País Positivo 90

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Marília Raimundo, Presidente do CA da Fundação João Bento Raimundo:

“Damos-lhe asas para que possam voar”

Janeiro 2016 | Edição Nº90

Este suplemento comercial faz parte integrante do Jornal de Notícias e do Diário de Notícias de 29 de janeiro de 2016 e não pode ser vendido separadamente



Projeto Asas na Mão

“Asas na Mão”, um projeto diferente para crianças e jovens únicas Entrevista a Marília Raimundo, Presidente do Conselho de Administração da Fundação João Bento Raimundo. Este projeto estabelece uma interação entre a área social e a economia, em que a produção de apoio social tem uma dupla função: uma função de integração, na medida em que confere apoio direto, sentimento de pertença, confiança recíproca e identidade à população de um dado território; e uma função de transformação, na medida em que, a partir do seu interior, repõe continuamente em questão as visões e os valores que estruturam essa identidade, numa pulsão criadora que determina a própria dinâmica de desenvolvimento económico e social.

Marília Raimundo Presidente do Conselho de Administração da Fundação João Bento Raimundo

A Fundação João Bento Raimundo criou o Projeto “Asas Na Mão” – um Lar de Infância e Juventude Especializado para crianças e jovens com debilidade e doença mental que vem vem dar cumprimento á necessidade expressa nos dados oficiais do CASA 2014 Relatório de Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens em Portugal (ISS, I.P.) e onde sobressai o facto de que todas as crianças e jovens que se encontram abrangidas pela LPCJP, terem

o direito de serem protegidas por um tipo de acolhimento que vá ao encontro das suas necessidades específicas. No mesmo Relatório, sobressai a necessidade de projetos como este: são identificadas com “Problemáticas da Saúde Mental” mais de 4.700 crianças já institucionalizadas. Como surge o projeto Asas na mão?

Apesar da regulamentação da Lei de Saúde Mental preconizar a criação de uma rede de

Cuidados Continuados de Saúde Mental, desde há cinco anos, essa mesma rede ainda não foi concretizada, constituindo um sério constrangimento ao apoio às crianças e jovens que manifestam problemáticas de saúde mental e que necessitam de acolhimento residencial integrado: atualmente, estas são tratadas em regime de ambulatório, por falta de vagas para internamento (apenas existem 20 vagas a nível nacional), e têm posteriormente de regressar às instituições com mo-

delos padronizados e sem especialização nesta área tão específica. É obviamente marcante a institucionalização já sofrida pela maioria destas crianças e jovens, tendo passado grande parte por um desmembramento da vida familiar com indisponibilidades familiares, cujas instituições educativas se sentem incapacitadas para dar uma resposta eficaz devido ao permanente clima de insuficiência económica, à complexidade social desta problemática e à

Ficha Técnica: Propriedade e Edição: Actualidades do Século, Lda. | Morada: Avenida da República, 872, Sala 5.1, 4430-190 V. N. Gaia Depósito Legal: 215441/04 | Editora: Ana Mota | Publicidade: Moura Lopes | Email: geral@aseditora.pt Distribuição Mensal Gratuita com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias. Propriedade e Direitos: Todos os textos e fotografias são propriedade exclusiva do País Positivo e não podem ser, total ou parcialmente, reproduzidos sem permissão prévia.

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Projeto Asas na Mão adeque a deficiência ou debilidade das crianças e jovens às atividades da vida diária e se consiga uma integração ao nível do mercado de trabalho através de formação específica e criação de auto emprego. A “cereja em cima do bolo” será a esta componente juntar-se o nascimento de uma pequena área produtiva numa zona economicamente tão deprimida como é a cidade da Guarda. O país precisa de projetos deste âmbito?

escassez de recursos sociais, económicos

Quais são os grandes objetivos

e humanos, que não dotam estas crianças

deste novo projeto da Fundação

e jovens de instrumentos próprios que lhes

João Bento Raimundo?

permitam suportar uma autonomização. Muitas vezes chegam à idade adulta já com o estigma de qua jamais serão capazes de se auto sustentar. O Projeto “Asas na Mão” é completamente pioneiro, dado ser centrado em crianças e jovens com deficiência mas que também tem um Processo de Promoção e Proteção. A recente publicação da nova Lei de Promoção e Proteção Para Crianças e Jovens Perigo (LPCJP) pouco ou nada alterou, em concreto, a respeito das respostas específicas para esta crianças e jovens.

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Através de uma candidatura ao Portugal 2020, a Fundação João Bento Raimundo espera com este projeto pôr em prática as variáveis de interação social, instrumento de promoção desenvolvimental, inserida em estratégias de aprendizagem e reeducação e as variáveis comportamentais, que vão estar estritamente vinculadas à definição do programa individualizado de cada criança e jovem e de acordo com a sua deficiência ou debilidade. Pretende-se proporcionar às jovens com debilidade/doença mental que estão privadas do seu meio natural de vida, um apoio para a

preparação da sua independência e autonomia; promover uma resposta transitória entre a passagem de um sistema de acolhimento residencial e a aplicação de uma medida para autonomia de vida; capacitar estas crianças e jovens para o trabalho, para os afectos, para a família, para a saúde, de modo a que consigam experiênciar todas a as áreas da sua vida de uma forma mais autónoma e equilibrada e, ao mesmo tempo, assegurar todas as condições favoráveis ao seu desenvolvimento pessoal que possibilitem uma integração social harmoniosa e a consequente pré autonomização. O objetivo é um acolhimento residencial integrado a três níveis e onde se trabalhe o Processo de Promoção e Proteção, se

Sim, o país precisa mesmo de uma resposta residencial que satisfaça especificamente as necessidades de crianças e jovens com debilidade e/ou deficiência mental que, tal como todos os outros pré-adolescentes, sofrerão mudanças ao nível psicológico e biológico que caracterizam a puberdade e termina com a formação de valores morais e sociais e definição de identidade, mas que têm gigantescas dificuldades em integrar-se numa vida ativa e com atividade laboral. É que não podemos esquecer que estas crianças terão um percurso de dificuldade de integração quase permanente ao longo da sua vida e que é hora de impedirmos que a sua dimensão humana deixe de ser “medida” pela sua capacidade de execução de tarefas, que apenas fazem sentido para quem é detentor de todas as capacidades físicas, mentais e sociais dentro daquilo que é padronizado. E quais os ganhos do projeto Asas na Mão para o concelho da Guarda?

A implementação do projeto “Asas na Mão” apresenta também importantes consequências benéficas na socio economia local e regional, tanto na fase de construção como de funcionamento das três fases de projeto. O elevado valor do investimento inicial, que se estima em cerca de 800 mil euros e o reforço das respostas sociais na área da deficiência e debilidade mental, irão traduzir-se em impactes muito positivos socialmente já que esta é uma resposta de âmbito nacional.


Projeto Asas na Mão

O Projeto “Asas na Mão” é completamente pioneiro, dado ser centrado em crianças e jovens com deficiência mas que também tem um Processo de Promoção e Proteção. A recente publicação da nova Lei de Promoção e Proteção Para Crianças e Jovens Perigo (LPCJP) pouco ou nada alterou, em concreto, a respeito das respostas específicas para esta crianças e jovens. Diretamente ligado ao funcionamento do projeto estima-se a criação de um total de 74 postos de trabalho diretos e indiretos. O elemento de maior valor ecológico e económico na área do projeto está associado à criação pós-abertura da resposta residencial, de um complexo de estufas hidropónicas, as quais serão em parte mantidas pelas próprias residentes do Lar Especializado após formação e desde que tenham mais de 17 anos, sempre com o objetivo da integração no mercado laboral e de uma vida com mais autonomia mesmo que apoiada externamente pela Fundação João Bento Raimundo. Está ainda prevista, numa terceira fase, a implementação de um projeto de criação de

duas Unidades de Vida Apoiada cuja função será a de acompanhar estas jovens na sua vida adulta e já integradas no mercado de trabalho. O contributo do conjunto das três fases do projeto (Lar de Infância e Juventude Especializado, Estufas Hidropónicas e Unidades de Vida Apoiada) para a cidade da Guarda será muito significativo, não só através da criação de inúmeros postos de trabalho diretos e indiretos como também na criação de um cluster de produção e comercialização que vai gerar emprego, riqueza social e notoriedade pelo seu carácter completamente único. O setor social é de grande impacto no nosso país. Sente apoio para

levar a cabo estes projetos?

Tem havido a tendência de menosprezar o papel das organizações do setor social no processo de desenvolvimento económico e social. Neste contexto, o setor social surgia como um serviço ou uma fruição a que se acede, isto é um gasto sem retorno e, por consequência, o oposto de um investimento. Menosprezou-se, durante décadas, o papel da produção das respostas da área social na alteração dos comportamentos individuais, na criação de emprego, do retorno na coesão social. Em suma, menosprezou-se o papel da produção social na transformação do que se designa por capital social de uma comunidade. Todavia, felizmente, hoje já facilmente se de-

monstra que as normas sociais e os valores individuais estão correlacionados com as trajetórias passadas e presentes de desenvolvimento de uma dada comunidade e de um dado território e que há uma relação entre as instituições históricas, a cultura social, as respostas sociais integradoras e o desenvolvimento económico. As instituições da área social interagem e modelam o funcionamento da sociedade e influenciam os incentivos e o comportamento dos agentes económicos e políticos. O impacto económico deste projeto multiplica-se assim numa combinação de efeitos sobre a produção de riqueza, o rendimento, o emprego e até as receitas fiscais do país. Deste ponto de vista, o “Asas Na Mão” tem uma importância económica assinalável,

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Projeto Asas na Mão Asas na Mão O “Asas Na Mão” virá dar resposta residencial integrada a mais de 26 crianças e jovens com deficiência e/ou debilidade mental

integrando-as

ativamente

no

mercado de trabalho através da criação de auto emprego gerada pela criação de uma pequena unidade produtiva na região da Guarda. Espera-se seja apenas o primeiro de muitos projetos adaptados, inclusivos e inovadores que integram efetivamente os jovens com problemas do foro mental nas comunidades trazendo real benefício para as mesmas.

que se expressa objetivamente na magnitude relativa dos seus impactos (diretos, indiretos e induzidos) sobre o conjunto da economia da comunidade da Guarda. Este projeto estabelece uma interação entre a área social e a economia, em que a produção de apoio social tem uma dupla função: uma função de integração, na medida em que confere apoio direto, sentimento de pertença, confiança recíproca e identidade à população de um dado território; e uma função de transformação, na medida em que, a partir do seu interior, repõe continuamente em questão as visões e os valores que estruturam essa identidade, numa pulsão criadora que determina a própria dinâmica de desen-

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volvimento económico e social. A iniciativa da Fundação João bento Raimundo, ao promover a implementação deste projeto, vai provocar um impacto sobre a economia da cidade e da região, que tem que ser calorosamente saudada, não só porque se insere na corrente pioneira das respostas sociais, como também não se limita a assistir a um grupo, antes o projeta para uma vida integrada associada a uma produtividade que é de todo benéfica para as jovens e para a região.

unanimidade em Conselho Local de Ação Social (CLAS) e também já foi aprovado pelo Centro Distrital de Segurança Social da Guarda, aguardando agora o parecer da Câmara Municipal da Guarda, essencial para a apresentação da candidatura ao Portugal 2020. A Fundação João Bento Raimundo tem sido pioneira em muitas áreas e este projeto é prova disso mesmo. Poderá dizer-se que a Fundação é um elemento gerador de oportunidades?

O que falta para que o projeto se materialize?

O projeto “Asas Na Mão”, já foi aprovado por

A Fundação João Bento Raimundo tem conseguido criar oportunidades para os jovens portugueses em áreas muito especializadas,

facto que é de realçar tendo em conta a tradicional dificuldade de criação de emprego qualificado no nosso país. Este projeto será mais um exemplo disso dado a necessidade de recrutamento de profissionais altamente qualificados para á área da pedopsiquiatria e debilidade mental mas também para a área da agronomia e hidroponia. Assim, este projeto desempenha um papel importante na cidade da Guarda, na região Centro e no país na procura de respostas e serviços socias especializados associados à sua atividade principal mas também na criação de produtos, contribuindo de uma forma muito significativa para o desenvolvimento da fileira das respostas sociais criativas e inclusivas e para o desenvolvimento económico da região. A Fundação gera assim benefícios não só para os utentes dos seus serviços, mas também para um conjunto mais alargado de agentes económicos. Alguns desses benefícios são efeitos monetários indiretos e induzidos, como são os casos dos transportes, alimentação e fornecedores de serviços. Este inovador e inclusivo projeto comprova que as IPSS deverão ser consideradas como um elemento fulcral na estratégia de desenvolvimento territorial e de inclusão social dos municípios onde estão inseridas.


Portugal a Pedalar

Portugal a pedalar na Europa O cicloturismo é hoje uma realidade a nível europeu e, como não poderia deixar de ser, Portugal não foge à regra. No entanto, muitas são as limitações para quem escolhe a bicicleta como meio de transporte ou de lazer. Fomos ao encontro de José Caetano, da Federação de Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas (FPCUB) para percebermos quais os projetos existentes para colocar Portugal no mapa do cicloturismo europeu. publituris2_paths copy.pdf

A Federação de Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas (FPCUB) é uma Organização Não Governamental de Ambiente de âmbito nacional e tem como principais objetivos a defesa do ambiente, a promoção e defesa do Património Cultural e da mobilidade sustentável e segura. Surgida em 1987, a FPCUB é composta por 1200 associações e clubes e representa cerca de 30 mil pessoas. Hoje, esta organização de referência a nível nacional e internacional, tem como grande projeto a integração de Portugal numa rota europeia de cicloturismo que visa, exclusivamente, dar a conhecer Portugal através da bicicleta.

Eurovelo Portugal De acordo com o nosso entrevistado, José Caetano, a FPCUB é a coordenadora nacional para o projeto Eurovelo, tal como em outros países existem outros coordenadores. “A ideia do Eurovelo é criar uma rede ciclável à escala europeia”. Em Portugal, atualmente, existem apenas 200 quilómetros de rota e, “infelizmente, a chamada rota atlântica europeia não contemplava Portugal porque nunca existiu quem se interessasse por esta

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matéria. A Federação decidiu trabalhar nesta área

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e fizemos um esforço considerável para incluir a nossa costa atlântica dentro desta rota europeia já existente. É óbvio que o objetivo da federação é

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promover a utilização da bicicleta, é a defesa do

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ambiente e desenvolver a cultura e, portanto, é im-

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portante fazer também a ligação ao interior e este é, estrategicamente, o passo seguinte”. Neste momento, o que se está a fazer é criar as condições para que seja lançado um sítio na internet onde serão disponibilizadas as rotas já trabalhadas, num total de 900 quilómetros, e onde qualquer pessoa poderá fazer o download das rotas e depois pode fazer o traçado à medida que quiser. Toda a rota será dividida, de Caminha a Vila Real de Santo António, em 18 secções de 50 a 80 quilómetros. E porquê? “É simples, é o percurso que é passível de ser feito num só dia, por utilizadores menos e mais experientes”. Este projeto está a ser trabalhado em conjunto com os municípios, as comunidades intermunicipais, as áreas metropolitanas, o turismo de Portugal e as Infraestruturas de Portugal. Ou seja, “isto passa por ciclovias, vias clicáveis e estradas municipais que podem também ser utilizadas por bicicletas. O que temos que garantir é que existe trafego rodoviário inferior a 1500 carros por dia”. Neste momento, “o que estamos a fazer é uma proposta que permite gerir esta rota de forma participada com todas as entidades referidas. O que desejamos é que eles trabalhem também connosco conjuntamente. Não temos in-

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teresse de fazer a promoção desta rota unicamen-

veis não promovem apenas o turismo, mas tam-

te através da Federação porque isso não vai refle-

bém a circulação urbana e, aqui, entra a mobili-

tir o sucesso que pretendemos para este proje-

dade sustentável. Existindo condições para que

to.” Aquilo que os move é o ambiente, a mobili-

as pessoas se desloquem de bicicleta, não exis-

dade sustentável e promover a bicicleta. Mas,

te necessidade de deslocação de carro e isso

no fundo, “o garantir as condições desta rota é

faz com que o ambiente seja poupado e não

uma forma de atrair turismo para as regiões pois

existam constrangimentos de tráfego como agora

hoje são cada vez mais os adeptos do cicloturis-

existem. O que se pretende é que este projeto

mo e Portugal tem pouco para oferecer a este

seja lançado o mais rapidamente possível e que

nível e é precisamente isso que queremos mu-

as autarquias se envolvam na construção de um

dar”. De salientar que estas rotas e estas me-

país sustentável ao nível ambiental e ainda mais

lhorias concelhias ao nível dos acessos ciclá-

atrativo do ponto de vista turístico.


