País Positivo 77

Page 1

Esta revista é produzida e comercializada pela A.S. Editora, Lda. e é distribuída a nível parcial com o Semanário SOL do dia 14/08/2014

JANEIRO 2015 | Edição Nº77 | PVP:2€

Energias Renováveis:

Portugal de vento em popa

Reguengos de Monsaraz:

Cidade Europeia do Vinho 2015

Loulé:

Pedro Sousa Moraes, managing director da Munditransfers:

“Sempre perto de você”

Cidade Europeia do Desporto 2015

Laboratório HERCULES:

Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda


PAÍS POSITIVO

/Janeiro


PAÍS POSITIVO

Munditransfers: uma ponte segura que liga 190 países Em entrevista, Pedro Sousa Moraes, Managing Director da Munditransfers, abrenos as portas desta instituição de pagamentos e câmbios, prestes a comemorar duas décadas de presença no mercado e actualmente a operar com um serviço próprio para Angola.

de imigrantes residentes em Portugal, hoje viram o seu âmbito alargado e, neste momento, a Munditransfers faz também transferências para empresas, investidores e pequenos comerciantes. Na sequência da parceria com a MoneyGram, os clientes da Munditransfers podem efectuar e receber transferências de mais de 190 países. Por outro lado, a Munditransfes tem um serviço próprio para o Brasil e Angola, o que lhe permite oferecer aos clientes um dos melhores e mais competitivos serviços nesta área. A nossa rede conta com agências de horário alargado - algumas vão até às 23h, incluindo sábados e domingos. Além disso, temos um serviço de atendimento telefónico dedicado que, mediante autenticação, permite ao cliente efectuar as suas transferências para o Brasil sem ter de se deslocar a uma das nossas agências, dando assim cobertura a todo o território nacional e internacional. Que

significado

e

materialização

atribuem ao conceito adoptado no seio da Munditransfers, “Sempre perto de você”?

Pedro Sousa Moraes Managing Director da Munditransfers

Fundada em 1995, a Munditransfers é uma Instituição de Pagamentos e Câmbios, autorizada e sujeita à supervisão do Banco de Portugal, nos termos das normas legais e regulamentares que regem a respectiva actividade. A operar no mercado de câmbios, há 19 anos, alargou, em 2005, o âmbito da sua actividade para a prestação de serviços de transferência de dinheiro de e para o exterior. Inicialmente vocacionada para o mercado brasileiro, aproveitando a grande comunidade brasileira existente em Portugal, foi a criadora da “Taxa Zero”, e converteu-se no primeiro ano de existência, enquanto empresa de transferência de dinheiro, numa empresa reconhecida nacionalmente, que

oferece uma rede inovadora de excelência e confiabilidade em serviços financeiros, de forma eficiente e competitiva. Actualmente a ocupar uma posição de destaque no mercado de transferências em Portugal, alargou o seu âmbito de actuação e, fruto da parceria estabelecida com a MoneyGram, oferece um serviço de transferências para mais de 190 Países. Em Abril de 2011, a Munditransfers transformou-se numa Instituição de Pagamentos, mantendo-se também como Agência de Câmbios e, em 2012, iniciou o seu processo de internacionalização com a abertura da primeira sucursal na Bélgica. Neste momento conta, já com quatro agên-

cias na Bélgica, um agente na Alemanha e parcerias em Angola. Qual é em concreto o core business da Munditransfers e a que principais parcerias recorre a instituição no

A Munditransfers está sempre de portas abertas para receber todos os clientes, tratando todos por igual e identificando-se com todos e cada um deles. Nesse sentido, quer estar próximo dos clientes, não só fisicamente, através da nossa rede de agências com dispersão territorial, mas também através de um atendimento permanente telefónico em que cada cliente se sente à vontade para contactar a empresa sempre que julgue necessário. Por outro lado, com a internacionalização da empresa conseguimos estar próximo dos clientes onde quer que estes estejam.

sentido de melhor assegurar a prestação de serviços e oferta de produ-

Que importância representa o merca-

tos?

do angolano para a Munditrans-

Presentemente, a Munditransfers, enquanto Instituição de Pagamentos, dedica-se essencialmente a transferências de dinheiro e à compra e venda de moeda estrangeira, trabalhando com praticamente todas as divisas. As transferências de dinheiro, que começaram por ser apenas remessas familiares

fers?

O mercado Angolano revela-se de grande potencial, atendendo não só às ligações que existem entre ambos os países como ao elevado número de expatriados que existem em cada um deles. Apostando neste crescimento financeiro angolano, no primeiro trimestre

/Janeiro


PAÍS POSITIVO

Uma rede global e próxima do cliente

deste ano efectuámos uma parceria com uma empresa angolana, a SPOTCÂMBIOS – Casa de Câmbios, Lda, sediada em Luanda, com agências na Mutamba, nos Coqueiros e em S. Paulo. A SPOTCÂMBIOS nasceu em 2006 e, desde essa data, dedicava-se exclusivamente a compra e venda de moeda, tendo em Janeiro de 2014 obtido autorização do BNA para exercer a actividade de remessa e recepção de valores a nível nacional e internacional. Que principais factores teve a Munditransfers em conta relativamente ao posicionamento nos mercados inter-

factor. A segurança transmitida aos clientes nas nossas operações, o profissionalismo, a qualidade e rigor do serviço prestado a par com o respeito pelos clientes e simpatia no atendimento são factores essenciais e determinantes à fidelização dos clientes. A satisfação dos clientes demonstra-se com o seu regresso e no facto de trazerem consigo outros clientes. Para nós, um cliente é um amigo que confia em nós e nós queremos continuar a ser dignos da sua confiança. Ver o nosso número de clientes aumentar todos os dias é muito gratificante, em especial quando existe tanta concorrência neste sector.

nacionais e que outros sustentam, na sua opinião, o sucesso alcançado

Que importância adquire a adopção

pela empresa no contexto da interna-

e cumprimento de um código de ética

cionalização?

neste sector de actividade?

Neste segmento de mercado em que nos inserimos a confiança dos clientes é o principal

A Munditransfers tem como primeira e fundamental missão o respeito pelos clientes e cola-

boradores e, como objectivo prioritário, ultrapassar as expectativas daqueles com quem trabalha e a quem presta serviços, sempre respeitando os princípios legais e éticos que presidem à sua actuação. A qualidade do serviço prestado é para nós um compromisso, a satisfação e a fidelização do cliente a nossa meta. Que principais projectos tem a Munditransfers previstos para os próximos tempos?

A Munditransfers apresenta como prioridade estratégica o crescimento no mercado de transferências para o exterior e o comércio de câmbios, consolidando a sua posição no mercado nacional. Nesse sentido, dispõe de uma rede com 34 agências com cobertura geográfica por todo o território nacional e vai continuar o seu processo de internacionalização para outros mercados europeus e não só.

“A nossa rede conta com agências de horário alargado - algumas vão até às 23h, incluindo sábados e domingos”

/Janeiro

Nestas quase duas décadas de existência, a Munditransfers tem orientado a sua estratégia de crescimento sob o lema: “Sempre perto de Você”. Prosseguindo esse objectivo, expandiu a sua rede de agências, internacionalizou-se e alargou o âmbito da sua actividade para a prestação de serviços de transferências de dinheiro de e para o exterior. Em 2011, transformou-se numa Instituição de Pagamentos, mantendo-se também como Agência de Câmbios. Em 2012, iniciou o seu processo de internacionalização com a abertura da primeira sucursal na Bélgica, contando neste momento com quatro Agências na Bélgica e um agente na Alemanha. Em 2014, a Munditransfers reforçou os seus quadros na sala de mercados e na área de complience tendo em vista assegurar uma maior eficácia no seu objectivo estratégico de expansão nos países lusófonos. O elevado número de portugueses e brasileiros a residir em Angola leva a que o mercado angolano se revele de grande interesse estratégico para a actividade da empresa. Em Angola, a Munditransfers trabalha com a SpotCâmbios e estabeleceu uma parceria com a Jimbuko, que iniciará actividade no próximo mês de Abril. “A confiança dos clientes é a nossa prioridade e tem sido o nosso maior desafio. Prestamos um serviço de excelência que assenta no respeito pelos princípios legais e éticos que presidem sempre à nossa actuação. A qualidade do serviço prestado é para nós um compromisso, a satisfação e a fidelização do cliente a nossa meta”, afiança Pedro Sousa Moraes. A Munditransfers elege como prioridade estratégica o crescimento no mercado de transferências para o exterior e o comércio de câmbios. A empresa ocupa, actualmente, uma posição de destaque no mercado nacional, dispondo de uma rede de 34 agências com cobertura geográfica em todo o país e oferece um serviço de transferências para mais de 190 países.


Energias Renováveis

“Estamos a assistir a uma eletrificação da sociedade” Estudo elaborado pela APREN refere que mercado das energias renováveis poderá ter um impacto no PIB português de 4300 milhões de euros em 2030.

A produção de eletricidade a partir de fontes renováveis em Portugal Continental representou 63 por cento do total de energia elétrica consumida em 2014. Estes dados foram divulgados pela APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis. Em declarações ao País Positivo, António Sá da Costa, presidente do organismo refere que é importante não confundir tudo com eletricidade. “Falar de energia e dizer que a conta da luz está cara é um erro. O uso da energia é basicamente dividido em três sectores. O mais tradicional é a eletricidade, depois existem os transportes e o que não é bem uma coisa nem outra é o que é chamado de aquecimento e arrefecimento. Não concordo com esta divisão mas não tenho uma melhor porque é em função das utilizações que são feitas. Todas as pessoas sabem o que é eletricidade e transportes. O aquecimento e arrefecimento é o que não cabe nos outros dois, como o aquecimento feito por métodos tradicionais ou o uso de calor nas fábricas. As pessoas olham para isto como uma utilização final mas a mesma ação pode cair para os dois usos. Por exemplo, os carros elétricos são alimentados a eletricidade e podem cair nos transportes ou na eletricidade. Cozinhar num fogão a gás ou num fogão elétrico vai para usos diferentes “. O avanço das tecnologias e as diferentes utilizações que as pessoas fazem dos meios está a aumentar o consumo de eletricidade, mas devido a recursos e práticas mais eficientes o consumo de energia está a diminuir. “Em Portugal a eletricidade representa cerca de 27 por cento do consumo de energia, o aquecimento e arrefecimento cerca de 38 e os restantes 35 por cento vão para os transportes. Está-se a verificar uma migração para a eletricidade, quer dos transportes quer do aquecimento e arrefecimento. Há um surgimento de novas coisas que estão ir para o lado da eletricidade e exemplo disso são as utilizações novas nas

/Janeiro

nossas casas como a internet, televisões ou computadores. Estamos a assistir a uma eletrificação da sociedade. Os consumos de eletricidade vão ter tendência a aumentar por força da evolução tecnológica, mas os consumos de energia vão tendendo a diminuir por via de todas as ações de eficiência energética e conservação de energia” Num estudo elaborado pela APREN prevê-se que a maior utilização dos recursos endógenos (vento, água, sol e biomassa) vá reduzir a dependência energética em Portugal e assim atingir mais facilmente as metas exigidas. “Reduzir a dependência energética não é dizer que se gasta menos energia a aquecer a casa porque não se liga os aquecedores. Isso é redução do consumo e não eficiência energética. Eficiência energética é, por exemplo, substituir o uso do automóvel por transporte coletivo. De 2013 para a frente só podemos fazer projeções e se não existisse eletricidade renovável a nossa dependência seria de 84 por cento, mas à custa das renováveis baixamos para 68”, explica António Sá da Costa. A maior utilização de energias renováveis vai permitir igualmente uma maior eficiência de recursos, até porque a energia gerada pelos fósseis é mais cara e a taxa de conversão é muito menor. “Nos novos automóveis só cerca de 15 por cento é transformado em movimento. O resto dos 85 por cento é dissipado em calor. Neste processo é impossível aproveitar muito mais do que isto. Se tiver um veículo elétrico, a energia que é convertida em movimento é de 40 por cento. Aí já estamos a ganhar. E se o veículo elétrico tiver recuperação, quer nas descidas quer nas travagens, pode chegar aos 60 por cento. Para fazer a mesma coisa estamos a gastar quatro vezes menos energia. A outra questão tem a ver com a geração de eletricidade. Se a gerar numa central hídrica a taxa de conversão fica entre os 92 e os 94 por cento. Quando

António Sá da Costa APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis

passamos à produção de eletricidade por queima numa central a gás preciso de duas unidades de energia para gerar uma de eletricidade enquanto que numa a carvão já preciso de três. A eficiência é muito inferior, não pode ser melhorada e tem peso porque tem custo a extrair o combustível”. Este estudo faz igualmente a previsão do impacto do mercado das energias renováveis ao nível do Produto Interno Bruto (PIB), emprego, ambiente e de emissões de dióxido de carbono. Em 2030 este sector prevê ter um impacto no PIB nacional superior a 4300 milhões de euros (sem contar com exportação de eletricidade), empregar mais de 66 mil trabalhadores,

evitar as emissões de dióxido de carbono em 66 por cento e reduzir a dependência energética em 37 mil milhões de euros. “A energia renovável tem várias contribuições para a economia, que não são refletidas na conta da eletricidade. Temos um preço estável e que tem baixado à custa da eletricidade renovável. Cada vez estamos a utilizar menos a energia fóssil. Portugal não tem gás natural, carvão ou petróleo. Num país pobre que depende mais de fora, quando há uma retoma da economia e os preços dos combustíveis fósseis começam a subir a eletricidade fica mais cara, ao contrário do que acontece com as renováveis”, conclui António Sá da Costa.


Energias Renováveis

Hidroerg: melhor economia, melhor ambiente A Hidroerg – Projectos Energéticos, Lda. foi constituída em Março de 1989. Tem por objecto a concepção, exploração e gestão de instalações e sistemas para a produção de energia a partir de recursos naturais renováveis, em empreendimentos de fins únicos ou múltiplos. A empresa, sediada em Lisboa, conta com 22 colaboradores a título permanente, a laborar na sede e nas suas centrais. Conjuntamente com as empresas a que está associada, dispõe de nove centros produtores de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, concretamente seis de origem hídrica e três de origem eólica, situados nas regiões Centro e Norte de Portugal Continental.

Aproveitamento hidroeléctrico de Pinhel, na bacia hidrográfica do rio Côa (açude)

Com a potência global de 33 MW e uma produção anual na ordem de 100 GWh, assegura o equivalente ao consumo eléctrico de cerca de 64 mil habitantes. No ano de 2014, a Hidroerg e as empresas suas participadas geraram um volume global de proveitos de exploração na ordem de 11 milhões de euros, ascen-

mecânicas, quadros directamente envolvidos na gestão diária da empresa. Inclui também sociedades de base accionista não residente, com relevantes ligações ao sector energético no seu país de origem. O grupo económico abarca três sociedades de direito português, nas quais a Hidroerg detém uma participação

dendo os activos líquidos a mais de 40 milhões de euros, num contexto significativo de saúde económica e de equilíbrio financeiro. O núcleo societário da Hidroerg inclui um grupo de quadros técnicos especializados nos domínios do planeamento, da hidrologia e da execução de infra-estruturas e instalações eléctricas e

de capital directa, sendo que em duas dessas empresas as parceiras societárias são utilities do sector energético europeu. País Positivo foi conhecer melhor o sector e a empresa, guiado por António Eira Leitão, Presidente do Conselho de Gerência da Hidroerg. Os indicadores que Portugal apresenta actualmente em relação às renováveis são altamente satisfatórios mas presume-se que haverá ainda um caminho a percorrer e dividendos a potenciar…

António Eira Leitão Hidroerg

Creio que sim… Este caminho foi intensificado a partir da década de 1980 com uma nova fase de produção de energia eléctrica de fontes renováveis, embora o recurso às energias renováveis seja muito anterior, havendo centrais hidroeléctricas instaladas em Portugal no final do século XIX … Em 1944 tinha havido um enorme impulso à construção de grandes hidroeléctricas para produção de energia eléctrica a partir de recursos próprios ou endógenos, então se lendo, no texto do Lei nº 2002, que a verdadeira mola da electrificação do País seria feita por via da hidroelectricidade. Há pois aqui um passado já distante mas que, a partir de 1988 ganha força através da possibilidade de qualquer cidadão, entidade pública ou privada, produzir electricidade. Isso abriu caminhos que conseguimos percorrer, primeiro no campo das pequenas hidroeléctricas, depois e com enorme vigor no campo eólico e, entretanto, com algumas actividades que ainda não vingaram muito no campo solar, da biomassa, do biogás, do aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos ou da geotermia, como sucede nos Açores. Tudo permitindo que, no ano 2014, com

/Janeiro


Energias Renováveis

Aproveitamento hidroeléctrico de Vales, na bacia hidrográfica do rio Tinhela (açude e canal de adução)

Aproveitamento hidroeléctrico de Pinhel, na bacia hidrográfica do rio Côa (conduta forçada e central)

bons índices de hidraulicidade e de eolicidade, o País tenha conseguido produzir praticamente dois terços da electricidade que consumiu com recursos próprios.

tivos pelos quais não paga menos e que merece lhe seja dada uma explicação…A Associação Portuguesa das Energias Renováveis (APREN) tem encomendado estudos sobre esse tema do custo efectivo das várias formas de produção da energia eléctrica, que é um dos aspectos em que nem sempre o que parece é… A certa altura, com base nos relatórios anuais da ERSE, foi possível perceber o sobrecusto que provinha das energias renováveis na factura da electricidade. Dos custos de interesse económico geral, que se vêm acrescentar aos custos da própria produção de energia e aos da rede de distribuição, correspondendo cada um a cerca de um terço do custo final que o consumidor paga, apenas podem ser assacados às renováveis 9 por cento. O que significa que às renováveis, no ano 2013, apenas podia ser imputado um custo de 2,4 por cento (0,77 x 0,34 x 0,09) da factura final ao consumidor. Ora, a contribuição audiovisual é de 4,8 por cento. Em suma, por múltiplas razões, o consumidor não é levado a ver os efeitos que podem resultar a longo prazo da produção electrica se fazer a partir de fontes próprias, nem que o seu propalado sobrecusto não corresponde à realidade. Uma coisa mais se pode dizer sobre as energias renováveis: não são subsidiadas, nem têm rendimentos garantidos. Além disso, é natural que, quando se introduzem novas tecnologias, exista um período de adaptação e de amortização dos inerentes sobrecustos. E há que ter em conta o facto de, com as renováveis, estarmos cada vez menos dependentes da importação de petróleo, com reflexos até em aspectos de segurança nacional. A solução a adoptar nunca será radical, há-de corresponder a um mix de diferen-

Em que medida poderá esse ganho traduzir um novo panorama, sobretudo a nível económico, para um país que

rá passar exclusivamente pela parte eléctrica mas igualmente pelos outros consumos energéticos, nomeadamente no sector dos transportes. A electricidade conseguiu ir mais à frente, assegurando uma maior independência em relação à importação de combustíveis, mas os transportes, estão ainda muito dependentes dos derivados do petróleo.

sempre foi dependente do ponto de vista energético?

