País Positivo Nº94

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Cláudia Costa Santos, presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos Maio 2016 | Edição Nº94

Este suplemento comercial faz parte integrante do Jornal de Notícias e do Diário de Notícias de 25 de maio de 2016 e não pode ser vendido separadamente

“Acredito que a atuação da SRN da Ordem dos Arquitetos pode estar mais presente na vida dos seus membros e da própria sociedade”

António Rocha, Presidente do Município de Belmonte, destaca a presença da Carta do Achamento do Brasil de Pêro Vaz de Caminha no concelho. Uma relíquia que enriquece ainda mais Belmonte

Paulo Sargento, Diretor da Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches, analisa o estado do Ensino da Enfermagem em Portugal


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Fazemos história... na Saúde em todo o mundo


SERVIÇO OASRN VISITAS GUIADAS MAIO’16 GRATUITAS MAIO’16 3.ª VISITA: 23 DE MAIO - INSCRIÇÕES ATÉ 20 DE MAIO 4.ª VISITA: 30 DE MAIO - INSCRIÇÕES ATÉ 27 DE MAIO JUNHO’16 1.ª VISITA: 06 DE JUNHO - INSCRIÇÕES ATÉ 03 DE JUNHO 2.ª VISITA: 13 DE JUNHO - INSCRIÇÕES ATÉ 10 DE JUNHO 3.ª VISITA: 20 DE JUNHO - INSCRIÇÕES ATÉ 17 DE JUNHO 4.ª VISITA: 27 DE JUNHO - INSCRIÇÕES ATÉ 24 DE JUNHO A OASRN promove, todas as semanas, visitas guiadas gratuitas à Nova Sede. As visitas serão realizadas todas as segundas-feiras às 17h00 e serão acompanhadas por um elemento do Conselho Directivo da OASRN. São limitadas a 30 pessoas e sujeitas a pré-inscrição, que deverá ser efectuada até à sexta-feira anterior da visita pretendida. São aceites por ordem de chegada e confirmadas via e-mail. E-mail: COMUNICACAO@OASRN.ORG / www.oasrn.org SALA DO ARQUITECTO Inscrições abertas O horário de funcionamento da Sala do Arquitecto é de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 18h00. Apenas os membros efectivos da Ordem dos Arquitectos e com quotas em dia. A Sala do Arquitecto é uma sala nobre integrada no edifício da OASRN. Dedicada para uso exclusivo e gratuito dos membros da Ordem dos Arquitectos, pretende ser um apoio à actividade profissional do arquitecto, constituindo um espaço para reuniões com parceiros, clientes e apresentação de projectos. Os utilizadores da Sala do Arquitecto poderão, ainda, usufruir de um projector e da respectiva tela. E-mail: saladoarquitecto@oasrn.org / www.oasrn.org COWORK_NORTE41° Inscrições abertas O horário é de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 24h00 e sábado das 09h00 às 18h00 Para membros efectivos da OASRN arquitectos com quotas em dia (prioritário), estagiários, estudantes de arquitectura, Espaço onde se podem cruzar projectos que terão certamente repercussões ao nível profissional, trazendo desafios e sinergias relevantes, nomeadamente, a interacção com outros colegas e/ ou profissionais de outras áreas, a partilha de conhecimentos, uma gestão de tempo de trabalho mais eficaz, o acesso a melhores condições de espaço e com custos reduzidos. E-mail: cowork@oasrn.org / www.oasrn.org SESSÕES DE ESCLARECIMENTO INSTRUMENTOS FINANCEIROS PARA A ARQUITECTURA 16.23.30 MAIO | 6.13.20.27 JUNHO | NOVA SEDE DA OASRN | INSCRIÇÕES GRATUITAS​ Membros efectivos da OASRN arquitectos com quotas em dia A Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, no âmbito do Gabinete de Apoio ao Membro, pelouro de Projectos e Investimentos, organiza durante o mês de Maio e Junho um conjunto de 7 Sessões de Esclarecimento que pretende visar 7 temas distintos sobre os ‘Instrumentos Financeiros para a Arquitectura’ – Turismo, Desenvolvimento Rural, Regeneração e Reabilitação Urbana, Empreendedorismo e Inovação, Comércio Invest, Propriedade Intelectual e Arquitectura e, por último, Mercados Externos. Reconhecemos que os Instrumentos financeiros ao dispor são muito viáveis e que, quando bem explorados, podem oferecer retorno directo ou indirecto para a actividade profissional de todos os nossos membros. Nesse sentido, pretende-se fazer uma introdução aos mecanismos de financiamento, propiciando a sua abordagem para o sector da arquitectura, reflectidas e debatidas as necessidades do Arquitecto enquanto profissional e do Arquitecto enquanto investidor. 23.05 / DESENVOLVIMENTO RURAL

18h00: Carla Duarte / Consultora – Henrique Marques / Spaceworkers 02.06 / PROPRIEDADE INTELECTUAL E ARQUITECURA 18h00: Eduardo Cruz / Gastão Cunha Ferreira, Consultores em Propriedade Industrial 06.06 / EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO 18h00: Carlos Neves / Vice-Presidente da CCDRN – Heitor Benfeito / Director da Portugal Ventures

atenta do ambiente construído e de toda a envolvente da paisagem e percepcionando a forma como as pessoas se apropriam, relacionam e interagem com os lugares. Esta edição contará com a participação de: Agrupamento de Escolas Gomes Monteiro (Boticas), Agrupamento Escolas Amadeo Souza Cardoso, Escola Profissional CISAVE, Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda, Escola Básica de Paços de Ferreira e Agrupamento de Escolas de Perafita.

13.06 / COMÉRCIO INVEST 18h00: Francisco Carvalho / Consultor Euro - Funding 20.06 / REGENERAÇÃO E REABILITAÇÃO URBANA 18h00: MAOTE – IFRRU – Luís Campos / SIGNINUM 27.06 / MERCADOS EXTERNOS 18h00: ​AICEP – Carla Duarte / Consultora E-mail: projectos.investimentos@oasrn.org / www.oasrn.org

Organização: Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos – OASRN/ Norte 41° Parceira: Museu Nacional de Soares dos Reis

EXPOSIÇÃO Bolsas de Investigação “Cidade e Arquitectura: Cidade e Património Arquitectónico do Séc. XX: 1910-1974” Exposição com os trabalhos finais 18 de Maio a 30 de Junho de 2016 Sede da OASRN - Rua Álvares Cabral, nº 144, Porto Horário: Segunda a Sexta-feira, 10h00-18h00 Inaugurou no dia 18 de Maio, às 16h00, na Sede da OASRN, a exposição com os trabalhos dos 10 Bolseiros que participaram na 2ª edição do Programa Millennium de Bolsas de Investigação na Área da Cidade e da Arquitectura “Cidade e Património Arquitectónico do século XX: 1910-1974”. O Júri, constituído por Ricardo Carvalho, Presidente Executivo da Fundação da Juventude; Ana Vieira, da Ordem dos Arquitectos; Álvaro Domingues, Geógrafo e Professor e Investigador na FAUP; João Rafael Santos, Professor e Investigador na FAUL; Rui Correia, Professor e Investigador na ESG, atribuiu as Bolsas de Investigação, no valor de €2.250,00/ cada, aos trabalhos de investigação apresentados por João Maia e Silva (Caldas da Rainha), Rodrigo Gaspar (Cascais), Ana Carolina Sumares (Funchal), Tiago Farinha Rodrigues (Figueira da Foz), Tiago Cruz (Vila da Feira), Filipe Neto e João Quinas (Mação), Júlio Senra (Maia), André Prata (Oliveira de Azeméis), Daniela Ribeiro (Porto) e Joana Barbedo (Vila de Rei). O Programa Millennium de Bolsas de Investigação na Área da Cidade e da Arquitectura, com mecenato da Fundação Millennium BCP, é uma iniciativa da Fundação da Juventude, contando com a parceria da Ordem dos Arquitectos e suas Secções Regionais (Norte e Sul). Trata-se de um Programa de Bolsas de Investigação, destinado a jovens arquitectos, para a realização de um trabalho inédito de investigação, tendo como objecto de estudo o património arquitectónico dos municípios acima referidos. A exposição é de entrada livre sendo que, para a inauguração, deverá ser confirmada presença até ao dia 17 de Maio através do e-mail pcardoso@fjuventude.pt ou telefone 961 797 290. A exposição estará patente até ao dia 30 de Junho de 2016. Organização: Fundação da Juventude Parceiro Científico: Ordem dos Arquitectos, Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos Mecenas exclusivo: Fundação Millennium BCP Municípios parceiros: Caldas da Rainha, Cascais, Figueira da Foz, Funchal, Mação, Maia, Oliveira de Azeméis, Porto, Santa Maria da Feira, Vila de Rei EXPOSIÇÃO Vamos Procurar a Arquitectura – Espaço Público Exposição com os trabalhos desenvolvidos pelas escolas 9 a 30 de Junho de 2016 Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto Exposição com os trabalhos desenvolvidos no âmbito da acção de sensibilização ‘Vamos Procurar a Arquitectura’, lançada pela OASRN em 2015. Esta acção, dirigida a todas as instituições de ensino da região Norte, pretende sensibilizar a população mais jovem para a Arquitectura e o trabalho do Arquitecto, estimulando a observação

EVENTOS ARQ OUT 2016 | Mês da Arquitectura Candidaturas de 29 de Março a 30 de Junho Decorre, de 29 de Março a 30 de Junho de 2016, o período de submissão de candidaturas à 5ª edição ARQ OUT | Mês da Arquitectura. Os interessados poderão formalizar a sua candidatura através do envio, para o e-mail cultura@oasrn.org, dos seguintes elementos: - Breve sinopse do projecto em formato de texto editável (com um máximo de 1.000 caracteres, incluindo espaços) - Data, hora, local, custo da entrada (se aplicável) - Ficha técnica (mencionado organização, parcerias e apoios) - 2 a 3 fotografias (máximo 72 dpi e 800 x 600 pixéis e/ou imagens de vídeo) - Contactos (incluindo, caso exista, link para site, blogue e redes sociais) - Identificação do e-mail com o assunto: “ARQ OUT 2016 | candidatura” A iniciativa ARQ OUT foi criada pela OASRN em 2011 com o objectivo de reunir, num único suporte cartográfico, actividades relacionadas com a Arquitectura e a Cidade que decorram, durante o mês de Outubro, em localidades abrangidas pela área territorial de actuação da SRN - distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra. Alargando as Comemorações do Dia Mundial da Arquitectura (primeira segunda-feira de Outubro) a todo o mês, esta iniciativa pretende divulgar, de forma coordenada e sintetizada, a pluralidade de iniciativas promovidas por entidades autónomas, criando uma cartografia de divulgação em rede. A OASRN convida, assim, a comunidade ligada à Arquitectura (membros da OA, arquitectos-estagiários, estudantes de arquitectura, instituições e colectivos de natureza interdisciplinar) a participar no ARQ OUT, através do envio de propostas de programação que, enquadrando-se nos objectivos descritos - actividades que se relacionem com a Arquitectura e a Cidade: conferências, colóquios, exposições, eventos festivos, lançamento de publicações, entre outros - possam integrar esta cartografia. Coordenação da edição: OASRN/ Norte 41° www.oasrn.org EVENTOS ARCHI SUMMIT Antigo Matadouro Industrial do Porto 7 a 9 de Julho de 2016 Conferências internacionais de arquitectura. Organização: OASRN; Modal Creativity EDIÇÕES Jornal Trimestral OASRN Nº1 Lançamento em Junho OUTRAS INICIATIVAS Desenhar por palavras 2016 - Lançamento em Junho A Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos - OASRN desafia os seus membros a partilharem conhecimentos, experiências, reflexões e opiniões através da submissão de artigos de opinião. O tema é único: Arquitectura. E-mail: cultura@oasrn.org

ORDEM DOS ARQUITECTOS – SECÇÃO REGIONAL NORTE RUA ÁLVARES CABRAL N.º 144, 4050-040 PORTO www.oasrn.org


Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos Maio 2016

De membros, para os membros! A Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos, com sede no Porto, integra cerca de nove mil arquitetos, abrangendo a área territorial correspondente aos Distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra. Em entrevista ao País Positivo, Cláudia Costa Santos, presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos fala sobre os motivos que a levaram a candidatar-se em 2013 e das principais preocupações desta instituição.

Cláudia Costa Santos, presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos

Como chega até presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos? A decisão de concorrer à direção da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos surge por acreditarmos que a atuação da SRN podia ser mais presente na vida profissional e pessoal dos membros. Acreditávamos numa Ordem mais presente na sociedade. Acreditávamos que a Ordem deveria apoiar os membros, ajudando-os no seu dia-a-dia profissional, não só com demonstrações, comunicações, apresentações de exercícios no âmbito da arquitetura, mas também na execução de ações e criação de serviços que tivessem impacto real no quotidiano de cada arquiteto. Basicamente acreditávamos (e continuamos a acreditar) numa Ordem mais ativa, reivindicativa, lutadora pelos interesses dos membros, tendo-os sempre como centro de todas as ações.

Uma Ordem para todos os membros, com órgãos que representem todos e não apenas uma pequena parte. Na nossa visão, a Ordem continuava a afastar-se dos membros e não digo isto por dizer, mas porque tinha uma intervenção cada vez mais afastada da vida dos membros, desviando-se da essência da sua existência. Nestes últimos anos, a SRN tem lutado para que haja uma inversão, construindo ações ímpares em diversas áreas, com foco no membro. Mas não chega. É necessária uma alteração de postura geral, adequada à atualidade social. Não podemos esquecer que esta foi uma classe que cresceu imenso nos últimos anos, vendo as suas preocupações, partilhadas com a grande maioria da sociedade, independentemente da classe profissional. Preocupações enquanto profissionais mas também enquanto cidadãos pertencentes a uma família, a uma comunidade e classe

social. Na altura, a nossa opinião era a de que a Ordem deveria ter uma intervenção mais forte na defesa dos membros, no apoio à resolução dos seus problemas e na criação de uma postura mais presente, mais compreensiva, de uma relação de igual para igual. Isso nunca existiu. Existiam, sim, diversos eventos, encontros, refletindo a profissão de arquiteto como uma classe superior. A atual direção da SRN, assim como muitos outros arquitectos, não se reviam nessa postura. Foi isso que nos moveu a promovermos uma candidatura aos órgãos da SRN, com o propósito de marcarmos a diferença e tentarmos mudar o rumo de atuação da Ordem. Sentíamos a necessidade de um Novo Rumo. Qual o balanço que faz hoje, depois de ter ganho as eleições e de ter liderado este triénio que se aproxima do fim?

Ficha Técnica: Propriedade e Edição: Actualidades do Século, Lda. | Morada: Avenida da República, 872, Sala 5.1, 4430-190 V. N. Gaia Depósito Legal: 215441/04 | Editora: Ana Mota | Publicidade: Moura Lopes | Email: geral@aseditora.pt Distribuição Mensal Gratuita com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias. Propriedade e Direitos: Todos os textos e fotografias são propriedade exclusiva do País Positivo e não podem ser, total ou parcialmente, reproduzidos sem permissão prévia.


Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos Maio 2016

Sinceramente, penso que é positivo. Tendo em conta o que nos propusemos fazer, o que fomos obrigados a fazer por diversas imposições externas, e os diversos ataques que sofremos com o objetivo de nos desgastar, descredibilizar e diminuir, na minha opinião, o saldo é claramente positivo. Confesso que a nossa candidatura surgiu pelo desafio, sem que ousássemos imaginar vencer. Com o tempo, foi ganhando corpo e, se é verdade que inicialmente se pensava na impossibilidade de vencermos, não menos verdade é, que passado algum tempo consideramos a possibilidade inversa, pelo envolvimento de muitos arquitetos que iam reconhecendo o nosso projeto. Hoje temos a certeza que o que fizemos marcou uma mudança clara na SRN e que indicia um futuro melhor para a Ordem dos Arquitectos, mais próxima dos Arquitetos. O que tem sido feito desde Janeiro 2014, altura em que tomaram posse? Após termos vencido umas eleições inesperadamente, analisámos toda a atuação da SRN que se encontrava em curso, assim como a respetiva orgânica funcional, comparando-a com outras ordens profissionais. Diagnosticámos necessidades e prioridades que, conjugadas com o nosso programa eleitoral, definiram as tarefas de cada membro da direção. Assim que tomámos posse, fomos confrontados pela CCDRN (entidade gestora dos fundos comunitários) com tempos muito curtos para decidir o destino dos dois edifícios, adquiridos em 2002, na Rua Álvares Cabral. Os edifícios encontravam-se expectantes, quase em ruína. Se por um lado, deixá-los arados, a degradar-se ao longo do tempo traria despesas para a SRN, no acautelar a segurança e na proteção dos edifícios, por outro, a construção conforme proposta e herdada pela atual direção resultaria num agravamento da dívida herdada pela aquisição dos edifícios. A atual direção propôs na sua candidatura a reconstrução com recursos materiais oferecidos por parceiros estratégicos e mão-de-obra voluntária: a nossa! Perante estes cenários, apreciamos outro: o da venda dos imóveis. Em cerca de 3 semanas, a atual direção reuniu diversas vezes com as entidades, analisou todos os dossiers relacionados

com o projeto, analisou o processo de execução para construção e o do concurso de empreitada lançado durante a época eleitoral, em 2013. Analisou ainda a candidatura do Norte 41 aos fundos comunitários, a viabilidade do projeto perante a realidade económica e social atual. Com toda a informação possível de obter num curto espaço de tempo, analisámos os cenários possíveis, quantificando as mais e menos valias financeiras para a Ordem. Ainda nessas 3 semanas, a atual direção, conseguiu a comparticipação do Município do Porto em 7,6% do valor elegível da candidatura ao QREN, conseguindo aumentar a comparticipação do QREN de 70% para 85% a fundo perdido. Dos 7,4% restantes, o órgão nacional da Ordem comparticipou em cerca de 1/3 da componente de construção, resultando para a OASRN o restante. Todos estes fatores, conseguidos em cerca de 3 semanas, foram decisivos para optar pelo cenário que menos encargos teria para a SRN, com as vantagens de termos uma Nova Sede e de aumentarmos o valor patrimonial ativo da instituição, da Ordem dos Arquitectos. E em cerca de três semanas, praticamente, resolveram um grande problema… Sim, essa foi a decisão mais complicada da atual direção. Mas conseguimos. Concretizámos a obra da Nova Sede em 15 meses e está pronta. Tivemos algumas surpresas menos boas. A título de exemplo, quando iniciámos uma análise cuidada ao processo de execução da empreitada, fomos confrontados com materiais que não estavam contemplados no procedimento concursal de empreitada lançado em 2013, nem nos protocolos com os parceiros, e ainda com protocolos que apenas contemplavam desconto na aquisição de material ou tinham definido quantidades muito inferiores às necessárias. Durante o processo de construção, corremos na captação de novos parceiros e renegociámos todas as parcerias anteriormente estabelecidas com os Fundadores. Terminar esta obra com um impacto financeiro muito reduzido para a SRN, foi uma grande satisfação. Não foi fácil, mas com o trabalho e empenho de toda a equipa, desde os projetistas, aos operários, aos fundadores, à atual direção e principalmente às colaboradoras da SRN, fez com que fosse possível a SRN ter uma nova casa.

“ Tendo em conta o que nos propusemos fazer, o que fomos obrigados a fazer por diversas imposições externas, e os diversos ataques que sofremos com o objetivo de nos desgastar, descredibilizar e diminuir, na minha opinião, o saldo é claramente positivo.”