Portugal a Pedalar

UNIVERSIDADE DE AVEIRO

A projetar um futuro sustentável R eitor da U niversidade de A veiro desde fevereiro de 2010, M anuel A ntónio A ssunção , é doutorado em F ísica pela U niver sidade de W arwick , no R eino U nido e professor catedrático no D epartamento de F ísica da U niversidade de A veiro . I ntegrou

equipas reitorais onde assumiu funções de gestão universitária em vários domínios . M uito ligado às questões da relação com a região e com as empresas que levaram , em particular , ao A cordo de C ooperação entre a U niversidade e a CIRA – C omunidade I ntermunicipal da R egião de A veiro e ao estabelecimento do PCI – P arque de C iência e I novação , atuando como perito em questões regionais . P romoveu o estabelecimento da F ábrica – C entro de C iência V iva de A veiro e é P residente da O rquestra F ilarmonia das B eiras . É, ainda , P residente da J unta D iretiva da R ede C olumbus (R ede E uro - latino - americana de U niversi dades ) e C oordenador da C omissão E specializada para a I nter nacionalização do CRUP – C oncelho de R eitores das U niversi dades P ortuguesas . É ainda membro dos corpos sociais do C lube de C iclismo da B airrada . R ecentemente dedicou - se à criação da plataforma tecnológica da bicicleta e mobilidade suave que “ pretende agregar pessoas , de dentro e fora da universidade , que se interessem pelas questões em torno da bicicleta e da mo bilidade ciclável .”

Área de intervenção

Competência

Desafio

Bicicleta, educação, saúde e desporto

Design e desenvolvimento de produto.

Bicicletas utilitárias

Projeto, análise e simulação.

Criação de novos produtos e serviços ligados à bicicleta para aprendizagem e desporto em cooperação com empresas e organizações. Promoção da utilização da bicicleta como suporte de diversas atividades económicas.

Bicicletas elétricas

Ensaio laboratorial de motores elétricos. Avaliação do ciclo de vida de novos materiais para bicicleta Planeamento e organização do território e da mobilidade Promoção e sensibilização de utilizadores.

Mobilidade, energia e ambiente Cidades e regiões bike-friendly UA campus bike-friendly Sistemas coletivos de bicicletas partilhadas Valor económico da bicicleta

Turismo e lazer ciclável

Memória da bicicleta

Promoção da bicicleta elétrica na intermodalidade dos transportes. Utilização de novos materiais e processos ligados à bicicleta. Definição de redes de infraestruturas cicláveis Criação de infraestruturas que facilitem o uso da bicicleta no campus e na cidade. Projeto e dimensionamento de Desenvolvimento de SCBP de 5ª Sistemas Coletivos de geração. Bicicletas Partilhadas (SCBP) Criação de uma plataforma de informação sobre a bicicleta em Portugal com enfoque particular no seu valor económico e social. Estudo de redes cicláveis e Identificação de operadores pedonais para o lazer e turísticos nacionais e internacioturismo. nais que trabalham em turismo em bicicleta. Desenvolvimento de iniciativas e projetos que visem a preservação e valorização da memória da bicicleta e da sua indústria.

O que motivou a criação da plataforma tecnológica da bicicleta e mobilidade suave?

O que motivou a criação desta plataforma foi a necessidade de transferir conhecimento e tecnologia sobre a bicicleta e mobilidade suave para o tecido empresarial, para os municípios e demais organizações da sociedade civil, com o objetivo de aumentar a competitividade; estimular a inovação e melhorar a qualidade ambiental e a vida dos cidadãos. Esta plataforma procura ainda, nesse sentido, promover melhores políticas públicas, incluindo a transformação das cidades para se tornarem mais “bike friendly”; e estimular o desenvolvimento de uma fileira económica da bicicleta. Quem coordena o trabalho realizado na plataforma?

Temos cinco coordenadores que são responsáveis por dinamizar outros tantos grupos de trabalho e por induzir a participação de outros membros investigadores da Universidade de Aveiro e de estabelecer parcerias com o exterior. São eles: José Carlos Mota, do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, também Coordenador da plataforma;

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Portugal a Pedalar Carlos Relvas do Departamento de Engenharia Mecânica; Margarida Coelho, do Departamento de Engenharia Mecânica; Martinho de Oliveira e Ricardo Torcato, da Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção Aveiro Norte. O trabalho destes grupos incidem nomeadamente nas áreas do quadro que junto. Esta plataforma é uma ligação da universidade com as empresas?

As plataformas tecnológicas, que já são em número de nove, constituem um importante instrumento essencialmente informal, onde pessoas das universidades e pessoas das empresas e doutras instituições interagem à volta de um mesmo tema. Com esta plataforma queremos reforçar a nossa ligação com as empresas, autarquias e outras entidades socialmente relevantes, na área da mobilidade suave, através da articulação de competências detidas interna e externamente. Temos inúmeros cursos que permitem qualificar recursos para a indústria das bicicletas e para investigação e desenvolvimento a ela associados. E temos igualmente já muito conhecimento que pode ser transferido para fora da UA. O apoio à comunidade não foi descurado. Existe um projeto para ensinar as pessoas a andar de bicicleta?

Ao contrário do que acontecia noutras gerações, hoje é comum haver crianças que não sabem andar de bicicleta. A UA está a pôr de pé um projeto com a CIRA (Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro) e a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) onde estamos a sensibilizar para o uso da bicicleta que vai desde o ensinar a pedalar até ao contato com a pista ou outras vertentes do ciclismo de competição, passando pelo ciclismo de lazer e de turismo; essa ação, pioneira, vai tirar partido, em particular, do Velódromo de Sangalhos, uma infraestrutura de grande qualidade que a região e o país têm o privilégio de possuir. O projeto Portugal bike value resulta de uma parceria com a ABIMOTA. Em que consiste?

Trata-se de um esforço de concertação para colocar a bicicleta e a criação de valor em torno desta no centro da agenda dos poderes públicos, das universidades, das empresas e da sociedade civil. A Universidade de Aveiro acolheu o lançamento desta iniciativa, que culminou com o início do desenho de um «road map 2014-2020» inspirado no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido internacionalmente e focado em quatro dimensões: cidades e territórios cicláveis; promoção dos modos suaves e a economia verde; internacionalização e atração de investimento estrangeiro e i&d, inovação e empreendedorismo.

José Carlos Mota, professor do departamento de ciências sociais, políticas e do território é coordenador de vários projetos de mobilidade, entre eles, O “Projeto U-Bike Portugal – Promoção de bicicletas elétricas e convencionais nas comunidades académicas” “O concurso para Projeto U-Bike Portugal decorre até ao final do mês de março e evidencio que esta é uma oportunidade para financiar a aquisição de bicicletas, para utilização em regime de empréstimo de longa duração, mas também para financiar campanhas que ajudem a mudar a mentalidade de quem quer vir a usar uma bicicleta e de quem não a usa. Este projeto pretende que haja uma transferência modal entre os utilizadores do automóvel para a bicicleta e a ideia é, por um lado, reduzir as emissões de CO2 e, por outro lado, contribuiu para a redução da nossa dependência energética em 30% como nos comprometemos na cimeira de Paris.” Os PEDU (Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano) promovem a “mobilidade suave e a ideia é investir na criação da infraestrutura. O que se debate é: será que o investimento vai fazer feito nas ligações que são necessárias e evidentes, como é o caso da ligação da UA à estação de comboios de Aveiro? De salientar que é necessário criar condições para que as pessoas se sintam seguras no espaço urbano.” O Portugal bike value é um projeto “da ABIMOTA e enquadra-se na necessidade de valorizarmos o conhecimento que é produzido na UA; ajuda a que mais projetos de empreendedorismo tenham apoio para arrancar e venham a ter sucesso no futuro.” O “Projeto U-Bike Portugal – Promoção de bicicletas elétricas e convencionais nas comunidades académicas” foi lançado aqui, na cidade de Aveiro e no qual o reitor Manuel Assunção foi um dos oradores. A UA está a preparar a sua candidatura?

Sim, já estamos a preparar a nossa candidatura. Este concurso é dirigido às insti-

tuições públicas de ensino superior, em parceria com o IMT, para a implementação de projetos com o objetivo de gerar poupanças de energia obtidas através da alteração da forma como a comunidade académica se desloca. Um dos objetivos é diminuir a utilização de veículos a motor de combustão (carros ou motas) em favor dos veículos cicláveis convencionais ou elétricos.

Desde 1970

R. Salgueiro, 47 * 3780-103 Sangalhos ANADIA * PORTUGAL Email: EsmalFna@esmalFna.pt TLF : +351 234 743 203 / 009

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Portugal a Pedalar

MUNICÍPIO DE TORRES VEDRAS

Premiado com o “European Green Leaf”, “Energy Globe Award” e projeto ECO XXI “Somos um município com preocupações ao nível ambiental, de susten-

tabilidade e temos implementado medidadas para reduzir a pegada ecológica. O nosso trabalho e esforço para implementar estas medidas é recompensado quando somos reconhecidos e premiados a nível nacional e internacional: recentemente recebemos o primeiro prémio no “European Green Leaf”, fomos reconhecidos no “Energy Globe Award”, no projeto ECO XXI e ainda hasteamos a bandeira da “Autarquia + Familiarmente Responsável”. Para além disso temos o Carnaval mais português de Portugal.”

Carlos Bernardes, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras desde 1 de dezembro de 2015

O município de Torres Vedras venceu o “European Green Leaf”. Quais os critérios realçados para a atribuição deste prémio?

O Prémio “European Green Leaf” é uma distinção atribuída pela Comissão Europeia que destaca o grande esforço do município de Torres Vedras no sentido de alcançar melhores resultados ambientais, sobretudo no que diz respeito à estratégia de mobilidade, esforço de preservação da biodiversidade e gestão da água. A utilização das bicicletas públicas urbanas - Agostinhas, a implementação de um plano de mobilidade elétrica e a apresentação de um novo plano de mobilidade para a Cidade de Torres Vedras foram medidas ambiciosas que demostram que o Município de Torres Vedras vê a mobilidade sustentável como uma prioridade contínua. O projeto Eco XXI conta com a presença assídua do município e sempre nos lugares cimeiros. É o DÉCIMO ano que vencem este prémio?

Recebemos, pelo décimo ano consecutivo, o galardão do projeto ECO XXI. Este projeto tem como objetivo aferir o desempenho na área da sustentabilidade, a nível municipal. O concelho de Torres Vedras foi sujeito a uma avaliação externa em que foram tomados em linha de conta 22 indicadores relativos à área da sustentabilidade: a qualidade do ar e informação

ao público, a qualidade da água para consumo humano, o turismo sustentável, a participação pública e a Agenda 21 Local, foram os indicadores em que o concelho se destacou. O reconhecimento estende-se a outro nível, nomeadamente, à preocupação com a qualidade de vida das famílias. Sim. O município foi distinguido, pela sétima vez, com a bandeira verde de “Autarquia + Familiarmente Responsável” 2015, o que nos orgulha imenso e motiva a continuar com o trabalho que temos vindo a desenvolver. Foram implementadas várias medidas “amigas da família”; quais é que gostaria de salientar?

Saliento a elaboração do Plano Intermunicipal para a Integração de Imigrantes; o Programa “Eu vou a pé para a escola”; a implementação do Plano Municipal de Mobilidade Sustentável e do Programa “+ Saúde Hábitos e Estilos de Vida Saudáveis”; a implementação do Projeto ROMED2; a realização de iniciativas de apoio e intervenção em situações de crise no âmbito do Plano de Desenvolvimento Social e de Saúde de Torres Vedras 2014/2015; o Plano de Formação de Munícipes Desempregados “Emprega-te a Fundo”; a aprovação do Plano Municipal da Igualdade; e a atribuição de novas bolsas para estágios profissionais em empresas europeias a jovens do concelho, no âmbito do Projeto Euroformar Torres Vedras.

Para além destes prémios também recebeu o “Energy Globe Award”. Como define esta atribuição?

O “Energy Globe Award” é o prémio ambiental mais prestigiado em todo o mundo e enchenos de orgulho tê-lo recebido por causa do sistema de bicicletas públicas urbanas de Torres Vedras, as Agostinhas. Este prémio consiste em distinguir projetos que preservem os recursos fósseis ou utilizem fontes renováveis e tem como objetivo aumentar a consciencialização para a utilização e implementação de soluções ambientais sustentáveis. Este prémio foi atribuido por causa do sistema de bicicletas públicas, as Agostinhas. Em que consiste este sistema?

O projeto das “Agostinhas”, foi implementado em 2013 e disponibiliza 30 bicicletas eletricas e 260 bicicletas tradicionais, em 14 estações de bicicletas públicas e já tem mais de mil utilizadores. A bicicleta é uma opção de transporte urbano rápida e flexível que contribui para a diminuição do número de carros a circular na cidade; é um meio de tranporte prático e acessível à maioria da população, sem consumo de combustíveis fósseis e sem emissões atmosféricas. Qualquer pessoa, que visite Torres Vedras, pode utilizar a Agostinha?

Sim. Para utilizar a “Agostinha” apenas é necessário um registo prévio e é-lhe atribuido um cartão de adesão. Disponibilizamos bicicletas standart a pedal e elétricas; as mesmas estão distribuídas pela Cidade de Torres Vedras, junto às escolas, áreas comerciais e serviços públicos. Encontram-se também disponíveis bicicletas com cadeiras para crianças e cestos de transporte de pequenos objetos. Temos o software Bicicard, que permite a consulta da disponibilidade de bicicletas nas estações a partir de um computador ou telemóvel com acesso à internet, em www.agostinhas-tvedras.pt. Qual a origem do nome das bicicletas? A seleção do nome “Agostinhas” foi para prestar homenagem ao ilustre ciclista torriense Joaquim Agostinho. Este era natural da localidade de Brejenjas, freguesia de Silveira, concelho de Torres Vedras. O concelho tem mais pontos de homenagem a Joaquim Agostinho? Estamos a trabalhar num projeto que pretende vir a dar ainda mais corpo à homenagem que queremos prestar a este torriense. Além do Troféu com o seu nome e das “Agostinhas”,

queremos tornar realidade a construção e abertura ao público, em 2017, do Museu Joaquim Agostinho. Mas em alguns locais do concelho, como na cidade de Torres Vedras, na Silveira, em Brejenjas e em Santa Cruz, temos alguns monumentos e uma avenida que homenageiam o maior ciclista português de todos os tempos. O carnaval é um tema incontronável quando se fala da cidade de Torres Vedras. Qual a sua importância a nível económico e social?

