não me basta, eu desejo mais para elas. Eu quero fazer o meu melhor, e não me contento com nada menos do que isso. E não porque elas corram riscos seríssimos de traumatizar-se para o resto da vida ao meu menor deslize ou descaminho, mas porque elas merecem mais do que o mínimo necessário à simples ‘sobrevivência’. Elas merecem que eu busque sempre as melhores opções, escolha os caminhos com critério, com consciência, com responsabilidade. Elas merecem que eu opte, questione, reflita, e não siga agindo automaticamente, sem pensar, apenas porque, afinal, ‘ninguém morre por isso’. Acho fundamental que tenhamos em mente que nossos filhos seguirão vivendo, crescendo, se desenvolvendo, saudáveis e felizes, mesmo que a gente não consiga fazer o ideal 100% do tempo (e alguém consegue??). Mas acho igual-
mente importante que a gente não transforme essa idéia em muleta, para se acomodar e deixar de dar o melhor de si a cada momento, porque afinal, seja como for, ‘eles vão sobreviver’. Eu não quero ser uma mãe perfeita, sei que erro, já errei e ainda vou errar muito, porque faz parte da caminhada. Mas meu coração está tranquilo, porque sei que todas as vezes que cometi um erro, foi procurando acertar. Sei que errei tentando fazer o melhor, e não por omissão, por desistência ou por achar que encontrar a melhor opção não fosse assim tão importante. E não me permito esquecer, nem por um instante, que todas as atitudes que eu tomo terão consequências, sim. Porque todas as pequenas vivências do dia a dia vão fazendo da criança o indivíduo que ela será, no futuro. Isso não significa neurotizar a convivência e viver medindo palavras e atitudes a cada segundo, nem fazer da vida diária um ambiente milimetricamente planejado e controlado para evitar traumas futuros. Significa apenas estar consciente da responsabilidade que o papel de pais nos traz, a todo momento. Eu não abdico dessa responsabilidade. Porque para mim, sobreviver não é o bastante, nem nunca será. E pra você?
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Comportamento
Navegando entre mães para ampliar conhecimentos Reprodução
Caroline Cezar
É mais fácil ter filhos hoje em dia? Depende como se interpreta a pergunta, tudo que é muito fácil fica superficial. Ter filhos, educá-los, e saber pelo menos o mínimo do que está fazendo, não é tarefa pequena. Junta-se a isso, as preocupações atuais das mulheres, a jornada tripla, a profissão, os cuidados pessoais, o casamento: é bastante coisa e nenhuma delas “mamão com açúcar”. Também não precisamos fazer tempestade em copo d’água, tudo isso pode ser levado de forma natural, e quanto mais natural, menos difícil fica. O mundo moderno não traz só mais ocupações, hoje existe informação -até demais- sobre tudo que você tem dúvidas, quer saber se é certo, errado, duvidoso. Hoje existe espaço para desabafar, para ser ouvido e ouvir, ou pra trocar figurinhas sobre temas de interesse. A maternidade é assunto frequente entre a tricotagem virtual, existem blogs e mais blogs para discutir a arte exclusivamente feminina. Mas sim, eles também participam, opinam, criticam e são criticados, elogiam e são elogiados, mas em proporção muito menor. As mulheres dominam e se abastecem com dicas preciosas e textos escritos com o coração, com a razão, ou com as duas vertentes. Se você é estreante, com um pouco de prática vai aprender a identificar o que é válido e o que é “besteirol” no
de testar novos produtos e pôr os livros de alimentação infantil à prova com a ajuda de nossos filhos. Também vamos divulgar receitas para todas as idades e tirar dúvidas.” Outro, “Meu projetinho de vida” (http://meuprojetinhodev ida.blogspot.com) assinado por Roberta Lippi: “Como eu sei muito bem que a maternidade é um poço de dúvidas que começa na gravidez e se estende por toda a vida, resolvi colocar aqui dicas que funcionaram comigo, experiências e também os anseios que vão chegando a cada nova etapa”, descreve.
