Jornal Santuário - nº 80, Fevereiro de 2015

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Ano VIII Número 80 - Fevereiro de 2015 | www.paieterno.com.br

Um convite à conversão A partir do dia 18 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, fiéis católicos de todo o mundo se preparam para vivenciar a alegria da vitória de Cristo sobre a morte. Para isso, são necessárias atitudes de fé e conversão. [6 e 7]

Entrevista

Obras Sociais

Santuário Basílica

Nesta edição do Jornal Santuário, a entrevista é com o novo bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia, Dom Levi Bonatto. Ele foi apresentado oficialmente para os fiéis dia 6 de janeiro. [4]

As atividades nos Centros Sociais tiveram início no dia 19 de janeiro. A grande novidade para este ano é a finalização do auditório Dom José Rodrigues que facilitará a comunicação entre a Igreja e a comunidade. [3]

Pe. Edinisio Pereira toma posse como novo reitor. Ele foi escolhido por Pe. Robson, Superior Provincial dos Redentoristas de Goiás, que permanece celebrando em Trindade, rezando as Novenas e à frente da Afipe. [5]


2 Fevereiro de 2015

EDITORIAL

Momento de preparação Período de oração, penitência e conversão. Assim pode ser definido o tempo litúrgico da Quaresma. Este ano, terá início no dia 18 de fevereiro (Quarta-feira de Cinzas). A reportagem especial das páginas 6 e 7 explica alguns elementos fundamentais desse momento, que é tão importante para a fé católica. Tempo em que os fiéis se preparam para viver a Ressurreição de Jesus Cristo. A Juventude Missionária Redentorista realiza mais uma edição do Acampamento de Carnaval que, desta vez, será em Paraíso (TO). Conheça na página 10, histórias de jovens que escolheram estar próximos ao Pai Eterno nesse feriado e agora já estão contando os dias para o retiro na cidade tocantinense. O Novo Santuário está em pleno desenvolvimento dos trabalhos para a edificação dos 473 pilares que darão sustentação a toda a estrutura do templo. Com cerca de 10% deles prontos, ainda há muito trabalho pela frente. Veja (página 9) quais são as etapas e os tipos de pilares utilizados na obra da Nova Casa do Pai. A Arquidiocese de Goiânia foi contemplada com a escolha de um novo bispo auxiliar, Dom Levi Bonatto. Ordenado bispo no dia 14 de dezembro do ano passado, o epíscopo foi nomeado pelo Papa Francisco cerca de dois meses antes, 8 de outubro. Em entrevista, na página 4, ele explica como será sua nova função e como foi a acolhida pelos fiéis goianos. E o Programa Pai Eterno, exibido pela RedeVida de Televisão, completou dois anos no início de janeiro. Confira as mudanças na grade da programação e também na produção dos novos episódios da Turminha do Pai Eterno (página 5). Boa leitura!

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

ARTIGO

A

Pe. Edinisio Pereira, C.Ss.R.

“E, Deus viu que tudo era bom”

o tratar da origem do universo e da humanidade, o livro do Gênesis diz que o Pai Eterno criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança no amor. Além disso, diz a literatura bíblica, que Deus concedeu à pessoa humana o livre arbítrio – capacidade de criar, agir, decidir – e o direito de dominar os peixes, as aves e os animais domésticos, as feras dos campos e os répteis que rastejam sobre a terra (cf. Gn 1,26-29). Esta realidade bíblica confere ao ser humano um lugar privilegiado no plano salvífico de Deus, de destaque frente ao restante da Criação. Isso significa dizer que podemos tudo? Que seja feita “nossa vontade”, aqui na terra como no céu? Vamos percorrer um rápido itinerário juntos – porque juntos pensamos melhor e chegamos mais longe – com o objetivo de analisar nossas atitudes e ações frente a tão grande dádiva divina. E, com isso verificar se elas não são filhas de um grave equívoco interpretativo da vontade e do sonho de Deus para a humanidade e para as maravilhas que Ele mesmo criou. Constitutivamente somos seres sociais, relacionais. Nos relacionamos conosco mesmos, com o mundo em que vivemos, com as pessoas e com o próprio Deus. Todo relacionamento humano é agressivo e invasivo por natureza. O espaço do outro(a) é alterado, modificado com a minha presença. Exagero ou não, há quem diga que a morte de um é sobrevivência de outro. Outrossim, faz-se necessário pensar que desembarcamos neste mundo não como máquinas vorazes. Daquelas do tipo que destroem tudo o que encontram pela frente. Uma máquina para silagem, por exemplo. Com uma demanda cada vez maior por alimentos, produtos e serviços, o que era para ser o paraíso pensado por Deus – a natureza – está se convertendo em um grande deserto sem vida, árido, com calor escaldante durante o dia e frio intenso durante a noite. Presenciam-se atualmente, grandes catástrofes naturais tais como furacões, tsunamis, avalanches, tornados, abalos sísmicos (terremotos e maremotos). Além de grandes precipitações chuvosas com ventanias, raios e tempestades. Aparentemente, como o próprio nome sugere, são fenômenos que ocorrem inde-

pendentemente da ação do homem e da mulher. Acontece que os efeitos de nossas ações afetam e contribuem para o aceleramento, bem como para o agravamento e aumento da intensidade desses fenômenos. Com isso, tem-se registrado ano após ano, temperaturas climáticas cada vez mais elevadas que favorecem inundações frequentes em algumas regiões do globo terrestre e secas prolongadas em outras. Dado que afeta, principalmente o abastecimento de água para os grandes centros urbanos, a produção agrícola e a atividade da pecuária. A vegetação é para a terra o que a roupa é para o corpo. A constante retirada da cobertura vegetal é dano ainda maior para a manutenção dos recursos hídricos. A água potável, o bem mais precioso e valioso da terra e indispensável para nossa sobrevivência, está se tornando cada vez mais escasso. O lençol freático cada vez mais profundo. Prova disso é o fato de o Brasil estar enfrentado nos últimos tempos uma crise de água sem precedentes na história do país. Os reservatórios de armazenagem e captação de água estão muito abaixo de suas capacidades normais. A ausência de uma política séria e comprometida com o meio ambiente tem ajudado a agravar e piorar ainda mais esta situação. Faltam ainda planejamento e políticas públicas de curto, médio e longo prazo, orientadas para tal fim. Fatores tais como desmatamento, queima de florestas e combustíveis fósseis, abertura de estradas, coberturas asfálticas, construções de grandes barragens, loteamentos irregulares em cabeceiras de nascentes, retirada de floresta e matas ciliares, têm contribuído so-

bremaneira para o agravamento da questão. Vale ressaltar que tudo o que precisamos para nossa sobrevivência, desde o necessariamente básico ao absolutamente supérfluo é retirado da natureza. Excessos e exageros hoje geram escassez e privação amanhã. Lembremos que pequenas iniciativas e atitudes pessoais e comunitárias podem salvar uma vida. Podem salvar o planeta. O que fazer, então? Que medidas tomar para resolver esta situação? A era do amor de Deus parece estar chegando ao fim? Penso que não! Falta-nos aprender a fazer a diferença onde ela ainda não foi feita. E, abandonar a velha pedagogia do “todos”. Todos é ninguém, não é mesmo? Somente realizamos bem feito na vida aquilo que nos dá prazer em realizar. Se amamos a natureza e tudo o que ela contém, vamos preservá-la, defendê-la. Primeiro é preciso que cada um de nós tome consciência que não somos daqui. E, que nada nos pertence. Segundo, assumir nossa missão que é muito mais profunda: defender, conservar, manter, proteger, cuidar da vida em todas as suas dimensões. Somos diferentes dos outros seres criados por Deus porque pensamos. Naturalmente, que isso nos obriga a uma responsabilidade infinitamente maior aos demais. É preciso também recuperar a harmonia inicial que existiu um dia entre Criador e criatura: “E, Deus viu que tudo era bom” (Gn 1,21b). E, respeitar cada animal, cada vegetal e cada mineral. O direito recebido de Deus? Não o interpretemos erroneamente. Ou seja, façamos dele um dever. O dever de zelar, regar, cuidar. Se meu nariz é grande demais, respiro todo ar à minha volta. E, quem está a meu lado? Morre asfixiado por falta de oxigênio. Então não podemos tudo. Nem aqui e muito menos na eternidade!