É o principal evento da cidade e do concelho que, este ano, decorre entre o dia 5 e o dia 10 de fevereiro com o tema “Figuras e Figurões”. Muito recentemente o Instituto Politécnico de Leiria desenvolveu um estudo que aponta um impato na economia local em cerca de 10 milhões de euros; ou seja, é fundamental manter o trabalho de evolução e maturação sem esquecer a sua matriz que é ser o Carnaval mais português de Portugal. Mantemos a tradição de o Rei e a Rainha serem dois homens torrienses e as matrafonas continuam a ser um dos nossos “ex-libris”. A sua mensagem para os munícipes e turistas.

Vamos continuar nesta senda da promoção dos conceitos de mobilidade sustentável e mobilidade suave, no sentido de que as pessoas possam, cada vez mais, andar a pé ou de bicicleta. E é também com base nestes conceitos de mobilidade, que convidamos os turistas a visitarem um conjunto de fortificações que marcaram a resistência às invasões napoleónicas, as Linhas de Torres Vedras. O município está muito empenhado em desenvolver estes conceitos, não só para podermos ter uma melhor qualidade de vida, mas também para podermos ser mais amigos do ambiente.

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Portugal a Pedalar

MUNICÍPIO DE ÁGUEDA

A capital das duas rodas “Está em construção, no Parque Empresarial do Casarão, a TRIANGLE’S, a nova fábrica de quadros de alumínio para bicicletas que vai produzir cerca de 550 mil quadros/ano e que representa um investimento inicial de 12 milhões de euros e de mais 5 milhões na segunda fase. A produção é totalmente destinada aos mercados europeu e norte-americano, para além disso, vai criar cerca de 100 postos de trabalho e vai ajudar a lançar, novamente para o topo, a indústria das bicicletas do concelho de Águeda.” Gil Nadais, Presidente da Câmara Municipal de Águeda

Como carateriza o concelho de Águeda?

O concelho de Águeda tem cerca de 48 mil habitantes distribuídos por uma área de 336km². Consideram-nos um concelho ribeirinho, mas temos uma área bastante grande inserida na serra do Caramulo. O tecido empresarial é dominado pelo setor secundário, posso afirmar que somos dos concelhos mais industriais de Portugal. A indústria das bicicletas desempenha um papel importante na economia local. É o setor pelo qual somos mais fortes e também reconhecidos é no setor das duas rodas. Estamos representados com fábricas de montagem e de componentes para bicicletas. Tivemos a indústria de motoriza-

das que terminou em definitivo, enquanto a das bicicletas passou uma fase de alguma decadência e, neste momento, estão em grande expansão; tanto na montagem como no fabrico de componentes (rodas pedaleiras, selins, travões). Para além disso, está em construção uma fábrica de quadros de alumínio para bicicletas que vai ajudar a alavancar a indústria das duas rodas. A nova empresa vai abranger toda a indústria à volta das bicicletas e dos seus componentes?

É isso que pretendemos. A nova empresa resulta da parceria entre três empresas da região: a Miranda & Irmão, a RODI e a Ciclo Fapril e vai denominar-se Triangle`s; esta

vai ser a primeira empresa a nível mundial a soldar alumínio de forma robotizada. O quadro é a peça maior e mais difícil de transportar de todas as partes de uma bicicleta, temos as indústrias que produzem as rodas aqui tão perto (dentro do concelho de Águeda), todos os restantes componentes são fáceis de trazer porque ocupam pouco espaço; o que vai ocupar espaço é a bicicleta montada. Já temos solicitações de empresas estrangeiras, nomeadamente de Taiwan, que querem vir para Águeda fazer a montagem de bicicletas.

área. Existe algum outro mercado em expansão? Com o arranque do projeto beÁgueda - Bicicletas Elétricas de Águeda, começou a criar-se a necessidade de produzir componentes para os motores dessas bicicletas. É muito natural que este ramo de negócio cresça, uma vez que há conhecimento, tecnologia e há flexibilidade que é uma caraterística que é raro encontrar nos mercados internacionais. Os empresários têm conseguido acompanhar a evolução do mer-

Águeda é um concelho mono in-

cado?

dustrial?

A crise acabou com as empresas que não eram viáveis e com as que estavam voltadas para o mercado interno, porque esse mercado praticamente deixou de existir. Todas as que tinham capacidade de inovação e que também estavam voltadas para o mercado externo continuam bem e a crescer, algumas a dois dígitos por ano. As empresas que ficaram tiveram a capacidade de se reconfigurar aumentando a sua oferta e respondendo com qualidade ao que o mercado lhes tem vido a solicitar.

Temos muitos setores de atividade industrial, o que é, sem dúvida, uma vantagem. O desenvolvimento industrial de Águeda começou pelas ferragens, passou pela cerâmica do barro vermelho e, posteriormente, pela cerâmica decorativa e de revestimento onde pontua a Revigrés. A área da iluminação, nomeadamente LED, representa uma forte componente, bem como a indústria do mobiliário metálico. Na área da subcontratação destaca-se o setor automóvel, área em que temos fábricas de componentes diretos e de ferramentas e a exploração florestal também desempenha um papel importante na economia local, uma vez que temos uma vasta zona de eucaliptos. A área da eletrónica faz-se representar por empresas de renome que trabalham com os grandes “players” mundiais dessa

Águeda tem alguma rede de ciclovias?

Temos uma rede de ciclovias espalhada pela cidade, mas temos um senão: entre a cota mais baixa, junto ao rio, e a cota mais alta, junto à GNR, são 72 metros na verti-

“O Projeto beÁgueda integra uma estratégia de sustentabilidade que, para além de incluir o uso de bicicletas (elétricas e convencionais), envolve a mudança de estilos de vida, como algumas pessoas deixarem de utilizar o carro para as deslocações diárias e passarem a fazê-lo de bicicleta”

Gil Nadais Presidente da Câmara Municipal de Águeda

/Janeiro


Portugal a Pedalar Águeda is a Human Smart City “Mais do que uma Smart City, Águeda quer ser uma Human Smart City, onde as pessoas estão no centro de tudo, onde a tecnologia é utilizada para satisfazer as necessidades dos cidadãos e na facilidade com que podem aceder ao que os rodeia. Queremos que as pessoas sintam no seu dia-a-dia que vivem numa cidade humana, inclusiva, social, tecnológica e economicamente ativa. Na última semana de junho de 2016, vamos organizar um seminário para apresentar os nossos projetos e boas práticas a nível mundial na área das Smart Cities”. Gil Nadais, Presidente da Câmara Municipal de Águeda

cal, por causa desta limitação elaborámos um programa gestão partilhada de bicicletas elétricas que disponibilizamos à população. O projeto beÁgueda antes de ter sido posto em prática já tinha sido galardoado. Pode contarnos como é que isso aconteceu?

Concorremos ao “Energy Cities” com a ideia do projeto beÁgueda; ou seja, apresentamos um projeto que gostávamos de

ver replicado na nossa cidade e mesmo sem existir, este foi galardoado. Quando efetivamente lançamos o projeto pela primeira vez em conjunto com o grupo Órbita Miralago, em junho de 2011, no Agitágueda, ao fim de poucas horas, algumas bicicletas já apresentavam algumas falhas que foram corrigidas na hora e outras que foram melhoradas posteriormente. Em suma, a maioria das pessoas, que respondeu ao nosso questionário sobre a utilização das bicicletas, afirmou que voltaria a utilizar

este sistema se viesse a ser implementado na cidade.

para a melhoria da qualidade ambiental dos cidadãos.

Em que consiste o projeto be Águeda?

E os principais objetivos?

O Projeto beÁgueda integra uma estratégia de sustentabilidade que, para além de incluir o uso de bicicletas (elétricas e convencionais), envolve a mudança de estilos de vida, como algumas pessoas deixarem de utilizar o carro para as deslocações diárias e passarem a fazê-lo de bicicleta. Com esta mudança de atitude todos contribuímos

Tem como principal objetivo a promoção do uso partilhado de bicicletas elétricas por todos os munícipes. Pretendemos facilitar o uso deste meio de transporte nas deslocações na cidade e que estas se realizem sem esforço nas ruas de maior declive e incentivar a prática de atividade física poupando o ambiente.

/Janeiro


Portugal a Pedalar

ABIMOTA

Há 41 anos a apoiar a indústria da região e do país “Foi devido a essa preocupação que, em 1994, foi criado o LEA – Laboratório de Ensaios da ABIMOTA. Identificámos a necessidade de ter uma infraestrutura de referência, que ajudasse os nossos associados que estavam a dar os primeiros passos na certificação da qualidade dos produtos e a ABIMOTA respondeu com a criação deste laboratório.” João Pires, Presidente da Direção da ABIMOTA

de de ter um laboratório, uma referência, para podermos certificar os nossos produtos; hoje somos o único laboratório, na Península Ibérica, acreditado para efetuar os ensaios e as certificações de conformidade das bicicletas e seus componentes. A ABIMOTA conta com quantas empresas associadas?

João Pires Presidente da Direção da ABIMOTA

Neste momento temos 89 empresas associadas, que representam cerca de quatro mil postos de trabalho. Estas empresas têm uma forte componente exportadora e contribuem para a produção nacional com centenas de milhões de euros (mais de 300 milhões, em 2014).

Quem deu origem à ABIMOTA e quais

Uma empresa associada da ABIMOTA

são os seus objetivos?

pode contar com que tipo de apoios?

A ABIMOTA, originalmente Associação Nacional dos Industriais de Bicicletas, Ciclomotores, Motociclos e Acessórios foi criada por empresários da área da bicicleta que sentiram necessidade de se unir, porque as associações empresariais existentes não davam a resposta que eles necessitavam. A associação foi crescendo e, neste momento, além de representar a indústria das duas rodas também representa as ferragens e o mobiliário metálico e, por conseguinte, alterou a sua designação para ABIMOTA - Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins.

A ABIMOTA tem intentado várias ações com objetivo de contribuir para o dinamismo e evolução do sector. O principal apoio que prestamos aos nossos associados é laboratorial: testamos e apoiamos o desenvolvimento de novos produtos. Para além deste, apoiamos no controlo de águas, de conformidade das matérias-primas, dimensionalmente conseguimos fazer a calibração dos equipamentos das empresas e das peças. Organizamos seminários, workshops e cursos de formação, quase sempre apoiados por instituições com quem a ABIMOTA foi estabelecendo protocolos; prestamos apoio jurídico e ajudamos na promoção da indústria com projetos como o Portugal Bike Value; projetos de internacionalização e projetos dentro da mobilidade suave. Fizemos o levantamento do estado da indústria e propusemos algumas ações e aí criámos o Portugal Bike Value que será fruto de um novo projeto que vai arrancar em breve.

A ABIMOTA alterou a sua designação e evoluiu abrindo um novo departamento. Como identificaram essa necessidade?

Estamos sempre atentos à evolução dos mercados, às suas necessidades mais prementes e, principalmente, às solicitações dos nossos associados. Foi devido a essa atenção que, em 1994, foi criado o LEA – Laboratório de Ensaios da ABIMOTA. Identificámos a necessidade de ter uma infraestrutura de referência que ajudasse os nossos associados que estavam a dar os primeiros passos na certificação da qualidade dos produtos e a ABIMOTA respondeu com a criação deste laboratório. A aposta no ABIMOTA LEA foi um passo acertado e com visão de futuro?

Sem dúvida! Na altura sentiu-se a necessida-

/Janeiro

Em que consiste o Portugal Bike Value?

Há 10 anos a indústria das duas rodas quase desapareceu, ficaram muito poucas empresas que sobreviveram com os nichos de mercado, isto devido à deslocalização das empresas para a Ásia. Neste momento, com a globalização e com os custos de transporte a aumentar, as preocupações ambientais, os prazos apertados para chegar ao mercado antes da concorrência e com produtos inovadores, não é

“O projeto Portugal Bike Value/Internacionalização foi submetido à apreciação da União Europeia e gostávamos de contar com apoios para podermos levar os produtos portugueses para os certames internacionais. A representação do nosso país seria feita pelas empresas nacionais, no mesmo espaço e com o objetivo comum de vender a marca Portugal.” João Medeiros, Secretário-Geral ABIMOTA

“Tivemos, no Quadro Comunitário anterior, um projeto de financiamento para a manutenção do laboratório que rondou os 900 mil euros, que terminou em Junho de 2015. Esta ação permitiu-nos, ao fim de 20 anos, fazer a atualização de alguns equipamentos de forma a adaptá-los às novas normas.” Luís Pires, Diretor do LEA/Gestor de Qualidade ABIMOTAABIMOTA

possível fazer encomendas na Ásia para chegarem ao mercado 6 meses depois, quando as tendências e os materiais já se alteraram. Já há empresas a investir na indústria das bicicletas e aumentámos a produção de 150 mil bicicletas/ano para, neste momento, estarmos a montar 1,6 milhões. O projeto Portugal Bike Value pretende valorizar e dar a conhecer a indústria das bicicletas e componentes ao mercado internacional; pretendemos atrair empresas e fornecedores da indústria da bicicleta e queremos aglutinar os fornecedores da indústria das bicicletas no mesmo local.

zer”. Mas temos algumas limitações porquanto algumas empresas já se fazem representar sozinhas nestas feiras e para podermos contar com os apoios da União Europeia temos de obedecer a alguns critérios, que passam pela dimensão e pela escala, o que nem sempre é tarefa fácil.

Com a visão de futuro que a ABIMOTA tem demonstrado ter, questiono: qual é o passo seguinte?

A seguir vamos tratar dos processos. Se quisermos fazer a maquinação ou tratamentos térmicos, temos poucas empresas em Portugal a fazer isso e temos que criar condições para que existam mais. O Portugal Bike Value pretende ser isso mesmo, tem como objetivo criar condições para que as empresas se possam instalar aqui, sem ter de suportar o que denominamos de “custos de contexto”, nomeadamente a dependência de fornecedores estratégicos (asiáticos) que, atualmente, fornecem grande parte das componentes. A ABIMOTA tem algum projeto de internacionalização das empresas associadas? Temos um projeto que visa levar, sob a nossa marca Portugal Bike Value, as empresas a feiras internacionais de forma a poderem mostrar os seus produtos e as suas capacidades, únicas e inigualáveis, de “saber-fa-

Este ano realiza-se mais uma edição do Grande Prémio ABIMOTA?

Vamos realizar o 37º Grande Prémio ABIMOTA com o objetivo de continuar a promover o ciclismo e a ABIMOTA. Fizemos uma parceria, há cerca de 4 anos, com a CIRA (Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro) em que etapas do GP ABIMOTA partiram de Espanha (Salamanca e Santiago de Compostela) e terminaram na região de Aveiro, com o objetivo de promover a região. Nos últimos dois anos, a prova foi realizada apenas em território nacional e posso afirmar que teve ainda mais visibilidade do que em anos anteriores, pelo que a opção para este ano de 2016 recaiu num formato com três dias de prova.