mundo dos blogs e sites. Um exemplo é o Mamíferas (www.mamiferas.blogspot. com), onde as autoras são ferrenhas defensoras dos partos naturais, da amamentação, do contato com a natureza e das coisas simples que engrandecem a criação. O blog existe há dois anos e tem cerca de 500 visitas diárias, simpatizantes da “maternidade ativa”, como elas mesmas denominam. Esses dias uma delas, a Kathy (elas se identificam sempre pelo primeiro nome) postou as palavras-chaves que levam até o blog na pesquisa do Google. O texto está divertido e mostra um pouco das dúvidas frequentes: “mamíferas”, “barbie”, “candidíase”, “febre”,
“leite secando”, “períneo”, e até “mães gostosas” e coisas do gênero. Existiam vários posts com os temas citados, o da Barbie é engraçadíssimo no início e toma um rumo emocionante da metade pra frente. De como nós, mães, nos vemos obrigadas a rever nossos conceitos. Uma reflexão. Outro exemplo é o “Crianças na Cozinha” (http://pat. feldman.com.br) que traz inúmeras receitas, além daquelas questões de “o que fazer quando a criança não quer comer, “será que é tão importante raspar o prato?”, “adoçantes na gravidez” entre outros. A autora, Pat Feldman, é culinarista e pesquisadora da gastronomia e nutrição infan-
tis e lançou o livro “A Dor de Cabeça Morre pela Boca”. Pat, que mora em São Paulo, diz que é adepta do movimento “slow food”, que prega que as pessoas devem se alimentar devagar e com prazer. Outro que segue essa linha é “Comer para Crescer” (...E ficar inteligente, forte e saudável...), assinado pelas jornalistas Monica Brandão e Patricia Cerqueira, de São Paulo, uma com 19 e outra com 15 anos de experiência no jornalismo (http://www. comerparacrescer.com). Na abertura, elas explicam que o blog “tem a missão de xeretar muito sobre alimentação infantil, comentar pesquisas, entrevistar especialistas, além
As jornalistas Caroline Cezar e Luciana Zonta, de Balneário Camboriú, também assinam um blog que reúne duas das suas (várias) paixões, a maternidade e as viagens. No Cria na estrada (www.crianaestrada.blogspot.com) elas não falam só de ir para outros lugares, mas de “sair da caixa”, pode ser ir ali no jardim e colocar o pé na grama. De pausa e movimento, de convicções e reavaliações, de revisão interna, todos os dias. Há inúmeros outros espaços de discussão na web, e cada “internauta” vai se identificando com o que fala a sua língua. Navegar não é preciso, mas que é gostoso e enriquecedor é. Aliás, pode ser.
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O que tem de mais difícil na nobre tarefa da maternidade? Arquivo pessoal
“O fato mais marcante foi sentir meu corpo se transformar e crescer uma vida dentro de mim. Após a magia da gravidez nasce João Gabriel, hoje com 25 anos. Ele é calmo, parece que veio ao mundo sem pressa, ao contrário da mãe. Trabalha desde os 14 anos, estuda, mora sozinho e ama seus cachorros, ele é o típico cara de bem com a vida, porém mesmo tendo uma vida disciplinada e sendo super responsável, tenho muito medo que algo possa feri-lo. Depois de ter meu filho, descobri a verdadeira intensidade do amor, é imensurável e indescritível, por isto não consegui ter mais filho, porque na mesma proporção que sinto o amor, sinto medo deste mundo violento. Posso suportar a minha dor, mas morreria para evitar a dele. Ser mãe é isto, cumplicidade e amor incondicional, em toda sua intensidade e plenitude. Foi através da música de Beto Guedes que escolhi o nome Gabriel: ‘E é pra você e pra todo mundo que quer trazer assim a paz no coração/ Meu pequeno amor/ E de você me lembrar/ Toda vez que a vida mandar olhar pro céu/ Estrela da manhã/ Meu pequeno grande amor que é você Gabriel Pra poder ser livre como a gente quis/ Quero te ver feliz”. Claudineia da Costa Wolff (Zezé) ou Claudia Wolff, (“desculpe-me mãe, mas Claudinéia ninguém merece”) é mãe de Gabriel, 25. Arquivo pessoal
“Bom, a parte mais difícil na minha opinião é o desapego! Para mim, é super difícil levar na escolinha, deixar com os avós e dar uma voltinha, ir no cinema, etc. sem estar vidrada no celular. Dá uma saudade... Fora aquele friozinho na barriga, o mesmo de quando a gente sabe que está esquecendo de levar alguma coisa quando sai de casa, mas não sabe o que é! Já dizia minha mãe: somente quando você for mãe, vai me entender! Isabella de C. Spillere Marquesi, 28, é mãe de Ian Spillere Marquesi, 11 meses.