Pe. Edinisio Pereira, C.Ss.R. Reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

“Eu vim para servir” Irmãos e irmãs, Iniciamos mais um ano de trabalho missionário com mais uma Campanha da Fraternidade. Precisamos observar o passado e, diante dos pontos positivos e negativos, valorizar a experiência vivida em cada atividade realizada, e lançar nosso olhar para o futuro. Pois, assim como o mundo evolui, nós cristãos também crescemos pela Palavra de Deus que é viva e eficaz. Nestes últimos tempos, a Igreja no mundo inteiro foi presenteada com duas grandes e animadoras reflexões. Trata-se da Exortação Apostólica Evangelli Gaudium (Alegria do Evangelho) do Papa Francisco e o Doc. nº 100 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia. Estes documentos nos fortalecem diante das dificuldades da evangelização no mundo moderno. O primeiro origina-se das características próprias do autor: “Francisco”, que tem animado o povo católico com seu jeito simples, sereno e humilde de governar. O documento nos sugere que, obstante aos erros, derrotas, barreiras e o ateísmo que hoje enfrentamos, é preciso continuar alegremente nosso trabalho, que consiste em anunciar a redenção aos pobres, excluídos. Vencer o desânimo e cada vez

mais acolher com convicção o projeto do Criador para a humanidade. O cristão que diz sim ao plano de Deus não pode ser fraco. É necessário que sejamos determinados, fortes na fé e alegres na esperança (Const. Redentorista nº 20) e mesmo em meio às dificuldades é preciso saborear a presença de Deus e nos alegrar, percebendo que não estamos sozinhos. Precisamos deixar de ser “pessoas sensíveis, melindrosas” porque gente assim desiste com muita facilidade da missão (conf. João 6,68). Considerando que somos “Filhos Amados do Pai Eterno” já é um motivo mais que especial para nos alegrar e fazer com que as pessoas percebam nossa alegria em servir a Deus. Por exemplo: um Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão que distribui a Hóstia Consagrada “de cara fechada” não está oferecendo Jesus para as pessoas... O segundo documento trata-se da conversão pela qual todos nós, como Igreja, devemos passar. Essa “conversão pastoral” nos é apresentada pela CNBB a partir da síntese do Concílio Vaticano II, Documento de Aparecida, das Diretrizes Gerais da Evangelização entre outros, refletindo o papel da paróquia. Urge no seio da Igreja um estado permanente de missão que envolva o clero, diáconos e leigos, para que tenhamos consciência da importância de todos

na Igreja que é missionária. O documento não extingue a paróquia/ sede, mas nos interpela para que tenhamos uma visão mais abrangente, além estruturas, ou seja, como Igreja missionária devemos ir ao encontro do outro, sair de nossas comodidades e lançar redes. Suscitar nas pequenas capelas e comunidades, o desejo de querer ser ali, sinal da graça de Deus que alcança todos os povos. Percebemos nos pequenos bairros um avanço de Igrejas de outras denominações. Não as culpo. Estão fazendo seu trabalho. Talvez nestas regiões, nossa presença católica não esteja sendo expressiva. Também não precisamos ficar apontando que este ou aquele é o culpado. É preciso refletir juntos a partir de uma boa avaliação sobre tal realidade. Como já foi dito, a conversão é para todos nós. É preciso nos organizar e juntos iniciar um trabalho mais abrangente. Sei da dificuldade do acompanhamento por parte dos padres nas nossas capelas, pastorais, grupos e movimentos. Por isso, é preciso que mais pessoas digam “sim”. Abramos o nosso coração e alarguemos os nossos horizontes. Devemos sim, passar por esse processo de conversão. Muitas vezes constatamos que nossa comunidade ou pastoral não está boa. Será que eu não estou contribuindo com essa má fase? Estou somando ou divi-

dindo? Preciso me questionar. A Campanha da Fraternidade deste ano é um forte apelo para que a Igreja descentralize, saia de si, das suas comodidades e vá ao encontro da sociedade que clama a presença amorosa de Deus nos corações das pessoas. Conclama todos nós cristãos católicos para que, a exemplo de Jesus, sirvamos o outro nas suas mais diversas necessidades. Esta campanha é um tempo oportuno para a Igreja mostrar a sua fé e força e, diante de tantas propostas, se apresentar à sociedade e destacar a “notícia boa” que é o Cristo presente em nosso meio. Que nós, enquanto comunidade, sejamos a expressão do amor do Pai Eterno para todos. Peçamos a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que nos guie pelos caminhos que nos levam ao seu Filho Jesus. Amém!

Pe. José Bento Oliveira, C.Ss.R. Missionário Redentorista


Fevereiro de 2015 3

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

Centros Sociais retomam atividades Crianças, jovens e adultos atendidos nas Obras Sociais Redentoristas são acolhidos para o início de um novo ano letivo, com muito entusiasmo e dedicação dos educadores e colaboradores

M

uitas melhorias aconteceram nas Obras Sociais Redentoristas nos últimos anos, trazendo diversos benefícios para as crianças assistidas e também para suas famílias: junção do Centro Educacional e Capacitação de Apoio ao Menor (Cecam) ao espaço do Centro Social Pai Eterno (Cespe), a construção da piscina e quadra poliesportiva no local e ainda o Centro Social Redentorista São Clemente, que foi assumido pelos Missionários Redentoristas. Em 2015, a grande novidade é a finalização do auditório Dom José Rodrigues, no Cespe/Cecam, que comportará cerca de 300 pessoas sentadas. Deve ser inaugurado ainda neste primeiro semestre. Os projetos de abertura já estão em fase de aprovação. Com isso, um dos projetos para este ano é a retomada do Congresso Regional de Prevenção às Drogas. “O auditório está sendo criado para que a Igreja e as Obras Sociais tenham um local de diálogo com o povo, podendo assim contribuir ainda mais para a estruturação de nossa sociedade. Podemos afirmar que este espaço será de grande utilidade para os centros, Igreja e comunidade em geral, um espaço onde a Igreja dialoga com o mundo”, afirma a coordenadora do Cespe/Cecam, Lucélia Bueno. Todas as mudanças realizadas nos Centros Sociais são pensadas para proporcionar cada vez mais benefícios à comunidade das regiões vizinhas. “A visibilidade dos centros agora é outra, essas construções foram responsáveis pelo aumento do atendimento aos adultos e jovens. Ganhamos mais pessoas inseridas nos projetos sociais e a grande mudança é a vida que vemos aqui todos os dias, muito movimento e muitas ações benfeitoras

em prol da comunidade de Trindade”, observa a coordenadora.