Qual a sua opinião e a posição da SRN da OA relativamente aos Novos Estatutos da Ordem dos Arquitetos? A SRN sempre foi contra a proposta apresentada para o novo estatuto e continuamos contra a redação atual. Em 2013, o governo impôs uma adequação estatutária a todas as ordens profissionais, segundo a Lei 2/2013. Legitimando o órgão diretivo nacional para executar essa adequação. Curiosamente (ou não) a redação apresentada retratava não uma adequação, mas um novo estatuto. Tudo isto só por si seria grave, mas mais grave se tornou ao sermos confrontados com um documento pronto, em formato de proposta de lei, sem que o mesmo tivesse sido legitimado pela aprovação dos colegas, dos arquitetos, no órgão próprio (para uma alteração) que era a Assembleia Geral. Ainda em 2013, a SRN propiciou uma Assembleia Regional com o propósito de dar a conhecer aos seus membros o documento e recolher as apreciações ao mesmo, formalizando a sua base de interpelação ao CDN. Após as eleições a SRN, apresenta propostas, envia contributos em todas as matérias, apresenta sugestões, faz alertas, que em momento algum são acolhidas. Em 2014 a SRN realiza outra Assembleia Regional com o objetivo de o documento ir a discussão numa Assembleia Geral. O mesmo pedido foi recusado. Numa altura em que a Ordem, pelo seu órgão Nacional, deveria ter proporcionado relações de proximidade com os seus membros, ainda mais quando estamos a falar da alteração da sua lei fundamental , não só os ignorou como ainda redigiu (no entender da SRN) um docomento que expele qualquer tipo de participação, com exceção do ato eleitoral. A atual redação, no entender da SRN, não é um bom passo. É o reconhecimento do desequilíbrio do exercício de poder entre a ordem e os seus membros. É uma redação que não foi discutida ou dada a conhecer aos membros antes da aprovação. É incompreensível, por exemplo, a redução da Assembleia Geral unicamente aos poderes de eleição, anulando a

intervenção / participação dos membros. Outra questão é o do órgão que deveria ser o mais representativo, e por consequência, o com mais poderes, a Assembleia Delegados Nacional, reduzida a 4 reuniões anuais, sempre solicitadas pelo órgão executivo, o Conselho Diretivo Nacional. A Assembleia Delegados Nacional, torna-se na prática, uma dependência do Conselho Diretivo Nacional. Consideramos que com o atual estatuto, os arquitetos não têm forma de participar na vida ativa da ordem, exceto no ato eleitoral. Como encara o futuro? Acreditando que aquilo que hoje está a ser construído na SRN servirá como base para uma resposta futura às necessidades e interesses de todos os membros. É nosso intuito lutar pela defesa da classe e ser uma voz ativa naquilo que são as tomadas de decisão relativamente ao futuro da profissão. Estamos e estaremos sempre de portas abertas e, portanto, os nossos membros devem sentir-se à vontade para nos questionarem, pedirem apoio ou mesmo sugerirem o que quer que entendam. Estamos a construir uma Secção Regional Norte de Arquitetos para Arquitetos e isso só nos pode fazer acreditar no futuro. A OASRN desenvolve, desde 2009, o projeto N41° que se constitui como um centro de Arquitetura Criatividade e Sustentabilidade, com a missão de promover projetos de investigação, formação, divulgação e debate sobre temas emergentes na prática profissional. O que traz esta nova sede para a Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos? Muito. Primeiro porque é a casa de todos os arquitetos. Depois porque a Nova Sede é a marca física da mudança de paradigma que a atual direção proclamou com a sua candidatura nos finais de 2013, seguindo uma programação funcional muito vocacionada para a abertura à sociedade, para o dia a dia dos membros (com inclusão de, para além de melhores serviços e espaços de trabalho (Cowork, Sala de reuniões, a Sala do Arquitecto), lazer, reunião, diálogo, debate,...). A Nova Sede, a partir dos seus conteúdos funcionais, pretende consolidar uma marca de diferenciação que potencie o associativismo, a história, a identidade e o ambiente, promovendo e estimulando a participação ativa da vida associativa dos membros com iniciativas várias. A Nova Sede tem ainda como propósito o desenvolvimento do Projeto Norte 41° – Centro de Arquitetura, Criatividade e Sustentabilidade. O projeto Norte 41° reflete uma aposta diferenciadora e alinhada com a visão futura assente em áreas ligadas ao ambiente, à eficiência energética, à reabilitação, conservação e restauro.


Reindustralizar Portugal Maio 2016

Ao serviço de mais de 80 mil empresas Sociedade tem-se A assumido activamente como uma organização que apoia o desenvolvimento de instrumentos de financiamento inovadores, proporcionando às empresas nacionais condições de financiamento equivalentes às melhores referências praticadas nos mercados internacionais, através da gestão de instrumentos de financiamento e de partilha de risco.

A criação da PME Investimentos – Sociedade de Investimento S.A. remonta a 1989, na altura sob a forma de sociedade anónima, tendo adoptado duas denominações desde a sua constituição.

Gonçalo Lage

Inicialmente criada como SULPEDIP - Sociedade para o Desenvolvimento Industrial, S.A., em 1998 alterou a sua denominação para PME Investimentos, designação que se mantém até hoje. Actualmente, dispõe de escritórios em Lisboa e no Porto, posicionando-se como uma sociedade financeira do sector empresarial do Estado, sujeita à supervisão do Banco de Portugal, e elegendo por missão promover a dinamização e o alargamento da oferta de financiamento a empresas do sector não financeiro, em particular PME, designadamente através da gestão de fundos especiais de investimento, veículos de políticas públicas para apoio ao financiamento das empresas, na dupla vertente de capital próprio e crédito. A visão e ambição da Sociedade é, nos termos e com o enquadramento que em cada momento seja definido pelos accionistas, contribuir para o reforço da eficiência do processo de intermediação bancária e para

o desenvolvimento de novas actividades e operadores no mercado de capitais, e continuar a ser reconhecida pela sua actuação como promotora do empreendedorismo, inovação, competitividade e internacionalização do sector empresarial português e como promotora da dinamização e alargamento da oferta de financiamento sustentável a PME. No âmbito da sua missão, a Sociedade tem-se assumido activamente como uma organização que apoia o desenvolvimento de instrumentos de financiamento inovadores, proporcionando às empresas nacionais condições de financiamento equivalentes às melhores referências praticadas nos mercados internacionais, através da gestão de instrumentos de financiamento e de partilha de risco. Numa altura em que está prestes a iniciar-se um novo ciclo, marcado pelo surgimento de novas soluções, País Positivo foi conhecer as bases que alicerçam o su-

cesso deste modelo de excelência português, apresentado por Gonçalo Lage. Numa fase de arranque de um novo ciclo, que balanço faria dos últimos cinco anos relativamente à actuação da PME Investimentos? Nos últimos anos, a PME Investimentos tem-se destacado cada vez mais como uma sociedade que apoia as empresas em duas vertentes distintas: uma pela área de instrumentos de crédito e outra pela área de capital, através de soluções de que dispomos. Nos últimos anos, é importante destacar a PME Investimentos como gestora de fundos de fundos, ou seja, num patamar de gestão mais macro de fundos, neste caso com uma dimensão bastante razoável. Neste momento, o Finova tem em capital subscrito cerca de 1,2 mil milhões de euros, o que representa um envolvimento bastante significativo e uma participação que actualmente abrange mais de 80 mil


Reindustralizar Portugal Maio 2016

empresas com as quais a PME Investimentos, directa ou indirectamente, tem relacionamento. Neste sentido, existem números que fazem transparecer com muita facilidade todo o envolvimento da PME Investimentos, como seja o que referi relativamente às 80 mil empresas, os 18 mil milhões de euros colocados directamente na economia nas áreas de crédito, o conjunto das 16 linhas de crédito que foram lançadas e operacionalizadas pela PME Investimentos ou ainda os 19 fundos de capital de risco, em que participamos como um holding fund, dando o financiamento para que os operadores possam candidatar-se, criar os seus fundos e terem presença directa na economia com políticas de investimento concretas. Importa ainda realçar a criação, há três anos, dos fundos de capital de risco Revitalizar e dos fundos de apoio a Business Angels. Nestes últimos, já apoiámos cerca de 50 entidades veículo, de que resultam investimentos em entidades destino, onde já são abrangidas cerca de 280 empresas. Olhando para os anos recentes da PME Investimentos, diria que se verifica uma participação muito forte que resulta na criação de condições para que o mercado possa funcionar e ter instrumentos financeiros que visam a dinamização da economia, o apoio à criação de novos negócios e a negócios já existentes. Por outro lado, uma solução mais tradicional e que apoia mais a economia de empresas com algum histórico e implementação mais forte no mercado, ao nível da área de dívida, com a Garantia Mútua. A Garantia Mútua, os bancos e o Iapmei têm sido, desde sempre, parceiros fundamentais da PME Investimentos na implementação destas linhas e, como tal, trabalhamos em articulação directa com todos

para podermos operacionalizar estas linhas. Neste último ano, foram lançadas algumas linhas novas, recentemente foi lançada uma linha específica de crédito bonificada ao nível da taxa de juro e da comissão de garantia para os comerciantes de Albufeira no seguimento das intempéries ocorridas e dos danos resultantes. Em suma, a PME Investimentos é sobretudo um parceiro que está no terreno e consegue criar e ajustar soluções à medida das necessidades que vão sendo elencadas. Essa flexibilidade acabará por resultar num factor de diferenciação Acaba por ter essa flexibilidade, conseguindo estruturar e montar operações, o que resulta do conhecimento acumulado ao longo de muitos anos de actividade e dos montantes que anteriormente referi. Diria que, hoje em dia, em Portugal, a PME Investimentos é, por excelência, a entidade que tem um know-how, um conhecimento e competências como nenhuma outra nestas áreas. Neste momento, está colocada como uma entidade essencial no desenho dos próximos instrumentos financeiros e na aplicação e operacionalização dos mesmos relativamente ao novo quadro comunitário. Que peso assume a indústria face aos instrumentos disponibilizados pela PME Investimentos? Relativamente à indústria, o número de operações que realizámos, 33.360, representa 20 por cento do total de operações em todos os sectores de actividade, que incluem ainda comércio (38%), construção (10%), serviços (19%), turismo (6%) e outros sectores (7%). Ainda sobre a indústria, são 14.406 as empresas envolvidas, representando um volume de emprego de 337.352 trabalhado-

res. Estes indicadores não só demonstram a importância da indústria, como o número de trabalhadores associados a essas empresas, havendo um número muito significativo de operações que realizamos, quer na área de dívida, quer na área de capital. Na área de capital, além dos tais 19 fundos de capital de risco, das duas linhas dos business angels e dos fundos Revitalizar que mencionei, foi criado em 2010 o fundo Facce, um private equity, cuja gestão está colocada directamente na PME Investimentos, no qual temos uma participação muito forte no que respeita à indústria. Aí, temos empresas que vão desde a indústria têxtil à indústria pesada de fundição, passando pela produção de porcelana Ou seja, existe um conjunto muito diversificado de empresas ligadas à indústria e, por essa via, também temos um acompanhamento muito próximo e directo. Encontrando-nos perante uma mudança de ciclo, que prioridades poderá adiantar? A breve trecho, irão existir os novos instrumentos financeiros, que já estão a ser delineados e, também, com a ajuda da PME Investimentos, já foram estruturados. Neste momento, estão já a ser lançados concursos através da IFD. Esses novos instrumentos serão brevemente colocados a concurso e, a partir daí, poderemos começar a operacionalizar as linhas. Para já, posso adiantar que a PME Investimentos está fortemente empenhada na operacionalização no terreno destes instrumentos. Acima de tudo, é uma questão que comprova a nossa capacidade, conhecimento e prática. Todos os anos, somos submetidos a inúmeras auditorias e escrutinados de uma maneira fortíssima. Somos regulados pelo Banco de Portugal e, desde aí, temos um grande escrutínio de informação que é constantemente submetida, temos auditorias da Inspecção Geral das Finanças que todos os anos inspecciona os nossos fundos e temos ainda o nosso escrutínio interno e de auditoria externa. No nosso caso, tudo isto representa uma transparência acrescida e um reconhecimento da competência que temos nestas áreas. No seio dessas novidades, que preponderância deverá assumir a indústria?

Desde logo, já conseguimos perceber que nenhum país vive sem indústria. Sabemos que a indústria é responsável pela criação de um número bastante considerável de postos de trabalho, ao que acrescem postos indirectos e sabemos igualmente que, muitas vezes, é através da indústria e da diferenciação que se consegue uma criação de valor mais efectiva do que participando como um mero intermediário. Diria que a relação existente entre a indústria e a criação de valor traduz uma dependência muito significativa e sabemos que, na sua essência, a criação de valor vem da transferência do conhecimento das universidades e de quem produz valor para a indústria e para a fase de produção. E não me refiro em particular à indústria clássica e pesada que conhecemos de há muitos anos atrás. Hoje em dia, emerge uma indústria cada vez mais diferente e mais direccionada para a criação de valor e, nesse sentido, o conhecimento é realmente o alicerce do funcionamento da nova indústria e a chave do desenvolvimento da indústria estabelecida há mais anos. Com as soluções que actualmente temos, que vão desde as novas tecnologias às soluções de comunicação, de transporte e de ligação entre os países, sabemos que só conseguimos ter essa diferenciação quando temos a capacidade de acrescentar valor e perceber que temos competências que vão além das existentes noutros locais. Hoje, o facto de a nossa localização ser periférica no mercado europeu já não constitui uma desculpa para que não tenhamos um papel preponderante quanto ao desenvolvimento industrial, novos serviços, criação de valor e inovação.

A PME Investimentos é, por excelência, a entidade que tem um know-how, um conhecimento e competências como nenhuma outra nestas áreas. Neste momento, está colocada como uma entidade essencial no desenho dos próximos instrumentos financeiros e na aplicação e operacionalização dos mesmos relativamente ao novo quadro comunitário.


Reindustralizar Portugal Maio 2016

Uma nova vida às empresas Entrevista a João Pontes Amaro, Managing Partner da Inter-Risco. Pode apresentar-nos a Inter-Risco? A Inter-Risco é uma Sociedade de Capital de Risco criada em 1998 pelo Banco BPI. Em 2010 foi objeto de uma parceria entre a equipa de gestão e o BPI, que culminou com uma operação de MBO da Inter-Risco, onde a equipa de gestão passou a deter 51 por cento do capital da gestora. Hoje a Inter-Risco possui cerca de 130 milhões de euros em gestão de fundos, e é um dos principais players de private equity no nosso país, sendo que investiu, nos últimos 20 anos, mais de 200 milhões de euros em cerca de cem empresas da península ibérica. Hoje, a Inter-Risco possui a gestão de três fundos distintos: O Fundo Inter-Risco II, o Fundo Caravela e o Fundo II CI. Qual o posicionamento da Inter-Risco no universo do Capital de Risco? Numa empresa comum e na sua fase inicial, a primeira fonte de financiamento é, sem dúvida, o recurso aos seus acionistas. É o chamado Seed Capital. Este é um modelo de financiamento dirigido a projetos empresariais em estágio inicial ou estágio zero, em fase de projeto e desenvolvimento, onde um ou mais grupos interessados, normalmente os mentores e muitas vezes quem os rodeia também conhecidos por FFF, family, fools and friends, investem os fundos necessários para o início do negócio, até atingir um estado onde consiga estabilidade ou necessite novos aportes financeiros como o crédito bancário como fonte de financiamento mas isso só se consegue mediante a massa crítica que empresa possa ter e as garantias que possa dar. Dai que, muitas vezes, seja necessário recorrer a outras formas de financiamento. Surge, então, o Early Stage, mais conhecido por Venture Capital, que aparece quando as empresas possuem uma ideia / conceito interessante, mas têm necessidade de recorrer a um maior financiamento para implementar o seu plano e crescer (seja para desenvolver melhor o seu produto / serviço, seja para iniciarem a fase de produção e comercial do mesmo). Os fundos de Venture Capital são propensos a um maior risco e investem sabendo que o negócio pode correr muito bem ou muito mal, mas conscientes de que quando corre

João Pontes Amaro

bem o capital investido pode ser multiplicado por dez ou mais diluindo, assim, os investimentos que correm menos bem. A área de atuação preferencial da Inter -Risco está na fase seguinte, o Later Stage ou Private Equity, e mais concretamente no caso da Inter Risco, nos Build-ups e Buyouts. Há que referir que a Inter Risco não se posiciona como investidor perene mas sim como investidor que está presente, em média, por 7 a 8 anos na vida das empresas, pois investimos a partis de fundos criados que têm, por norma, uma vida de dez anos. Do que se tratam e como se aplicam? Basicamente os fundos que gerimos são destinados a empresas maduras e que necessitam de capital suficiente para se expandirem, seja qual for a estratégia de expansão. Para tal e aliado à operação financeira, dispomos de todo um serviço pleno de know-how de intervenção e acompanhamento das empresas nesta fase de expansão. Falamos de planeamento estratégico e implementação, de execução do plano de negócios, de networking através da partilha da nossa rede de contactos com instituições financeiras, sociedades de advogados, empresas de marketing e comunicação e fornecedores de sistemas de informação, de oportunidades de investimento como sejam expandir por via de aquisições e melhoria operacional que envolve todos os sectores e fases da operação da empresa participada. Nos Build-ups e enquanto investidores financeiros, a Inter-Risco assume como principal desafio a expansão por concentração. Basicamente, olhamos para um setor com potencial e verificamos que o mesmo está fragmentado e como tal pouco atraente para atuais investidores. Sendo assim e

dando exemplos no panorama nacional, começamos por identificar sectores de atividade com potencial mas que, por fragmentação, não conseguiam a massa crítica para gerar interesse nomeadamente pela pouca capacidade de gerar resultados que esta fragmentação origina. Como exemplo, posso vos dar a New Coffe. No mercado grossista do café o que encontrámos foram dois líderes de mercado. Para além destas, verificou-se que várias marcas, todas elas produtoras mas de menor dimensão, competiam entre si e, como é óbvio, repartiam a restante quota de mercado com elevados custos operacionais. A estratégia de crescimento de cada uma delas e a conquista de quota aos dois líderes por natureza não funcionava de forma atrativa, sendo predominantemente efetuada à custa do preço. O que fizemos foi investir na concentração operacional e produtiva, passando a ter, desde logo, apenas uma unidade de produção com maior massa crítica. Na gestão propriamente dita, a concentração trouxe mais competitividade, mais controlo e aproveitamento de custos, mais dinâmica comercial o que se traduziu num aumento de dimensão no mercado de uma forma consolidada e atrativa. Actuamos desta forma em áreas como a Veterinária com a Onevet, a Inspecção Automóvel com a Mastertest, os Serviços de Limpeza com a Serlima, os serviços de contabilidade com a Moneris, a Hotelaria com a Just Stay Hotels, os contentores enterrados com a Sotkon, as redes de frio para a indústria agroaalimentar com a Frisul. Todas elas, plataformas criadas pela Inter-Risco (sozinha ou com outros parceiros investidores) com base na nossa lógica de atuação preferencial. Para além dessas, investimos nos Serviços de Engenharia com a Mecwide e a ENC Energy (em conjunto com os promotores dos projetos para catapultar o crescimento das empresas), e mais recentemente nos serviços de reparação de vidro automóvel na ExpressGlass. Todas as empresas com forte aproximação à indústria de uma forma mais direta ou indireta dependendo dos casos. Quanto ao futuro, quais as estatégias de investimento da Inter-Risco? Estamos a olhar para a indústria como sector preferencial em investimentos futuros. O futuro e capacidade do País de pagar a sua dívida está dependente da nossa balança comercial. Como consideramos que o sector dos serviços está bem

desenvolvido, e muito embora os empresários portugueses na área da indústria estejam de parabéns pelo que têm conseguido fazer nos últimos anos, consideramos que ainda há um caminho adicional a percorrer, e enquanto investidores temos de prestar particular atenção à exposição sectorial a ciclos económicos. A indústria de bens transaccionáveis está, portanto, nos nossos horizontes como próximo foco de investimento. Fundos Inter Risco Fundo Inter Risco I Caravela O Fundo Caravela é um fundo constituído em 2003, dirigido a investimentos de expansão e build-up em PMEs portuguesas. Montante inicial: 30 milhões de euros Maturidade: 2003 – 2013 (prorrogada até 2016) Período de Investimento: 2003 – 2007 Target: Expansão, Build-ups e Buyouts Área Geográfica: Portugal Sectores: Generalista Inter-Risco II O Fundo Inter-Risco II, direciona-se para investimentos de buyout e build -up no mercado das PMEs portuguesas, não cotadas. Montante inicial: 81,5 milhões de euros Maturidade: 2010 – 2020 Período de Investimento: 2010 – 2015 Área Geográfica: Portugal Target: Build-ups, Expansão e Leveraged Buyouts(LBOs) Sectores: Generalista Inter-Risco II CI Integralmente subscrito pelo Banco Português de Investimento (BPI) e pela Inter-Risco, o Fundo Inter-Risco II CI teve por finalidade a realização de investimentos e desinvestimentos em paralelo com o Fundo Inter-Risco II, até ao término do período de investimento deste. Após esse período, o qual terminou em 2015, o Fundo realizará novos investimentos de forma autónoma até ao final do seu período de investimento, i.e., dezembro de 2016. Montante: 30 milhões de euros Maturidade: 2013-2020 Período de Investimento: 2013-2016 Área Geográfica: Portugal Target: Build-ups, Expansão e Leveraged Buyouts(LBOs) Sectores: Generalista


Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa – Braga Maio 2016

Onde os alunos são o centro das atenções Entrevistamos Miguel Gonçalves, Diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa (UCP) - Braga, e percebemos onde reside a diferença desta faculdade que se adapta aos tempos e às necessidades dos seus alunos.

