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Livro Fotografia Contemporânea - Fronteiras e transgressões
FotO GrafiA cOn Tem PoRA Nea frOn TeI rAs e Trans Gres Soes
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Susana Dobal Osmar Gonçalves (orgs.)
Fotografia Contemporânea — Fronteiras e Transgressões
Susana Dobal Osmar Gonçalves (orgs.)
Organizadores: Osmar Gonçalves e Susana Dobal
Diagramação: Beatriz Fidelis e Karla Beatriz
Diagramação da Capa: Henrique Lucio
Coordenação Editorial: Gustavo de Castro, FlorenceDravet, Suzana Guedes e Wagner Rizzo
Imagens de Capa: Duda Bentes, Julia Margaret Cameron, Maleonn, Marcelo Feijó, Osmar Gonçalves e Susana Dobal
Revisão: Gustavo de Castro, Verônica Brandão, Florence Dravet
Conselho Editorial: Alex Galeno (UFRN) Ângelo Dedavid (Escritor) Florence Dravet (UCB) Gustavo de Castro (UnB) Luiz Martins da Silva (UnB) Marcelo Costa Nunes (SETRD) Michel Maffesoli (Université Paris V) Miroslav Milovic (UnB)
Impresso no Brasil 2013 Casa das Musas
Fotografia Contemporânea - Fronteiras e Transgressões / Susana Dobal, Osmar Gonçalves (Orgs.). Brasília:Casa das Musas, 2013
208 p.; 21cm
ISBN: 9788598205854
1. Comunicação 2. Fotografia 3. Fotografia Contemporânea I. Dobal, Susana, org. II. Gonçalves, Osmar,org.
CDU 316
Casa das Musas Tel. (+5561) 9238-5912 www.casadasmusas.org.br casadasmusas1@hotmail.com
Sumário
Prefácio 7
Estratégias fotográficas
15
A fotografia na tormenta das imagens
André Rouillé (Université Paris 8)17
A fotografia na arte: alguns movimentos, espaços e formas de apresentação
Maria Ivone dos Santos (UFRGS)37
Entre o documento e o lúdico
55
Desvirtuar a câmera, virtualizar a imagem: o lúdico nafotografia contemporânea
Osmar Gonçalves (UFC)57
Ficção e encenação na fotografia contemporânea
Susana Dobal (UnB)75
Documentação Fotográfica: do registro objetivo àdescrição visual densa
Milton Guran (UFF)95
O espaço repensado fotograficamente
119
A Reinvenção da Memória na Vila de Lapinha da Serra
Alexandre Sequeira (UFPA)121
Lisboa, Anos 50: Victor Palla e Costa Martinsvislumbram novas fronteiras para a fotografia
Marcelo Feijó (UnB)137
6
Entre olhar o turista e olhar para o que ele olha
Lívia Aquino (FAAP)149
O tempo e o ensino da fotografia reconfigurados
161
Sobreposições e atravessamentos entre o analógico e odigital
Antônio Fatorelli (UFRJ)163
Estados fotográficos, fósseis e fantasmas
Cláudia Sanz (UnB)179
Ensino da fotografia: percurso e desafios
Duda Bentes (UnB)187
Caderno de Imagens
201
Fotografia Contemporânea - Fronteiras e Transgressões7
Prefácio
Fronteiras e transgressões na fotografia contemporânea
A fotografia contemporânea tem passado por diversas transformações que afetaram práticas até então consolidadas da imagem fotográfica, como a fotografia documental, a publicitária, a doméstica e as manifestações artísticas. Tais transformações são sugeridas principalmente pelas amplas possibilidades de manipulação e distribuição de imagens possibilitadas pela tecnologia digital, mas não se esgotam nisso. Embora o status de verdade da imagem fotográfica tenha sido afetado, ela consolidou-se em meio a uma tormenta de possibilidades expressivas que liberaram a fotografia de um vínculo rígido com o referente sem, no entanto, abrir mão do uso da imagem como meio de reflexão sobre a contemporaneidade. Esse livro apresentará rumos da pesquisa da imagem fotográfica que apontam para tais transformações.
Nos últimos anos, a fotografia conquistou uma autonomia inimaginável em termos de linguagem e expressão. Ela estendeu-se em novas direções, teceu relações renovadas com as artes e com outros campos culturais, redefinindo radicalmente nossa maneira de entender e de lidar com o meio. Ao que parece, uma nova linguagem fotográfica está emergindo, um novo projeto estético e semiótico vem sendo colocado em prática nas obras de artistas e fotógrafos contemporâneos.
Hoje está claro que o dispositivo fotográfico é muito mais do que um instrumento cuja tarefa principal seria restituir e/ou conservar as formas de um mundo preexistente. Pois, nos seus mais distintos gêneros e formatos, a fotografia se apresenta como um enigma, uma trama complexa e instável, um território de invenção aberto aos domínios da ficção e do imaginário, às mais diversas formas de intervenção.
O colóquio na Universidade de Brasília, que reuniu os au-
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tores dessa coletânea, propôs-se a pensar o que está em jogo nesse processo de transformação estética. Quais seriam os novos rumos, os desvios e as fronteiras da fotografia contemporânea? Se existe, de fato, uma nova ordem visual, um novo regime de visualidade em andamento, o que o caracterizaria? Que novos agenciamentos, novos processos de subjetivação são produzidos atualmente?
Nossa hipótese é de que essas mudanças não têm um caráter formal apenas, mas trazem implicações múltiplas, ao mesmo tempo, estéticas, éticas e políticas. Dito de outro modo, elas refletem a emergência de outras formas de percepção, de novas sensibilidades, novos modos de ser e de estarno-mundo. De fato, mais do que um estilo ou um modo de formar é uma nova maneira de se relacionar com as imagens e com o mundo que está em questão aqui.
É nesse sentido, por exemplo, que André Rouillé discute as transformações por que passa a fotografia na transição do analógico para o digital. O autor discute como os pilares do que ele denomina como fotografia-documento foram abalados e exemplifica com a análise de duas exposições onde debate sobre a dimensão política da fotografia e a função pública das instituições promotoras da arte e da cultura. As metamorfoses afetam não apenas as técnicas e ferramentas fotográficas, mas os “modos de produção, os usos, economias”, um processo amplo que coloca em jogo novos “olhares, estéticas e regimes de verdade”. Regimes que, como nos mostra Fatorelli – em uma cuidadosa análise das obras San Marco Flow, de David Hokeby e Tu, do crítico e artista francês Thierry Kuntzel – se reconfiguram na cultura digital, suspendendo as definições tradicionalmente aceitas sobre meios (fotografia, cinema, vídeo), borrando seus limites e renovando os desafios tanto para o criador quanto para o crítico das imagens técnicas.
De fato, vivemos um momento de reconfiguração de fronteiras, práticas e saberes. Um período de rara complexidade, marcado pela supressão das especificidades, por contrabandos, passagens e atravessamentos entre os campos da fotografia e da arte. Nesse contexto, Maria Ivone dos Santos destaca os diferentes usos da fotografia e a reencenação do seu sentido na interação com o espaço expositivo. Estudando