Revista Ação Social - 2013, n. 3

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Ano III n0 3 | Outubro - 2013

8 Confira o trabalho de instituições que transformam a vida de crianças e adultos através de atividades que contribuem para o desenvolvimento social, humano e espiritual.

18 Entenda como carinho, paciência e atenção podem devolver a dignidade e restaurar vidas. Saiba como esses trabalhos têm contribuído para o futuro de muitas pessoas.

26 Paróquias redentoristas desenvolvem ações que promovem o bem e colaboram na formação humana dos mais necessitados.

29 Conheça os projetos desenvolvidos pela Província Redentorista de Goiás que proporcionam a famílias inteiras o despertar para uma vida com mais dignidade.

30 Veja a entrevista feita com o diretor das Obras Sociais Redentoristas em Goiás, Diác. Reinaldo Martins, e entenda como os redentoristas cumprem o carisma de levar a Boa Nova aos mais carentes. EXPEDIENTE Revista Ação Social | Informe Publicitário da Congregação do Santíssimo Redentor de Goiás

Rua 230, 256 - Vila Monticelli - CEP 74655-325 - Goiânia - GO - Tel.: (62) 4009-1266 Diretor das Obras Sociais Redentoristas de Goiás: Diác. Reinaldo Martins Jornalista Responsável: Tayrone Di Martino – DRT GO 2016 | Edição: Gabriela Canseco | Redação: Cláudia Belo, Fernanda Braga, Humberta Carvalho e Simone Borges Diagramação/Editoração Eletrônica: Elton Rosa | Arte: Camila Morais e Juliana Lima | Marketing: André Pupulin e Patrícia Holanda | Direção de Criação/Arte: Ricardo Borges Fotografia: Leandro Braz, Marcus Vinicius e Sérgio Júnior | Colaboração: Ir. Michael Goulart e Márcio Lemes Apoio: Associação Filhos do Pai Eterno | Impressão: Scala Gráfica | Tiragem: 3.000 exemplares | contato: cespe@redentorista.com.br


Ruby Lourenço

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“A Fé age pela Caridade” (Gl 5,6)

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mar ao próximo e fazer o bem sem olhar a quem é imperativo da fé cristã, pois “quem ama a Deus deve amar também o seu irmão” (1 Jo 4,21). Assim, motivados pela palavra de Deus e iluminados pela Fé, é que os Missionários Redentoristas traduzem a caridade em ação. As obras sociais redentoristas colaboram com a formação humana e cristã de muitas pessoas, especialmente crianças, adolescentes e jovens. Ajudamos a despertar e a cultivar talentos artísticos e culturais, incentivamos a prática de esportes, preparamos as pessoas para que utilizem dos recursos da informática e oferecemos cursos artesanais e do idioma Inglês. Todas as atividades ajudam a formar a consciência de cidadãos que se tornam sujeitos da própria história

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e se abrem para colaborar na promoção da vida de muita gente. É o milagre daquele princípio cristão que diz: “De graça recebeste, de graça dai”. O amor em ação não acontece só com boa intenção. A obra social desenvolvida pelos redentoristas exige uma cuidadosa e competente administração dos recursos da Congregação e a busca de voluntários e benfeitores. Contamos também com algumas ajudas que recebemos dos órgãos governamentais ligados ao terceiro setor. Portanto, tudo o que realizamos é o resultado da solidariedade de muita gente de fé e de vontade para agir. Nesta revista é possível ver um pouco do muito que realizamos. Nosso desejo é que os confrades redentoristas e os leigos associados à nossa missão conheçam melhor nossa ação social e

se conscientizem de que unidos podemos realizar mais para que os pobres e abandonados tenham vida em plenitude. Assim, nosso Deus é glorificado.

Pe. Fábio Bento da Costa, C.Ss.R. Provincial dos Redentoristas de Goiás

O Evangelho no dia a dia

odos os dias somos desafiados a assumir o apostolado da caridade para que realidades sejam transformadas. São inúmeros os problemas sociais e as dificuldades em nossas vidas e também das pessoas que estão ao nosso redor. Em comunidade, é preciso colocar em prática o Evangelho no dia a dia, fazendo o bem sem pedir nada em troca e recebendo apenas amor e gratidão. A Congregação do Santíssimo Redentor, ressaltando o carisma de Santo Afonso Maria de Ligório, atende ao chamado de ir ao encontro dos mais necessitados e abandonados. Pela solidariedade, somos movidos a colaborar. O amor do Pai Eterno dá o sustento e a força para esta caminhada missionária, que também só é possível pelo apoio recebido de quem sabe a importância que tem o ato de estender a mão ao próximo. Assim, unidos, o carisma redentorista se realiza na vida como um todo. As Obras Sociais Redentoristas, na

Província de Goiás, reacendem nas crianças, adolescentes e famílias a esperança de um mundo melhor, dando dignidade, respeito e carinho aos filhos de Deus, que não podem ser esquecidos e muitas vezes ficam à margem da sociedade. Indo além do assistencialismo, essas Obras contribuem para o desenvolvimento humano, social e espiritual. Nesse contexto, a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), por meio da Congregação Redentorista, mantém sua missão evangelizadora, em ações concretas, que só são possíveis devido à colaboração de devotos de todo o país. O amor se faz em doação e entrega, a serviço da Igreja e dos irmãos. São muitos os que estão conosco nesta obra tão maravilhosa, que acontece de maneiras tão diversas e bonitas. A fé sem obras seria ineficaz. Também a obra sem fé não tem valor. Peçamos a Deus que nos dê o dom da caridade e que ela motive nossas atitudes. Então, que sejamos fortes na fé, alegres na esperança, fervorosos na

caridade e sempre dados à oração. Santo Afonso já dizia: “O que interessa é a graça da oração, o amor de Deus e zelo pela salvação dos irmãos”. Que a fé seja a nossa guia, a esperança a nossa companheira constante e a caridade o testemunho mais concreto de que vivemos a verdade do Evangelho. Que o Pai Eterno abençoe os Seus filhos e filhas! Amém.

Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R. Reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno


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Carisma Redentorista: seguindo os passos de Cristo Jesus Dedicar ao próximo, promover o acesso à dignidade e despertar o resgate à vida. Essas são algumas das principais ações desenvolvidas pelos Missionários Redentoristas na missão de auxiliar os que precisam, promovendo assim a Redenção

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mbuídos do desejo de evangelizar, os Missionários Redentoristas, vindos da Alemanha, chegaram no dia 12 de dezembro de 1894 no sertão Goiano. Assim começaram os trabalhos da Congregação do Santíssimo Redentor em terras goianas. Os Redentoristas chegaram neste estado com a missão de cuidar da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Campininha das Flores, e também da Romaria do Divino Pai Eterno, em Trindade, movidos pelo carisma de seu fundador, Santo Afonso Maria de Ligório. Hoje a missão cresceu! Os redentoristas atendem todo o estado de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Distrito Federal. Ao longo do tempo, os Missionários Redentoristas construíram um legado que perpetua até hoje, de dedicação e entrega permanente ao auxílio dos mais pobres e necessitados. Eles realizam sua vocação em comunidade, em equipe. E a união de forças tem transformado a vida e a realidade de milhares de pessoas. Baseado nas finalidades inscritas no Capítulo II do Estatuto Social da Congregação, fomentam e reproduzem os exemplos de Jesus Cristo através de gestos e palavras. Das diversas ações realizadas pelos Redentoristas, as Obras Sociais são um exemplo do trabalho missionário e evangelizador. Construção e reforma de casas, distribuição de cestas básicas, assistência médica e hospitalar, combate e prevenção ao uso de drogas, assistência aos moradores de rua, auxílio ao estudo para jovens carentes e acolhida a idosos. Essas são algumas das ações promovidas pela Congre-

gação Redentorista em Goiás. Sempre com o olhar voltado àqueles mais fragilizados, as Obras Sociais Redentoristas dedicam uma atenção maior às crianças, adolescentes e idosos, buscando inserir e exercitar na vida de todos a educação cristã e cidadã. Lugares como o Centro Social Pai Eterno (Cespe), o Centro Social Redentorista (CSR), o Centro Educacional e Capacitação de Apoio ao Menor (Cecam), o Centro de Convivência Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Casa Talitha Kum e Escola Família Agrícola de Uirapuru (Efau) são exemplos de locais que diariamente exercem o trabalho de cultivo da fé, da espiritualidade, dos direitos e responsabilidades sociais, associado ao acesso à educação, cultura, esporte, lazer e alimentação.

Trabalho missionário

As Obras Sociais Redentoristas permitem que a promoção da vida e a educação aconteçam de forma natural. Os frutos são possíveis de serem vistos através da vivência do amor em forma de gestos de atenção e cuidado e também na partilha com os irmãos mais carentes. Toda essa luta é baseada no dever moral, na questão de justiça social e na fé, em busca da valorização da vida a serviço da construção de uma sociedade mais digna e fraterna. As ações redentoristas no campo social são um complemento da missão já realizada pela Congregação, de levar a Palavra, o amor e os exemplos de Jesus Cristo. “São

Tiago nos recorda que a fé sem obras é morta. A Constituição número cinco que rege a vida dos Redentoristas diz, porém, que a nossa ação não se restringe à pregação da palavra e ao cuidado com a vida espiritual, com a salvação das almas. A preferência pelas condições de necessidade pastoral, pela evangelização e a opção de trabalhar em favor dos pobres constituem a razão própria de ser da Congregação na Igreja”, afirma o Superior da Província Redentorista de Goiás, padre Fábio Bento.

