Almanaque Anjos de Alegria nº 29, jul 2013

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Ano III - nº 29 - julho 2013

PROFISSÃO DE FÉ página 6

A ORIGEM DA DEVOÇÃO AO DIVINO PAI ETERNO páginas 2, 3, 4 e 5

CONSAGRAÇÃO AO DIVINO PAI ETERNO página 7


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Ano III - nº 29 - julho 2013

A ORIGEM DA DEVOÇÃO AO DIVINO PAI ETERNO QuE A TRiNDADE SANTA ABENçOE O POVO ACOlhEDOR DE TRiNDADE, AS AuTORiDADES CiViS E REliGiOSAS, E AS MulTiDõES DE ROMEiROS QuE ChEGAM DE TODAS AS PARTE DO BRASil. n Pe. Clóvis de Jesus Bovo Missionário Redentorista

I – O ACHADO MIRACULOSO Transportemo-nos até o ano de 1843 para conhecer o poético e bucólico arraial de Barro Preto, localizado no centro de Goiás. Seus poucos moradores trabalhavam na terra, de onde tiravam “o pão de cada dia” com o suor do rosto. Suas moradias eram de pau-a-pique, cobertas com folhas de buriti. Mas todos viviam da Fé robusta e simples, herdada dos antepassados.

EXPEDIENTE

Produzido pela EQUIPE ANJOS DE ALEGRIA da Paróquia Divino Pai Eterno

Histórico: Equipe instituída pelo Pe. Marco Aurélio em dezembro/2009 com propósito de evangelizar, de maneira lúdica, as crianças da Paróquia Divino Pai Eterno Trindade-GO COORDENAÇÃO: Ana Cláudia Ferreira Reis Correa ANJOS COLABORADORES: Nelson Rodrigo, Ir. José e Equipe de Jornalismo da AFIPE PROJETO GRÁFICO: Silvio Leal ILUSTRAÇÃO: Atilla Mundoca de Oliveira IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

Certo dia Constantino Xavier Maria e a esposa Ana Rosa de Oliveira estavam limpando uma plantação, quando notaram, no chão já revolvido, uma medalha de bom tamanho. Era de terra cota. Tinha formato oval e media cerca de meio palmo. Constantino exclamou admirado, mostrando a medalha para a esposa: - Ana, veja aqui esta medalha. Ana pegou-a respeitosamente, limpou-a no avental e, beijando-a, disse numa alegre surpresa: - Veja só! Representa a s Tr ê s P e s s o a s d a Santíssima Trindade, coroando nossa Mãe, nossa Senhora. Vamos levá-la para casa? Naquele momento não se interessaram em conhecer a origem do medalhão. Viram simplesmente o dedo de Deus naquele achado providencial. A notícia se espalhou rapidamente. Naquela mesma noite, reuniu-se um pequeno grupo na casa de Constantino para rezar o terço diante do Divino. II – CRESCE A DEVOÇÃO A devoção ao Divino Pai Eterno foi se espalhando p e l o s p ov o a d o s. O s romeiros acorriam pressurosos até Barro

Preto, como os pastores acorreram para Belém. O canto plangente dos carros de boi, levando os devotos do Divino Pai Eterno, ecoava ao longe no silêncio do sertão. Muitos traziam as “tralhas” para armar sua barraca ao redor da capelinha. O arraial formigava de gente. Já era tempo de convidar o padre. O velho Pe. Basílio, vigário de Campininha das Flores, começou

a atender os fiéis no primeiro domingo do mês de julho. Essa data foi virando dia de festa. Não tardaram as graças e os milagres. Assim começou a devoção. Assim começou a romaria. Deus se serve dos pequenos para realizar grandes obras. III – O MEDALHÃO É SUBSTITUÍDO A capelinha não podia comportar os fiéis que acorriam de todos os


