País Positivo Nº98

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Este suplemento comercial faz parte integrante do Jornal de Notícias e do Diário de Notícias de 31 de outubro de 2016 e não pode ser vendido separadamente

Cláudia Costa Santos, presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos

Outubro 2016 | Edição Nº98

Rede EN2

“Secretário de Estado Adjunto do Ambiente e Presidente do Município de Ponte de Lima inauguraram o Parque da Vila.”



Tema de Capa

Município de Ponte de Lima

Tema de Capa

Terra Rica da Humanidade Ponte de Lima, a vila mais antiga de Portugal, encontra-se em pleno coração do Alto Minho, banhada pelo Rio Lima e atravessada pela ponte que deu o nome à Vila. A ponte adquiriu uma grande importância, em todo o Alto Minho, atendendo a ser a única passagem segura do Rio Lima, em toda a sua extensão, até aos finais da Idade Média. A ponte de origem romana é um marco histórico de referência obrigatória em roteiros, guias e mapas, muitos deles antigos, que descrevem a passagem de milhares de peregrinos que seguem até Santiago de Compostela e que nos dias de hoje ainda a transpõem com a mesma finalidade.

Victor Mendes, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima

“A inauguração deste parque representa o cumprimento de uma promessa feita aos limianos”

Em entrevista ao País Positivo, Victor Mendes, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima apresenta o concelho que rege, as infraestruturas e ainda inaugura, a par com José Mendes, Secretário de Estado Adjunto do Ambiente, o Parque da Vila – Parque Urbano de Ponte de Lima.

Ponte de Lima – Terra Rica da Humanidade Victor Mendes apresenta o concelho de Ponte de Lima do ponto de vista geoestratégico “muito bem localizado e com excelentes acessibilidades, nomeadamente a A3 e a A27.” Em simultâneo está próximo dos grandes centros urbanos como “o Porto, Braga e a vizinha Galiza”. Sendo o concelho mais jovem do distrito de Viana do Castelo beneficia “de um índice de envelhecimento dos mais baixos a nível nacional, mas temos uma responsabilidade acrescida

no que concerne à educação e valorização profissional dos nossos concidadãos.”A população escolar é bastante grande, “com cerca de 3 mil alunos entre o pré-escolar e o 1º ciclo, o que obrigou a autarquia a fazer um esforço significativo no reordenamento desta franja escolar.”Foi um processo iniciado em “2005 e que teve a sua conclusão em 2013 com a construção de 12 novos centros educativos, para além das infraestruturas existentes com as quatro EB 2/3 e uma Escola Secundária que também já estão a ser objeto de requalificação.” Para a população escolar que procura um nível mais avançado de escolaridade “disponibilizamos a Escola Profissional de Agricultura e de Desenvolvimento Rural (escola pública), para além de um conjunto de polos de várias escolas profissionais nomeadamente da EPRALIMA – Escola Profissional do Alto Lima.” O ensino superior é assegurado por “um polo da Universidade Fernando Pessoa e a ESA-IPVC Escola Superior Agrária de Ponte de Lima do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.”O executivo camarário preocupa-se com o bem-estar da população a vários níveis, prova disso é “a nossa rede,altamente qualificada,de equipamentos de âmbito cultural, desportivo e social.” A autarquia tem tido, ao longo dos anos, “uma preocupação especial em apoiar o empreendedorismo e em facilitar a formação dos mais jovens para que a mão-de-obra seja a mais qualificada possível de forma a preencherem os requisitos solicitados pelas empresas que se instalam na região e para que esta camada jovem não abandone o concelho.”

Uma autarquia “aberta e saudável” Ponte de Lima é uma das autarquias, a nível nacional, que se orgulha de afirmar que tem uma “saúde financeira invejável, fruto de uma gestão e controlo financeiro rigoroso ao longo dos anos. Não nos contemos no investimento nas áreas que consideramos fundamentais para que o concelho continue a sua linha ascendente de desenvolvimento: a valorização da educação, disponibilização de apoios sociais e incentivo e apoio ao empreendedorismo, mas fazemo-lo com ações bem estruturadas e fundamentadas.”

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Tema de Capa

Município de Ponte de Lima

Os investimentos são feitos a pensar na “melhoria da qualidade de vida dos concidadãos que usufruem de um conjunto de benefícios fiscais e sociais que muitos poucos concelhos conseguem proporcionar.” E as vantagens apresentadas são várias, desde a “abolição do pagamento da derrama à autarquia, as empresas também não pagam o Imposto Municipal sobre transações quando decidem instalar-se nos nossos polos empresariais; abdicamos da receita municipal correspondente aos 5% do IRS, o IMI ronda o valor mais baixo que é possível aplicar, aplicamos o IMI familiar; para além de outros serviços que disponibilizamos a preços reduzidos.” A estabillidade e disponibilidade financeira da autarquia transmite “tranquilidade para os cidadãos e para as empresas instaladas na região uma vez que estas sabem que não temos necessidade de aumentar a carga fiscal uma situação que está em contraciclo com a realidade económica em Portugal.”

Ponte de Lima para os limianos e para os turistas A valorização dos recursos locais é outra das apostas do executivo considerando-a como “estratégica para o desenvolvimento do concelho”, afirma o edil. “É muito importante valorizar e preservar a nossa cultura, património e tradições, nunca esquecendo os milhares de turistas que, todos os anos, nos visitam.” O turismo de natureza, patrimonial e gastronómico são os principais pontos de atração. “Ponte de Lima é uma referência nacional no que diz respeito à gastronomia nacional.” A economia local assenta, predominantemente, no meio rural. “O desenvolvimento da maquinaria, a mão-de-obra qualificada e o apoio camarário aos investidores atraíram muitos jovens para este setor de atividade. Estes têm apostado no setor agroflorestal, agroalimentar, na pecuária e, claro, na agricultura tradicional, mas direcionada para nichos de mercado.” As feiras, festividades locais e as atividades culturais atraem cada vez mais visitantes ao concelho. O Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, que se realiza anualmente, desde 2005, entre os meses de maio a outubro é “uma iniciativa inédita em Portugal, que vem de encontro às políticas ambientais e paisagistas de que a vila se orgulha. Os jardins continuam a ser uma tradição limarense, que já venceu o Concurso Nacional de Vilas e Cida-

Tema de Capa

“Ponte de Lima orgulha-se de ser a capital portuguesa dos jardins.”

des Floridas por três vezes, para além de ter ganho as medalhas de prata e de bronze no Concurso de Vilas e Cidades Mais Floridas da Europa.” O desporto também faz parte da aposta do executivo, nomeadamente o desporto náutico. “Estamos a requalificar infraestruturas e a melhorar a navegabilidade do rio Lima com o intuito de nos propormos receber equipas em estágio e provas de âmbito nacional e internacional.Ainda este ano vamos apresentar a candidatura para a realização do Campeonato para a taça do mundo de canoagem.” A aposta no turismo equestre sob o lema “Ponte de Lima: Destino Equestre Nacional e Internacional” irá distinguir esta vila das outras regiões com “interesses semelhantes.” O ponto alto é a realização da Feira do Cavalo, no final do mês de junho e início de julho, este ano “realizámos o Campeonato do Mundo de Horseball e em 2017 vamos realizar a Liga dos Campeões de Horseball.

Proposta: “Em Época Baixa, Ponte de Lima em Alta” Este é o nome do projeto criado pela Câmara Municipal de Ponte de Lima com o intuito de contrariar a tendência sazonal comum à maioria das regiões portuguesas. “Promovemos treze eventos entre novembro de 2016 e março de 2017 de forma a acrescentar motivos para atrair os visitantes, convidá-los a sair de casa e a confraternizar, mesmos nos dias mais frios.” A aposta na “famosa gastronomia local aliada a uma oferta cultural e de animação é o ponto forte deste projeto. Ambicionamos afirmar Ponte de Lima como uma experiência gastronómica impar e de excelência, reforçando este destino como um dos maiores polos do turismo gastronómico de Portugal.” Durante os fins-de-semana deste programa haverá um desconto de 15% em alojamento nas unidades hoteleiras aderentes, para as noites de sexta-feira e sábado, e a restauração aderente oferece um leite-creme promovendo, desta forma, uma iguaria típica da cozinha tradicional limiana, o Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima.

Secretário de Estado Adjunto do Ambiente e Presidente do Município de Ponte de Lima inauguraram o Parque da Vila No passado dia 21 de outubro foi inaugurado o Parque da Vila – Parque Urbano de Ponte de Lima. A placa foi descerrada pelo Secretário de Estado Adjunto do Ambiente, José Mendes e pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Victor Mendes. José Mendes, Secretário de Estado Adjunto do Ambiente, um “filho da terra” segundo afirmou o presidente do município, declarou que “Em Portugal todos temos a perceção de que este município não quer ser igual a ninguém, que apenas quer ser igual a si. Privilegia a qualidade de vida e tem um projeto de desenvolvimento urbano que não é de massificação. Hoje inaugurámos este parque e é com muito agrado que verifico que as pessoas já se apropriaram deste espaço, muito devido à proximidade com as escolas, de uma zona residencial e do centro da Vila. Ponte de Lima está de parabéns!” O Presidente da Câmara Municipalremata ao afirmar que o Executivo Municipal “cumpre mais um dos objetivos delineados para este mandato com a construção deste parque há muito ambicionado e que pauta por ser um espaço de qualidade.” Localizado na freguesia de Arca e de Ponte de Lima fica próximo de diversos equipamentos e do Centro Histórico da Vila tornando-se um espaço que em muito vem contribuir para a aumentar a qualidade de vida da população.O Parque da Vila possui vários percursos e trilhos, um parque infantil, miradouro e uma pequena pista fechada com pump track (possivelmente a única no país). A requalificação deste espaço resultou num investimento do Município de Ponte de Lima de cerca de 650 mil euros que permitiu ainda recuperar um espaço que não estava a ser utilizado, reordenar a flora autóctone e criar novos espaços para usufruto dos cidadãos.


Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima

486 anos a praticar misericórdia Fundada a 2 de agosto de 1530, a Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima pauta por praticar a misericórdia em todo o concelho de Ponte de Lima há 486 anos. Assegura valências para a população jovem e infantil através de um lar de jovens, da creche e jardim-de-infância, tem infraestruturas de apoio à camada sénior através das ERPI`s, bem como uma unidade de cuidados continuados e ainda apoia os limianos mais carenciados através da cantina social.