Feliz dia das Mães Mãe é o amigo mais verdadeiro que temos quando a dificuldade dura e repentinamente cai sobre nós; quando a adversidade toma o lugar da prosperidade; quando os amigos que se alegram conosco nos bons momentos nos abandonam; quando os problemas complicam-se ao nosso redor, ela ainda estará junto de nós, e se esforçará através de seus doces preceitos e conselhos para dissipar as nuvens de escuridão, e fazer com que a paz volte aos nossos corações. Washington Irving
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Arquivo pessoal
“Impossível expressar o que é ser mãe, ao mesmo tempo que surge uma explosão de amor, surge também milhões de dúvidas, inseguranças e medo, só sendo uma para saber o que é isso. O meu maior dilema desta jornada está sendo ter que falar o que é certo ou errado sobre alguns assuntos para minha filha. Oras, eu não sei o que é certo, e principalmente o errado, eu sempre critiquei o julgamento e as imposições de verdades absolutas, mas também concordo com a importância de dar parâmetros, falar para minha filha das minhas experiências e conclusões, para que através delas, ela possa pensar e chegar a suas próprias verdades. O meu grande desafio é saber diferenciar a sutileza entre dar parâmetros e impor a minha forma de ver o mundo, por isso me policio sempre, para não ser uma mãe que esquece que o filho tem personalidade e vontade própria”. Luciana Marinho Dutra Cruz é mãe de Vitória Dutra Cruz, 4.
Arquivo pessoal
“Sinto uma alegria imensa de ser mãe, como senti quando nasceram, quando foram crescendo e crescendo curti cada momento da vida de cada um, alguns foram de tristeza, outros de apreensão, mas muitos muitos mais de alegria, satisfação, orgulho... Achei lindo eles bebês, crianças, adolescentes (deram muito pouco trabalho mesmo), jovens, agora adultos. Adorei todas as fases e acho maravilhosa a fase em que estão agora, como sempre achei toda a existência deles. Sentir saudades deles pequenos, não, eu vivi cada instante e fico feliz hoje vendo o que cada um se tornou, pessoas de bem, solidários, alegres, têm um gosto especial pela vida e pelos outros, que posso pedir mais? Que vou fazer se sinto que sou a mãe mais feliz do universo!? Julia del Valle Manez, 53, mãe de Denis, 35, Alessandra, 32, e Allan, 22. Na foto com o pai de seus filhos Claudio e a neta Isadora.
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Qual a maior dificuldade da maternidade? Arquivo Pessoal
“Há certos momentos em que o mais difícil em ser uma boa mãe é ponderar entre o que é certo e o que é fácil. As situações do dia a dia somadas à rotina de trabalho, estresse no trânsito e outros fatores que alteram o nosso humor de alguma forma, podem acabar prejudicando essa análise. Quem é que nunca se perguntou se não é mais fácil ceder e dar ao filho o que ele pede em vez de elaborar um brilhante discurso e convencê-lo do contrário? Eu mesma vivo situações como essa hora ou outra, mas acabo me convencendo de que nada substitui o diálogo. Saber dizer não contribui para o amadurecimento do ser humano. Quando a criança lida com esse tipo de frustração na infância, ela torna-se mais forte para enfrentar situações semelhantes na fase adulta. Acho que esse é o maior dilema das mães, saber dizer não na hora certa. Afinal, quando é certo? Aqui acredito que só o bom senso pode ajudar. Mesmo assim, o excesso de zelo, de carinho e de amor pode prejudicar nossa percepção e, quando menos percebemos, erramos no julgamento. Mas ainda assim, com o cansaço de um dia duro de trabalho, correndo o risco de errar, nada substitui o papel de uma boa mãe. Por isso, eu sou uma mãe presente e me orgulho disso.” Aline Patrícia Polheim da Silva Altmann, 31, é mãe de Maria Eduarda Altmann, 10 anos.