Voluntariado

As equipes das Obras Sociais Redentoristas trabalham de forma criativa e sempre implantando novidades que seguem com o intuito de que crianças, jovens e adultos recebam atenção, carinho e ensino necessários para se desenvolverem e conquistarem um futuro digno. Os projetos realizados pelos Missionários Redentoristas são possíveis também porque contam com o apoio de pessoas movidas pelo amor, que se dedicam de forma voluntária. Esses “educadores sociais” são pessoas de bom coração, que se abdicam de um tempo de suas vidas para o bem e a partilha seus de conhecimentos. “O voluntariado é feito por pessoas da comunidade que fazem um trabalho de grande importância. Eles são muito mais que voluntários, são evangelizadores e educadores sociais”, afirma o diretor das Obras Sociais Redentoristas, diácono Reinaldo Martins. O carisma redentorista cumpre sua missão, junto a pessoas de bem, atuando em histórias de lutas, conquistas e realizações.


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Cespe: questão de fé, amor e solidariedade

O Centro Social Pai Eterno oferece oportunidades de transformação de vidas por meio da evangelização e do ensino lúdico às crianças, além de cursos de capacitação para a comunidade

“Aqui é muito bom, as pessoas são legais, a gente brinca, tem um monte de amigos. É muito legal, eu gosto muito.” A afirmação é de Adrielly Millan Silva Melo, de apenas 8 anos. Ela e o irmão, de 10 anos, frequentam o Centro Social Pai Eterno (Cespe). A mãe de Adrielly é Leidiane da Silva. Para ela, o local é especial pela segurança e o aprendizado que dá aos seus filhos. “Eu sempre quis colocar meus filhos aqui no Cespe, primeiro pela responsabilidade e seriedade que eles têm com esse trabalho, com as crianças, a forma de ensinar, tudo que eles oferecem. Eu gosto muito

daqui e meus filhos também adoram. Então o que mais me chamou a atenção foi a segurança que eles oferecem, o respeito. As crianças são muito bem tratadas aqui”, diz a mãe. Além dos benefícios que o Cespe traz para as crianças, existem ainda algumas opções de cursos que são abertos aos pais dos alunos e comunidade em geral. E esse é mais um motivo para Leidiane gostar do local. “Eu e meu esposo também fazemos o curso de inglês aos sábados. Os benefícios são muitos. Muitos pais não têm condições de pagar um curso. Para nós que já temos dois filhos, aperta. Então, é uma oportuni-

dade que eles oferecem e acaba abrindo as portas”, afirma. Outra coisa que a mãe de Adrielly gosta muito no Centro é a forma como é trabalhado o lado espiritual com as crianças. Ela afirma que a mudança no comportamento deles é perceptível: “Eu acho ótimo trabalhar também com o lado religioso das crianças, ficam mais tranquilas e aprendem a rezar desde cedo. Eles ficam com uma paz espiritual que transmite pra gente também em casa”, destaca Leidiane. Há 10 anos, a paraense Solange das Chagas Araújo se mudou para o estado de Goiás. Primeiro morou em Goiânia e há


Revista Ação Social | 9 seis anos mora em Trindade. Ela, que já se sente goiana de coração, encontrou no Cespe mais um motivo para gostar desse lugar. “Eu amo isso aqui”, diz sorrindo. Para ela, que é aluna do curso de costura, o trabalho realizado na obra é muito importante, pois é uma oportunidade de mudar de vida. “Eu já tinha vontade de fazer um curso de costura, daí fiquei sabendo aqui do Cespe por uma amiga. É muito importante a existência de um lugar assim na comunidade porque ajuda as pessoas a saírem da rua, a ter uma profissão, ter responsabilidade, equilíbrio, ocupar a mente. Bom seria se todos os setores tivessem um lugar como o Cespe”, comenta Solange. A educadora social Mara Núbia Gomes da Costa é quem ministra a oficina de costura. Ela afirma, com muita certeza, que é um trabalho diferente e muito especial: “É muito mais do que profissionalizar. A gente tem a preocupação de oferecer algo. Eles falam que vêm pra fazer o curso de costura, mas quando estão aqui, eu descubro que não é isso que eles vêm buscar, principalmente as mulheres. Aí a gente vai trabalhando aos poucos com a autoestima, com uma visão diferente da vida. Estimulando a trabalhar, a se cuidar, a se valorizar”. A educadora social Danielly Cristina Moreira de Andrade já percebeu o quanto o trabalho no Centro é diferenciado e envolvente. “O trabalho aqui é muito bonito, muito voltado para a comunidade. Eu vi as crianças carentes, tão necessitadas de carinho, de amor. Eu não conhecia esse lado, a carência delas é muito grande. Eu tento passar para essas crianças um pouco de carinho de mãe”, diz Danielly. “Poder ajudar aqui no Cespe é maravilhoso. Eu criei meus filhos aqui e hoje eles são grandes”, afirma a dona de casa Francisca Alves do Nascimento, a Tia Francisca. Muito dedicada, ela trabalha há vários anos como voluntária, preparando as refeições das crianças. E o trabalho faz com que ela se sinta cada vez mais feliz. Uma felicidade que ela gosta de compartilhar com todos a sua volta para que eles também se sintam motivados a se doarem, ajudando aqueles que precisam. “Ser voluntária aqui me ajudou a mudar o modo de viver, eu tenho até mais saúde, me sinto bem demais. Eu falo pra minha família, a gente tem que tirar um pouco do tempo da gente para doar, para ajudar. Eu me sinto feliz. Para mim é uma bênção poder ajudar essas crianças, eu me sinto realizada”, confessa.

Dia a dia no Cespe

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os dois turnos, o Centro Social Pai Eterno atende cerca de 190 crianças, de 3 a 12 anos, com oficinas lúdico pedagógicas, reforço escolar, incentivo à leitura, informática, atividades esportivas, artesanatos, teatro, dança e capoeira. E ainda, oficina de oração e visita às famílias, com acompanhamento espiritual tanto para os colaboradores, quanto para as crianças, pais e a comunidade. Aproximadamente 140 adultos participam também das oficinas de costura e informática; curso de inglês e, agora também, italiano. Além disso, este ano a instituição traz outras duas novidades: atendimento psicológico, que visa melhorar os aspectos sociais e emocionais dos atendidos; e odontológico preventivo, uma parceria das Obras Sociais Redentoristas com o governo municipal de Trindade, para beneficiar crianças e adolescentes atendidos no Cespe, no Centro Social Redentorista (CSR) e no Centro Educacional e Capacitação de Apoio ao Menor (Cecam). “O Cespe tem um papel fundamental na vida das pessoas do Setor Samarah e setores circunvizinhos, pois aqui é o lugar onde se acolhe as crianças com um trabalho diferenciado. Podemos notar que depois do Cespe houve uma evasão bem menor nas escolas devido ao nosso incentivo à educação. Hoje podemos dizer que elas são multiplicadoras de boas ações”, destaca a coordenadora geral do Centro, Lucélia Bueno. Para a coordenadora, a mudança nas pessoas atendidas pelo Cespe é nítida. “Noto que aqui, as pessoas, independentes de idade, começam a enxergar o mundo de outra forma, podendo apostar em um futuro melhor tanto para si, quanto para os seus”, completa.

Centro Social Pai Eterno (Cespe)

Endereço: Rua Teodoro Mendes Nº 475, Setor Samarah - Trindade-GO Telefone: (62) 3505-1340


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CSR: o amor que une forças

O Centro Social Redentorista leva alegria e ensinamentos para crianças, além de ajudar famílias carentes da região leste de Trindade

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eni dos Santos Almeida é uma dona de casa comum que mora há aproximadamente 27 anos no setor Ponta Kayana, em Trindade (GO). Bairro onde, em 1992, nascia o Centro Social Redentorista (CSR), com o objetivo de oferecer para as crianças, de 3 a 12 anos, daquele lugar a oportunidade de participação nas atividades socioeducativas. “Eu vi o CSR nascer e vi também a melhoria que trouxe pra região. Lembro de quando era só um cômodo”, lembra Deni. A história da dona de casa está diretamente relacionada ao Centro, onde ela trabalha como voluntária. Ela conta que seus netos também passaram por lá. Eles frequentaram o CSR até alcançarem a idade limite. Orgulhosa, Deni diz que um deles saiu de lá, fez um curso, trabalhou, agora faz faculdade e até foi contratado como educador social na instituição, ministrando as oficinas de teatro, dança e matemática.

“Meus netos foram criados comigo e era muito difícil. A casa me ajudou muito dando amor e carinho para os meus netos. Então, tudo o que eu fizer pela casa ainda vai ser pouco para retribuir o amor que meus netos receberam ali”, diz a educadora, que é responsável pelo bazar do Centro. Existem várias trajetórias de vidas que se cruzam e ajudam a construir a histó-

ria da Obra Social, como por exemplo a de Fabiana Maria da Silva Serafim. Ela mora na região do Ponta Kayana e trabalha nos serviços gerais no CSR. É mãe de três crianças – de 4, 8 e 10 anos – e todos eles participam da obra. Para a filha mais velha, Pâmela Serafim, o CSR é um lugar especial onde ela se sente muito feliz: “Eu gosto de tudo aqui, de aprender, brincar, encontrar os amigos”.