Foi, até Maio de 2015, Faculdade de Filosofia de Braga (FacFil), primeira instituição de ensino superior da cidade, e também a primeira Faculdade da UCP. Podemos dizer que “foi aqui que nasceu a própria Universidade Católica, que no próximo ano completa o seu 50º aniversário, enquanto a Faculdade de Filosofia completa(ria) o seu 70º aniversário”, assume Miguel Gonçalves. Mas esta Faculdade tem ainda outra particularidade: “no conjunto da UCP e, por isso das Faculdades que a integram, esta é uma obra da Companhia de Jesus, já que foi criada por esta ordem religiosa e, em certo sentido, ainda hoje lhes está confiada“. Em Braga, a missão dos jesuítas, para além do apostolado, fixou-se no ensino superior (que também é uma forma de apostolado) e, mais concretamente, na área da Filosofia e das Humanidades clássicas. Não admira, pois, que seja sobretudo nestas áreas que se viria a constituir a sua valiosíssima biblioteca, unanimemente reconhecida como uma das maiores e mais importantes de nível ibérico, sobretudo no que diz respeito à Filosofia. Para isso muito contribuiu a criação da Revista Portuguesa de Filosofia, em 1945 (tem mais dois anos do que a própria Faculdade de Filosofia). É a revista nacional de âmbito filosófico publicada ininterruptamente desde há mais tempo e que aspira a ser brevemente indexada na base de dados de referência, a chamada SCOPUS.

Miguel Gonçalves, Diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da U.C.P. - Braga

Nas décadas de 70 - 80, simultaneamente à criação das chamadas “universidades novas”, e ao crescente número de candidatos ao ensino superior, assistimos a uma viragem significativa na vida da Faculdade, com a sua total abertura à formação de não religiosos e à aposta em novas formações, para além do tradicional estudo da Filosofia e das Humanidades Clássicas. E é no seguimento desta abertura - é na leitura dos sinais dos tempos - que, o início do século XXI, o leque da oferta aumenta. À formação de base já referida em Filosofia e Humanidades, vêm juntar-se as áreas do Desenvolvimento de Empresas, da Psicologia, das Ciências da Comunicação, das Artes e Ciências Documentais. Assim, quando em 2001 é criada a Faculdade de Ciências Sociais, num conjunto de três Unidades Orgânicas – que entretanto seriam integradas administrativamente no Centro Regional de Braga – à oferta formativa já existente na Faculdade de Filosofia e na de Teologia, vêm juntar-se o Serviço Social, as Tecnologias da Informação e Comunicação, as Ciências da Educação e, mais recentemente, o Turismo e o Património. Atualmente, a UCP tem mais de dez mil alunos no todo nacional, representando

Braga dez por cento do número de alunos e, destes, 80 por cento estão pertencem à Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, repartidos, basicamente, pelos três ciclos de estudos: licenciatura, mestrado, e doutoramento. E como tem corrido este ano de adaptação? Miguel Gonçalves responde: “Este primeiro ano tem servido para limar arestas e afinar atuações de forma a mudança seja feita em tranquila continuidade para alunos, funcionários e docentes. É que apesar de ambas as ex-unidades de ensino fazerem parte do mesmo núcleo, o modus operandi de cada uma delas nem por isso deixava de ser autónomo e, por isso, com algumas naturais diferenças; há, portanto, que uniformizar procedimentos, de forma a tornar a Escola cada vez mais forte e mais eficiente face a todos os desafios”. Escolher a Católica em Braga As propinas pagas anualmente pelos alunos da Universidade Católica não são, propriamente, baixas, e mesmo que os alunos possam concorrer a bolsas como todos os restantes alunos das universidades públicas, justifica-se, mesmo assim, questionar a razão da escolha da Católica em tempos de crise. O nosso entrevistado refere que, mesmo a Universidade Católica seja una, não significa que não seja razoavelmente diversa. Ou seja, “nós estamos numa região geográfica não só particularmente afetada pela crise, mas também com baixo poder de compra e, por isso mesmo, as nossas propinas são adequadas à região onde estamos inseridos e ao próprio curso escolhido. Esta diferenciação é uma prática comum na Católica. Assim, a significativa procura dos nossos cursos deve-se, basicamente, a duas ordens de fatores: desde logo porque, felizmente, todos reconhecem à Católica a sua qualidade, o seu prestígio. A Católica é um valor seguro. Depois, as famílias sabem quanto custa ter um jovem numa universidade longe de casa, relativizando, por conseguinte, o valor a pagar para estudar na Católica. Estas duas questões acabam por ser determinantes para que as famílias aceitem fazer um esforço suplementar para financiar os estudos dos seus jovens. Os pais preferem até falar em investimento”. Até aos dias de hoje, o diretor não tem conhecimento de alunos que, objetivamente, tenham tido necessidade de abandonar os estudos pela incapacidade de financiar as propinas. Podem abandonar por outras razões mas não exclusivamente por razões dessa natureza. No limite, há mecanismos de apoio que garantem que tal não aconteça. E, se necessário, não é a impossibilidade de cumprir um plano de pagamento até ao final do seu ciclo de estudos que impede um aluno de ser licenciado ou mestre. Sabemos que dando-lhe a ferramenta, ser-lhe -á mais fácil encontrar o trabalho de que

necessita para honrar os seus compromissos connosco. Os valores que transmitimos também passam por aí. É a nossa marca. Caso não o façam, também nós falhamos na transmissão de valores aos nossos alunos”. O futuro “Temos que ser bastante realistas. A demografia não é favorável ao ensino superior português, no que à procura por estudantes nacionais diz respeito. Neste momento, temos crescido pelo chamado “efeito Guterres”, ou seja, a percentagem do aumento dos candidatos ao ensino superior reflete o ligeiro aumento da natalidade ocorrido no final da década do século passado. Mas este aumento é passageiro. Vamos ter que fazer caminho, sobretudo em termos internacionais: Dos PALOPS, ao Brasil e à China, como acontece na atualidade, mas não exclusivamente. Sobretudo, não poderemos deixar de aproveitar a presença dos jesuítas no mundo, para nos posicionarmos e alargar a nossa esfera de atuação. Por outro lado, ocupados os espaços das nossas tradicionais ofertas formativas, não deixaremos de perseguir a atração de novos públicos, de novos nichos, mesmo que para tal tenhamos que continuar a redesenhar o nosso lugar e o nosso espaço. Não aspirarmos a crescer muito, a diversificar a oferta indiscriminadamente. A nossa palavra de ordem - que é, simultaneamente, uma estratégia assumida pela Católica -, aponta, sobretudo, no sentido da especialização ou, como alguns preferem, na “especialização inteligente”, sempre ancorada na vertente ensino e investigação”afirma o nosso entrevistado, Miguel Gonçalves. CURSOS 2016/2017 Licenciaturas Psicologia / Filosofia / Ciências da Comunicação / Estudos Portugueses e Espanhóis / Serviço Social / Tecnologias de Informação e Comunicação / Turismo Mestrados Psicologia Clínica e Saúde / Psicologia do Trabalho e das Organizações / Psicologia da Educação / Património Cultural e Religioso / Comunicação Digital / Ensino do Português e de Espanhol / Literatura Portuguesa / Filosofia/ Tecnologias de Informação e Comunicação em Turismo / Turismo / Gerontologia / Ciências da Educação / Ensino de Informática Doutoramentos Filosofia / Literatura / Linguística / Estudos da Religião



Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Beja

O ensino e a inovação de mão dadas Em entrevista ao País Positivo, a diretora da ESAB, Dr.ª Maria Margarida Pereira afirma que esta instituição “acompanhada a dinâmica dos setores mais relevantes na região, com investimento na olivicultura e azeite, vinha e vinho, cereais de sequeiro e regadio.” A missão da ESAB A Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Beja (ESAB) assenta em 4 pilares: Ensino, Investigação, Transferência de Tecnologia e Prestação de Serviços, que se desenvolvem em 3 áreas de investigação interligadas: agricultura, agroindústria e ambiente. Tem procurado responder aos desafios decorrentes das oportunidades criadas pelo Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva, apostando na investigação em novas culturas de regadio para a região: fruteiras, frutos secos, horto industriais, papoila e sésamo. Oferta formativa e saídas profissionais A oferta formativa da ESAB organiza-se numa estratégia de formação ao longo da vida, permitindo a progressão da formação e a resposta às necessidades de qualificação dos ativos manifestadas pelo tecido produtivo. A fileira de formação inicia-se com os Cursos Técnicos Superiores Profissionais, com a duração de 2 anos, enqua-

drados nas atividades económicas da região como a Agropecuária Mediterrânica; Análises Laboratoriais; Culturas Regadas; Inovação e Tecnologia Alimentar, entre outras. Seguem-se as licenciaturas de 3 anos (Agronomia, Ciência e Tecnologia dos Alimentos e Engenharia do Ambiente), e os mestrados profissionalizantes (Agronomia, Engenharia Alimentar e Engenharia do Ambiente). As estruturas de apoio como os laboratórios e Museu Botânico disponibilizam uma variedade de serviços: diversos tipos de análises, consultadoria agrícola, valorização de produtos regionais e desenvolvimento de produto, serviço de inspeção de pulverizadores, e rede de ensaios de variedades e técnicas agrícolas. Visão de futuro da ESAB Pensando no futuro procuramos projetos que respondam às necessidades e desafios da região: parcerias com a rede de ensino regional; promoção de emprego no espaço do Alqueva; adaptabilidade de novas culturas/variedades; abordagem integrada da sustentabilidade do território; análise dos impactes ambientais da produção e da transformação; monitorização de poluentes; minimização e adaptação do setor agrícola às alterações climáticas; estratégias de recuperação do montado; reutilização de efluentes; biocombustíveis. As oportunidades da região Alentejo são imensas e a ESAB pretende constituir-se como um importante polo de apoio aos setores agrícola, agroalimentar e proteção do ambiente, assegurando formação de recursos humanos, prestação de serviços à comunidade e investigação necessária ao desenvolvimento económico e social da região.

Maio 2016


Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro Maio 2016

Objetivo: Cooperar com a sociedade Entrevista a Nuno Lopes, Diretor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro. A cooperação com a sociedade é fundamental para o crescimento das instituições do ensino superior. Nesse sentido, qual a visão do DECivil da UA? A cooperação com a sociedade, para além de ser assumida como uma responsabilidade, sempre fez parte da visão e da missão da Universidade de Aveiro, como agente de transformação social através do conhecimento. O Departamento de Engenharia Civil (DECivil) reúne um conjunto de competências que disponibiliza por via do desenvolvimento de materiais, produtos, realização de ensaios, consultadorias e peritagens, valorizados pela sociedade. Todos estes serviços/ competências encontram-se reunidos num portefólio de competências e serviços (http://portefolio.ua.pt/view.aspx?U=decivil) que o DECivil disponibiliza à sociedade. Este portefólio constitui uma ferramenta facilitadora e dinamizadora das interações entre o DECivil e as diversas entidades externas e tem como objetivo último promover e contribuir para o desenvolvimento económico da região de Aveiro e do país. O Departamento de Engenharia Civil participa ainda de forma ativa em várias plataformas tecnológicas da Universidade de Aveiro que reforçam e dinamizam a ligação da UA ao tecido empresarial. Vários docentes integram as equipas multidisciplinares de investigadores e docentes da UA das plataformas tecnológicas do Habitat@ua, da Bicicleta e Mobilidade Suave, do Mar e da Floresta. Quais os projetos já em curso e de que forma pretendem incrementar ainda mais esta cooperação? Do lado do Departamento de Engenharia Civil, as várias peritagens e consultadorias que tem prestado nas temáticas da sustentabilidade, riscos e reabilitação tem ajudado a moldar uma sociedade com sinais de inovação. São vários os exemplos de colaborações, dos quais se destacam os estudos realizados sobre a dinâmica sedimentar de embocaduras de estuários e regiões costeiras adjacentes, a realização de ensaios de resistência ao fogo de portas corta-fogo e paredes, a realização de estudos das necessidades de proteção

ao fogo de estruturas de edifícios, o desenvolvimento de materiais de construção e soluções construtivas, estudos e projetos ligados à reabilitação do património edificado, entre outros. Do lado da sociedade é de destacar o acolhimento de estudantes finalistas do Mestrado Integrado em Engenharia Civil em estágios curriculares, o que permite a antecipação do seu primeiro contacto com o mercado do trabalho, possibilitando assim a continuação da sua formação e o desenvolvimento de outras competências fora do campus da universidade. Ainda em relação à formação, a nova Licenciatura em Reabilitação do Património, constitui uma resposta a uma exigência atual de formação de técnicos especializados numa área em que o país tem necessidades e que apresenta um claro potencial de crescimento. A cooperação com a sociedade é uma clara aposta do DECivil, pretendendo-se no futuro potenciar essa relação através, designadamente, das plataformas tecnológicas da Universidade de Aveiro, e de outras estruturas da universidade como são o caso da Unidade de Transferência de Tecnologia (UATEC) e do Gabinete Universidade Empresa (GUE) que tem como principal missão, promover de forma estruturada e agrupada, o Portefólio de Competências e Serviços da UA e neste caso específico o do DECivil. O futuro passa por uma maior ligação entre ambos ou pela criação de novos serviços que respondam as necessidades da comunidade? Implantada no seio de uma região com grande dinâmica industrial, a Universidade de Aveiro foi sempre desafiada na resolução de problemas atuais, e esses desafios com consequência societal são ainda mais visíveis na área da Engenharia Civil, desde da criação de soluções e tecnologia construtiva no âmbito da eficiência energética e conforto térmico das construções, na reabilitação e salvaguarda do património edificado e na avaliação de riscos, quer à escala do edifício ou infraestrutura, zona urbana ou região. Num contexto de constante mudança em que questões como a sustentabilidade, a energia e a mobilidade estão na ordem do dia, o DECivil procura adaptar-se aos desafios colocando ao serviço da comunidade todas as suas competências e serviços. O DECivil é um apoio fundamental da sociedade? É um garante de sustentabi-

lidade e inovação? O Departamento de Engenharia Civil dá um conjunto de respostas às necessidades da sociedade. A sustentabilidade e a inovação são premissas inerentes às colaborações, prestações de serviço, transferência tecnológica com a sociedade, constituindo experiências de aprendizagem recíproca. Foi com docentes do Departamento de Engenharia que nasceram várias associações. O CentroHabitat, entidade gestora do cluster habitat sustentável que apoia a inovação e reforço da competitividade das empresas, a ANQIP, entidade pioneira para a qualidade das instalações prediais e a gestão sustentável da água e a Casa Passiva, dedicada ao conceito da Passive House e Nearly Zero Energy Buildings. Em 2013 foi fundada por antigos estudantes do DECivil uma empresa dedicada às argamassas tradicionais para aplicação na reabilitação de edifícios antigos. Esta empresa, spin -off da Universidade de Aveiro, surgiu na sequência de trabalhos de investigação realizados no Departamento de Engenharia Civil. Todas estas entidades exercem a sua ativida-

de visando dar um contributo de sustentabilidade ao ambiente construído, promovendo dessa forma a qualidade de vida das pessoas. Para além disso mostram a forte ligação do DECivil à sociedade num caminho em que a sustentabilidade e a inovação são duas diretrizes fundamentais. Que mensagem gostariam de deixar aos nossos leitores, no âmbito da cooperação entre sociedade e DECivil? O Departamento de Engenharia Civil está ao dispor do tecido empresarial, das instituições públicas e privadas e da comunidade em geral, para a prestação de serviços especializados e no apoio à promoção da inovação empresarial com as competências dos investigadores do DECivil. A oferta formativa do DECivil, designadamente, o Mestrado Integrado em Engenharia Civil e a recente Licenciatura em Reabilitação do Património são também uma resposta aos desafios atuais no sector da construção e mostram que o DECivil está atento às novas tendências e necessidades da sociedade.


Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora Maio 2016

Ensino e investigação de mãos dadas, rumo à inovação Desde a sua criação, em 2009, a Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora tem como principal linha orientadora a articulação do ensino de qualidade e a investigação científica de referência, em prol da inovação e da resolução de problemas da sociedade. O País Positivo falou com Mourad Bezzeghoud, director da Escola, para perceber o trabalho realizado por esta estrutura, no campo da investigação científica.