Nem sei por onde começar... eu me separei em 1991 a Narjara tinha 3 anos e meio. Morava em Blumenau, aí vim morar com meus pais aqui no Estaleirinho. Muitas vezes quando chegava em casa à noite ela já estava dormindo, ao beijá-la, sonolenta e com olhos fechados, ela me abraçava e dizia ‘mãe eu te amo!’ Estas palavras ditas naquela noite ficaram gravadas no meu coração, e é por elas que eu vejo sentido na vida. Amar um filho é expressão máxima do sentido Amor! Foi quando eu entendi o verdadeiro sentido da palavra, foi minha filha que me ensinou amar sem reservas. E desde aquele período muitas formas de amar aconteceram na minha vida! Educá-la sem medo do futuro, é uma insegurança eu diria...mas prepará-la com humildade, sem preconceitos de quaisquer formas, distinção de classes, na espiritualidade, no respeito ao próximo, com toda a insegurança do dia a dia, só confiando em Deus. Também foi complicado dividir a atenção com ela, e meu trabalho voluntário que começou no ano de 2000 e segue até hoje. Me sinto realizada como mãe... ela não possui vícios, faz faculdade, trabalha e é uma pessoa de luz...muito sensível, amorosa e muitas qualidades. Yalva Regina Wamser, 47 anos , mãe de Narjara Yabrude Wamser, 22 anos.
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Caroline Cezar
“Eu não vejo como uma dificuldade, é mais uma preocupação que a gente tem, sobre as escolhas que eles fazem, o caminho que vão seguir... a gente se preocupa, mas também não pode interferir demais... Agora, se for para falar em dificuldade, eu diria que o que passamos com o Figue, com a doença dele (Figue ficou internado quase um mês na UTI com uma bactéria grave), foi até mais difícil de que quando ele perdeu a visão. Porque, claro, quando aconteceu o acidente foi doloroso pra todo mundo, mas ele não corria risco de morte. E dessa vez (faz um ano e meio), ele quase foi... Ess é uma dor que não dá nem para imaginar. Mas sou compensada todos os dias com os dois filhos, temos um relacionamento bom, nós conversamos bastante. Eu como mãe acho sempre que devia estar fazendo mais, mas o Figue é muito decidido, esses dias ele me ligou de tarde, numa hora bem sem graça, e disse: - Ah mãe, eu esqueci de te falar que vou para El Salvador. - Como? Mas Figue, El Salvador é na América Central!! - É, é esse mesmo. E nem adianta argumentar, não é fácil eu fico com o coração na boca, mas ao mesmo tempo incentivo, que ele vá, que ele suba montanha, que ele pegue onda... porque agora a gente está aqui, um dia não vamos mais estar.... essa é a lógica, e devíamos sempre criar os filhos pensando nisso, para que eles possam andar sozinhos. Margarida é mãe de Figue e Claudio, e avó de Joana e Nalu (na foto).
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Três filhas em quatro anos Três filhas em quatro anos. Nelissa Fischer, é mãe da bebê Agar, de 2 meses, Sara, 3 anos e Atara, 4, além de já ter criança em casa: Cristofer, 9, seu enteado. Disse que as coisas foram acontecendo e agora ela dedica todo tempo para as crianças e a casa, “que é bastante coisa”. “Dá trabalho, mas é maravilhoso perceber o amor e o companheirismo delas, mesmo tão pequenas”. Por enquanto, nem pensar em trabalhar fora, mas Nelissa diz que “com certeza” pensa nisso; guia de turismo, pretende trabalhar na área de transportes. “Mas ainda é muito cedo, agora não seria possível, cada uma delas exige um cuidado específico e eu sou uma só né”, comentou, encerrando a entrevista para atender um choramingo.