Transpondo a situação da economia

Isso é verdade desde que se entrou na era industrial porque, até finais do século XIX, vivíamos com o que cá existia… Não havia electricidade e as pessoas, quando muito, usavam candeias de azeite para se alumiarem e ainda se iluminavam as ruas com candeeiros de azeite e com gás de hulha… Falando na época pós industrialização, atravessámos nas últimas décadas um período muito profícuo, não em termos de autosuficiência mas da possível suficiência em termos energéticos. E por este caminho somos bem capazes de, daqui a uns tempos, vir a ter uma autonomia que não seja já só de 63 por cento mas que chegue aos 70 ou até mais por cento do consumo de electricidade.

para o ambiente, será legítimos falar-

Estaremos certamente a falar em poupanças muito significativas para o tecido empresarial de um país…

Sem dúvida, mas mais do que para o tecido empresarial para o equilíbrio financeiro do País! Em 2012, importámos mais de 7 mil milhões de euros em combustíveis fósseis, o que significa que conseguirmos não estar dependentes dessa importação terá um forte impacto. Agora, a possível independência não pode-

/Janeiro

mos de impactos igualmente brutais…

As centrais térmicas, convencionais ou nucleares, têm de facto impactos expressivos sobre o meio ambiente, tanto ao nível da emissão de gases com efeito de estufa, como da contenção e eliminação dos resíduos radioactivos. O que não acontece com as energias produzidas com base em recursos naturais renováveis, isentas de resíduos e de efeitos poluentes. As renováveis têm também impactos de natureza positiva: por exemplo o facto de estes centros electroprodutores serem disseminados pelo País, faz deles pequenos pólos de desenvolvimento que contribuem para a diminuição das assimetrias existentes entre litoral e interior. Temos a biomassa, que acaba por servir para limpar as florestas ou o biogás, que aproveita biocombustíveis gasosos que estavam a ser desperdiçados, tudo permitindo reduzir a queima de combustíveis nas centrais térmicas clássicas… No entanto, os portugueses continuam a queixar-se face ao preço que pagam pela energia eléctrica…

É óbvio que o cidadão se interroga sobre os mo-

tes formas de produção energética. Aliás, consoante a tecnologia usada existem centrais aptas para satisfazer a base do diagrama de consumo e outras, mais flexíveis, vocacionadas para absorver as grandes variações da procura, por razões relacionadas com a operacionalidade dos equipamentos. No seio desta actividade, como surge enquanto player a Hidroerg?

É um player respeitado pelos serviços que presta, pelos produtos que gera e até pela forma como se conduz… Como se costuma afirmar, diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és… Embora tenhamos uma dimensão reduzida, temos no grupo uma sociedade com a RWE, a terceira produtora de electricidade da Europa, e outra com a EDP. A Hidroerg actua individualmente e por meio das suas participadas Lusiterg, Atberg e Ederg. Estas empresas, constituídas respectivamente em 1995, 2001 e 2007, assumem um perfil de veículo de investimentos, sendo sociedades em muito apoiadas na actividade da própria Hidroerg, com a qual partilham objectivos empresariais. Cada uma das empresas detém os seus próprios centros electroprodutores. Isso leva-nos a prestar serviços em todas as áreas envolvidas, lançando concursos apenas para a elaboração dos projectos de execução e para a construção de empreendimentos. Procedemos a análises de viabilidade técnica, económica e ambiental, cuidamos de todos os processos de licenciamento e financiamento e asseguramos a construção e instalação dos empreendimentos, após consultas ao mercado, e com recurso a empreiteiros de construção civil ou de instalações eléctricas e mecânicas.


Energias Renováveis

WHS – Wind, Hydro, Sun Energy Services Energias renováveis com performance total Para a WHS o limite é a otimização total dos recursos renováveis. Conheça uma empresa que é um caso de sucesso na gestão e manutenção de parques eólicos, mini -hídricas e instalações solares. De Portugal para o mundo, a WHS reserva-lhe o melhor que a natureza tem para oferecer. Em Portugal e no mundo as renováveis exibem um crescimento exponencial. Já poucos duvidam que a “energia verde” é o futuro e sobretudo uma fonte de negócio para mentes audazes. João Mattos Parreira, diretor executivo da WHS, é uma dessas mentes e um homem que acredita que a melhor forma de defender a viabilidade da energia renovável passa por assegurar a eficiência máxima e o mínimo de perdas. Como? “ Com a nossa garantia de otimização total”, destaca o responsável. A WHS dedica-se à gestão e manutenção de ativos renováveis, desenvolvendo soluções aptas a controlar e rentabilizar parques eólicos e mini-hídricas. Mas, para lá da gestão de produção de energia, a missão da WHS foca-se em aumentar a produção de energia renovável, levando a tecnologia de ponta ao limite de forma a maximizar o aproveitamento dos recursos naturais como o sol, o vento ou a água. “No fundo, o dono entrega-nos o ativo, seja ele uma barragem, um parque solar ou eólico, e

tratamos de tudo. Intervimos em caso de avaria, realizamos o diagnóstico completo dos equipamentos e otimizamos toda a estrutura produtiva. Fazemos manutenção preventiva, operacionalizamos os contactos com a EDP e com os organismos oficiais, elaboramos relatórios semanais e mensais”, enumera João Mattos Parreira. Uma intervenção em todas as frentes que assegura uma rentabilidade superior. “Só temos um objetivo: maximizar a disponibilidade, a produção e o rendimento de cada uma das centrais”, frisa. Em termos concretos, “quando falamos de parques de grandes dimensões, conseguimos aumentar as receitas duas as três vezes o custo do nosso contrato”. E toda esta otimização devese ao sistema operativo de controlo remoto patenteado da WHS, desenvolvido pelo próprio João Mattos Parreira e pela sua equipa no decurso dos seus muitos anos de trabalho na área e atendendo ao contacto direto com as condições de mercado. Os sistemas WHS controlam

toda a máquina produtiva e permitem aferir, em tempo real, do desempenho das estruturas à distância, através de um smartphone ou iPad. Soluções de engenharia únicas que garantem à WHS e aos seus parceiros melhores índices de produtividade e rentabilidade reforçada. O segredo? “Durante todo o processo de manutenção não dependemos de sistemas de terceiros e contamos com a fiabilidade das nossas soluções, já que, não raras vezes, os sistemas das outras empresas não estão afinados à realidade portuguesa”, refere. Tecnologia made in Portugal que se compromete com a melhor performance. “A WHS oferece uma grande diferenciação neste mercado. Nós garantimos eficiência aos ativos. Olhamos para o ativo e vivemo-lo a cada minuto. Os outros não fazem isso. Quando o fabricante acumula para além da manutenção a operação - O&M - registam-se normalmente muitas perdas, já que eles querem fazer o mínimo possível cumprindo o contrato”, alerta o diretor executivo da empresa.

Quando a O&M não é devidamente operacionalizada as perdas de receita podem ser superiores a cinco por cento da produção. “O que os gestores das centrais portuguesas têm que começar a pensar é que se faturaram 1 000 000 podiam ter faturado 1 100 000. Eu, por vinte e cinco mil euros, faço faturar mais 100 mil. É a minha divisa”, sustenta João Mattos Parreira. “O que fazemos é, pura e simplesmente, eliminar a gordura no processo de operação”. A diferença face à concorrência? “Levamos o nosso compromisso muito a sério!”. Da Enersis à WHS Nascida no seio do grupo Enersis, a WHS é um projeto de futuro. A Enersis surgiu em 1988 e tornou-se uma das empresas mais relevantes no contexto europeu e o maior player do setor das renováveis em Portugal. O sucesso granjeado abriu portas à internacionalização e, em 2005, foi adquirida por um grupo de investimentos internacional. Ligado à Enersis desde

João Mattos Parreira WHS

/Janeiro


Energias Renováveis

WHS SCADA – um sistema operativo que faz toda a diferença!

1994, João Mattos Parreira viu aproximar-se a hora de seguir um novo rumo e a WHS viu a luz do dia. “Durante os longos anos em que fui diretor de operações da Enersis desenvolvi um sistema de monitorização que se revelou uma autêntica inovação e que marcou a história da empresa e o seu rápido crescimento”, conta. E em 2009 era chegada a hora de potenciar esta inovação. Esta é a génese da WHS. E a aposta não podia ter sido mais certeira. Hoje, a WHS gere, em nome próprio, mais de 250MW com aerogeradores de marcas e modelos diferentes, uma rede de mini-hídricas que vai da região do Mondego até ao norte de Portugal e parques solares fotovoltaicos. O sistema de controlo remoto- SCADA – patenteado pela WHS é o principal ativo que tem garantido níveis de rentabilidade imbatíveis e que tem feito o nome da WHS em Portugal e nos mercados externos. Aposta rumo à internacionalização Com margem de progressão em Portugal, a WHS não demorou a partir à conquista dos mercados externos e atualmente atua em países como a Polónia, a Roménia e Brasil e prepara-se para partir à aventura na Irlanda. Outros mercados estão em estudo. A Polónia é o país onde a aposta tem sido mais intensa. “Em quatro anos quadruplicamos o rendimento e este ano prevemos mais 20 a 25 por cento de receita”, contabiliza o responsável. Na Polónia, a WHS assumiu mesmo a gestão técnica dos parques eólicos propriedade da cadeia

/Janeiro

sueca IKEA. “E no Brasil iniciamos só há dois meses mas já temos negócios em fase avançada de negociação”, aponta. O Brasil posiciona-se como um projeto redefinidor para a própria WHS. “O mercado brasileiro tem um potencial enorme, mas há muitas variáveis a considerar,

em especial a proteção do SCADA e do sistema de monitorização que tornou a WHS um caso de sucesso”, explica. A tecnologia e o know-how da WHS e o seu crescimento no estrangeiro provam que este é um sistema de ponta, com índices de fiabilidade únicos.

O sistema operativo de controlo remoto sob a chancela da WHS é uma solução de otimização total para os ativos renováveis nas vertentes solar, hídrica e eólica. A sua diferença e a garantia de fiabilidade que lhe estão associadas explicam a sua preferência no mercado. Esta inovação permite a análise constante da performance do ativo, apresenta os dados de disponibilidade e todas as informações referentes ao recurso natural em causa, assim como os dados de produção. Garante ainda o acesso a relatórios feitos à medida. O SCADA WHS afirma-se como uma fonte de dados independente, permite o cruzamento de informação a integração entre vários empreendimentos. A gestão é realizada em tempo real. E porque a acessibilidade total é uma exigência dos tempos modernos, a aplicação desenvolvida em exclusivo pela WHS – WHS Live 2.2 – encontra-se disponível para sistemas Android e iOS, garantindo o acesso, a qualquer hora e em qualquer lugar, aos ativos geridos e a todos os dados de produção e permitindo leituras ao segundo em tempo real. Porque a WHS está presente 24/24. Experimente você mesmo em: https://play.google.com/store/apps/ details?id=ra.android.whslive&hl=en e https://itunes.apple.com/pt/app/whs-live-for-iphone/id595629215?l=en&mt=8


Energias Renováveis

Municípios podem impulsionar mercado dos pellets Para Eduardo Ferreira, um dos proprietários da Vimasol, alguns benefícios fiscais poderiam ajudar a uma maior utilização de energias renováveis, como são o exemplo da energia solar e da biomassa. das escolas feitas pela Parque Escolar foi uma oportunidade perdida. Instalaram-se muitos equipamentos de ar condicionado que agora não estão a funcionar devido aos custos operacionais. Nalgumas autarquias do interior ainda conseguimos falar com as administrações locais mas as empresas que ganharam os concursos preferiram ficar com as caldeiras a gás propano que é muito caro. Na nossa proposta suportávamos o investimento inicial e só fazíamos um contrato de fornecimento de energia com a Câmara Municipal, mas não tivemos sucesso”, revela o proprietário da Vimasol. A retirada de alguns benefícios fiscais também fez com que os portugueses se retraíssem na utilização das energias renováveis. Na opinião de Eduardo Ferreira, quando era possível “deduzir no IRS e o IVA era mais baixo notou-se uma maior procura por estes materiais. O facto de terem colocado o imposto igual para a electricidade, gás natural e Eduardo Ferreira Vimasol

O surgimento desmesurado de fábricas que produzem pellets para a produção de energia elétrica e térmica está a saturar o mercado nacional, uma vez que no último ano houve um desvio de escoamento do produto para o mercado interno. Esta tendência deve-se às dificuldades inerentes ao mercado de exportação para as centrais termoelétricas, cujo preço é regulado pelos clientes. O elevado número de fábricas resultou numa pressão sobre a compra de matéria-prima (maioritariamenVimasol Fundada em maio de 2003, a Vimasol Energias Renováveis tem vindo a afirmarse como uma importante alternativa ambiental para clientes ecológica e economicamente conscientes. Tem como principal objectivo melhorar significativamente a forma como se utilizam os recursos energéticos em edifícios, com especial ênfase no sector doméstico e de serviços e, nesse sentido, possui uma equipa profissional e competente na prestação de serviços de aquecimento ambiente, produção de água quente, climatização e microgeração de elcetricidade.

para os pellets ajudou a normalizar, mas infeliz-

te pinheiro bravo), cujo preço tem aumentado. No entanto, o preço de venda do produto final tem-se mantido. Isto faz com que seja uma actividade muito concorrencial e que seja necessário encontrar novas soluções para um material que tem enormes potencialidades na geração de energia. “O preço de venda ao público é definido pelos grandes produtores estrangeiros. Os fabricantes nacionais são dominados por grandes fábricas que produzem cerca de cem mil toneladas por ano. A da Vimasol produz oito mil e só utilizamos serrim, que é subproduto das serrações. O mercado está cheio de pellets. Só em 2013, em Portugal, consumiram-se 130 mil toneladas deste produto, quantidade que qualquer grande fabricante produz e no último ano decidiram virar-se cada vez mais para o mercado nacional. Na minha opinião, o facto de no nosso país existirem tantas fábricas é insustentável e não nos podemos esquecer que existem outras indústrias que vivem da madeira, como são o caso dos aglomerados e do papel. Como se criou esta pressão na matéria-prima as grandes fábricas começaram a ter dificuldade de escoamento de material e de rentabilidade. Se não conseguem aumentar o preço de venda e a matéria-prima aumenta temos que encontrar novos mercados. Por outro lado, se há investidores interessados neste negócio, é mais inteligente investir na produção

florestal ou na instalação de sistemas de aquecimento, onde a cadeia de negócio é claramente deficitária. Não há espaço para mais fábricas de pellets; também aqui é mais inteligente adquirir as que existem do que investir em novas. Outro aspecto curioso de novos interesses nesta área é a criação de empresas de distribuição internacional, cuja rentabilidade será sempre difícil numa cadeia de produto com rentabilidades tão baixas”, explica Eduardo Ferreira. Apesar de já existir uma maior consciencialização das vantagens da utilização deste produto e o seu consumo estar a aumentar, o mercado ainda pode ser desenvolvido, mas para isso não podem continuar a surgir fábricas umas atrás das outras e, muitas vezes, longe da matéria-prima. «Penso que num curto prazo existe a possibilidade de duplicar o consumo em Portugal. Agora, fábricas de pellets já chegam e não faz sentido abrirem umas ao lado das outras, mas o mercado o dirá. Já há fábricas de pellets que vão buscar madeira a mais de 200 quilómetros, quando o melhor é estar perto dos produtores de madeira. Este mercado está para durar apesar de ser essencialmente europeu”. Um dos potenciais impulsionadores desta área de negócio e da utilização desta matéria para a produção de energia são os “municípios, isto se tomarem consciência e tiverem condições para o fazer. Os grandes edifícios consumidores de energia térmica podem ser convertidos e maioritariamente são propriedade das autarquias. Por exemplo, a renovação

mente colocaram o IVA a 23 por cento”. Outra das grandes áreas em que a Vimasol é forte e que Portugal não está a saber aproveitar é a solar térmica. «Somos o país com maior número de horas de sol a seguir aos países perto do mediterrâneo e só devemos parar quando todas as casas tiverem um painel solar. Já existe o conhecimento do sistema e como deve ser bem mantido. Se uma pessoa instalar um painel solar vai produzir água quente em cerca de 75 a 80 por cento das necessidades. No inverno só se tem que ter um sistema de apoio para os restantes 20 a 25 por cento. Mas também não há campanhas nem apoios para a instalação deste sistemas, cujo preço do investimento inicial continua a ser uma barreira”, conclui. O que são os pellets da Vimasol? Os pellets Vimasol são um combustível completamente natural, inserido nos recursos conhecidos como biomassa, cujo único componente é serrim puro de serração - predominantemente pinho. Como forma processada de biomassa, os pellets apresentam-se como um combustível sólido de elevado poder calorífico. São concebidos de forma standardizada para a perfeita utilização em caldeiras, estufas e recuperadores a pellets.

/Janeiro



INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho: investigação de qualidade O Centro de Engenharia Biológica - CEB - é um centro de investigação da Universidade do Minho, do polo bracarense, e integrado no Sistema Português de Ciência e Tecnologia. O País Positivo esteve à conversa com José António Teixeira, diretor do centro, para ficarmos a conhecer o que de melhor se faz, na área da engenharia biológica, em Portugal.