Revista Ação Social | 11 Fabiana Serafim se orgulha de fazer parte dessa história de amor e dedicação ao próximo. “Eu acho importante a forma que as crianças aqui do setor são acolhidas. E o que mais gosto é poder ajudar de alguma forma, da mesma forma que as minhas crianças foram acolhidas aqui quando eu precisei”, lembra. Assim como Deni e Fabiana, muitas outras pessoas trabalharam e trabalham no CSR. Voluntários ou colaboradores, todos eles têm a função de fazer o amor acontecer. É o caso da Maria Ferreira Nunes, ou Tia Maria, que é quem faz a comida das crianças. Para ela, ser parte dessa obra é uma doação de si e, mesmo com a correria do dia a dia, garante: “nem me sinto cansada porque a gente vê tanta criança feliz, comendo e agradecendo, tem uns que falam assim: ‘Tia, hoje você superou, você fez mais gostoso que ontem’. Isso nos alegra e motiva a fazer um trabalho cada vez melhor”. A importância da colaboração dessas pessoas para a Obra é significativa, pois é um trabalho que está diretamente ligado ao processo de aprendizagem dos pequeninos. “Essas crianças estão crescendo, estão começando a formar os seus pensamentos, a querer saber um pouquinho de si, buscar os seus sonhos. E aqui acabam despertando suas habilidades”, ressalta a auxiliar administrativa do CSR, Valéria Cintra Pereira. Valéria é uma pessoa que tem muita propriedade para falar do trabalho que é realizado no Centro. Ela foi atendida, trabalhou como voluntária e agora é contratada no CSR. “É uma instituição que trabalha com crianças e procuramos dar o melhor pra elas. É importante que as pessoas venham conhecer o nosso espaço, o nosso trabalho, para que elas sintam o desejo de ser um de nós. E o mais importante, que façam isso não por obrigação, mas por amor, com carinho”, conclui.

Atividades diárias

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dia a dia no Centro Social Redentorista é bastante agitado e começa bem cedo. Todos os dias são cerca de 200 crianças que passam pelo local. Por volta das 7h30 da manhã elas começam a chegar, são acolhidas com muito carinho e um momento de oração. Isso acontece porque todas as atividades desenvolvidas no Centro são pautadas sempre na Palavra de Deus. Então, todos os dias, os primeiros 30 minutos são dedicados a uma reflexão que segue de acordo com o tema proposto pela Igreja para cada período. Depois da oração, é hora de fazer um lanche reforçado, seguido da higienização bucal. Daí, sim, as crianças estão prontas para as atividades diárias que são oferecidas em quatro oficinas. No primeiro dia da semana, hidroginástica e futebol. Para isso, as crianças são levadas para o Centro Educacional e Capacitação de Apoio ao Menor (Cecam), que conta com piscina e quadra de esportes. Nesse dia, o CSR fica aberto às mulheres da comunidade, que participam da oficina “Mulheres criando arte e tecendo a vida”, onde elas têm a oportunidade de aprender a fazer artesanato, como biscuit. Primeiro, acontece um momento de reflexão e depois o momento de fabricar o artesanato. Nos outros dias da semana, as crianças se revezam entre as oficinas de teatro, dança, pintura em tecido, português, matemática, evangelização e judô. Além disso, para garantir a diversão dos alunos, o Centro dispõe de um pula-pula e uma piscina de bolinha, que são frutos do que foi arrecado na festa junina. Centro Social Redentorista (CSR)

Endereço: Rua das Petúnias nº 76 Setor Ponta Kayana - Trindade-GO Telefone: (62) 3294-5868


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Cecam: prevenção por meio do esporte O Centro Educacional e Capacitação de Apoio ao Menor incentiva crianças e adolescentes às práticas esportivas e ao aprendizado artístico e cultural, fundamentados na vida cristã

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dona de casa Eliane Ferreira de Souza agora vai para o trabalho tranquila. Ela sabe que seus filhos vão à escola e de lá seguem para o Centro Educacional e Capacitação de Apoio ao Menor (Cecam). “É um trabalho excelente que eles estão fazendo pelas crianças que estão nas ruas e por aquelas que não têm onde ficar depois do horário da escola”, salienta. Ela, que é mãe de Weslane Rafaela Ferreira, de 12 anos, e de Walace Átila de

Souza, de 11, conta que o comportamento dos filhos mudou depois que passaram a frequentar o Cecam. “Ela [Weslane] era uma criança que gostava muito de ficar só quieta. Agora ela gosta de participar de todas as atividades que tem lá e não gosta de faltar nem um dia”, revela. O Cecam é uma Obra Social Redentorista desenvolvida para proporcionar conhecimento e lazer aos jovens de 10 a 17 anos, incentivando-os a saírem das ruas e fazerem do tempo que têm fora da escola

um momento de aprendizado. O Centro trabalha com a prevenção às drogas e à violência, por meio do esporte e também de atividades artísticas e culturais. “Antes de entrar no Cecam, minha vida era totalmente diferente. Depois que eu entrei, minha vida agora é mais divertida. Já mudou muita coisa. Antes eu era nervosa e agora sou mais calma. Tirava nota baixa [na escola], agora minhas notas melhoraram”, lembra a estudante Weslane Ferreira.


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O cotidiano A rotina diária dos 120 jovens que frequentam o Cecam envolve futebol, vôlei, natação, hidroginástica, capoeira, jogos de tabuleiro, teatro, música, artesanato, apoio pedagógico com reforço escolar. Ao longo do dia são oferecidas três refeições. Além disso, periodicamente, são realizadas palestras de prevenção ao uso de drogas. Os trabalhos na unidade acontecem de segunda a sexta-feira, entre 7h30 e 17h. Às 7h, os alunos já começam a chegar. Eles são recebidos com um café da manhã e, em seguida, participam de uma oração. “É o momento de levarmos a Palavra de Deus às crianças e adolescentes que estão ali”, conta a educadora social Alcione Vieira da Mota. A partir das 8h, todos são encaminhados para as oficinas que se estendem até 11h, horário do almoço. Em cada período (matutino e vespertino) são ministradas três oficinas, cada uma com 60 minutos de duração. Após o almoço as atividades retornam na mesma sequência com os alunos da tarde.

Aprendizado e ensino O sorriso das crianças durante o jogo de futebol, a animação durante as aulas de natação e nas aulas de música e teatro, por exemplo, demonstram que esse trabalho é muito importante quando o assunto é formar cidadãos de bem em prol de uma sociedade mais digna e justa, sem espaço para a violência, drogas e outras situações de risco. “No Cecam, a gente aprende muita coisa que nunca pensaria em fazer, como, por exemplo, a tapeçaria. Eu nunca pensei em fazer. Lá, eu aprendi e agora sei fazer tudo quanto é tipo de tapete”, conta a estudante Weslane Ferreira. A educadora Alcione Vieira tem uma experiência de 15 anos em sala de aula. Ela conta que acreditava ter se encontrado profissionalmente, mas quando chegou ao Cecam seu pensamento mudou. “Aqui é diferente. O aluno é mais próximo da gente. Ele nos procura, nos conta os problemas de casa e tem muita confiança em nós. São crianças sofridas que precisam de nós. Um simples abraço ou um sorriso deles mostra que, aqui, sou importante”, conta emocionada.

Cecam em novo espaço No terreno ao lado Centro Social Pai Eterno (Cespe), está sendo feita a construção do novo espaço para as crianças e adolescentes do Cecam. No local, funcionarão quadra coberta poliesportiva, piscina e auditório. A obra possibilitará que as atividades realizadas pela instituição aconteçam de forma apropriada, com mais conforto e segurança. A construção começou em julho de 2013 e a expectativa é que a obra seja entregue em março de 2014. A construção é realizada pela Província Redentorista de Goiás, em parceria com a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG).