Fotos arquivo pessoal
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Dia a dia
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Brinquedoteca para os pequenos enquanto as mães estudam A Univali em Itajaí reserva um espaço especial para os filhos de universitárias e funcionárias da universidade ficarem durante o período noturno. Enquanto as mães estudam ou trabalham, os pequenos (entre 4 e 11 anos) ficam sob os cuidados da professora Silvana Rebelo Lima e uma estagiária de psicologia. O serviço é gratuito e a única restrição é que as mães podem escolher três dias na semana, uma espécie de rodízio para contemplar a demanda. “Ao invés de deixar o filho cinco dias com uma babá ou parente, por exemplo, pode deixar só dois. Eles brincam muito com jogos, não faço atividades como em sala de aula, até porque já estudaram durante o dia”, diz Silvana, que cuida diariamente cerca de 25 crianças. A professora se dedica bastante aos ‘alunos’, desenvolve pequenos projetos e até homenageia pais e mães em datas comemorativas, como Páscoa, Natal, Dia das Mães, etc. É uma escolinha de brincar. Para participar é preciso preencher uma ficha com informações do responsável e da criança e entregar direto no local, das 18h30 às 22h30, anexo ao CAU. Contato 3341-7500.
Divulgação
Outros lugares que oferecem um “guardador” para as crianças É cada vez mais comum que espaços de convivência ou serviços ofereçam às mães um espaço para que os filhos fiquem enquanto essas estão ocupadas. Nos supermercados Angeloni há bastante tempo funciona o “Cantinho das Estrelas”, uma sala equipada com TV, filmes, desenhos para colorir e outros passatempos para que os pais possam deixar as crianças por um curto espaço de tempo. Existe um limite de idade. No Balneário Camboriú Shopping funciona o “Toy Park”, para crianças de zero a oito anos. O local conta com área Baby Toy , playground, eletrônicos interativos e Cine Toy, com exibição de longas metragens, animações e desenhos conforme a faixa etária. A diferença nesse caso é que o serviço é pago, por tempo de permanência da criança no espaço.
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Mães depois dos 40, é possível e mais seguro hoje em dia Márcia Wirth
Os padrões tradicionais da maternidade vêm sendo gradativamente reformulados, a experiência não implica mais em dedicação exclusiva. Mesmo em meio a tantas mudanças sociais, o desejo e o prazer de ser mãe continuam como um elemento presente e marcante na estrutura de relevâncias femininas. O adiamento da gravidez é uma escolha muito comum das mulheres, nos dias de hoje. O número de grávidas ou mulheres tentando engravidar na faixa entre 30 e 40 anos tem aumentado nos últimos anos. Pelo menos 20% das mulheres aguardam até os 35 anos para iniciar uma nova família. São muitos os fatores envolvidos na decisão de adiar a maternidade: a estabilidade profissional, a espera por um relacionamento estável, o desejo de atingir segurança financeira, ou, ainda, a incerteza sobre o desejo de ser mãe. “Entretanto, é importante alertar estas mulheres sobre as consequências desta decisão: a idade pode afetar a capacidade de conceber. É também importante informá-las sobre os tratamentos disponíveis que podem ajudá-las a engravidar, quando elas decidirem que o melhor momento chegou”, afirma o ginecologista e obstetra Aléssio Calil Mathias. Segundo o IBGE, o acesso mais fácil a métodos contraceptivos, os custos elevados necessários para a criação de uma criança e a inserção da
mulher no mercado de trabalho provocaram a redução do número de filhos. Essa realidade se evidencia na queda da taxa de fecundidade, que declinou de 2,7 filhos em 1992 para 2,4 filhos em 2002. A queda na fertilidade feminina com o avanço da idade é um fato biológico. Estima-se que a chance de gravidez por mês é de aproximadamente 20% nas mulheres abaixo de 30 anos, mas de apenas 5% nas mulheres acima dos 40. Mesmo com os tratamentos como a fertilização in vitro, a fertilidade diminui e as chances de um aborto espontâneo aumentam após os 40. “Há várias explicações para esse declínio de fertilidade: condições médicas, mudanças na função ovariana e alterações na liberação dos óvulos pelos ovários”. A mulher de 40 anos também tem mais chances de apresentar problemas ginecológicos, como infecções pélvicas e endometriose, que podem diminuir a fertilidade. Exames de fertilidade podem ser requisitados para diagnosticar algumas dessas condições. Embora a maioria dos esterileutas recomende que os casais tentem a gravidez por pelo menos doze meses antes de procurarem ajuda médica, mulheres acima dos 40 anos podem realizar esses exames a qualquer momento.