Ano letivo 2015

As atividades nos Centros Sociais foram iniciadas no dia 19 de janeiro, tanto para as crianças do bloco pedagógico, quanto para os jovens e adultos que participam das oficinas e cursos oferecidos para a comunidade. Este ano serão trabalhados três temas principais durante o primeiro semestre: A Alegria do Evangelho, A Vocação Missionária da Igreja e A Santidade Cristã. No Cespe/Cecam, no Setor Samarah, que atende crianças e adolescentes com idades entre 10 e 17 anos, o primeiro dia de atividades do ano de 2015 contou com uma recepção especial e apresentação do vídeo institucional. Em seguida, a realização de atividades lúdicas, esportivas e muitas brincadeiras. “O ano de 2015 promete ser um grande ano, existem os projetos que realizamos todos os anos e, portanto, já estão consolidados com as crianças, jovens e adultos: o trabalho desenvolvido com a temática da Campanha da Fraternidade, a Ação Social Redentorista e o Natal das Obras Sociais”, revela a coordenadora Lucélia Bueno. No Centro Social Redentorista (CSR), localizado no Setor Pontakayana, todas as educadoras ficaram no portão de entrada, esperando as crianças que têm entre 3 e 12 anos. O dia começou com todos reunidos para a oração e o café da manhã. Após o lanche, sentados no pátio, eles compartilharam as experiências vivenciadas nas férias. “Nós retornamos com muita expectativa e esperança de acolher muitas crianças este ano, uma vez que o CSR já tem 23 anos e todas as crianças estavam muito entusias-

madas para o retorno”, afirma a coordenadora pedagógica do local, Rosimary Alves de Oliveira Vasconcelos. Já no Centro Social Redentorista São Clemente, que fica no Bairro Mariápolis, o atendimento é para crianças de 1 ano e 8 meses até 6 anos. A acolhida, no dia 19, teve início com uma oração e, depois, uma dinâmica de apresentação. Este ano há um grande número de crianças novatas. “São crianças muito pequenininhas que acabaram de sair do colo da mãe. Então, a

Qualificação

expectativa é muito grande para que a gente consiga acolher e passar o carinho que elas precisam para que se sintam como se estivessem chegando em sua própria casa”, diz a coordenadora pedagógica Maria Antônia Lopes de Sousa. Para este ano, ela afirma que a ideia é criar um grupo de mulheres, da comunidade local, que se reúna para trabalhar com artesanato, pintura, beleza. O encontro deve acontecer nas sextas-feiras, mas ainda sem data definida.

Para garantir o bom desempenho dos profissionais e também dos assistidos, durante o recesso, entre os dias 7 e 9 de janeiro, os colaboradores dos Centros Sociais participaram de cursos de capacitação e qualificação, ministrados no Cespe/Cecam. Uma forma de ampliar o conhecimento em diversas áreas. “É um aprendizado que a gente pode passar para frente, para os nossos assistidos, para os educandos, para as pessoas que procuram a gente. É muito importante porque a gente aprende aqui hoje e repassa para frente amanhã”, destaca a auxiliar de serviços gerais Hérika Dalilla Ferreira. O trabalho realizado nos Centros Sociais, antes de tudo, é um trabalho de evangelização. Por isso, é fundamental que os colaboradores se preparem para assumir essa missão. “O colaborador tem que entronizar isso nele, vivenciar a sua fé para poder transmitir a alegria do Evangelho a todas as pessoas que vêm aos Centros Sociais”, conclui o diretor das Obras Sociais Redentoristas em Goiás, Pe. Reinaldo Martins.


4 Fevereiro de 2015

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

ENTREVISTA: DOM LEVI BONATTO

“Uma nova entrega em minha vida” A

lém de ajudar o arcebispo em suas funções, o novo bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia, Dom Levi Bonatto, será responsável pelo Vicariato Oeste e Vicariato da Comunicação. Será o professor de Direito Canônico no Instituto Santa Cruz e vai atuar como presidente e vigário judicial do Tribunal Eclesiástico, além de vigário geral da Arquidiocese. Em entrevista ao Jornal Santuário, o religioso falou das expectativas para a nova missão, do primeiro contato com a comunidade da região e o que muda na sua vida sacerdotal a partir de agora. JORNAL SANTUÁRIO - Qual foi sua reação ao saber que seria nomeado bispo auxiliar de Goiânia? Como o senhor foi comunicado? DOM LEVI BONATTO - A minha reação foi de surpresa, não por ser Goiânia, mas pelo chamado ao Episcopado, pois sempre achei que isto não seria para mim por eu ter me ordenado com 38 anos e nunca ter trabalhado em uma paróquia. E, claro, que tinha a meu favor justamente a experiência que eu trago da minha vida profissional e também, todos estes anos, estive trabalhando com sacerdotes. Fui o coordenador da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, uma instituição que ajuda na formação dos sacerdotes diocesanos. Fui comunicado pelo Núncio Apostólico que mora em Brasília e que representa o Santo Padre no Brasil. As conversas foram por telefone mesmo e o principal argumento, e o que me levou a aceitar, é que era um pedido do Papa Francisco. Como foi receber essa missão? Encarei como uma nova entrega em minha vida. É uma nova missão que Deus me pede, tal como, há vinte anos, foi o sacerdócio. E como já experimentei a graça de Deus em todos esses anos, tenho certeza que a ajuda do Senhor não irá faltar. O que muda na sua vida sacerdotal com essa nomeação? Muda muita coisa. Eu era capelão de uma Residência Universitária, em Curitiba

(PR), e trabalhava com jovens e também fazia um pouco de Pastoral Familiar. Ministrava muitas palestras e atendia muitas direções espirituais, além de quase todo fim de semana pregar em um retiro espiritual. Agora, como bispo auxiliar de Goiânia, terei que atender a uma variedade maior de exigências e os trabalhos são muito variados, desde dar aulas para os seminaristas até administrar crismas nas paróquias, pois a arquidiocese é muito grande e exige muito empenho por parte dos bispos. Como foi o seu primeiro contato com os fiéis em Goiânia? Foi excelente. Fui muito bem acolhido. Notei que é um povo religioso e respeitador dos costumes religiosos. Basta ver a devoção que a maioria tem ao Divino Pai Eterno, que agora se estende a todo o Brasil. Já tive a oportunidade de celebrar em várias paróquias e comunidades, e recebi muito carinho, atenção e já encontrei muitos leigos dispostos a ajudar nas várias pastorais. Quais as expectativas para essa nova caminhada? Estou muito esperançoso. A arquidiocese tem uma boa estrutura, Dom Washington tem muita experiência e conhece muito bem os problemas que temos, e os padres também estão comprometidos com a linha da Diocese, além de termos um povo de Deus maravilhoso que está sempre disposto a ajudar.

20 anos de dedicação à vida religiosa

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om Levi Bonatto iniciou sua vida sacerdotal em 1995, quando foi ordenado padre, aos 38 anos, em Roma. O religioso nasceu em São José dos Pinhais (PR), em 6 de dezembro de 1957. Formado em Economia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), iniciou a vida missionária, em 1980, quando se integrou a Opus Dei, instituição da Igreja Católica. A partir daí, recebeu a formação da Prelazia e ajudou a implantar a Opus Dei em Londrina (PR). Já em Roma, Dom Levi se graduou em Filosofia, Teologia e fez doutorado em Direito Canônico. Depois de passar por Madri, na Espanha, voltou ao Brasil para trabalhar na Opus Dei. Assim, foi enviado a São José dos Campos (SP), onde foi capelão do Centro Universitário Esplanada e do Centro Cultural Alfa. Em 2006, retornou a Curitiba e foi capelão do Centro Cultural Universitário Marumbi. Além disso, coordenou a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz no Paraná e em Santa Catarina. Em outubro do ano passado, Dom Levi foi nomeado pelo Papa Francisco como bispo auxiliar de Goiânia. A ordenação aconteceu em 14 dezembro de 2014 e a apresentação oficial aos fiéis em 6 de janeiro de 2015.


Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

Fevereiro de 2015

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Santuário Basílica tem novo reitor

O novo reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, o Missionário Redentorista padre Edinisio Pereira, tomou posse no dia 31 de janeiro. A missa foi celebrada pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia, Dom Levi Bonatto, e concelebrada pelo Superior Provincial dos Redentoristas de Goiás, Pe. Robson de Oliveira. Vários membros da Congregação também estiveram presentes. Padre Edinisio já foi coordenador das Obras Sociais Redentoristas em Goiás, animador vocacional da Província e diretor do Seminário São Clemente em Goiânia. Nessa nova missão, o novo reitor foi nomeado por Padre Robson, que agora tem a função de gerir os redentoristas da região Centro-Oeste, permanece rezando as Novenas, celebrando missa em Trindade aos sábados e à frente do trabalho evangelizador da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).

Encontro

Devotos na Casa do Pai

Já são 3 milhões de devotos que evangelizam pelo Facebook, levando mensagens de amor, fé e esperança a outros milhares de amigos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Como forma de agradecimento, foi lançada uma promoção na página oficial do Padre Robson de Oliveira. Serão sorteadas cinquenta frases em resposta à pergunta “Como o amor do Pai Eterno se manifesta na sua vida?”. Destas, dez serão vencedoras, de acordo com votação popular no Facebook. Os ganhadores virão a Trindade (GO), com um acompanhante e com as despesas pagas, para participarem de um fim de semana de oração e devoção ao Divino Pai Eterno, na Casa do Pai. Saiba mais: facebook.com/ PadreRobsonOliveira.

Como Superior Provincial dos Redentoristas de Goiás, Pe. Robson participará do encontro de todos os Provinciais da América Latina e Caribe, com a participação do Governo Geral, entre os dias 2 a 7 de março de 2015, em Bogotá, na Colômbia. O objetivo é trabalhar a cooperação e encaminhamentos comuns em projetos redentoristas. Na ocasião, acontecerá também o Encontro da União dos Redentoristas do Brasil (URB).

Comemoração

Em fevereiro, a Vila São Cottolengo, em Trindade (GO), completa 64 anos de fundação e dá início às comemorações do jubileu de 65 anos. Uma das mais importantes instituições filantrópicas do Centro-Oeste, recebe os cuidados das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo e dos Missionários Redentoristas, no acolhimento e tratamento de pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social.

Missões

A Igreja Matriz e comunidades de Trindade (GO) têm um novo pároco, Pe. José Bento de Oliveira, Missionário Redentorista. No dia 1º de fevereiro, Pe. João Otávio Martins tomou posse como reitor do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Matriz de Campinas, em Goiânia (GO). Outros redentoristas também já assumiram suas novas funções em Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Distrito Federal.

Fraternidade

Em sintonia com o lema: “Eu vim para Servir”, as Obras Sociais Redentoristas desenvolvem projeto seguindo a proposta da Campanha da Fraternidade (CF) 2015. Foi oferecida uma formação para aqueles que pretendem despertar o voluntariado, a partir da necessidade de cada cristão em se colocar a serviço do próximo. O projeto atenderá a Comunidade Nossa Senhora Aparecida, localizada na Vila Redenção, em Trindade (GO), com diversas atividades sociais e atendimentos para a população.

No ar: novidades, informação e interação

E

Quadros do Programa Pai Eterno estão com cara nova e ainda mais em comunhão com os devotos. Podem ser enviadas sugestões e participações. Novos episódios da Turminha do Pai Eterno

m 2015, o Programa Pai Eterno completou dois anos de exibição no dia 1º de janeiro. Este ano, passou por algumas alterações em sua grade. Alguns quadros foram modificados com a intenção de fazer com que o programa fique mais dinâmico e interativo. Inclusive a grade da programação está diferenciada. A participação dos devotos, através de e-mail e redes sociais, ganha destaque. Veja os quadros: Atitude cristã: novidade para o ano de 2015, o quadro vai ao ar na sexta-feira e mostra boas ações de pessoas de vários lugares que praticam verdadeiramente o sentido de ser cristão, através de atitudes que ajudam e levam o amor do Pai Eterno ao irmão. Divina Arte: passa a ser exibido na segunda-feira. Seu objetivo é mostrar pessoas que utilizam seu dom artístico para louvar e agradecer ao Divino Pai Eterno. Em Nome da Vida: agora é apresentado na terça, quarta e quinta-feira, trazendo histórias de pessoas que de alguma forma foram beneficiadas pelos trabalhos desenvolvidos pela Associação Filhos do Pai Eterno, Missionários Redentoristas e Santuário Basílica.

Dia a dia: na quarta-feira, a programação traz a agenda da semana com informações e detalhes sobre os eventos que estão para acontecer. Palavras de Fé: os depoimentos dos devotos que visitam o Santuário Basílica do Divino Pai Eterno. Você sabia: com exibição na quinta-feira, o quadro está mais interativo, com curiosidades, trazendo perguntas ou questionamentos dos devotos. Fique por Dentro: mantém os devotos atualizados sobre datas da Igreja, a

devoção ao Pai Eterno e informações do Santuário Basílica e da Afipe. Filhos Peregrinos: identifica as caravanas que estiverem em Trindade no fim de semana e aborda a peregrinação nos santuários. Entrevista: ainda mais dinâmica, conta agora com perguntas de devotos e trata de temas atuais. Mãos à Obra: todos os dias, mostra o andamento da construção do Novo Santuário e a participação daqueles que contribuem para edificar essa Obra.

A Turminha do Pai Eterno terá 40 novos episódios no ano de 2015. Eles começaram a ser exibidos na primeira semana de fevereiro. Serão várias histórias divertidas dos amigos Pedro, Mariana, Rosinha e Divininho. Além da participação de José, o construtor; Irmã Esperança; e ainda do Pe. Robson. Serão abordados temas como: bons modos na missa, poder da oração, perdão, Paixão de Cristo, importância da partilha, dentre outros. A Turminha é um dos quadros do Programa Pai Eterno, que vai ao ar nas sextas-feiras, às 7h45, com reapresentação às 10h45, pela RedeVida. Os vídeos também ficam disponíveis no portal: paiterno.com.br, e no canal: youtube.com/paiterno. Canais para acompanhar a programação e enviar participação e sugestões ao Programa Pai Eterno: www.paieterno.com.br contato@paieterno.com.br facebook.com/PadreRobsonOliveira twitter.com/padrerobson instagram.com/padrerobsonoliveira youtube.com/paieterno Whatsapp: (62) 9930 9800


6 Fevereiro de 2015

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

O caminho da conversão A Quaresma se destaca entre os cristãos como o tempo de preparação para o momento mais importante do Ano Litúrgico, a Páscoa

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proximadamente 200 anos após a Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, os cristãos quiseram preparar a festa da Páscoa, aquela que seria o núcleo da fé cristã. Esse tempo de preparação foi instituído por três dias (Tríduo Pascal) dedicados a oração, a meditação e aos jejuns. Cerca de 150 anos mais tarde, perceberam que três dias era muito pouco e aumentaram esse período para 40 dias. E assim, surgiu a Quaresma, tempo em que a Igreja convida os fiéis para vivenciarem a penitência em busca da reconciliação e encontro com Deus. Nesta edição do Jornal Santuário vamos conhecer um pouco mais sobre este momento e o significado desta conversão na vida cristã.