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Ano III - nº 29 - julho 2013 Pelas estradas barrentas, transitavam apenas animais de carga e carros de boi. O telégrafo funcionava precariamente. A ilumin a ç ã o p rov i n h a d o s lampiões a carbureto e das candeias alimentadas com óleo de mamona. Nem se sonhava com a energia elétrica. As moendas eram trocadas por parelhas de bois. As roupas eram de algodão, que passava por vários procedimentoseartefatos (rodas, tecedeiras etc.) até chegar às máquinas rudimentares de costura. Religiosamente, era um povo entregue a si mesmo por falta de padres. Apesar de tudo, a fé popular se mantinha, graças aos catequistas leigos, rezadores e ermitões. Este panorama de carência geral mudou sensivelmente. Deus lados. Quase não se podia distinguir o sagrado medalhão no meio daquela profusão de flores e velas. Era preciso retocar o medalhão, fazer uma cópia, para ser visto de longe. Constantino levou-o para o famoso escultor Veiga Valle, residente em Pirenópolis, situado há mais de 100 quilômetros. O escultor achou melhor esculpir u m a i m ag e m e n ã o m a i s u m m e d a l h ã o. Modelou cada Pessoa da Santíssima Trindade e a Virgem Maria no centro, no momento em que estava sendo coroada pelas Três Pessoas divinas - Pai, Filho e Espírito Santo. No prazo marcado, Constantino foi buscar a encomenda. Gostou da ideia do escultor. O preço, porém, não era mais o mesmo. O dinheiro que

levou não foi suficiente. Diz a tradição que ele completou o pagamento deixando lá seu cavalo com os arreios, e voltou a pé. A duas léguas de Barro Preto, Constantino mandou recado para que viessem receber a imagem. O encontro aconteceu no alto de uma capoeira, nas imediações do bairro das Bruacas. Muitos vivas! Muito foguetório. Caminhando e cantando, entraram na casinha de oração. IV – OS ROMEIROS AUMENTAM Quando aconteceu o achado prodigioso, Goiás ainda caminhava de vagar nas estradas do progresso. As cidades eram poucas, e pouco habitadas. Os meios de comunicação estavam n o s e u n a s c e d o u r o.

serviu-se de um simples medalhão para atrair o progresso em todos os seus níveis: religioso, social e material. Tanto assim que foi preciso construir capelas e igrejas sempre maiores para o pequeno Barro Preto. V – SOMBRAS E LUZES As grandes obras de Deus sempre conheceram dias de provação. Barro Preto não foi uma exceção. No meio de tantas luzes, houve sombras também. Depois que Constantino faleceu por volta de 1854, o Santuário do Divino Pai Eterno caiu nas mãos de administradores gananciosos que desviavam as esmolas dos pobres romeiros para fins escusos. O povo simples se desgostou.


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Ano III - nº 29 - julho 2013 os ossos por causa da chuva torrencial que os pegou nas vizinhanças de Campininha das Flores. A chegada foi uma bênção para o povo. logo se fez uma visita aos moradores do lugarejo de Barro Preto, que mais t a r d e c h a m a r- s e - i a Trindade. Como ainda não sabiam falar a nossa língua, pois eram todos alemães, utilizaram-se da linguagem do amor, a chave mágica que abre os corações. VII – VIDA NOVA NO SANTUÁRIO Com a chegada dos padres missionários e as ondas do progresso, tudo foi se transformando. O avanço nas melhorias sociais e religiosas foi a passos de gigante. hoje os pobrezinhos, filhos prediletos do Pai