Centro Educacional de Capacitação e Apoio ao Menor (Cecam)

Endereço: Avenida Barro Preto, Chácara 1 – Vila Augusto – Trindade-GO Telefone: (62) 3506-2320


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Centro de Convivência: arte de viver bem a melhor idade Motivação, amizade, alegria, ocupação e aprendizado. O Centro de Convivência Nossa Senhora do Perpétuo Socorro promove atividades que valorizam a terceira idade

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hegar à terceira idade significa possuir uma grande sabedoria e uma significativa bagagem. São muitos anos de aprendizado, vivenciando momentos que deixaram saudade ou que de alguma forma acrescentaram como experiência de vida. Muitos dizem que chegar a essa idade é vivenciar a melhor fase da vida, pondo em prática todo o aprendizado que se teve ao longo dos anos e, de forma mais calma, assimilar as experiências e transmitir sabedoria aos mais jovens. Mas é normal nesta fase surgirem algumas queixas, como da coordenação motora que já não obedece tão bem aos comandos ou da memória que já está enfraquecida e, até mesmo, da solidão que por vezes aperta. Pensando nas pessoas com faixa etária a partir dos 55 anos e nas limitações da idade, a Fundação Padre Pelágio, a

Matriz de Campinas, a Congregação do Santíssimo Redentor e o Instituto Missionário Mãe de Deus, através de um esforço conjunto, lançaram no dia 1º de agosto de 2005, o Centro de Convivência Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O objetivo é propiciar espaço de convivência para a terceira idade, embasado em ações recomendadas pelo Estatuto do Idoso. Inicialmente, o Centro foi mantido com a renda da venda dos livros do Missionário Redentorista Pe. Rafael Vieira, com as doações de parceiros e de ouvintes da Rádio Difusora. A partir de 2010, passou a ser uma Obra Social Redentorista, sendo mantida pela Congregação e por meio de doações. Atualmente a coordenação do Centro de Convivência está sob os cuidados das Irmãs Missionárias Mãe de Deus, na pessoa da irmã Margarida Apareci-

da Pereira, que tem feito o trabalho de acolhida e oferecimento da verdadeira educação cidadã, no tocante ao respeito e à luta pela dignidade das pessoas com idade mais avançada. Cerca de 180 idosos frequentam o local, aberto de segunda a sexta, das 8h às 11h e das 14h às 17h, sempre com atividades manuais e físicas realizadas graças ao trabalho de funcionários e voluntários que não medem esforços para proporcionar a satisfação e manter o sorriso estampado no rosto de cada um. “O idoso vem fazer aquilo que ele gosta de fazer, escolhe quais dias e horários pretende participar e qual atividade quer fazer, mas a programação é livre. Para nós, o importante é que ele se sinta bem e vivencie neste lugar momentos de alegria”, destaca a coordenadora do Centro de Convivência, Ir. Margarida.


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Histórias de vida

“Aqui para mim foi uma bênção de Deus. Venho todos os dias de segunda a sexta, aqui é o meu segundo lar”.

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onviver com os idosos do Centro de Convivência é testemunhar sorrisos espontâneos, olhares de quem sabe muito da vida, histórias de superação e gente que encontrou neste lugar um novo sentido para a vida. Há seis anos a aposentada Suely Ferreira de Oliveira frequenta o local que ela considera ser sua segunda casa: “Aqui para mim foi uma bênção de Deus. Venho todos os dias de segunda a sexta, aqui é o meu segundo lar”. A aposentada conta que conheceu o Centro através de uma amiga que já frequentava e que a convidou para participar. “Vim para conhecer e nunca mais deixei de participar das atividades. É bom demais, eu saio daqui leve”, destaca Suely. A Obra Social Redentorista oferece uma estrutura completa para proporcionar alegria, saúde e lazer. Os idosos encontram oportunidade de preencherem o tempo com atividades e oficinas que são um canal para a convivência, crescimento da fé e autoestima. O Centro oferece momentos lúdicos e recreativos como jogos, dança, passeios e música; espaço para vivência da espiritualidade; espaços de convivência para um bom papo e troca de experiências; atividades físicas como hidroginástica e yoga; atendimento médico; aulas de computação, costura, bordado e pintura; cuidados com a beleza; massagens terapêuticas e diversas outras atividades. Um dia do mês é dedicado à celebração dos aniversariantes, com oração, brincadeiras, churrasco, banho de piscina, rodas de conversa e forró. Também, duas vezes no semestre, os idosos viajam sempre para um destino turístico de Goiás. “Para mim isso aqui é um pedacinho do céu, é minha segunda família”, revela a aposentada Anézia Martins de Oliveira. Ao longo de sua existência, o Centro de Convivência Nossa Senhora do Perpétuo Socorro já acolheu cerca de 500 idosos, que tiveram a cada novo dia o despertar do sentido de suas vidas, missão da Obra Social Redentorista que visa semear e aprofundar vínculos afetivos, promovendo na vida do idoso a arte de viver bem a melhor idade. Centro de Convivência Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Endereço: Rua 607, nº 525, Setor São José - Goiânia-GO Telefone: (62) 3921-5518


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Efau: melhoria da vida das famílias do campo Escola Família Agrícola de Uirapuru proporciona ensino de qualidade e formação humana para alunos na zona rural

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tender as necessidades do homem do campo sem que ele precise sair para as grandes cidades. Oferecer formação digna e de qualidade, além de preparação para a vida no campo. Com esse objetivo funciona a Escola Família Agrícola de Uirapuru (Efau), uma frente social coordenada pelo Missionário Redentorista Pe. Casildo Ribeiro da Mota e sua equipe de apoio e acolhida, no interior do Estado de Goiás. Criada há mais de dez anos, a Efau recebe alunos de diversos municípios rurais de Goiás e os ensina práticas agropecuárias para que eles saibam cuidar das propriedades onde residem e produzem para a própria subsistência. Na instituição, eles aprendem a plantar, a cuidar da terra e a tratar

dos animais. Um projeto que deu uma guinada no último ano, após firmar parceria com os Missionários Redentoristas. Localizada na zona rural, a 3 km de Uirapuru (GO), a Escola inaugurou em abril de 2013, a reforma realizada graças à parceria. Um benefício que melhorou a estrutura física e, consequentemente, o aprendizado dos 60 alunos. “A reforma foi muito boa porque beneficia diretamente as famílias da região. A escola mudou em 100%!”, afirma a diretora da Escola, irmã Elza Amada dos Santos. A obra permitiu a ampliação de toda a estrutura: dormitórios, salas de aula, cozinha, refeitório, área de lazer e área externa. Parceria que colhe frutos e beneficia diretamente os mais interessados.

“Em 2012, tínhamos 25 alunos. Com a ampliação, hoje temos 60. Antes, tínhamos que sair chamando as pessoas para conhecerem a escola e se matricularem. Agora, a realidade é outra. Não precisamos mais fazer isso”, diz Ir. Elza. E as melhorias não pararam após a inauguração. Por meio da parceria, a Efau continua mantendo os alunos - que não precisam pagar mensalidade -, os visitando em suas propriedades e realizando os encontros de formação com as famílias. E a ampliação também não parou. Mais cinco dormitórios foram construídos, além de banheiros externos, uma dispensa e um forno que atende não só a escola, mas também as propriedades vizinhas.


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A escola

A ideia de criar a instituição partiu do Pe. Casildo Ribeiro da Mota, que atua na coordenação da Efau. “Essa iniciativa surgiu a partir do nosso trabalho pastoral aqui na região. Prevendo a situação das comunidades rurais, a situação da educação no campo, fizemos muitas tentativas de ajudar a melhorar a vida do homem do campo, mas o caminho que nós encontramos no final foi o da educação. Daí surgiu a ideia de implantar esse projeto nos moldes de uma pedagogia diferente, pedagogia da alternância, que poderia facilitar a vida dos alunos e das famílias”, lembra. Em 1997, Pe. Casildo criou o projeto e em 2002 nasceu a Escola Família Agrícola de Uirapuru. Após dois anos de muita luta, as aulas tiveram início no salão paroquial da igreja local. Para a construção do prédio, a equipe da Efau recorreu à Embaixada Japonesa - que na época apoiou o projeto - e uniu forças para iniciar as obras. Em 2012, foi solicitado maior apoio à Congregação do Santíssimo Redentor – que já ajudava a escola. Os Missionários Redentoristas, incluindo o Pe. Robson de Oliveira e o Superior Provincial Pe. Fábio Bento, fizeram uma visita ao local e firmaram a parceria para reformar a instituição. Para quem é aluno, o reconhecimento pelo serviço de amor prestado. “Essa que é a diferença da Escola Família Agrícola de Uirapuru. Os jovens das outras escolas do município pensam em terminar o ensino médio e ir para a capital estudar mais e sair da propriedade. Nós temos um pensamento diferente: obter o conhecimento

para trabalhar em nossa propriedade”, reconhece o aluno Antônio Carlos de Lima, de 17 anos.

Funcionamento

Desde o início dos trabalhos, a Escola Família Agrícola de Uirapuru já formou 120 alunos. Durante 15 dias do mês, eles permanecem por tempo integral na Escola, o que facilita o deslocamento e a frequência, visto que a maioria mora longe, em regiões vizinhas e assentamentos. A instituição recebe estudantes de oito municípios goianos. São, na maioria, alunos que concluíram o ensino fundamental. Também estão matriculadas pessoas com mais idade que deixaram os estudos e desejaram retomar a vida escolar. Dezoito colaboradores, entre professores, administradores e pessoal de serviços gerais, trabalham para atender a demanda. “A Escola mostra essa realidade importante da nossa fé, uma fé vivida. Cada aluno está se transformando também em um agente modificador e transformador. Aqui, eles não recebem só uma formação intelectual, aqui eles recebem uma formação humana. E mais que humana, uma formação cristã”, destaca Pe. Casildo.