Alípio Gonçalves Matos está ligado à Santa Casa da Misericórdia desde os seus 30 anos de idade como tesoureiro, durante 14 anos foi vice-provedor e, desde há dois, que exerce a função de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima. Cordial e assertivo recebe a equipa do País Positivo na acolhedora vila de Ponte de Lima. Perto de celebrar 500 anos de existência, a Santa Casa apoia a população em várias valências e ausculta novas necessidades. Fale-nos do trabalho da Santa casa ao longo dos últimos anos. Na Idade Média, o povo representava o elo mais fraco numa sociedade dominada pela nobreza e o clero. A maioria das pessoas vivia em condições de pobreza extrema, mas mesmo assim, muitas tinham a fé como pilar que as segurava à vida. Foi com o intuito de minimizar este quadro de desgraça que começaram a aparecer albergarias, hospitais e outras ofertas que, pelas mãos da Igreja, sobretudo das ordens religiosas apoiadas pela nobreza, iam ao encontro das carências de um povo extremamente necessitado de ajuda. É neste con-

vam. A Mesa Administrativa de então mandou construir na Quinta de Villa Moraes um Lar de Idosos com capacidade para 85 utentes que entrou em funcionamento em dezembro de 1992 com a denominação“Lar de Idosos Cónego Manuel José Barbosa Correia.

Alípio Gonçalves Matos, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima

texto que surgem as Misericórdias em Portugal, como foi o caso da nossa. A Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, fundada em 2 de agosto de 1530 por alvará de El-Rei D. João III, escrito pela pena de André Pires, como comprova a cópia do documento existente no arquivo da Instituição. Na segunda metade do século XX foi contruido um Hospital Conde Bertiandos, que ainda funciona, e que, neste momento está arrendado ao Ministério da Saúde. Após o 25 de Abril de 1974 foi entregue a gestão à Instituição, do Lar de Juventude D. Maria Pia, para o sexo feminino, e do Lar de Juventude São José, para o sexo masculino, sendo este o único que se mantém até aos dias de hoje. As valências da S. C. da Misericórdia de Ponte de Lima abrangem todas as necessidades da população? Depois da transferência do Hospital para o Ministério da Saúde, a Misericórdia de Ponte de Lima sentiu a necessidade de criar outras valências que servissem as necessidades dos limianos. Surge a necessidade da criação das valências de infantário e creche que neste momento tem, no total, 158 crianças. A ERPI – estrutura Residencial para Pessoas Idosas foi inicialmente denominada por “Enfermaria N. Sr.ª do Sameiro”, criada em 1986. Esta estrutura tornou-se insuficiente tendo em conta os pedidos de internamento que nos chega-

Recentemente foi inaugurada uma obra que complementa esta ERPI e criadas mais valências... Em 2009 foi estabelecido um protocolo com a freguesia da vila de Arcozelo, no qual nos foi cedido um terreno para a construção do Centro Comunitário de Arcozelo. É uma infraestrutura construída de raiz, com todas as condições necessárias para o conforto diário dos nossos utentes, onde funciona uma creche com capacidade para 30 crianças, um lar para 45 utentes, um centro de dia com capacidade para receber 30 pessoas e uma Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção com 28 camas protocoladas com o ministério da saúde e duas camas para suprir necessidades de utentes particulares. Estas valências cobrem todas as necessidades do concelho? Ponte de Lima é um concelho que, do meu ponto de vista, tem uma cobertura razoável: existe apoio ao nível da creche, jardim-de-infância, apoio domiciliário, cantina

Ação Social

social, ERPI`s e apoio na área da saúde. Apesar disto ainda existem cerca de 60 utentes, em lista de espera, a aguardar para serem institucionalizados, alguns em situção de extrema necessidade, mas a S.C. da Misericórdia não consegue, neste momento, dar uma resposta positiva a essas famílias. Estou convencido de que se conseguíssemos acordo com a segurança social e construíssemos outra ERPI que esta ficaria lotada quase de imediato. A nova ERPI será um dos projetos futuros da Santa Casa da Misericórdia? Sem dúvida que sim. A construção de outra Estrutura Residencial para Pessoas Idosas – ERPI – é uma necessidade cada vez mais constatada no concelho. Há mais duas valências que gostaríamos de ver infraestruturadas em Ponte de Lima: um estabelecimento de Apoio à Vítima de Violência Doméstica, uma vez que existem poucas no país e nós temos condições para a criar e outra de Apoio à Pessoa com Demência, uma vez que a pessoa idosa tem demonstrado, cada vez mais, ser afetada por doenças como o Parkinson ou Alzeimer. Estas são doenças que requerem vigilância e apoio especializado e, neste momento não podemos dar resposta. Futuramente também gostaríamos de remodelar a ERPI de Ponte de Lima. É uma casa com cerca de 20 anos de existência e que necessita de ser ajustada à realidade atual, do pavimento, aos acessos, louças sanitárias o que totalizará um investimento que rondará os 450 mil euros. As misericórdias pautam-se por servir as pessoas e por as assistir sempre que estas necessitam. Vivemos das rendas das propriedades que pertencem a esta casa e neste momento, não podemos avançar com as obras na ERPI de Ponte de Lima.

Rua General Norton de Matos, n.º 502 • 4990 Ponte de Lima Telefone: 258909100 • Fax: 258909108 E-mail: geral@scmplima.pt • Site: www.scmplima.pt


Democracia Participativa

Vila Nova de Cerveira

Vila Nova de Cerveira: Um Município das e para as pessoas Porque a atividade política só faz sentido como projeto coletivo ao serviço do bem comum, o atual executivo de Vila Nova de Cerveira, concelho alto-minhoto, tem apostado numa estratégia de envolvimento e participação cívica, em prol do desenvolvimento sustentado do concelho e da constante melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos.

A evolução tecnológica e os seus benefícios na implementação de uma relação de proximidade Município/Munícipe foi encarada como uma oportunidade que já tem sido reconhecida pelos residentes e pelos milhares de turistas, além de comprovada pelos lugares cimeiros em índices nacionais, nomeadamente da Transparência Municipal (5º lugar) e da Presença na Internet (8º lugar), entre as 308 autarquias do país. Em Vila Nova de Cerveira, a gestão do Município centra-se na resposta às expetativas daqueles que nele vivem, trabalham e visitam, proporcionando uma facilidade no acesso de informação relevante, atualizada e transparente. “Introduzimos uma pequena revolução ao nível da modernização administrativa local, sob a premissa de agilizar o atendimento pelos serviços municipais, manter os munícipes informados, melhorando a sua satisfação e garantindo a transparência de todos os procedimentos”, assegura o autarca de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira. Não restam dúvidas, atualmente sente-se um crescente interesse dos cerveirenses pelo dia-à-dia do seu concelho.

Autarquia de ‘porta aberta’ “Desde o início que nos debatemos por

abrangente, através da vertente Geral e Jovem. Incentivar os cerveirenses a deixar o papel de meros observadores das decisões políticas e passarem a ser protagonistas do futuro do seu concelho foi o objetivo proposto e paulatinamente alcançado. A primeira edição registou uma adesão de 10% da população do concelho, e o OP 2016 está a decorrer a um bom ritmo, perspetivando-se uma maior participação.

Cerveira à distância de um click

Fernando Nogueira, presidente da CM Vila Nova de Cerveira

uma política baseada no humanismo, na proximidade e na cidadania ativa, e tem sido em torno destes conceitos que orientamos a nossa atuação junto das populações e daqueles que nos visitam. A proximidade entre Município e Munícipe tem sido amplamente trabalhada através do conceito de autarquia de ‘porta aberta’, isto é, sempre disponíveis para auscultar e procurar solucionar os problemas apresentados pelos nossos cidadãos, mas também pela implementação de ferramentas de desburocratização e informatização. Procuramos estar atentos a várias áreas, colocando a tónica na gestão de proximidade e em interligação com as forças vivas locais. Do jovem ao idoso, do residente ao visitante, todos nos preocupam, pois a valorização da nossa terra tem de estar alicerçada nas suas pessoas”, assegura o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira.

Orçamento Participativo: A ideia transformada em compromisso Recentrando a política nas pessoas, a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira reintroduziu, em 2015, o Orçamento Participativo consubstanciado numa plataforma eletrónica e de cariz mais

Pela história e identidade, Vila Nova de Cerveira oferece um conjunto de experiências e vivências únicas. Através de uma comunicação informativa e fotográfica do que melhor Cerveira tem para oferecer, a nova Página Web apresenta ainda uma ação inovadora ao nível do conceito de cidadania ativa plasmada no indicador ‘Participar’, abrangendo as seguintes opções: ‘Fale com o Presidente’, canal de comunicação direto entre autarca e munícipe; ‘Cerveirenses Atentos’, participação de ocorrências na via pública ou equipamentos municipais que necessitem de intervenção; e ‘Cerveira aos Teus Olhos’, onde podem ser anexadas fotografias de Vila Nova de Cerveira na objetiva de quem vive e visita que, posteriormente, podem ser publicadas no próprio Site ou Rede social Facebook.

Serviços online numa única plataforma Procurando evitar deslocações desnecessárias e desconfortáveis dos cidadãos, o Município cerveirense avançou com uma reformulação dos serviços online, de modo a dar uma resposta mais célere e intuitiva, através de uma solução Web cómoda e eficaz. O novo Portal Geográfico assume um compromisso com residentes e visitantes, desde logo, pela possibilidade de consultar e emitir plantas de localização, consultar planos e endereçar sugestões/ reclamações; mas também numa vertente mais direcionada à promoção turística do território através do mapa interativo que disponibiliza informação georrefe-

renciada sobre onde comer, dormir e o que visitar.

Caráter comunitário dos eventos Em Cerveira, ‘Vila das Artes’, o convite à participação dos cerveirenses tem sido alargado aos eventos culturais dinamizados. Aqui, o conceito de participação assume um duplo sentido pois o público é mais do que um mero espectador, a suia entrada é também um contributo para as associações do concelho. A programação cultural de excelência de Vila Nova de Cerveira tem também dado especial atenção a projetos comunitários, apresentados e desenvolvidos pelos cerveirenses, sendo exemplo desse empenho e vontade a ornamentação das ruas e edifícios públicos para assinalar efemérides como a Semana Santa ou o Natal, as festas e romarias, ou o evento ‘O Crochet Sai à Rua’ que tem recebido uma ovação regional e nacional pelo envolvimento concertado de IPSS’s, comerciantes, escolas, residentes e turistas.


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Outubro 2016 | Edição Nº98

Em Armamar encontra paisagens de sonho! A norte predomina a paisagem duriense: as curvas de nível definem os socalcos dos vinhedos onde se trabalha para produzir os vinhos do Douro e Porto; a sul, podemos contemplar os extensos pomares de macieiras em terra Capital da Maçã. No Outono, os soutos de castanheiros pintam a paisagem com as suas cores acastanhadas e douradas em harmonioso contraste com o verde dos pinhais e das pastagens que são alimento para o gado. Em Armamar a beleza das paisagens, a riqueza histórica dos monumentos, o sossego das aldeias, a afabilidade das gentes, os sabores da gastronomia e o encanto das tradições são motivos para despertar nos visitantes um vasto conjunto de emoções.