Instalada em cinco polos diferentes, a Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora (ECTUÉ) é constituída por 12 departamentos, oferece 45 cursos, ao nível da Licenciatura, do Mestrado, e colabora ativamente ao nível do Doutoramento, com o Instituto de Investigação e Formação Avançada da Universidade de Évora, através de vários programas doutorais e Erasmus Mundus, financiados pela Comissão Europeia. Com quase 3 mil alunos e cerca de 300 professores, a Escola é cada vez mais reconhecida e requisitada pela comunidade científica e sociedade em geral. A este facto não é, certamente, alheio o envolvimento, cada vez maior, da Escola com a investigação científica e com o trabalho que realiza com os “stakeholders” locais, nacionais e internacionais (municípios, instituições de ensino e de investigação, empresas e associações,…). Quem nos explica isso mesmo é Mourad Bezzeghoud, diretor da ECTUÉ, revelando que a Escola já é reconhecida como referência nacional e mesmo interna-

cional, graças à investigação científica que desenvolve e que tantos frutos tem proporcionado. A testemunhar tal facto, salientese que recentemente a Universidade de Évora foi considerada, ao nível nacional, “a quarta instituição com maior produção científica, nas áreas do Ambiente e Ecologia, o que é muito significativo para uma universidade, situada na periferia do poder político”, conta o nosso entrevistado, explicando que a Escola “está muito focada nas Ciências Agrárias e do Ambiente, nas Ciências da Vida e Naturais, nas Ciências Exatas e Tecnológicas, no Património natural e construído, assim como nas Ciências Animais”. A ECTUÉ tem sediados dois centros de investigação avaliados como “excelente”, o Laboratório HERCULES (Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda) e o ICT (Instituto de Ciências da Terra) e dois centros avaliados com “bom”, o ICAAM (Instituto de Ciências Agrarias e Ambientais Mediterrânicas), e o CIMA (Centro de Investigação em Matemática e Aplicações), assim como tem uma participação ativa, através de docentes/investigadores da ECTUE, em vários outros centros de investigação nacionais, onde merece especial destaque os seguintes: CIDESD (Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano), GEOBIOTEC (Geobiociências, Geotecnologias e Geoengenharias), INBIO/CIBIO.UE (Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva), MARE-UE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente) e todavia existindo ainda dois centros, o CQE (Centro de Química de Évora) e o LISP (Laboratório de Informática, Sistemas e Paralelismo). Como resultado da investigação desenvolvida destaque-se ainda a existência de quatro laboratórios que prestam serviços à comunidade: LQA (Laboratório Químico Agrícola), LIRIO (Laboratório de Investigação em Rochas Industriais e Ornamentais), LA-UE (Laboratório de Água), CIEMAR (Laboratório de Ciências do Mar). PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA FINANCIADOS PELO ALENTEJO 2020 A investigação científica é uma grande aposta desta Escola. Assim, saliente-se que dos primeiros 24 projetos, recentemente aprovados, no âmbito do SAICT (Sistema de Apoio à Investigação Cientí-

fica e Tecnológica), enquadrados na Agenda da Competitividade e Internacionalização, 16 projetos são liderados por docentes da ECTUÉ, financiados através do Alentejo 2020, Programa Operacional Regional do Alentejo para o período 2014-2020, que tem, entre outros objetivos, fomentar a sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos. Neste sentido, Mourad Bezzeghoud revela que “foram a concurso 44 projetos de várias entidades públicas e privadas do Alentejo. Desses 44, apenas 24 foram aprovados, sendo que desse número, 21 são projetos em que a Universidade de Évora participa. No fundo, é para nós uma grande satisfação ter todos estes projetos aprovados.” O FOMENTO DA INVESTIGAÇÃO E A COLABORAÇÃO INTERINSTITUCIONAL A testemunhar o empenho constante no desenvolvimento de projetos científicos, refira-se que a Escola de Ciências e Tecnologia tem, sobretudo nos últimos anos, promovido o envolvimento e trabalho colaborativo, não só dos seus docentes e investigadores, pertencentes a centros e laboratórios de investigação distintos, mas também de diversas entidades públicas e privadas reconhecidas. “Nos últimos anos, em estreita colaboração com a ADRAL (Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo), realizamos vários tipos de workshops, nos quais convidámos os empresários da região, para debaterem connosco os seus problemas e tópicos de interesse para o desenvolvimento das suas empresas”, expõe o Diretor. “Desta forma, percebemos o que é necessário fazer, orientando a nossa investigação, no sentido de dar também resposta às necessidades das empresas. Assim, temos trabalhado bastante nas áreas da Energia, Informática e Ambiente”. Contudo, a comunidade de investigadores da ECTUÉ não desenvolve colaboração apenas com as entidades particulares, como esclarece o nosso entrevistado: “trabalhamos, também, muito com as câmaras municipais e respectivas comunidades intermunicipais, essencialmente nos domínios da Educação e do Ambiente. Aliás, a Universidade tem uma estreita colaboração com empresas e municípios e com eles criou um ambiente propício para melhor pensar a Região e o empreendedo-

rismo, tendo sempre em vista dar uma resposta cabal às carências do País”. A TRANSMISSÃO DA IMPORTÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Actualmente a estratégia da Escola passa por assumir-se como uma estrutura de referencia ao nível do desenvolvimento científico e tecnológico, bem como em termos de formação de recursos humanos, com o fim de transmitir Conhecimento e prestar serviços à comunidade. Nesta perspetiva, a importância do envolvimento dos alunos na investigação científica tornou-se evidente. “Há uns anos mudámos a nossa estratégia para permitir aos alunos desenvolver investigação, em conjunto com os docentes”, relata o representante da Escola, especificando como está a ser levado a cabo o incentivo à participação dos alunos, “estamos a organizar várias jornadas científicas, onde os docentes explicam como realizam os projetos e apresentam resultados de investigação, aos alunos do 1º ciclo, que acabam por ficar incentivados”. Mas, para o Diretor, “as bolsas de investigação são o maior incentivo, pois permitem aos alunos, trabalhar na área que gostam, ao lado de docentes e investigadores”. Na certeza de que a investigação é a base da educação e da formação, Mourad Bezzeghoud conclui a entrevista salientando que “o papel da Universidade é formar os alunos e transmitir o conhecimento às instituições públicas e às empresas, assim como promover a sua divulgação na sociedade em geral. Aliás, a este propósito, saliente-se o trabalho desenvolvido pelo LIRIO (Laboratório de Investigação de Rochas Industriais e Ornamentais - Polo da Universidade de Évora em Estremoz) ao nível da Ciência Viva, durante os dez últimos anos, que além da divulgação, tem promovido a popularização das ciências e da tecnologia. A investigação é uma base estruturante para ministrar ensino de qualidade e, consequentemente, promover o desenvolvimento de uma formação sempre actualizada. Aliás, os projetos aprovados, pelo programa de financiamento europeu, vão inovar em muito nas áreas das ciências e tecnologia. Ao atingirmos esses propósitos, afirmamos a Escola ao nível do ensino e da investigação de qualidade, colmatando também as necessidades de inovação da Região”.


Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora Maio 2016

A cumplicidade entre o ensino e a investigação

Silvério Rocha Cunha, Diretor da ECS

Entrevista a Silvério Rocha Cunha, Diretor da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora.

A Escola de Ciências Sociais (ECS) tem, como todas as escolas universitárias, a missão de produzir e socializar o conhecimento, de avançar respostas para os diversos problemas que se colocam às sociedades avançadas. Embora os Estatutos da Universidade de Évora tenham instituído uma unidade orgânica que centraliza e dinamiza a formação avançada (IIFA), nem por isso a ECS deixa de se focar na dupla missão de ensinar e investigar, pois é desta necessária cumplicidade que se obtém a força que afirma o ensino universitário. Quis a sua história, e a biografia dos seus professores, que nesta escola tenha desaguado um grande volume de interesses do conhecimento, uma grande massa de temas científico-culturais que se afirmam em si e para além de si. Com efeito, nela se ensinam e cientificamente convivem áreas tão distintas, mas igualmente tão convergentes para a compreensão do mundo, como a Psicologia, a Economia, as Literaturas e a Linguística, a Gestão,

as Ciências Políticas e as Relações Internacionais, a Arqueologia, a Sociologia, as Ciências da Educação, a História, o Património Cultural, o Turismo e a Filosofia. Os saberes já servem a sociedade pelo seu livre desenvolvimento. Mas devem, também, exprimir-se em termos de utilidade e visibilidade sociais imediatas. Assim, na ECS têm sido levados a cabo programas e projetos que afirmam a Escola. Dou apenas alguns exemplos: o programa “Máquina do Tempo” na TVI24; a existência de uma Unidade de Monitorização de Políticas Públicas; programas de promoção do empreendedorismo, de que a ECS foi pioneira e líder na sua criação e ensino; a interligação permanente com as entidades ligadas ao sector do turismo rumo a uma crescente melhoria da sua prática e do ensino; parcerias no âmbito da educação com a Câmara Municipal de Évora e outras instituições. Também a internacionalização é um vector da política da ECS. Desde há muitos anos que diversos dos seus departamentos e grupos de professores lecionam, para além do previsto nos programas internacionais de mobilidade dos docentes, cursos da Escola noutros países, nomeadamente nos países de língua portuguesa, com isso granjeando reconhecimento e trazendo alunos da lusofonia para o nosso país, enriquecendo e afirmando a presença cultural de Portugal no mundo. Mas a internacionalização conhece outros modos. Na verdade, a Universidade de Évora é mais do que uma universidade pública no sul do território nacional. Temos de vê-la como uma universidade no sudoeste ibérico e europeu. Assim, tem vindo a

ECS a entabular parcerias de dupla titulação com a Universidade da Extremadura, aprofundando com esta universidade espanhola laços de cooperação que se desejam cada vez mais profundos. Mas deve a ECS voltar-se claramente para as zonas mediterrânicas, oferecendo conhecimento e estabelecendo parcerias com as universidades desta parte do mundo, não apenas hoje tão decisiva para o nosso devir geopolítico, mas ainda tão importante em termos históricos para o conhecimento das raízes da nossa identidade nacional. Ganham, deste modo, sentido mais profundo iniciativas como a da instituição, recente, da Cátedra de Ensino Cláudio Torres, na medida em que vêm relançar ensino e investigação voltados para um mais complexo e sofisticado conhecimento das profundas relações de Portugal com as civilizações da bacia mediterrânica. É igualmente a ECS uma escola universitária “amiga” daqueles que para cá vêm estudar. Escola atualmente com cerca de 1800 alunos e mais de 180 professores e funcionários não docentes, pertence a uma das duas universidades históricas do país (Évora e Coimbra), situadas em cidades universitárias de dimensão média onde o estudante é “sujeito” da cidade, porque integra de forma marcante a sua paisagem humana, a modifica e a rejuvenesce, onde se integra facilmente e onde socializa com tempo e tranquilidade. É importante que as universidades e escolas universitárias saibam acolher os seus estudantes, que devem viver os tempos da sua formação académica a um tempo com sentido de responsabilidade e alegria. A ECS tem vindo a criar um modelo de receção aos seus estudantes que pretende, a partir do próximo ano, introduzir os jovens que nos procuram nas metodologias do estudo na universidade, em cursos onde os seus alunos se sintam próximos da instituição e dos seus professores, onde a aquisição das competências científicas e técnicas que os lançam numa sociedade cada vez mais exigente sirva igualmente para o desenvolvimento da sua personalidade enquanto atores e fautores do destino coletivo.


UGT Maio 2016

Pela defesa dos direitos dos trabalhadores Declaração de Carlos Silva, Secretário-Geral da UGT sobre o papel futuro do movimento sindical.

Carlos Silva, Secretário-Geral da UGT

Estamos numa das mais icónicas instituições do movimento sindicalista português numa altura em que se aproxima o 25 de Abril, um marco da agenda nacional nesta matéria Pergunto-lhe se comunga da ideia de que o país terá esquecido os princípios que nortearam a revolução portuguesa. Penso que não Pelo menos da parte da UGT e naquilo que me diz respeito não esqueceu. Ainda hoje tivemos executivo e decidimos que iremos participar no desfile tradicional, promovido pela Associação 25 de Abril que, como é sabido, congrega no seu seio muitas instituições e organizações cívicas, políticas e sociais. É verdade que a sua esmagadora maioria está muito conotada com a esquerda, mas convém realçar que o 25 de Abril não é só um movimento e uma marca ligada à esquerda. Tem muito a ver com uma simbologia específica do que foi a libertação de Portugal de uma mordaça que foi a ditadura e a transição para a Democracia. Portanto, o 25 de Abril é uma marca que deve ser comemorada com res-

peito, exaltação e elevação patriótica, porque ainda continua a representar um conjunto de valores e princípios. É certo que às vezes parecem esquecidos, o que muito se deve aos constrangimentos que o país tem vivido e aos sobressaltos dos últimos anos. A sua questão tem-me sido colocada por muitos cidadãos, nomeadamente quando me desloco a empresas e falo com trabalhadores. A nossa intenção é, cada vez que há esta data, estarmos na rua a comemorá-la, mas todos os dias devem ser de exaltação ao espírito que presidiu ao 25 de Abril. Todos os dias é necessário lutar por direitos, lembrar que as pessoas têm deveres e direitos e que muitos deles foram construídos com a Constituição da República de 1976, que se foi aprofundando e, às vezes, parece estar esquecida. Como nos últimos anos em que, na realidade, se violentaram princípios constitucionais. Felizmente, temos conseguido ultrapassar esses dias e, na verdade, o 25 de Abril é um dia com muita esperança à mistura e a UGT continuará a bater-se para que aquilo que levou militares e uma geração de combate a lutar, continue a ser a mola condutora daquelas que devem ser as políticas democráticas de Portugal. É habitual ouvi-lo falar num futuro de esperança, num futuro positivo. Qual o papel que o movimento sindical poderá ou deverá desempenhar? Os sindicatos, contrariamente ao que muitos pensam, são organizações coletivas que apenas desejam ter mais força para reivindicarem uma determinada posição. Um trabalhador numa empresa ou na administração pública, sozinho, tem a força que tem, ou seja, é praticamente equivalente a zero; se os trabalhadores estiverem unidos dentro de uma organização, seja para fazer lobby, para defender direitos ou construir, terão naturalmente mais força. É dentro do princípio de que “a união faz a força” que o movimento sindical assenta a sua génese. Mas, para todos fazermos força para o mesmo lado, dentro do movimento sindical, é preciso sermos solidários e generosos e, por vezes, cria-se a imagem no nosso país de que existem duas centrais sindicais que estão de costas voltadas, o que não corresponde à verdade. Os objetivos são comuns e a diferença é a mesma que existe nos partidos políticos e reside na forma que preconizamos para alcançar esses objetivos.

Nem sempre estamos de acordo mas existe convergência em muitas posições. Mas há uma conquista do movimento sindical – e a UGT pode orgulhar-se disso em particular – que, em 1986, apostou fortemente no aprofundamento do diálogo social em Portugal, quando conseguiu trazer para cá as regras da OIT. Esta sempre apostou no Tripartismo – Governo, empregadores e trabalhadores – e nós temos a concertação social. E, 30 anos depois da sua constituição em Portugal, vemos que existem algumas forças e tendência para levar para o Parlamento um conjunto de matérias que vinham a ser discutidas em concertação. E a própria CGTP e os partidos mais à esquerda que sustentam o atual Governo no Parlamento têm feito alguma força, o que é notório com projetos lei do Bloco de Esquerda e as Jornadas Parlamentares do PCP, para que algumas questões sejam discutidas e aprovadas no Parlamento E a pergunta que fazemos é: hoje, em Democracia, a concertação social, a CGTP e os partidos à esquerda querem levar o assunto para o Parlamento e no dia em que o Governo mudar? E se tivermos novamente a direita no poder? Aí já vamos discutir o assunto na concertação porque não temos maioria no Parlamento? A UGT, naturalmente, compreende, sem demagogia, que existem questões que os empresários gostariam de ver discutidas na concertação para não acordarem nada. Temos reivindicado a questão dos 25 dias de férias, as 35 horas semanais de trabalho na administração pública ou no sector privado, em particular o reforço da negociação coletiva mas, depois, também somos confrontados por muitos milhares de empresas que não querem nenhuma negociação coletiva, que levam a caducidade das convenções até à última consequência para sermos todos remetidos para o Código do Trabalho Portanto, olhamos para isto com um misto de alguma indignação porque somos defensores da concertação social mas achamos que os patrões, também sendo defensores da concertação, depois não querem chegar a determinado tipo de acordos. A UGT não subscreve a demagogia e algum populismo que alguns partidos à esquerda no Parlamento têm mas, no dia em que conseguirem no Parlamento o que não se consegue com o diálogo social entre parceiros e governo, acabou a concertação social em Portugal.


Sindicato dos Enfermeiros Maio 2016

Pela capacitação dos enfermeiros José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, fala, em entrevista ao País Positivo, sobre o estado do sindicalismo em Portugal e sobre as suas pretensões para a profissão de Enfermeiro, num mês que se celebra o dia do Enfermeiro.

José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros

Para José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, “sem “P”, porque há muito quem queira fazer a confusão entre Sindicato dos Enfermeiros e Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, mas há que referir que estas duas instituições são completamente diferentes”. Começando desde logo com esta distinção, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros mais antigos do país avança que, desde o 25 de Abril de 1974, os valores se perderam e, em grande parte, isso deve-se à profissionalização da política que, “deu como resultado a permanência, nestas lides, de pessoas com poucos valores, ideais ou mesmo visão de futuro. Ora, isto fez com que o país se inundasse de pessoas que nada fazem além viver da política e, no caso concreto do sindicalismo, aconteceu precisamente o mesmo”. Para José Azevedo, a noção de sindicalismo e baseada na luta pelos direitos e deveres de uma Classe profissional e é isso que tem tentado fazer ao longo de todos estes anos que encabeça a liderança deste Sindi-

“ Conseguimos colocar todos os enfermeiros reunidos em torno de uma causa e isso fez com que estivesse próxima a declaração de emergência porque, de facto, os serviços não estavam a ser cumpridos. Foi uma greve tão bem organizada que surtiu os efeitos necessários e rapidamente conseguimos ver a carreira reconhecida de uma forma transversal”

cato que, hoje, tem cerca de seis mil associados. Quem não se lembra da Greve dos enfermeiros de 1976 que colocou em causa todo o sistema de saúde? “Conseguimos colocar todos os enfermeiros reunidos em torno de uma causa e isso fez com que estivesse próxima a declaração de emergência porque, de facto, os serviços não estavam a ser cumpridos. Foi uma greve tão bem organizada que surtiu os efeitos necessários e rapidamente conseguimos ver a carreira reconhecida de uma forma transversal”. Esta greve foi tão importante que, durante muitos anos, não houve vontade de realizar mais nenhuma greve, no país. E, segundo o nosso entrevistado, essa greve serviu também para que se quisesse «comunizar», também, o Sindicato dos Enfermeiros mas José Azevedo, sempre se opôs a essa tomada de poder e recusou sempre a entrada do PC na vida do Sindicato. Além disso, revela ainda que o sindicalismo não tem hoje, o mesmo peso, porque os descendentes dos militares da revolução


Sindicato dos Enfermeiros Maio 2016

desconhecem o que custou a conseguir esta liberdade. O 1º de Maio e o assalto do PC No primeiro 1º de Maio celebrado em Portugal, conta José Azevedo que o Partido Comunista tentou assaltar as instalações do Sindicato dos Enfermeiros do qual ele, José Azevedo, era presidente da Mesa da Assembleia Geral, resistiu e conseguiu evitar a tomada de assalto. Nessa altura, conta, a Classe estava divida entre Auxiliares de Enfermagem e Enfermeiros do curso geral e a grande evolução que se dá com este Sindicato “é que, quando em 75, se começa a falar na lei sindical, nós fomos os primeiros a participar nessa lei, juntamente com outras figuras sonantes da época que apoiavam uma pluralidade sindical. Nessa altura, a primeira coisa que fizemos foi a promoção dos auxiliares de enfermagem e isso deu um impulso que viria a dar efeitos para a tabela salarial em 1976, altura em que se fez a greve e cujo resultado foi a subida de cinco letras na tabela salarial.” O vencimento do Superintendente passou para o Enfermeiro de 2ª classe. Como participaram em muitos movimentos, “e estávamos devidamente organizados, tínhamos muita experiência sindical. Na altura, fruto da época, a questão sindical acabava por se misturar com a deontológica, já que a carteira profissional tinha também inerentes as questões deontológicas”. Com a entrada de Leonor Beleza para o governo, dá-se a passagem do ensino de enfermagem para o Ministério de Educação, a nacionalização das escolas de enfermagem a criação de programas de ensino uniformizados. Isto foi um avanço tremendo para os Enfermeiros, porque se acabou com os auxiliares e começam a existir os Enfermeiros licenciados, razão que os faria progredir na carreira de forma constante, consoante a sua formação. “Entramos na era moderna, com muito prestígio, já que a carreira estava a produzir os seus efeitos práticos. Em 1996, há um fenómeno engraçado, que é a criação do REPE – Regulamento do Exercício Profissional de Enfermagem - que introduz a noção de “complementaridade” na função do

“ Entramos na era moderna, com muito prestígio, já que a carreira estava a produzir os seus efeitos práticos. Em 1996, há um fenómeno engraçado, que é a criação do REPE – Regulamento do Exercício Profissional de Enfermagem – que introduz a noção de “complementaridade” na função do Enfermeiro, anulando assim todo o sentido da licenciatura.”