Quaresma 2015

A Quaresma é um tempo de graça e salvação, um momento em que os cristãos se dedicam a uma renovação interior, tirando de suas vidas tudo aquilo que não faz bem, para assumir e por em evidência a aliança definitiva de amor e cumplicidade com o Pai Eterno. Todos os anos, a Quaresma tem início na Quarta-feira de Cinzas e finaliza na Quinta-feira Santa. Durante este período os fiéis devem se dedicar a oração, jejum e caridade. Em 2015, a Quaresma terá início no dia 18 de fevereiro.

40 dias

Os 40 dias da Quaresma estão ligados ao simbolismo que envolve o número quarenta na Bíblia. Entre

os episódios bíblicos mais marcantes estão os 40 dias de dilúvio, tidos como preparação para uma nova humanidade (Gn 7,4); os 40 anos da passagem do povo de Deus pelo deserto, conduzidos por Moisés, em busca de libertação (Ex 16,35); os 40 dias que Jesus passou no deserto em jejum e oração (Lc 4,2), dentre outros.

Reconciliação e Conversão

“No tempo quaresmal, os cristãos católicos são convidados a vivenciarem mais intensamente os sacramentos da Confissão e da Eucaristia”, afirma Pe. Bráulio Róger, Missionário Redentorista. A vivência da espiritualidade neste período caracteriza-se por cada cristão se atentar à Palavra de Deus de uma forma profunda e prolongada, de modo a valorizar e intensificar a prática dos princípios essenciais da fé em Cristo. Neste período, o católico precisa se aproximar ainda mais de Deus e se preocupar em crescer na espiritualidade ao invés de prosperar nas coisas do mundo. Durante os 40 dias, é sugerido aos fiéis dar passos para um novo recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal e comunitário, caracterizando a reconciliação e a conversão a Deus.

Caminho para a Ressurreição

Vivenciar intensamente a Quaresma é o mesmo que percorrer o caminho que leva à Ressurreição de

Cristo. Por isso, padre Bráulio Róger explica que “a Quaresma só tem sentido para aquele que deseja se encontrar com Cristo Ressuscitado”. O sacerdote conta que existe uma forte tendência dos católicos participarem da Quaresma em busca de contemplarem o sofrimento de Cristo e, no dia da Páscoa, uma grande ausência para celebrar a Ressurreição. “Existe uma dificuldade pastoral, uma dificuldade eclesial de que as pessoas estão muito ligadas ao sofrimento de Cristo e se esquecem de valorizar a grande vitória sobre o sofrimento, que é a Ressurreição. É importante que os católicos tenham essa consciência de participarem da dor, mas principalmente do renascimento de Cristo, pois este, sim, é o ponto máximo da nossa religiosidade”, explica.

Práticas penitenciais

Durante o período quaresmal a Igreja pede para que os fiéis se dediquem a três elementos: jejum, caridade e oração. Muito lembrados nos Evangelhos nesse tempo litúrgico, eles formam o caminho que leva os fiéis a se sintonizarem ao amor de Deus e a conquistarem verdadeiramente a conversão. O jejum representa a liberdade dos fiéis, referente ao que é mundano. Pelo jejum recorda-se que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem da boca de Deus” (Mt 4,4). A obrigatoriedade do jejum acontece somente na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão, para os fiéis com idade entre 18 e 65 anos.


Fevereiro de 2015 7

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

Campanha da Fraternidade 2015

A oração representa o fermento na vida do cristão, aquilo que garantirá sua sintonia com Deus. Nesse tempo quaresmal, ela dever ser intensificada por todos os cristãos. Padre Bráulio destaca ainda que é importante ensinar também as crianças sobre a importância deste tempo: “Elas devem ser orientadas pelos pais ou responsáveis a viverem esse momento ao modo delas, como as catequistas ensinaram, por meio de encenações de representação, naquilo que for possível de modo criativo”. A caridade constitui na doação de afeto, atenção e compaixão ao próximo, como exercício para a prática de uma vida bondosa e fraterna. Nesse sentido a Igreja no Brasil, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe a cada ano a Campanha da Fraternidade. Uma forma de refletir sobre as questões sociais atuais e em como isso afeta os irmãos.

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a década de 70 a Igreja no Brasil lançou a Campanha da Fraternidade no período da Quaresma. O objetivo era despertar os fiéis e a sociedade em relação a problemas concretos da realidade brasileira, buscando caminhos de solução. “O Brasil criou essa ideia aproveitando as práticas penitencias da Quaresma e os clamores da sociedade em situações em que a Igreja precisa também se tornar solidária e fraterna em relação aos problemas de cunho social, ambiental, humanitário, enfim de toda ordem”, explica padre Bráulio Róger. Este ano a Campanha da Fraternidade traz o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45). A intenção é recordar a vocação e missão de todo cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. A Campanha será lançada no dia 18 de fevereiro, pela CNBB.


8 Fevereiro de 2015

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Devota recebe carro sorteado Fiat Bravo utilizado pelo Papa Francisco durante a JMJ foi entregue na cidade de Patos (PB). A campanha agora segue para a segunda etapa, com o sorteio de mais um carro abençoado

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cidade de Patos, no estado da Paraíba, é um local tranquilo, com população estimada de mais de 105 mil habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2014. Nesse lugar mora a devota Anilda Alves Martins. Em janeiro, ela recebeu uma grande graça do Pai Eterno. Anilda é a ganhadora de um dos carros utilizados pelo Papa Francisco e sua comitiva, quando esteve no Brasil para a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). No último dia 30, a equipe do Programa Pai Eterno foi até a cidade nordestina para fazer a entrega do veículo, um Fiat Bravo. A expectativa era grande. “Eu não tenho nem palavras, fiquei muito feliz. Foi um milagre de Deus. Foi maravilhoso. Nem acreditei quando recebi a ligação, comecei logo a chorar e a tremer. Achei que era trote porque acontece muito. Aí, eu fiquei com medo. Mas aí a moça que ligou disse para eu assistir o Programa Pai Eterno. Então, eu vi e acreditei. Graças a Deus, foi uma bênção. É um carro abençoado”, conta Anilda. A ganhadora do carro mora em uma casa simples no município de Patos. No mesmo lote, moram ainda sua mãe e seus irmãos. Todos receberam o carro com muita

alegria e com a certeza de que o Pai Eterno está presente na vida de Seus filhos e filhas, olhando por cada um. “Eu tenho tanta fé que eu fui a sortuda a ganhar o carro. Eu agradeço muito. E eu tenho muita fé de que vai continuar assim. Deus vai continuar derramando muitas bênçãos na minha casa, para toda minha família, minha mãe, meus irmãos. Eu tenho muita fé e agradeço muito ao Pai Eterno por essa bênção que Ele me deu”, revela a ganhadora do carro. A família de Anilda mora há mais de 50 anos na cidade de Patos. Ela conheceu a devoção ao Pai Eterno e o trabalho missionário realizado pela Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) pela televisão. Há cerca de dois anos, faz parte da família Afipe: “Gostei muito. É um trabalho maravilhoso, por isso que eu me associei”. Com tamanha graça recebida, a mãe de Anilda, Maria da Silva Alves, que também é devota do Pai Eterno, irá se cadastrar para se tornar evangelizadora da Afipe. “Tenho muita fé no Pai Eterno, porque tudo que eu peço para Ele, Ele me dá. E essa graça que Ele concedeu para minha filha, chegou em uma boa hora. Agora, eu também vou me associar à Afipe e nunca mais vou deixar de ajudar, só quando eu morrer, se Deus quiser”, garante Dorinha, como também é conhecida a mãe de Anilda.