“Toda a atividade desenvolvida pela ABIMOTA e a projeção conseguida nos últimos anos, em prol dos seus Associados e da Indústria Nacional, não teria sido possível sem a Equipa de Excelência que possui, desde há alguns anos, do trabalho e empenho quotidianos e da dedicação de todos - Colaboradores e Diretores desde sempre.” Mensagem final ABIMOTA

A loja Belém Bike localizada em Belém junto ao Museu da Eletricidade disponibiliza um serviço de oficina e aluguer de bicicletas, tandem e karts. Agora, com mais uma loja na Baixa-Chiado, a Biclas.com (junto à Praça do Município) com showroom das últimas novidades em equipamentos e acessórios das várias marcas de bicicletas. Agente autorizado da KTM, Trek e Dahon. Com serviço de Oficina e Aluguer de bicicletas! Também estamos online no site de vendas www.biclas.com.

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Portugal a Pedalar

Grupo Órbita-Miralago

Uma nova visão de futuro No ano em que assinala 45 anos de existência, a Órbita reafirma a sua posição no mercado internacional ao exportar 70% da sua produção e ainda surge no mercado nacional com sete novos modelos de bicicletas. com uma lógica comercial muito ligados aos trade offs das cidades.”

PROJETO FUTUROS A entrada num concurso “para equipar o município de Lisboa com bicicletas convencionais e a motor com todas as condicionantes que um projeto desta dimensão acarreta: a geolocalização dos equipamentos; a manutenção; o posicionamento das bike stations; o carregamento das baterias, a apresentação da bicicleta, o tipo de pneus e travões, a possibilidade de incluir acessórios ou cadeiras para crianças; toda esta experiência que temos permitiunos apresentar uma resposta modular: apresentamos uma proposta que funciona numa grande cidade, como pode funcionar numa cidade de pequena/média dimensão.” Mas essa não é a única vantagem face aos outros concorrentes, “uma das nossas maiores vantagens é de sermos uma empresa portuguesa e, por isso, podemos dar resposta a qualquer solicitação de forma rápida e eficaz devido à nossa proximidade com o cliente; enquanto as outras empresas, como são estrangeiras apesar de algumas terem acordo de cooperação com empresas nacionais, não conseguem dar resposta com a mesma celeridade.”

Paulo Rodrigues Administrador do grupo Órbita-Miralago

Paulo Rodrigues, um dos três novos administradores do grupo Órbita-Miralago afirma: “somos o terceiro maior produtor europeu de bicicletas, mas continuamos na cauda da europa em percentagem de utilizadores. Apesar de, nos últimos anos, a bicicleta ter evoluído de facilitador de mobilidade urbana para um meio de transporte na cidade ainda temos um longo trabalho pela frente para que os portugueses encarem a bicicleta como um meio de transporte convencional.”

NOVA ADMINISTRAÇÃO, NOVA VISÃO Desde setembro de 2015 que o grupo Órbita-Miralago conta com três novos administradores: Paulo Rodrigues, Jorge Santiago e Nuno Silva, a Órbita pode contar com uma administração que procura valorizar a história e o conhecimento que a empresa foi adquirindo ao longo dos anos “e organizá-la a nosso favor, queremos ser reconhecidos pelo conhecimento que temos, fazer a renovação da marca e aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de existência da empresa. A nossa estratégia passa por ter os produtos exclusivamente com a marca Órbita, vamos abandonar alguma dispersão de marcas que havia na Miralago e pretendemos alargar a fronteira tecnológica da em-

presa. A Miralago, para já, é a nossa “industrial provider”, a fábrica, reforça Paulo Rodrigues.

A REORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL “Os primeiros dias foram gastos a elaborar o organigrama, o orçamento, o replaneamento e, por último o plano de comunicação. Temos uma nova equipa de I&D a trabalhar na marca Órbita; trabalhamos a nova imagem, elaborámos os catálogos e marcamos presença em feiras nacionais e internacionais para mostrar o nosso trabalho e que a Órbita está no mercado para vencer. Também queremos reforçar a nossa presença a nível internacional sem desrespeitar os valores que a empresa mantém. A parte fabril também foi alvo de “uma reorganização das competências por áreas de fabrico: desde o tratamento do metal, da superfície, da soldadura e montagem, vamos manter todos estes processos e estamos a otimizá-los. Os produtos ligados à saúde, bem-estar e fitness são analisados com uma lógica de evolução, o que nos leva a apostar nas áreas de saúde e bem-estar, com aposta nas áreas do envelhecimento ativo, mobilidade e com novos projetos na área da mobilidade reduzida.”

A MARCA ÓRBITA E O BIKE SHARING

A CONTINUAÇÃO DA APOSTA NA INTERNACIONALIZAÇÃO

“O nosso primeiro foco, em termos de marca, foi trabalhar quer o produto Bike Sharing quer a marca Órbita na sua dimensão comercial. No domínio das bicicletas de uso partilhado temos uma experiência muito significativa: a nossa experiência começou com a JC Decaux em Viena, 2003/2004; depois em Lion e, posteriormente, em Paris contribuíndo para o desenvolvimento do produto. Temos operação com bicicletas produzidas por nós nos municípios de Vilamoura e de Vila do Conde e para Águeda fornecemos as primeiras bicicletas elétricas. Vamos ter um novo conceito de bicicleta elétrica com alguma inovação em Oliveira de Azeméis, a novidade é que é a primeira bicicleta elétrica com sistema de carregamento desenvolvido por nós, o que é uma solução que queremos aplicar no projeto de Lisboa, mas a primeira montagem vai ser feita, como referi, em Oliveira de Azeméis. De recordar que os sistemas de uso partilhado de bicicletas começaram há cerca de 15 anos com a introdução da BUGA em Aveiro; na altura foi decidido fazer a experiência de disponibilizar gratuitamente bicicletas para os cidadãos se poderem movimentar dentro da cidade. Os sistemas evoluíram e começaram a ser vistos

Neste momento, qualquer marca ou indústria só consegue sobreviver “ou fazer escala com o mercado internacional e com a internacionalização. Nós não deixamos de assumir a nossa responsabilidade como marca de referência neste setor; um dos ativos mais interessantes que temos é o facto de quase todas as pessoas com quem falamos referirem que a sua primeira bicicleta foi uma Órbita. A primeira presença no exterior é a feira de Londres e o nosso lema é: “My First Bike”. A nossa postura passa por manter os valores e os lemas: “My First Bike” e “Saber Fazer” que efetivamente acrescentam valor à marca.”

O FUTURO DAS BICICLETAS O mercado das bicicletas está organizado em três grandes setores: o lazer, o desporto e a mobilidade. “O lazer e o desporto existem quando existe capacidade de consumo, se tivermos uma economia que não cresce, não se pratica desporto nem atividades de lazer ou então procuram-se alternativas. Neste momento, a perspetiva de crescimento assenta na mobilidade, em particular, no mercado das bicicletas elétricas e o grupo Órbita-Miralago está a apostar neste mercado.”

/Janeiro


Portugal a Pedalar

O futuro em duas rodas Nos

últimos tempos, a sociedade tem tomado consciência dos benefí-

cios das bicicletas, não só em termos ambientais, como económicos, sem esquecer todas as vantagens para a saúde.

Em Águeda, a indústria de-

dicada à produção de bicicletas assume um papel preponderante. Paulo

Lemos, administrador da Esmaltina, abriu as portas da sua empresa à equipa do País Positivo, mostrando e relatando que o caminho percorrido até então, recheado de conquistas, tem sido pautado pelo trabalho árduo, aliado a uma aposta constante em inovação e nos recursos humanos. Como a maior parte das empresas de Águeda, a Esmaltina começou, em mil novecentos e setenta e quatro (quarenta e um anos), por produzir todos os componentes metalúrgicos para as bicicletas. Na década de noventa surgem as primeiras grandes complicações com o boom asiático na produção das mesmas peças, com custos significativamente menores, obrigando assim muitas empresas a redefinir as suas estratégias e a adaptar-se aos novos tempos. “Em Portugal fazemos todo o design, inovação e montagem, mas a produção foi deslocalizada e fazemo-la com o apoio dos nossos parceiros. As mudanças nos mercados obrigaramnos a isto. Quem não se adaptou acabou por encerrar”. Um dos maiores mitos que existe centrase na perda de qualidade com a deslocalização das produções para o continente asiático. Paulo Lemos sublinha que “esta ideia que as pessoas têm demonstra um desconhecimento total do continente. Se assim fosse, grandes multinacionais como a conhecidíssima Apple não teria lá atividade. Não podemos, de forma alguma, menosprezar o que lá é produzido. Além disso, nós temos uma normativa europeia que obrigada a certos padrões de qualidade. Os nossos produtos são, ainda, sujeitos a testes após a produção, em Portugal e noutros laboratórios europeus”. O mundo do ciclismo não é estático, muito pelo contrário, há um frenesim constante no que toca à inovação. O nosso interlocutor explica que “estão sempre a serem lançadas novas coleções de bicicletas. Logo, é necessário estar a par das novidades e tentar inovar, pensando em novas geometrias, novos desenhos”.

Esmaltina no mundo Os mercados sofrem constantes mudanças e obrigam as empresas a serem cada vez mais competitivas, não só com as suas conterrâneas como com as de outros países. A globalização força as empresas a adotarem estratégias que possam ser alteradas rapidamente, sem danos de maior. O segredo para se manter um certo equi-

/Janeiro

líbrio está em saber contra quê e quem estamos a competir. O administrador da Esmaltina frisa que “não pode competir com a produção chinesa em temos de preço, mas pode se tornar superior se apostar no serviço pós-venda que oferece ao cliente. Quando compete com um concorrente europeu já temos a possibilidade de ter uma vantagem no que toca ao preço e ao serviço”. O mercado europeu, por todas as suas facilidades, é o grande palco de atuação desta empresa portuguesa. O que não significa que outros mercados não sejam apetecíveis. Paulo Lemos frisa que “é imperativo ter em conta para além da competitividade internacional, todas as questões alfandegárias e de logística”.

Os portugueses e a bicicleta Outrora, todos nós, ou quase todos, mal começamos a andar, ou até antes, eranos oferecido um triciclo, que um ano ou dois mais tarde irá dar lugar à primeira bicicleta. Ou seja, é ainda enquanto crianças que tínhamos o primeiro contacto com uma bicicleta. Hoje não é assim! Apesar de ser objeto acarinhado pelas crianças, os videojogos são hoje o grande entretenimento das mesmas. “Antigamente andávamos livres, brincávamos na rua. Hoje, as crianças brincam dentro de casa, sozinhas ou acompanhadas, muito por culpa do aparecimento das consolas mas também do aumento exponencial da criminalidade. Isto retarda um pouco a iniciação das crianças neste mundo”. Por outro lado, as recentes preocupações ambientais, económicas e de hábitos de vida saudável acabaram por popularizar ainda mais este meio de transporte. “A sociedade tem despertado para a necessidade urgente de adquirir estilos de vida saudáveis, que não prejudiquem o ambiente e acabavam por, indiretamente, ver isso refletido nas suas economias”. Esta mudança de hábitos teve, como é de esperar, um grande impacto nas empresas. “Há uns anos atrás houve a massificação da bicicleta de montanha. No entanto, poucos eram aqueles que a usavam para esse fim específico. Assim, fo-

ram produzidas bicicletas mais versáteis: adaptadas a vários tipos de terreno, as dobráveis - muito práticas para a cidade -, e ainda as de conforto, que têm um cestinho, possibilitando a sua utilização para pequenas compras diárias”. As autarquias e outras entidades começaram a ter em atenção a necessidade de proteger o ambiente e de incentivar as suas populações a terem hábitos de vida saudável. Assim sendo, têm vindo a incrementar o uso da bicicleta com a aposta nas ciclovias e com a criação de programas que permite o aluguer, a partilha de bicicletas. 2016: um ano repleto de novidades Como já foi referido, no mundo do ciclismo impera um certo frenesim no que diz respeito à inovação. Paulo Lemos anuncia que “ vamos atualizar e adaptar as bicicletas elétricas ao mercado. Para ser um consumo de massas não pode ter um preço elevado (entre os mil e os dois mil euros), porque a maioria das pessoas não pode despender desse dinheiro, muito menos na situação atual. Vamos tentar encontrar um produto fiável, com garantia para o cliente e que tenha um processo atrativo”. Com uma montagem de cerca de duzentas mil bicicletas por ano – cerca de cinquenta porcento para exportação -, a Esmaltina pretende fazer a ampliação do espaço para poder fazer face às necessi-

Paulo Lemos Administrador da Esmaltina

dades de logística. A Esmaltina ainda irá dar muito que falar, não só em Portugal, mas como por esse mundo fora. Em jeito de despedida, Paulo Lemos incentiva as pessoas a manterem estilos de vida saudáveis e insiste para que “olhem para as bicicletas não só como um objeto lúdico, mas também como um meio de transporte como outro qualquer”.


Portugal a pedalar

Bicicletas portuguesas “voam” para todo o mundo Sendo uma sociedade anónima, a A. J. Maias, SA., é uma empresa de âmbito familiar que trabalha com um único cliente – a Decathlon, elegendo como área de actividade a pintura, montagem e logística de bicicletas. São actualmente cerca de 160 os trabalhadores que laboram diariamente na empresa, o que sobreleva o papel social que a empresa desempenha no concelho da Anadia e Sangalhos, uma freguesia umbilicalmente ligada ao ciclismo pelos melhores motivos de indústria e pela recente construção do Velódromo Nacional, obra de orgulho para todos os Sangalhenses. Em 2014, a empresa atingiu um volume de facturação na ordem dos sete milhões de euros e, apesar de dotada para a prestação de serviços à Decathlon, começa já a demonstrar capacidade de autonomização na produção própria de alguns componentes que figuram nas mais de 300 mil bicicletas saídas anualmente desta unidade para todo o mundo. Em entrevista, Luis Santiago apresenta-nos este caso de sucesso escrito em português… principais mercados, assim como fabricamos bicicletas para a China, Brasil, Finlândia ou Rússia… a própria Decathlon recebe contactos que viabilizam essa produção para todo o mundo e, pelos indicadores que vamos tendo, existem muitos utilizadores que dão preferência ao elemento distintivo made in Portugal patente nas bicicletas que produzimos.

Luis Santiago

Em que medida representa o facto de

trabalharem

exclusivamente

com um cliente exigente como a Decathlon um selo de qualidade?

Sim, trata-se de um cliente bastante exigente quer no que concerne ao cumprimento dos requisitos de pintura, montagem, controlo de qualidade e normativa do produto, quer em relação ao produto em si e, nós, tudo fazemos para assegurarmos ao cliente toda a qualidade e serviço que pretende. A confiança que a Decathlon deposita no nosso serviço representa, por isso, um reconhecimento de qualidade do qual nos orgulhamos. Estamos a falar de uma parceria que coloca o vosso produto em praticamente todo o mundo…

É um facto que produzimos bicicletas para todas as lojas Decathlon, seja em Portugal, Espanha, França ou Itália, estes três últimos os

há que ter em conta o número de pessoas que empregamos e as famílias que, por essa via, dependem do desempenho da empresa – preocupamo-nos com esta temática. Além disso, o que fazemos, fazemos por e com “gosto pela bicicleta” e isso é algo particularmente sentido e importante nesta região do país, que tem uma ligação muito particular com a bicicleta. Estou 100% convicto que também essa componente emocional se traduz no produto final que asseguramos ao nosso cliente. Que tipos de bicicletas produz a A. J. Maias, SA.?

Produzimos desde bicicletas de criança, bicicletas de cidade, bicicletas eléctricas e bicicletas de estrada. Basicamente, produzimos toda a gama, sendo nosso objectivo especializarmo-nos na área das bicicletas eléctricas. A esse nível, fomos o primeiro montador da Decathlon. Além disso, pretendemos posicionarnos enquanto empresa que oferece segurança e know-how no que concerne à montagem desse tipo de bicicletas. Sendo a utilização da bicicleta muito díspar, assistimos actualmente a tarquias e de algumas organiza-

Por onde passará o futuro da A. J.