Emoções no interior

Câmara Municipal de Armamar

Terra de emoções durante todo o ano Apesar da interioridade, Armamar é hoje um concelho que alia à monumentalidade do Douro um traço moderno, enriquecido pela oferta de infraestruturas altamente qualificadas e de uma agenda cultural intensa. Desde as emoções proporcionadas pela beleza paisagística aos prazeres dos sabores à mesa, este território proporciona ainda aos visitantes experiências únicas materializadas no contacto com a população local. As mesmas gentes que, com sangue, suor e lágrimas, esculpiram os socalcos do Douro recebem-nos de braços abertos, conferindo um tom humanista a toda a envolvência patrimonial. País Positivo foi ao encontro de um paraíso tornado bem próximo graças às novas acessibilidades, guiado pelo edil local, João Paulo Fonseca, também ele um “homem da terra”, cujo legado é já bem visível ao fim de apenas três anos como presidente da câmara municipal.

Armamar reclama o epíteto de terra de emoções durante todo o ano… A que se deve tal desígnio? É um conjunto de boas emoções que o concelho de Armamar proporciona a quem cá vive diariamente, assim como a quem nos visita. Neste momento, Armamar vive uma firme aposta no sector do turismo, potenciando precisamente essas emoções, que vão desde as magníficas paisagens deste património imaterial mundial classificado pela UNESCO chamado Douro, dotado de uma beleza única, passando pelos sabores, onde se destaca o cabritinho de Armamar, o nosso ex-libris gastronómico, a maçã de montanha, a cereja, as nossas compotas, os nossos vinhos do Douro e do Porto, o nosso fumeiro e os nossos queijos. Por outro lado, temos um concelho bem infra-estruturado ao nível de equipamentos, com jardins-de-infância e escolas modernas e piscinas cobertas e, acima de tudo, temos uma enorme mais-valia constituída pelas nossas gentes. Assim se transmitem efectivamente essas emoções e o saber receber como ninguém e se disponibilizarem para dar a conhecer o riquíssimo património que Armamar tem. Em suma, todo este conjunto de factores faz com que Armamar seja uma terra onde se podem viver boas e fortes emoções.

Não é distante o tempo em que se tornava difícil chegar a Armamar… Em que medida terão as novas acessibilidades contribuído para dotar o concelho de uma maior visibilidade? A abertura da A24 foi importante para Armamar. Esta proximidade à grande artéria que atravessa a região e que colocou Armamar a cerca de 15 minutos da auto-estrada

representa grandes vantagens em termos de investimento e ao nível da captação de turismo. No que respeita ao investimento temos hoje uma maior procura do que aquela que tínhamos antes da construção da A24 e nota-se igualmente uma significativa presença de turistas na sede do concelho, o que nem sempre é fácil porque, normalmente, o turismo no nosso concelho é mais visível junto ao rio. Obviamente, mais haverá a fazer e, actualmente, no âmbito do plano de proximidade das Infraestruturas de Portugal, esperamos pelo lançamento a concurso da obra da variante de Fontelo, neste momento o grande constrangimento que temos na ligação à A24. Num território de baixa densidade populacional, existem factores claramente identificados que contribuem para a fixação da população. Um consiste na oferta de emprego e outro, porque falamos numa terra de emoções durante todo o ano, tem a ver com a criação de uma agenda de actividades culturais e de lazer. Estas têm sido preocupações do seu executivo? A esse nível, devo frisar que já passámos das preocupações à prática… A título de exemplo, no domínio cultural, realizávamos três a quatro eventos por ano, sendo o maior as festas populares do São João, ao passo que hoje realizamos cerca de 25 eventos culturais por ano. É algo importante quando pensamos na concretização de uma estratégia de fixação de pessoas, que para cá ficarem têm que se sentir bem. Hoje, temos eventos ainda com maior di-

João Paulo Fonseca, presidente da CM Armamar


Câmara Municipal de Armamar

mensão do que o São João, como a Feira da Maçã ou as nossas recreações medievais. Combatendo também a sazonalidade, vamos preenchendo a agenda anual com diversos eventos, alguns de dimensão nacional, outros de dimensão regional e outros mais “caseiros”. A par, temos investido na dotação de bases essenciais para a população, começando desde logo pela educação. O município suporta todos os custos de transporte das crianças, 85 por cento das quais beneficiam de refeições escolares gratuitas. Todas têm acesso gratuito a todos os equipamentos municipais e, no ensino secundário, os manuais escolares também são comparticipados pelo município. Também na vertente social, particularmente no apoio à população sénior, criámos essa base e, nos últimos seis anos, Armamar investiu cerca de seis milhões de euros em lares de idosos e centros de dia, sendo hoje um concelho com uma resposta de qualidade e com infraestruturas suficientes. Criámos ainda o Espaço do Cidadão, extremamente importante para que as pessoas não tenham que se deslocar a concelhos vizinhos para encontrarem serviços de que não dispúnhamos. O que pretendemos é dotar cada vez mais o concelho de serviços de proximidade, percebendo que, se por um lado o conseguimos naquelas que são as competências próprias, nas competências que não são do município, infelizmente, não conseguimos parar esta tendência de retirar serviços a concelhos do interior. Refiro-me concretamente aos serviços básicos de saúde, onde perdemos a urgência e vimos o centro de saúde reduzir a carga horária em termos de prestação de serviços aos seus utentes. E isto é igualmente importante quando se fala em fixar pessoas. Não ter esses serviços básicos de proximidade é motivo para que as pessoas, quando tomam a decisão de comprar uma casa ou alugar um apartamento, deixar de lado a hipótese de aí viver. Quer dizer que continua a existir um país a duas velocidades? Sim, é verdade que continua mas confesso que também não sou daqueles que consideram que o litoral é um bicho papão do interior. Nunca entrei por esse discurso, embora considere que podemos encontrar outro equilíbrio. Percebo que existem investimentos de milhões no litoral que têm que ser feitos mas a verdade é que sentimos um distanciamento ao nível do investimento cada vez maior. E não podemos esquecer que os territórios do interior são muito importantes para o todo do país. Alguns, como o de Armamar, conseguiram dar a volta por cima mas tal deve-se ao árduo trabalho das suas gentes e muito mais poderíamos fazer se fosse canalizado algum esforço financeiro

para estes territórios. Armamar tem hoje das poucas barragens que existem para irrigação agrícola que existem na região e a área irrigada por essa barragem tem uma produção que se cifra no dobro da área não irrigada. E temos um projecto de ampliação de rega que visa precisamente produzir riqueza no território e rentabilizá-lo. Mas para termos um projecto de rega temos que andar cinco anos a pedir pareceres de dezenas de entidades… Em suma, mais do que um país a duas velocidades, creio que há uma falta de atenção para os territórios do interior. Não pedimos investimentos de milhares de milhões mas o necessário para que possamos fazer coisas bem feitas, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos nossos cidadãos e até para atrair pessoas para estes territórios. Que projectos tem desenvolvido no seio da autarquia no sentido de prestar apoio ao empreendedor e de captar novos investimentos? Dar apoio ao empreendedor nestes territórios é uma missão difícil… Temos organizado várias acções em conjunto com outras entidades, como a NERVIR ou o IEFP, com o objectivo de divulgarmos as oportunidades para os novos empreendedores mas colidimos invariavelmente com uma dificuldade: desde logo, o número de empreendedores a que conseguimos chegar é diminuto e, depois, verifica-se alguma resistência por parte das pessoas relativamente ao investimento nestes concelhos. Aí, defendo que devia haver uma descriminação positiva, nomeadamente em termos fiscais ou de financiamento face a quem pretende instalar-se na região. Isso sim, poderá fazer a diferença entre o investimento ou a desistência. Da nossa parte, temos criado condições vantajosas para as empresas que pretendem fixar-se no concelho, oferecendo lotes equipados com as melhores infraestruturas na zona industrial a preços muito sugestivos e, fruto disso, nos últimos anos fixaram-se seis empresas na nossa zona industrial. E a nossa grande expectativa actual prende-se com a exploração experimental das Minas de Santo Adrião e Vila Seca, uma reserva confirmada que resulta de quatro anos de prospecção mineira no concelho de Armamar e que passará a uma fase experimental de exploração. Será um pólo criador de muito emprego e de fixação de pessoas. Nesta fase experimental, estamos a falar de 50 postos de trabalho directos, que poderão chegar a 300 se avançar para a fase de exploração. E uma parte dos recursos humanos necessários são técnicos superiores na área da mineralogia, gente que terá que vir viver para o concelho. Quanto ao resto, temos a noção de que grande parte do emprego em Armamar

Emoções no interior

Dois dias em Armamar: o autarca como guia turístico “Para quem nos visita e porque a principal entrada se faz pela A24 em direcção a Armamar, na povoação de Fontelo, sugiro uma subida à Ermida de São Domingos, por muitos considerado o melhor miradouro do Douro, onde poderão ainda visitar uma capela associada a uma lenda relacionada com a fertilidade. Aí poderão desfrutar de uma paisagem única, onde se conseguem ver quatro distritos. Depois, poderão seguir até Armamar, onde deverão visitar a nossa igreja matriz, o belíssimo edifício da câmara municipal e o nosso miradouro. Também aqui poderão provar o nosso cabritinho de Armamar, especial por ser cozinhado com um recheio à base dos miúdos e com um acompanhamento muito especial. Depois, sugiro uma subida à povoação de Gojim, o coração dos pomares de Armamar e onde se situa o Solar dos Condes de Armamar, o último dos quais nos deixou este fabuloso legado da maçã de montanha cultivada a estas altitudes, desafiando uma opinião generalizada. Depois, poderão visitar a barragem de Lumiares, local muito aprazível onde podem praticar-se alguns desportos náuticos, subir à povoação de Vila Nova, onde existem os rebanhos do famoso cabritinho de Armamar e a fábrica de queijos Serra das Fragas. E, finalmente, voltar a Armamar, descer ao Douro, apreciar todas estas paisagens e parar no cais da Folgosa desfrutando de alguma refeição ou bebida naquela esplanada suspensa sobre o rio… Temos actualmente 18 unidades hoteleiras no concelho, desde hotéis até turismo rural, casas de campo, turismo de aldeia, alojamento local… Temos uma oferta diversificada e de qualidade”.

é sazonal. Nesta fase da apanha da maçã, teremos cerca de 2 mil pessoas a trabalhar mas, terminada a época, apenas regressam na altura das podas e de outros trabalhos sazonais.

e os meus netos vivam neste concelho, pretendo certamente deixar a minha marca mas também uma câmara equilibrada para que os vindouros possam tomar as suas opções de gestão.