O bispo Dom Eduardo Duarte da Silva, cuja residência era em uberaba, foi inteirado de tudo e veio pessoalmente constatar os fatos. Suas advertências encontraram resistência e até ameaça de morte. Foi preciso aplicar o recurso extremo para cortar os abusos: interditou a igreja que abrigava a imagem do Pai Eterno. O Santuário passou por uma fase de luto e desolação. Os fiéis lamentavam a situação, como o profeta Jeremias quando chorou sobre Jerusalém profanada: “Como está deserta, a cidade tão populosa outrora... Traíram-na seus amigos, tornando-se inimigos. (lm 1,4). Por fim, os próprios culpados pediram perdão a Dom Eduardo: “Estamos

três anos sem padre, sem missa, sem sacramentos, sem ouvir a Palavra de Deus”. E o interdito foi suspenso. VI – OS PRIMEIROS REDENTORISTAS Nesse meio tempo, Dom Eduardo vai a Roma a fim de convidar padres para cuidar do Santuário, que já estava precisando de uma assistência religiosa permanente. Após bater de porta em porta nos conventos de religiosos, chegou até os Redentoristas, que o atenderam prontamente. logo veio a primeira turma de padres e irmãos coadjutores. Chegaram dia 12 de dezembro de 1894, após terem percorrido 480 km durante 25 dias no lombo de animal. Chegaram molhados até

Eterno, continuam sendo lembrados e socorridos, pois constituem sempre o pano de fundo de todos os santuários. Na Vila São Bento Cottolengo, batizada com o nome de “Santuário do irmão” por Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, cerca de quatrocentas pessoas d e t o d a s a s i d a d e s, com deficiências, são carinhosamente tratadas. A Associação Filhos do Pai Eterno promove ações sociais de atendimento a famílias carentes, e melhorias na estrutura física do santuário para melhor acolher a todos. O Centro de Apoio da Prefeitura dispõe de diversas opções para assistir o romeiro em suas necessidades mais urgentes.


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Ano III - nº 29 - julho 2013 estão sendo abertos os alicerces da nova e definitiva Casa do Pai. IX – TODOS OS CAMINHOS LEVAM A TRINDADE No dia da Festa d o Pa i E t e r n o, q u e tradicionalmente ocorre no primeiro domingo de julho, Trindade se transfigura. Centenas de milhares de romeiros acorrem ao Santuário, afim de louvar, agradecer e pedir. Muitos vêm a pé, a cavalo, em carro de boi, de carro, em grupos especiais. Abrigam-se em barraquinhas armadas por eles mesmos, debaixo das árvores, nos quintais das casas, nos hotéis, pensões e pousadas. O comercio ambulante é fora de série. Numerosas VIII – O SANTUÁRIO BASILICA Desde 1938 se falava numa nova igreja que ocupasse um espaço desafogado e livre, possibilitando ampliações e acomodações para o bom atendimento dos romeiros. Em 1943, f o i l a n ç a d a a p e d ra fundamental dessa sonhada igreja, mas somente nestes últimos anos realizou-se o sonho de todos. lembremos os primeiros vigários que foram os alicerces do santuário, entre eles: Pe. Basílio Antonio de Santa Bárbara, o primeiro a celebrar na capelinha de Barro Preto; e Mons. Francisco inácio de Souza, que recebeu os primeiros redentoristas alemães. Na impossibilidade

de mencionar os numerosos redentoristas que trabalharam em Trindade desde 1894, citemos apenas os atuais responsáveis pelo movimento religioso: Pe. Marco Aurélio M. da Silva, na igreja Matriz; e Pe. Robson de Oliveira Pereira, no Santuário Basílica. Em 2008, o Santuário foi elevado à categoria d e b a s í l i c a m e n o r, graças à mediação do atual Arcebispo Dom Wa s h i n g t o n C r u z . Nestes últimos anos, a rede de comunicação se estendeu de maneira surpreendente, atingindo o país e o estrangeiro e atraindo romeiros de toda a parte. E como tudo cresce e avança impelido pelo progresso, nas imediações da cidade,

barracas de lona, agora padronizadas, se espalham pelas cidade inteira, com um estoque variadíssimo de artigos, muitas vezes inexistentes nas localidades de onde vêm os peregrinos. O que mais atrai o visitante é a pequena imagem do Divino Pai Eterno, venerada há quase 200 anos. Já durante a novena, padres religiosos e diocesanos, bem como ministros em geral, missionários leigos e catequistas, todos se esmeram em executar um rico programa de evangelização, culminando com a g ra n d i o s a p ro c i s s ã o de encerramento e a tradicional queima de fogos de artifício.