O panorama nacional poderia ser mais favorável para a investigação científica em Portugal. O escasso financiamento e a lacuna de uma fundamental relação entre universidades e empresas são os grandes obstáculos que a pesquisa científica portuguesa enfrenta. Urge uma mudança de mentalidades. O diretor do CEB afirma que apesar do parco financiamento, vai havendo algum e assim se cativa alguns investigadores e, embora com algumas restrições conseguem ter gente motivada. “Efetivamente nós temos pessoas competentes e com vontade de fazer mais e melhor. É assim que temos levado o CEB a bom porto e obtido grandes resultados. Os nossos outputs são de grande qualidade.” É com orgulho que o nosso interlocutor acrescenta que “somos muito bons nas áreas científicas em que trabalhamos.” Recorde-se que desde dois mil e dois o centro tem sido classifica-

José António Teixeira Diretor do Centro de Engenharia Biológica

do com excelente por parte da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Relação entre universidades e demais entidades

Áreas de pesquisa

Ainda há grandes passos a dar, apesar de uma ligeira evolução que tem havido na forma em como as universidades são vistas. José António Teixeira refere que “há uns anos atrás falar com uma entidade fora da universidade era quase impossível. Havia uma ou outra empresa com

Bioengenharia e biotecnologia são o mote para a investigação em áreas mais especializadas. O nosso interlocutor explica que “se divide em três áreas fulcrais: industrial e alimentar, ambiental e saúde”. Do CEB já saíram muitas spin offs, uma das mais conhecida é a Fermentum, a produção de cerveja artesanal. “No entanto, temos também a Biomode, na área biomédica. São já algumas spin offs que têm saído daqui e inovado, ajudado a alavancar a economia portuguesa.” Isto na investigação aplicada. “Depois existem sempre os outputs, onde temos também vários reconhecimentos.”

quem se conseguia fazer projetos, mas nada de outro mundo. Agora acho que neste momento há uma maior percepção das nossas competências e a perceber a importância do conhecimento para o desenvolvimento de políticas adequadas a cada realidade.” O nosso entrevistado recorre a factos históricos para que o entendimento da evolução da nossa ciência seja mais fácil. “Se nós olharmos para

“Se nós olharmos para a ciência que se faz em Portugal, começamos a fazer ciência a sério a partir dos anos noventa. Investigação de grande escala é algo relativamente recente. Há um tempo de incubação para que estas coisas aconteçam e ainda estamos nessa fase”

/Janeiro


INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

a ciência que se faz em Portugal, começamos a fazer ciência a sério a partir dos anos noventa. Investigação de grande escala é algo relativamente recente. Há um tempo de incubação para que estas coisas aconteçam e ainda estamos nessa fase. O ensino superior em Portugal As universidades portuguesas têm evoluído muito, principalmente na qualidade do serviço que prestam. “O ensino superior tem crescido

muito. Não tenho quaisquer dúvidas que o nosso ensino tende a melhorar a qualidade. A única forma de crescer mais é ter uma componente forte de investigação e fomentar a relação entre as universidades e a indústria. Cabe apenas e só às universidades, aumentar o conhecimento e transferi-lo. Isto vai permitir também o crescimento da sociedade.” No que toca à investigação que se realiza nos nossos polos de conhecimento, José António Teixeira afirma que esta tem uma qualidade inegável. “Os dados são inequívocos. Fazemos

investigação científica de muita qualidade. Isso reflete-se lá fora. Somos vistos como parceiros, de igual para igual. Não devemos ter nenhuma inibição perante as competências e o trabalho dos outros. A sociedade tem que perceber que é fundamental ter quadros competentes nas empresas, aliando uma investigação de qualidade. É necessário ainda entender que tudo isto tem impacto no desenvolvimento da sociedade e no crescimento do país. No fundo, é preciso acreditar na ciência que se faz em Portugal.”

“O ensino superior tem crescido muito. Não tenho quaisquer dúvidas que o nosso ensino tende a melhorar a qualidade. A única forma de crescer mais é ter uma componente forte de investigação e fomentar a relação entre as universidades e a indústria. Cabe apenas e só às universidades, aumentar o conhecimento e transferi-lo. Isto vai permitir também o crescimento da sociedade.”

69€ p o quar r to

PACOTE

LONDONINLOVE Programa inclui:

1 NOITE DE Alojamento em quarto duplo com cama de casal (mediante disponibilidade) Decoração com pétalas de rosavista jardim ou piscina Welcome drink no varanda Bar vip no quarto (constituído por espumante; água, fruta e chocolates) Pequeno almoço buffet no restaurante Sal & pimenta Late check-out até às 14h00 PREÇO por quarto: 69€ Programa válido até 28/02/2015

Reservas: 214648300 / recepcaolondres@hotelondres.com

/Janeiro


ENSINO SUPERIOR

“A escola que forma os melhores engenheiros portugueses” A Escola de Engenharia da Universidade do Minho celebra quarenta anos. O País Positivo esteve à conversa com João Monteiro, Presidente da EEUM, para ficarmos a conhecer as potencialidades da escola de engenharia e os benefícios que esta traz para o país.

bilidade particularmente alta - mesmo em tempos de crise, e participam ativamente na melhoria dos índices da atividade económica portuguesa. Não é por acaso que são tão procurados pelos países mais industrializados. A Engenharia e os Engenheiros são também atores particularmente importantes na estratégia de incorporação de valor acrescentado aos processos produtivos e à prestação de serviços cada vez mais adequados às necessidades da sociedade. A Engenharia é, em suma, um motor do crescimento e desenvolvimento sustentáveis.

João Monteiro Presidente da EEUM

É reconhecida a importância da engenharia. Qual o verdadeiro impacto desta no país? Um dos vetores da Engenharia e das suas Escolas emerge da relevância socioeconómica do ensino: os Engenheiros formados em Portugal, e em particular na Universidade do Minho, são reconhecidos internacionalmente pela sua qualidade, apresentam uma taxa de emprega-

Qual a importância da Escola de Engenharia da Universidade do Minho para a região? Num relatório publicado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, a UMinho é apontada como uma instituição de topo no que se refere ao número e qualidade das relações de cooperação com a rede de indústria nacional. A nossa Escola está inserida numa região industrializada, tendo estabelecido relações estratégicas com a indústria local, as quais são já a nossa marca identitária. Daqui têm sido criadas inúmeras parcerias no âmbito da investigação, desenvolvimento e inovação, resultando em soluções reais e aplicáveis tanto à melhoria

de processos, tecnologias e produtos, como no âmbito da qualidade de vida do cidadão comum (alguns exemplos: Novos bioimplantes cardiovasculares; Sistemas de embalagem com nano-películas; Têxteis inovadores e funcionais; Infraestruturas de transporte e energia; Engenharia de estruturas e construções históricas; robótica/eletrónica industrial). Os pólos universitários funcionam igualmente como catalisadores das cidades onde se localizam, potenciando a instalação de atividades económicas de alto valor acrescentado e a atração de investigadores de excelência, nacionais e internacionais.

Quais as parcerias que mantêm com as comunidades de língua portuguesa, por exemplo, Angola? Os países da CPLP são espaços estratégicos de atuação, não só pela proximidade de língua e cultura mas também pelas oportunidades de desenvolvimento. A oferta formativa em português, uma das línguas mais faladas no mundo, em estreita colaboração com os países da CPLP, permite à Escola promover áreas estratégicas tais como a energia, a construção, etc., junto de universidades parceiras em todo o mundo. A Escola tem reforçado a sua presença em países como Timor, Moçambique, Angola e Brasil, com projetos de ensino lecionados nestes países ou estabelecimento de acordos de formação ao nível de doutoramento, mestrado e licenciatura. O Estatuto de Estudante Internacional, criado no início de 2014, constitui também uma oportunidade de atuação junto da comunidade internacional, em particular a CPLP. A Escola recebeu já 15 alunos através deste regime para as suas licenciaturas e mestrados integrados. Aos alunos interessados, a UMinho disponibiliza um curso de preparação dos estudantes internacionais (“Ano Zero”), o qual conta este ano letivo com 20 participantes, 12 dos quais pretendem ingressar em cursos da EEUM.

Têm uma parceria com a Bosch. Como avalia esta relação? Quais os benefícios retirados por ambas as entidades?

O projeto vai reforçar o investimento em Investigação & Desenvolvimento Tecnológico, visando o desenvolvimento e a produção do futuro conceito de mobilidade no setor automóvel. As soluções estão a ser desenvolvidas nas instalações existentes na Bosch e na UMinho, unindo a realidade empresarial ao mundo académico. Está assegurado um investimento de 19 milhões de euros, considerado de interesse estratégico nacional. As soluções multimédia desenvolvidas responderão aos desafios relacionados com o interface homem-máquina, usando novos materiais para a construção de equipamentos e ainda ferramentas inovadoras em processos e procedimentos ligados à produção. No âmbito deste projeto foram recrutados 35 engenheiros na empresa em Braga e 59 bolseiros na UMinho, quase exclusivamente para a EEUM, permitindo a criação de empregos altamente qualificados na região e corroborando a forte aposta do grupo Bosch no talento português. Como resultado, o projeto permitirá à unidade de produção em Braga, em articulação com a UMinho, passar de uma unidade produtiva a uma unidade com I&D integrado, incorporando nos seus produtos soluções tecnológicas de origem nacional de alto valor acrescentado.

O vosso grande objetivo é serem reconhecidos como “a escola que forma os melhores engenheiros portugueses”. O que está a ser feito para que este objetivo seja atingido? A Escola de Engenharia proporciona uma educação superior de elevada qualidade, com o objetivo de formar cidadãos e profissionais altamente competentes e com um papel social relevante e ativo. As parcerias institucionais nacionais e internacionais continuam a ser consolidadas, nomeadamente ao nível da investigação e do ensino do 3º ciclo, com destaque para vários Programas de Doutoramento FCT recentemente criados. A criação de empresas de base tecnológica (spin-offs), muitas das quais já premiadas e distinguidas a nível nacional, tem demonstrado a capacidade empreendedora que a Escola procura instigar nos seus alunos e investigadores.

/Janeiro


ENSINO SUPERIOR

surge através de instâncias internacionais, consubstanciadas em rankings internacionais de excelência – e, a par da própria Universidade do Minho, a sua Escola de Engenharia surge no CWTS Leiden Ranking como a melhor Escola de Engenharia do País – é um ranking internacional de prestígio que avalia, a par das instituições como um todo, as suas áreas específicas – engenharia, no nosso caso. Para o futuro, a Escola implementará algumas estratégias para melhor articular a oferta formativa com as necessidades do mercado: novas ofertas de formação avançada e flexibilização de cursos; formação de nível avançado e especializações orientadas às necessidades do mercado; criação de projetos de formação ao longo da vida; cursos em empresas, recorrendo ao B-learning (Blended learning).

Entre os dias 22 e 27 de Janeiro realizar-se -á a Semana de Engenharia. Em que consiste? A Escola tem vindo igualmente a celebrar acordos de colaboração com entidades do tecido económico e industrial, criando oportunidades de participação conjunta em atividades de carácter técnico-científico e de investigação. O reconhecimento da Escola é mensurável ainda pela atribuição de diversas distinções e prémios científicos. O tecido empresarial português reconhece o valor e a qualidade dos nossos graduados com a atribuição de prémios escolares e institucionais. Por tudo isto, os graduados da Escola de Engenharia são reconhecidos a nível nacional, mas também a nível internacional, como profissionais de excelência. O reconhecimento do papel da EEUM também

/Janeiro

A Semana da Escola de Engenharia constitui o evento por excelência de divulgação da EEUM junto da comunidade académica, da população estudantil do ensino secundário e da sociedade em geral. Este evento proporciona sempre o debate de uma temática com especial relevância não só para a academia mas também para a sociedade em geral (em edições anteriores, versou sobre temas como a qualidade de vida, a internacionalização, a investigação para o futuro). O programa desta edição inclui uma Sessão Solene Comemorativa do aniversário da Escola, com um debate sobre “Engenharia: crescimento e desafios para as regiões”, o qual contará com a participação do Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia,

Jorge Moreira da Silva, e dos Presidentes das Câmaras Municipais das cidades do Quadrilátero Urbano, entre outros convidados. De destacar igualmente o Dia do Emprego, com a participação de quase 40 empresas, as quais disponibilizam cerca de 200 vagas para os nossos alunos. Decorre ainda uma cerimónia de entrega de diplomas aos alunos graduados no ano anterior, durante a qual são entregues também os prémios de mérito aos nossos melhores alunos. A maior parte destes prémios são instituídos em colaboração com empresas com as quais temos grande proximidade e relações de colaboração de longa data. Para terminar, a Escola dedica um dia às Escolas Secundárias que tenham interesse em visitar as instalações e laboratórios – dia esse em que teremos ainda uma sessão de esclarecimento vocacionada para pais e orientadores vocacionais.

Qual o objetivo deste evento e quais as expectativas para o mesmo? Nesta edição em particular, e celebrando o seu percurso de 40 anos, a EEUM pretende desafiar a comunidade académica e também a sociedade civil a repensar o papel da engenharia, reconhecendo os desafios e também o potencial futuro, com foco na inovação e desenvolvimento das regiões menos centrais como principal catalisador da retoma económica e da modernização do tecido empresarial. A Escola espera grande adesão da comunidade académica e da sociedade em geral. É ainda nosso objetivo fortalecer as relações com as empresas empregadoras e promover a empregabilidade dos nossos graduados.

A Escola de Engenharia celebra o seu 40º aniversário. Fazendo uma retrospetiva e

comparando com a atualidade, qual o balanço que faz destes quarenta anos? Apesar das dificuldades orçamentais sentidas nos últimos anos, e tendo em conta a situação socioeconómica do Minho (a região com o/um dos menores PIB/capita do país), a Escola conseguiu – mais que resistir – definir caminhos (para o futuro) e atingir objetivos acima do inicialmente expectável. Estes resultados devem-se ao empenho, esforço e dedicação de todos os membros da Escola. Nos últimos anos letivos, a Escola encontrase entre as instituições mais procuradas no Concurso Nacional de Acesso, ultrapassando as vagas disponíveis para vários dos seus cursos. A concentração de colocações nas instituições de Lisboa e Porto corresponde a fatores exógenos que, na nossa opinião, deveriam ter uma atenção redobrada do poder central. Assegurar um desenvolvimento sustentável do país, quando se conhece que no Ensino Universitário há necessidade de mais investimento em Ciência e Tecnologia e fixação de quadros por todo o país – como fator determinante da pretendida “reindustrialização” – não se coaduna com a atual estratégia centralizadora. Estamos, contudo, conscientes que temos a capacidade de nos afirmarmos pela diferença na qualidade e capacidade de ter um impacto direto no desenvolvimento económico, numa formação educativa de elevadíssima qualidade de I&D. Temos assim razões para estarmos confiantes! Temos de fazer mais com menos, mas isso tem sido a nossa vivência. Um problema só é mau quando desistimos.


Loulé: Cidade Europeia do Desporto 2015

Loulé: Cidade Europeia do Desporto 2015 Loulé tem o melhor do Algarve: a serra e o mar. Como é característica dos algarvios, os louletanos proporcionam a quem visita as suas terras momentos inesquecíveis que deixam qualquer com vontade de regressar. O País Positivo esteve à conversa com Vítor Aleixo, presidente da câmara, para ficar a conhecer este município que foi distinguido como Cidade Europeia do Desporto. Vítor Aleixo recorre a factos históricos para apresentar o seu concelho e enaltece as qualidades dos louletanos. “Um município com uma história riquíssima que mergulha no período neolítico, passando por uma forte presença islâmica, até à época cristã. Há vários testemunhos que atestam e evidenciam a presença e a atividade humana em Loulé, remontando a tempos longínquos. É também justo que se refira que temos dado grandes nomes à cultura portuguesa e ao País muitas pessoas que têm vindo a assumir cargos da maior relevância no Estado. Os louletanos são pessoas com grande amor-próprio, com bairrismo, mas sublinho que é bairrismo saudável, aberto ao mundo e à inovação, apesar de sempre muito ciosos das suas raízes e tradições.” O Presidente da Câmara não se esquece de referir as qualidades pelo qual o Algarve e em particular Loulé são tão valiosos: “Loulé tem empreendi-

mentos turísticos de cinco estrelas, do melhor que há no mundo, como por exemplo em Vilamoura, Quinta do Lago e Vale do Lobo Acrescento que também as nossas praias já receberam e continuam a receber galardões pelas qualidades que apresentam.” Loulé é o maior concelho algarvio. Vitor Aleixo acrescenta na caracterização do município a que preside, que “Loulé é absolutamente central no Algarve e nele se concentram todas as características da Região Algarvia. Tem, de acordo com os últimos censos, uma população residente, na ordem dos setenta e dois mil habitantes, sendo pois o concelho com mais habitantes dessa região. Estão aqui concentrados os maiores investimentos. Resumindo, este é um concelho central, servido pelas melhores acessibilidades – está a dez minutos do aeroporto internacional de Faro, com três nós de acesso na via do Infante -, um município de

grandes recursos, pelas suas gentes, dimensão e complementaridade territorial”. Cidade Europeia do Desporto 2015 O nosso interlocutor afirma que “este desafio começou ainda com o anterior executivo quando foi manifestado a intenção de candidatura. No entanto, foi já sobre a nossa gestão que se veio a concretizar, desde a apresentação da candidatura à distinção da cidade.” Vítor Aleixo salienta o facto de isto não ser o começo do desporto em Loulé, até porque para receber tal galardão é necessário reunir condições para a prática desportiva e tradição na mesma. O dia trinta e um de Janeiro marca o início oficial da Cidade Europeia do Desporto. Ao longo do ano irá decorrer uma panóplia de eventos das mais variadas modalidades. “Iremos ter competições em mais de cinquenta modalidades. Teremos o Atlantic Tour, diversos torneios de golfe - não esquecer que somos um concelho com treze campos de golfe -, o Triatlo Carlos Gravata Cidade da Quarteira, o Loulé Fitness Challenge, o campeonato de Boccia, e o de natação adaptada, sendo que no Andebol receberemos a Final Four. Ou seja, um enorme e variado conjunto de eventos desportivos que

Vítor Aleixo mostra-se contra as portagens no Algarve. “A EN 125 não pode ser uma alternativa à Via do Infante, até porque esta tem fortes índices de sinistralidade e necessita urgentemente de uma requalificação que, aliás, está prometida pelas Estradas de Portugal. Convém relembrar que as portagens do Algarve são caríssimas e são um prejuízo enorme para a economia local e regional.” O presidente da câmara mostra-se indignado com o estado da rede de cuidados de saúde pública do Algarve “É uma absoluta vergonha e mesmo calamitoso o estado da saúde pública. A rede de cuidados de saúde pública da região algarvia está a ser e desmantelada. As pessoas começam a ficar privadas do nível de prestação de cuidados de saúde a que estavam habituados e a que têm direito.”

alcançará, seguramente, todos os gostos.” Esta distinção ajuda não só a alavancar a economia local e regional mas também a nacional. O desporto movimenta muita gente. Onosso entrevistado reforça a ideia de que o desporto, aliado ao turismo, é uma fonte de receitas e uma ‘arma’ contra a sazonalidade. Esta distinção é mais uma lufada de ar fresco que irá, com certeza, ajudar a promover não só Loulé como todo o Algarve como um destino a visitar fora da época estival, devido às condições únicas que oferece. Irá ser a porta de entrada para uma nova forma de turismo - o turismo desportivo – que, com o passar dos anos, tem vindo a ganhar cada vez maior expressão.