Que principais diferenças encontra entre o município que herdou, aquando da chegada a edil e o actual? Acima de tudo, sinto satisfação pela convicção do dever cumprido até esta fase. Não estou muito preocupado em encontrar diferenças porque entendo que todos os que me antecederam fizeram o melhor que puderam face às oportunidades de que dispuseram e aos recursos que tiveram. Da parte do meu executivo, tendo em conta as oportunidades e os recursos de que dispusemos, creio que temos que fazer um balanço positivo da nossa acção nestes três anos de mandato. Tivemos cerca de 6 milhões de investimento, onde se insere a obra da zona ribeirinha da Folgosa, orçada em 2,5 milhões, a Loja Interactiva do Turismo, a requalificação urbana de Armamar ou a requalificação do antigo mercado municipal onde funcionam hoje as instalações da GNR, consideradas das melhores do país. Pelo meio, procedemos a obras menores, como alguns melhoramentos em freguesias do concelho e, sendo certo que gostaríamos de fazer ainda mais, estamos a aguardar pelas devidas oportunidades. Apesar deste investimento, conseguimos uma substancial redução da dívida da autarquia que, quando tomei posse, se cifrava em cerca de 12 milhões de euros, estando hoje abaixo dos sete milhões. E, nesta óptica de equilíbrio entre gerir bem e continuar a investir, há uma condição de que não abdico: quando sair da autarquia, não deixarei este concelho hipotecado por dezenas de anos. Quero que os meus filhos

Apesar dos cortes orçamentais… Sim, apesar dos cortes orçamentais directos, da baixa da receita do IMI neste último ano, apesar de termos ganho algumas competências sem que fosse associado o devido envelope financeiro… Na conjuntura actual, creio que devemos estar satisfeitos com o que fizemos. Mas também esperançosos no futuro. Hoje, em termos de finanças locais, temos uma capacidade de endividamento de cerca de 3,5 milhões e, reportando isso para o que poderá ser a componente nacional nos projectos comunitários, estamos a falar em investimentos que poderão ir até aos 30 milhões de euros se assim se justificar. A um ano do final do mandato, o que gostaria ainda de concretizar? Temos o projecto da rega, que aguarda apenas cabimentação financeira do PDR 2020. E gostaríamos de ver concretizada até ao final do mandato a construção do novo pavilhão desportivo de Armamar para que os nossos estudantes possam aí usufruir de aulas de desporto. Depois, temos cerca de 1,5 milhões de euros orçamentados e candidatados na área do ambiente, nomeadamente a construção de seis ETAR nas freguesias que ainda carecem dessas infraestruturas; no âmbito dos PARU, temos a nova fase da requalificação urbana da vila de Armamar, o projecto do auditório cultural e da biblioteca, entre outros projectos em sede de candidatura orçados em cerca de 7 milhões de euros em obra.


Ação Social

Santa Casa da Misericórdia de Armamar

A solidariedade vem do interior… A exemplo do que sucede em particular em territórios do interior do país, da estoicidade e espírito de missão encarnadas por alguns filantropos e humanistas resulta a diluição de assimetrias. A Santa Casa da Misericórdia de Armamar, com sede em Vila Seca, está registada desde 1984 na Direcção Geral da Segurança Social como IPSS, elegendo como objectivo o exercício da acção social na prevenção e apoio nas diversas situações de fragilidade, exclusão ou carência humana.

Manuel Correia da Silva, provedor da SCM Armamar

Com uma história e legado secular, a instituição, hoje liderada pelo provedor Manuel Correia da Silva, promove a inclusão e a integração social, desenvolvendo para o efeito diversas actividades a toda a população necessitada, proporcionando-lhe qualidade de vida.

Raiz solidária As Misericórdias, na sua origem, foram irmandades e confrarias criadas com a intenção de levarem à prática as 14 obras de misericórdia. Assim, existe um documento – carta de colação - cujo original se encontra na Torre de Tombo, que tudo leva a crer ser a origem da primeira Irmandade ou Confraria de Armamar, com data da segunda metade do século XVI, do reinado de Filipe I. Anteriormente à fundação da Santa Casa da Misericórdia de Armamar, no local onde agora tem a sua sede e funciona o Lar de São José, outrora e nas mesmas instalações agora melhoradas e ampliadas, funcionou o Asilo – Hospital – Creche de José Rodrigues Cardoso, cuja valência hospitalar foi a única a ir avante, sendo o primeiro hospital a cobrir todo o Concelho de Armamar. O benemérito José Rodrigues Cardoso deixou 10 000 contos para a sua construção e conservação e o primeiro Compromisso da Santa Casa da Misericórdia de Armamar data de 1954, competindo-lhe manter e administrar o Asilo – Hospital - Creche José Rodrigues Cardoso, que passou para a administração da Santa Casa em Fevereiro de 1955.

A Santa Casa da Misericórdia de Armamar é um pilar de excelência na oferta de respostas a situações de doença ou dependência, ausência de retaguarda familiar, fracas condições habitacionais, isolamento geográfico ou social e fracos recursos económicos. A qualidade do serviço prestado tem resultado num aumento da lista de espera em diversas valências e, por isso, os responsáveis pela instituição anseiam religiosamente pela ampliação das actuais instalações que albergam a estrutura residencial para pessoas idosas. País Positivo visitou esta icónica instituição de Armamar, guiado pelo Provedor, Manuel Correia da Silva. Sendo esta instituição detentora de um rico legado histórico, convidá-lo-ia a revisitar as suas raízes, projectando a realidade actual da Santa Casa da Misericórdia de Armamar… A Santa Casa da Misericórdia de Armamar, como hoje é conhecida, inicia-se

em 1931, graças à generosidade de um benemérito local, José Rodrigues Cardoso, que mandou edificar o actual edifício. Embora residente no Brasil, numa das vezes que visitou a sua terra natal e aquando da sua morte em 27 de Janeiro de 1928, legou dois terços da sua herança para instalação de um asilo para idosos de Vila Seca e outras freguesias. Devido à inexistência de um hospital concelhio em Armamar, a obra abriu como Hospital e, quando as verbas para a manutenção do Hospital começaram a escassear, a administração ficou entregue ao Estado, que criou a Santa Casa da Misericórdia de Armamar em 1955. Actualmente, a Santa Casa da Misericórdia de Armamar é gerida por Órgãos Sociais e presta apoio nas respostas sociais estrutura residencial para pessoas idosas, serviço de apoio domiciliário, serviço de atendimento local e cantinas sociais. Ao nível da estrutura residencial para pessoas idosas, a instituição presta serviços de alojamento, alimentação, tratamento de roupas, animação sociocultural, cuidados de saúde primários, cuidados de higiene e conforto pessoal e apoio social. No que se refere ao serviço de apoio domiciliário, tem como objectivo apoiar na satisfação das necessidades básicas e actividades de vida diária e retardar ou evitar a institucionalização, mantendo o utente no domicílio e contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida e a da sua família. Neste âmbito, esta instituição presta serviços de fornecimento de refeições, cuidados de higiene pessoal e conforto, colaboração na prestação de cuidados de saúde, arrumos e limpezas de habitação, tratamento de roupas e acompanhamento social. A periodicidade do serviço é diária e a área de actuação é o concelho de Armamar. Que principais motivos encontra para que exista tanta procura pelos serviços prestados por esta instituição? Os principais motivos pelos quais existe uma procura dos serviços da Santa Casa da Misericórdia de Armamar prendem-se com situações de doença ou dependência, ausência de retaguarda familiar, fracas condições habitacionais, isolamento geográfico ou social, fracos recursos económicos e interesse pela qualidade do serviço. A qualidade


Santa Casa da Misericórdia de Armamar

Ação Social RLIS e SAAS: a criatividade ao serviço da comunidade

do serviço que sempre procuramos oferecer justifica que as pessoas nos procurem quando se deparam com este tipo de situações. Confesso que passamos actualmente por algumas dificuldades e é nosso objectivo remodelar o edifício que alberga a estrutura residencial para idosos e todo o património que temos construído, adaptando-o à nova legislação e oferecendo mais conforto aos nossos utentes, que não estão propriamente a ser acolhidos nas condições que merecem e que desejamos. Por outro lado, constatamos que estas instituições não estão hoje a funcionar apenas com o objectivo que lhes foi inicialmente assacado. A maioria dos lares não funciona actualmente como tal mas antes como unidades de cuidados continuados porque, cada vez mais, as pessoas chegam até nós mais tarde – até porque existem outras respostas, como o apoio domiciliário, que vão suportando as pessoas em casa – em estados de dependência muito mais adiantados. Por isso, estas instituições são hoje muito mais da área da saúde do que da área social, embora continuemos a ter apenas acordos com a Segurança Social. É algo que os decisores políticos terão que repensar porque não será possível manter este tipo de resposta durante muito mais tempo. E há que notar que estas respostas obrigam-nos a ter mais pessoal e recursos mais qualificados, o que representa

custos muito elevados, dos quais não somos ressarcidos através dos contractos actualmente em vigor. Além de servirem as populações mais carenciadas, as santas casas do interior desempenham outro papel preponderante ao serem das instituições que mais emprego oferecem… Podemos afirmar que é o caso de Armamar, cuja Santa Casa é o terceiro maior empregador do concelho. Diria que as Misericórdias e o terceiro sector em geral são hoje as únicas instituições geradoras de emprego, o que releva a sua preponderância até no equilíbrio da própria sociedade e na economia local. Imagino o descalabro que seria se as misericórdias e demais IPSS deixassem de existir…

Quantas pessoas emprega e serve a Santa Casa da Misericórdia de Armamar? Cerca de 50, desde um grupo de licenciados em enfermagem e pessoal dirigente, passando pelo pessoal administrativo e os profissionais dedicados às nossas tradicionais tarefas de cuidados. Quanto a utentes, temos cerca de 50 em apoio domiciliário e 35 na estrutura residencial para idosos. Se multiplicarmos estes indicadores pelo número de famílias que depende do nosso apoio, quer em termos de prestação de serviços, quer em termos de emprego, facilmente constataremos a importância da instituição para o concelho. Arriscaria afirmar que mais de 100 famílias viverão com o apoio da Misericórdia.

Em mais uma parceria social, em que ambas as partes se comprometem com todo o empenhamento de bem-fazer, a Misericórdia de Armamar e a Segurança Social, em 15/2/2016, inauguraram as suas funcionais instalações de atendimento, no Lugar das Mozes, em Armamar. Os acrónimos RLIS/SAAS significam Rede Local de Intervenção Social/Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social. “Além das já muitas valências criadas, onde os seus utentes são bem recebidos e respeitados, têm também, com esta nova valência, por função primária o serviço de atendimento e acompanhamento social de quantos se encontram ligados à respectiva área e se possam achar em situação de vulnerabilidade, exclusão e emergência social, quer individual quer familiarmente”, explica Manuel Correia da Silva. Nesse sentido, “este serviço está aberto e receptivo a informar, aconselhar e encaminhar para respostas, serviços e prestações sociais adequadas a cada situação, apoiar em situações de vulnerabilidade social, prevenir situações de pobreza e de exclusão social, contribuir para a aquisição e ou fortalecimento das competências das pessoas e famílias, assegurar o acompanhamento social e mobilizar os recursos da comunidade adequados à progressiva autonomia pessoal, social e profissional dos nossos utentes”, acrescenta o Provedor.