ções da sociedade civil na promo-

Maias, SA.?

ção da utilização deste meio… Em

O futuro da A. J. Maias, SA. passa por nos mantermos com o cliente que actualmente temos porque estamos satisfeitos e queremos continuar a trabalhar com a Decathlon. Temos em perspetiva um crescimento gradual do número de bicicletas produzidas para os próximos anos e consequente adaptação do número de Colaboradores da empresa. Apostamos na modernidade e inovação constante dos nossos equipamentos, na formação dos nossos Colaboradores e na relação muito próxima com o nosso Cliente. Evidentemente, teremos que continuar a trabalhar afincadamente para cumprirmos esse objectivo e a identificar lacunas que temos que melhorar. Queremos manter, ou se possível aumentar os postos de trabalho que asseguramos e continuar a satisfazer o nosso cliente. O que para muitos poderia constituir um factor de risco, o facto de trabalharmos com apenas um cliente, foi transformado por nós numa oportunidade, o que resultou numa parceria de sinergias. Se continuarmos a ser competitivos e perseguirmos a melhoria contínua, acredito que a Decathlon não deixará de apostar em nós.

que medida promove a A. J. Maias, SA.

de feedback dos clientes?

relações com essas instituições?

Pedimo-lo habitualmente… Procuramos saber quais são os problemas relatados nas bicicletas que produzimos e tentamos aceder a relatórios. É uma ferramenta de que nos servimos para melhorarmos, mas também sabemos que os índices de satisfação dos clientes finais relativamente aos serviços que prestamos na produção da bicicleta são bastante positivos.

Sim, a A. J. Maias, SA. tem várias relações estabelecidas a esse nível. Desde logo com a ABIMOTA/LEA, de quem somos associados e que temos “voz” junto da direcção. Estamos envolvidos num projecto, em parceria com a autarquia da Anadia, que visa a construção de uma bicicleta totalmente made in Portugal e relacionamo-nos naturalmente com outras organizações que promovem o uso lúdico, recreativo, prático e desportivo da bicicleta.

Maias, SA. a produção de um veículo

Além da vertente lúdica e de bem-estar, temos em Portugal um uso desportivo histórico da bicicleta, que vai suscitando o interesse de cada vez mais espectadores… Em que medida poderá este facto beneficiar a vulgarização da utilização deste meio? Infelizmente, fala-se demasiadamente sobre futebol em detrimento de outras modalidades desportivas e creio que, se criarmos condições para criarmos campeões, para podermos ver o ciclismo nas nossas estradas, para podermos assistir a provas mundiais como já é possível vermos no nosso Velódromo Nacional, isso potenciará que as crianças e os adultos fiquem com outras referências ou ídolos e terão, certamente, muito mais apetência para andarem de bicicleta.

um investimento por parte das au-

A Decathlon fornece-vos esse tipo

Tratando-se o core business da A. J.

resulte em aprendizagens futuras e em utilizações cada vez mais proveitosas. De qualquer forma, os indicadores de vendas permitem-me concluir que o uso da bicicleta tem vindo a crescer em Portugal ao longo dos últimos tempos. É bem visível aperceber-nos da quantidade de ciclistas que já vamos vendo nas estradas e trilhos nas nossas terras numa vertente mais lúdica.

“amigo” em diversos âmbitos, que vão desde a saúde ao meio ambiente

Enquanto agente de negócios deste

e à mobilidade, em que medida pode-

sector que opinião tem relativa-

rá ser destacada, para além do na-

mente ao papel desempenhado pelo

tural objectivo lucrativo, uma mis-

Estado português relativamente à

são social?

adopção deste meio, a bicicleta?

Sim, existe indubitavelmente uma missão, não só social, como de comprometimento de qualidade e ambiental. A título de exemplo, no processo de pintura e de montagem, procuramos utilizar sempre produtos não tóxicos e o mais amigos possível do ambiente. E a nível social

Honestamente, não vejo assim tantas campanhas, acções ou medidas… estamos actualmente em Portugal a criar condições para as pessoas poderem recorrer mais à bicicleta para determinadas deslocações mas ainda é algo incipiente. Espero que este atraso relativo

Morada Fábrica EN1 - Alagôas - Malaposta 3780-294 ANADIA - PORTUGAL Morada Postal Apartado 27 3781-908 SANGALHOS - PORTUGAL T +351 231 512 177 GPS 40.46254, -8.457461

/Janeiro


PAÍS POSITIVO

/Janeiro


qualidade de vida

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACEDO DE CAVALEIROS

Há 89 anos a praticar caridade Alfredo Castanheira Pinto, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros, afirma que “… a nossa Misericórdia não é rica nem é pobre, é remediada e não deve nada a ninguém, o que é um motivo de grande satisfação.”

Alfredo Castanheira Pinto Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros

A Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros foi criada para uma realidade díspar da dos dias atuais. Descreva essa evolução. A misericórdia de Macedo de Cavaleiros quando foi criada, em 1927, dedicava-se apenas à saúde e assim continuou até

1975. O hospital foi construído em 1910 para a Misericórdia, que ainda não estava constituída, aí desenvolver a sua ação social. Por força da nacionalização do hospital fomos obrigados a criar um pequeno lar para nos dedicarmos à parte social. Abrimos uma casa com oito camas e assim fun-

cionou até 1987, data em que foi inaugurado este novo lar.

não conseguimos responder a todas as solicitações.

Durante esse tempo quais foram

Fazem parte do CLA - Conselho Lo-

as funções que desempenhou?

cal de Ação Social?

Durante a nacionalização assumia o cargo de diretor do hospital e provedor da misericórdia. Comecei a administrar a misericórdia em 1973 até 1976, data em que foi nacionalizada, depois da nacionalização continuei nas comissões instaladoras do hospital como voluntário. Em 1988 foi inaugurado o novo hospital e eu fui nomeado diretor e administrador delegado do hospital onde fiz 4 mandatos.

Sim, somos um parceiro ativo: temos a nosso cargo o RSI (Rendimento Social de Inserção) que abrange o concelho de Macedo de Cavaleiros e Alfândega da Fé; integramos a Comissão Restrita e Alargada da CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens) MC – fomos gestores do programa PIEC/PIEF (Programa para a Inclusão e Cidadania/Programa Integrado de Educação e Formação)

Quais são as valências da Santa

A proximidade com a câmara muni-

Casa?

cipal é um fator decisivo para o

Neste momento a misericórdia funciona com as valências de lar de idosos, com 83 camas, apoia 10 utentes no centro de dia, 79 utentes em apoio domiciliário e 56 utentes na cantina social. Para além destas valências ainda distribuímos produtos alimentares, uma vez por ano, com o apoio do centro regional de segurança social e da união europeia.

apoio social à população?

Sim, sem dúvida. Durante todos estes anos temos trabalhado em parceria com a câmara municipal de Macedo de Cavaleiros, o que não é muito usual constatar-se. Atualmente desenvolvemos o Programa Contratos Locais de Desenvolvimento Social – CLDS 3G e dispomos de uma unidade móvel de saúde, tudo em parceria com a câmara.

Quais são as velências que requerem mais intervenção?

A Misericórdia tem outro lar.

Infelizmente são todas. A parte do apoio domiciliário e do lar de idosos destacam-se por causa da longa lista de espera. A nossa população está cada vez mais idosa e nós

Como identificou essa necessidade?

A Misericórdia de Macedo tem dois lares: o Lar de Macedo e desde há cinco anos que

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qualidade de vida

existe o Lar do Lombo sito numa aldeia com o mesmo nome. Esta decisão foi tomada porque esta aldeia era a mais desprotegida em termos sociais; posto isto, foi construído um lar que custou 2 milhões e 500 mil euros – que foram totalmente financiados por uma fundação luxemburguesa. Tem capacidade para 55 utentes e 20 utentes em apoio domiciliário.

e começamos a produzir vinhos; também plantei os olivais para produzirmos o nosso próprio azeite e desenvolvi a agricultura. Todos os excedentes dos produtos de horticultura, do nosso vinho e azeite “Quinta do Lombo” e especialmente do espumante “Casal do Lombo”, que já é bastante conhecido a nível nacional, colocamos no mercado para obter o máximo de rentabilidade.

A misericórdia é uma casa susten-

Os vinhos produzidos já recebe-

tável?

ram prémios?

Hoje é, mas quando tomei posse, em 1973, não se falava em sustentabilidade mas eu pensei nela e comecei por plantar uma vinha para dar o vinho aos nossos utentes. A partir daí começaram a nascer as vinhas, começamos com 1 hectare e já temos cerca de sete; na altura mandei construir uma adega, que custou cerca de 300 mil euros totalmente financiada por fundos próprios,

Já recebemos diversas distinções. O espumante “Casal do Lombo” já recebeu várias medalhas de ouro a nível mundial, várias medalhas de prata e de bronze. Neste momento não concorremos porque para além dos vinhos que levamos para as provas, temos de ter um stock muito grande de garrafas, o que é incomportável para nós.

A instituição tem um papel importante para a criação de postos de trabalho. Quantas pessoas traba-

concelho uma vez por mês, procurando encurtar as distâncias e combater o isolamento.

lham nesta casa?

Temos, no total, 130 funcionários e somos o segundo maior empregador do concelho, logo a seguir à Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros. Recebemos pessoas que nos chegam através do centro de emprego e fazem um estágio para conseguimos discernir se estão ou não aptos para o desempenho das funções estipuladas. Todos os nossos funcionários foram admitidos através dos programas do centro de emprego. Tem algum projeto a iniciar a curto prazo?

Sim, o da unidade móvel de saúde, projeto que temos em parceria com a câmara municipal. Abrange toda a população do concelho e tem como objetivos ensinar a população a tomar a medicação; medir a tensão arterial; aconselhamento médico; trazer as receitas e levar os medicamentos para os que moram mais longe, algumas moram a 40 quilómetros de Macedo de Cavaleiros ou simplesmente têm mobilidade reduzida. Quem acompanha esta unidade móvel?

É uma enfermeira e uma técnica da área social. Vão percorrer todas as aldeias do

Tem algum projeto a iniciar a médio/longo prazo?

Pretendo reabilitar o equipamento “Lar de Macedo”, a nível estrutural e adaptá-lo às novas exigências dos utentes. Esta será uma obra que será candidatada ao programa 2020 e que tem uma estimativa de 1 milhão de euros. Estou a pensar em criar outro serviço que passa pelo apoio domiciliário dedicado exclusivamente à higiene e limpeza, porque quem vai entregar o almoço não tem tempo para fazer este tipo de serviço. Creio que é um serviço que vai ajudar muitos utentes a manterem as suas habitações limpas, as roupas tratadas e vão estar sempre bem higienizados. É Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros há 43 anos. Que balanço faz do seu percurso?

Faço um balanço positivo. Gostei de ajudar aqueles que mais precisam; fi-lo de todas as formas e sempre a seguir as normas da Misericórdia. Continuo a ajudar através da misericórdia, das parcerias com a câmara municipal e com outros projetos que possam vir ao meu encontro.

Valências Lar de Macedo de Cavaleiros: Sede da Provedoria • Estrutura residencial para idosos (83 utentes) Serviço de Apoio Domiciliário (79 utentes) • Centro de Dia (10 utentes) • Cantina Social (56 utentes) Rendimento Social de Inserção (125 beneficiários) • Polo Alimentar de Ajuda a Pessoas carenciadas Lar do Lombo: Estrutura residencial para idosos (55 utentes) • Serviço de Apoio Domiciliário Quinta do Lombo: Produção e comercialização de vinhos e azeites Macedo de Cavaleiros: Estufas de produtos hortícolas • Lavandaria • Projeto de Empresa de Inserção Rua Viriato Martins, 5340-281 Macedo de Cavaleiros • Telef.:(+351) 278 426 333 • Fax: 278 421 506 • Email: geral@misericordiamacedo.pt

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Qualidade de Vida

Com os pés assentes na terra não lhe permitiram avançar com todos os projetos no primeiro mandato. Assim, este mandato já se começaram a implementar os principais projetos que esta mesa tem em vista.

Ação Social: Os desafios

Fernando Manuel Gil provedor da Santa Casa da Misericórdia de Moncorvo

Fernando Manuel Gil é provedor da Santa Casa da Misericórdia de Moncorvo há três anos, mas é há 15 que dedica um pouco do seu tempo às causas sociais e se deixa envolver por estas mãos que ajudam os mais necessitados.

Av. Boavista, 117, 6º, Sala 607 4050-115 Porto • Telf.: 226 104 394

Em entrevista ao País Positivo, Fernando Manuel Gil, provedor da Santa Casa de Moncorvo, confessa que foi há cerca de 15 anos que se envolveu na vida social, por convite direto do anterior provedor: “Fui convidado para ser vice-provedor e não poderia nunca recusar esse convite. Aqui fui ficando, dedicando algum do meu tempo a esta nobre causa, mas há cerca de três anos o provedor abandonou funções e eu acabei por me candidatar e ganhar a provedoria, cargo esse que foi já renovado por mais quatro anos, em dezembro passado”. Fernando Gil abraça a causa social quase como um desígnio. Sabia que existiam muitos projetos em carteira e entra para a Santa Casa com a vontade de levar todos eles a cabo, mas nem tudo foi sempre um mar de rosas e algumas barreiras foram surgindo, acabando por conseguir transpor todas elas. Apesar de ter em mente o seguimento do projeto anterior, o provedor tem também ideias novas mas os constrangimento financeiros

As principais valências da Santa Casa de Moncorvo são o Centro de Dia, a Unidade de Cuidados Continuados, o Apoio Domiciliário e o Lar de terceira idade, dando assim resposta a cerca de 170 utentes e, contando para tal, com 70 funcionários. Em termos sociais, Moncorvo tem evoluído bastante. Neste momento, “penso que os lares existentes são suficientes para a procura existente. No entanto, há alguma lacuna em termos de apoio a idosos que se encontram isolados em freguesias distantes. Muitos destes idosos rejeitam a ideia de ir para um lar, mas o apoio domiciliário é também ainda insuficiente para dar resposta a todos estes casos”. Infelizmente, é impossível fazer mais do que já é feito e nunca se pode descurar o apoio aos idosos que frequentam o centro de dia e o lar de terceira idade da Santa Casa, promovendo diversas atividades que promovam o bem-estar e a qualidade de vida de todos os utentes. Mas apesar disso, e através de um protocolo entre a Santa Casa de Moncorvo, a Unidade de Saúde Local de Bragança e a autarquia de Torre de Moncorvo, existe uma unidade de saúde móvel que se desloca mensalmente a essas freguesias e locais mais afastados e promove a prevenção e presta cuidados de saúde primários aos que não têm capacidade para se deslocar. Mas nem só de apoio aos mais idosos vive a Santa Casa e, tendo em conta a situação atual do país, a instituição colocou à disposição da população um novo serviço, o Cento e 12 Social, para pequenas reparações em habitações. No entanto, o nosso entrevistado refere que “o projeto tem tido pouco adesão e que poucas são as reparações que têm sido feitas através deste serviço”. No que diz respeito à Unidade de Cuidados Continuados, o provedor considera que, mais uma vez, este foi um projeto pouco aproveitado: “O projeto estava feito para 30 camas, mas no final das obras só foram aprovadas 19 camas. Tendo em conta as exigências, o pessoal necessário é o mesmo para 19 ou para 30. Agora, fica a questão: Como se rentabiliza um espaço daqueles?”. Localizada no antigo hospital, a Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa de Moncorvo está equipada com tudo o que é necessário para responder eficazmente às necessidades de 30 utentes. No entanto, a comparticipação só prevê 19, situação que acaba por condicionar bastante a viabilidade financeira da instituição e atrasar a execução de outros projetos

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Qualidade de Vida

estruturantes e necessários para a região. Além disso, a possível redução das camas já existentes, como tem sido falado, acabará por criar situações muito complicadas porque os doentes acabarão por ficar esquecidos em corredores de hospitais e com um custo para o Estado bastante superior ao que teriam caso fossem encaminhados para Unidades de Cuidados Continuados. Mais uma vez, “não se entende como se tomam estas decisões. Decerto que os decisores têm em sua posse os números, mas continuam a tomar

decisões sem pensar no amanhã”. No que diz respeito às relações institucionais entre Misericórdia e Autarquia, o nosso interlocutor é direto: “A relação entre Câmara e Santa Casa é muito boa e tudo porque a ação social desempenha também aqui um papel preponderante. O que interessa, no fundo, é responder às necessidades existentes”.