Enfermeiro, anulando assim todo o sentido da licenciatura. Segue-se a criação da Ordem dos Enfermeiros em 1998 que, contrariamente ao que seria de esperar, porque estariam criadas as condições para melhorarmos as nossas condições profissionais, deita por terra todos os avanços, na luta pelos direitos e deveres dos enfermeiros, em Portugal. Hoje, temos uma Ordem Profissional, que nada vela pelos interesses profissionais dos seus Membros e que pouco dignifica a Profissão”. Dia 12 de Maio – Dia Internacional dos Enfermeiros Florence Nightingale foi uma enfermeira britânica, que ficou famosa por ser pioneira da Enfermagem moderna e celebrizou-se no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da Crimeia, reduzindo a mortalidade nos feridos de 42 para dois por cento, combatendo eficazmente a gangrena gasosa e a erisipela mediante o arejamento estratégico das enfermarias. O Hospital de dª Estefânia, em Lisboa, foi planeado por Florence. Foi ela que instituiu o processo clínico e que

além do posicionamento das janelas e orientação, através delas, das correntes de ar para limpeza dos ares poluídos, com bactérias. Esta foi uma personagem fundamental para os Enfermeiros, porque mostrou a importância desta Profissão nos cuidados principais de saúde. De facto, os Enfermeiros são o elemento fundamental para que os cuidados de saúde sejam adequados, às necessidades. São estes profissionais que garantem a idoneidade do tratamento dos pacientes e a melhor resposta ao diagnóstico e observações do Médico. Todos sabemos que é o Enfermeiro que permanece 24 horas com o paciente, ao contrário do médico, que vai passando e só é chamado, em último recurso. Aliás, existem mesmo países em que as urgências apenas têm Enfermeiros, que garantem o correto atendimento de emergência; dos episódios de urgência e onde o médico

apenas é chamado em caso de necessidade e do algoritmo, criado de comum acordo, por Médicos e Enfermeiros. Até lá, o Enfermeiro assegura os cuidados necessários de saúde a todos os que acorrem ao serviço de urgência. Em Portugal, tal só não é possível, por duas razões: Falta de capacidade de afirmação da Classe, para reconhecer o que faz, na 1ª hora de recurso às Urgências – devido à deficiente representação por parte da Ordem dos Enfermeiros – e ao poderosíssimo lobby dos médicos, que se julgam com direito a controlar tudo, mesmo o que não fazem nem sabem fazer. Pegue-se, no dia 12 de Maio como fonte de inspiração para todos os Enfermeiros. Que estes ganhem a coragem necessária para se afirmarem num sistema de saúde doente e enfraquecido, por distorções aberrantes e gananciosas.


CEFOSAP Maio 2016

20 Anos a formar trabalhadores Na direção do CEFOSAP - Centro de Formação Sindical e Aperfeiçoamento Profissional, desde 2007, Jorge Mesquita, abre as portas desta instituição para receber o País Positivo e apresentar os projetos, a oferta formativa e o futuro deste centro de formação com ligação matricial à UGT.

Jorge Mesquita

A génese do CEFOSAP remonta a 1996. Como define o centro e o que levou à sua fundação? O CEFOSAP é o Centro de Formação Sindical e Aperfeiçoamento Profissional e tem dois outorgantes: o IEFP – Instituto de Emprego e de Formação Profissional e UGT – União Geral de Trabalhadores. Isto define a nossa matriz, tendo como parceira a UGT somos obviamente um centro de formação sindical, como tal, temos preocupações muito particulares, tais como a de direcionar a nossa atividade para os seus dirigentes e ativos sindicais (da UGT) e, sobretudo, para os trabalhadores sindicalizados que estão afetos aos diversos sindicatos da UGT espalhados pelo país. De acordo com a nossa matriz de funcionamento e da competência de formação, que nos está atribuída, e com as necessidades que estes sindicatos diagnosticam, nós temos de fazer um matching para encontrar um ponto de equilíbrio para satisfazer as necessidades de formação garantindo compe-

tências e a melhoria de capacidades funcionais a todos os trabalhadores ativos que, por sua vez, estão associados aos sindicatos associados à UGT. A capacidade de mutação do CEFOSAP acompanhou as necessidades dos associados? O que temos vindo a verificar é que, ao longo destes 20 anos, o mercado laboral e as condições de trabalho têm vindo a alterar-se e, na maior parte das vezes, não foi para melhorar as condições de vida e de trabalho das pessoas. Com o desemprego a aumentar, as necessidades de formação sofreram diversas variações e não são, de forma alguma, as mesmas que existiam em 1996, a altura em que nasceu o CEFOSAP. O centro tem preocupações que se traduzem na nossa responsabilidade social e para com essas pessoas; hoje, a nossa preocupação centra-se em suprir as necessidades formativas que os trabalhadores, muitos deles desempregados, têm. Anteriormente tínhamos uma realida-

“ De acordo com a nossa matriz de funcionamento e da competência de formação, que nos está atribuída, e com as necessidades que estes sindicatos diagnosticam, nós temos de fazer um matching para encontrar um ponto de equilíbrio para satisfazer as necessidades de formação garantindo competências e a melhoria de capacidades funcionais a todos os trabalhadores ativos que, por sua vez, estão associados aos sindicatos associados à UGT.”


CEFOSAP Maio 2016 de que se traduzia numa população ativa empregada muito forte, mas ao longo dos anos fomos observando que essa taxa estava diminuir e, por outro lado, a taxa da população ativa desempregada passou a aumentar substancialmente. A nossa atitude foi, em primeiro lugar, a de não deixar estas pessoas – que se encontravam numa situação de fragilidade laboral, emocional e algumas de dramatismo – ficassem desprotegidos. Perante estas condicionantes económicas e laborais qual é o papel dos sindicatos da UGT? Os sindicatos afetos à UGT estão com os seus associados em todos os momentos e defendem as suas causas, mesmo naqueles momentos menos bons que, por sua vez, são aqueles em que as pessoas mais necessitam de apoio e de respostas que os ajudem a voltar ao mercado laboral. Se o sindicato pugnar para que o seu associado regresse ao mercado de trabalho no mais curto espaço de tempo, essa pessoa vai recordar-se sempre de quem o apoiou, de quem lhe deu a mão no momento que mais precisou. É esta simbiose de responsabilidade social, de acompanhamento cultural e social, de avaliação de necessidades formativas, de certificação de competências ou de requalificação ou reconversão das mesmas, que podem parecer não ter relação entre si, mas que cada um deles, de per si, podem contribuir para que cada pessoa que esteja numa situação de fragilidade possa ter uma alternativa credível para poder voltar ao mercado de trabalho – se estiver desempregado – ou para redirecionar a sua carreira se estiver empregado e ansiar evoluir profissionalmente. A UGT, ao dar cobro a estas situações, através da sua preocupação política, do seu guarda chuva de preocupação social, logicamente consegue confirmar a sua razão de existir e suporta a sua luta em mais de 35 anos de democracia. Por outro lado, importa, também, destacar o papel que as Uniões distritais têm desempenhado. Tem sido de extrema importância como fator de proximidade dos trabalhadores, a par da presença como interlocutor privilegiado junto das forças políticas, empresariais e socias, em cada um dos distritos. A oferta formativa do centro é variada e tem a sua área de intervenção. O do CEFOSAP mantém-se exclusivamente na esfera sindical? Cada centro de formação é criado dentro uma determinada área de intervenção e este centro de formação tem a sua na área sindical. Durante muitos anos o CEFOSAP estava confinado a alguns re-

“ Os sindicatos afetos à UGT estão com os seus associados em todos os momentos e defendem as suas causas, mesmo naqueles momentos menos bons que, por sua vez, são aqueles em que as pessoas mais necessitam de apoio e de respostas que os ajudem a voltar ao mercado laboral.”

ferenciais de formação e, a certa altura, começamos a sentir a necessidade de – uma vez que somos um centro de formação de uma central sindical universal e temos sindicatos abrangentes de muitos setores de atividade – alargar o âmbito de intervenção. Tivemos de nos adaptar e junto dos organismos tutelares fazer entender que a nossa natureza nos forçava a dar resposta a essas, cada vez mais vastas, necessidades. Felizmente essas entidades compreenderam e aceitaram a nossa perspetiva de poder tocar outras áreas para satisfazer as solicitações das dezenas de milhar de trabalhadores que fazem formação connosco. Segundo os dados que o IEFP, que é nosso outorgante, apresentou, está demonstrado que o CEFOSAP está, de alguns anos para cá, no topo dos centros de formação protocolares não só no volume de formação como no número de pessoas abrangidas. O CEFOSAP tem competências e meios humanos disponíveis, generosos e capacitados para ajudar as pessoas, por isso tentamos tocar todas as áreas de intervenção que acreditamos serem essenciais para os nossos formandos: a área da formação sindical, profissional, do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), ao nível das parcerias - que são muito importantes – da cooperação seja esta com os países de expressão portuguesa, quer com os países europeus e da América do Sul. O reforço destas intervenções tem sido a tónica da liderança do secretário-geral da UGT, Dr. Carlos Silva. Qual é o perfil do formando que faz a requalificação das suas competências? De acordo com os dados históricos, verificamos que o desemprego veio marcar de forma significativa o perfil do formando, conforme referido anteriormente. Para além da elevada taxa de público desempregado, que quer adquirir competências para um regresso breve à atividade, há um número significativo de trabalhadores que pretende reforçar as competências

que já possui com outras que lhes permita uma valorização profissional ou, noutros casos, um redireccionamento da sua atividade profissional. O CEFOSAP começou por destacar-se na altura dos RVCC... O centro de formação tem tido um papel importante no domínio do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Aconteceu no âmbito dos CNO – Centro Novas Optortunidades e continua empenhado enquanto CQEP - Centro de Qualificação e Ensino Profissional. Uma vez mais destaco o papel dos sindicatos e da Uniões distritais, que localmente, por todo o território continental, mobilizam os seus associados. Importa, ainda, destacar o fato de o CEFOSAP ter sido escolhido pela ANQEP – Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, como parceiro para o desenvolvimento e implementação da metodologia de RVCC, focalizada no âmbito do reconhecimento “na empresa”. Houve a preocupação da Agência em escolher um parceiro do universo dos trabalhadores (a UGT e o seu centro de formação) e um parceiro do universo empresarial, a SONAE. Depois de um complexo trabalho de construção, podemos dizer, com satisfação, que é um projeto que começa a produzir os seus efeitos práticos, esperando que possa vir a ser alargado. Os trabalhadores que emigraram podem continuar a contar com o apoio dos sindicatos? Os trabalhadores que emigram também são alvo da nossa preocupação, por isso temos relações estreitas com congéneres nossos em vários países europeus. A título de exemplo, celebrámos acordos com as nossas congéneres em países como a França e Luxemburgo, onde a população emigrante portuguesa tem muita expressão. Desta forma podemos pensar, de forma mais abrangente e integrada, modelos de intervenção ao nível formativo, que sirvam as reais necessi-

dades dos trabalhadores emigrados. Este tem sido aspeto que tem merecido particular atenção por parte do Secretário Geral, Carlos Silva, no reforço da articulação com os parceiros sindicais europeus. A abertura do CEFOSAP à Europa, à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da América do Sul vem traçar novos horizontes e objetivos de formação. De que forma cooperam com esses países? O CEFOSAP, pela sua natureza funcional com a UGT, tem uma atividade de muito relevo com os países de expressão portuguesa. A UGT foi uma das peças importantes que levou a que se criasse a CSPLP - Comunidade Sindical dos Países de Língua Portuguesa. Temos estado presentes no desenvolvimento de programas de formação nesses países, em articulação direta com os nossos parceiros locais. Mas a nossa presença revelase, também, na forma como vemos estas parcerias. Estamos diretamente envolvidos em projetos tripartidos em Moçambique, Cabo Verde e agora em S.Tomé. São tripartidos por envolverem o Estado Português, a UGT/CEFOSAP um parceiro empresarial, havendo a correspondência direta, seja de Moçambique, de Cabo Verde, ou de S. Tomé. Há uma parceria particularmente bem sucedida... Moçambique é um caso de elevado sucesso, com longos anos e que nos orgulha. Ainda agora o Senhor Presidente da República, na sua visita a Moçambique, e a convite do Secretário-Geral da UGT, Dr. Carlos Silva, visitou o centro de formação de metalomecânica de Maputo, onde inaugurou um laboratório de soldadura - investimento de Portugal - que permitirá certificar técnicos numa área especializada, garantindo que, por via dessa certificação, o reconhecimento internacional permita evitar o dumping salarial, praticado noutros países daquele continente.

“ O CEFOSAP tem competências e meios humanos disponíveis, generosos e capacitados para ajudar as pessoas, por isso tentamos tocar todas as áreas de intervenção que acreditamos serem essenciais para os nossos formandos: a área da formação sindical, profissional, do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), ao nível das parcerias - que são muito importantes – da cooperação seja esta com os países de expressão portuguesa, quer com os países europeus e da América do Sul.”


Município de Elvas Maio 2016

“Cidade-quartel fronteiriça de Elvas e suas fortificações” Em entrevista ao País Positivo, Nuno Mocinha, Presidente da Câmara Municipal de Elvas, descreve um concelho “dominado pelos bens classificados, em 2012, pela UNESCO, de Património Mundial”...e galardoado com o Prémio Turismo do Alentejo 2015 para “Melhor Projeto Público 2015” e prémio “Gente Viagera” da rádio Onda Cero Extremadura”

Mamede, o Castelo, o centro histórico e o Aqueduto da Amoreira. A classificação recebeu a designação de “Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações”. Esta classificação elevou o concelho de Elvas para os patamares cimeiros no turismo da região alentejana atraindo turistas nacionais e divulgando o nosso património único além-fronteiras. Para lá destes bens, a arquitetura religiosa da cidade é muito variada e rica. A paisagem de planície, tipicamente alentejana, domina o concelho e fica totalmente enquadrada pelas barragens de Alqueva, Caia e pelo vale do Guadiana.

Nuno Mocinha, Presidente da Câmara Municipal de Elvas

O concelho de Elvas é um ponto-chave da região alentejana. Conte-nos um pouco da sua história. A origem da povoação de Elvas remonta à Idade do Ferro. Passou a integrar definitivamente o território de Portugal com o rei D. Sancho II em 1228 e foi elevada a cidade por D. Manuel I em 1513. Zona de fronteira desde o século XII, devido às vicissitudes da história, foi fortemente marcada pela sua fundação militar, o que a torna num verdadeiro museu de fortificações de várias épocas. O centro histórico é abraçado pelas impotentes muralhas, um exemplo notável da primeira tradição holandesa de

arquitetura militar. As suas muralhas, desenhadas pelo jesuíta holandês Cosmander, juntamente com os Fortes da Graça e Santa Luzia e os seus fortins, fazem de Elvas a cidade com o maior conjunto de fortificações abaluartadas do mundo. Hoje, o concelho de Elvas tem uma área de 650 quilómetros quadrados e cerca de 23 mil habitantes, distribuídos pelas suas sete freguesias. Faz fronteira com três concelhos do distrito de Portalegre (Campo Maior, Arronches e Monforte), com Espanha (Badajoz) e com três concelhos do distrito de Évora (Borba, Vila Viçosa e Alandroal). A maior parte da população trabalha em comércio e serviços, sendo menos numerosos os que labutam na agricultura e indústria. As vias de acesso à cidade de Elvas são excelentes, o que nos permite usufruir de uma invejável localização, facilmente incluída em roteiros turísticos, sendo também muito atrativa para a instalação de novas empresas. O património cultural, paisagístico e edificado do concelho são marcos turísticos mais apreciados pelos turistas nacionais e estrangeiros? O património do concelho de Elvas é dominado pelos bens classificados, em 2012 pela UNESCO, de Património Mundial, integrando as cinturas de muralhas, os Fortes da Graça e de Santa Luzia, os Fortins de São Domingos, São Pedro e São

O reconhecimento atribuído ao concelho com o Prémio Turismo do Alentejo 2015 para “Melhor Projeto Público 2015” (Forte da Graça) e o prémio “Gente Viagera” da rádio Onda Cero Extremadura vieram reconhecer um trabalho árduo do executivo... Ambos os prémios se enquadram com uma realidade que mudou há cerca de seis meses no concelho. Desde o início do atual mandato, o maior desafio que havia pela frente era o projeto de requalificação do Forte da Graça. Tinha, à partida, muitas condicionantes, principalmente prazos muito difíceis de cumprir. Estamos a falar de um investimento de 6,1 milhões de euros, num projeto concluído num tempo recorde que não derrapou no seu orçamento. Foi um exemplo ímpar de recuperação que tem merecido algumas menções e prémios de reconhecimento desse mérito. Inaugurado a 27 de novembro de 2015, pelo Forte da Graça já passaram mais de 50 mil visitantes, mudando toda a estrutura e qualificação do turismo no Alentejo. Apesar dos bens classificados como Património Mundial serem variados, o Forte da Graça é, atualmente, a peça-chave no panorama turístico e monumental da cidade. Por tal, os prémios referidos foram de grande importância e significado. A população local conta conta com o apoio do executivo? De que forma se processa o apoio ao setor empresarial e aos empreendedores? Desde o início do meu mandato, em outubro de 2013, já foram criadas 111 empresas, as quais geraram cerca de 500 postos de trabalho. Estamos a falar de pequenas em-


Município de Elvas Maio 2016

presas, que estão a contribuir para a economia local. O maior desafio que enfrentamos é a falta de investimentos em Elvas e os fundos comunitários que demoram a chegar para apoiar as nossas empresas. Temos a economia estagnada de um tecido empresarial que, em Elvas, é fraco. Contudo, estão a ser desenvolvidos trabalhos para promover o centro histórico da cidade, de forma estratégica e diferenciadora. O comércio está a ser alvo de modernização e diversificação de forma a promover o turismo e criar condições para aumentar o número de visitantes. É um trabalho imaterial, mas que já está a dar frutos. Os elvenses começam a viver mais o seu património e a sua identidade, há um sentimento de união e de pertença à terra. Estamos a caminhar todos no mesmo sentido: o de fazer a melhor promoção que se pode a esta cidade alentejana através do bem os seus visitantes, para que fiquem a gostar de Elvas e que queiram voltar. É esse o nosso caminho! Para além destes, a população idosa e estudante não foi esquecida pelo executivo. Existem apoios específicos para estes? A população mais idosa do concelho, em Elvas designada por Idade de Ouro, tem inúmeros programas sociais à sua disposição, desde que sejam pessoas com comprovada carência económica. Por exemplo, a Câmara Municipal paga 80% da parte do utente nas faturas de medicamentos; dá apoio gratuito nas pequenas reparações domésticas; organiza, anualmente, o Festival da Idade de Ouro, o grande encontro de duas mil pessoas em convívio; realiza, gratuitamente, visitas anuais a Fátima e outros destinos; oferece bilhetes para espetáculos (concertos e touradas) que decorrem em equipamentos municipais. Tem ainda a funcionar gratuitamente uma Universidade Sénior, com cerca de 1600 alunos e 15 disciplinas. A fixação da população jovem e a atração de estudantes passa muito por políticas nacionais e não tanto por decisões locais. Ainda assim, para alunos do ensino secundário e universitário,

a Câmara de Elvas tem bolsas de estudo para alunos de famílias carenciadas. Em articulação com a Escola Superior Agrária de Elvas e do Instituto Politécnico de Portalegre, esta Câmara municipal apoia toda a atividade académica, na certeza que atrair estudantes doutros pontos do país, ou contribuir para a matrícula de alunos do concelho é importante para Elvas. Pode falar-nos de um projeto futuro que pretenda concluir até final do mandato? Confiamos lançar a concurso os dois Centros Comunitários, um junto à escola do 1º ciclo da Boa-Fé e outro junto à escola do 1º ciclo de Santa Luzia; confiamos poder lançar o concurso para a construção do Lar na Boa-Fé; confiamos colocar em obra o sistema de tratamento de esgotos, para resolver, em definitivo, os problemas deste tipo que se registam em Varche, Calçadinha e Vila Fernando; e também confiamos numa postura diferente da empresa “Águas de Portugal”, para concretizar as Estações de Tratamento de Águas Residuais, em Barbacena e São Vicente. Também confio ser possível trabalhar com o Governo de Portugal no sentido de levar por diante a instalação, no Hospital de Santa Luzia, de uma Clínica de Alta Resolução e trabalhar no sentido de conseguir a reclassificação do seu Serviço de Urgência. Estou confiante ainda que seja possível colocar no terreno a obra de construção da linha ferroviária entre Évora e Elvas, para mercadorias, o que vai permitir ligar o Caia aos portos atlânticos de Sines, Setúbal e Lisboa. Gostaria de deixar uma mensagem para os leitores e para os elvenses? Para os leitores, que visitem Elvas, pois asseguro-vos que vão ficar positivamente surpreendidos, porque a cidade é bonita, está muito bem cuidada e recebe bem. Para os elvenses, desejo que tenham orgulho no seu concelho e cada um deles contribua para que o futuro seja melhor para todos nós.