Rua Dr. Nelson S Pereira 7 5110-673 VILA SECA - Armamar Telefone: 254 855 266 • Fax: 254 855 973 E-mail: scmarmamar@sapo.pt Para donativos: NIB 0035 0108 00012379230 79


Turismo – EN2

Rede EN2

“Acreditamos que este projeto tem de ser intermunicipal” Em entrevista ao PP, Luís Machado, autarca de Santa Marta de Penaguião, fala do projeto dos municípios para a mítica Estrada Nacional Nº2, a nova rota turística que cruza Portugal, dando a conhecer o fabuloso património dos 32 municípios por ela atravessados. Trata-se de um projeto intermunicipal de valorização e organização do poder local.

Qual é a génese do projeto da Rota da Estrada Nacional Nº2? Luís Machado – A rota é a descoberta de uma oportunidade para a valorização dos territórios. Nasci e cresci lado a lado com a Nacional 2, marcou a minha e certamente a infância de muitos Portugueses. Sem darmos conta tínhamos e temos uma estrada mítica e única na Europa. A nacional 2 tem a particularidade de atravessar o país de Norte a Sul, sem interrupções. Com a mesma tipologia só existem mais duas no mundo, a route 40 na Argentina e a 66 nos Estados Unidos. Santa Marta de Penaguião “deu o pontapé de saída” para a criação de uma plataforma turística física indispensável ao desenvolvimento desta parte dorsal do país, e nesse sentido, no dia 12 de Junho de 2014,

foi agendada uma reunião, para a qual foram convidados os 32 Municípios que constituem a EN2. Da mesma resultou um grupo de trabalho composto pelos municípios de Santa Marta de Penaguião, Vila Pouca de Aguiar, Viseu, Pedrógão Grande, Sertã e Almodôvar. Até hoje, dois anos passados, muito se fez e dos 32 municípios convidados, 31 já aderiram (falta apenas Alcácer do Sal) à constituição da Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, cuja escritura está prevista para o próximo mês. Fora das secções da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, a nossa associação será a maior Associação de Municípios do país que funciona de forma voluntária o que é sinal do reconhecimento de grande potencial deste projeto.

O projeto é dos Municípios e não dos presidentes, porque é importante institucionalizar este tipo de relação, sendo que os mandatos são efémeros. Criou-se um modelo institucional que se perpetuará e não dependerá da vontade de quem está a dirigir as Câmaras ou das Direções da Entidades e Regiões de Turismo. Quais são os principais objetivos do projeto? LM – Como disse o objetivo final deste projeto passa pela criação de riqueza e valorização dos territórios que a Estrada Nacional atravessa. Este projeto, com muita facilidade, junta mil parceiros. Estamos a falar de turismo religioso, de paisagem, gastronomia e cultura, proporcionando uma oferta enorme e única no país a quem se


Rede EN2

propuser percorrer a Estrada Nacional nº 2. Assim, queremos criar e tipificar a figura do turista da Nacional 2, ou seja, construir um compromisso intermunicipal em que toda a restauração, todos os produtos endógenos e todo o alojamento local sejam uniformes ao longo da estrada. Como é que pretendem fazer isso? LM – Vamos avançar com um passaporte municipal, sendo que o turista que queira fazer a Nacional nº 2 possa passar em todos os municípios e carimbar o passaporte. Pode fazê-lo no Posto de Turismo ou na Câmara Municipal. Em paralelo, vamos criar um passaporte presidencial em que

quem quiser ser recebido pelo presidente da Câmara, poderá fazê-lo. Isto é proximidade e um novo modelo de turismo. Vamos também criar uma aplicação para ser descarregadas nos iphones e smartphones para que o turista tenha acesso a toda a informação sobre a Nacional nº 2. Por exemplo: onde ficar, o que comer e o que visitar. Queremos que quem faça a Nacional nº 2 tenha gosto e vontade de a voltar a fazer e partilhe com os outros. Quando estivermos organizados, vai ser um projeto lindíssimo, que permitirá um turismo anual, fonte de riqueza e oportunidade para os nossos territórios. Vai de encontro ao que o Primeiro-ministro afirmou, no Dia

Mundial do Turismo, de que há uma descentralização da oferta turística.

Uma alternativa ao Turismo do Litoral A presença de todos os municípios é a pedra basilar do projeto? LM – Acreditamos que este projeto tem que ser intermunicipal. Sendo os municípios os primeiros responsáveis pelo planeamento e desenvolvimento dos seus territórios, faz todo o sentido que sejam eles a definir e gerir o projeto, no entanto é óbvio que existem parceiros imprescindíveis como é o caso das Infraestruturas de Portugal. Eles são os donos da plataforma,

Turismo – EN2

que necessita de algumas intervenções, mas nada profundo. A Nacional nº 2 está marcada de cem em cem metros, com marcos graníticos lindíssimos que hoje já não se fazem, e que nós queremos marcar como património. Património rico e interessante são também as antigas Casas de Cantoneiro, que estão ao longo da Nacional nº 2, e que são típicas das regiões onde se localizam. Estas serão recuperadas e afetas ao projeto até como forma de promoção. Queremos sinalizar os 739, 260 quilómetros, sinalizando todos os pontos de interesse. Queremos um pavimento seguro, cómodo e em bom estado, que atraia os turistas e deixe orgulhosos aqueles que vivem lado a lado com a Nacional. Queremos criar no turista, a vontade de se deslocar para dentro das populações e conhecer o seu âmago. Só assim se criará a tão desejada riqueza. Já reunimos com o Turismo de Portugal que está disponível para promover este produto no estrangeiro e contamos também com todas as entidades de Turismo tocadas pela Nacional 2. Tudo isto é sinónimo de que temos um património fabuloso, que bem organizado poderá ser, de facto, um factor de coesão territorial, de desenvolvimento local, uma oportunidade única para se criar uma alternativa ao já existente turismo do litoral, criando assim uma oportunidade de o país ter duas ofertas de turismo distintas, mas complementares. O turista que vem a Santa Marta de Penaguião, o que é que pode conhecer? LM – Temos turismo religioso, paisagens lindíssimas, miradouros fabulosos. Temos a maior Serra do Norte – a Serra do Marão - a dez quilómetros da Estrada Nacional 2, adegas muito bonitas com vinhos de grande qualidade, que as pessoas podem visitar e, claro está, a nossa gastronomia maravilhosa.

Santa Marta Convida!


Arquitetura

Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos

Uma Ordem mais dinâmica e inclusiva Motivos de orgulho não faltam a Cláudia Costa Santos, presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. Em entrevista ao PP, fez um balanço do seu mandato, abordando algumas questões sensíveis para a profissão e revelou as directrizes da sua recandidatura

Sabemos que se vai recandidatar, a um 2º mandato enquanto presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. Quais são as expectativas? CCS: Há três anos atrás, vencemos as eleições com uma marca muito própria, Novo Rumo Nova Ordem (foi este o mote da actual direcção em 2013) que traduzia uma alteração de paradigma e uma ruptura com o sistema implementado. É óbvio que a contínua persecução desse caminho é necessária, pois as mudanças entretanto conseguidas, apenas tiveram âmbito regional. Contrariamente ao previsto, devo dizê-lo, pois o expresso no conteúdo programático da actual direcção nacional incluía muitas das nossas medidas. Curiosamente foi nessas medidas comuns que a direcção nacional condicionou e dificultou a acção da direcção da SRN. Por estas razões e outras, só faz sentido continuarmos este projecto, com expansão a nível Nacional. Até porque, derivado à recente alteração estatutária (à qual a Secção Regional Norte se opôs) as secções regionais perderam muitas das suas competências. Com o actual estatuto, só como poderemos evoluir como classe com uma política estratégica conjunta e cooperante. Quais serão as prioridades deste novo ciclo? CCS: Como é óbvio, o Arquitecto no centro de todas as nossas acções, com a prestação de serviços aos membros. Serviços

Cláudia Costa Santos, presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos

que tenham um impacto real e positivo na sua vertente profissional, mas também no seu quotidiano pessoal. Em 2013, a actual direcção impulsionada por uma ideia do que poderá ser a Ordem no futuro, construiu um programa sobre 3 grandes eixos estratégicos, que para nós, são e serão sempre imprescindíveis de acautelar e trabalhar, onde o Arquitecto é o centro de toda a sua actuação: 1 - o relacionamento entre a Ordem e os Arquitectos; 2 – o relacionamento entre a Sociedade e os Arquitectos; 3 – A Arquitectura como actividade económica e os Arquitectos. Estes são os três eixos que irão estruturar sempre o nosso rumo. Na sua opinião, qual deverá ser o futuro da Ordem dos Arquitectos?

“Os três eixos estratégicos definidos na nossa candidatura, tinham como objectivo encontrar não só uma nova forma de actuação da Ordem, no que concerne ao relacionamento entre a Ordem e os Arquitectos, mas também o de trazer uma nova visão para o nosso sector.”

CCS: Ao nível funcional, o nosso ideal é que a Ordem dos Arquitectos seja realmente uma só, global, respeitando as dinâmicas e contextos próprios das suas ramificações, as Secções, Núcleos e as Delegações. Só dará frutos na sua plenitude, se existir um trabalho cooperante e solidário de todas as partes. O tronco, o CDN, tem de gerar as orientações de uma estratégia nacional. E essa não foi a realidade deste triénio. A Secção Regional Norte tem na sua actuação o foco nas necessidades e preocupações reais dos nossos membros e os restantes órgãos da Ordem continuaram a seguir o que era habitual em outros triénios anteriores, quanto a nós, uma estratégia desajustada da realidade, dissonante do que os membros desejam. Ao nível social, o nosso ideal é uma Ordem mais aberta, mais inclusiva. A Ordem, no seu todo, tem que mudar, tanto na sua abordagem interna a forma de tratar os seus membros, actuando na defesa dos seus interesses, criando uma noção de reciprocidade entre Ordem e membros, entre direitos e deveres. A Ordem tem de se adequar ao tempo em que vivemos: lidando com a complexidade e a incerteza, reforçando o diálogo com os membros com o objectivo de encontrar soluções para tantos problemas que a profissão actualmente vive, desenvolvendo redes de comunicação, cooperação e de entreajuda. Quais são as grandes diferenças entre ambas as Secções? CCS: Apesar de ser uma questão delicada, podemos afirmar que somos uma ruptura do sistema vigente, desajustado das necessidades actuais, que perpetuava um establishment arredado das preocupações e anseios da maioria da classe. Esta ruptura apenas aconteceu na Secção Norte. A Secção Sul e o Nacional representam a continuidade. Tal é perceptível em vários assuntos, sobretudo de âmbito Nacional, onde a Secção Regional Norte é a única que insiste em levar a debate e aprovação dos membros, assuntos como o da alteração estatutária. O outro traço distintivo é o Fazer. O maior dinamismo da SRN é indiscutível, pois num triénio conseguiu erguer uma Nova Sede, sem


Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos

derrapagens, ao mesmo tempo que alcança os melhores resultados financeiros agregados de sempre, no alcance da sua luta aquando da discussão do DL.40/2015, na dinâmica cultural, na promoção de infra-estruturas de apoio à prática profissional, como o espaço de Coworking e Sala do Arquitecto, no apoio e esclarecimento aos membros para o usufruto dos financiamentos europeus, na reorganização interna com o sistema de Qualidade e com a promoção de benefícios e protocolos dirigidos aos membros que têm e terão um impacto cada vez maior no seu quotidiano. Ao voltar a candidatar-se, há uma necessidade de se reinventar? CCS: Há uma necessidade aprofundar os eixos principais da nossa candidatura em 2013 e ampliar para a Ordem a nível Nacional. Implementar novos projectos, consolidar os actuais e sobretudo reinventar uma nova Ordem, que crie novas estratégias de alavancar a profissão, mais aberta, mais inclusa, mais social, mais dialogante, de e para todos os membros. Para isso é essencial que esta visão seja partilhada por todos os órgãos, daí a nossa recandidatura apoiar a candidatura à Secção Sul encabeçada pela Arquitecta Paula Torgal e a candidatura Nacional encabeçada pelo Arquitecto José Manuel Pedreirinho. Fale-me um pouco sobre esses três eixos principais? CCS: Os três eixos estratégicos definidos na nossa candidatura, tinham como objectivo encontrar não só uma nova forma de actuação da Ordem, no que concerne ao relacionamento entre a Ordem e os Arquitectos, mas também o de trazer uma nova visão para o nosso sector. Uma visão alargada dos Arquitectos enquanto profissionais e indivíduos sujeitos a um contexto muito difícil e particular da nossa história. Achamos que o relacionamento entre a Ordem e os Arquitectos deve ser baseado numa base de reciprocidade. Os Arquitectos têm deveres perante a Ordem e sustentam-na, assim a Ordem deve promover apoios, através de benefícios

que lhes auxilie o dia-a-dia. O segundo eixo traduz-se no relacionamento entre os Arquitectos e a sociedade civil, numa lógica de formação de públicos sobre o que é a arquitectura e a sua importância para o desenvolvimento social urbano, multiplicando a aproximação da ordem através de actividades culturais. O terceiro eixo traduz-se na Arquitectura como actividade económica e na implementação de estratégias, infra-estruturas e serviços que reforcem o sector e criem ferramentas para que a enorme qualidade dos Arquitectos nacionais seja repercutida num aumento de rendimentos, oportunidades e actividades. Quais são as principais características dos elementos que compõem a actual Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos? CCS: Espírito de missão e de cooperação, pragmatismo, responsabilidade, respeito pelos compromissos assumidos, associados a um espírito de abertura e propensão para o diálogo que permite acolher boas ideias e boas alternativas em prol do colectivo. A Norte somos cerca de 9000 Arquitectos que muitas vezes não estão de acordo. Mas temos que nos unir nos valores fundamentais em nome do prestígio e da sobrevivência da arquitectura enquanto tal. Exemplo disso foi a construção da Nova Sede a Norte, cuja execução estava prevista nos 4 mandatos anteriores. Foi a actual direcção, que não a tinha como prioridade, que em virtude de uma oportunidade surgida com o desbloqueio dos fundos europeus para o projecto da OASRN, se empenhou em aumentar de forma muito substancial a comparticipação europeia a fundo perdido. Foi um intenso e enorme trabalho em 15 dias, conseguir aumentar financiamento a fundo perdido de 70 para 92.6% e definir um novo programa para a sua utilização, criando uma sede mais aberta aos membros e à sociedade civil. Este esforço permitiu termos uma sede nova, com um investimento de 2 milhões de euros e para o qual a Secção Regional Norte apenas despendeu 87 mil euros, garantindo assim a sua sustentabilidade financeira.

“Há uma necessidade aprofundar os eixos principais da nossa candidatura em 2013 e ampliar para a Ordem a nível Nacional. Implementar novos projectos, consolidar os actuais e sobretudo reinventar uma nova Ordem, que crie novas estratégias de alavancar a profissão, mais aberta, mais inclusiva, mais social, mais dialogante, de e para todos os membros.”

Acha que a Arquitectura portuguesa goza hoje de um grande reconhecimento no país e no exterior? CCS: A Arquitectura portuguesa e em especial a do Norte de Portugal tem um reconhecimento mundial imenso, predominando a imagem de uma arquitectura de qualidade, fruto das suas escolas e da consagração de dois Pritzkers. Infelizmente não é tão reconhecida no nosso país. É aclamada, mas apenas para ser utilizada pelos actores políticos como chavão de circunstância. Agora, na prática os serviços de arquitectura são cada vez mais desvalorizados, como no caso dos concursos públicos. Quando existem valoriza-se o preço mais baixo, em detrimento à qualidade e eficiência. Na prática as entidades públicas priorizam o Ajuste Directo, que em nada contribui para a igualdade de oportunidades, para a diversificação de prestadores, para uma prestação de serviços de qualidade e afecta a percepção de como é efectuada a gestão do bem público.

Arquitetura

O que é que acha do contínuo abandono do nosso país por parte de tantos Arquitectos? CCS: Encaro esse abandono com grande tristeza. Nós formamos Arquitectos, damos-lhe o know-how, acreditamo-los como profissionais qualificados, e depois exportamos toda essa energia. Perdemos quadros qualificados nos quais investimos e onde estão muitas das soluções para o país. E tudo porque não há reconhecimento no nosso país, não há valorização dos profissionais em que tanto se investiu! Do que é que mais se orgulha enquanto presidente? CCS: Orgulho-me de todas as pessoas que me acompanham nos órgãos sociais da Secção Regional Norte, uma equipa a que se deve tudo o que conseguimos construir nestes 3 anos. Orgulho-me da estrutura dos núcleos afectos à Secção Regional Norte, por terem intensificado a nossa visão com diversas acções. Orgulho-me por termos feito esta Casa em 15 meses, estar já paga e sem desvios. Orgulho-me da prestação e apoio incansável das colaboradoras desta casa. Orgulho-me de todos os membros que diariamente lutam por um futuro profissional mais justo, equitativo. Orgulho-me por termos quebrado o status quo vigente na Ordem, e de fomentar-mos um tratamento igualitário e inclusivo, que aprofunda a relação entre Ordem e membros. Em que áreas do país são necessárias intervenções por parte dos Arquitectos? CCS: Imensas. Temos zonas de construção espontânea que ninguém sabe o que fazer, um parque habitacional completamente desactualizado, um território completamente desfigurado, edifícios em ruína com necessidades imediatas de recuperação e intervenção para que não percamos a nossa História. Queiram os poderes políticos assumir e entender os Arquitectos como agentes primordiais e mais qualificados para definir, pensar e transformar o território e inevitavelmente o país sairá a ganhar.


Turismo Cultural

Programa 365 Algarve

Todos os dias contam no Algarve 365 Algarve é um programa cultural que complementa a oferta tradicional deste destino turístico com mais de mil apresentações de música, dança, teatro, exposições, animação de património, entre outras, na sua grande maioria de acesso gratuito. A primeira edição deste novo programa, apresentado no dia 1 de outubro, em Tavira, decorre de outubro de 2016 a maio de 2017 e os eventos que terão lugar em todo o território algarvio convidam a uma visita à região. Porque todos os dias contam! A “Festa dos Anos de Álvaro de Campos”, poeta nascido a 15 de outubro em Tavira, foi um dos projetos que assinalou o dia inaugural do programa cultural «365 Algarve. O arranque desta iniciativa contou ainda com um concerto do pianista Adriano Jordão e uma exposição de rua “Outdoor” de Jovens Criadores do Algarve. A cerimónia oficial que assinalou o primeiro dia desta agenda cultural teve lugar na Biblioteca Álvaro de Campos, em Tavira e contou com as presenças do Mi-

Apresentação do Programa 365 Algarve

nistro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, do Secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, do Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, do Presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, da Comissária de Programação, Dália Paulo e do Vereador da Câmara Municipal de Tavira, João Pedro Rodrigues. O projeto é financiado pelo Turismo de Portugal com 1,5 milhões de euros e resulta de uma iniciativa conjunta dos Ministérios da

Economia (com a Secretaria de Estado do Turismo) e da Cultura, concretizada pela Região de Turismo do Algarve, bem como dos agentes culturais locais. São 16 as autarquias algarvias envolvidas e, ao todo, 51 as entidades que contribuem para fazer desta iniciativa um marco cultural no Algarve. São 63 os projetos selecionados, que se traduzem numa programação com mais de mil apresentações. O programa «365 Algarve» é uma proposta de intervenção e qualificação do território, materializada através de um programa que visa desenvolver a competitividade do destino ao longo de todo o ano, apostando na sua matriz identitária e criativa. Uma aposta que pretende contribuir para uma forte coesão territorial, para a densificação da oferta cultural e para o reforço da marca Algarve. Com esta oferta, a organização pretende melhorar a experiência turística e a perceção internacional do destino através do reforço da componente cultural. Assegurando um calendário de iniciativas que possa garantir atração de turistas, nacionais e internacionais, durante todo o ano, é elevada a diversificação e o aumento da atratividade da ofer-

ta turística e cultural no Algarve nos meses das épocas média e baixa, um dos principais objetivos do programa. O programa cultural foi construído com propostas apresentadas pelos agentes culturais regionais, a partir das quais se definiram nove linhas programáticas que permitem envolver os visitantes e/ou residente na escuta, interação, criação, (re)descoberta, experiência e fruição do território: Arte e paisagem, Festa e tradição, Gentes que nos inspiram, Música, espaços e paladares, Música, espaços e tempos, Pensar o território, Território e fronteiras, Território e memória, Território, criação e transformação O desafio é a construção de uma oferta consistente, coerente e coesa que acrescente valor e que procure diminuir a sazonalidade turística da região do Algarve através da criatividade e inovação, com vista à sua sustentabilidade futura. País Positivo marcou presença no evento inaugural que serviu para a apresentação pública do 365 Algarve e entrevistou Dália Paulo, Comissária de Programação do 365 Algarve e Desidério Silva, Presidente da Região de Turismo do Algarve.