Projetos e futuro “Quando aqui entrei estava em construção o lar da lousa, que foi um lar que foi feito

demasiado à pressa e inteiramente com verbas da Santa Casa e graças a isso tivemos dois anos sem acordos com a Segurança Social. Felizmente, neste momento, das 21 camas temos 16 acordos e estamos melhor. No entanto, a situação financeira da nossa instituição agravou-se porque esta obra teve um investimento de cerca de dois milhões de euros e, a juntar a isso, durante dois anos funcionou em regime privado”. Ainda assim, Fernando Manuel Gil tem al-

guns projetos para a Santa Casa de Moncorvo: “Temos já em andamento a criação de um ATL, o Centro de Noite, que está praticamente concluído, e depois tenho um outro projeto para mais tarde, a construção de uma Residência Sénior com cerca de 10 a 12 quartos. Projetos e ideias existem muitas, mas o atual provedor sabe que tudo deve ser feito com calma porque as restrições financeiras ainda existem e, como tal, há que saber esperar para não colocar em causa o futuro da instituição.

Seja solidário! Doe 0,5% do seu IRS à Santa Casa da Misericórdia de Moncorvo, utilizando o quadro 9 do anexo H e colocando o nome desta instituição e o NIF 501611487.

Sede/ Centro de Dia - Rua do Hospital Velho, nº 24 - 5160-272 Torre de Moncorvo Unidade de Cuidados Continuados Rainha D. Amélia - Avenida Jorge Luis Borges, s/n 5160-220 Torre de Moncorvo Lar Nossa Senhora Dos Remédios - Lugar da Portela, s/n 5160- 134 Lousa

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Qualidade de Vida

Entrevista com Manuel Moreira, Presidente da C.M. de Amares

Amares: um destino com sentido(s) Banhado pelos rios Homem e Cávado e acolhedor pela riquíssima envolvente paisagística, o concelho de Amares alia a traça patrimonial e religiosa típicas de um território minhoto que apela à realização plena dos cinco sentidos. A oferta gastronómica é divinal, com expoentes máximos nas papas de sarrabulho, iguaria rainha do XIV Festival que decorrerá entre 6 e 9 de Fevereiro, no vinho de casta Loureiro e na Laranja de Amares, objecto de uma parceria da autarquia com a Universidade do Minho. País Positivo foi conhecer o concelho, guiado pelo edil Professor Moreira, como é carinhosamente chamado pelos seus munícipes, e testemunhámos um dos pilares básicos da democracia: a implementação de políticas que servem as populações.

Fala-se em Amares como o destino dos sentidos…

Em termos geográficos, Amares é um concelho muito pequeno, não ocupando mais de 82 km2, encaixado entre o rio Homem e o Cávado, mas que encerra muita potencialidade. Além desta peculiaridade de que poucos concelhos se poderão orgulhar, a de serem banhados por dois rios, Amares apresenta uma riqueza patrimonial muito significativa, bem patente em ofertas como o Mosteiro de Rendufe, o Mosteiro da Abadia e o Mosteiro de Bouro. Paralelamente, temos as Termas de Caldelas, o Monte de São Pedro de Fins, um ícone do norte do país para a prática de desportos radicais e, juntando todos estes atributos, constatamos que o concelho de Amares reúne muitas potencialidades que há que explorar… E por onde passará a exploração dessas potencialidades?

Acima de tudo, passará pela capacidade que formos capazes de evidenciar para atrairmos gente e para passarmos a mensagem desse potencial… E temo-lo feito. Há dois anos que assumi a presidência

desta autarquia e, desde então, temos adoptado uma política de comunicação agressiva, em conjunto com o Turismo do Porto e do Norte de Portugal, e projectado um conjunto de iniciativas que permitem levar longe o nome e os produtos de excelência do concelho de Amares. Uma das marcas fortes do concelho é a laranja de Amares, objecto de uma parceria que celebrámos com a Universidade do Minho, a casta vinícola Loureiro, que dá origem a algumas referências de produção local e outros produtos endógenos pelos quais temos que pugnar. Num concelho de pequena dimensão, que não possui parques industriais municipais destinados a atrair grandes empresas, a aposta tem que centrar-se no turismo, na oferta de natureza, patrimonial e gastronómica. Temos unidades hoteleiras que primam pela excelência, como a Pousada do Bouro, vários hotéis e unidades de turismo rural… Trata-se de um esforço concertado que estamos a promover entre a autarquia e os agentes mais activos do município e que nos tem permitido dar passos em frente.

Parte dessa oferta é materializada numa agenda cultural que a autarquia desenvolve ao longo do ano… De 6 a 9 de Fevereiro, decorrerá o Festival de Papas de Sarrabulho de Amares. O que poderão esperar os visitantes desta XIV edição?

Este evento, que desenvolvemos em parceria com a Associação Comercial de Braga, constitui, tal como a iguaria, uma marca forte deste concelho. Este ano, contamos com cerca de 20 mil visitantes. O Festival decorrerá no pavilhão da Escola EB 2/3, onde estarão instalados sete restaurantes de Amares e um de Braga, complementados por padarias, pastelarias e outros produtores locais e, à entrada do pavilhão, será instalada uma tenda com 300 m2 onde estarão representados os nossos produtores locais, com o vinho, o azeite, a laranja ou o artesanato. Paralelamente a isto, haverá muita animação… Estou em crer que este será um dos melhores certames de sempre! Estamos num município com uma forte marca rural e paisagística, o que aliado à existência de infra -estruturas públicas resulta ha-

de investimento a esse nível e tínhamos mesmo graves problemas resultantes das descargas de uma Etar nos rios Cávado e Homem que conseguimos resolver quando nos tornámos accionistas da Águas do Norte. Agora, teremos que apostar fortemente nessa lacuna. Este é um concelho que, apesar da pequena área, tem muita concentração populacional, sendo habitado por 20 mil pessoas e, se queremos oferecer qualidade de vida aos nossos munícipes teremos que investir. Estamos à espera que abram os avisos do quadro comunitário para o fazermos. De resto, o concelho está dotado de equipamentos sociais e de várias IPSS que dão uma excelente resposta às necessidades da população, nomeadamente às pessoas de terceira idade que vivem em zonas mais afastadas do centro e aos mais carenciados. Na vertente desportiva, fizemos este ano um campo de futebol sintético, faltando-nos um pavilhão polidesportivo, carência que pretendo vir a cobrir. Na saúde, estamos bem servidos, no que concerne ao parque escolar, apresentámos uma candidatura que visa a requalificação da EB 2/3 e, quanto ao primeiro ciclo e pré -escolar, estamos perfeitamente servidos, com centros escolares novos e de grande qualidade.

bitualmente em qualidade de vida acrescentada para os munícipes…

Num período de crise como este

Como gere a preservação dessa

que o país atravessa, a responsa-

componente natural com o incre-

bilidade social de uma autarquia

mento de estruturas de moderni-

como a de Amares parece adquirir

dade?

ainda maior relevância…

É um trabalho muito sustentado… Desde logo, a qualidade de vida passa por dois requisitos básicos: a cobertura do abastecimento de água, que asseguramos em praticamente todo o concelho, porém, o mesmo não se verifica relativamente ao saneamento, em que a cobertura é de apenas 33 por cento. A verdade é que, em anos anteriores ao meu mandato não se verificou um gran-

É enorme… Quando assumi funções na autarquia, conhecendo muito bem o concelho, defini como aposta prioritária a acção social. Estamos a pagar 50 por cento da medicação a pessoas carenciadas, pagamos os livros escolares e o transporte até ao 12º ano a todos os alunos, temos todas as cantinas em funcionamento, oferecemos a vacina Prevenar e apoiamos de várias

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Qualidade de Vida formas os mais necessitados. Estamos a pagar a renda a pessoas cujo infortúnio as impossibilitou de continuarem a cumprir com essa obrigação… Também temos um programa designado Habitação Digna, em que disponibilizamos profissionais habilitados para fazerem requalificações nos domicílios dos nossos munícipes… Posso garantir-lhe que havia gente do concelho que não possuía recursos para pagar a sua medicação completa e que, por esse motivo, era obrigada a fazer opções e eu não quero que isso volte a acontecer com nenhuma pessoa do concelho. Por tudo isto, uma forte fatia do nosso orçamento é destinada à acção social e faço-o de forma muito convicta porque o entendo como um investimento nas pessoas. É neste domínio que os autarcas devem intervir. As políticas devem ser concebidas para as pessoas, sobretudo para as mais necessitadas.

turas e suportamos até 250 euros de renda no primeiro ano a quem pretenda abrir uma sede no município. Referiu uma questão importante, a fixação das pessoas e também é verdade que a matriz do concelho não passa por uma grande vocação industrial. Temos essencialmente serviços e agricultura e é aí que temos que apostar. Todos os dias me deparo com pedidos de emprego e desilude-me que o país ande a investir na formação de jovens que depois se vêem forçados a emigrar. Da nossa parte, implementámos incentivos de apoio ao jovem empreendedor e assim prosseguiremos. Brevemente, teremos duas licenciaturas num pólo que será instalado no concelho, o que representa sempre alguma dinamização. Além do Festival das Papas de Sarrabulho,

que

outros

eventos

preenchem a agenda anual do município?

Não sendo Amares um município de vocação industrial mas encontrando-se num meio rural, adquire especial importância a fixação das populações… Elege medidas de apoio ao empreendedorismo?

Temos um gabinete de apoio ao empreendedor que ajuda sobretudo os nossos jovens empresários a promoverem candida-

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Além deste evento, temos outros quatro marcantes: no segundo fim-de-semana de Maio, recebemos a Feira Franca, um evento de grande afluência, marcado pela realização de concursos da laranja, do vinho e da gastronomia; em Junho, temos as Festas Antoninas, um marco igualmente importante para Amares; Daremos continuidade ao Festival Vira Pop que, na edição do ano

passado, cativou mais de duas mil pessoas; Em Agosto repetiremos a Feira Quinhentista e realizaremos um festival dedicado ao emigrante… Estes são os mais marcantes mas, ao longo do ano, temos outros… O que gostaria de ver concretizado até ao final deste seu primeiro mandato?

O meu maior objectivo é concluir o saneamento, uma obra estruturante para o concelho. Pretendo ainda requalificar a EB 2/3, assim como a Praça do Comércio que não é considerada particularmente apelativa nem acolhedora. Temos Sá de Miranda e António Variações, referências do concelho que devemos potenciar… Outro objectivo consiste em potenciar a Laranja de Amares, que tem características distintivas que devemos realçar e afirmar a marca Vinho Loureiro. Por fim, gostaria de apresentar uma candidatura para uma praia fluvial no rio Cávado. Se atingir estes objectivos até ao final do mandato já serei um homem feliz. As grandes bandeiras da minha campanha eleitoral estão cumpridas, nomeadamente o transporte escolar gratuito e a comparticipação da medicação aos mais carenciados e, agora, são estes os projectos em que estou mais focado.


EEA Grants- SNIMAR

EMEPEC – Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental

Projeto SNIMAR – Sistema Nacional de Informação do Mar “EEA

grants abriu uma oportunidade para o desenvolvimento do mar, que rondava os 19 milhões de euros. Foram definidos inicialmente, neste pacote, dois projetos: um com uma linha para os projetos estruturais e depois há uma linha para outros pequenos projetos denominados small calls e à qual as pequenas organizações públicas ou privadas podem concorrer.”

Aldino Santos de Campos, Responsável pela EMEPEC

O PROJETO SNIMAR O primeiro projeto predefinido era o da aquisição de um “navio, o Mar Portugal, que foi recentemente adquirido pelo IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera. O segundo projeto estava relacionado com o de desenvolvimento de uma infraestrutura de dados espaciais do ambiente marítimo português.” Portugal já tem uma instituição, que é a DGT – Direção Geral do Território, que ao longo das “várias e sucessivas reestruturações governamentais acabou por ser a instituição que tem o antigo CNIG – Centro Nacional de Informações Geográficas que tinha um sistema que é o SNIG – Sistema Nacional de Informação Geográfica;” neste momento, o “SNIG é um projeto da DGT

onde, teoricamente, eles seriam os data holders de toda a informação geográfica nacional.” O SNIMAR - Sistema Nacional de Informação do Mar está muito centrado na informação geográfica sobre o ambiente marinho, ou seja, todas as instituições que têm informação geográficas que acabam por ser transversais e “era mais complicado fazer protocolos bilaterais com todas as instituições do que criar um mecanismo onde todos se pudessem ligar e conseguissem partilhar informação geográfica marinha. Era isso que eu gostava que acontecesse” e é esse o propósito do SNIMAR: deixar de haver protocolos bilaterais com todas as organizações, para “passar a haver uma plataforma ins-

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EEA Grants- SNIMAR

titucional onde as pessoas se podem ligar, pesquisar e até atualizar dados, funcionando como ums ferramenta agregadora.”

A LIGAÇÃO DO EMEPEC COM O SNIMAR “O EMEPC é o coordenador do SNIMAR, não é o seu dono.” O projeto é nacional, com muitos parceiros, mas é evidente que tinha de existir um nó central e “foi escolhido o IPMA. De referir que contamos com várias entidades participantes o Instituto Hidrográfico, Instituto Dom Luiz, a Faculdade de Ciências de Lisboa, o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a DGT, o Governo dos Açores, a Região Autónoma da Madeira, a DGRM – Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, o GPIAM – Gabinete de Prevenção e de Investigação de Acidentes Marítimos e a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, todas estas entidades desenvolvem projetos e os resultados, na maioria das vezes, não são tornados públicos”,

ora, com a criação desta plataforma esta tendência irá inverter-se. Vai haver a possibilidade de fazer uma procura espacial de dados marinhos e a pessoa vai conseguir obter todo o tipo de informação geográfica que existe dentro da área selecionada. O trabalho está dividido em diversos pacotes e “um deles é sobre a definição dos temas que irão estar acessíveis, onde nós desenvolvemos uma ferramenta colaborativa onde são os utilizadores e as instituições a definir esse catálogo de nomes que, mais tarde, servirão para fazer pesquisas dentro da plataforma.”

DADOS E UTILIZADORES A diretiva europeia INSPIRE indica que todas as instituições públicas que, com fundos públicos, recolham dados geográficos, inclusivamente no ambiente marítimo, devem disponibilizá-los publicamente. Em Portugal, ainda existem muitas instituições que têm uma política muito restrita de proteção desses dados e, só mediante um pedido formal, nos facultam os metadados.