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ssa é uma ação entre amigos que tem como objetivo principal angariar recursos para ajudar a quitar os gastos com a realização da JMJ no Brasil, em julho de 2013. A campanha teve início em novembro e o primeiro sorteio foi realizado em janeiro. Agora, terá início a segunda etapa da campanha, com o sorteio de mais um carro abençoado pelo Papa Francisco. Os devotos associados até o dia 26 de janeiro de 2015 receberão em suas casas uma carta do arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Dom Orani Tempesta, com um boleto em anexo. Através dele, é possível fazer uma doação de qualquer valor até o dia 20 de março e, dessa forma, participar automaticamente para concorrer ao carro. O sorteio será exibido no dia 9 de abril. A visita do Papa Francisco ao Brasil, durante a JMJ, foi sua primeira viagem internacional. O pontífice foi conquistado pelo carisma e hospitalidade dos fiéis brasileiros. Antes de ir embora, em um ato de generosidade, ele deixou os carros utilizados por ele e sua comitiva, durante passagem pelo Brasil, para a Arquidiocese do Rio e a Afipe, que estão juntas nessa campanha.


Fevereiro de 2015

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

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Pilares: tipos e etapas de construção C

Serão 473 pilares com formatos e dimensões que dependem da capacidade de carga que podem suportar. Cada um deles passa por quatro etapas de construção

om quase três anos completos de atividades na obra da Nova Casa do Pai, os trabalhos agora se concentram especialmente na edificação dos pilares. Eles são os responsáveis pela sustentação de toda a estrutura. Existe uma grande variedade de pilares, com as dimensões e formatos. No Novo Santuário eles serão circulares, de 1m de diâmetro; quadrados, de 1x1m e 1,20x1,20m; e também retangulares de 1x1,20m. “A diferença de dimensões e formatos não influencia. Cada pilar tem seu peso próprio, tem sua capacidade de carga própria. Então tudo foi estudado e pensado para poder dimensionar melhor. O fato de serem retangulares, quadrados ou circulares é apenas uma questão de estética”, esclarece Carlos Gomes, que é técnico do planejamento de obras. Para se chegar a estes formatos existe um procedimento muito importante pelo qual todos eles devem passar. Essa sequência para a construção dos pilares começa com as fundações. Depois, é feita a armação. Em seguida, vem o processo de carpintaria e, por fim, a concretagem. Cada uma dessas etapas é crucial para o desenvolvimento da obra. Ao todo, serão construídos 473 pilares. Aproximadamente 10% deles já foram edificados. “A construção dos pilares é de fundamental importância. O pilar funciona como se fosse o nosso fêmur, como se fosse a nossa perna, ou a nossa coluna vertebral. Sem pilar, sem obra”, enfatiza Fernando Arcanjo, membro da equipe de engenheiros responsáveis pela obra.

Etapas de construção dos pilares:

Tipos de pilares:

Fundação

A fundação é a primeira etapa do processo de construção dos pilares. É a fase onde a carga, o peso dos pilares, é transmitida para o solo. Através de um processo de sondagem, se define qual tipo de fundação deve ser utilizado. Na construção do Novo Santuário são utilizados três tipos: a sapata, a estaca e o tubulão. De acordo com Fernando Arcanjo, a escolha depende das características do solo. A fundação é importante porque vai dar o embasamento. “Ela sustenta o pilar, as vigas e as lajes, nesse conjunto todo para formar a Basílica”, explica o engenheiro.

Armação

Após as fundações, é hora de fazer a armação, que começa desde as leituras iniciais do projeto em si. Desde o primeiro aço, já começa a dar o formato do pilar, que pode ser quadrado, retangular ou redondo. A instalação é o último dos processos da armação. Em uma construção, o aço funciona como se fosse o esqueleto do corpo humano, dando sustentação, subsídios e embasamentos para que se possa formar o pilar. Existem variações desse aço de acordo com a dimensão dele.

Carpintaria

Com a armação já pronta, tem início a fase da carpintaria. Consiste em empregar as formas, ou seja, transformar a madeira na dimensão do pilar. Para isso, são utilizados a própria madeira e também o compensado naval. Se for um pilar circular, a carpintaria vai transformar a forma redonda. Se for um pilar quadrado, as formas serão quadradas. A mesma coisa acontece se o formato for retangular. “A carpintaria transforma a caixa e vai ajustar essa armação para que a gente possa fazer a próxima fase que é a concretagem”, pontua Fernando Arcanjo.

Concretagem

Com as etapas anteriores já concluídas, começa a ser desenvolvida a fase final da construção dos pilares: a concretagem. Esse procedimento é o responsável pela caracterização e resistência que vai do projeto até o formato final. Nessa parte do processo de construção da Nova Casa do Pai, é necessária a utilização de muito concreto, por isso a importância da Campanha do Cimento. “A fundação, a armação e a carpintaria estão prontas, e a gente fecha com a concretagem que é para dar o formato do pilar”, diz o engenheiro.

Circulares

Os pilares com formato redondo, ou circulares, vão do subtérreo até a sustentação da cúpula.

Retangulares

Estão situados em várias partes da obra e basicamente são para a sustentação das vigas do mezanino. Alguns ajudarão a sustentar a praça elevada.

Quadrados

Os quadrados estão situados em todo o complexo. Junto a alguns pilares retangulares, são eles que darão sustentação à praça elevada.


10 Fevereiro de 2015

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

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Fotos: Web

Papa fala sobre ataque a Paris

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urante viagem às Filipinas, Papa Francisco falou sobre o ataque terrorista em Paris. Para o pontífice, “não se pode ofender, fazer guerra e matar em nome da própria religião, ou seja, em nome de Deus. Isso é uma aberração. Matar em nome de Deus é uma aberração. Acredito que este seja o ponto principal sobre a liberdade de religião: com liberdade, sem ofender e sem impor e matar”. No entanto, Francisco disse ainda que as pessoas têm a obrigação de falar abertamente. “Temos esta liberdade. Mas sem ofender. Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros, não se pode ridicularizar a fé”, advertiu.

WhatsApp no computador Uma versão para web do popular aplicativo Whatsapp foi lançada em janeiro. No entanto, apenas usuários de aparelhos com sistemas Android, Windows Phone e BlackBerry têm acesso à nova função. O iOs não entra na lista por causa dos problemas de compatibilidade com a plataforma da Apple. A versão para computadores do WhatsApp funciona como uma extensão do aplicativo no telefone e exige que o dispositivo móvel esteja conectado à internet para funcionar. As pessoas que já tiverem recebido a atualização podem acessar a página web.whatsapp.com a partir do Google Chrome e escanear um código QR com a câmera do telefone. O sistema vai espelhar as mensagens disponíveis do smartphone dentro da aplicação web.