Vítor Aleixo Presidente da C.M. Loulé

/Janeiro


Loulé: Cidade Europeia do Desporto 2015

Algarve: diversificar e complementar as ofertas Engana-se quem pensa que o Algarve é apenas sol e mar. A região algarvia tem muitas outras valências das quais pode usufruir todo o ano. O País Positivo esteve à conversa com Desidério Silva, presidente da Região do Turismo do Algarve, para ficarmos a conhecer este paraíso lusitano.

“A marca Algarve está num processo de consolidação de sustentabilidade.”

Desidério Silva Presidente da Região do Turismo do Algarve

Desidério Silva refere que hoje o Algarve é a marca mais importante do Turismo Nacional, embora tenha atravessado recentemente alguns anos menos bons. Para que não vote a suceder é necessário trabalhar e diversificar cada vez mais as ofertas na região. “A marca Algarve está num processo de consolidação de sustentabilidade. Este ano aprovamos um plano de marketing estratégico para a região, onde estão definidos alguns objetivos, entre eles, reforçar a nossa imagem de marca, o sol e a praia, mas ao mesmo tempo potenciar um conjunto de produtos que fazem uma região integrada em termos daquilo que temos para oferecer. Ou seja, queremos diversificar por

/Janeiro

um lado e complementar pelo outro.” Com esta estratégia de diversificar e complementar, o turismo desportivo encaixa perfeitamente no plano. “Este é um produto que queremos consolidar em várias modalidades. Desde o surf, que está com uma projeção engraçada, passando pelas caminhadas, BTT, passeios pedestres, tudo aquilo que envolva o turismo natureza associado ao desporto. Depois temos a volta ao Algarve, onde estamos a trabalhar com a Federação Portuguesa de Ciclismo, para criarmos aqui um conjunto de circuitos que possam fazer desta região uma marca para os cicloturistas que querem fazer provas e também passear. Temos também o atletismo, onde

temos várias provas, entre elas o cross das Amendoeiras, as marchas, o triatlo que é realizado na Quarteira. Estes são claramente um conjunto de oportunidades que o Algarve pode oferecer devido às acessibilidades, ao clima. Há muitas equipas europeias que de inverno vêm estagiar no Algarve.” A aposta no turismo desportivo é uma forma de combater um problema que assola o Algarve, a sazonalidade. O nosso entrevistado não tem dúvidas de que “a região assume-se, claramente, como um destino onde o desporto pode ser um produto potencial de complementaridade e de ajuda à questão da sazonalidade, visto que grande parte destas modalidades prati-

cam-se no Inverno. Isto, claro, associado a Loulé - Cidade Europeia do Desporto – cujas iniciativas iremos ser parceiros e divulgar ajudará a diminuir o impacto deste problema. A partir do momento em que Loulé recebe esta distinção, tem que haver um enfoque naquilo que é a promoção do concelho em termos internacionais, contatando todos os nossos parceiros de promoção espalhados pela Europa.” Mais uma vez, a Região do Turismo do Algarve vais estar presente na BTL, que se realizará entre vinte e cinco de Fevereiro a um de Março. Desidério Silva afirma que “o Algarve tem que estar presente, até pela importância que tem nesta matéria. Representamos trinta e seis porcento das dormidas do mercado nacional, tanto como Madeira e Lisboa juntas. Estamos lá para apresentar o plano estratégico, como já referi, e divulgar a Rota dos Vinhos, a Rota Cultural, a Rota do Património, uma séria de atividades que vamos ter ligadas ao turismo natureza, entre outras. Há aqui um conjunto de ofertas que vão ser apresentadas e trabalhadas, como é o caso do papel da Dieta Mediterrânica.” O presidente da Região de Turismo do Alarve espera que este ano, tal como no anterior, as expectativas sejam ultrapassadas, afirmando que para isso ainda há muito trabalho pela frente. “O ano de dois mil e catorze foi um ano com números bastante positivos, que acabaram por superar as expectativas. Mas, de qualquer das maneiras, é um ano que nos faz pensar que dois mil e quinze deve ser um ano de continuidade. Não podemos ficar a dormir com estes números, pensando que as coisas estão todas bem. Muito pelo contrário, há uma série de intervenções a fazer, pelo setor público e privado, quer a nível do mercado Portugal/Espanha quer em outros mercados emissores.”


Loulé: Cidade Europeia do Desporto 2015

Confederação do Desporto de Portugal Em entrevista as País Positivo, Carlos Cardoso, presidente da Confederação do Desporto de Portugal – CDP –, fala do trabalho desenvolvido pela mesma e dos benefícios da distinção de Loulé como Cidade Europeia do Desporto.

A Confederação do Desporto de Portugal tem vinte anos e foi criada porque algumas federações não estavam satisfeitas com o desempenho do Comité Olímpico. Carlos Cardoso confessa que “A confederação, inicialmente, era quase como um movimento sindical. Hoje, é um parceiro importante da administração pública desportiva na defesa e promoção do desporto, integrando grupos de trabalho de legislação desportiva, como por exemplo os de: “Análise do Regime Jurídico e Fiscal das Sociedades Desportivas”, “Conselho Técnico para o Policiamento de Espetáculos Desportivos”, entre muitos outros, tudo isto, afinal, na defesa dos interesses do movimento associativo. A CDP adquiriu importância também em termos internacionais. O nosso interlocutor refere que são “membros do ENGSO - European Non-Governmental Sports Organisation, que agrupa a nível europeu as confederações do desporto e comités olímpicos europeus, cuja próxima assembleia geral se realizará, em Lisboa, no final de Abril. Os Jogos Mundiais, que agrupam essencialmente modalidades não olímpicas, e os Jogos da CPLP, que agrupam jovens dos países que têm o português como língua oficial, tem sido outra das áreas de importante expressão internacional da CDP. No que diz respeito aos primeiros a CDP tomou, desde 2001, a seu cargo a organização das missões a este importante certame de desporto mundial, quanto aos Jogos da CPLP, a Administração Pública Desportiva, desde 2005, que em face da experiência dos membros da CDP em competições de nível mundial, nos solicita a organização da delegação portuguesa. Em 2012 Portugal foi mesmo a sede dos Jogos da CPLP (Mafra) cabendo à CDP a preparação e a organização de tão importante evento que agrupou quase um milhar de atletas. Gala do Desporto A Gala do Desporto é uma das muitas “montras” da CDP e tem tido como palco o Casino do Estoril, por onde têm passado muitas gló-

rias passadas e atuais do desporto nacional. O presidente da confederação orgulha-se de dizer que “este é um evento que premeia e dá, muitas vezes, a conhecer ao país atletas que elevaram e elevam a bandeira de Portugal aos lugares cimeiros nas várias modalidade”. Acrescenta ainda, que “a grande marca diferenciadora é a isenção com que a escolha dos galardoados é feita.” Este é um espetáculo desportivo que reúne figuras conceituadas do mundo desportivo, das mais variadas modalidades. Este ano a Gala do Desporto será a onze de Novembro. Cidade Europeia do Desporto Loulé é a terceira cidade portuguesa a receber esta distinção. No passado, Guimarães, que foi mesmo considerada a melhor Cidade Europeia do Desporto, em 2013, e a cidade Maia também foram também escolhidas. Apesar de não ter talvez tanto peso desportivo quanto as outras duas cidades portuguesas, Loulé tem ao longo dos anos sido palco de importantes eventos internacionais disponde de boas infraestruturas desportivas, e não devemos esquecer todo o “peso” do Louletano em diversas modalidades, nomeadamente no ciclismo. Loulé apresenta assim todas as condições para a prática desportiva. Carlos Cardoso afirma que “o concelho é fantástico em termos climatéricos e no que toca às acessibilidades estão muito bem servidos, visto que estão praticamente no centro do Algarve, têm ainda o aeroporto internacional de Faro a escassos quilómetros e têm infraestruturas que permitem a prática desportiva. É de referir que já são muitas as equipas que escolhem o Algarve para fazer os seus estágios de Inverno. Não só Loulé, mas toda a região algarvia beneficiará com esta distinção. Esta será uma forma de incrementar o desporto e para contrariar o fator sazonalidade que tanto afeta a região. Será também uma forma de promoção do Algarve a nível internacional, que com certeza dará os seus frutos não só agora como no futuro.”

Carlos Paula Cardoso Presidente da Confederação do Desporto de Portugal

O desporto em Portugal O presente do país é difícil e o desporto não pode ser propriamente uma ilha! A crise afetou-o. Os clubes que tinham nas autarquias locais um grande apoio sentiram as dificuldades que estas sentiam também. Tal teve reflexo no trabalho das estruturas intermédias e acabou por se refletir no trabalho das federações. O presidente da CDP afirma que as federações foram muito afetadas, tendo havido competições que foram descontinuadas por falta de verbas e áreas, como a formação, fundamentais para o futuro do desporto que viram diminuir o apoio que tinham tido no passado. Clubes e/ou associações tiveram continuam a ter muitas dificuldades em conseguir verbas o que tem impedido o crescimento do número de atletas federados ao ritmo que se verificava antes. Hoje, a situa-

ção está a recompor-se paulatinamente. Há, no entanto, modalidades que apesar das dificuldades têm alcançado excelentes resultados como por exemplo o ténis de mesa. Mas, devemos realçar, muitas outras modalidades tem mantido um nível ao nível internacional. O nosso entrevistado acrescenta, em resumo, que “o panorama desportivo português podia ser bem melhor do que é. Há dificuldade em captar os jovens e canalizar investimentos. Frequentemente, no caso dos mais jovens, a partir do momento em que acaba a escola, e deixam a prática desportiva regular, abandonam a atividade física. Há ainda uma gritante falta de clubes, das mais variadas modalidades que recebam os jovens. Não há uma continuidade na atividade e torna-se difícil saltar de um escalão para o outro, como, por exemplo na transição juvenil para júnior e de júnior para sénior. Ainda precisamos dar esse salto.”

/Janeiro


Loulé: Cidade Europeia do Desporto 2015

Atlantic Tour 2015 De 17 de Fevereiro a 5 de Abril, Vilamoura recebe aquele que será o maior evento hípico da Europa, o Atlantic Tour 2015. O Algarve, devido às suas características climatéricas, entre outras, é propício a desportos outdoor, como é o caso do hipismo.

“Em outubro temos outro grande evento, mais uma vez fora da época de verão, quando no resto da Europa já não se consegue praticar desportos outdoor, aqui ainda é possível.”

António Moura

Este evento começou a ser realizado em 2003 em Vilamoura e desde então tem vindo a crescer e a adquirir cada vez mais importância no contexto internacional. António Moura, diretor da Alubox, a entidade que organiza o evento, explica que “em 2007 o Atlantic Tour foi para a Comporta e só voltou há cerca de dois anos é que voltou para Vilamoura. Foi criado o Clube Hípico de Vilamoura, que é a entidade que está a gerir todo este espaço equestre. São aqui realizadas competições nacionais e internacionais”. Loulé é a Cidade Europeia do Desporto 2015. O diretor da Alubox afirma que “este foi o mote para aumentar a duração do Atlantic Tour. O ano passado teve a duração de quatro semanas, mas este ano, devido à distinção que o concelho recebeu, irá durar seis semanas,

/Janeiro

700 cavalos 30 países acresce ainda mais uma semana dedicada exclusivamente à dressage. Acabam por ser ao todo sete semanas de competição”. António Moura reconhece a importância de Loulé ser Cidade Europeia do Desporto e acrescenta que “o município merece esta visibilidade devido às condições que oferece. As acessibilidades são boas, visto que estamos a vinte quilómetros do aeroporto internacional de Faro. Temos um bom serviço de saúde. Temos um clima ótimo. Reunimos um conjunto de condições para a prática de hipismo fantásticas.” O Clube Hípico de Vilamoura é a entidade

que gere o espaço dedicado ao desporto equestre, e que será o palco do Atlantic Tour 2015. “Esta área está equipada com as melhores infraestruturas, como é o caso dos campos de saltos que são todos forrados a tapete de borracha. “ A última semana do Atlantic Tour vai ser dedicada a Angola. “A Federação Equestre Angolana, que acabou de ser admitida como membro de plenos direitos na Federação Equestre Internacional – FEI, irá ser nossa parceira neste evento. Este é um grande evento que vai permitir aos angolanos adquirir alguma bagagem, algum know-how sobre organização e avaliação provas. Aliás, no dia quatro de Abril realizar-se-á o grande prémio de Angola. Esta é também uma data especial para os angolanos, visto ser o Dia da Paz em Angola.”

Este espetáculo hípico fica também marcado pelo valor dos prémios atribuídos aos participantes. “O evento tem um prize money de oitocentos e vinte e cinco mil euros.” Este é um evento que trará muitas pessoas à região algarvia. O rosto da organização do Atlantic Tour refere que “a competição conta com cerca de setecentos cavalos, que arrastam consigo, entre cavaleiros, tratadores, cerca de duas mil pessoas. Irão estar aqui representados cerca de trinta países. Vai ser o maior evento equestre na Europa!” O Algarve sofre da maleita da sazonalidade. São eventos como o Atlantic Tour que acabam por esbater um pouco esse problema. “ Este é um evento que encaixa perfeitamente nas necessidades do Algarve: em primeiro pela data em que se realiza, ou seja, fora da época alta, e depois porque todas as pessoas têm necessidade de comer, de repousar, de se divertir. Nas nossas previsões, acreditamos que vamos gerar cerca de cem mil room nights durante este próximo evento. É um impacto na economia local que nós estimamos que vá rondar os quinze a vinte milhões de euros diretos, fora os indiretos como as viagens de carro, as portagens, entre outras. Como evento desportivo, o Atlantic Tour 2015, vai ser provavelmente o evento que vai trazer mais projeção a Loulé, ao Algarve e ao país, é claro.””


Herança Cultural, estudos e salvaguarda

Laboratório HERCULES: um contributo inteligente para o Alentejo O Património Cultural é hoje em dia considerado um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável das regiões e para a consequente melhoria da sua qualidade de vida.

Como se materializa, no HERCULES, essa interdisciplinaridade?

No Laboratório HERCULES, o nosso core-business é essencialmente património. Nós estudamos bens patrimoniais, quer sejam arqueológicos, arquitectónicos ou museológicos e, por isso mesmo, temos de trabalhar sempre com equipas multidisciplinares. Este é um laboratório muito centrado na componente analítica. Fazemos essencialmente este estudo material mas para responder a questões que são trazidas pelos nossos interlocutores, que normalmente são arqueólogos, historiadores de arte, conservadores/restauradores, arquitectos ou engenheiros civis. Não obstante, as nossas capacidades analíticas e know-how fazem com que o laboratório preste serviços e colabore com entidades e empresas de outras áreas como agro-alimentar, recursos geológicos e mesmo o tecido industrial. Como surgiu este laboratório?

António Candeias Laboratório HERCULES - Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda

A reabilitação e valorização do património e a revitalização de técnicas e saberes tradicionais podem ter um impacto directo nas populações, contribuindo para as áreas de planeamento territorial e urbano e para a criação de postos de trabalho em serviços, turismo e pequenas empresas, provendo de identidade cultural e memória, a comunidade. Consciente do valioso legado patrimonial do Alentejo e do seu papel enquanto pólo científico e cultural da região, a Universidade de Évora, com o patrocínio do mecanismo de financiamento europeu EEA Grants, criou em 2009, o Laboratório HERCULES - Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda, cujos principais objectivos podem ser agrupados em cinco grandes linhas de acção: desenvolvimento de metodologias e projectos de conservação integrados; estudo e apoio científico do património arqueológico, arquitectónico, artístico e cultural; valorização dos recursos endógenos, nomeadamente as técnicas e saberes tradicionais e os recursos naturais; formação avançada e promoção de cursos breves e acções de formação dirigidas a pessoal técnico; promoção de acções de divulgação junto da população conducentes à sua sensibilização para temáticas rela-

cionadas com a cultura e o património. Esta infra-estrutura é composta por uma equipa multidisciplinar que envolve técnicos e especialistas em conservação e património, compreendendo diferentes áreas do conhecimento, como conservação e restauro, arqueologia, química, geologia, engenharia dos materiais, bioquímica, fotografia e design gráfico. António Candeias, Director do Laboratório HERCULES abre-nos as portas a este centro produtor de conhecimento sediado em Évora. Que importância assumem estruturas como o Laboratório HERCULES para o desenvolvimento socioeconómico da região em que se inserem?

Este género de infra-estruturas científicas são essenciais porque são as mesmas que, através do conhecimento e de uma abordagem mais científica e interdisciplinar, vão de certa forma valorizar aquilo que temos na região. Creio que esta valorização passará muito por um maior conhecimento daquilo que na realidade temos e das nossas potencialidades. As infra-estruturas científicas são essenciais no seio desta estratégia de especialização inteligente que visa o desenvolvimento regional sustentado.

Este laboratório surgiu em 2009, quando conseguimos uma candidatura a um mecanismo de financiamento europeu, o EEA Grants. Nessa altura, foi possível um financiamento substancial, de cerca de 1 milhão de euros, que permitiu criar a infra-estrutura inicial. Depois disso, o laboratório tem vindo sempre a reforçar as suas componentes, primeiro com uma unidade móvel, que conseguimos através de fundos estruturais e, mais recentemente, com três grandes projectos que nos permitiram alavancar a nossa infra-estrutura. O Laboratório HERCULES é independente ou está associado a alguma entidade?

O laboratório é uma infra-estrutura de investigação da Universidade de Évora. O laboratório HERCULES candidatou-se recentemente à Fundação para Ciência e Tecnologia, um processo gradual em que conseguimos a classificação de excelente, o que muito nos honra mas também nos responsabiliza para o futuro. Por outro lado, o laboratório também concorreu ao Roteiro de Infra-Estruturas de Investigação de Interesse Estratégico Nacional, com um consórcio com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e o Laboratório José de Figueiredo, da Direcção Geral do Património Cultural. Conseguimos também ser uma das 40 infra-estruturas que fazem parte do Roteiro Nacional. A importância disto reside no facto de serem estas infra-estruturas de interesse estratégico nacional que vão dar apoio ao tecido empresarial e também às outras unidades de investiga-

ção e são estas que poderão entrar nas redes europeias de investigação. A que fins se destina a unidade móvel e os outros três grandes projectos, a que se referia como marcos que permitiram alavancar a infra-estrutura do Hercules?