Cruz Vermelha Portuguesa em Elvas Maio 2016

Prestar Cuidados de Saúde de Qualidade a Seniores e Dependentes A Residência e Unidade de Cuidados Continuados da Cruz Vermelha Portuguesa em Elvas abriu, em 2011, e hoje é notória a melhoria na qualidade de vida que trouxe aos seniores e dependentes que serve. Isabel Mascarenhas é a diretora do espaço e explica, em entrevista ao País Positivo, como foi possível dinamizar uma terra envelhecida e criar dezenas de postos de trabalho, graças a este projeto.

Isabel Mascarenhas

No dia 17 de Maio de 2011, a Residência e Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção da Cruz Vermelha Portuguesa de Elvas era inaugurada pela então ministra da Saúde, Ana Jorge e pelo Presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa, Dr. Luís Barbosa. Ao lado de Badajoz e a cerca de 50 km do centro de Portalegre, o novo edifício com três pisos, apresentava, então, capacidade para 52 pessoas, na parte da Residência, e 20 camas, na Unidade de Cuidados Continuados. Hoje, e prova do seu crescimento, “a unidade possui mais quatro camas, em regime privado, e a capacidade da residência, foi também aumentada, passando a receber 63 pessoas”, revela Isabel Mascarenhas.

SERVIÇOS DE SAÚDE DIFERENCIADORES EM INSTALAÇÕES DE ELEVADA QUALIDADE Equipada com aquecimento central, cozinha, lavandaria, ginásio, refeitórios, salas de convívio, pátios interiores e exteriores, e internet por wireless, a Residência da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) oferece uma alternativa de habitação assistida, disponibilizando vários serviços, 24h por dia. Já a Unidade dedica-se à prestação de cuidados de saúde que previnem e retardam o agravamento de situações de dependência. Este projeto “nasceu da necessidade verificada na região e sentida pela autarquia, e da manifesta disponibilidade da Cruz Vermelha Portuguesa em ousar, abraçando-o e dando-lhe vida,” afirma a

diretora, explicando que “estamos numa zona do país extremamente envelhecida, onde existe a necessidade de dar apoio, em contínuo, aos idosos. Era necessária uma instituição que realizasse o suporte que, por vezes, as famílias não conseguem fazer, mediante prestação de cuidados de saúde e de apoio social conjugados, concretizados por via de uma equipa multidisciplinar de profissionais”. Tutelada pelo Ministério da Segurança Social e pelo Ministério da Saúde, a unidade recebe pessoas que carecem de cuidados de saúde e de apoio social. Já a residência, conta-nos a nossa entrevistada, “também permite alojamento de curta duração, onde damos às pessoas a liberdade de trazerem os seus objetos pessoais e sentirem que o espaço também é seu”. Além disso,


Tema Maio 2016 “proporcionamos atividades de lazer e de estimulação cognitiva, orientadas aos gostos pessoais, para que todos se sintam ativos”. UM PROJETO DINAMIZADOR E CRIADOR DE EMPREGO A trabalhar dia-a-dia em prol da saúde e qualidade de vida dos clientes e utentes da Residência e Unidade de Cuidados Continuados da CVP estão mais de 60 profissionais envolvidos. “Estamos dotados de uma equipa médica, uma equipa de enfermeiros, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, terapeuta da fala, psicólogo, assistente social, animador sociocultural, assistentes operacionais, além de serviços administrativos e de gestão, bem como na Unidade de Transporte e socorro de motoristas e socorristas”, relata a diretora. O empreendimento, com todos os seus serviços, gera cerca de 65 postos de trabalho diretos. Tudo isto, segundo Isabel Mascarenhas, “representa um impacto significativo na economia local, visto darmos preferência aos fornecedores da região. Estamos numa zona frágil do país e, tendo em conta a dimensão do concelho, os postos de trabalho que geramos, direta e indiretamente, conferem dinâmica à economia”. Para além das valências de Unidade de Transporte e Socorro, centro de dia, Residência Assistida e Unidade de Cuidados Continuados, no último ano, a disponibilidade de serviços foi aumentada, com o Serviço de Fisioterapia de Ambulatório. “O ginásio que existe no edifício encontrava-se subaproveitado, por isso, colocámo-lo ao serviço da população. Graças a um concurso da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, recebemos agora utentes encaminhados pelo Hospital de Elvas”, adianta a Diretora do Centro. Igualmente, foi criada a Rede Local de Intervenção Social (RLIS), financiada pelo Fundo social Europeu e decorrente de uma candidatura ao Portugal 2020. Em funcionamento desde 1 de março do ano corrente, este serviço complementa a ação do Serviço Local da Segurança Social de Elvas, tendo passado todo o atendimento social dos serviços da Segurança Social de Elvas a ter lugar nas instalações da CVP, e os técnicos do projeto deslocam-se às freguesias rurais para atendimento e acompanhamento social. Este projeto permitiu a criação de mais dois postos de trabalho. UM LOCAL DE FORMAÇAO E ACOLHIMENTO DOS FUTUROS PROFISSIONAIS A trabalhar em conjunto com a Residência e Unidade de Cuidados Continuados da CVP de Elvas está o Instituto Politécnico de Portalegre. Presidido pelo Prof. Doutor Joaquim Mourato, o Politécnico realiza a gestão dos estágios curriculares desenvolvidos na Cruz Vermelha, nomeadamente, de alunos oriundos das áreas da Enfermagem, Animação So-

ciocultural e Serviço Social. “Acolhemos os futuros profissionais destas áreas, sempre que nos é solicitado, e apoiamos o Instituto Politécnico de Portalegre, com o qual mantemos muito boa relação institucional. Muitas vezes, são os próprios alunos que pedem que os seus estágios sejam aqui realizados. É uma maisvalia para os futuros profissionais, porque a rede de cuidados continuados acaba por ser, neste momento, um motor empregador de jovens licenciados, nas áreas da saúde e das ciências sociais”, explica a nossa entrevistada.

CONTINUAR A CRESCER E SERVIR UM NÚMERO CADA VEZ MAIOR DE PESSOAS Em retrospetiva, nestes cinco anos, muito foi já alcançado. “Até 2015, esta residência não tinha qualquer tipo de acordo com a Segurança Social, as pessoas que utilizavam estes serviços tinham que os custear, na sua totalidade. No entanto, no ano passado, foram integradas oito camas em acordo de cooperação com a Segurança Social, para

que as pessoas com rendimentos mais baixos pudessem aceder a esta prestação de serviços. Isabel Mascarenhas conclui a entrevista sublinhando que “o crescimento da Residência e da Unidade deve-se ao empenho e dedicação de todos os seus profissionais que diariamente se entregam a um trabalho tão nobre e tão árduo que é cuidar”, e que a Cruz Vermelha vai continuar a sua missão de levar os cuidados necessários aos que mais precisam.



Erisa – Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches Maio 2016

A qualidade reconhecida no ensino da enfermagem Em entrevista ao País Positivo, Pofessor Doutor Paulo Sargento analisa o estado do ensino da enfermagem em Portugal, descreve a evolução do ensino na ERISA e expõe a abertura dos cursos livres de Terapêuticas não Convencionais.

A ERISA foi fruto da necessidade de formar enfermeiros. Hoje destaca-se pela sua abrangência e diversidade de formação. Esta escola nasceu em 2002 como Escola Superior de Enfermagem. A formação foi crescendo com a abertura do curso de Farmácia, depois de Análises Clínicas, Saúde Pública e de Radiologia. Em 2012 abrimos os cursos livres de Terapêuticas não Convencionais nas áreas da osteopatia, a naturopatia e a acupuntura. Entretanto os cursos de Análises Clínicas e da Radiologia modificaram os seus perfis por ordem da tutela, que considerava que estes cursos tinham uma banda muito estreita: neste momento as Ciências Biomédicas Laboratoriais vieram substituir o curso de Análises Clínicas e a Imagem Médica e Radioterapia que substitui o curso de Radiologia. Pela primeira vez em Portugal foi reconhecida a profissão na área das Terapêuticas não Convencionais, aliás, foram distribuídas as primeiras cédulas profissionais no final de 2015; em complemento, a tutela publica as primeiras portarias que autorizam o pedido de acreditação de cursos superiores ao nível da licenciatura. Neste momento somos dos poucos países da Europa a ter como base de licenciatura as Terapêuticas não Convencionais. Todos os profissionais formados na ERISA estão inseridos no mercado laboral? A enfermagem é um caso interessante: se procurarmos desempregados inscritos no IEFP com esta categoria profissional não encontramos nenhum. O mercado de trabalho para as novas gerações define-se ao nível europeu, mas ainda há muita procura de enfermeiros em Portugal! Tenho, diariamente, pedidos de empresas e clínicas a solicitar-nos profissionais de enfermagem e também nos surgem pedidos para os PALOP`s, sobretudo de Angola. É interessante analisar que os cursos superiores de Enfermagem são relativamente jovens, têm cerca de 30 anos, mas ganharam prestígio e competências devido não só à evo-

lução dos programas formativos, da investigação e publicações especializadas na área da saúde e enfermagem, mas também por causa da constituição da Ordem dos Enfermeiros. As profissões ligadas à saúde têm tido, cada vez mais, dentro das suas atribuições e competências, a sua formação mais solidificada quer na graduação quer na pós-graduação. Até há alguns anos atrás era impensável haver cursos de doutoramento em enfermagem. Na sua opinião, a que se deve e elevada taxa de empregabilidade? É, sem dúvida, devido à qualidade do ensino. A formação de enfermagem em Portugal é a preferida entre os países europeus, como é o caso de Inglaterra e fora dela em países como o Qatar e os Emirados Árabes Unidos; isto é um sinal claro da qualidade de formação dos nossos enfermeiros. Tenho conhecimento de casos de enfermeiros portugueses que concorrem a cargos no estrangeiro a par com os ingleses e os nacionais são os escolhidos. Países como o Qatar e os Emirados Árabes Unidos preferem os nossos profissionais e remuneram-nos largamente acima da média nacional. A ERISA já foi contactada com propostas de expansão de polos de saúde e de ensino para os países do médio oriente. A ERISA apresenta-se como mais-valia para o ensino da saúde em Portugal. Quais são os seus fatores de diferenciação? Vamos iniciar, no ano letivo 2016/2017, o curso de Enfermagem e o curso de Farmácia em horário pós-laboral. Esta opção prende-se com uma massa crítica de pessoas, que são os assistentes operacionais; essas pessoas são mal remuneradas e não têm carreira profissional, mas têm vontade de aprender e de evoluir profissionalmente. Estes dois cursos vêm colmatar a falha que existe para pessoas que pretendem evoluir profissionalmente e que têm de continuar a trabalhar normalmente. Do ponto de vista do estágio também apresentamos soluções para que esses profissionais possam organizar a sua vida e terminar o curso a que se propuseram. O nosso objetivo é dar oportunidade àqueles que querem evoluir profissionalmente o possam fazer e manter o seu vínculo laboral e abrir portas para quem já tem um curso superior e quer adquirir conhecimentos investindo noutra formação. Devemos honrar a patrona dos enfermeiros, Florence Nightingale, cimentando a importância em três vetores importantíssimos: o de o enfermeiro ter de ter boas competências

técnicas; honrar as questões de natureza ética e sobretudo o ter de ter e manter uma dimensão humanista. Tudo começa pelo desejo de ajudar os outros e este espírito deve manterse aceso nas profissões de ajuda e as escolas têm de formar técnica e eticamente bem, não descurando que têm o dever de formar cidadãos com vontade de participar ativamente na ajuda ao próximo, formar seres responsáveis que saibam respeitar o próximo. O ensino da saúde deve ser uma prioridade, bem como o desenvolvimento do Sistema Nacional de Saúde em prol do doente, a formação deve ser o mais aberta e competitiva possível para criar cada vez melhores profissionais e uma particular atenção da economia para a saúde. O Núcleo de Investigação em Ciências e Tecnologia da Saúde (NICiTeS) é formado por doutorados nas mais diversas áreas da

zxx

Paulo Sargento, Diretor da ERISA

saúde para criar uma dimensão multidisciplinar e que vai desenvolver rubricas específicas em cada área das ciências e tecnologias da saúde. Temos linhas como a saúde no trabalho e das perturbações do sono que são áreas de abordagem pouco comuns nos politécnicos, uma vez que as áreas de investigação estão normalmente ligadas aos estudos universitários.


Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa Maio 2016

Há 150 anos a ensinar saúde em Portugal A Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa – ESSCVP tem 150 anos de existência, 65 dos quais com o Curso de Enfermagem. Acompanhou a integração das escolas de enfermagem no ensino superior, a evolução da profissão e hoje oferece licenciaturas em Enfermagem, Fisioterapia e Cardiopneumologia; mestrados, pós licenciaturas e pós graduações. Professor Doutor José Vilelas, diretor do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa apresenta a ESSCVP com uma missão muito clara: a de “divulgar e evidenciar o conhecimento através das pessoas que o procuram, de modo a que estas possam dar um contributo à sociedade com os mais elevados padrões de excelência e qualidade; nunca esquecendo os valores e princípios fundamentais da Cruz Vermelha: Humanidade, Imparcialidade, Neutralidade, Independência, Voluntariado, Unidade e Universalidade!”

“ Preparamos os nossos futuros enfermeiros garantindo-lhes um ensino superior com a máxima qualidade alicerçada na melhor evidência científica.”

José Vilelas, diretor do Curso de Licenciatura em Enfermagem

FATORES DE DIFERENCIAÇÃO Estamos vocacionados para a comunidade e para as iniciativas humanitárias, que envolvem os cidadãos, tendo como preocupação ir ao encontro das suas necessidades, por isso propomos aos nossos estudantes que se envolvam em trabalhos de campo fazendo sessões de educação para a saúde ou avaliações do estado de saúde de populações da comunidade envolvente. Preparamos os nossos futuros enfermeiros garantindo-lhes um ensino superior com a máxima qualidade alicerçada na melhor evidência científica. O plano estudos do Curso de Licenciatura em Enfermagem, da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa (ESSCVP), privilegia o desenvolvimento de competências no âmbito da prática profissional, ética e legal, prestação de cuidados e desenvolvimento profissional. Os estudantes antes de contactarem com a pessoa saudável ou doente realizam ensinos clínicos nos nossos laboratórios, que são espaços semelhantes aos que encontramos nos hospitais e centros de saúde. Os laboratórios da ESSCVP disponibilizam simulações dos contextos de puerpério e sala de partos, pediatria e de adulto, onde é exigido ao estudante o desenvolvimento de todos os procedimentos e técnicas, só posteriormente irão ter contacto com o ambiente real. Esta realidade acontece no 2º ano 1º semestre e 3 anos 1º semestre. Desta forma, a passagem do meio acadé-

mico para o contexto real é feito de forma mais segura, permitindo ao estudante a tomada de consciência das suas capacidades e limitações. A ESSCVP tem sempre duas turmas a funcionar: uma de manhã e outra de tarde, a partir das 16h, para os estudantes que, na sua maioria, já trabalham ou são detentores de outros cursos. Acrescento, ainda, que o nosso ensino -aprendizagem está centrado no estudante, e por conseguinte, os ritmos de aprendizagem são tidos em conta, havendo uma grande proximidade entre estudan-

Luís Janeiro, diretor da ESSCVP

tes e professores. Os princípios da Cruz Vermelha estão sempre presentes no nosso ensino, desde da inclusão de uma unidade curricular de Voluntariado no curso, até à possibilidade de fazerem missões humanitárias durante o Curso de Licenciatura. Para além do Curso de Licenciatura em Enfermagem, possuímos as pós licenciaturas de especialização em enfermagem de saúde materna e obstétrica, saúde infantil e pediatria e de reabilitação, para além de muitas pós graduações.


Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa Maio 2016 O CURSO E A EMPREGABILIDADE Importa referir que, atualmente, os dois primeiros anos do Curso de Licenciatura em Enfermagem são maioritariamente teóricos e teórico práticos em laboratório, enquanto os dois últimos anos são em contexto real de cuidados de saúde primários e cuidados de saúde diferenciados. Os nossos laboratórios estando muito bem equipados com elevada tecnologia de simulação, por exemplo o simulador de parto e de bebés que são programados de tal forma que se aproximam dos utentes reais, permitem, desta forma, criar ambientes muito semelhantes aos que os estudantes irão encontrar em contexto hospitalar e cuidados de saúde primários. Uma das grandes vantagens deste modelo é que os estudantes quando vão cuidar da pessoa, já têm os conhecimentos teóricos e teórico práticos, adquiridos em contexto de sala de aula e laboratórios, nos anos anteriores. Assim, garantimos um cuidado holístico e humanizado. Creio que é devido a este modelo educacional que a atitude, o comportamento e a maturidade dos nossos estudantes sejam reconhecidas pelos empregadores e, consequentemente, a taxa de empregabilidade dos nossos estudantes é a mais elevada a nível nacional. Atingimos o patamar de “garantia de pleno emprego” segundo os nossos dados e confirmação do Ministério

“ Os nossos laboratórios estando muito bem equipados com elevada tecnologia de simulação, por exemplo o simulador de parto e de bebés que são programados de tal forma que se aproximam dos utentes reais, permitem, desta forma, criar ambientes muito semelhantes aos que os estudantes irão encontrar em contexto hospitalar e cuidados de saúde primários. Uma das grandes vantagens deste modelo é que os estudantes quando vão cuidar da pessoa, já têm os conhecimentos teóricos e teórico práticos, adquiridos em contexto de sala de aula e laboratórios, nos anos anteriores.”