Programa 365 Algarve Dália Paulo Que principais objetivos norteiam este 365 Algarve? O 365 Algarve é um projeto que se insere numa estratégia global para inversão da sazonalidade na região. Sendo que tem que ser vista na sua globalidade e não apenas a partir deste projeto cultural, deve ser entendido como mais uma ferramenta para a desejada inversão da sazonalidade e para que o Algarve possa ser também conhecido como um destino de inverno. Pretendemos que, com este programa, o visitante tenha uma experiência de imersão, mais enriquecedora e diversificada. Assim, as três linhas de orientção para a cosntrução do programa 365 Algarve foram a coesão territórial, a abrangência artística e temporal. O 365 Algarve pretende complementar a oferta cultural existente, desnificando-a e tornando o território mais coeso, uma vez que a oferta abrange toda a região de Barlavento ao Sotavento e do interior ao litoral e vem ainda permitir que a expe-

riência do visitante saia enriquecida. Construído para oito meses (outubro 2016 a maio 2017), este programa elege como objetivo chegar aos destinos emissores antes de a pessoa estar no território. Para inverter a sazonalidade, tenho que ter argumentos para escolher este destino, então, através do Turismo de Portugal, este programa será divulgado nos mercados emissores para que possamos atrair ainda antes de as pessoas escolherem o destino. Este programa será reforçado por uma componente de marketing e de comunicação? Sim, é fundamental que assim seja. A base para nós, enquanto programadores comissários, é apresentar um programa de qualidade, mas um programa de qualidade que não comunica não existe e, portanto, teremos que ter essa componente. Quer através do Turismo de Portugal para os mercados exteriores, quer através da Região de Turismo do Algarve ou da Associação de Turismo do Algarve para a Península Ibé-

rica, está a ser feita essa divulgação. Em que tipos de atividades assentará o programa cultural? O programa é bastante diversificado, abrangendo várias áreas artísticas e temáticas. Temos desde as artes visuais, com exposições quer de artistas plásticos, quer de fotógrafos, até teatro, dança, cinema, música… passando pela animação de património. A grande diferenciação deste programa reside no facto de nascer a partir da identidade do território e de quem está no mesmo, dos agentes culturais aos municípios. Estamos a falar de um programa que tem criação e programação, construído a partir de quem já trabalhava no território, sendo um desafio que as tutelas, neste caso as secretarias de estado da cultura e do turismo, lançam à região. E a região disse sim, estou presente! O programa construído é baseado nessas propostas da região. Desafiamos quem conhece a região a propor e alguns dos sonhos tornaram-se realidade com o 365 Algarve. Este programa acontecerá apenas este ano ou terá continuidade no futuro? Temos como certo que acontecerá de outubro de 2016 a 16 de maio de 2017 e e no próximo ano (outubro 2017 a maio de 2018) e, eventualmente, num terceiro ano. Em parte, nos mesmos moldes, uma vez que será baseado na região, no que aqui acontece e em quem aqui produz cultura mas com algumas altereações, sendo desenhado com propostas nossas e com os contributos quer da avliação externa, quer dos parceiros.

Dália Paulo, Comissária do Programa 365 Algarve

malas.RUFEL ~ Santa Maria da Feira ~

Sendo o Algarve um destino tradicional de sol e mar, em que medida se pretende, através do 365 Algarve conquistar outros mercados e perfis de turista? Sim, estou certa que abrirá portas a novos públicos, até dentro dos mesmos mercados. Refiro-me a públicos muito diversificados, que não procuram o turismo de sol

Turismo Cultural

e mar mas um turismo cultural, mais identitário, experiências diferentes e em épocas mais baixas, em que podem usufruir da região com uma maior naturalidade e sem aquela pressão do verão. Este programa e toda a tentativa de inverter a sazonalidade não pretende que deixemos de ser um destino de sol e praia, até porque somos muito bons nisso. A ideia é complementar a oferta existente onde o clima é um excelente parceiro e uma mais-valia do 365 Algarve, que inclui muitas actividades a acontecerem no exterior entre outubro e maio. Com esta amplitude, quer em termos de entidades, quer em termos de actividades, falamos certamente de indicadores quantitativos bastante significativos… Falando em números, teremos os 16 concelhos envolvidos, 63 projetos incluídos e 51 entidades envolvidas. O 365 Algarve usufruirá de 1,4 milhões de euros para programação e teremos mais de mil apresentações ao longo de oito meses no Algarve. É nesta envolvência que me sinto obrigada a fazer um agradecimento muito especial aos agentes culturais da região, sem os quais o 365 Algarve seria certamente outra coisa ou até nada… Porque hoje também se fala numa economia da cultura, em que medida poderá este programa contrariar outro tipo de sazonalidade bem presente no Algarve, a do emprego? Claramente, esse é outro dos objetivos. Quando falamos nestes programas ou na inversão da sazonalidade, a economia é sempre a base. Interessa-nos que o Algarve seja sustentável e que a economia ganhe músculo. Deste ponto de vista, poderá ter reflexos, fora da área cultural, na restauração, no alojamento ou no pequeno comércio tradicional. Relativamente à economia da cultura, interessa-nos também dar a oportunidade aos agentes culturais de se qualificarem, de constituirem equipas com maior densidade e de trabalharem a cultu-


Turismo Cultural

Programa 365 Algarve

ra durante todo o ano de forma profissional. A ideia do programa também passa por esse papel de mediação e de facilitação entre a área da cultura e a do turismo. Sendo a cultura vida e o turismo a maior indústria desta região, as duas não podem estar desligadas. Por outro lado, parece surgir também um incentivo às indústrias criativas… Claramente! E o que verdadeiramente nos interessa é fixar pessoas, criativos, na região. É realmente uma área deficitária na região e este programa pode ser um incentivo para que isso possa acontecer com maior rapidez e mais facilidade.

Desidério Silva, Presidente da Região de Turismo do Algarve Em termos de captação de turismo, a região do Algarve atingiu este ano patamares de excelência… Fala-se hoje no fruto de uma gestão muito qualificada, adoptada ao longo da última década… Isto é fruto de vários fatores… Obviamente, se não tivéssemos feito bem o trabalho de casa durante os últimos anos, as pessoas poderiam vir cá e não voltar porque não encontrariam uma região atrativa, com condições de alojamento, com qualidade de serviços e de produtos intrínsecos ao próprio território. Esse é um trabalho que foi realizado e que está a dar frutos. Independentemente das questões que têm a ver com a instabilidade nalguns países, o facto é que nós, para recebermos os turistas que deixaram de ir para esses destinos, partilhamos um corredor onde estão centenas de regiões turísticas. E se a escolha recai no Algarve por alguma razão será. É porque esse trabalho foi feito, porque a oferta é boa e esse é o resultado prático do sucesso da região nos últimos anos, particularmente no ano passado e no presente. Até ao final de agosto, tivemos 13,5 milhões de dormidas, o que corresponde a quase 35 por cento das dormidas no país, o que contribui para que o Algarve continue a ser claramente a mais importante região turística de Portugal. Seria praticamente um crime de lesa pátria desinvestir num momento como o atual… Não seria… é claramente um crime de lesa pátria, numa altura em que os resultados são positivos, alguém pensar não continuar neste caminho. Os destinos consolidam-se, em termos de imagem e de oferta, se houver investimento, qualificação e requalificação e esta é uma altura em que todos os que cavalgam esta onda têm que estar atentos porque

o turismo é muito volátil. Os destinos levam muito tempo a construir e muito pouco tempo a destruir e não se fazem apenas através da promoção. Os destinos fazem-se construindo produto, qualificando o território e a oferta e formando e qualificando o pessoal. Qualquer destes fatores tem que ser apoiado e terá que existir necessariamente uma fatia de financiamento para esses investimentos. Quer dizer que, a par do investimento privado, terá que coexistir um esforço de investimento público? Não existe turismo se o esforço apenas estiver do lado dos privados. Do mesmo modo que não existirá se apenas for feito pelo público. Os privados investem muito nas infraestruturas de alojamento mas, depois, o serviço público, as autarquias, têm que ir atrás no contexto da requalificação, das acessibilidades, da iluminação, da recolha de resíduos, da limpeza… Tudo isto é intrínseco a uma oferta global e essas parcerias e trabalho conjunto é cada vez mais exigente. Nós, enquanto Região de Turismo e entidade pública, não temos condições para o financiamento mas elegemos uma preocupação muito evidente, procurando que a sensibilidade dos empresários e autarquias para a construção de espaços públicos interessantes e de qualidade sejam uma constante. A par, que sejam requalificados e estruturados produtos para a região. Refiro-me, nomeadamente, ao programa 365 Algarve, que incluirá um conjunto de espetáculos e acções de âmbito cultural entre outubro e maio, numa prova de que o turismo e a cultura têm que estar cada vez mais ligados, abraçando ainda áreas como o património, a gastronomia e outros projetos com grande potencial na região, como o cycling, o walking, a observação de aves, produtos de turismo de natureza… Tudo isso vai permitindo que a região tenha um conjunto de ofertas ao longo de todo o ano. O nosso foco aponta claramente àquele período de outubro a maio, uma vez que o outro já está assegurado. Em que medida poderá o 365 Algarve, além de contrariar a sazonalidade turística através da oferta cultural, resultar num pólo de dinamização económica e de emprego para a região? Tudo o que possa criar movimento, notoriedade e ações que envolvam pessoas, será positivo a esse nível. Todas estas atividades que iremos apoiar e financiar são feitas por associações, que têm pessoas, que acabam por estar ligadas a um conjunto de atividades culturais e expressões artísticas. Obviamente, trata-se de uma dinâmica que faz com que estejam em movi-

Desidério Silva, Presidente da Região de Turismo do Algarve

mento mais algumas centenas de pessoas ao longo destes meses. Essas verbas cabam por criar condições quer para o funcionamento das instituições, quer para o progresso de cada um dos agentes intervenientes. O programa visa dar visibilidade à região e contribuir para o aumento do número de dormidas. Trata-se de um primeiro programa, num projeto de três anos, houve muito pouco tempo para o preparar, existem regras e exigências que terão que ser acauteladas no futuro mas será certamente uma mais-valia. Temos que o valorizar, temos que o potenciar e monitorizar, concluindo quais foram os pontos fortes e fracos. Em suma, pretendemos criar mais notoriedade e mais economia e que a mesa seja geradora de mais emprego, particularmente entre os meses de outubro e de maio. Acredita que este programa poderá abrir o Algarve a um novo perfil de turista e até a novos mercados? Creio que o perfil do turista já é atualmente muito diversificado. Já temos turistas na região que procuram tudo e mais alguma coisa, desde cultura, património, gastronomia, turismo desportivo, caminhadas, observação de aves. O que temos é que criar mais oferta qualificada em função desta especificidade e evitar que as pessoas tenham que se deslocar para beneficiarem de uma oferta de atividades seja na área do teatro, do cinema, da dança, de exposições… que estas aconteçam mais próximo das unidades hoteleiras onde os turistas estão. E que isto sirva para que aqueles que vêm pela primeira vez ao Algarve ou os que já aqui passam férias há muito tempo possam perceber que, afinal, já existe aqui um conjunto de oferta cultural que podem associar ao património, à gastronomia e à natureza.

É importante ter aqui associadas entidades como o Turismo de Portugal e as secretarias de estado da cultura e da economia? As parcerias são mesmo assim. Queremos ser parceiros com a responsabilidade da nossa intervenção na região sobre essas matérias. Estamos neste processo por interesse legítimo, tanto mais que ando há vários anos a tentar encontrar junto dos governos e dos decisores um conjunto de ações que venham dar visibilidade à região. Neste momento estamos a trabalhar, houve uma disponibilidadee diferente por parte da secretária de estado para agarrar este projeto, que está a ser trabalhado connosco, Região de Turismo do Algarve, que tem feito um trabalho de campo extraordinário, e com a comissária, ligada à secretaria de estado da cultura. Mas não é um programa feito de cima para baixo. A região tem procurado que este e outros programas sejam encaixados num projeto consistente e, obviamente, com financiamento suficiente para dar visibilidade aos produtos e à região. Os objetivos da Região de Turismo são muito claros: primeiro, qualificação do destino e só depois, em função disso, fazer a promoção. Estando o território organizado, reestruturado e os produtos qualificados, aí sim, pretendemos fazer uma promoção sobre ações concretas para que, quando as pessoas vêm cá saibam exatamente o que irão encontrar. Esse trabalho estamos a fazer… não temos feito mais porque o financiamento à Região de Turismo do Algarve não tem sido, na minha ótica, o suficiente, tendo em conta que é uma região que produz de proveitos, no contexto dos valores nacionais, verbas brutais.