O laboratório móvel da Universidade de Évora corresponde a um conjunto de equipamentos de instrumentação analítica que nos permitem ter portabilidade e, assim, ir ao terreno. Temos uma serie de equipamentos portáteis que nos permitem desenvolver análises e estudos num campo arqueológico, num museu, numa igreja ou onde quer que seja necessário. A título de exemplo, estivemos na semana passada em Góis, a estudar um retábulo, depois em Santa Cruz, em Coimbra, entretanto levámo-lo a Castelo Branco… São equipamentos importantíssimos porque a primeira fase de um estudo é precisamente a análise in situ. Depois, há uma segunda parte, analítica, realizada em laboratório mas existem trabalhos em que nem sequer é possível recolher micro amostras e, por conseguinte, o laboratório móvel é uma das componentes fundamentais do laboratório para a nossa acção. Quanto aos outros três projectos a que nos candidatámos, refiro-me a um de infra-estrutura, o Projecto Micra, que visava reforçar as competências de microanálise e que permitiu adquirir algum equipamento de ponta e outros dois projectos que integravam um programa para desenvolver metodologias na área da arqueologia e da arqueometria. Para além de desenvolvermos diversos tipos competências, também foi possível, no âmbito desses projectos, comprarmos equipamentos. Para terem uma noção, o grau de investimento em instrumentação analítica no Laboratório HERCULES ascende aos 2,2 milhões de euros, o que lhe confere uma dimensão já significativa, enquanto infra-estrutura analítica, a nível nacional. Apesar de se tratar de uma infra-estrutura recente, o HERCULES já se encontra integrado em redes internacionais…

Sim, temos colaboração com diversas entidades e, actualmente, estamos envolvidos num consórcio europeu que vai apresentar uma candidatura que visa a criação da rede europeia na área do património, no âmbito da qual o HERCULES e os seus parceiros nacionais consituirão um dos polos. A nível internacional, a título de exemplo, estivemos no mês pas-

/Janeiro


Herança Cultural, estudos e salvaguarda

sado em Omã a fazer umas análises para o museu nacional, o que significa o reconhecimento da nossa actividade. A nível nacional, como asseguram a ligação ao tecido empresarial?

A vertente da nossa interacção com a sociedade tem diversos níveis. Sendo um laboratório na área do património, os nossos interlocutores são, muitas vezes, as autarquias ou as dioceses e aí temos feito alguns trabalhos de prestação de serviços. Mas também as empresas, em particular de conservação e restauro, nos têm solicitado por diversas vezes e temos estabelecido grandes parcerias. A exemplo do que sucedeu com a empresa Nova Conservação em que apoiámos a intervenção de conservação e restauro da estátua equestre de D. José ou da charola do Convento de Cristo em Tomar. O mesmo sucedeu com os restauros da Sé de Santarém para a musealização do seu património, em que demos apoio a inúmeras empresas. Ou com a Parques de Sintra Monte da Lua, em que temos dado apoio a diversos projectos. Quando refiro que o core-business do Laboratório Hercules é património, isso não significa que não desenvolvamos actividades de

investigação noutras áreas, em particular na área dos recursos minerais ou na ambiental e agrária, em que estamos por exemplo com projectos para a certificação de azeites, com uma forte ligação à componente socioeconómica. No que concerne a recursos minerais, tivemos um projecto que consistia no desenvolvimento de uma máquina para limpeza de materiais pétreos; outro domínio prende-se com a valorização dos nossos recursos minerais, particularmente dos mármores. Aí, temos alguns projectos com o Cevalor. Outra componente particularmente interessante tem a ver com o mar e os recursos marinhos, em que estamos envolvidos, tendo parcerias com a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental. A esse nível, fazemos caracterização das amostras extraídas do fundo do mar. Tendo como base esta rica oferta patrimonial e a existência de um centro produtor de conhecimento como a Universidade de Évora, que horizontes perspectiva para o Alentejo?

As oportunidades que se estão a criar com o novo programa operacional são enormes. Ain-

da estamos à espera do regulamento mas o mais importante é que se estão a criar redes de colaboração. Em particular, temos uma ligação muito forte com a Direcção Regional de Cultura do Alentejo e, mais recentemente, estreitámos relações com o Instituto Politécnico de Beja e o Instituto Politécnico de Portalegre nesta área do património. Creio que o futuro passará por uma articulação integrada destas instituições, pela possibilidade de desenvolvermos projectos que permitam a gestão integrada de recursos e ainda por repensarmos a nossa ofer-

CONHECER O PASSADO VALORIZAR O FUTURO www.hercules.uevora.pt

/Janeiro

ta cultural e turística associada à cultura numa perspectiva global e integradora. Nesse sentido, esta Direcção Regional da Cultura está a promover significativos avanços, reflectindo sobre o que somos para que percebamos o que poderemos ser. Mais do que isso, a Direcção Regional está a pensar a cultura e o património em todas as suas variáveis em projectos que serão certamente estruturantes. Penso que, no próximo ano, terão novidades incríveis para o Alentejo, as quais, estou certo, acabarão por ser replicadas no restante país.


CIDADE EUROPEIA DO VINHO 2015

Reguengos de Monsaraz no epicentro da Europa Este ano, Reguengos de Monsaraz será o centro europeu da celebração vitivinícola. A RECEVIN (Rede Europeia das Cidades do Vinho) escolheu esta localidade alentejana para ser a Cidade Europeia do Vinho 2015. A programação da Cidade Europeia do Vinho 2015 arranca oficialmente a 21 de fevereiro com a realização da Gala Anual da Cidade Europeia do Vinho, aquando da passagem do testemunho. O ano de 2015 será de intensa atividade para afirmar a importância da produção vitivinícola da região, atestar a qualidade dos vinhos aqui produzidos e divulgar as potencialidades turísticas e económicas associadas ao Património Cultural Material e Imaterial, que confere toda a singularidade a este concelho alentejano. Em entrevista, o edil local, José Calixto convida-nos a uma visita. O que representa para a autarquia a decisão da RECIVIN face à candidatura de Monsaraz, nomeadamente no que concerne à promoção turística e dos seus produtos endógenos?

A Cidade Europeia do Vinho vai permitir promover os vinhos do concelho de Reguengos de Monsaraz na Europa e de forma geral também noutros continentes. Esta distinção torna Reguengos de Monsaraz apelativo para ser conhecido pelos especialistas europeus da área

dos vinhos, mas também pelos muitos apreciadores estrangeiros que vão aproveitar para visitar a região e provar os vinhos que são produzidos no concelho. O vinho é sem dúvida a grande alavanca desta iniciativa. O vinho é a centralidade e o motivo para atrair turistas ao concelho. Naturalmente que quanto mais turistas vierem a Reguengos de Monsaraz maior será o numero de pessoas que conhecem os produtores e os enoturismos da região, existindo assim claros benefícios no setor

das vendas. Nesta iniciativa não se pode dissociar o turismo dos vinhos, pois o principal objetivo é a promoção do território através dos vinhos. Que eventos serão organizados em Reguengos de Monsaraz no âmbito da Cidade Europeia do Vinho 2015?

A Cidade Europeia do Vinho terá o seu início oficial no dia 21 de fevereiro, no entanto, esta iniciativa já esteve presente em diversos eventos, tendo como objetivo a sua divulgação e promoção, tanto a nível nacional como internacional. O Congresso Internacional de Turismo Rural realizado em Reguengos de Monsaraz nos dias 30 e 31 de outubro de 2014, que contou com a presença de 600 conferencistas de vários países, foi um exemplo disso, assim como a 15ª IBEROVINAC, Salón del Vino y la Aceituna de Extremadura, que decorreu em Almendralejo. No que se refere à programação anual poderemos destacar algumas das atividades, nomeadamente: Gala da Cidade Europeia do Vinho 2015; presença na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL); observações Astronómicas com provas de vinho; ações de promoção e divulgação na ANA – Aeroportos de Portugal; Encontro Europeu de Confrarias Enogastronómicas; Congresso Internacional das Polifonias integrado na Festa do Cante nas Terras do Grande Lago, onde será dado destaque à relação entre o Vinho e o Cante (Património Imaterial da Humanidade); CARMIM Alqueva Formula Windsurfing 2015; Moon Harvest Dark Sky Alqueva; Passeios de Barco no Lago Alqueva com Provas de Vinho; Colóquio “Prospeção em larga escala e conservação da diversidade das castas de videira em Portugal”; I ExpoVini Reguengos de Monsaraz. De referir que ao longo do ano e em parceria com a CVRA estarão presentes no nosso concelho jornalistas líderes de opinião e serão realizados Tasting Tours. Contaremos, ainda, com a CVRA para marcarmos presença em Feiras Internacionais, tais como na ExpoVinis Brasil, ForumVini Munique e London Wine Fair, e em ações de formação em Angola, Estados Unidos da América, Brasil e Suiça.

Que destaque merece a promoção turística no âmbito das prioridades definidas pelo actual executivo autárquico?

O turismo é fundamental para o desenvolvimento económico do concelho e por isso o Município de Reguengos de Monsaraz está sempre presente em feiras de turismo como a BTL e a FITUR, entre outras. No ano passado recebemos 134 mil visitas turísticas oriundas de mais de 50 países de todo o mundo. Reguengos de Monsaraz é um concelho mundialmente conhecido pela qualidade dos seus vinhos, mas que também tem um rico património arquitetónico e arqueológico, como a vila medieval de Monsaraz e os mais de 150 monumentos megalíticos identificados. O maior centro oleiro de Portugal, em S. Pedro do Corval, tem mais de duas dezenas de olarias em atividade e é igualmente um importante centro turístico e económico do concelho. No entanto, com a criação do Lago Alqueva, surgiu um fator de atratividade turística de grande dimensão. Milhares de turistas visitam todos os anos o concelho de Reguengos de Monsaraz atraídos pelo maior lago artificial da Europa ocidental, pelos desportos náuticos, a beleza paisagística e o lazer. Com atrativos desta qualidade, a promoção do turismo é sempre uma das prioridades da autarquia. Como classifica a oferta turística, em particular de Monsaraz, mas igualmente deste território integrado num âmbito geográfico mais vasto como o Alentejo?

Na vila medieval de Monsaraz e na sua área envolvente existem dezenas de unidades de turismo de grande qualidade, que somam mais de meio milhar de camas turísticas, e proporcionam sensações únicas aos turistas. A oferta turística é muito vasta, pois para além da hotelaria e da restauração, existem diversos operadores na área dos desportos náuticos, passeios de barco, de tuk tuk, a cavalo, de jipe, entre outros. Esta região é considerada uma das melhores do mundo para a observação noturna do céu, tendo sido constituída a Reserva Dark Sky Alqueva, a primeira a ser reconhecida pela UNESCO. Existem também circuitos programados, como a visita às oliveiras milenares, aos monumentos megalíticos, ao Centro Oleiro de S. Pedro do Corval, à vila medieval de Monsaraz, ou para apreciar a beleza paisagística do concelho. Os produtores de vinho do concelho criaram enoturismos para receber os visitantes, registando mais de 50 mil visitas anuais. A oferta turística receberá no final deste ano um novo impulso com a abertura do primeiro hotel de cinco estrelas do concelho, localizado próximo de Monsaraz, que será mais um importante fator de atratividade para o turismo de qualidade.

/Janeiro



CIDADE EUROPEIA DO VINHO 2015

CARMIM: signo de elegância à mesa A CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz – foi criada em 1971 por um grupo de 60 viticultores. Quarenta e três anos depois, a qualidade dos vinhos CARMIM passou a ser sinónimo de excelência. A empresa lidera o mercado nacional no segmento dos vinhos de qualidade. Nos últimos anos um em cada dez vinhos pedidos em restaurantes nacionais tem sido da CARMIM…

Miguel Feijão CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz

A CARMIM possui actualmente cerca de mil associados e produz 74 referências de vinhos: dos brancos aos tintos, dos jovens aos reservas, passando pelos licorosos, rosé ou espumantes. A CARMIM também produz aguardente e azeites de reconhecida qualidade. Os vinhos da CARMIM já foram distinguidos com mais de duzentos e cinquenta prémios em vários concursos nacionais e internacionais. A qualidade da matéria-prima, oriunda de uma região de denominação de origem, é uma das mais-valias desta Cooperativa, a par do capital humano e de um complexo agro-industrial de 80.000m2 dotado da mais alta tecnologia. Existe uma capacidade de recepção de um milhão e quatrocentos mil quilos de uva por dia, engarrafamento de vinte e quatro mil garrafas por hora e armazenamento até trinta e dois milhões de litros, o que transforma a CARMIM na maior adega do Alentejo e numa das maiores do País. Por outro lado, a produção de azeite, o enoturismo e a internacionalização dos seus vinhos são áreas prioritárias e nas quais a empresa tem investido e vai continuar a investir no futuro.

A Cooperativa emprega directamente 88 funcionários, ao que se somam os 850 sócios e demais postos de trabalho criados indirectamente por via da actividade desenvolvida. País Positivo foi visitar esta referência nacional, guiado por Miguel Feijão, presidente da CARMIM.

como muito bom, falo de um concelho onde as pessoas se deslocavam para beberem vinho e comprarem os garrafões de 5 litros que levavam para casa … Consoante os pontos altos ou baixos, economicamente falando do vinho, assim Reguengos era uma cidade mais próspera e rica ou “mais normal”. Com esta era moderna e a fundação da Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, nos anos 70, que mais tarde daria origem à CARMIM, fruto da associação de 40 viticultores, assistiu-se a uma significativa evolução. Nos anos da felicidade plena, não tínhamos vinho que chegasse para satisfazer a procura e chegávamos a ratear o vinho. Ultimamente, as coisas têm sido diferentes, durante alguns anos vivemos algumas dificuldades para escoarmos a produção e, também por isso, estamos cá actualmente. Em 2014, produzimos 23 milhões e 600 mil quilos de uva, o que representa 18 milhões de litros de vinho… Portanto, é preciso vender esta produção. Desses 18 milhões de litros, qual é a percentagem para exportação?

Ao longo dos últimos três anos, temos oscilado entre os 20 e os 25 por cento. O primeiro mercado é a Polónia, seguida de Angola, EUA e Brasil. Depois, temos percentagens residuais em França, Suíça e Itália.

Falamos de raízes culturais ancestrais de Reguengos de Monsaraz mas, também do ponto de vista turístico, o vinho e a vinha têm tido um peso enorme em toda a região do Alentejo…

Sim, Reguengos é uma região que, culturalmente, nasceu com o vinho. Desde que, a partir do ano 2000, os “colonizadores” resolveram vir para o Alentejo, atraídos pelo preço da uva e do vinho, verificou-se uma proliferação louca de adegas privadas. Repare que em 1995 haveria quase exclusivamente cooperativas e eram raríssimas as adegas privadas… Esqueceram-se, aquando dos estudos de viabilidade, que para produzirem mil litros de vinho que se vendem a 10 euros, existem 15 mil que se vendem a 50 cêntimos… Essa previsão não estaria certamente no projecto, daí que muitas adegas tenham encerrado. Nessa altura, alguns desses projectos privados também associaram alguma componente turística e, se olhar para a história, perceberá que aqueles que souberam a tempo fazê-lo são os que ainda aí estão. Tiraram mais-valias, não se cingindo exclusivamente à uva. E contrariando a tendência geral do universo das cooperativas, também nós adoptamos essa sensibilidade para a vertente turística. Temos enoturismo, com uma sala admirada por toda a gente…

Que importância tem vindo a assumir o sector vitivinícola para o desenvolvimento desta região?

Desde o século XIX, a viticultura tem uma importância fundamental na região de Reguengos… Até aos anos 70, encontravam-se em Reguengos 30 ou 40 adegas ou salas profundas, com cerca de 250 metros quadrados, cheias de talhas de barro. Em cada rua havia duas ou três e cada uma tinha uma dúzia ou mais de pessoas a beber o “vinho do trabalho” às cinco da tarde e aguardente às sete da manhã… Reguengos sempre foi, em termos socioeconómicos, uma vila que viveu essencialmente dos pontos altos da viticultura. Falo de uma viticultura tradicional, à antiga, vinho da talha, embora sem as condições tecnológicas que hoje existem um vinho reconhecido

/Janeiro


CIDADE EUROPEIA DO VINHO 2015

Capital europeia do vinho em 2015

Para alguém que acompanhou esta evolução desde o início, certamente concordará que o vinho tem hoje associada uma fortíssima componente de marketing…

Claro que sim. Repare: um consumidor vai a uma grande superfície e depara-se com 400 marcas de vinho… Qual irá comprar? Há-de ser aquela que mais interiorizou no seu ouvido, cuja imagem reconhece e associa a determinados critérios e qualidades, ouviu um anúncio, tem um rótulo apelativo… e fundamentalmente pela comunicação que é realizada a cada um dos vinhos. O consumidor também cria laços “afetivos” com a própria história do vinho que vai adquirir.

A esse nível, o Alentejo parece ter dado passos significativos ao longo da última década…

Sim, temos hoje estruturas modernas com um trabalho notável. Fundamentalmente os privados, deram um impulso muito grande para que as cooperativas com uma gestão mais tradicional, menos académica e mais regional, começassem a perspectivar o negócio noutras componentes. Os privados tiveram muita influência no desenvolvimento, na actualização e na adopção de uma estratégia muito mais orientada para as novas exigências do mercado. Costumo dizer que, mesmo ao nível da produção, o vinho era antigamente uma arte e, hoje, é uma técnica, fruto da introdução das novas tecnologias e conhecimentos científicos, traduzidos pelos nossos enólogos. Como presidente da CARMIM, como encara esta distinção de Reguengos de Monsaraz como Cidade Europeia do Vinho 2015?

Confesso que, há um ano atrás, quando a autarquia nos comunicou que se iria candidatar a Cidade Europeia do Vinho, soou-me a vaidade e até

/Janeiro

a algo utópico. Ao longo do tempo, a intenção foi tomando forma, fruto de uma equipa constituída por pessoal da Câmara Municipal muito competente, que soube construir uma candidatura de qualidade extrema. Não contávamos com tamanha glória, sobretudo quando competíamos, por exemplo, com Monção e Melgaço, que apresentava como cartão de visita o Alvarinho ou a Bairrada, que associava oito municípios… Se a promoção e a imagem passarem, iremos ser visitados por muito mais pessoas do que o habitual, embora Monsaraz tenha, ao longo do ano, muita gente, por diversas razões: porque associamos a riqueza arquitectónica, histórica, museológica, à vertente mais lúdica e paisagística do Alqueva e à parte vitícola e enológica. Certamente, os nossos vinhos serão provados por muitas mais pessoas, criaremos curiosidade em muito maior número em torno da nossa génese e da qualidade dos nossos vinhos; a associação do vinho com a cultura e a paisagem potenciará o surgimento pessoas a quererem provar algo que nunca terão experimentado… Os produtores da região estão preparados para o que esperam ser um ano intenso, preenchido por visitas seja na componente tecnológica, seja na vitícola, de turismo enológico, de provas, de mais de 400 eventos associados… No que concerne à oferta vinícola, como catalogaria o portefólio da CARMIM?