Av. Boavista, 117, 6º, Sala 607 4050-115 Porto • Telf.: 226 104 394

OSTEOPATIA. O novo curso da ESSCVP para 2016/2017? A ESSCVP tem larga experiência no ensino da saúde em Portugal e pareceu-nos lógico submeter o curso de Osteopatia à aprovação da A3ES - Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. Associámo-nos ao Instituto de Técnicas de Saúde – ITS, que se dedica ao ensino da osteopatia há cerca de 20 anos para podermos oferecer uma licenciatura a todos os que já frequentaram as formações disponíveis até hoje, mas que não conferem nenhum grau académico. Por outro lado existe uma nova camada de alunos que veem a osteopatia como uma profissão de futuro. Espero que num curto espaço de tempo possamos oferecer esta licenciatura com futuro, resultado, como refiro, de uma parceria entre duas instituições com experiência reconhecida e acumulada.

da Educação e Ciência (MEC) mediante o cruzamento do número de diplomados entre 2009/10 e 2012/13 e o número de inscritos nos centros de emprego em dezembro de 2014. O ESTADO DA ENFERMAGEM EM PORTUGAL Muitos estudantes procuram o curso de enfermagem para poderem emigrar com garantia de empregabilidade e de uma boa posição remuneratória. Em Portugal temos uma carreira e aguardamos que esta evolua garantindo a progressão profissional. Existem vários graus académicos, que os enfermeiros vão concluindo, como é o caso dos mestrados e dos doutoramentos, para além dos cursos de espe-

cialização em enfermagem. Somos talvez os profissionais com mais formação complementar, esta aliada ao desejo de prestar cuidados aos cidadão de elevada qualidade, de aumentar a visibilidade da nossa profissão na sociedade e para as entidades políticas compreenderem melhor os ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem. Ainda temos muito para lutar, construir, (des)construir e inovar, mas acredito que iremos conseguir. Ser enfermeiro é mesmo isto… dedicação, empenho e perseverança. É cuidar de outras pessoas modelando cuidados para ir ao encontro do bem-estar, é ser capaz de acreditar que um sorriso alegra o coração, um carinho faz a diferença e um toque dá energia ao destinatário dos nossos cuidados.


Tema Maio 2016

Belmonte: O melhor de dois mundos! Viver no interior tem as duas faces da moeda. No«dia-a-dia causa-nos imensos entraves. Estamos longe dos lugares de decisão, das grandes estruturas isso tem consequências económicas e sociais. A Interioridade pode ser encarada como um flagelo, agravado com o (quase) esquecimento político dos diferentes governos. Por outro lado, permite-nos ter uma qualidade de vida invejável e a preservação do nosso património físico e cultural tentamos um equilíbrio, tentamos ter o melhor dos dois mundos!

“ O Turismo é a indústria do século XXI –merece a nossa aposta. Esta é uma terra pequena mas com uma grande história. Desde o românico, com o monumento de Centum Cellas e a Quinta da Fórnea, ao medieval, com o Castelo e o Solar dos Cabrais. A figura do descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, estabelece um elo cultural com o Brasil, que é atrativo e que temos procurado desenvolver. Temos a bandeira do Brasil no Castelo, queremos que os brasileiros se sintam em casa quando aqui chegam. Belmonte é o berço do Brasil, queremos que sintam isso.”

António Rocha, edil do município de Belmonte

Fazer parte dos territórios do interior assume-se como entrave ou mais-valia para Belmonte? Como conseguem ultrapassar os constrangimentos do interior? Turisticamente, Belmonte tem muito potencial. Neste sentido, o que tem sido feito para incrementar este poten-

cial e torna-lo em fator de atratividade? O Turismo é a indústria do século XXI – merece a nossa aposta. Esta é uma terra pequena mas com uma grande história. Desde o românico, com o monumento de Centum Cellas e a Quinta da Fórnea, ao medieval, com o Castelo e o Solar dos Cabrais. A figura do descobridor do Bra-

sil, Pedro Álvares Cabral, estabelece um elo cultural com o Brasil, que é atrativo e que temos procurado desenvolver. Temos a bandeira do Brasil no Castelo, queremos que os brasileiros se sintam em casa quando aqui chegam. Belmonte é o berço do Brasil, queremos que sintam isso. Temos organizado a Semana do


Tema Maio 2016 Brasil, o encontro de Brasileiros de Sucesso, temos estabelecido geminações com diferentes cidades brasileiras na biblioteca, temos o maior acervo de livros sobre a história do Brasil na Europa –uma oferta da Embaixada em Portugal, com grande empenho do embaixador e amigo desta terra, Mário Vilalva.

lotes industriais e considerando que a atual zona industrial foi quase totalmente ocupada nos últimos dois anos, iremos submeter uma pré-candidatura para a criação de uma nova zona industrial. Estamos também envolvidos em ações que irão acontecer no âmbito do PROVERE através das Aldeias Históricas de Portugal e iremos estar atentos aos fundos comunitários na área local.

A cultura judaica é um dos pilares de desenvolvimento do próprio concelho? Muitas terras apresentam judiarias, mas nós temos judeus. Ou melhor, temos uma comunidade judaica, organizada, estruturada, com rabino, sinagoga uma comunidade que aqui sobreviveu durante séculos, com mais ou menos tolerância local, ultrapassando as diferentes fases da nossa história. São hoje o testemunho vivo de uma herança cripto-judaica, que chama a atenção da grande diáspora judaica que nos visita. No ano passado, o Museu Judaico foi o mais visitado da nossa rede de museus, mesmo não sendo o mais atual e o mais moderno –vai merecer uma renovação em breve, para o tornarmos mais interativo e mais rico no seu conteúdo. Queremos surpreender! O fator social é também uma preocupação para a autarquia? O que tem sido feito para melhorar a qualidade de vida dos habitantes? O nosso grande desafio é conseguir criar mais empregos, para os jovens e para os menos jovens. As famílias só permanecem se tiverem sustento. Muitas condições macroeconómicas não podem ser alteradas, por isso lutamos com as nossas armas – alguns benefícios locais a empresas, alguns incentivos a privados, algum investimento público Começamos a ter resultados. Abriram já pequenos negócios, sobretudo ligados ao turismo. Abriu agora um novo hotel kosher para responder às particularidades da diáspora judaica e está uma outra unidade para abrir. Deverá abrir uma fábrica de calçado. Estamos a preparar também a instalação de um polo de uma universidade Suíça que trará à nossa terra professores e dezenas e dezenas de jovens de toda a Europa… Por forças das circunstâncias, somos também um concelho envelhecido. Temos uma rede de centros de dia e lares em todas as freguesias. Somos um concelho pequeno, com as juntas de freguesias e as diferentes associações, temos uma política de proximidade com as famílias. Estou em crer que aos nossos idosos nada lhes falta em termos materiais. Em termos humanos já a resposta é das famílias No âmbito do Portugal 2020, estão previstos alguns investimentos que

Receberam, no passado dia 26 de Abril a Carta de Pêro Vaz de Caminha sobre a descoberta do Brasil. Como surge este convite de terem a carta exposta? Foi uma iniciativa da autarquia, já que a história de Pedro Álvares Cabral e a sua chegada a terras de Vera Cruz, são um ponto fulcral da nossa cultura. A Carta é um documento fantástico, que foi considerado Memória do Mundo pela Unesco em 2005. Para muitos, esta é a Certidão de Nascimento do Brasil e devo sublinhar que é a primeira vez em Portugal, que a podemos ver fora da Torre do Tombo.

venham a sustentar o projeto futuro do concelho? Quais são eles? No âmbito do Portugal 2020, apesar do seu atraso e da insuficiência de verbas, estão previstos alguns projetos que irão contribuir no futuro, para a afirmação do nome do Municipio, desenvolvimento e melhoria das condições de vida da nossa população. Entre estes investimentos, destacamos a construção do Centro Escolar de Caria, que irá iniciarse no segundo semestre do ano em curso, as intervenções no Castelo de Belmonte, cuja primeira já foi efetuada com a exposição da carta de Pero Vaz de Caminha, bem como a criação do centro Interpretativo de Centum Cellas. Estamos ainda a elaborar o Plano de Ação de Reabilitação Urbana que irá, numa primeira fase, ter a sua ação no centro histórico de Belmonte, através da reabilitação de espaços e edifícios públicos. Tendo em conta a necessidade de ter em carteira

“ O nosso grande desafio é conseguir criar mais empregos, para os jovens e para os menos jovens. As famílias só permanecem se tiverem sustento. Muitas condições macroeconómicas não podem ser alteradas, por isso lutamos com as nossas armas – alguns benefícios locais a empresas, alguns incentivos a privados, algum investimento público”

Qual a importância desta exposição? O que ganha Belmonte com a exposição desta carta? Para além do seu valor, a fantástica descrição que nos dá daquelas terras e daquelas gentes de Vera Cruz, esta carta é uma verdadeira máquina do tempo transporta-nos para os anos de 1500. Esta carta tem um imenso significado. Foi solicitada por Pedro Alvares Cabral, certamente lida por ele. Creio que é o mais perto que nos podemos acercar deste herói da nossa terra. Tem por isso uma carga simbólica imensa. Deverá também aumentar o número de visitas a Belmonte, muitas escolas, muitas famílias e sobretudo, muitos turistas brasileiros. Até quando se pode ver a exposição? A exposição estará patente até Outubro, mas está já a suscitar muita atenção nos primeiros dias. Creio que muitas escolas estão a programar visitas de estudo pois a Carta é um marco das aulas de história. Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores? Belmonte tem um passado com história e tem uma história com imenso futuro. Venham conhecer tudo o que temos para oferecer e disfrutar da vida, que aqui há também boa gastronomia, programação cultural, um acolhimento fantástico. Estamos no sopé da serra de Estrela, integrados na rede de judiarias, e na rota das aldeias históricas. Esperamos por vocês!


Município de Santarém Maio 2016

Desenvolvimento e cultura de braço dado O processo de conservação e restauro da Sé Catedral de Santarém resultou dos protocolos entre várias entidades. O estado português fez um protocolo com a cidade de Lisboa com a perspetiva de vir a criar a Rota das Catedrais. Mais tarde os municípios protocolaram com a Diocese de Santarém, com a extinta Direção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo (que foi integrada na DGPC - Direção Geral do Património Cultural) e o INAlentejo o financiamento desse projeto.

Santarém está numa região onde os fundos comunitários representam 85% do investimento, “esta é uma das vantagens que temos em relação às grandes metrópoles”, refere o edil de Santarém. Tínhamos os fundos comunitários, a diocese e a Direção Regional da Cultura protocolaram os outros 15%, metade para cada entidade. Esta parceria foi elogiada e considerada um exemplo a seguir por outras entidades, pelo então Presidente da República, Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva. Ricardo Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal de Santarém recebe a equipa do País Positivo nos Paços do Concelho e descreve-nos a importância da recuperação da Sé e Paço Episcopal da Diocese de Santarém para os scalabitanos e para o turismo religioso. “O desenvolvimento das cidades assenta em três pilares fundamentais: o do viver, o do visitar e o do trabalhar” A atribuição do prémio da União Europeia para o património cultural/Prémios Europa Nostra 2016 é o reconheci-

peças de arte sacra, que integram o acervo do museu situado no mesmo edifício da catedral de Santarém, inserido na Rota das Catedrais. O outro prémio, recebido este ano foi o Prémio da União Europeia para o Património Cultural/Prémios Nostra 2016. Estes dois prémios são importantes para colocar a catedral e o museu nos lugares cimeiros do turismo religioso.

Ricardo Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal de Santarém

mento do empenho das entidades envolvidas? O município de Santarém abdicou de investir noutras obras para apoiar a recuperação deste monumento, em parceria com a DGPC (Direção Geral do Património Cultural), que alocou verbas para alavancar esta obra e também com a diocese, que investiu através de fundos próprios. Foi uma parceria estratégica e que resultou de forma bastante profícua. O resultado está à vista. As obras decorreram entre 2012 e 2014 e incidiram sobre a fachada, o restauro das pinturas do teto, das obras de arte (esculturas, pinturas, tapeçarias, mobiliário), sentindo-se a necessidade de criar um museu para preservar as obras de arte recuperadas (muitas estavam num elevado estado de degradação). O Museu abriu em 2014 e já recebeu dois prémios. Sim. O Museu Diocesano de Santarém recebeu o Prémio Vasco Vilalva, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian a projetos de intervenção na área do património, no valor de 50 mil euros. Foi sublinhado que a recuperação do património é a mais-valia deste projeto e que proporcionou o resgate de um conjunto de

A economia do concelho de Santarém conta com mais-valias para além do turismo religioso. O Agrocluster do Ribatejo desempenha um papel importante no desenvolvimento económico da região? O Agrocluster do Ribatejo assume um papel de intermediário entre a sociedade e as empresas do sector agroindustrial, na medida em que tem como principal objetivo um reforço da capacidade produtiva das empresas e, para além de ser uma referência nacional, posso afirmar que é, também, ibérica. Ainda há pouco tempo tivemos o Roadshow promovido pela AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, que teve especial enfoque no agrocluster que temos na nossa região e no elevado número de exportações que partem destas empresas. Inaugurou recentemente uma startup. Como descreve a sua representatividade para o concelho? A Startup Santarém foi inaugurada em março, numa cerimónia que contou com as presenças do Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos; da Presidente da Direção da NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém, Maria Salomé Rafael e do Presidente da AIP- Associação Industrial Portuguesa, José Eduardo Carvalho. O CIES - Startup Santarém, (Centro de Inovação Empresarial) resulta de uma parceria entre o NERSANT e a Câmara Municipal de Santarém. Está localizado nas antigas instalações da Escola Prática de Cavalaria desta cidade, agora transformada num espaço dedicado à instalação de novas empresas, em fase de implementação no mercado e representa um

investimento total de mais de € 250.000,00. Apesar de ter sido inaugurada há cerca de um mês, já está lotada e estamos a elaborar um protocolo para alargar o espaço, procurando sempre o recurso a fundos comunitários para o investimento que venha a ser necessário realizar. Do ponto de vista pendular, a cidade de Santarém, regista um fenómeno contrário às cidades próximas da capital do país... A invulgaridade prende-se com o facto de não sermos uma cidade dormitório. Temos mais pessoas a entrar na cidade para vir trabalhar, do que a sair para o fazer. Na nossa região só Santarém e a Azambuja registam este fenómeno, o que demonstra a nossa atratividade e possibilidade de incrementar o emprego. De que forma o município de Santarém aposta na vertente cultural? Tentamos abraçar todo o tipo de públicos. Se por um lado pretendemos chegar à vertente mais erudita, como, por exemplo, através da parceria com a Diocese e com a Santa Casa da Misericórdia de Santarém, em que retomamos os ciclos de órgãos de tubos, existentes nas várias igrejas da cidade, por outro, dirigimo-nos também às preferências mais heterogéneas, através das várias iniciativas no programa IN Santarém, que foi considerado pela Entidade Regional de Turismo do Ribatejo e do Alentejo, o melhor evento de 2015 e que dispõe de uma programação bastante diversificada, incluindo várias atividades noturnas, dirigidas às faixas mais jovens da população. Não esquecemos o incremento do valor turístico do concelho, através do trabalho conjunto que temos vindo a desenvolver com a Entidade Regional do Turismo do Ribatejo e do Alentejo, explorando também o potencial das novas tecnologias, com a criação da APP Santarém (a aplicação para instalar no telemóvel, que permite fazer uma áudio visita (em português e inglês) a alguns dos nossos pontos de interesse).


O seu sindicato da Administração Pública

! e t liza

a c i d Sin

Morada (sede): Rua Damasceno Monteiro, 114 1170-113 Lisboa Contactos: Tel.: (+351) 21 012 26 00 Fax: (+351) 21 012 26 99 Página oficial: www.sintap.pt Email: sintap@sintap.pt


Resipinus Maio 2016

A associaçao pela defesa e valorização da atividade da resinagem A funcionar há três anos, a Resipinus é a única associação representativa do setor da resinagem em Portugal, que visa defender os direitos dos produtores e destiladores nacionais. Em entrevista ao País Positivo, Hilário Costa, presidente da associação, contou-nos a importância que a resinagem tem para a economia portuguesa e o papel que pode desempenhar na prevenção dos incêndios florestais.

Hilário Costa

Durante a segunda metade do século passado, Portugal chegou a ser o segundo maior produtor de resina, a nível mundial. Hoje em dia, somos o segundo maior importador. A chegada da concorrência asiática à Europa, na década de 90, com preços abaixo dos nossos custos de produção, ditou a crise da resinagem nacional. Contudo, “desde 2010, tem-se verificado um renascimento do setor, em Portugal”, começa assim a entrevista Hilário Costa, presidente da Resipinus - Associação de Destiladores e Exploradores de Resina. “Muitos resineiros que tinham abandonado a profissão, estão agora a voltar e essa é uma prova de retoma ”, explica. RESINAGEM: UM SETOR PLENO DE POTENCIAL A resina do pinheiro é um recurso natural e renovável do qual se extrai a aguarrás e a colofónia (pez louro) que possuem um sem número de aplicações, nos mais variados setores e produtos. “Pneus, borrachas, tintas, vernizes, lacas, adesivos, ceras, produtos de limpeza, perfumes, cosmética, farmacêutica, pastilha elástica, etc.,”, são alguns exemplos dados por Hilário Costa, que esclarece que em Portugal há mercado, o que falta é produção: “neste momento, o que produzimos, em termos de derivados da

primeira transformação da resina, significa apenas 10% do que consumimos, portanto, escoamento não é o problema”. Além de todo este potencial económico, “a atividade de resinagem tem especial importância em duas áreas: a social e a ambiental”. Social, porque “a resinagem fomenta o povoamento e o emprego nas zonas rurais”, e ambiental, porque “o resineiro é o agente económico que mais tempo passa na floresta, e, por isso, desempenha um importante papel de vigilância contra os incêndios”, esclarece o presidente da Resipinus. Foi da certeza do valor da resinagem para o desenvolvimento do país e da falta de uma voz que representasse os produtores e destiladores nacionais que nasceu a associação. Atualmente, é composta por dois tipos de associados, os industriais de 1ª transformação e os resineiros. Sendo uma associação jovem, o presidente da Resipinus informa que ainda há muito trabalho a fazer, já que, “neste momento, temos cerca de 40 resineiros associados, o que ainda é pouco, pois, em todo o país, há mais de 400”. Neste sentido, “tem-se que dar a volta à relutância das pessoas, para que percebam os benefícios oferecidos pela associação”, como, por exemplo “o apoio a nível fiscal e jurídico que disponibilizamos”. Focada em defender e promover o setor, a Resipinus tem desenvolvido um amplo trabalho de divulgação e representação, através da presença em “diversos seminários, palestras e colóquios, por todo o país. Já fomos a várias escolas, universidades e a uma parte significativa das câmaras do nosso país”, afirma o nosso entrevistado, “e várias são as autarquias que entram em contacto connosco preocupadas com as suas florestas”. Recentemente, por convite da Câmara de Pombal, a Resipinus esteve presente na Feira Nacional da Floresta, que decorreu nas instalações da Expocentro . Por outro lado, “vemos que parte das nossas autoridades florestais e autoridades públicas não têm tanto esse entusiasmo em promover as atividades ligadas à floresta, como é o caso da resinagem, nem a gestão florestal”, lamenta Hilário Costa.