Por que as chances diminuem A queda nas chances de engra-
vidar, em mulheres, acima de 40 anos, é mais frequente devido às mudanças naturais que ocorrem nos ovários. Aos poucos, o ciclo menstrual vai se tornando menor e, eventualmente, os ovários podem não liberar óvulos, resultando em um ciclo sem ovulação. Além disso, os hormônios - estrógeno e progesterona - são críticos para o desenvolvimento normal do endométrio, onde o embrião deve se fixar para se desenvolver. “Uma redução nos hormônios dos ovários, que acontece em decorrência da idade avançada da mãe, também contribui para diminuir as chances de gravidez”, observa Aléssio Calil Mathias.
ao aumento de óvulos com problemas cromossômicos. Nos tratamentos de reprodução assistida, por exemplo, quando óvulos são coletados em mulheres de 20 a 30 anos, fertilizados e colocados no útero de uma mulher com mais de 40, suas chances de gravidez aumentam, são maiores do que se ela tivesse utilizado seus próprios óvulos. “O sucesso no emprego das técnicas de doação de game-
tas confirma que a qualidade do óvulo é uma barreira fundamental à gravidez para as mulheres mais velhas. Embora, hoje, a idade não se constitua numa barreira intransponível à gravidez, qualquer tratamento de infertilidade, exceto a doação de gametas, terá menos sucesso, em mulheres acima de 40 anos”, diz o ginecologista Aléssio Calil Mathias.
O relógio biológico em ação À medida em que a mulher envelhece, os óvulos remanescentes também envelhecem, tornando-se menos capazes de serem fertilizados pelos espermatozóides. Outro fator a ser ponderado é que a fertilização desses óvulos está associada a um risco maior de alterações genéticas. Quando os óvulos com problemas cromossômicos são fertilizados, eles têm uma possibilidade menor de sobreviver e crescer. Por essa razão, mulheres que já passaram dos 40 anos têm um risco aumentado de abortos espontâneos também. As taxas menores de gravidez em mulheres acima de 40 são, em grande parte, devidas
ecial, os Neste dia tão esp ncada do Vereadores da ba de PSDB na Câmara riú, Balneário Cambo engem prestam sua hom es, para todas as mã uitas desejando-lhes m ias. felicidades e alegr
Vereadores: Moacir Schmidt, Fabrício de Oliveira, Dão Koeddermann e João Miguel (Tatá).
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Bem estar
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Quando é preciso repensar a vida Arquivo pessoal
É preciso sensibilidade e percepção para identificar o momento de fazer escolhas, que resultam sempre em abrir mão de alguma coisa. Há bastante tempo no mercado de trabalho, a diretora de marketing Catherine Feix passou por isso há pouco tempo. “Foi a decisão mais difícil da minha vida, mas estou muito satisfeita e com a certeza que fiz a escolha certa, está sendo muito bom pra mim e para ela também”, contou a mãe de Laura, 1 ano e 3 meses, sobre a decisão de largar a profissão para se dedicar à maternidade. Profissional da área da comunicação, sempre com muito trabalho a fazer, Catherine, 34, passou a gravidez -de riscotrabalhando até o último dia, e quando Laura nasceu, ela descansou um mês e já voltou à ativa. A mãe dela ajudava a cuidar da bebê, mas com o passar dos meses, Catherine foi se sentindo cansada, estressada e insatisfeita com o trabalho, coisa que nunca tinha acontecido antes. “Quando comecei a olhar escolinhas pra ela, me deu um clique, percebi que tinha que fazer uma escolha, que assim não dava mais para continuar, não estava legal”, contou. Catherine diz que sentiu o julgamento das pessoas quando anunciou sua decisão, “me olhavam como se eu estivesse retrocedendo, cometendo uma atrocidade, mas no momento
é isso que eu preciso, ser mãe em tempo integral”. Ela acha que essa não é uma decisão definitiva, mas por
enquanto, se sente plena. “Estou bem mais cansada, porque a pequena é um furacão, não pára um minuto, mas estou cansada e feliz, é dife-
rente. Nós vamos na praia, passear, faço o almoço dela, estou ali vivendo esse tempo que não vai voltar, o meu conhecimento eu não perco.