Gostaria de esclarecer que o SNIMAR é o braço marítimo do SNIG, por isso é que o registo nacional de dados geográficos é feito no SNIG – Sistema Nacional de Informação Geográfica, independentemente de existir o SNIMAR - Sistema Nacional de Informação do Mar. Gostava apenas de salientar que, embora as instituições devam disponibilizar os seus dados, quando se trata de questões de soberania, de defesa nacional e dos recursos esses dados devem ficar salvaguardados.

OBJETIVOS FINAIS DO PROJETO SNIMAR O objetivo é a reutilização de dados, estes não devem ser utlizados para um único propósito, “podem e devem ser utilizados para fomentar e alavancar outras metodologias de estudo.” Com a evolução deste processo já “começamos a ser procurados por pessoas que afirmam ter dados e que os querem disponibilizar publicamente no geoportal; se houver uma disponibilização massiva de dados, quando um investigador quiser iniciar um novo estudo não precisa de o fazer do zero porque já tem dados fidedignos ao seu dispor.” Quando o SNIMAR estiver na sua plenitude, ou seja, “carregado com metadados e alguns dados, mediante a política de cada instituição, quem quiser aceder a informações mais detalhadas já vai conseguir saber a quem deve recorrer para pedir mais informações, o que é uma grande mais-valia porque evita deslocações para o terreno para depois se vir a verificar que já havia dados.”

O QUE FALTAVA PARA O PROJETO SNIMAR ARRANCAR Quando iniciámos este projeto todos reconheciam a utilidade do mesmo, mas ninguém tinha a disponibilidade de trabalhar nele. Havia, por um lado, outras prioridades que se sobreponham e, por outro, a falta de recursos financeiros. A questão que levan-

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támos foi: “porque é que todos reconhecem a prioridade deste projeto, mas ninguém o tem?”; quais são os factores que falham?”. Ao fim de um ano a falar com “centenas de pessoas de diferentes departamentos e qualificações, cheguei à conclusão que não temos pessoas nem meios dedicados para desenvolver o geoportal.”

O (EFETIVO) INÍCIO DO PROJETO “Financiámos um bolseiro para cada instituição, no total de 15, e essa pessoa trabalha exclusivamente para o projeto SNIMAR. Disponibilizamos um “portátil por cada bolseiro e um servidor de dados para armazenarem a informação recolhida”, conforme o perfil que é criado no sistema. Assim nasceu o projeto SNIMAR e termina em “abril de 2017, até lá queremos recolher e disponibilizar o máximo de informação possível.” O feedback dos noruegueses, os nossos parceiros institucionais, é o melhor que podíamos ter: estão encantados com os resultados apresentados até ao momento e reconhecem o valor do nosso sistema.

EEA GRANTS O Espaço Economico Europeu (EEA) é composto pelos Estados Membros da União Europeia e 3 países da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), Islândia, Listenstaine e Noruega. Através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu 2009-2014, no âmbito dos European Economic Area Grants, a Noruega, a Islândia e o Listenstaine, na qualidade de estados Doadores, financiam, em 16 Estados Membros da União Europeia, iniciativas e projetos em diversas áreas programáticas. O SNIMAR é um projeto pre-definido do programa “Gestão integrada das águas costeiras e marítimas” através do qual o EEA GRANTS tem como objetivo contribuir para a melhoria ambiental das águas marinhas e costeiras europeias.


Energia Positiva

Partex Oil and Gas “O mundo da energia está a mudar rapidamente. Estamos na presença de uma mudança estrutural que só é comparável com a criação da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo em 1960.” Professor Doutor António Costa Silva, Presidente da Comissão Executiva do Grupo PARTEX OIL AND GAS

A que se deve a queda brutal dos preços?

Desde o verão de 2014 que o preço do barril de petróleo declinou 70% e fatores primordiais são o excesso de produção ligado ao novo papel dos Estados Unidos, ao desenvolvimento da produção de outros países não ligados à OPEP e ao facto da OPEP responder com o aumento da produção; o que é um contraste com o que fizeram em 2008 quando cortaram a produção e o barril atingiu o máximo histórico de 147 dólares. Qual foi a reação da OPEP em relação a esta descoberta?

Hoje, a OPEP está a adotar uma política completamente diferente, afirmam que estão a lutar para expandir a cota de produção. Como tiveram a perceção que há uma outra grande super potência energética, que são os EUA, querem minar a produção do shale americano; mas isso só mostra que não conhecem a economia americana, porque a economia americana é extremamente versátil e os projetos de shale oil e shale gás são paradigmas completamente diferentes dos que nós tínhamos na indústria.

possa colocar no mercado cerca de 1 milhão de barris de petróleo. Tudo isto: o excesso de produção, a política da OPEP de expandir ao máximo a produção para combater a concorrência, acaba por minar mercados como as areias betuminosas do Canadá; os óleos extra pesados da Venezuela e o deep offshore que são os projetos mais caros e que têm um break-even muito elevado. Acredita que o mercado da ernergia vai sofrer mais mutações?

Acredito que esta vai ser a era da energia barata e abundante, porque as reservas provadas no mundo são de 187 triliões de m³, o que é a equivalente ao consumo do planeta (aos ritmos atuais) durante 55 anos. As reservas de shale gás são 2 a 3 vezes superiores a este valor e estão muito mais disseminadas no mundo. O reflexo desta nova energia nos EUA é enorme. Estão a ter uma espécie de gaseificação da economia, o gás está a penetrar mais na geração elétrica e térmica; a substituir as centrais a carvão e estão a exportar o carvão para a europa. A europa continua a ser um dos maiores consumidores de carvão

António Costa Silva

Qual é esse paradigma?

do mundo?

Presidente Executivo da Partex

Na indústria temos projetos muito intensivos em termos de capital e demoram entre 7 e 8 anos desde a decisão até a entrada em produção. No caso dos projetos americanos, os processos são avaliados poço a poço; cada poço custa 2 milhões de dólares, podem furar o poço e optar por produzir ou não mediante as exigências do mercado e ainda conseguem ter ganhos de produção brutais. Começaram a produzir através de poços horizontais com 800/1.000 metros, hoje já se estendem por dois quilómetros. A resiliência da economia americana tem sido espantosa, creio que este ano vão ter uma queda da produção, mas não prevejo um aumento do preço muito devido à entrada do Irão no mercado.

A europa, em 2013, consumiu mais de 10 milhões de toneladas de carvão e os EUA exportam-no em grandes quantidades para a europa. Por outro lado, os EUA estão a diminuir as suas emissões porque o gás comparado com o carvão tem emissões poluentes 60% menores que o carvão.

A que se deve esta mudança tão profunda?

Esta mudança tem que ver com a revolução do shale gás e do shale oil nos Estados Unidos. Durante 150 anos, na indústria petrolífera, trabalhámos com um paradigma: que são os hidrocarbonetos gerados numa rocha mãe, o shale que é um xisto argiloso, que depois migram, e função do comportamento dos sedimentos, para uma rocha reservatória. São altos estruturais de formação da crosta de sedimentos onde os hidrocarbonetos se vão acumulando; durante 150 anos olhámos para estes altos estruturais sem os identificar. Isto demonstra que uma ideia simples pode mudar o mundo e é por isso que o futuro estão sempre em aberto, que a criatividade e o génio da raça humana está para vencer na vida. Ideias simples, de empresas de pequena dimensão podem revolucionar o mundo. Perguntaram porque é que não se olhava diretamente para a rocha-mãe,

quando as grandes companhias americanas o fizeram, a descoberta foi extraordinária: 40% dos hidrocarbonetos gerados, até hoje, no mundo ficaram retidos na rochamãe, isso abriu uma nova dimensão no mercado das energias. Qual é o impacto esperado após esta descoberta?

O impacto desta descoberta, nos Estados Unidos, é brutal. Converteram-se no maior produtor mundial de gás, à frente da maior companhia russa, e estão a disputar com a Arábia Saudita o primeiro lugar na produção mundial de petróleo. Faziam 6 milhões de barris/dia, no ano de 2008, hoje estão a produzir 10,5 milhões de barris/dia nunca a produção esteve Os Estados Unidos têm duas grandes bacias: uma no Dacota do norte e outra no Texas. Cada uma delas equivale a um novo país do Golfo Pérsico a produzir dentro do território americano e é isto que está a mudar a geopolítica da energia.

O Irão é uma grande potência energética?

O Irão é uma das maiores potências energéticas, se somarmos petróleo e gás, eles têm as terceiras maiores reservas do mundo e ¾ dessas reservas não estão produzidas. É estimado que só o Irão, em 2016,

A posição geográfica de Portugal, que é o país da europa mais próximo dos EUA vai tornar-se mais vantajosa?

Portugal está no centro da bacia atlântica, ligado pelas regiões autónomas e vai ser o motor da economia deste século. Em 2020 a estimativa é que 80% dos produtos consumidos serão produzidos num país completamente diferente o que se vai refletir no transporte marítimo, aumenta a configuração dos barcos, o que é extremamente importante para o porto de Sines (que é um porto de águas profundas). Portugal tem riqueza escondida no solo e no mar?

Portugal tem muitos recursos por explorar.

/Janeiro


Energia Positiva

A sul dos Açores, existe a maior mancha de sulfuretos metálicos do mundo; a norte há crostas de níquel e de cobalto; também existe uma fratura que tem os chamados campos hidrotermais. No Algarve há hidratos de metano (o mais simples dos gases) e no off shore do Algarve há potencial para o gás. Se conseguirmos desenvolver uma parte destes recursos, isso vai ajudar imenso ao desenvolvimento de outras plataformas que podem trazer mais investimento e riqueza ao país. Saliento a capacidade de armazenamento de gás que o país dispõe e não me refiro só às cavernas do Carriço, temos domas salíferos na margem sul, Sesimbra, Montijo e Algarve. Existe um consórcio entre a PARTEX e a Repsol para explorar gás no Algarve. Para quando o início da exploração?

Ainda não temos uma data fixada. É certo que existe um campo de gás que se encontra a cerca de 60 quilómetros da costa e não vai afetar as atividades locais, principalmente o turismo. Dos estudos que nós fizemos chegamos à conclusão que existem estruturas muito grandes e com grande potencial; fizemos estudos detalhados de impacto ambiental para reduzir ao máximo qualquer tipo de danos. Ao avançar com a exploração, Portugal vai poder reduzir drasticamente a importação de energia.

/Janeiro

Como se irá refletir na economia e na vida das pessoas?

O que distingue os países vencedores dos perdedores são as lideranças. Tudo depende de como lidamos com os recursos e de como aplicamos os lucros. O consórcio quer que a maior parte do gás seja para consumo interno, mas ainda estamos a negociar com as autoridades competentes.

Resumo da atividade profissional, Professor Doutor António Costa Silva É professor no Instituto Superior Técnico de Lisboa onde fez a agregação em Planeamento e Gestão Integrada de Recursos Energéticos. Licenciado em Engenharia de Minas (IST), fez o Mestrado em Engenharia de Petróleos no Imperial College (Universidade de Londres) e o Doutoramento no IST e na mesma instituição, defendendo uma tese sobre “O Desenvolvimento de Modelos Estocásticos aplicados aos Reservatórios Petrolíferos”. É o actual Presidente da Comissão Executiva do Grupo PARTEX OIL AND GAS. A PARTEX está envolvida em projectos de exploração e produção de petróleo e gás em Abu Dhabi, Oman, Kazaquistão, Brasil, Argélia, Angola e Portugal. Trabalhou no Instituto Francês do Petróleo (IFP), foi responsável e coordenador das equipas técnicas que executaram projetos nalguns dos maiores campos de petróleo e gás do mundo, entre outros cargos da mais alta importância no domínio da energia.


Reindustrializar Portugal – Vitivinicultura

A promover Portugal pelo mundo “O vinho está enraizado em Portugal: na nossa cultura, na nossa história, na nossa religião e na nossa paisagem. O vinho faz parte de nós e do nosso país.” Eng.º Frederico Falcão, presidente do conselho diretivo

Representam o setor a nível internacional?

Somos o interlocutor do estado português, em Bruxelas, em relação a tudo o que diz respeito com o setor vitivinícola e o mesmo se passa na OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) que é a instituição que faz as mais diversas resoluções a nível mundial. Remontando às origens, quando começou a indústria do vinho?

O vinho está enraizado em Portugal: na nossa cultura, na nossa história, religião, paisagem; ou seja, o vinho faz parte de nós e do nosso país. Dos anos 80 em diante houve uma revolução nos mercados; até aí tínhamos uma produção virada para o mercado interno e para as colónias e após esta era, os produtores começaram a pensar mais na qualidade do vinho que produziam e menos na quantidade. Começaram a surgir, nos mercados que nos apresentavamos, produtores com vinhos de qualidade, vindos da Austrália, Estados Unidos e América do Sul e que os produziam há muito mais tempo do que os produtores nacionais. A alteração do paradigma menos quantidade, mais qualidade veio trazer alterações aos mapas das vinhas?

Frederico Falcão Presidente do conselho diretivo

A Junta Nacional do Vinho iniciou a sua atividade em 1937 e tinha a função de regulação de mercado. Quando havia excedente de produção comprava ao produtor e quando havia escassez fazia a operação oposta. Com a adesão de Portugal à União Europeia, o estado teve de deixar esta prática e a Junta Nacional do Vinho passou a denominar-se Instituto da Vinha e do Vinho e deixou de ter essa função de regulação de mercado.

isso, deixamos que a maior parte da iniciativa parta do setor para o instituto e não ao contrário. Com esta posição em relação aos nossos parceiros propomonos a, com o setor, gerir propostas e a estudar medidas que possam vir a ser aplicadas na reforma do setor. Hoje, a promoção é feita pelo setor, o IVV usa as verbas disponíveis para apoiar programas que são submetidos ao IVV pelas associações como a ViniPortugal; as CVR`s (comissão vitivinícola regional); o IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto); o IVBAM (Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira) ou os próprios agentes económicos.

Qual é a principal função do IVV?

Depois de aprovados os projetos

O IVV funciona como o regulador/legislador do setor e pretende ser um polo de agregação e gerador de consensos, por

é necessário fiscalizar.

O Instituto da Vinha e do Vinho sucedeu à Junta nacional do Vinho em 1986. Qual foi a grande alteração que esta sucessão veio introduzir no mercado?

Sim, por isso é que depois de aprovados os projetos estarem aprovados e a funcionar

desemprenhamos a função fiscalizadora. Verificamos se as ações geraram os resultados esperados, se as verbas foram bem aplicadas, fazemos a confirmação de faturas e demais pontos a serem fiscalizados. As funções do IVV vão para além das já mencionadas.

Também gerimos todo o cadastro da vinha a nível nacional. Se uma pessoa quiser plantar uma vinha tem de solicitar uma autorização e será o IVV que as irá disponibilizar anualmente, as pessoas têm de se registar no IVV, indicar as vinhas porque elas estão todas marcadas geograficamente IVV; recolhemos e gerimos uma série de taxas que são solicitadas aos proprietários; ou seja, fazemos a regulação de tudo o que diz respeito à vinha. Há uma série de declarações obrigatórias que o setor tem de fazer, que são feitas ao IVV.