A NOVA LEGISLAÇÃO E O IMPASSE ORIGINADO NA RESINAGEM Em agosto do ano passado, foi publicada uma nova legislação que “estabelece o regime jurídico da resinagem e da circulação da resina de pinheiro no território do Continente”. No entender da associação, pelas palavras do seu representante, o Decreto -lei nº 181/2015 de 28 de agosto, “impõe à resinagem processos burocráticos nada práticos e limitações que fazem recuar a atividade”. A situação da resinagem ficou, assim, ainda mais preocupante, no ver da Resipinus, uma vez que “estas novas medidas retiram ao resineiro condições essenciais para a execução da atividade”. Devido a diversas dúvidas que a nova legislação levantou, muitos foram os que entraram em contacto com a associação. Nesse sentido, o representante da Resipinus explica que “procuramos sempre esclarecer os profissionais para que cumpram a leis e defendemos que haja regras na atividade, no entanto, mostramo-nos contra as limitações e retrocessos que a nova legislação trouxe”. Como a resinagem é sazonal, “a campanha vai agora começar, e não sabemos como é que a fiscalização vai atuar. Caso o faça de forma rígida e implacável, será muito mau para o setor, pois as coimas determinadas pela nova legislação são elevadas”. SUST-FOREST: UM PROJETO PARA O FUTURO DA RESINAGEM NA EUROPA Prova que há uma valorização crescente da atividade da resinagem é o Sust-forest, um projeto europeu, do qual a Resipinus é parceira, cujo objetivo central é a criação de uma estratégia concertada para a manutenção sustentável da resina na Europa. “Esta é uma iniciativa multifuncional orientada para o sul da Europa, com a participação de países como Portugal, França e Espanha. Deste modo, pretende-se a criação de políticas europeias que permitam manter a extracção da resina, como um aproveitamento florestal rentável e sustentável, que contribua para o aumento do emprego rural e para a prevenção de incêndios”, conta-nos o nosso entrevistado. Muito está ainda a ser realizado e perspetivado pela associação, mas a missão principal, aos poucos, está a ser conseguida. “Do retorno que temos tido, sentimos que há uma maior consciência da importância da resinagem e do papel que desempenha na conservação das nossas florestas. As potencialidades económicas, sociais e ambientais são evidentes, por isso, vamos continuar a criar consciência do valor desta atividade para o país”, conclui o presidente da Resipinus.


Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Poiares Maio 2016

Em prol do futuro da instituição Eleito no início deste ano, Manuel Lobo dos Santos, atual Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Poiares, tem um projeto bem definido e delineado e que se baseia na sustentabilidade futura da instituição. Alicerces que começam agora a ganhar corpo e a ser postos em prática, numa instituição que se assume como sendo de excelência.

Manuel Lobo dos Santos, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Poiares

O País Positivo foi até Vila Nova de Poiares e encontrou Manuel Lobo dos Santos, atual Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Poiares que nos contou, numa entrevista intimista, os seus planos para a instituição que lidera desde o início do ano. Qualidade e sustentabilidade são palavras de ordem na Santa Casa e tudo está a ser feito para que nenhum destes dois pilares seja abalado, hoje, ou no futuro. Saiba mais na entrevista que se segue. Como chega até à provedoria da Santa Casa da Misericórdia de Poiares? Sempre fui uma pessoa que se envolveu em atividades em favor da comunidade e o facto de estar reformado fez com que algumas pessoas tentassem levar-me para outras atividades, a Misericórdia foi uma delas. Era irmão da Santa Casa há vários anos, mas não sabia como funcionava a gestão da mesma e, quando fui convidado a fazer

parte da Mesa Administrativa, hesitei pois nunca foi meu objetivo fazer parte dos Órgãos Sociais e achava que já tinha dado o meu contributo à sociedade, mas acabei por aceitar o desafio. Entrei na Santa Casa como vogal e, infelizmente, o Provedor da altura teve um problema de saúde e teve que estar alheado da gestão durante 90 dias e, nesse tempo, fui eu quem assumiu a Provedoria. Recentemente, colocou-se a questão da substituição do Provedor a qual só aceitei após os membros dos vários órgãos sociais concluírem ser eu a melhor solução para o cargo, pois estava disposto a apoiar qualquer candidatura que se conclui-se ser a melhor para a instituição. E assim me encontro, a cumprir este mandato com o espírito de missão e serviço como deve ser prática nestas instituições, já que as funções são desempenhadas de forma voluntária e gratuita. Quais são, hoje, as valências desta Santa Casa da Misericórdia?

A Santa Casa da Misericórdia é uma instituição centenária e começou a sua atividade com a criação de um hospital de beneficência criado por iniciativa de naturais de Poiares que estavam, maioritariamente, no Brasil. Depois, com a nacionalização dos hospitais esta casa ficou apenas reduzida a um lar de dez idosos. Posteriormente, foi decidido adquirir um edifício - antigo seminário - e aqui se instalou o lar, nos anos 80. As instalações e as necessidades foram crescendo, novas valências foram criadas, como Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e ERPI/Lar que cresceu para 110 utentes. Além disso, possuímos um Centro de Fisioterapia com acordo com a ARS, inicialmente aberta apenas para os utentes da Santa Casa, mas que atualmente serve as necessidades da população do concelho e limítrofes e, neste momento, estamos mesmo a pensar fazer mudanças a este nível, construindo uma nova unidade de Medicina Física e de Reabilitação. Posteriormente, o antigo hospital foi


Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Poiares Maio 2016

Visão Ser uma Instituição reconhecida pela excelência, no âmbito dos serviços prestados aos seus Utente e Comunidade em geral. Missão Prestar serviços de qualidade aos seus Utentes e Comunidade em geral, na área social e de saúde, assegurando o desenvolvimento profissional dos seus colaboradores. Valores • Ética Profissional e respeito pela pessoa e dignidade humanas; • Rigor e responsabilidade social; • Criatividade e Inovação; • Trabalho em equipa e transparência; • Igualdade de oportunidade e justiça social; • Confidencialidade e privacidade; • Solidariedade; • Prioridade aos mais vulneráveis; • Honestidade; • Qualidade; • Comprometimento com a Comunidade.

também requalificado para se tornar uma Unidade de Cuidados Continuados, com 55 camas disponíveis para longa duração e manutenção. A instituição que nasceu para apoiar a comunidade e servir os mais necessitados, mantém ainda hoje a sua missão, possuindo ainda a valência de cantina social para servir todos aqueles que com dificuldades, necessitam de uma mão amiga e um prato de comida.

Sabemos que esta ajuda ao próximo traz muitas dificuldades de gestão. Como se encontra a Santa Casa de Poiares neste sentido? Nós temos tentado tudo fazer para manter a qualidade ao mesmo tempo que reduzimos custos, mas a verdade é que neste concelho as reformas são baixas e a comparticipação dos utentes não permite cobrir as despesas, o que torna tudo isto quase insustentável. Como queremos que esta seja uma instituição de futuro e porque queremos continuar a investir para dar mais qualidade de vida aos nossos utentes, temos obrigatoriamente que reduzir custos, sem afetar a qualidade dos serviços prestados. Sei que me vou prejudicar enquanto Provedor porque muitas pessoas não vão gostar ou entender a necessidade de fazer cortes e ajustes, mas a minha consciência manda-me ser regrado e delinear um plano de futuro sólido. Para isso, temos vindo a implementar medidas para investir em sistemas mais eficientes e a

contar com todos os nossos colaboradores para nos ajudarem a concretizar mais esta missão. Não será fácil porque a própria estrutura tem custos muito elevados, mas tenho a certeza que estão a ser dados passos essenciais para continuar a assegurar o futuro da instituição e assim honrar a memória dos seus fundadores. Apesar da necessidade de reduzir custos, com certeza que trouxe um projeto em mente. Qual será a sua grande marca nesta instituição? O grande projeto é manter a sustentabilidade da instituição e, para isso, gerir com redução de custos para conseguir investir noutras áreas. Este edifício onde estamos já não é novo e necessita ser renovado. Estamos já a trabalhar num projeto que, infelizmente, não pode ser candidatado ao Portugal 2020, mas que será totalmente suportado por verbas próprias e é precisamente por isto que temos que ser capazes de ter uma gestão rigorosa. Realmente, deixa-me um pouco desiludido o facto

de não poder contar com apoio nenhum, mas a verdade é que esta casa também se foi fazendo sozinha e, pelos vistos, continuará a fazer-se. Embora no presente tenhamos uma boa relação com a Autarquia esta, por razões que são públicas, também se encontra limitada nas possibilidades de apoio que nos pode prestar. Gostaria de realçar que a atual situação financeira da Misericórdia é boa, no entanto a realidade contributiva dos nossos utentes atualmente é totalmente diferente do que era há uns anos atrás, e os custos com recursos humanos aumentam constantemente face às exigências atuais. Além disso, temos também a ideia de avançar para a criação de uma unidade dedicada às demências, mas esse é um projeto que ainda está na gaveta e que só deverá avançar se arranjarmos parceiros para o efeito. Não quero, de todo, fazer investimentos que comprometam o futuro desta instituição e, portanto, tudo o que for feito será na base da sustentabilidade. É para isso que eu, sempre em conjunto com os membros da Mesa Administrativa que me acompanham, estamos a trabalhar para que esta seja uma instituição com passado, presente e, sobretudo, com futuro. Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores e/ou utentes e familiares? Estou como Provedor desde o início do ano, mas queremos manter a qualidade do serviço de que tanto nos orgulhamos. Os utentes e os familiares podem estar tranquilos em relação a isso. Tudo iremos fazer para que a qualidade de vida dos utentes nunca seja posta em causa, antes melhorada.

“ Gostaria de realçar que a atual situação financeira da Misericórdia é boa, no entanto a realidade contributiva dos nossos utentes atualmente é totalmente diferente do que era há uns anos atrás, e os custos com recursos humanos aumentam constantemente face às exigências atuais.”


Misericórdia de Valpaços Maio 2016

Empenho e qualidade “Queremos reafirmar perante a irmandade, o nosso total empenhamento e a vontade firme de tudo continuarmos a fazer, para que a Misericórdia de Valpaços seja uma instituição sólida, e pronta a dar uma resposta atempada e eficiente à população do concelho, em especial aos mais carenciados e necessitados.”

Altamiro Claro, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços

Em entrevista ao País Positivo, Altamiro Claro, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, apresenta o plano de atividades para 2016 que passa por “prestar os melhores cuidados aos necessitados e servir o próximo”. A Ação Social é uma das áreas mais solicitadas à S. C. M. de Valpaços? Apesar de ter nascido há setenta anos à volta do seu hospital, a Misericórdia de Valpaços é hoje uma grande instituição do sector solidário, com nove Estruturas Residenciais para Idosos, quatro Serviços de Apoio domiciliário e quatro serviços de Centro de Dia, apoiando um total de 663 utentes. A atual conjuntura social e económica do país, aliada à crise de valores e ao crescente número de pessoas em risco de pobreza e exclusão social, determinam a adoção de dinâmicas de trabalho eficientes, capazes de garantir a satisfação dos direitos e necessidades do nosso público: as crianças e os idosos. Assim, a intervenção social constitui-se como a área de atuação prioritária da Misericórdia de Valpaços,

contribuindo para o cumprimento da sua missão. Deste modo, a nossa prestação de serviços e apoios procura a satisfação das necessidades, problemas e expectativas daqueles que beneficiam das diferentes respostas sociais, com uma atuação aberta à comunidade que pretende responder à evolução dos contextos e dinâmicas sociais. Para fazer face a esta realidade e prestar um serviço que prime pela qualidade, a instituição dispõe de uma equipa multidisciplinar constituída por técnicas da área social, da educação, enfermagem, fisioterapia, dietética e animação sociocultural. Continuamos a implementar o programa de emergência alimentar, em parceria com o Instituto da Segurança Social, que visa através das Cantinas Sociais, fornecer diariamente 100 refeições gratuitas a pessoas com extremas dificuldades da área de influência da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços. O setor da infância tem um projeto diferente… Dispomos de uma Creche e Jardim de In-

fância com 127 crianças e de acordo com o Projeto Educativo “Um mundo com arte”, implementado para o triénio 20132016, pretende-se utilizar a arte enquanto segmento e recurso educativo, que visa sobretudo a construção do saber, formando assim cidadãos criativos, críticos, com iniciativa, autónomos e com liberdade de pensamento e ação. Este ano letivo, o tema do Projeto Pedagógico intitula-se “Nós e a Música” pretendendo explorar as diversas áreas de expressão musical, corporal e instrumental através da audição, da interpretação e da criatividade O plano de ação para 2016 passa pela reestruturação do património? Tendo sido oportunamente adquirido um edifício com valor arquitetónico para sede social da instituição, procedeu-se à elaboração do projeto de recuperação e já foram iniciadas as obras. Contempla instalações para os serviços administrativos, provedoria, auditório com 135 lugares e biblioteca. Ainda du-


Misericórdia de Valpaços Maio 2016

“ A nossa prestação de serviços e apoios procura a satisfação das necessidades, problemas e expectativas daqueles que beneficiam das diferentes respostas sociais, com uma atuação aberta à comunidade que pretende responder à evolução dos contextos e dinâmicas sociais.”

rante o ano de 2016 prevê-se a continuação da adaptação da Ala Norte, para ampliar o hospital, por forma a aí virem a funcionar as valências de SAP, meios complementares de diagnóstico, internamento e bloco operatório. Encontra-se já em execução a obra de fecho do edifício e o seu revestimento exterior. Pretende-se lançar a restante obra com financiamento próprio e da Câmara Municipal, de acordo com protocolo de parceria a estabelecer e que muito recentemente contou com o apoio do senhor Secretário de Estado da Saúde Dr. Manuel Delgado. Algumas Estrutura Residenciais Para Idosos também vão sofrer obras de melhoramento? Tal como foi já efetuado em Lebução e Bilhão, pretende-se ampliar as ERPIs de Santiago, Friões e Argeriz para que possam responder melhor às solicitações de internamento existentes na sua zona de influência. Por outro lado e dando resposta às exigências técnicas do Instituto da Segurança Social está concluído o projeto de requalificação da ERPI S. José, o equipamento mais antigo, obra a candidatar ao próximo quadro comunitário, prevendo-se um investimento de 650.000,00€. O projeto de requalificação da ERPI Francisco A. Teixeira está igualmente concluído e será candidatado aos fundos comunitários para execução da obra, com um investimento de 350.000,00€. Entretanto prevemos a abertura de um novo equipamento social, em setembro deste ano, aproveitando as instalações exis-

tentes na Quinta Nª Sª do Carmo, em Valverde, e cujas obras de adaptação já foram adjudicadas. Mas os planos de reestruturação e de melhoramento abrangem outras áreas? Temos mais um projeto para a construção de uma Cozinha Industrial, a ser implantada nos terrenos adjacentes à ERPI Maria Ribeiro & Ricardo Mourão. Com vista à produção de energia para auto consumo e aproveitando os fundos comunitários disponíveis neste setor, queremos iniciar o projeto de instalação de painéis fotovoltaicos nas diversas valências, por forma a diminuirmos a fatura energética. Com a existência de imobilizado obsoleto, há a necessidade de continuar a investir na aquisição de novas

viaturas por forma a reduzir os custos de manutenção da frota. O dinamismo do plano de atividades para 2016 deve contar com o apoio dos utentes, dos valpacenses e dos nossos leitores. Quer deixar-lhes uma mensagem? O Plano de Atividades e Orçamento para o ano de 2016 foi elaborado, tendo como referência a execução orçamental obtida até 30 de Setembro de 2015, com uma projeção de resultados até ao final do ano. Com esta estratégia foi possível apresentar uma proposta muito próxima da realidade, sendo no entanto de levar em linha de conta todos os imponderáveis associados à execução orçamental, já que se trata de documentos previsio-

nais, sempre sujeitos a variações conjunturais imprevistas. Continuaremos a realizar uma gestão criteriosa, que potencie os resultados, na perspetiva de obtermos suporte financeiro para os investimentos que é indispensável realizar, em cofinanciamento com as verbas provenientes dos fundos comunitários – Portugal 2020. Tendo já sido iniciadas as obras de fecho do edifício da Ala Norte e estando concluídos os projetos de Remodelação e Ampliação do Hospital continuamos empenhados e determinados em avançar para as respetivas obras, o que no entanto, só poderá ter sucesso, através de uma parceria com a Câmara Municipal de Valpaços, tendo em conta o interesse público do investimento e a disponibilidade sempre demonstrada pela autarquia em apoiar os nossos projetos. A prestação de um serviço de qualidade implica a existência de recursos humanos devidamente qualificados, pelo que serão aproveitados todos os fundos estruturais dirigidos à formação. Estamos empenhados em comemorar o 70º aniversário da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, com a inauguração no dia 24 de Novembro, das novas instalações da Sede Social, Serviços Administrativos e Auditório. Queremos reafirmar perante a irmandade, o nosso total empenhamento e a vontade firme de tudo continuarmos a fazer, para que a Misericórdia de Valpaços seja uma instituição sólida, e pronta a dar uma resposta atempada e eficiente à população do concelho, em especial aos mais carenciados e necessitados.



Associação Empresarial de Viana do Castelo Maio 2016

AEVC inaugura nova sede com presença do Ministro da Economia A inauguração da nova sede da AEVC – Associação Empresarial de Viana do Castelo e da Incubadora Criativa do Alto Minho contou com a presença do Ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral, do Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, e foi encabeçada pelo Presidente da AEVC, Luís Ceia.

A acompanhar a cerimónia estiveram várias individualidades da região, desde responsáveis autárquicos, a representantes de diferentes associações empresariais nacionais. Para além de descerrar a placa das novas instalações da AEVC, o Ministro da Economia também inaugurou a Incubadora Criativa do Alto Minho e ficou a par das principais competências da ITEN, a primeira empresa a integrar a Incubadora Criativa do Alto Minho e que ali instalou o seu Centro de Competências. O Ministro da Economia aproveitou a ocasião para elogiar o trabalho desenvolvido pela AEVC no apoio aos empresários da região, e estendeu o seu cumprimento ao trabalho desenvolvido em prol da economia pelo tecido empresarial minhoto. O Presidente da AEVC, Luís Ceia, evidenciou as principais vias de acesso à região, a localização geográfica priveligiada e, aproveitando a presença do Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, reiterou a importância da abolição das portagens e dos pórticos facilitando o acesso ao Alto Minho. A finalizar o discurso convidou os empresários e empreendedores para se juntarem à AEVC, para conhecerem os seus serviços de apoio e usufruirem das vantagens do associativismo em rede que a Associação Empresarial de Viana do Castelo lhes oferece. Duarte Ferraz, Diretor do Centro de Competências, esclarece que o ITIEN nasceu em 2013 resultado da fusão da CPCS do Porto e da Prológica de Lisboa. Neste momento temos cerca de 350 colaboradores, no Porto e em Lisboa, e sentimos a necessidade de descentralizar os nossos serviços muito devido aos projetos que temos para a Europa, América Latina e alguns para África. A oportunidade de descentralização e de criação de competências surgiu-nos através da Incubadora Criativa do Alto Minho, fora daquilo que é a matriz habitual das grandes empresas. Estivemos a analisar um conjunto alargado de instalações em Portugal e acabamos por escolher esta localização devido ao seu ótimo enquadramento geográfico – próximo do aeroporto do Porto – e outro fator que pesou positivamente foi o facto de podermos criar uma ligação próxima

ao IPVC – Instituto Politécnico de Viana do Castelo e de este se tornar uma fonte de massa cinzenta que alimentasse com recursos este Centro de Competências. Arrancámos este projeto com 13 alunos

estagiários do IPV e acabamos, em conjunto com a Câmara Municipal de Viana do Castelo e a AEVC, de nos instalar neste edifício, que vai ser a nossa sede, pelo menos, nos próximos dois anos.

Rua da Cepêda 4560 Penafiel Telef.: 964941102 / 964941102




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