Ter essa filha foi a melhor coisa que podia ter feito, ela me revelou valores que eu não sabia que tinha”, encerrou. Catherine.
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Nove meses? Uma vida inteira Arquivo Pessoal
Luciana Zonta
De repente, a vontade. Ela sempre esteve ali, mas ficava guardada numa caixinha dourada, destas que a gente costuma esquecer no fundo do guarda-roupa e só se lembra quando faz faxina de Natal. Um acidente de carro, a vida em um segundo, o formato das nuvens. Pronto, quero ser mãe. E se sairmos todos vivos daqui, a hora será agora. Seis meses de tentativas e lá estava ele: o positivo em negrito, no papel branco da clínica. Lá vem ela, a vida, formando perninhas, bracinhos, esqueleto, tudo aqui dentro em 41 semanas. E então a vida nasce. Sim, vem embrulhadinha no lençol azul claro, chorando (muito) para então se aquietar quando sente o cheiro mamífero. A partir dali, tudo estava mudado. E as duas horas na sala de recuperação pós-parto não servem para nada mais do que para se perguntar um milhão de vezes, como um mantra insistente e silencioso: “você tem noção de como ficará a sua vida e o seu coração quando pegar aquele bebê no colo? Você NUNCA mais estará sozinho. Entende isso? O peso disso? A leveza disso? A maravilha disso? A loucura disso?”. E lá vem ele, de roupinha nova e cheirosa, sedento por peito e por minhas energias. Dois dias depois, tchau para enfermeiras. E oi para a vida real. Peitos inchados, entupidos de leite, madrugadas de mamadas e febre alta. Sessões de
choro embaixo do chuveiro, de botar os bichos para fora, sem entender muito bem a profusão de hormônios que, unidos ao cansaço, te deixam zonza, vulnerável, quase depressiva. Ser mãe é um processo lento, surreal. E logo se percebe que ser mãe leva tempo. E eu que pensava que os nove meses de barriga eram suficientes. São necessários pelo menos mais três ou quatro apenas para absorver. E então esta vida cresce, abre sorrisos mais lindos deste mundo, faz carinho no peito,
aprende a falar mamã, papá, inspira amor, ilumina o ar que respiramos. E você então nem se lembra mais como era sua vida sem aquele pequeno ser ao seu lado, te olhando e te alimentando de infância. Ele faz um ano, engatinha, caminha, manda beijo, pede colo, vira indivíduo. E nós, de indivíduo, viramos coletivo. Onde vamos comer? Terá comida para o bebê? Que horas vamos à festa? Leva roupa extra. Leva fralda extra. Leva brinquedo extra, leva saúde extra. Outro dia, pé
na estrada. Vamos desbravar o mundo, olhar a vida com olhos atentos, sair da toca, abrir a janela e ver o sol nascer. Li-te-ral-men-te. Que delícia mostrar a vida para esta nova vida. Que delícia passar valores, histórias e emoções, mas com a consciência de que descendentes não são necessariamente iguais. Podem também ser diferentes. Aqui em casa, o caminho ainda está bem no começo. Um ano e dois meses de experiência ainda é casca de ovo para uma média de vida de 80 anos.