Temos a nossa produção e oferta dividida fundamentalmente nas seguintes gamas: o vinho de mesa, vendido em bag in box, a um preço de entrada e de baixo custo. Cada vez mais, temos vindo a reduzir o peso do vinho de mesa na nossa estrutura. O que sobra das contas do engarrafado e bag in box é o que vendemos a granel. Também nesta gama temos vindo a reduzir substancialmente e, este ano, a venda a granel representará metade do verificado no ano anterior. Depois, entramos nos vinhos de origem regional,

Reguengos de Monsaraz é o centro europeu da celebração vitivinícola. A RECEVIN (Rede Europeia das Cidades do Vinho) escolheu esta localidade alentejana para ser a Cidade Europeia do Vinho 2015. A programação da Cidade Europeia do Vinho 2015 arranca oficialmente a 21 de Fevereiro com a realização da Gala Anual da Cidade Europeia do Vinho e contempla intensa actividade para afirmar a importância da produção vitivinícola da região, atestar a qualidade dos vinhos produzidos e divulgar as potencialidades turísticas e económicas associadas ao Património Cultural Material e Imaterial, que confere toda a singularidade a este concelho alentejano. Da agenda anual destacam-se também a realização de congressos, seminários, encontros, estágios para jovens viticultores europeus, acções de promoção nacionais e internacionais, a participação na Bolsa de Turismo de Lisboa, na FITUR (Madrid), na WTM (Londres), no ITB (Berlim), na ABAV (Brasil), em diversas embaixadas e também em mercados emergentes, como a Polónia e a Rússia. Será ainda inaugurado o espaço “Vinho com Arte”, no Palácio Rojão, para exposição, promoção e venda de vinhos do concelho que, por uma questão estratégica relacionada com a escassa capacidade hoteleira face à previsível procura, promoveu uma candidatura associada aos municípios de Évora e Elvas. Reguengos de Monsaraz é mundialmente conhecido pela sua tradição vitivinícola e é responsável por um terço do total da produção de vinho apto de Denominação de Origem de todo o Alentejo, que, por sua vez, representou 43% do volume de vendas da quota de mercado comercial nacional total, em 2013.

a nossa marca Terras d’el Rei, temos o Reguengos DOC num posicionamento acima e, finalmente, a nossa marca ícone, o Monsaraz. Daí para cima, temos monocastas, a linha Monsaraz com monocastas como Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Cabernet, Trincadeira, Syrah e Aragonês, nos tintos e Gouveia no branco. Temos o Reguengos Reserva, o Bom Juiz Reserva, o Vinho Mestre Batista Reserva, o Monsaraz Premium e, o nosso “topo de gama”, o Garrafeira dos Sócios Tinto, o vinho mais premiado e, sempre com medalhas de ouro. Faltará falarmos em distinções e medalhas, no fundo o que dá corpo a um projecto vitivinícola

de

eleição

e

orienta os consumidores nas suas escolhas…

Continuando na gama dos vinhos, no que concerne a medalhas, temos o Garrafeira dos Só-

cios, que tem sido distinguido de há 20 anos a esta parte. Já este ano conquistou duas de ouro num prémio da imprensa que decorreu numa feira na FIL, tendo sido igualmente distinguido com a medalha de ouro pela Confraria dos Enófilos. A CARMIM tem, ao longo da sua história, cerca de 300 prémios. Aquando da campanha relacionada com a candidatura de Monsaraz a Cidade Europeia do Vinho 2015, estivemos presentes num concurso em Itália em que fomos a entidade portuguesa que mais prémios recebeu. E a região do país foi igualmente a mais distinguida. No entanto, para mim, as distinções fundamentais são as que saem das confrarias, porque são provas cegas. Ganhar uma medalha de ouro num concurso de confraria, em prova cega, num processo definido por pessoas sem quaisquer compromissos que não sejam o seu amor pelo vinho e a promoção do seu métier é algo que muito nos orgulha.


VIAS DE EXCELÊNCIA

Rede Rodoviária Nacional: uma rede segura e em bom estado de conservação A qualidade das infraestruturas é entendida pela EP - Estradas de Portugal (EP) como um vetor fundamental para a proteção e segurança dos seus clientes. Conhecer o ciclo de vida da estrada, e geri-lo de forma a assegurar níveis de serviço adequados com os recursos disponíveis, depende da perfeita articulação entre as unidades orgânicas da empresa com funções de organização, operacionais e de suporte, que procuram atingir um único objetivo: a prossecução atempada, com racionalidade técnica e económica, de todas as atividades fundamentais à boa gestão da infraestrutura, assegurando a sua funcionalidade em segurança. A gestão da qualidade no ciclo de vida das infraestruturas da estrada é realizada com base na ponderação entre diversos critérios, quer de índole económica, em função dos recursos disponíveis, quer com base nos critérios técnicos associados aos níveis de serviço a assegurar nas infraestruturas sob gestão da EP. Todavia, e de uma forma transversal à sua atuação, a EP prima por garantir a qualidade ao nível da segurança, acima de todo e qualquer outro critério. Neste sentido, foram criados sistemas de gestão, de Obras de Arte e de Vias, permitindo um sustentado apoio à decisão.

Contratos de conservação corrente 2013-2016

Conservação de Vias intensidade, (ii) executadas no tempo certo, de forFrancisco Costa Pereira, Direção de Coordenação da Rede Nacional

No que concerne à conservação de vias e, mais concretamente, ao nível da conservação do pavimento, a atuação da EP é sustentada por um Sistema de Gestão de Pavimentos. É esta ferramenta que permite uma clara identificação das necessidades de intervenção, garantindo, assim, o cumprimento das condições de segurança exigidas, bem como da qualidade do serviço prestado ao cliente. O primeiro passo para a correta gestão da rede de estradas é o seu conhecimento integral, através da elaboração e atualização do seu inventário, o qual, na componente de pavimentos comporta 13 787 km de estradas sob gestão direta. A realização de inspeções periódicas constitui a via mais eficaz para a gestão eficiente das infraestruturas, garantindo a atempada identificação de anomalias que possam colocar em causa a segurança na circulação dos veículos, bem como outras situações para as quais uma pronta atuação terá ganhos, quer na minimização do riscos, quer na diminuição dos custos associados às reparações. As inspeções periódicas aos pavimentos das vias sob jurisdição da EP são realizadas de forma totalmente autónoma, dispondo a EP de meios próprios e equipas devidamente formadas. Atualmente, a empresa utiliza meios automatizados de auscultação de pavimentos. Em 2014, e em termos totais, foram inspecionados cerca de 13 000 km na rede da EP. A análise integrada dos dados obtidos permite identificar locais com necessidades de atuação, definindo-se intervenções otimizadas de acordo com os seguintes vetores: (i) tecnicamente corretas na sua

ma a manter um padrão de conservação compatível com as responsabilidades e atribuições da EP, e (iii) economicamente racionais, atendendo às condições de exploração da via e à sua importância no universo da rede rodoviária. Contudo, a garantia das condições de segurança na circulação prevalece sobre quaisquer outros critérios, despoletandose respostas adequadas e de forma célere. A empresa também atua na conservação da rede de forma sistemática (trabalhos de índole preventiva ou reativa), através dos Contratos de Conservação Corrente plurianuais, efetuando trabalhos de conservação em períodos devidamente definidos, incidindo no pavimento, obras de arte, órgãos de drenagem, atividades ambientais e de segurança, entre outros. Conservação de Obras de Arte Luis Freire, Direção de Coordenação de Desenvolvimento Ambiente e Segurança Rodoviária

A construção e conservação do património rodoviário constituiu desde sempre uma necessidade. Uma das áreas mais importantes desse património são as obras de arte, estruturas que permitem a transposição de obstáculos ou condicionamentos existentes na paisagem, pelas estradas que as atravessam. Para serem consideradas obras de arte, estas estruturas têm de ter uma dimensão significativa, sendo exemplos de obras de arte, pontes que atravessam linhas de água, viadutos que atravessam vales, passagens superiores ou inferiores, passagens hidráulicas, passagens desniveladas de

peões e passagens agrícolas. Até há pouco tempo houve forte aposta do país na construção e modernização da sua rede rodoviária, sendo que no atual paradigma sobressai a necessidade de preservar o património edificado em boas condições de utilização, com o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, nomeadamente dos recursos financeiros e humanos. Nesse âmbito, a EP tem consolidada a Gestão da Conservação da rede rodoviária e, em particular, o seu Sistema de Gestão da Conservação de Obras de Arte (SGOA). Este sistema consiste num conjunto de atividades que asseguram uma atuação periódica e sistematizada na conservação das obras de arte, agregando a informação relativa à situação, localização, condição e nível de desempenho das obras de arte, tanto historicamente como no tempo presente. O sistema de gestão de conservação das obras de arte permite a inventariação, a recomendação, a estimativa e a priorização das necessidades de intervenção. Permite, ainda, determinar e controlar a periodicidade das inspeções e das monitorizações das obras de arte. O sistema de gestão de conservação de obras de arte tem como vetor principal a realização periódica e programada de inspeções às obras de arte, nomeadamente as de rotina, as principais e as subaquáticas. As inspeções são fundamentalmente avaliações visuais efetuadas por técnicos especializados com grande experiência em obras de arte e qualificação específica, sendo de relevar que a qualificação dos técnicos inspetores da EP que asseguram a realização das inspeções principais foi obtida internacionalmente. Com as suas equipas internas, a empresa assegura elevada competência técnica e experiência e capacidade para prestação de serviços a outras entidades responsáveis pela gestão rodoviária. As obras de arte sob responsabilidade da empresa encontram-se na sua grande maioria em bom ou muito bom estado de conservação, tendo vindo o seu estado a melhorar significativamente desde 2006. Proximidade ao Utilizador da estrada: o Modelo de Fiscalização da Rede Luis Melo, Direção de Coordenação da Rede Nacional

A EP, sendo hoje integrante do sector empresarial do Estado, concretiza o seu objeto em mol-

des empresariais, emergindo naturalmente o conceito de “relação com o cliente” como critério chave de competição. A necessidade de garantir o exercício da mobilidade de pessoas e bens de forma justa e equilibrada, mas acima de tudo segura, eficiente e respeitadora do ambiente implica, como componente fundamental, a operação da rede, materializada na prestação de um conjunto de serviços orientados para a gestão das condições de circulação e da infraestrutura rodoviária. Uma das atividades mais relevantes nesta área concretiza-se a através de um corpo específico designado por “Fiscalização de Rede”, onde se integram as UMIAs (Unidades Móveis de Inspeção e Apoio), constituídas por um colaborador e por um veículo especial caracterizado. Desta forma, não só se garantem os níveis de serviço definidos pelo regulador, como se potencia a segurança dos utilizadores das vias, se apoia na operação e se colabora na concretização de diferentes atividades transversais à empresa, consubstanciando-se assim a Fiscalização de Rede como uma componente fundamental da estratégia de gestão da rede rodoviária. A Fiscalização de Rede atua sob responsabilidade dos seis Centros Operacionais da EP: unidades integradas na Direção de Coordenação da Rede Nacional e que asseguram a atividade operacional nos vários distritos. As suas principais atribuições são a inspeção do estado da via e da zona da estrada e o respetivo reporte de forma eficiente e automática, permitindo uma intervenção corretiva tão rápida quanto a urgência e a segurança dos utilizadores/clientes o justificar, o policiamento da rede, o licenciamento, o apoio a condutores e à circulação em geral, e a realização de atividades de proximidade da rede. A realização desta atividade implica a deslocação diária por roteiros prédeterminados e o registo das incidências detetadas em equipamento informático específico. Como dados relevantes refere-se que no ano de 2013 foi registado um total de 87.567 incidentes e, em 2014, um total de 88.720. No decorrer do ano de 2014, foram percorridos mais de 1,7 milhões de Km. Operação e Manutenção na Rede de Autoestradas: O Caso da Grande Lisboa Francisco Mendes Godinho e Pedro Carmona, Direção de Coordenação da Rede de Alta Prestação

A Rede de Autoestradas da Grande Lisboa incorpora as vias com perfil de autoestrada localizadas na área geográfica da Grande Lisboa, que totalizam 92 km de extensão em dupla faixa de rodagem. Nesta rede é de destacar a existência de quatro túneis, dois deles com cumprimento superior a 500 m (Túnel de Benfica e Túnel do Grilo). A gestão e operação desta rede de autoestradas consiste num conjunto de ações que visam a

/Janeiro


VIAS DE EXCELÊNCIA

proximidade com o cliente, garantindo a vigilância das condições de circulação, nomeada-

Redução da Sinistralidade Rodoviária: atuação e contributo da EP

mente no que respeita à sua fiscalização e à prevenção de acidentes, e a assistência ao cliente

Ana Tomaz e Eduardo Nabais, Direção de

no que concerne ao auxílio sanitário e mecâni-

Coordenação de Desenvolvimento Am-

co, quer por acionamento de meios externos de

biente e Segurança Rodoviária

socorro e assistência, quer por meios internos. Nas vias da Rede de Autoestradas da Grande Lisboa está implementado um modelo de administração direta por meios próprios na operação de vias com perfil de autoestrada, em regime de 24h/dia, 365 dias/ano ininterruptos na rede, na proximidade ao cliente, suportadas remotamente por um Centro de Tráfego que controla a informação telemática da rede, bem como os equipamentos de controlo e gestão dos Túneis existentes no IC17-CRIL. No decorrer do ano de 2014 foram registadas um total de 17175 incidências (média de 186 incidências/km), das quais 7548 (43,9%) correspondem a apoio ao utente (sendo 2212 resultan-

Na última década, Portugal registou progressos consideráveis na redução da sinistralidade rodoviária, tendo a EP contribuído significativamente para essa redução: enquanto nos últimos 10 anos Portugal diminuiu em 54% o número de vítimas mortais, a rede rodoviária sob jurisdição da empreVÍTIMAS MORTAIS Evolução

sa foi a que mais concorreu para essa redução da sinistralidade no país, reduzindo 62%. Apesar dos bons resultados obtidos, o número de vítimas em acidentes rodoviários no nosso país constitui, ainda, um grave problema económico e social. Neste sentido, a EP continua a apostar na melhoria das condições de circulação e segurança rodoviária e no combate à sinistralidade, prevendo para 2015 um reforço do seu investimento ao nível das ações preventivas de segurança rodoviária, nomeadamente renovação, melhoria e completagem da sinalização vertical e marcação rodoviária, que têm como objetivo principal a manutenção constante dos ativos da via, oferecendo condições de segurança e circulação uniformes e adequadas. O investimento previsto para o Plano de Segurança rodoviário da EP para 2015 triplicou face ao definido para 2014. Evolução da sinistralidade rodoviária

tes de acidentes), 9200 (53,6%) a inspeção do estado da via e 427 (2,5%) a policiamento da rede.

/Janeiro

Portugal registou uma evolução muito positiva da sinistralidade rodoviária, quando

comparado com os restantes Estados Membros da União Europeia. Em 1995 ainda se verificava no país mais do dobro do número de vítimas mortais por milhão de habitantes em relação à média da União Europeia. Passados cerca de 20 anos, Portugal reduziu nesse indicador 77%, apesar de ainda estar 19% acima da média da União Europeia. Parte do sucesso dessa evolução deve-se à atuação da EP na infraestrutura rodoviária, a par do incremento da segurança dos veículos e das políticas adotadas por Portugal e a União Europeia na redução da sinistralidade rodoviária. A EP tem vindo sucessivamente a reduzir os níveis de sinistralidade rodoviária na sua rede, cumprindo de forma sustentada as metas impostas no seu contrato de concessão com o Estado Português, contribuindo, assim, de forma bastante positiva para o desígnio nacional definido na Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária (ENSR) – “ninguém deve morrer ou ficar permanentemente incapacitado na sequência de um acidente rodoviário em Portugal”.


ranking / educaÇão escolar

St. Peter’s School é a melhor escola do distrito de Setúbal O Colégio St. Peter’s School teve a melhor média dos exames nacionais do ensino secundário a sul do rio Tejo, conseguindo mesmo subir no ranking nacional das escolas.

