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Algo me irrita em Rita Lee

Por Pedro Costa

Jeep na estrada, toca-fitas ligado em Rita Lee, estrada de Boiçucanga ainda sem asfalto, rumo ao final do litoral norte. Rita sempre nos acompanhava nas viagens.

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Quando a noite chegava, a barraca era montada. O lampião deixava um facho de luz saindo pelo vão, como se fosse um holofote iluminando o palco onde revezavam Rita e a moçada da MPB dentro do velho Jeep. A fogueira, a roda e o coro, essa era a hora que você feito fada saía de dentro do violão com seu cabelo cor de fogo deixando no ar fagulhas que subiam e viravam estrelas.

Rita triunfava. Talvez por extrapolar ao máximo sua irreverência, nossa ousadia, a libido, a liberdade, a sensualidade. Misturando bolero com bossa nova, rock com carnaval e a nossa juventude transgressora com a demência e a vigência de uma ditadura militar. A Rita sempre nos acompanhava.

São coisas da vida, a gente não sabe se vai ou se fica. Românticos de Cuba libre, sanduíche de gente. Histórias de noites sem fim. Desculpe o auê, da próxima vez eu me mando que se dane meu jeito inseguro. Mas, se Débora Quer que o Grégori Peque... Seremos sempre sua cria, nossa ovelha negra da família. A mais perfeita tradução de Sampa bailará sempre com a gente, como se fosse da tribo.

Você fez um monte de gente feliz! Agora é a vez dos anjos anarquistas curtirem você e não deixar mais a Pompéia daí dormir em paz.

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