Ao sentirem essa necessidade, os produtores começaram a deslocalizar as suas vinhas dos terrenos mais férteis, como as zonas junto às linhas de água, para as zonas de charneca muito menos produtivos, mas com mais qualidade; esta foi uma alteração que abrangeu todo o país. Nos anos 80/90 foram surgindo, nas várias regiões do país, projetos com muita qualidade e estes serviram de farol para outros. Dou como exemplo duas quintas no Alentejo que produziam com muita qualidade e serviram de exemplo para outros parceiros e começou a haver mais cuidado com a formação dos enólogos. A formação de enólogos contribuiu para o sucesso dos vinhos nacionais?

Sem dúvida. Houve quase uma revolução quando o vinho deixou de funcionar como uma ‘commodity’ de preços baixos e sem grande retorno para o setor, para um ramo de atividade produtivo e rentável e a formação de jovens enólogos foi o passo seguinte para o sucesso dos nossos vi-

/Janeiro


Reindustrializar Portugal – Vitivinicultura nhos. De salientar que a introdução do inox nas adegas, que foi considerada uma revolução tecnológica, e no qual os enólogos tiveram um papel fundamental. Anteriormente existia apenas cimento, de má qualidade, as cubas não eram revestidas a epóxi e não havia a higienização que existe nos dias de hoje.

setor dos vinhos cresceu muito fora do país e hoje é um setor bandeira na área agrícola e agro alimentar. Nos últimos anos temos visto Portugal a conquistar muitas medalhas em concursos internacionais; Portugal é o país que tem o maior rácio de medalhas: refiro-me ao número de amostras enviadas com o número de medalhas recebidas.

A União Europeia financiou pro-

que em revistas especializadas do setor, têm aparecido críticas de jornalistas muito conceituados, em todo o mundo, nas quais estes alertam para a qualidade de Portugal como produtor de vinhos. Hoje, Portugal está claramente referenciado no mapa internacional como um país produtor de vinhos de alta qualidade. Quem define quais os mercados a

jetos para esta reestruturação?

É a União Europeia quem define

apostar?

No ano 2000 começamos a ter apoios VITIS (apoio à reestruturação e reconversão da vinha) para instalar vinhas com melhores castas, em melhores condições e com terrenos melhores. Houve essa preocupação e essa grande ajuda em termos de apoios comunitários com o qual foi possível arrancar vinhas velhas para plantar vinhas novas que, apesar de serem menos produtivas do que as anteriores, começaram a surgir vinhas com castas mais adaptadas a cada região e ao perfil dos consumidores. Algumas das castas podiam ser muito boas, mas o consumidor não dá valor às caraterísticas dessa casta, o que não quer dizer que daqui a 10/15 anos não volte a ser uma casta muito solicitada.

as cotas de produção para Portu-

A definição dos mercados estratégicos somos nós, IVV, que fazemos sair publicado em portaria mas nunca sem antes ouvir o setor. Recolhemos a informação, fazemos os nossos estudos, entramos em consenso e fazemos publicar as regras e quais os mercados prioritários.

O setor foi afetado pelo cenário económico menos favorável em que o país se encontrou?

A situação do país não foi fácil nos últimos anos, o que retraiu o consumo de vinho; em consequência os produtores tiveram de procurar outros mercados e muitos encontraram a solução fora do país. O

gal?

O setor vitivinícola tem cotas de produção, em termos de área de vinha e não de potencial produtivo, que são definidas pela UE. O sistema de direitos terminou a 31 de dezembro de 2015 e passou a existir um sistema de autorizações de plantação que vai durar até 2030.

O que diferencia o vinho português?

Quais são as diferenças entre o novo e o antigo sistema?

Anteriormente tínhamos uma área estática por país, ou seja, Portugal tinha cerca 240 mil hectares e não podia crescer; se alguém quisesse plantar uma vinha teria de comprar a outra pessoa a cota que esta arrancou da sua vinha. A partir de 2016 os países vão poder crescer até 1% ao ano, como Portugal tem poder crescer 2.100 hectares em área plantada de vinha. Portugal está bem posicionado

Todo o novo mundo se baseia em meia dúzia de castas e são basicamente vinhos mono castas. Portugal joga uma cartada única que é a variedade de castas, no total 343 castas inscritas para a produção de vinhos, destas mais de 250 são autóctones; estes números elevam-nos ao 3º lugar mundial com o maior número de castas autóctones e o 2º país do mundo em termos de diversidade genética de castas por km². Temos todas as nossas castas estudadas em termos genéticos, sabemos que não há duplicações.

no ranking mundial de produto-

levou à sua criação?

A marca Wines of Portugal foi criada em 2009 a pedido do setor uma vez que era necessário criar uma marca para Portugal. Há alguns anos atrás ainda havia pessoas em países como os Estados Unidos e China que não sabiam onde era Portugal; mas ainda piorava a situação porque não associavam o nome Portugal a produtos de qualidade. Daí nasceu a necessidade de criar uma marca que representasse os produtos vínicos portugueses. Considera que a implementação da marca Wines of Portugal foi um sucesso?

Creio que ninguém esperava que Portugal tivesse o reconhecimento que teve lá fora durante o ano de 2015 e sim, a marca Wines of Portugal é um sucesso. A imagem de que Portugal é um excelente produtor de vinhos passou para o mercado externo e hoje somos capa de revistas internacionais de vinhos, há alguns anos atrás este cenário não era concebível. Há algum tempo que defendo que deveria haver uma marca comum para Portugal, que represente o país nos mercados internacionais. Existe a marca ‘Portugal Sou Eu’, mas está virada quase exclusivamente para o mercado interno. O conceito de enoturismo já está cimentado em Portugal. É uma

res de vinho?

A marca Wines of Portugal já é

boa forma de comunicar os vi-

Portugal aparece muitas vezes em desta-

uma referência mundial. O que

nhos portugueses?

O enoturismo está em crescimento e é um dos polos de atração de Portugal e segundo alguns estudos que o Turismo fez anunciou que o vinho era um dos fatores que mais surpreendia as pessoas que nos visitavam, por isso, sim, considero que é uma boa forma de promovermos os nossos vinhos. Há zonas de Portugal que têm excelentes condições para explorar todas as potencialidades do enoturismo e estão a saber tirar partido delas, mas creio que é uma área em que ainda há muito para fazer sobretudo em termos de coordenação. Refere-se às rotas de vinho que existem ao longo do país?

Sim, algumas rotas não estão a funcionar como deveriam. Houve um esforço recente para conjugar todas as rotas e tudo o que se refere ao enoturismo para as poder promover de para que chegue aos destinatários. O IVV tem tentado ajudar a que haja entendimento e para que se encontre um caminho para fazer este setor crescer. Há vontade e esforço das entidades competentes, o turismo, a associação dos municípios e associação das rotas, o próprio setor através da ViniPortugal têm trabalhado em conjunto mas ainda não está nada finalizado.

/Janeiro


turismo e lazer

Qualidade em estado puro Situado em pleno centro de Penafiel, o Exe Penafiel Park Hotel & Spa é um empreendimento turístico que se destaca no Norte do país pela qualidade dos serviços que oferece. Venha descobrir o hotel que alia o bem-estar à qualidade que todos procuramos.

O Exe Penafiel Park Hotel & Spa, inaugurado em 2007 e situado a escassos 30 quilómetros do Porto, dispõe de 69 quartos, salas com diversas capacidades e finalidades, uma zona para eventos, restaurante de altíssima qualidade, estacionamento gratuito e spa com jacuzzi, sauna, banho turco, piscina hidroanimada, duche de sensações e um vasto leque de massagens. Tudo isto em prol de um serviço que se quer de qualidade e de resposta às necessidades. Em entrevista ao País Positivo, José Ribeiro, Diretor do Hotel, fala sobre o passado, o presente e o futuro deste que se quer afirmar, cada vez mais, como um hotel de referência no norte de Portugal. Como surge o Penafiel Park Ho-

to dessa cidade em termos turísticos temnos trazido muitos clientes. No entanto, a nossa intenção é crescer cada vez mais e marcarmos ainda mais a nossa posição. A valência de SPA é essencial para o crescimento do hotel?

Sim, com toda a certeza. O facto de termos, nas nossas tarifas, o acesso gratuito ao circuito H2O do spa permite que os nossos hóspedes possam usufruir de um serviço complementar e, ao mesmo tempo, passar mais tempo no hotel. Isso para nós é fundamental, utilizar o hotel em diversas vertentes. Daí também disponibilizarmos a valência de restaurante e os serviços de bem-estar, como as massagens e os tratamentos estéticos.

José Ribeiro Diretor

Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Valongo Rua Rainha Santa Isabel, 30 4440-569 Valongo Telefone: 224219220****Fax: 224219229 E-mail: scm.valongo@mail.telepac.pt

tel?

O Hotel surge como resposta a uma necessidade sentida na região. Havia falta de uma unidade hoteleira desta categoria na zona do Vale do Sousa e, depois de alguns estudos, consideramos que seria importante fixar o Hotel em Penafiel já que este seria um ponto estratégico em termos de localização, servindo todas as regiões do Vale do Sousa e das empresas aqui fixadas.

qualidade…

Desde que o Hotel surgiu que temos tido sempre muito cuidado com a qualidade e, nesse sentido, estamos em constante processo de melhoria. Os clientes são cada vez mais exigentes e atentos ao detalhe e, assim, trabalhamos diariamente para responder às necessidades concretas dos mesmos.

O Hotel assume-se como uma resposta às próprias empresas?

Neste sentido, existe algum pro-

Precisamente. Nós estamos muito vocacionados para o turismo de negócio e é precisamente aqui que nos queremos manter. Dai trabalharmos muito com empresas que nos procuram, para que aqui possam ter os seus showrooms, realizar conferências, reuniões, entre outros. Desta forma, as empresas podem prestar um atendimento personalizado aos seus clientes e, ao mesmo tempo, dar a possibilidade de alojamento e alimentação.

jeto para o Exe Penafiel Park Ho-

A proximidade do Porto é uma mais-valia?

Sim, a proximidade ao Porto e o crescimen-

AOS IRMÃOS, AMIGOS E AMIGAS DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VALONGO

E tudo isto com uma chancela de

tel & Spa?

Sim, temos alguns projetos pensados. Todos eles passam por uma melhoria de espaços já existentes, bem como criação de novos espaços que nos permitam responder de uma forma mais satisfatória ao bem -estar dos nossos clientes. Quais são as perspetivas para este ano que agora se inicia?

Neste momento, as perspetivas são muito boas. O que é importante é continuar a trabalhar arduamente para a manutenção dos parâmetros de qualidade.

CONTRIBUA SEM GASTAR, PARA O BEM-ESTAR DE QUEM PRECISA Como fazer?

No rosto da sua declaração modelo 3 de IRS, preencha o Campo 1101 do Quadro 11, indicando o NIPC da nossa instituição – 500 892 849 -, e apondo um X nos campos referentes a IRS e/ou IVA, conforme exemplo abaixo 11

CONSIGNAÇÃO DE 0,5% DO IRS / CONSIGNAÇÃO DE 15% DO IVA SUPORTADO ENTIDADES BENEFICIÁRIAS

Instituições Religiosas - (art.º 32,º, n.º 4, da Lei n.º 16/2001, de 22 de junho) Instituições Particulares de Solidariedade Social ou Pessoas Colectivas de Utilidade Pública (art.º 32.º, n.º 6 da Lei n.º 16/2001, de 22 de junho) Pessoas pcolativas de utilidade pública de fins ambientais (art.º 14.º, n.ºs 5 e 7, a Lei n.º 38/98 de 18 de julho)

NIF

1101

500892849

1102

500892849

IRS

IVA

x

x

x NIF

IRS

Com este gesto contribui com: a) 0,5% da sua coleta de IRS, , para a SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VALONGO, SEM que gaste qualquer valor adicional, isto é, o seu IRS é SEMPRE O MESMO. b) 15% do IVA suportado nas aquisições de prestações de serviços de manutenção e reparação de veículos automóveis e motociclos, alojamento, restauração e similares, e cabeleireiros e institutos de beleza que conste de faturas comunicadas em seu nome à Autoridade Tributária. Seja solidário com os mais desfavorecidos!

/Janeiro


Exemplos das melhores práticas

XVIII Feira Gastronómica do Porco – Balanço

“Apesar do mau tempo a Feira Gastronómica do Porco foi um sucesso” O Presidente

da autarquia botiquense, Fernando Queiroga, demostrou o seu agrado com o sucesso da 18.ª edição da Feira Gastronómica do Porco, a feira mais importante do concelho e que atrai milhares de visitantes à vila barrosã.

Foram três dias de muita animação, excelente comida e boas compras. Três dias onde todos os caminhos vieram dar a Boticas com milhares de pessoas a visitarem o certame apesar do mau estado do tempo, tal como referiu o Presidente do Município, Fernando Queiroga. “Esta feira foi um sucesso por vários motivos, primeiro pela adesão das pessoas, segundo pela quantidade de vendas e, por último, pelo número de presenças nas famosas tasquinhas”. O autarca realçou ainda que “a feira excedeu as expectativas apesar das condições atmosféricas que afetaram o concelho e a região ao longo de todo o fim de semana. Mas isto é mais uma prova de que, quando os produtos expostos na Feira Gastronómica do Porco são de qualidade e o serviço dos restaurantes é bom, as pessoas efeti-

vamente visitam o nosso concelho”. A Feira Gastronómica do Porco de Boticas é, sem dúvida, um dos eventos mais importantes da região. Muitos dos produtores locais trabalham o ano inteiro para participarem e venderem os seus produtos nesta feira pela qual passam milhares de pessoas. “Nesta feira vendem-se muito bem os produtos expostos. O feedback que tive dos produtores e restantes participantes foi muito bom. Dizem-me que querem voltar a participar no próximo ano. Fui falando com pessoas que nos visitaram, que não são do nosso concelho, que vieram a Boticas este fim de semana de propósito para ver a feira e foram daqui com uma excelente impressão e boa opinião. Motivos mais que suficientes para quererem regressar ao concelho não só na próxima feira gastronómica

mas durante todo o ano”, referiu Fernando Queiroga. É bem visível a vasta e diversificada oferta gastronómica e cultural que Boticas tem para apresentar a todos aqueles que se desloquem ao interior norte do país. “O concelho de Boticas tem muito para oferecer a quem nos visita ao longo do ano. Temos um vasto património cultural e gastronómico. Temos iguarias ímpares como a carne barrosã, a truta do rio Beça e o tradicional cabrito. É através desta diversidade de valores que pretendemos que as pessoas venham até Boticas e disfrutem das maravilhas que cá existem”, afirmou o presidente. Fernando Queiroga destacou o empenhamento e envolvimento de todos na realização do certame. “Esta feira demonstra a vontade que o nosso povo tem em trabalhar, em produzir, em criar o seu próprio emprego, a sua própria riqueza e vai automaticamente valorizar o concelho. Não há autarca nenhum, não há político nenhum que sozinho consiga fazer o que quer que

seja. Só através desta congregação de forças entre as entidades políticas e os munícipes permite o desenvolvimento da nossa terra”. “É por isso que acredito no meu concelho e que todos os dias acordo com vontade de trabalhar ainda mais em prol do meu concelho, porque o meu povo merece o melhor”, destacou o autarca.

Por lapso, na edição 89 do País Positivo, referimo-nos a Fernando Queiroga, Presidente da Câmara Municipal de Boticas, como Francisco Queiroga. Pedimos as mais sinceras desculpas pelo sucedido.

Cais da Fonte Nova, Lote 5, 3810-200 Aveiro – Portugal Telef.: +351 234 401 100 Fax: +351 234 401 009 E-mail: melia.ria@solmeliaportugal.com

www.meliaria.com

Rua da Cepêda 4560 Penafiel Telef.: 964941102 / 964941102 /Janeiro



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