ISABEL SIMÃO Colégio St. Peter’s School

Pelo sexto ano consecutivo, o Colégio St. Peter’s School figura como um dos melhores no ranking das escolas elaborado pelos jornais Expresso e Público. Em 2014, e segundo o Jornal Expresso, atingiu a melhor classificação de sempre, ao conseguir o sexto lugar nos exames nacionais do Ensino Secundário, entre as 645 escolas com mais de 100 exames realizados. Com este resultado, o colégio alcança a melhor média de exames na região de Setúbal e a sul do país. Ainda segundo o site BESP - Benchmarking das Escolas Secundárias Portuguesas, que é uma plataforma de apoio às escolas, em que são realizadas estatísticas que têm por base dados públicos, os alunos do colégio conseguiram as primeiras posições dos rankings, em termos absolutos, isto é, mesmo entre escolas com menos de 10 exames realizados, a nível nacional, nas disciplinas de Português, Geografia,

Espanhol, Geometria A, Economia A e História A. Os excelentes resultados também se refletem nos exames no ensino básico. A classificação do Colégio St. Peter’s School é o espelho da aposta num plano pedagógico assente num trabalho contínuo com os alunos. “É um instrumento de medida externo à escola, sério, e que tem que ser valorizado. Só uma boa escola é que consegue ter lugar de destaque. Mesmo que não estivéssemos nos rankings continuávamos a ser a mesma escola. Por vezes tem-se a noção que no ensino privado se escolhe os alunos, faz-se a «papinha» e por isso é que eles são bons. Nesta instituição não fazemos seriação de alunos e recebemos quem vem ao nosso encontro, o que por vezes não é muito compatível com rankings. Conseguimos manter este lugar porque acreditamos que com trabalho, persistência e num ensino quase que individualizado conseguimos sucesso e que os alunos aprendam a pensar, a raciocinar e a lidar com os exames nacionais e que os prepara muito bem para o ensino superior. É com muito trabalho e a equipa está rotinada para pegar nos alunos e acompanhá-los até ao fim”, explica Isabel Simão, diretora pedagógica do colégio. Uma das razões para o sucesso é o acompanhamento por perto da equipa pedagógica, com laços próximos e muitas vezes pessoais. A dedicação faz com que os alunos tentem sempre melhores resultados. “Damos muito de nós e também recebemos. Temos alunos com maior ou menor habilidade, mas acreditamos que com muito trabalho vamos lá. E vamos continuar com o nosso trabalho e dedicação, ou seja, com um trabalho tutorial. Um aluno nunca anda à deriva, anda sempre debaixo do anglo de visão do professor. Cada um tem o seu perceptor e depois cada professor marca reuniões com os alunos, tentam uma aproximação muito pessoal e depois surge a vontade do aluno ser bom nas diversas disciplinas”. Para além de um ensino quase individualizado, o aumento da carga horária em algumas disciplinas e a marcação de reuniões faz com que o professor tenha uma maior consciência das capacidades e dificuldades dos alunos e efetuar um trabalho mais direcionado .”Fazemos quase planos pedagógicos individualizados, ou seja programas à medida. Saímos muito do en-

sino massivo. Tentamos que não sejam turmas grandes, só entre 20 a 22 alunos. Mas existe outra escola para além da sala de aula. Temos muitas sessões de trabalho com dois ou três alunos. A disciplinas estruturantes, como Português e Matemática, triplicamos a carga horária. Por exemplo, a Português que no ensino secundário tem três horas semanais, nós temos dez horas, ou seja, duas horas por dia e que ainda desdobramos e trabalhamos com grupos de dez alunos. Os professores trabalham imenso individualmente com eles. Quando um fraqueja é trabalhado até melhorar. Os alunos são todos diferentes uns dos outros porque as motivações também o são. Depois temos aquela «pescadinha de rabo na boca» em que o aluno é fraco e deixa de investir e o aluno que é bom quer melhorar. Não se pode deixar cair o aluno. É terrível quando um aluno cai e pensa que já não vai conseguir. É multiplicador de desgraça e é preciso acreditar neles e fazê-los acreditar. Por exemplo, um dos professores conseguiu uma média de exames de 19,4 valores. Não eram todos bons quando começaram. Nem por encomenda. Alguns já o eram e outros foram puxados e nivelados por cima. Trabalhamos caso a caso e conhecemos os alunos. Esta idade é muito complicada, com muitas atrações e é preciso muito trabalho para colocá-los no caminho. É difícil e um desafio, mas fazemos e eles conseguem”, revela Isabel Simão.

Desde muito cedo que os alunos do Colégio St. Peter’s School são preparados para desenvolver capacidades que lhes vão permitir encarar as exigências do ensino superior, como é o caso de desde cedo terem a disciplina de Inglês. «Já no quinto ano os alunos têm que fazer um trabalho anual «extensivo», onde têm um guião e os professores têm reuniões periódicas para desenvolverem o trabalho, dando-lhes uma nota final. É uma ferramenta para melhorar as competências dos alunos para o futuro. Aqui começam a ter Inglês diariamente aos três anos. Na faculdade não têm que fazer esta disciplina já que levam o diploma de proficiência. Isto não vai para os rankings mas é uma ferramenta para a vida”. A orientação do aluno para o seu futuro também não é descorada. Esta barreira é desfeita através da saída da sala de aula, quer no conhecimento do mundo exterior quer na relação com os professores. O Colégio St. Peter’s School promove contactos com o ensino superior e com o mundo laboral. “Não nos podemos fixar na sala de aula. Estes alunos trabalham muito aqui, mas andam pelo mundo. Vão às melhores universidades do país e conhecer a sua realidade. Também os levamos ao mundo do trabalho, a empresas de referência. Quando saem daqui vão já muito cientes do que querem. O que é muito motivador. O aluno que faz o secundário sem saber qual é o seu norte,

/Janeiro


ranking / educaÇão escolar

para onde vai ou que quer é muito desmotivador. Tentamos que eles se fidelizem em qualquer objetivo, nem que depois mudem, mas isso também significa pensar e decidir. Isto também é o resultado da relação pessoal com os alunos, onde se tenta ter uma relação muito próxima e quebrar barreiras. Dentro da sala de aulas o professor é uma autoridade, mas quando acaba tentamos que o aluno tenha uma vida pessoal com o professor, que jantem e almocem juntos e que o professor esteja sempre disponível e aberto. Que tirem dúvidas ao fim de semana, que possam enviar e-mails. Essa facilidade que temos em que o aluno se relacione com os professores é fator de sucesso”, conta. Esta filosofia leva a que o colégio de Palmela tenha um grande reconhecimento no ensino superior e no mercado de trabalho, tanto nacional como internacionalmente. O aluno que sai desta escola leva capacidades que lhe permitem uma maior adaptação a um mundo novo, minimizando os riscos. “Por exemplo, a Universidade Católica enviou uma carta, como é seu apanágio, a congratular os seis alunos que foram para o curso de Economia porque foram bolseiros. De facto lançamos alunos muito bons e vão com métodos de trabalho. Eles também resmungam connosco porque têm muito trabalho, mas quando entram na faculdade reconhecem que foi o melhor. As pessoas têm a ideia que só trabalhamos para os rankings. Claro que gostamos de ter bons resultados e vamos continuar para isso. Mas alunos que saem daqui e que nos colocam nos rankings vão para a universidade e são sempre potenciadores de sucesso, porque já vão com um ritmo e preparação de trabalho que vai ser fundamental para singrar. Este ano iniciamos o Internacional Baccalaureate (IB) para os alunos que querem ir estudar para o estrangeiro. Com este certificado internacional pode estudar em qualquer país sem dar provas. As famílias já percebem a importância desde certificado e procuram cada vez mais”. Mas a vida do aluno do Colégio St. Peter’s School não fica somente pelo trabalho para

Perfil do aluno St. Peter’s School “É um aluno pautado por valores sociais. Costumo dizer que eles até podem ter negativa a Matemática mas não podem ser más pessoas. E isso vai ficando na cabeça e temos que ir gerindo situações mais problemáticas. Fazemos uma assembleia de escola e costumamos louvar publicamente um aluno que faz qualquer coisa de meritório. É um aluno que revela os valores humanos, percebe que desbravar o futuro é através do trabalho e da persistência, é ser ambicioso e querer ir sempre mais além do que o lugar em que se encontra. Rasga fronteiras e vai à frente, obstinadamente mas nunca descurando os meios para chegar ao fim. Quando sai daqui que diz que esteve no sítio certo”, revela Isabel Simão. as notas. A escola tem mais de 30 atividades de enriquecimento curricular e é federada em desportos como o rugby ou o judo. A vida social dos alunos também é potenciada, já que é nestas idades que se constroem os grandes laços de amizade, O tempo de qualidade com os amigos é cimentado de muitas formas, como o trabalho social que desenvolvem. “Em média, o aluno passa 15 anos cá dentro e é onde fazem amigos para a vida. Ainda aparecem cá grupos de alunos que já saíram há mais de seis anos. Outra coisa que cultivamos é o serviço comunitário. Têm que provar que fizeram esse trabalho comunitário e têm que fazer um número de horas mínimas para ter o diploma. Desde o primeiro ano que orientamos para o trabalho social, o que os une bastante. Percebo que o facto de o aluno estudar numa escola destas a família tem que ter uma capacidade financeira desafogada. Isso não pode ser castrador de eles conhecerem que há jovens com carências e é dever ajudar”, conclui Isabel Simão.

Ensino Superior Colocações 2014

90% Colocações em Portugal 10% Colocações no estrangeiro

17%

Rankings

Medicinas

Exames Nacionais 2014 621 escolas

Português 2º lugar nacional Geografia A 2º lugar nacional Espanhol 4º lugar nacional Geometria Descritiva A 5º lugar nacional Economia A 6º lugar nacional História A 6º lugar nacional Biologia e Geologia 23º lugar nacional Física e Química 24º lugar nacional Matemática A 31º lugar nacional

29%

Economia e Gestão

12% Direito

Ciências Políticas Relações Internacionais

Fonte: BESP - Benchmarking das Escolas Secundárias Portuguesas MÉDIA DE TODOS OS EXAMES NACIONAIS REALIZADOS NO COLÉGIO SITUA-SE 4.1 VALORES ACIMA DA MÉDIA NACIONAL (MÉDIA DO COLÉGIO 14.77 VS MÉDIA NACIONAL 10.68)

Ao longo dos últimos seis anos podemos avaliar a evolução da colocação do colégio nas listagens do ranking, no ensino secundário, para escolas com mais de 100 exames realizados:

22%

Engenharias

7%

Arquitetura e Design

/Janeiro


Mais informações em: Telf:+351217932244 /Fax:+351217932981 E-mail:info@hotelroma.pt / www.hotelroma.pt Avenida de Roma, 33 / 1749-074 Lisboa

Especial São Valentim Quarto Executivo // Vip no Quarto (Espumante e Morangos) 1 Jantar para 2 pessoas na noite de São Valentim com bebidas

69€ p o quar r to

PACOTE

LONDONINLOVE Programa inclui:

1 NOITE DE Alojamento em quarto duplo com cama de casal (mediante disponibilidade) Decoração com pétalas de rosavista jardim ou piscina Welcome drink no varanda Bar vip no quarto (constituído por espumante; água, fruta e chocolates) Pequeno almoço buffet no restaurante Sal & pimenta Late check-out até às 14h00 PREÇO por quarto: 69€ Programa válido até 28/02/2015

Reservas: 214648300 / recepcaolondres@hotelondres.com



Empresas de Sucesso

O prazer à distância de um toque no botão A Super 2000 tornou-se numa referência das máquinas automáticas de vending no nosso país. Para isso muito contribuiu a aposta no desenvolvimento das próprias sandes e a comercialização de marcas conceituadas.

Joaquim Peliteiro e José Croveri Super 2000

Decorria o ano de 1993 quando Joaquim Peliteiro, recentemente chegado da sua aventura em França e o seu primo Fernando Oliveira decidiram desenvolver a atividade das máquinas automáticas de vending em Portugal, uma área de negócio ainda pouco conhecida dos seus conterrâneos. O facto de ter trabalhado neste sector enquanto esteve emigrado em França forneceu o conhecimento necessário para que o fundador de A Super 2000 viesse dar uma lufada de ar fresco neste ramo. Por ser uma atividade pouco conhecida em Portugal, Joaquim Peliteiro e o primo tiveram dificuldades em encontrar financiamento na banca e as pessoas que contactaram para se juntarem não estavam crentes que teriam sucesso. Foi quando José Croveri,

o antigo patrão do empresário em França e a quem carinhosamente ainda trata de “patronato”, decidiu financiar o projeto. “A Super 2000 iniciou a atividade em outubro de 1993 e era formada por três sócios. Neste momento são dois sócios, Joaquim Peliteiro e José Croveri. Salientou que foi o sócio Francês que acreditou no nosso trabalho e investiu no nosso projeto. “Confesso que no início não foi muito fácil. Começámos com máquinas usadas que comprámos em França. Andámos meio ano a preparar 50 máquinas, de ocasião, colocando -as como novas, Refizemos as máquinas todos os sábados e foi com essas que A Super 2000 começou. Foi um teste para ver se ia haver ou não aceitação em Portugal porque

no mercado só existia uma empresa. Queríamos saber se não íamos estar a investir forte para depois não funcionar”, revela. José Croveri já tinha uma grande experiência deste sector, por estar inserido nele à 40 anos em França e o facto de estar noutro país não foi um entrave para que o negócio conseguisse prosperar e foi uma das peças fulcrais para que a empresa de Famalicão se tornasse numa referência. “Não é mas ele tornou o processo muito fácil. Era o homem do capital e de dois em dois meses estava em Portugal para ver o que estávamos a fazer e como aplicávamos o dinheiro que ele tinha deixado. Foi a parte mais simples porque era um excelente contabilista, números era com ele e nada lhe escapava. Quando cá chegou traçou uma linha reta e por ela caminhamos até nos tornarmos uma empresa de referencia em Portugal. Como não existia muita concorrência foi relativamente fácil a implantação de A Super 2000 no mercado, especialmente no norte do país, até que em 2002 se deu o maior surgimento de empresas ligadas à comercialização de produtos em máquinas automáticas de vending. “Começámos por instalar máquinas em muitas fábricas de têxteis na zona do Vale do Ave, Guimarães e Famalicão e nessa altura até éramos contactados pelos clientes para as colocar. Muitos funcionários de outras empresas viam as máquinas e pediam aos seus patrões para instalar uma na empresa. Depois começaram a surgir alguns operadores, nomeadamente os que vieram oriundos das marcas que existiam em Portugal. Começaram por pensar que podia ser um bom ponto para fugir à parte comercial e entrar numa área diferente, já que tinham uma ideia de como as coisas funcionavam. Mas foi a partir de 2002, quando entrou o euro, que se deu a grande expansão”, explica Joaquim Peliteiro. A primeira grande mudança que A Super 2000 sofreu foi em 2001 quando decidiram começar a embalar os seus produtos, como foi o caso das sandes. “No início não era assim, mas desde 2001 temos embalamento próprio. Compramos o pão e a pastelaria a empresas de Famalicão, elaboramos as sandes a partir

daqui, para nos garantir a qualidade assim como a diferenciação em relação a todo o mercado. Desde 2014 iniciamos a confeção de comida embalada, sopas, saladas e sobremesas. E é tudo feito e embalado na empresa. Os produtos são conservados, preparados e embalados em sala de frio sobre condições controladas de temperatura e humidade, cumprindo com todos os requisitos do HACCP, a garantia está dada pela A Super 2000, sendo uma empresa certificada com as normas ISO9001:2008, ISO22000 e pelo NCV: PTN2380CE. Para além da conceção e embalamento dos produtos A Super 2000 sempre escolheu parceiros que comercializam marcas conceituadas e reconhecidas, tais como: Delta Cafés (lote ouro), Nestlé, Sumolcompal, Refrige. Felizmente a ideia da fraca qualidade dos produtos que os consumidores tinham acerca das máquinas de vending em Portugal, vem mudando pela qualidade dos produtos colocados nas mesmas. Este é um sector que atualmente sofre de uma concorrência feroz e a proliferação de máquinas automáticas de vending, especialmente na zona norte, faz com que muitas pessoas se dediquem a esta atividade porque a liquidez é direta. “Hoje em dia toda a gente tem máquinas. O mercado está saturado, principalmente na zona norte e para crescer comercialmente é preciso lutar muito.” (diz Joaquim Peliteiro). Desde há cerca de quatro anos que A Super 2000 decidiu alargar a zona de acuação e direcionou-se para a área da Grande Lisboa. Esta aposta surgiu como uma “experiência” e pelo facto de Joaquim Peliteiro ser apoiado pelos dois filhos e pela sua esposa. “Tenho dois filhos, o João Manuel e o Jonathan, e como o João que já tinha acabado o curso e trabalhava comigo aceitou concorrer ao concurso dos CTT em Lisboa. A razão mais importante é ter o meu filho à frente do negócio senão nunca tinha ido. Neste curto prazo continuamos em crescimento, alcançando já um número muito interessante de clientes superando todas as expetativas.

/Janeiro


Empresas de Sucesso

É um trabalho sensível e tenho que ter alguém da minha confiança para controlar o negócio, nada melhor que os meus filhos”, confessa. Apesar de ser já uma referência no mercado, esta empresa de Famalicão nunca deixou de ter um carisma familiar. “Tenho também cá a minha esposa que todos os dias chega às 4h30 da manhã para controlar a produção das sandes e esperar que cheguem todos os funcionários, os meus dois filhos estão de igual forma a trabalhar comigo. Infelizmente o meu sócio francês, que o considero como família, vive em França e com o avançar da idade e por problemas de saúde não tem conseguido vir cá para dar a sua ajuda. O processo de distribuição até à venda ou colocação do produto na máquina é extremamente moroso, o embalamento dos produtos é bastante complexo e obriga a uma logística enorme. Por isso, A Super 2000 está a aumentar as suas instalações para melhorar todo o sistema. As nossas instalações foram inauguradas em 2009, foram feitas de raiz para este tipo de

/Janeiro

“Hoje em dia toda a gente tem máquinas. O mercado está saturado, principalmente na zona norte e para crescer comercialmente é preciso lutar muito.”

trabalho, continuamos a melhorar dia a dia, estamos atualmente com um alargamento do armazém para que o nosso serviço e qualidade não sejam comprometidos. No mundo do vending na Península Ibérica, pelo que eu conheço e pelo que me tem sido dito por fornecedores, não existem instalações iguais. Toda a nossa frota de viaturas está equipada com câmaras frigoríficas, assim como toda a cadeia de frio é monitorizada. Os nossos colaboradores são formados continuamente, este é um capítulo muito importante para a nossa empresa, Tratamos sempre com extrema relevância. A assistência técnica é um dos ponto-chave do nosso serviço, a qualificação dos nossos técnicos permite-nos garantir que as máquinas estejam sempre prontas a funcionar e a servir os nossos clientes. Aliado a isto possuímos uma equipa que supervisiona o bom funcionamento das máquinas e estão de uma maneira permanente à disposi-

ção do cliente, com o fim de atender qualquer sugestão que possa melhorar o nosso serviço. Esta equipa controla e monitoriza o cumprimento dos procedimentos definidos em termos de garantia de qualidade e higiene e segurança alimentar. O nosso parque de máquinas mediante critérios técnicos, é constantemente renovado, procuramos oferecer inovação aos nossos clientes, assim como a melhoria na qualidade dos equipamentos. Convido sempre os novos clientes para virem cá ver as nossas instalações, todo o processo de fabrico dos produtos são feitos”, explica. Para este ano, Joaquim Peliteiro espera “que pelo menos seja igual a 2014, em que tivemos um crescimento superior a 20 por cento. Na zona de Lisboa crescemos 12 por cento e oito no norte, que num mercado saturado não é muito fácil conseguir. Em Lisboa existe um potencial de crescimento muito superior ao do norte. No norte existem empresas que trabalham muito bem e é mais difícil crescer.


Administrador Judicial

Reflexões e identificação de alguns problemas dos ADMINISTRADORES JUDICIAIS Neste

trabalho procura-se identificar alguns dos problemas e sugerir possíveis soluções.