Um segundo a mais em 2015 A decisão anunciada pelo Observatório de Paris de adicionar um segundo a mais este ano será colocada em prática no dia 30 de junho, quando a contagem do tempo deverá ir até 23:59:60 (o normal é 23:59:59). O primeiro segundo foi adicionado em 1972. Esta será a 26ª vez que isso acontece na História. Todas essas alterações significam que a rotação da terra tem um atraso de 26 segundos em comparação com o tempo medido pelos relógios atômicos. Um segundo certamente não faz tanta diferença no cotidiano das pessoas. Mas, para empresas de tecnologia, a mudança é motivo de alerta. A última alteração foi feita em 2012. Na ocasião, empresas de tecnologia relataram falhas.

Em 2014, os casos de dengue chegaram a 587,8 mil. O número mostra uma queda de 59% em relação a 2013, ano em que 1,4 milhão de casos foram registrados e 674 pessoas morreram, vítimas da doença. No ano passado, foram registradas 405 mortes decorrentes da dengue. Uma baixa de 40%. A região Sudeste foi a com maior queda, em comparação a 2013. Lá, houve 310,8 mil casos de dengue contabilizados em 2014; 66,1% menor que em 2013. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde.

Multa para extintor adiada O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) decidiu suspender provisoriamente a resolução que obrigava os veículos a circularem com extintores do tipo ABC nos carros. A medida foi tomada após motoristas de várias regiões do país reclamarem que não estavam conseguindo encontrar os extintores, em falta no mercado. O prazo para troca do modelo havia terminado no dia 31 de dezembro de 2014. A decisão previa multa de R$ 127 para quem fosse flagrado sem o novo extintor. No entanto, a partir de agora, os veículos não serão multados até março.

Unidos por amor a Deus

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Em meios às festas de Carnaval, centenas de jovens escolheram vivenciar esse período de forma diferente. O acampamento promovido pelos redentoristas é um convite à conversão e oração

om a proximidade do Carnaval, muitas pessoas se programam para descansar e aproveitar os dias com os amigos, em festas ou viagens. As opções são muitas. Mas, longe das badaladas folias, jovens têm procurado viver estes quatro dias de uma maneira nova, em comunhão, louvor e adoração ao Divino Pai Eterno. Essa foi a escolha da gestora ambiental Ana Paula Andrade, de 26 anos. “Aproveitar o Carnaval é estar com as pessoas que eu gosto, fazendo as coisas que gosto. Neste caso, é estar no acampamento com os meus amigos e aprendendo mais sobre a Igreja e sobre Deus”, afirma. Com a advogada Láina Lins, de 24 anos, não foi diferente. Há dez anos na Igreja, ela percebeu que estar lá não a impede de viver sua juventude. “Minha motivação maior é seguir a Deus sem deixar de ser jovem”, conta. Para o vendedor Leonardo Strini, de 28 anos, estar mais próximo da Casa do Pai mudou o jeito de ver as coisas do mundo. “É gratificante estar em meio às coisas de Deus”, salienta. E é este o convite da Igreja para este período de Carnaval. Fazer uma preparação para a Quaresma [ver mais na página 6 e 7]. Uma opção é o Acampamento de Carnaval promovido pela Juventude Missionária Redentorista, da Congregação dos Redentoristas de Goiás.

Animação e expectativa

“Integração com outras paróquias e aproximação com o amor de Cristo. Queremos que os jovens tenham uma opção saudável para curtir essa data festiva”, afirma Leonardo Strini. “Teremos pela primeira vez aqui o Nightfever, momento de oração e de adoração que, com certeza, ajudará nessa busca”, destaca Ana Paula Andrade. Para a estudante de Direito, Mariana Morais, de 18 anos, esta será uma oportunidade de revigorar a fé. “O carisma redentorista me conquistou há muito tempo e, por isso, procuro não faltar a nenhum encontro, acampamento ou roma-

ria. Eles são sempre muito bons”, assegura. Animada, Láina Lins revela que participará do acampamento “buscando diversão, interação e oração, diante de um clima descontraído e alegre”. Esta é a expectativa dos jovens que participarão do Acampamento de Carnaval, em Paraíso do Tocantins (TO), de 14 a 17 de fevereiro. Além dos tocantinenses, são esperados centenas de jovens de Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal. Com o tema “O amor de Cristo nos uniu” e o lema “Bendito seja Deus que nos uniu no amor de Cristo”, o acam-

pamento será realizado na Paróquia São José Operário, no centro de Paraíso. A programação será extensa, com muitas atividades: oração, missa, gincanas, shows, palestras, partilhas e adoração a Jesus Sacramentado. “Esta é uma oportunidade de oferecer uma programação cristã e mais ‘sadia’ para essa juventude”, revela o Missionário Redentorista padre Fábio Mendonça Pascoal. Para ele, essa será uma experiência de amor, que mostrará a importância da unidade entre os filhos e filhas do Divino Pai Eterno.


Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

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Testemunhar a fé em Deus Na edição passada, o Jornal Santuário iniciou mais uma série que possibilita a compreensão e a aproximação dos ensinamentos bíblicos. Dessa forma, temos a oportunidade de contemplar os Dons do Espírito Santo, relembrando e adquirindo maior conhecimento sobre cada um deles. Desta vez, vamos falar sobre o dom do Entendimento.

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odas as pessoas já passaram por algum momento de aflição na vida. Os desafios do cotidiano surgem diariamente na vida de qualquer pessoa. E é por meio dessas aflições e desses desafios que se pode compreender melhor sobre o dom do Entendimento. Assim como a Sabedoria, o Entendimento consiste em olhar as coisas que acontecem na vida com o olhar de Deus, estreitando o aprofundamento na relação com Ele. E não olhar com os olhos dos homens, reagindo semelhante ao modo dos homens quando estão imbuídos em sua pequenez. O Entendimento é um dom divino que ilumina para aceitar as verdades de fé reveladas pelo Pai Eterno. Segundo o Missionário Redentorista padre Paulo Júnior, “o entendimento é um dom que permite o cristão ir além dos aspectos exteriores da realidade e aprofundar o conhecimento sobre o plano da salvação. O Espírito Santo por meio deste dom abre a nossa inteligência para entender melhor as coisas de Deus e as coisas humanas”. Em uma explicação sobre o dom do Entendimento, Papa Francisco ressaltou que “não se trata da inteligência humana, da capacidade intelectual de ser mais ou menos dotados. Mas é um dom que torna o cristão capaz de ultrapassar o aspecto exterior da realidade para perscrutar as profun-

dezas do pensamento de Deus e do seu plano de salvação”, ensina o Santo Padre. Através do Entendimento, o cristão enxerga que o Pai Eterno é o Senhor e que tudo acontece segundo Sua vontade, bastando apenas confiar e ter fé na força do Espírito Santo sobre a vida das pessoas. O mistério de Deus é um só, a comunidade de Amor. Três pessoas distintas em um só Deus: Pai e Filho e Espírito Santo. Segundo padre Paulo, entre essas três pessoas “circula um amor tão grande que se expande e se comunica para toda a humanidade. Sem o dom do Entendimento, não compreendemos o mistério da vida divina e, não sabemos como fazer acontecer o Reino de Deus aqui na terra”, afirma.