Ensino

O ensino oferecido na Escola Família Agrícola é diferente do que se vê nas escolas tradicionais, pois é integrado. “São três anos, o 1º, 2º e 3º ano, em que eles cursam

o ensino médio e o técnico profissionalizante. Neste último, tudo que aprendem é voltado para o campo e para a necessidade das famílias que nele vivem. Durante os 15 dias em que os alunos voltam para suas casas, as famílias preenchem formulários destacando suas principais atividades, dificuldades e o que pode ser melhorado. Assim, o ensino técnico é direcionado para essas necessidades, o que beneficia diretamente as famílias. “O conhecimento que adquirimos aqui pode ser implantado na nossa propriedade. Além do mais, podemos ajudar nossos pais, o que é muito interessante e diferente”, diz a aluna Mayara Lorraine Alves, de 18 anos.

Acolhimento

Outra frente de ação social que o Missionário Redentorista Pe. Casildo Ribeiro desenvolve em Uirapuru é o acolhimento de alguns jovens em sua residência. O objetivo é proporcionar crescimento e o desenvolvimento humano. Na casa de apoio já passaram mais de 20 crianças, todas com histórias tristes e marcantes. Na residência, elas recebem amor e carinho, e vivenciam a experiência de ter uma família. As crianças que hoje moram na casa de acolhida estudam na Efau, e como as tantas outras, fazem planos para o futuro e sonham com uma vida cada vez melhor e mais feliz.

Escola Família Agrícola de Uirapuru

Endereço: GO-156, km 29, a 3 km de Uirapuru-GO Telefone: (62) 8203-7740 / (62) 8288-8292


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Casa Talitha Kum: o despertar para uma nova vida Sob os cuidados das Irmãs Passionistas, com ajuda da Congregação Redentorista, meninas e mulheres encontram oportunidades de construir um futuro melhor

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á 15 anos instalada em Goiânia (GO), a Casa da Criança e do Adolescente Talitha Kum, que em hebraico quer dizer “Levanta-te menina”, oferece um trabalho com a mesma essência do nome: resgatar meninas e mulheres em situações de risco, como moradoras de rua e usuárias de drogas, afim de proporcionar uma ação educativa com inclusão social. “Talitha Kum foi um nome escolhido pelas irmãs que deram início aos trabalhos porque Jesus em suas curas encontrava muitos sofredores e em uma das curas ele foi chamado para ressuscitar uma jovem. Então as meninas de nossa realidade, que hoje estão em situação de rua e risco, precisam dessa ajuda e elas são capazes de levantar”, explicou a coordena-

dora da Casa Talitha Kum, irmã Fátima Cipriano Sampaio. O projeto, realizado sob a coordenação das Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz, é possível através de doações da comunidade, convênios e da parceria com os Missionários Redentoristas, que cederam o espaço onde funciona o abrigo e auxiliam na manutenção do local. O imóvel é amplo e permite que as meninas sejam bem acolhidas. Antes de serem encaminhadas à casa, as meninas são acompanhadas nas ruas por religiosos e leigos voluntários, que

procuram conhecer, criar e fortalecer laços, acompanhar e encaminhar as jovens para tratamentos de dependência química, ajudando no processo de busca e de encontro. Desse modo, são encaminhadas à Casa Talitha Kum somente as meninas que manifestam o desejo, de forma livre, para a mudança de vida. O dia a dia das moradoras é baseado em uma rotina preparada pelas irmãs que inclui, além da escola para aquelas que estão em fase escolar, a divisão dos afazeres domésticos, momentos de oração, lazer e o desenvolvimento de atividades ocupa-

Casa da Criança e do Adolescente – Casa Talithta Kum

Endereço: Rua 02, Qd. 21, Lt. 07, nº 830, Jardim Goiás - Goiânia-GO Telefone: (62) 3218-2070


Revista Ação Social | 21 cionais, como oficina de artesanato onde produzem colchas de fuxico, almofadas e bonecas, todos feitos com materiais provenientes de doação. As meninas acolhidas na Casa Talitha Kum recebem apoio psicológico e motivacional com o intuito de desenvolverem e terem um futuro melhor, resgatando seu maior bem: a dignidade humana. Muitas das jovens que já viveram no abrigo, hoje seguem com a vida e ainda são acompanhadas pelas irmãs. “A gente procura fazer a inclusão inserindo-as na sociedade. Elas

frequentam escolas e convivem com pessoas que vêm até nossa casa para momentos de confraternização”, relata Ir. Fátima.

Melhorias e crescimento

O ano de 2013 trouxe melhorias para o abrigo. A casa encontra-se totalmente reformada e com uma cobertura na quadra de esportes. Os Missionários Redentoristas seguem melhorando e ampliando os vínculos sociais da Casa Talitha Kum com outras Obras Sociais da Congregação do Santíssimo Redentor de Goiás, oferecendo

formação para que os coordenadores estejam sempre atualizados na área da assistência social. São 15 anos de história, de uma missão de amor, carinho, cuidado e atenção. Ao longo desse tempo, cerca de 200 meninas já passaram pela Casa Talitha Kum. Como pedras preciosas, foram e continuam sendo lapidadas graças à vontade própria, ao carisma e presença da Congregação Redentorista, e àv dedicação constante da Congregação das Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz.


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Pastoral de Rua: um lanche, um agasalho, um abraço Grupo Filhos e Filhas da Misericórdia, em parceria com Missionários Redentoristas, acolhe irmãos em situação de rua, levando mensagem de amor do Divino Pai Eterno

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colher aos mais necessitados. Espalhar o amor do Pai Eterno entre aqueles que mais precisam. Uma palavra amiga, um abraço ou, simplesmente, alguém para ouvir. O trabalho da Pastoral de Rua da Arquidiocese de Goiânia, em parceria com os Missionários Redentoristas, tenta preencher esse vazio, se aproximando dos irmãos que vivem em situação de rua e levando a eles esperança e fé. No Brasil, cerca de 1% da população vive em situação de rua, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pode parecer pouco, mas são cerca de 1,8 milhão de pessoas nessa condição. E em meio à solidão, à escuridão da noite e ao frio da madrugada, os moradores de rua de Goiânia (GO) recebem, uma vez por semana, a visita do Grupo Filhos e Filhas da Misericórdia. Criado há oito anos, há dois o Grupo da Arquidiocese firmou uma parceira com os Missionários Redentoristas. Ao unir forças, as entidades conseguiram proporcionar maior e melhor acolhimento aos irmãos que vivem nas ruas, oferecendo um pouco de dignidade e carinho. “Mudou tudo. Aumentamos a quantidade e a qualidade dos lanches distribuídos. A parceria foi de extrema importância. Depois que os padres redentoristas começaram a ajudar, a Pastoral tomou outro rumo, outra estrutura”, comemora o coordenador do Grupo, Nelson Antônio.

Acolhida

Formado por voluntários, o Grupo Filhos e Filhas da Misericórdia, que se reúne na Igreja Matriz de Campinas, em Goiânia, sai às ruas da capital goiana todas as segundas-feiras à noite para oferecer alimento, agasalho e atenção para aqueles que vivem pelas calçadas, desamparados. Ao todo, são distribuídos cerca de 300 lanches durante as noites, 1.500 em um único mês. A cada segunda, quarta e sexta, o Grupo também faz a doação de 50 marmitas na hora do almoço. Um projeto ainda novo, que além de acolher, ajuda a matar um pouco da fome de uma das parcelas mais desfavorecidas da sociedade. Ainda como parte do trabalho de acolhida, a Pastoral doa cobertores, roupas e sapatos. Em época de frio, os agasalhos distribuídos fazem a diferença para quem

não tem um teto. Uma forma de atender às necessidades mais básicas e se aproximar dessas pessoas que, em muitos casos, não tiveram a oportunidade de estudar, trabalhar e conquistar uma moradia digna.

Solidariedade

Mais que alimentar e aquecer, o Grupo visa um objetivo ainda mais nobre: “Escutar, ouvir a pessoa em situação de rua. Acolher o pobre e ouvir o que ele tem para dizer. Queremos ser o ouvido que ele precisa”, explica Nelson Antônio. Assim, o lanche e o agasalho se tornam pretextos para iniciar uma relação de carinho e solidariedade. “Como chegar até essas pessoas? Como iniciar um relacionamento? Ninguém acredita neles e o lanche se torna um motivo para nos aproximarmos. Essa é uma maneira de levar até eles a mensagem de amor do Pai”, diz o coordenador do Grupo.

Quem trabalha na Pastoral garante que a experiência é única e emocionante. Fazer o bem aos moradores de rua é uma forma de ver o quanto se pode servir a Deus na pessoa do próximo. Um lanche ou um minuto de atenção que faz diferença para muitos corações. “Para mim é muito gratificante porque você vê um irmão na rua sem comer há muitos dias e você chega e oferece um lanche. Ele te agradece tanto e não quer só um lanche, ele quer um abraço. É muito bom participar, muito bom estar na rua para levar esse lanche para eles”, declara a voluntária Advalda Sandra Praxedes. “Muitas vezes, nós, com o intuito de ajudá-los, acabamos ajudando a nós mesmos. O maior beneficiado dessa ajuda acaba sendo a gente. Às vezes acabamos nos compadecendo tanto com os problemas do próximo que vemos que nosso problema é muito pequeno”, diz Nelson.