A atividade Já desde os anos 2000, na vigência do CPEREF, havia o gestor e o liquidatário e limitação de 7 processos. As inscrições eram feitas por distritos judiciais junto dos T. Relações. Os gestores eram quase sempre os mesmos a ser nomeados e o mesmo se passava com os liquidatários. Por exemplo, um pouco comum, o signatário inscrito nos finais de 1999, só decorridos cerca de 3 anos, é que passou a ser muito limitadamente nomeado. Foi preciso que a PJ, no Porto, pelo menos, tivesse detido alguns gestores e liquidatários que concentravam os processos, funcionários judiciais e pessoas ligadas a leiloeiras, para que, ao lado de muitos recursos, nomeadamente no TRP, começasse a ser germinada a ideia da rotatividade, aliás proposta com o paralelismo existente na nomeação dos advogados oficiosos (recorde-se o que se passava com tais nomeações quando eram feitas pelos Tribunais/ secretarias- sempre os mesmos). Foi à luz dessa vivência que o Legislador consagrou o princípio da distribuição igualitária e nomeação aleatória, que acaba por gerar rotatividade (aqui se insere o legal sistema electrónico, ou, na falta dele, o bom senso do Juiz para percorrer a lista da sua Comarca). Levanta-se aqui o problema das sugestões feitas pelo devedor/requerente e pelo credor/requerente ou requeridos, sugestões feitas ao Juiz e que no caso de aceitação, podem limitar a

independência e equidistância das partes por parte do AJ. O signatário teve casos em que os processos correram mal, porque seria gritantemente injusto atender as solicitações dos senhores advogados proponentes da nomeação e que se julgavam com direito a “cobrar” a favor do seu constituinte, pareceres fortuitos de qualificação, afastamento de bens da liquidação, não resolução de negócios, etc… o que é grave, se seguisse tais indicações (e evidentemente deixou de ser sugerido). Por outro lado, dispõe a lei que o AJ tem direito a ser coadjuvado sob a sua responsabilidade por técnicos ou outros auxiliares (55.3 do Cire) o que não permite a qualquer Juiz afirmar que este ou aquele AJ não tem competência para levar a cabo o processo (parece ser uma janela para a discricionariedade sugerida pelo CSM), quando outra regra legal do Estatuto, diz que o AJ tem de ter uma estrutura capaz de responder às exigências das nomeações. Entronca aqui, uma outra reflexão que é a de saber a natureza da atividade (vertente profissão liberal, caraterizada com o direito a criar e desenvolver a sua clientela privada que recorre à Justiça, e que aproxima esta atividade do Advogado, e então o juiz não só “pode” como “deve “ nomear o sugerido (cfr. A evolução legislativa neste domínio, em sentido contrário, que passou do dever ao poder e reforçou os poderes do Juiz) devendo o administrador desenvolver a sua atividade segundo os cânones legais (ou saber contorná-los).

A outra vertente, e que o legislador regista expressamente é que o AJ é um servidor da Justiça e do Direito, sem jamais ser investido na qualidade de agente e sem garantia de qualquer remuneração fixa por parte do Estado, sendo escolhido para nomeação no processo, de entre os inscritos nas respectivas listas, e submetido e escrutinado ao rigor da aplicação do direito na feitura da justiça e controlado por todas as partes e Juiz, podendo ser destituído e fiscalizado pela CAAJ, aspecto este que o aproxima da função, mais pelo lado institucional do funcionalismo (mais, auxiliar do Juiz) pago à TAREFA (/ processo). Nesta vertente, encaixa-se mais adequadamente, a nomeação só por aleatoriedade e distribuição igualitária, com exclusão das indicações das partes. Aqui chegados, visto os desvarios nas nomeações judiciais atuais (vejam-se as listagens das nomeações publicadas na pág da APAJ na internet), prática que deixa muito a desejar e enfraquece a imagem pública da Justiça, tais atropelos, aceites pelos nomeados sem limitação legal de processos (que poderia passar a uma média mensal a fixar de acordo com indicação que a CAAJ indicaria mensalmente por e-mail aos AJ, e cuja violação seria uma infracção punível disciplinarmente), faz desacreditar qualquer possibilidade de interferir na “ROLETA” como o pretende o CSM, tanto mais que se o AJ é incompetente, deve ser eliminado ou reexaminado para comprovar os seus conhecimentos, não pactuando com o conceito da aceitação da MEDIOCRIDADE PROFISSIONAL, e da “recomendação”, qualquer que seja a interpretação destes conceitos. Basta ler o trabalho publicado por Raquel A. Correia de 1.10.2014 no Público para retirar conclusões inadmissíveis de comportamentos negativos na classe. A dado ponto lê-se: O AI Dr. xx afirmou que “ se todos forem tratados de igual forma, deixarei de ser administrador nesse dia”. O sr. dr. tinha, segundo o referido artigo mais de 251 processos, enquanto um outro ali identificado tinha 3 Outros, no mesmo artigo, ameaçam com o despedimento de pessoas da sua estrutura, dez e mais pessoas, esquecendo que enquanto estes têm tais trabalhadores para produzirem para si, muitos há que nem sequer ganham

para sobreviver. E são todos AJ!!!! E, quando afirmam que tais estruturas ou staffs, determinam “ numa democracia evoluída, os mais escolhidos…os melhores”, isto é, passam atestados de mediocridade a seus colegas que ingressaram na listagem pela mesma forma que o “ilustrado elitista”… que dizer? Esse, e outros artigos disponíveis na página da internet APAJ, onde alguém já comparou esta atividade à do futebol, onde apenas os bons são condecorados e marcam golos…, demonstra que algo vai mal e sem ética (censurada e desenvolvida além do pouco que ressalta do Cire e do EAJ), nesta classe de operadores judiciários, em que cada qual trava uma luta selvática, do tipo do homem da pré história, com contornos muito pouco claros de que ninguém fala, porque não se pode provar. Suspeitas… Deste tempo histórico, também são os instrumentos que o Ministério disponibiliza para se apurar o património e rendimentos dos insolventes, sem acesso a qualquer base de dados, nem ao Citius, o lado negro de um quadro em que do outro lado, se encontram os AE com todos os referidos acessos em processos de execução muito mais simples, aqueles confrontados ainda com o segredo fiscal nos serviços da AT, segredo bancário, e outras dificuldades. Conclusão A ROLETA electrónica por comarca, PURA E SIMPLES, parece ser a única medida de garantir a independência do AJ perante o Juiz e as partes e dignificar a sua função no processo em nome do Direito e Justiça. Até liberta o Juiz de suspeitas, e obriga à responsabilização efetiva do nomeado, que se não se encontrar habilitado, deve vir dizer o que entender nos termos em que o EAJ já o define. (Na comarca de Évora, houve sentenças que nomearam os AJ seguindo e adaptando o sistema de nomeações de jurados já instalado no Citius, e outros tribunais seguem a listagem comarcal. Tudo isto evidência que quando há vontade, há mecanismos de cumprir a lei. O mal está nos Tribunais que afirmam na sentença a prática da aleatoriedade e continuam a nomear os mesmos AJ, como se as sentenças não fossem publicadas no Citius e com acesso universal).

/Janeiro


Administrador Judicial

Deve passar a ser punido disciplinarmente o envio de requerimentos dos AJ aos processos a pedir a nomeação, dizendo que o fazem porque o sistema de distribuição não está implementado, que precisam de trabalho para a estrutura que desenvolveram, que se encontram disponíveis…. etc… requerimentos que encharcam e enxovalham o início do Pº e dão uma péssima imagem da Justiça e seu funcionamento atual. (Esta prática deve ser proibida e punida, mas a CAAJ deve avisar todos os AJ, até em nome de uma certa ética, prática desconhecida na profissão em geral – cada um por si). Todos os meses, a todos os AJ deve ser indicada a média de processos em que pode aceitar a nomeação, sob pena de infracção disciplinar, e estes devem indicar à CAAJ (e pagar-lhe o que vier a ser fixado por processo) e APAJ, aqueles em que foram nomeados. (Esta medida permite que todos os AJ estabilizem os seus escritórios com volume de trabalho e experiência semelhante, e aceitem uma ética e disciplina imposta pela autoridade disciplinadora- CAAJ – sucedâneo atual de uma ordem pública e enquanto esta não existir, pre-

tensão da APAJ). Encargos estes que serão suportados pelo valor a pagar à CAAJ, para o seu financiamento já aprovado por lei, por cada inscrição na lista comarcal, valor fixo tipo de quota fixa para o orçamento anual fixo mínimo da CAAJ (se não houver insolvências ou recuperações bastantes sempre o orçamento básico se encontrará assegurado anualmente). Este encargo profissional conduz necessariamente a inscrições pertinentes e comarcas selecionadas, por proximidade da residência efetiva, ou outros interesses relevantes, em vez de dispersão por todo o País como se verifica atualmente, conhecimento do tecido empresarial, pessoa… Este valor fixo por comarca, pode ser variado em função do nº normal de insolvências em cada ano, de forma a que o inscrito tenha reais expectativas de vir a ser nomeado e recuperar tal encargo. Este valor garantido, com certa e grande estabilidade, pode pagar a denominada ROLETA de distribuição de processos, fiscalização dos AJ, formação, disciplina, etc., encargos da CAAJ. Depois, por cada nomeação, cada processo,

is b o a Á u re a , 10 0 , L a u R : a d ra o M 2 13 4 0 0 3 4 0 T e le f: + 3 5 1 13 4 0 0 3 4 9 .c o m Fax: +351 2 y s to ry h o te ls m @ ro u o : il e -m a

/Janeiro

poderá haver uma despesa que é feita no interesse dos credores, fiscalização, e por isso, despesa da MI, quando tiver significado, ou seja um valor mínimo de mais de 5.000€, superior à insuficiência para encerramento do processo, e escalonada segundo o montante apurado para o cálculo da remuneração variável, por exemplo. Este critério parece-nos mais adequado e justo que “tributar cegamente” cada AJ com 100 €, por cada Pº que tenha em mãos, sujeito a criticas como de alegada retroatividade inconstitucional, injustiça, desproporcionalidade, etc… Formação Só cada um dos AJ sabe qual a matéria que domina menos, e deverá ter a oportunidade de se formar no âmbito de acordos que a CAAJ celebrará com a APAJ ou Universidades para organizar e comparticipar formações em matérias que interessem à função, fixando uma pontuação para cada formação, devendo cada AJ, livremente escolher a mesma, e assumir o seu encargo de a frequentar e pagar, demonstrando à CAAJ, no momento fixado, o preen-

chimento das obrigações definidas e calendarizadas. ste humilde contributo, já foi no final do ano de 2014 comunicado à CAAJ e vai agora a todos os interessados no sentido de que estas reflexões sejam melhor estudadas, e colocadas ou não, a quem de Direito. Resta-nos a esperança de que todo este péssimo e dantesco quadro melhore, porque, então, quem deixa de ser AJ nesta “bagunçada”, é o subscritor do texto, sem qualquer estabilidade de trabalho para o seu escritório, o próprio e seus dois colaboradores, nem certezas, nem expectativas, aspecto que tem tanta relevância, ou mais, como a posição assumida por quem terá de diminuir o seu staff a menos de 10 e mais colaboradores!!!

António Bonifácio – AJ Caminho de S. Martinho, 127 Funchal – Apartado 47 4634- 909 Marco de Canaveses Contacto: 96 435 14 42


xxxx xxxxx?

Xxxx


014 dia 14/08/2 rio SOL do com o Semaná da a nível parcial Esta revista

é produzida

e comercializada

pela A.S. Editora,

Lda. e é distribuí

3 | PVP.2€ 4 | EDIÇÃO Nº7 AGOSTO 201

014 dia 14/08/2 rio SOL do com o Semaná da a nível parcial pela A.S. Editora,

Lda. e é distribuí

5 | PVP.2€ | EDIÇÃO Nº7

IET sidente da AN cada Amaral, Pre tar Jorge Mira de acrescen erais” os obrigação “Todos tem recursos min r aos nossos vez mais valo

Esta revista

é produzida

e comercializada

2014 OUTUBRO

reia Diretor Dr. Jorge Cor lAire eses Geral da Vita dos portugu “Cerca de 7% eia do sono.” apn de sofrem

da a nível parcial

com o Semaná

rio SOL do

r, Jorge Gaspa Entrevista a do IEFP: guém” presidente desiste de nin “O IEFP não 2€

Lda. e é distribuí pela A.S. Editora, e comercializada Esta revista

é produzida

DEZEMBRO

aixanburg, Emb l: Ulrich Brande ha em Portuga oxidor da Aleman mplo de apr exe belo “Um UE” peração na mação e coo

dia 14/08/2

014

da es, Presidente Rui Vaz Alv de Pena: C.M. Ribeira o com um po“É um concelh rme e deve eno ral tencial natu ado” ser acarinh

| PVP. O Nº76 2014 | EDIÇÃ

Distribuído mensalmente em Portugal com o Semanário SOL

da Silva, A Jorge Neves eral da ANECR secretário-g mudança no “É tempo de el” setor automóv

es, CEO da

André Gom

al :

Crioestamin

minais: Células esta ão e investigaç pioneirismo inguido

paços dist Azeite de Val mente internacional nde:

C.M. Espose

o factor de

O Litoral com

ça, Presidente

Luís Mendon

inha:

da C.M. Cam

nto de grande “Num mome s” nós investimo

Apartado 000045 ECE Vila Nova de Gaia 4431-901 V.N.Gaia Tel.: 00 351 223 753 204 Email: geral@aseditora.pt

nto

desenvolvime

retracção,

ac Murargy, Murade Isa LP: Entrevista com cutivo da CP Secretário Exe acordo de livre o um “Faria sentid s e serviços pessoas, ben de o açã circul ses da CPLP” entre os paí

We help your

communication


PAÍS POSITIVO

Sever de Vouga, um dos cinco melhores municípios para se viver Sever do Vouga foi distinguido como um dos melhores municípios para se viver pelo INTEC – Instituto Nacional de Tecnologia Comportamental da Universidade de Lisboa. O País Positivo esteve à conversa com António Coutinho, presidente da câmara, para ficarmos a conhecer os motivos de tal distinção. Para que os concelhos possam obter este tipo de reconhecimento é necessário que façam uma candidatura onde demonstrem as suas mais-valias. António Coutinho explica que para este projeto optou por evidenciar a Feira do Mirtilo, devido ao impacto desta no município nas mais variadas vertentes, e que este ano verá o recinto ampliado. “Somos a capital do mirtilo. O cultivo deste fruto, que começou com pequenas experiências de holandeses, trouxe muitas mudanças para o concelho, desde o ambiente à economia. Desde logo começou por transformar a paisagem e o ordenamento do território. No que toca à economia, que é, porventura, o setor com mais mudanças, visto que esta nova agricultura, que deixou de ser exclusivamente de subsistência, criou emprego e, consequentemente, alavancou a economia local. O melhor exemplo para tal é o facto da nossa cooperativa, a Mirtilusa, exportar cerca de noventa e cinco porcento da produção. O restante é para consumo interno e produção de compotas, gelados e outros subprodutos.” O cultivo do mirtilo gerou uma dinâmica em Sever do Vouga que modificou a vida dos severenses. O presidente da câmara acrescenta que “a AGIM, é uma associação criada para fomentar o cultivo de mirtilos e pequenos frutos. Desde a sua criação tem ajudado muitas pessoas a iniciar a produção destes frutos e a criar novos negócios.”

António Coutinho Presidente C.M. Sever do Vouga

A importância do mirtilo é tal que há parcerias com algumas universidades para que os subprodutos deste fruto possam também ser exportados sem perder qualidade. Festa da Lampreia e da Vitela No entanto, este concelho tem muito mais para oferecer. Ainda na área da gastronomia, Sever do Vouga é conhecido pelos seus típicos pratos de lampreia, vitela e de sável. A Festa da Lampreia e da Vitela é um evento de promoção destas especialidades, e este ano realizar-se-á de catorze a vinte e um de Março. O nosso entrevistado confessa que estas são iguarias que trazem muita gente ao município. “Não só na semana da festa como durante toda a época da lampreia, que é entre Janeiro e Maio, vêm a Sever de Vouga milhares de pessoas. Lampreia capturada no rio Vouga e cozinhada à bordalesa e como cabidela. Claro, que depois temos os nossos segredos culinários que diferenciam os nossos pratos.” Turismo Se a gastronomia já por si é um fator de atração, este concelho tem ainda outros motivos que fazem dele um município a visitar. António Coutinho afirma que “Sever do Vouga é dotado de uma paisagem única, com casca-

“Somos a capital do mirtilo. O cultivo deste fruto, que começou com pequenas experiências de holandeses, trouxe muitas mudanças para o concelho, desde o ambiente à economia. Desde logo começou por transformar a paisagem e o ordenamento do território.” /Janeiro


PAÍS POSITIVO

Percursos Pedestres

Trilho do Gresso Trilho dos Moinhos Trilho da Pedra Moura Trilho da Agualva Trilho dos Amiais Trilho Encosta do Castêlo

tas, ribeiras, uma fauna e flora singular. Com isto, oferece aos seus visitantes percursos ímpares que podem ser realizados a pé ou de bicicleta – a ecopista é um grande ponto de atração -, e as várias atividades que podem ser realizadas na água, como é o caso da canoagem. Com estas ofertas, os espaços de alojamento local e hotelaria têm sofrido um incremento nos últimos anos.” Para além de toda a sua beleza natural, este município têm ainda uma história riquíssima, com um vasto património edificado. O nosso interlocutor refere que “por forma a valorizar todo o património, tanto o edificado como o arqueológico e dar a conhecer a história do concelho está a ser construído um museu. E espalhados pelo concelho estão vários dólmens, mamoas.” Ação Social Este é um dos pilares deste executivo. Se por um lado há uma aposta clara no turismo, nos produtos endógenos, fomentando

a economia local, não deixa de ser também uma das prioridades a área social. O presidente da câmara afirma que esta é uma aposta fortíssima. “Há vários incentivos à educação, tanto básica como universitária, como por exemplo bolsas de estudo, porque isto acaba também por valorizar o concelho. Apoiamos famílias carenciadas para que possam viver condignamente, sendo que temos disponível uma verba para ajudar nas rendas, na remodelação de habitações degradas.” Com a panóplia de argumentos apresentados, António Coutinho não tem dúvidas de que “vale a pena visitar e viver em Sever de Vouga”.

Sever do Vouga, um conSelho que lhe damos.

Ficha Técnica: Propriedade: Actualidades do Século, Lda | Morada Apartado 000045 - ECE Vila Nova de Gaia - 4431-901 V.N.Gaia Depósito Legal 215441/04 | Editora: Ana Mota | Publicidade: Moura Lopes | Email: geral@aseditora.pt

/Janeiro



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.