Receber o dom

“O dom do Entendimento nos é concedido não por nossos méritos, mas, por causa da bondade divina”, explica padre Paulo Júnior. Ele ensina ainda que cabe a nós, deixarmo-nos ser iluminados pelo Espírito e colocarmo-nos a serviço do dom que recebemos do Pai. “Da nossa parte, basta ser dóceis para receber este dom. É bom lembrar que dom não é algo negociável: não é comprado e nem trocado. É a dinâmica da gratuidade: o Divino Pai Eterno dá e cabe a nós simplesmente receber”, pondera.

O Missionário Redentorista ressalta que a pessoa, uma vez que recebe e acolhe o dom do Entendimento, passa a vivenciar os acontecimentos de sua vida com uma motivação diferente. “Ela passa a dar mais atenção para a força que brota do seu coração. Neste sentido, ela enfrenta com serenidade os problemas, as doenças, as suas contradições e as contradições dos outros, e até compreende melhor a realidade da morte”, diz. Assim, a pessoa não culpa o Pai Eterno pelas coisas ruins que a acontecem, pois passa a entender que o sofrimento causado faz parte da sua condição humana: “Nisto consiste olhar para a vida com os olhos do Divino Pai Eterno”. O cultivo do dom do Entendimento acontece através da oração. “É no diálogo com o Divino Pai Eterno que escutamos o Seu Filho nos comunicando o Espírito Santo com todos os Seus dons. É preciso sempre pedir ao Espirito Santo que venha iluminar, pois só Ele tem o poder de manter viva a nossa vida interior e de nos colocar em sintonia com o Pai”, ressalta. Portanto, possuir o dom do Entendimento é manter-se em sintonia com o Pai Eterno, alimentar a fé e aceitar de coração tranquilo os desafios impostos. É entender que o Pai Eterno é o Senhor e esperar, confiar e ter a certeza de que tudo acontece e se resolve no tempo de Deus.


12 Fevereiro de 2015 ARTIGO

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Santuário Basílica do Divino Pai Eterno

Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R.

É tudo uma questão de fundamento!

m alguns, não em todos os cenários sociais, é possível constatar certo ar de superficialidade, às vezes, inserido em ambientes vazios e banais. Ali as pessoas são apresentadas de acordo com os interesses que regem um determinado grupo. Valem somente pelos atributos pessoais e financeiros que possuem. Outras são tratadas de modo dispensável, como se fossem objetos ou pior ainda, como coisas! Sem sentimentos, sem história, sem valor. Ao invés de serem reconhecidas como ‘eu’, passam a ser enfocadas como ‘isso’. O importante é o momento. Faz-se o que dá vontade a todo e qualquer custo. Para estes, os sonhos estão distantes e os projetos são somente para o futuro. Planejamento, metas e objetivos claros são coisas de pessoas retrógadas e caretas. Fundamentos para quê? Nos demais contextos também há a possibilidade de encontrar não poucos indivíduos que possuem convicções firmes e coerentes. Não são absolutistas, mas seguros de si. Creem e buscam algo maior que eles. Não se encontram centrados em suas picuinhas pessoais. Pelo contrário, são capazes de visitar suas consciências, para perceber os caminhos que não condizem com as suas escolhas. Há uma espécie de tratado firmado entre aquilo que acreditam e o que praticam. Estes são imbuídos por aspirações que indicam um norte para suas existências. Na verdade, há um fundamento que os orienta, norteia, elucida e os esclarece. Suas pretensões são alicerçadas sobre a rocha e não na areia (Cf. Mt 7,24-27). Hoje se fala muito sobre liberdade. Nada mais justo! Mas, qual seria o fundamento desta tão

defendida liberdade? Esquece-se que ela só é plena quando vinculada ao amor. Sem o movimento do amor, a liberdade se transforma em egoísmo. Ao assumirmos a postura de egoístas nos tornamos como que buracos-negros: sugamos a força das pessoas, a ponto de elas saírem mal de nossa presença; absorvemos tudo a nossa volta e não fazemos a síntese de nada concreto; queremos tudo, única e exclusivamente, para nós; tornamo-nos infantis e esperneamos todas as vezes que nossas vontades infantis não são atendidas. Somos servidos, quando deveríamos servir, falamos quando deveríamos nos calar e nos esvaziamos quando deveríamos preencher as lacunas de nossa existência. Ah! Como seríamos mais resolvidos se tomássemos consciência do fundamento que rege a nossa vida. Precisamos fazer, com frequência, a viagem ao interior de nossa alma, para descobrirmos

o que tem sido depositado no altar do nosso coração. Ali será desvendado para quem temos prestado culto, oferecido incenso e adorado como senhor. É perigoso expressar o que vou escrever agora, mas a coerência me leva a redigir que: nem sempre é Deus que se encontra na essência de nossas ações. Ainda há muitos ídolos, em forma de vantagens, que precisam ser destronados e colocados à parte, deixados de lado. O mais agravante é quando nos fazemos ídolos de nós mesmos. Colocamo-nos em um pedestal e, a partir de então, nos conferimos o direito de ‘senhores da história’, até mesmo da história alheia. Os títulos, as condecorações, os prêmios e as conquistas devem ser acolhidos e validados de acordo com o seu grau de importância. Porém não podem se tornar o fundamento de uma vida. Somos muito mais que isso! Devemos sim ter a rédea de nossa existência nas mãos, mas

sem nos esquecer d’Aquele em quem depositamos nossa esperança (Cf. Jr 14,22). Enganam-se aqueles que fundamentam sua esperança no dinheiro, nas riquezas e em pessoas, cargos ou funções. Por mais segurança que possam nos conceder tais realidades não nos conferem plenitude, porque são passageiras. Por mais que alguns não reconheçam, temos fome e sede do que é eterno: temos necessidade Daquilo que não passa! Contudo, ainda possuímos a insistente teimosia em buscar outros fundamentos que não nos saciam, pelo contrário, só nos esvaziam. No tempo da Quaresma, tão propício para uma verdadeira conversão nas atitudes e reconciliação com a Igreja, ferida, muitas vezes, pelos nossos pecados; faz bem orar com o desejo de revisar o fundamento que conduz nossa existência: “Dá-me, Pai, ser livre como teu Filho, Jesus, o Homem livre por excelência. Lendo os

Evangelhos, respiro um clima de liberdade e confronto-me com um Homem livre, livre diante dos homens, diante das ideologias reinantes, dos grupos de pressão… Livre perante a sua vida e a sua morte. Onde encontrar a raiz dessa liberdade pura? Creio, Pai, que essa raiz és tu. Jesus foi livre porque te encontrou, acolheu o teu amor, sintonizou o seu querer com o teu querer, não teve nenhum ídolo. Ele é o caminho. Que eu possa segui-lo para ser livre e amar como ele amou” (José Antônio de Oliveira, SJ). Que o dom da fé não nos deixe perder o foco de nossas ações, exercidas pelo amor, em prol da esperança. Tenhamos a clareza de nossas escolhas fundamentais e não perderemos nossa liberdade. Saibamos que mais vale ser íntegro, do que ser vendido por realidades vãs, que só nos fazem sofrer e perder o sentido da vida. Na Quaresma, ‘não pratiquemos a oração, a esmola e o jejum por obrigação’, mas, sobretudo, para descobrirmos quem tem fundamentado nossa vida: o Deus de Jesus, chamado ‘Pai Eterno’ ou outras realidades, pessoas e situações que colocamos como divindades? Uma abençoada Quaresma a todos, baseada em um sincero retorno ao Grande Fundamento de nossa fé!

Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R. Superior Provincial dos Redentoristas de Goiás e Presidente Fundador da Afipe


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