Pastoral de Rua

Endereço: Matriz de Campinas - Goiânia-GO Telefone: (62) 9975-4203


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Vila São Cottolengo: um brilho de esperança Instituição atende pacientes com deficiências múltiplas e em situação de vulnerabilidade social, sendo uma das mais tradicionais entidades filantrópicas do Centro-Oeste

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Vila São Cottolengo é uma instituição filantrópica que atende e acolhe pessoas com deficiências múltiplas, em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia (GO). Criada em 1951 pelos Missionários Redentoristas, é administrada pelos padres da Congregação do Santíssimo Redentor e pelas Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. São mais de 60 anos trabalhando para promover vida de qualidade. Reconhecida pelo atendimento à pessoa com deficiência física, auditiva e de reabilitação, a Vila atende, atualmente, 365 pacientes de longa permanência, em tempo integral, e cerca de 604 mil pacientes ao ano, na estrutura do Hospital de Medicina Especializada na Atenção à Saúde Auditiva, Física e Reabilitação. “Aqui não é apenas um lugar onde tem alimento e medicamento, mas tem o necessário para que eles tenham uma vida mais humana. É proporcionar vida com qualidade a cada pessoa com deficiência e em vulnerabilidade social”, diz a coordenadora administrativa da Vila, Ir. Vanyr Martins, sobre o trabalho de assistência prestada pela instituição.

Moradores da Vila

Os 365 pacientes internos da Vila São Cottolengo dependem de cuidado total. Além de alimentação, eles recebem cuidados básicos de higiene e vestuário, assistência médica, atendimento terapêutico, cuidados especiais e muito carinho. Pessoas em situação de fragilidade que precisam de atenção especial e encontram, na Vila, o auxílio que tanto necessitam. Ações concretas de solidariedade que se baseiam no amor ao próximo. É o amor do Pai Eterno transformando vidas.

Para oferecer um trabalho de qualidade, a Vila conta com equipe de médicos das diversas áreas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, terapeuta ocupacional, assistente social e educadores físicos. Ao todo, são 11 unidades de atendimento para atender a demanda interna. Cada uma é dividida de acordo com sexo, idade e grau de independência dos pacientes. As unidades contam com Posto de Enfermagem devidamente aparelhado, onde médicos e enfermeiros prestam assistência em tempo integral. Para se manter, a Vila recebe a ajuda do governo estadual, de parceiros e voluntários. Atualmente, do total dos recursos que mantêm a casa, 70% são provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os outros 30% vêm de doações.

Hospital São Cottolengo

Por meio de convênio com o Ministério da Saúde, a Vila mantém também o Hospital de Medicina Especializada na Atenção à Saúde Auditiva, Física e Reabilitação. A unidade conta com centros médico, de diagnóstico, cirúrgico, odontológico e terapêutico e atende, diariamente, mais de 2 mil pacientes externos. São realizados atendimentos em diversas áreas médicas, como angiologia, pediatria, cardiologia, clínica geral, oftalmologia, entre outros. Além disso, o hospital oferece terapias como psicologia, equoterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia.

Baseado no compromisso social com a população, o hospital atende pela rede suplementar, SUS e de forma particular, com o valor das consultas abaixo do que é cobrado nas redes particulares.

Terapia e Música

A terapia para os pacientes no dia a dia vai além dos métodos convencionais e o trabalho com a música possibilita até a encontrar novos talentos. A Banda Inclusiva Luar é composta por pacientes da Vila e é um dos carros-chefe da instituição. O desempenho alcançado pelos integrantes extrapola o trabalho terapêutico. Através da música, muitos encontram a capacidade de vencer os bloqueios e desafios. A ideia começou despretensiosa, com o objetivo de ser uma opção diferente durante as sessões de fisioterapia. Os internos assimilaram a proposta e hoje ensaiam não só para os eventos musicais, mas, sobretudo, para uma vida com qualidade garantida por meio dos exercícios diários da fisioterapia. O nome da banda faz referência ao slogan da Vila São Cottolengo: “Nem a lua precisa do corpo inteiro para encantar o mundo”. Mais que se doar ao irmão, o trabalho da Vila é uma maneira de colocar em prática o Evangelho e os ensinamentos de Jesus Cristo, de maneira solidária e caridosa. Sobretudo, uma lição de que viver não significa estar livre dos problemas e das tristezas. Mas, sim, reconhecer que há força para superar os limites e vencer as barreiras.

Vila São Cottolengo

Endereço: Av. Manoel Monteiro, n° 163 Bairro Santuário – Trindade-GO Telefone: (62) 3506-9000


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Em nome de uma vida melhor Mais do que atender crianças e famílias carentes, as Obras Sociais Redentoristas, desenvolvidas em paróquias, apresentam caminhos para uma vida de conhecimento e novas oportunidades Em Goiânia (GO), Trindade (GO), São Sebastião (DF) e Confresa (MT). As obras paroquiais mantêm a missão redentorista de levar melhorias e colaborar na formação humana. As ações apresentadas acontecem com um objetivo em comum: promover o bem.

Centro Social São Geraldo Localizado na cidade de Confresa (MT), o Centro Social São Geraldo foi criado há pouco mais de um ano. Em 2010, o padre Gerado Teixeira iniciou seu trabalho rezando nas casas, formando, assim, a Comunidade São Geraldo. Um barracão foi construído para a realização das atividades, mas uma forte tempestade, em 2011, destruiu quase tudo. De lá para cá, começou o processo de reconstrução. “Tomamos a iniciativa de construir uma sala, que chamamos de Sala das Pastorais, com 70 m², que já está quase pronta, com dois banheiros”, relata o coordenador do Centro Social, Irmão Sebastião Camargos. No espaço, ainda em construção, são realizados os encontros da catequese (uma vez por semana), a celebração das missas (duas vezes ao mês), o curso de pintura em tecido e as aulas de violão (todos os sábados e domingos). Com o apoio da Paróquia São Sebastião, o Centro também distribui cestas básicas.

O Centro Social incentiva, ainda, o esporte. O time de futebol Esporte Clube São Geraldo reúne adolescentes de 13 a 17 anos de idade. Segundo o coordenador, o objetivo é crescer e atender mais pessoas em áreas diversas. “Temos vários planos para o próximo ano, um deles são as aulas de informática”, afirma. O Missionário Redentorista explica que sempre se preocupou com a questão social e tudo isso é um sonho que está se realizando. “O objetivo é a promoção da vida, de fazer das pessoas agentes de si mesmo e, principalmente, dos mais pobres e necessitados”, pontua. A dona de casa Antônia Ângela da Silva é casada e mãe de três filhos, todos participam do time de futebol. “É bom porque

as crianças agora tem uma opção de lazer e a gente pode participar das missas, já que o Centro Social fica perto de casa”, conta. Com orgulho, ela revelou que o esposo, Davi Freitas da Silva, é pedreiro e trabalhou na reconstrução do Centro Social.

Centro Social São Geraldo

Endereço: Rua Jerusalém, Qd. 06 - Jardim do Édem - Confresa-MT Telefone: (66) 8430-0167

Associação Casa da Esperança (Acade) “Dignificar a vida humana, promovendo ações como cursos de artesanato e informática afim de amparar quem mais necessita”. É assim que a coordenadora Neide Alves de Oliveira Leite define o objetivo da Associação Casa da Esperança (Acade). A instituição foi criada para ampliar a assistência social promovida pelo Paróquia Divino Pai Eterno, conhecida como Igreja Matriz de Trindade (GO). Com um atendimento pautado na fé e no amor ao próximo, cerca de 50 pessoas estão envolvidas no acolhimento e assistência às famílias trindadenses que necessitam de atenção especial. A Associação promove cursos de artesanato, como bordado, crochê e oficina de informática para que essas pessoas possam ter novas possibilidades e assim caminhar com dignidade. Há apoio também com a doação de cestas básicas e acompanhamento

psicológico das famílias cadastradas. Atualmente são atendidas 150 famílias. As doações são feitas com a colaboração da comunidade, empresas parceiras e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), por meio do Mesa Brasil, uma rede nacional de bancos de alimentos. A dona de casa Valdete Maria dos Santos, de 61 anos, frequenta a Acade há cinco anos. Ela recebe cestas básicas e medicamentos. “A Acade mudou a minha vida. Aqui eu me distraio, aqui eu tenho amigos e sinto como se fosse a minha casa”, conta. A Acade, nas palavras da coordenadora Neide Alves, trabalha com a premissa de que “o bem maior não é para

quem recebe e sim para quem doa”. Para ela, é “um aprendizado único ao ofertar esperança e doar. É uma troca mútua”.

Associação Casa da Esperança- Acade

Endereço: Avenida Francisco Paulo Ramos nº 440 - Vila Pai Eterno - Trindade-GO Telefone: (62) 3110-0175


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Centro de Assistência Social de Campinas (Casc) O Centro de Assistência Social de Campinas (Casc), em Goiânia (GO), atende pessoas carentes, entre crianças, adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua, gestantes e idosos. Cerca de mil famílias são atendidas mensalmente. O trabalho é voltado para o acolhimento daqueles que necessitam e vivem diariamente enfrentando riscos pessoal e social. A instituição oferece atividades como o apoio psicossocial às gestantes, alfabetização de jovens e adultos, cursos de informática, oficinas profissionalizantes de costura industrial e artesanato, além de projetos de moradia e de assistência e promoção das famílias de baixa renda. As pessoas cadastradas recebem a visita de assistentes sociais que analisam a necessidade de cada um que procura atendimento no Casc. A partir disso, eles podem participar das atividades desenvolvidas e contar com assistência médica, nutricional, psicológica e orientação jurídica. Maria Helene Tomazeti, de 75 anos, tem

o auxílio do Centro de Assistência Social de Campinas. Ela recebe a doação de fraldas descartáveis para o filho, de 45 anos, que precisa de atenção especial. “Eu acho aqui uma maravilha. Toda vez que venho sou bem recebida. Agora quero me matricular e começar o curso de bordado”, afirma.