Quanta coisa ainda há por vir. Com quantos “mamãe, como nascem os bebês?” me depararei. Quantos “nãos”, quantos “sim”, quantos “talvez” e mais um monte de “não sei” ainda terei que dizer nos próximos dois, cinco, dez, vinte, trinta anos. Quantas sabedorias (e burrices) eu tirarei da minha própria cartola mágica. Ser mãe leva tempo. Talvez uma vida inteira. Até ficar prontas. Ficamos prontas um dia? Luciana Zonta é jornalista, mãe de Davi, 1 e entre outras coisas escreve o blog Cria na Estrada.
dia das
MÃES
09 de maio
CÂMARA DE VEREADORES Balneário Camboriú
mulher
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Lazer
Balneário Camboriú . maio . 2010
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Duas gerações de garotas de praia O destino de Liliane Pio Cavalheiro (à esquerda na foto, com a filha Rafaela) é viver na praia. Há 26 anos casada com Ícaro Cavalheiro, conheceu o marido na beira mar e passou boa parte desse tempo o acompanhando em campeonatos Brasil afora. Levava os filhos bebês a tiracolo, e diz que sempre gostou da praia. Apesar de nunca ter se aventurado em cima de uma prancha sabe tudo sobre o esporte, Ícaro foi atleta por muitos anos e hoje é juiz do campeonato mundial, o que o leva a viajar bastante. Liliane participa, mas também cuida da retaguarda, casa, profissão e filhos na escola, na cidade onde moram. Continua frequentando a praia central e os campeonatos locais, agora acompanhando a filha Rafaela, 12. “É legal porque a gente reencontra muitas pessoas que a gente andava na juventude, que agora estão trazendo os filhos, acompanhando. É um ambiente sadio, sempre gostei da praia, e a Rafa virou surfista por opção, eu acho o máximo”, diz Lili. Ela conta que muita coisa mudou da sua época de menina. Naquele tempo, o surfe era visto como coisa de desocupado e maconheiro, o que fez o pai resistir muito tempo ao namoro. Também não era comum meninas surfarem de prancha e o diálogo é mais aberto. “São outros tempos, acabou o preconceito com o surfe e com o feminino, e entre mães e filhos existe mais conversa, mas tem coisas
Caroline Cezar
que o meu lado careta ainda é bem forte, costumo falar para os dois filhos, tanto o menino quanto ela, que é preciso valorizar o corpo, é muito legal beijar, transar, mas é uma coisa muito íntima e pessoal, hoje á tudo tão fácil, eu não concordo, acho que a intimidade tem que ser preservada”.
Juntas na água Cristiane Sodré, a Titi (à direita na foto) também está revendo um filme conhecido, acompanha Vitória, 13, que depois de passar por vários esportes, mergulhou no surfe. Titi, 37, surfa desde menina de bodyboard, e até hoje se aventura em cima de alguma prancha que está dando bobeira na areia. Esportista nata, diz que não influenciou em nada na opção da filha pelas remadas. “Mas claro que eu acho muito legal, é bom morar numa cidade onde os costumes da nossa geração se repetem, agora a nossa turma está na água com os filhos”. Ela acha que além de ser um esporte benéfico fisicamente, o surfe tem a questão de aproximar da natureza. “É um ambiente que eu adoro. E acho que fica mais fácil de perceber o que está acontecendo, porque o nosso vínculo fica forte, diminui o espaço entre a gente, é um mundo que conheço e domino muito bem, então facilita bastante nosso diálogo, nossa proximidade, que costuma ficar prejudicada nessa fase de adolescência”, disse Titi.
“Praia é comigo mesmo” Praiana desde sempre Graziela Schumacher (no centro com a filha Bárbara, 14) apóia a escolha da filha pegar onda. “Acho que isso veio mais do pai, que é louco pelo surfe, mas eu também sempre curti esporte, e quando me dedico, mergulho de cabeça, então é um pouco de cada mesmo”. Grazi diz que a filha frequentou campeonatos de surfe “desde sempre”, mas agora ela passou para o outro lado, de quem está disputando dentro da água, em vez de só ficar assistindo na areia.
Lili e Rafa, Grazi e Bárbara, Titi e Victória: duas gerações do surfe que se encontram na beira do mar.
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