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PROFISSÃO DE FÉ n Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R. Reitor da Basílica do Divino Pai Eterno e Mestre em Teologia Moral pela Universidade do Vaticano

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fé é a convicção nas realidades que não podemos ver nem tocar. A fé é um dom, um presente do céu para nós. É uma certeza que temos e não precisa de provas. É nela que nos reconhecemos como filhos amados do Pai Eterno. Pela fé nos convertemos e realizamos muitas obras de amor. A fé promove todo o bem. Pela fé, Deus age em nossas vidas, nos faz sentir o Seu amor, nos converte e nos traz muitas bênçãos. Então, na entrega confiante da vida ao Senhor, alcançamos a paz que o mundo não pode oferecer. Deus concede conforto aos nossos corações sempre que entregamos

a vida à Sua Providência Divina. Esta paz é um dom que Ele deixou para nós que cremos, amamos e buscamos viver com fé. Podemos viver esta paz pela crença, oração e entrega de nós mesmos ao Deus da Vida. Façamos a nossa profissão de fé. “Pai Eterno, eu creio em Vós!”. Este é o tema da Romaria anual em louvor ao Divino Pai Eterno de 2013, seguindo a proposta do Ano da Fé. Na verdade, é uma proclamação de que confiamos a Deus, nosso Pai Eterno, a vida que temos e a esperança que cremos. Acreditamos no amor do Pai, que nos enviou Jesus Cristo e continua

Sua ação em nossas existências pela luz e força do Espírito Santo. Neste tempo de Romaria anual, muitas pessoas vêm a Trindade expressar sua fé e amor na oração, louvor e súplica ao Divino Pai Eterno. Essa é uma forma de proclamar e reavivar a fé do povo fundamentada no amor de Deus. É vivenciar a experiência de encontro com o Pai. Estamos falando de uma fé simples, porém forte, do povo de Deus, do romeiro, do peregrino, daquele que crê, confia e se entrega ao Pai. Estejamos prontos para dizer com fé e devoção: “Pai Eterno, eu creio em Vós!”.


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CONSAGRAÇÃO AO DIVINO PAI ETERNO

DIVINO PAI ETERNO, Aqui estamos para prestar-vos a nossa homenagem. Nós cremos em Vós, Pai Eterno, nosso Pai e nosso Criador. Confiamos em Vossa bondade e poder. Queremos amar-vos sempre, cumprindo Vossos mandamentos e servindo ao Vosso Filho Jesus, na pessoa de nossos irmãos. Nós Vos damos graças pelo Vosso amor e pela Vossa ternura. Vós nos atraís ao Vosso Santuário e nos acolheis de braços abertos. Vós nos guiais com os ensinamentos do Vosso Filho, nosso Senhor, e nos dais sempre o Vosso perdão. DIVINO PAI ETERNO, QUEREMOS CONSAGRAR A VÓS: Nossas famílias, para que vivam em paz e harmonia; Nossas casas, para que sejam iluminadas pela Vossa presença. Nossas alegrias, para que sejam santificadas pelo Vosso amor. Nossas preocupações, para que sejam acolhidas em Vossa bondde; Nossas doenças, para que sejam remediadas com a Vossa misericórdia; Nossos trabalhos, para que sejam fecundos com a Vossa bênção. DIVINO PAI ETERNO, Recebei a homenagem da nossa fé, fortalecei a nossa esperança e renovai o nosso amor. Da=i-nos o dom da paz e da fidelidade à Vossa igreja. Pela intercessão de Nossa Senhora, mãe do Vosso querido Filho. Daí-nos a perseverança na fé e a graça da salvação eterna. Amém!



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