O Casc conta com sete colaboradores e 46 voluntários. Para a coordenadora, Ir. Maria José Oliveira, é uma alegria fazer parte deste trabalho: “É gratificante porque nós temos a possibilidade de ver o próprio Jesus no rosto das pessoas sofridas que aqui vêm”.

Centro de Assistência Social de Campinas - Casc

Endereço: Rua Morais – Setor Campinas – Goiânia-GO Telefone: (62) 3533-5321

Ação Social Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Creche Promovida)

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ducação, cultura e fundamentos da vida cristã. As crianças de 6 a 14 anos que frequentam a Creche Promovida participam de atividades que visam a formação de cidadãos cientes de seu papel transformador na sociedade. Hoje, com 15 anos de história, o projeto atende 220 crianças e adolescentes. A rotina da creche envolve complemento ao ensino escolar, aulas de violão, balé, informática e atividades esportivas dirigidas. Segundo a coordenadora, Maria Selma Pereira de Freitas, um dos objetivos é formar homens e mulheres com senso crítico e bom relacionamento interpessoal. “Acreditamos que a maioria desse público tornar-se-á multiplicador de valores representativos para uma sociedade com dignidade humana equitativa. Disponibilizamos nossos dons com alegria e gratidão para concretizar o sonho de Deus por um mundo de justiça e paz”, ressalta. Além das atividades diárias, é oferecido, ainda, atendimento de especialistas em odontologia, dermatologia, ginecologia, oftalmologista e clínico geral. Ao todo, 16 colaboradores trabalham no projeto, que

ainda conta com voluntários envolvidos direta e indiretamente, de forma generosa e desprendida. “Contamos com profissionais da área de saúde e outros profissionais como advogados, pedagogos, bibliotecária, músico, assistente social, além de outras parcerias, como Instituto Sabin e Grupo Soroptimist”, informa a coordenadora. A Creche Promovida é um projeto da Ação Social Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. É uma organização não governamental (ONG) administrada pela Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Lago Sul, em Brasília (DF), e tem o apoio da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São Sebastião (DF), onde a instituição funciona. O trabalho foi iniciado pelo padre redentorista Júlio Negrizzolo e lideranças da igreja depois de serem sensibilizados com a quantidade de crianças e adolescentes que

viviam nas ruas e pediam esmolas no semáforo em frente à paróquia em Brasília. O presidente da Ação Social Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Pe. Abdon Dias Guimarães, também ressalta a importância do projeto: “Fico muito feliz ao perceber que além dos Missionários Redentoristas e das irmãs, temos a colaboração das pessoas, não apenas por meio do apoio financeiro, mas especialmente com o trabalho voluntário. É um milagre o que realizamos há 15 anos na vida de tantas pessoas, sem nunca ter recebido nenhum recurso público”. O Promovida tem feito a diferença na vida das crianças de São Sebastião (DF). “As pessoas que trabalham na creche mostram na prática o significado da palavra ‘amor’, muito falada e pouco praticada. Aqui, este ato é fácil de ser percebido nos gestos, nas atitudes e dedicação”, enfatiza Antônio Francisco da Costa Leite, pai de um dos atendidos pelo projeto.

Creche Promovida

Endereço: Rua do CAIC, 270, Centro - São Sebastião-DF Telefone: (61) 3335-7031


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Semeando conhecimentos e transformando vidas Missionários Redentoristas apostam em projetos que contribuem para a transformação na vida de jovens, famílias e comunidades carentes

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Província Redentorista de Goiás acredita que o amor ao próximo pode mover montanhas e transformar as dificuldades em lutas por uma vida mais digna. É com esse pensamento que projetos estão sendo desenvolvidos. São comunidades recebendo os benefícios da Ação Social Redentorista; jovens que estão tendo a oportunidade de ter uma formação escolar de qualidade, por meio do projeto Ensinando para a Vida; e famílias sendo atendidas pelo Morar com Dignidade. Conhecer cada um desses projetos é perceber que pequenas ações e iniciativas podem auxiliar para que vidas sejam melhoradas e famílias ganhem um novo ponto de partida.

Ação Social Redentorista

Em nome do amor e na certeza de um mundo melhor, a Congregação do Santíssimo Redentor de Goiás promove, anual-

mente, o Projeto Ação Social Redentorista. Uma forma de atender as necessidades de comunidades carentes na tentativa de eliminar ou, ao menos, minimizar os altos índices de marginalidade, abandono social e a falta de escolaridade. Desde que foi lançado, em 2011, o projeto tem crescido. A primeira edição aconteceu no Assentamento Canudos, no município de Campestre (GO). Cerca de 700 pessoas participaram, segundo levantamento da Polícia Militar. Em 2012, foi a vez da própria cidade de Campestre receber a Ação Social Redentorista. O projeto aconteceu em parceria com a Paróquia São Sebastião e levou à comunidade atendimentos médicos, oficinas, palestras e serviços de estética. A ideia é levar para fora dos muros, o que já é realizado nas Obras Sociais Redentoristas. Em 2013, a Ação Social acontece no Residencial Real Conquista, em

Goiânia (GO). “Acredito muito que essa ação desperta a comunidade para se agrupar em prol de uma vida melhor, de uma partilha entre as pessoas”, afirma a dona de casa Terezinha Lima Silva. Para a costureira, Maria Isaías da Costa e Silva, o projeto é uma maneira de unir mais a comunidade e criar o sentimento de que a situação pode mudar para melhor. Ela acredita que os envolvidos nesta ação “são anjos enviados pelo Pai Eterno”. O projeto é planejado com a comunidade, que se torna agente ativo da ação. O trabalho não se resume em apenas um dia. Depois de todo o planejamento, os trabalhos começam a ser desenvolvidos durante a semana que antecede o dia da Ação. É o momento de mobilização que envolve a comunidade e atrai as pessoas para as atividades que serão realizadas. O projeto é desenvolvido ao longo de uma semana


Revista Ação Social | 29 com oficinas e palestras. A comunidade conta também com atendimentos na área da saúde. A Ação Social Redentorista recebe a colaboração de voluntários. São pessoas que acreditam que a vida de pessoas carentes pode ser transformada. Seja com uma conversa, com um atendimento médico ou através de uma oficina de artesanato. Esses voluntários têm contribuído para levar às comunidades carentes de amor e esperança a certeza de que mudanças podem acontecer. “Fazer parte dessa equipe é motivo de orgulho e realização profissional, me motiva e me faz acreditar que Deus nos permite viver para aprender com o próximo”, revela Lucélia Bueno, membro da equipe organizadora.

Morar com Dignidade

Uma das missões da Província Redentorista de Goiás é tornar realidade a copiosa redenção para os mais humildes e carentes. O projeto Morar com Dignidade foi criado para levar uma vida mais digna às famílias que não têm onde morar ou vivem em residências alugadas. “Este projeto visa fortalecer os vínculos familiares e consequentemente os vínculos sociais, contemplando famílias que muitas vezes estão às margens da sociedade”, explica o ecônomo da Província Redentorista de Goiás, Pe. João Bosco de Deus.

Ao todo, o projeto já contemplou mais de dez famílias. Cinco casas foram construídas e mais dez passaram por reforma e ampliação. Em 2013, uma casa foi construída e outra deve ser iniciada até dezembro. As residências possuem cerca de 80 m² e são construídas levando em consideração as ideias e opiniões das famílias para seus lares. Além disso, tudo é acompanhado por um profissional responsável para assegurar a qualidade da edificação. Cada família atendida possui uma história. Os relatos mostram que dar um novo lar a uma pessoa, é também dar a oportunidade de, muitas vezes, recomeçar tudo outra vez. A auxiliar de serviços gerais Viviane Aparecida da Costa é divorciada e mãe de duas filhas. Ela ganhou parte de um lote e a Província construiu sua casa. “Esse projeto me deu a chance de morar com dignidade. Receber este benefício proporcionou mais conforto a toda minha família”, lembra. Para o Pe. João Bosco, participar desse projeto mostra que o Reino de Deus pode acontecer a partir dos pequenos gestos e ações assumidas com amor e fidelidade ao Evangelho. “É sentir o coração bater visualizando o bem e o amor sendo plantado e semeado no seio de todas essas famílias beneficiadas. É simplesmente ver o Evangelho acontecendo na vida dessas famílias”, garante.

Ensinando para a Vida

Todos os anos, dezenas de jovens deixam seus lares para se dedicarem à vida religiosa na busca de um mundo melhor, mais humano e digno. A esses jovens, a Congregação do Santíssimo Redentor de Goiás possibilita o acesso ao conhecimento, desde o ensino médio até o ensino superior. O Projeto Ensinando para a Vida tem fornecido a possibilidade de estudo em instituições que garantam uma formação humana de qualidade. O projeto é destinado a pessoas carentes e aos seminaristas redentoristas que são jovens vocacionados que recebem, além dos estudos, alojamentos, alimentação, assistência médica e odontológica e todo um aparato motivacional. “Nosso anseio é que todos sejam repetidores de uma cultura ética da solidariedade e da paz”, afirma o Superior Provincial de Goiás, Pe. Fábio Bento. Atualmente, o Projeto Ensinando para a Vida mantém 46 estudantes, sendo 11 deles no ensino médio e 35 no curso de Filosofia. No entanto, há a possibilidade da graduação em outros cursos como Administração, Marketing, Jornalismo, História, Letras ou Direito. Para André Luís Justino, um dos beneficiários e que trabalha para a Congregação do Santíssimo Redentor, a ajuda dada gera frutos: “Compartilho o sonho de poder viver muito para ver e presenciar cada vez mais a dignidade humana semeada na ação social e missão dos redentoristas”.


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“Unidos em Cristo para viver e crescer em comunidade” A Congregação do Santíssimo Redentor, Província de Goiás, segue os passos de seu fundador, Santo Afonso Maria de Ligório, por meio das Obras Sociais Redentoristas. O chamado é para a evangelização dos pobres, dos abandonados e esquecidos pela sociedade. E, para entender melhor como esse trabalho é desenvolvido, o diretor das Obras Sociais Redentoristas em Goiás, Diác. Reinaldo Martins, explica: “Nossa missão é sermos solidários, assim como Deus é solidário conosco, fazendo-se homem, vindo ao nosso encontro e dando a vida para nos salvar. E este é o maior mandamento, que nos amemos uns aos outros”. Confira a entrevista! REVISTA AÇÃO SOCIAL – Quais são as Obras Sociais Redentoristas? DIÁC. REINALDO MARTINS – Quando fala-se em Obras Sociais Redentoristas adentramos em um campo muito amplo. Temos o Centro Social Pai Eterno, conhecido como Cespe; Centro Social Redentorista, o CSR; o Cecam, Centro Educacional e Capacitação de Apoio ao Menor; o Centro de Convivência Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; a Talitha Kum; a Escola Família Agrícola de Uirapuru; a Vila São José Bento Cottolengo todas essas mantidas ou administradas pela nossa Província. Além disso, temos ainda as obras sociais paroquiais, nas paróquias que estão aos cuidados dos Missionários Redentoristas: o Acade, que é a Associação Casa da Esperança, na Paróquia Divino Pai Eterno, em Trindade; a Promovida, uma creche que é referência na cidade de São Sebastião, Distrito Federal, e é mantida pela Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do Lago Sul; temos também o Casc, que é o Centro de Assistência Social de Campinas, mantido pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Santuário Mãe do Perpétuo Socorro; e uma novidade, começando agora, o Centro Social São Geraldo, em Confresa, no Mato Grosso. Além de todos os espaços físicos aqui mencionados, temos também alguns projetos, como a Ação Social Redentorista, que trata-se de um movimento especial que acontece todos os anos no período de uma semana, em uma comunidade carente, onde a escolha desse local é avaliada por uma comissão organizadora; o projeto Ensinando para a Vida contempla pessoas que precisam de auxílio para ingressar no curso básico, superior ou técnico; o projeto Morar com Dignidade, auxilia pessoas carentes na construção de suas casas, aquisição de terreno, e até mesmo reformas. Enfim, são muitos os projetos, e quando se fala em Obras Sociais

Redentoristas devemos ter uma ampla visão de todo o trabalho. Sabemos que todos esses projetos estão diretamente ligados à Província, a nossa missão redentorista de fazer o Reino acontecer segundo o Espírito de Santo Afonso nos tempos de hoje. E o espírito é essa presença missionária da Igreja junto aos menos favorecidos. Tendo por base o Santo Evangelho, e nosso carisma dentro da Igreja: “Enviou-me para evangelizar os pobres” (Lc 4,18). Como é o trabalho dos redentoristas através das obras sociais? Santo Afonso deixou-nos um legado e chama-nos a evangelizar de maneira especial os pobres, que são muitas vezes os abandonados e esquecidos pela sociedade. Somos anunciadores de Cristo pela pregação do Evangelho, na promoção da dignidade da pessoa humana. A Congregação, sempre preocupou-se muito com isso, desde sua origem; e em nossa Província não foi diferente, sempre tivemos esse trabalho de solidariedade e o compromisso com os mais necessitados. Um exemplo disso foi a criação da Vila São Cottolengo em 1951, pelo Pe. Gabriel Campos Vilela. No início, com o intuito de abrigar os moradores de rua que vinham a Trindade por ocasião da Romaria ao Divino Pai Eterno, e hoje é um grande complexo de reabilitação hospitalar e de acolhida a deficientes físicos e mentais. Também há 20 anos, se pensou o Centro Social Redentorista, em um setor afastado do centro de Trindade, o Ponta Kayana. Foi um modo de responder a urgência pastoral de evangelização e de oferecer dignidade às pessoas. Da mesma forma, o Cespe há 10 anos foi fundado com

esse intuito, antes mantido pela Associação Servos de Jesus que procurou a Congregação para que pudéssemos assumir aquele compromisso, aquele trabalho de evangelização no setor Samarah, uma região muito carente de Trindade. Conta-se que há alguns anos aquela era uma área de zona de prostituição e hoje o setor ganhou outro rosto, outra estrutura e automaticamente gerou dignidade para os moradores. O Cespe também nasceu com esse carisma de ser uma presença da Igreja nas periferias. E assim todas as outras Obras Sociais da Congregação, que trabalham isso como um carisma fundacional. Fazer-se presente, junto ao povo simples, faz parte da missão do redentorista, buscando assim uma transformação na vida dessas pessoas. Qual a importância de ajudar o próximo? Ajudar faz parte do ser humano. O Papa Francisco utiliza a palavra solidariedade: estar unido ao outro no sentido de sentir com o outro as dores, as angústias, as tristezas, as alegrias. Então, ser solidário é viver com o outro as alegrias e tristezas. Para mim é fundamental, acho que é constitutivo do ser humano, ser solidário com o próximo, ajudar o outro. Porque, quando

Então, ser solidário é viver com o outro as alegrias e tristezas. Para mim é fundamental, acho que é constitutivo do ser humano ser solidário com o próximo, ajudar o outro.” “


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eu ajudo, fico tão unido com meu irmão que as dores dele se tornam minhas dores. Não há diferença entre a dor dele e a minha dor, o sofrimento dele e o meu sofrimento. Quando ele se alegra, eu me alegro com ele. Nós, redentoristas, temos como lema nas nossas missões: “Unidos em Cristo para viver e crescer em comunidade”. Porque não tem solidariedade maior do que dar a vida pelos nossos irmãos e Cristo fez isso por cada um de nós. Ele morreu para nos oferecer a vida e nós temos que abrir mão do nosso “eu”, do nosso egoísmo. Para eu ser feliz, o outro tem que ser feliz comigo. É um caminho de cumplicidade. A satisfação pessoal é difícil de ser encontrada sozinho, então isso faz parte da nossa missão enquanto seres humanos, e mais ainda enquanto cristãos, seguidores e anunciadores de Jesus Cristo, que é nosso modelo. Nossa missão é sermos solidários, assim como Deus é solidário conosco, fazendo-se homem, vindo ao nosso encontro e dando-nos a vida para nos salvar. E este é o maior mandamento, que nos amemos uns aos outros. De que forma as pessoas podem ajudar nas Obras Sociais Redentoristas? Existem muitas formas de ajudar as Obras Sociais. Primeiro é o querer. Se você quer, você pode ajudar, pode ser um voluntário. Para ajudar não precisa de qualificação, basta a qualidade de ser humano e de ter força de vontade para ajudar o próximo. Acho que essa é a melhor qualificação. Todo mundo tem um pouco para doar e colaborar com o social, sendo voluntário nas Obras, ou em ações sociais, até na comunidade onde a pessoa vive, na paróquia onde ela participa. Outra forma de ajudar é “apadrinhando” as Obras Sociais Redentoristas. Nós temos o sistema de cadastro, onde a pessoa fornece seus dados e é muito simples: só o nome, endereço, telefone, CPF e ela escolhe o valor que quer doar. Pode ser feito pelo site: www.obrassociaisredentoristas.com. br. O cadastro é feito automaticamente. Ou então pode ligar para (62) 3505-1340. A pessoa vai receber o boleto com a carta escrita por nós, que é uma motivação e uma prestação de contas também para ver onde está sendo aplicado o dinheiro. Além disso, outra forma de ajudar é doando donativos: arroz, feijão, óleo, açúcar, bolo, doce, leite, tudo pode ser doado. Se não souber onde ficam as Obras, pode deixar essa doação no próprio Santuário Basílica de Trindade. É só deixar lá, direcionado às Obras Sociais, que o Santuário nos repassa. E ainda temos a Associação Filhos do Pai Eterno, que é um outro meio que a pessoa, de qualquer lugar do Brasil e do mundo, pode doar. Todo associado da Afipe é colaborador também das Obras Sociais Redentoristas e faz o bem e o amor acontecerem.


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