Universidade de Coimbra

Turismo Cultural

O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra “365 Algarve” é um programa cultural que complementa a oferta tradicional deste destino turístico com mais de mil apresentações de música, dança, teatro, exposições, animação de património, entre outras. A primeira edição decorre de outubro de 2016 a maio de 2017 e os eventos que vão ter lugar em todo o território algarvio convidam a uma visita à região. Porque todos os dias contam! Todos os eventos são de entrada livre exceto quando indicado com * (preçário a consultar no local) MÚSICA Cachupa Psicadélica (Concertos ao entardecer) 4 Novembro | 18h30| Rooftop Hotel Faro* Informações: arquente@gmail.com

ro de Campos, Tavira Organização: Partilha Alternativa Informações: partilha.alternativa@gmail.com

Video Lucem 10 Novembro | 21h30 | Igreja Ordem Terceira do Carmo, Faro* – AURORA (Sunrise: A Song of Two Humans) de F.W. Murnau, EUA, 1927 (com música ao vivo) 11 Novembro | 21h30 | Igreja de Santa Bárbara de Nexe* – CONFESSO! (I Confess) de Alfred Hitchcock, EUA/Canada, 1953 24 Novembro | 21h30 | Igreja Matriz de Alcoutim* Vasco Ramalho com Grupo Simantra (percussão) – O PAGADOR DE PROMESSAS (The Given 26 Novembro | 21h00 | Auditório Municipal de Lagoa* Word), de Anselmo Duarte , Brasil, 1962 Organização: ArtedoSul com Câmara Municipal de 25 Novembro | 21h30 | Igreja Matriz de Castro Lagoa Marim* – DON CAMILLO (Little World of Don Informações: batutamota@gmail.com Camillo), de Julien Duvivier, Itália/França, 1952 Organização: Cineclube de Faro, Diocese do AlgarÓPERA ve (Pastoral do Turismo e da Pastoral da Cultura) Dido e Eneias, de Henry Purcell (excertos) Informações: cineclubedefaro@gmail.com 26 Novembro | 21h30 | Centro Cultural de Lagos* 30 Novembro | 21h30 | Auditório do INUAF, ARTES VISUAIS Loulé* Paisagens Condutoras Organização: Academia de Música de Lagos 12 Novembro a 31 Dezembro | Centro InterpretatiInformações: direccao@amlagos.pt vo de Vila do Bispo Organização: Rizomalab DANÇA Informações: centro.interpretacao@cm-viladobisFestival ENTRELAÇADOS po.pt ou www.palato.org 1 a 6 Novembro | TEMPO – Teatro Municipal de Portimão*, Casa Manuel Teixeira Gomes, Antiga ANIMAÇÃO DE PATRIMÓNIO Lota e Casa das Artes Faro Desvendado Organização: Dancenema 4 e 25 Novembro | 10h30 | Centro histórico de Informações: associacao@dancenema.com e www. Faro* dancenema.com Organização: Associação Recreativa e Cultural de Músicos com a participação do Município de Faro Os Serrenhos do Caldeirão de Vera Mantero Inscrições: faro.desvendado@gmail.com Festival Verão Azul 4 de Novembro | 21h30 | Centro Cultural de Lagos* MÚSICA/ GASTRONOMIA Informações: andreasozzi@casabranca-aca.com Fado & Wine 2, 9, 16 e 23 e 30 Novembro | 16h00 às 18h00 | GiTEATRO/ GASTRONOMIA násio Clube de Faro* Peep & Eat (Espreitar e Comer) e Companhia Organização: Ginásio Clube de Faro Laika (Bélgica) Informações: ginasioclubefaro@gmail.com 24 a 27 de Novembro | 20h00 | Recinto do Festival da Batata Doce, Polidesportivo, Aljezur* ARTES VISUAIS/ ARTES PERFORMATIVAS Organização: Cosanostra, Cooperativa Cultural Festa dos anos de Álvaro de Campos Informações: cosanostra.crl@gmail.com 01 a 30 Novembro | Tavira (diversos locais)* Organização: Partilha Alternativa / Casa Álvaro CINEMA de Campos Somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos Informações: partilha.alternativa@gmail.com / 22 Novembro | 16h00 | Biblioteca Municipal Álva- tel: 912201345 MORPHOSIS – Hugo Alves (trompete) e João Frade (acordeão) 25 Novembro | 21h30 | Centro Cultural António Aleixo, Vila Real de Santo António* 26 Novembro | 21h30 | Casa do Sal, Castro Marim Organização: Orquestra de Jazz do Algarve Informações: orquestrajazzalgarve@gmail.com

Dos Estatutos Pombalinos da Universidade de Coimbra (1772) faz parte a criação de um Gabinete de História Natural que permita a vista contínua dos objetos que ela compreende, a qual produz ideias cheias de mais força e verdade do que todas as descrições mais exatas, de um Gabinete de Física Experimental, já que para que as lições de Física se façam com o aproveitamento necessário dos estudantes, estes devem adquirir o hábito de fazer as experiências com a sagacidade e destreza que se requer nos exploradores da Natureza, bem como de um Laboratório Químico, onde haverá todos os aparelhos necessários para as operações da Química. Era o Século das Luzes e Portugal estava na linha da frente. A primeira coleção a chegar a Coimbra terá sido transferida do Colégio dos Nobres em Lisboa. Instrumentos concebidos com a delicadeza e o encanto adequados a utilizadores de sangue azul começavam a enriquecer o magnífico Gabinete de Física Experimental que viria a ser nomeado Sítio Histórico Europeu pela Sociedade Europeia de Física em 2016. Já o Gabinete de História Natural, iniciado com a incorporação das coleções privadas do seu primeiro diretor, Domingos Vandelli, foi fortemente enriquecido com as remessas que ao longo de anos foram enviadas do Brasil pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, recolhidas no âmbito da sua Viagem Philosophica (1783-1792) à Amazónia. São muitas as personagens dos Séc. XVIII e XIX que se mostraram fundamentais para

Galeria de História Natural (Foto: Bruno Pires)

Laboratorio Chimico (Foto: FG+SG)

a construção e preservação deste tesouro. O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra que hoje reúne objetos oriundos de áreas tão diversas como física, química, astronomia, zoologia, botânica, mineralogia, completará 10 anos no próximo mês de Dezembro, mas na verdade nasceu no Séc. XVIII, na sequência de uma transformação radical das mentalidades em toda a Europa, abaladas também pelo terrível terramoto de Lisboa. Esta transformação viria a culminar com a revolução francesa poucos anos depois. Coimbra foi atacada e espoliada no início do Séc. XIX, mas boa parte da coleção do Século das Luzes conseguiu chegar intacta ao Séc. XXI. O Museu da Ciência é um projeto de grande fôlego da Universidade de Coimbra, que visa a preservação, a divulgação e o estudo deste valioso património que é de Coimbra e de Portugal mas também Mundial e da Humanidade. Luís Menezes, vice-reitor Turismo


Empreendedorismo

CM Soure

O concelho de Soure no Centro da Logística Rodoferroviária Enquadramento do projeto de ampliação do terminal ferroviário

O setor da Logística Com a livre circulação de bens a nível europeu e a redução das barreiras protecionistas a nível mundial, o transporte de mercadorias tem conhecido um crescimento acelerado aumentando também o percurso médio das cargas. Face a um mercado cada vez mais global a escolha da localização das empresas assume-se como variável central para uma boa implantação sobre as cadeias logísticas. A crescente competitividade entre empresas e a globalização dos mercados traduzem-se numa necessidade, cada vez maior e mais complexa, de garantir a eficácia das cadeias de armazenamento e distribuição de mercadorias, através de diferentes ferramentas que permitam melhorar todo o processo logístico, do princípio ao fim. O custo do transporte é parte integrante da estrutura de custos e da cadeia de valor,

atingindo valores entre 12 e os 15% do custo de produção das pequenas e médias empresas. Com o objetivo de aumentar a sua eficiência as empresas têm vindo a subcontratar empresas especializadas na atividade logística. Desta forma, a presença de atividades do setor logístico e de plataformas de integração modal condiciona a competitividade das empresas de uma região. A interoperabilidade crescente da rede ferroviária no espaço comunitário contribui para o reforço do papel da ferrovia nas ligações intraeuropeias. Este contexto é ilustrado pelo Corredor Atlântico, integrado na Rede Core da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), estrutura de gestão integrada por quatro países (Portugal, Espanha, França e Alemanha), que pretende reforçar a componente ferroviária no transporte de mercadorias neste eixo, onde circulam atualmente 299 milhões de tone-

ladas de mercadorias, sendo que apenas 4% por ferrovia.

Em Portugal… Portugal beneficia de um posicionamento geoestratégico em relação ao resto da Europa. Está munido de uma rede de transportes rodoviária extensa que cobre todo o país, de uma rede de transportes ferroviária que liga estrategicamente não só as principais regiões, mas também os pontos mais relevantes junto à fronteira com Espanha. A existência de uma boa rede nos diferentes meios de transportes é um dos passos mais importantes para garantir a distribuição de mercadorias aumentando o nível de exportações. A rede rodoviária em Portugal é desproporcional em comparação à rede ferroviária, ou seja, há uma rede rodoviária extensa que permite a ligação das principais cidades das regiões continentais, por meio de vias com grande capacidade e bem estruturadas, ao passo que a rede ferroviária apresenta fortes debilidades na sua estruturação. Isto leva a que haja um uso muito superior do meio rodoviário por parte do transporte de mercadorias. A escassez de meios para garantir a intermodalidade entre os meios de transporte, a existência de diversos equipamentos reservados a atividades relacionadas com a logística, mas sem infraestruturas que consigam dar a resposta necessária e a falta de ligação e articulação entre essas plataformas, coloca Portugal aquém do esperado nas cadeias de abastecimento, armazenagem e distribuição. Segundo o PETI 3+ (Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas, Horizonte 2014-2020) há uma necessidade, cada vez mais premente, de serviços de logística eficazes contribuindo para o aumento dos níveis de competitividade do país. Quanto mais essa eficácia for comprovada, mais se cativa as empresas para se fixarem em território nacional. Após várias décadas de desenvolvimento de infraestruturas rodoviárias, é necessário olhar para os outros meios de transporte e fazer uma aposta no seu desempenho, bem como no cruzamento dos diferentes

modos de transporte de mercadorias. Sob um ponto de vista estratégico, as empresas de logística procuram estabelecer-se em locais com boas acessibilidades e, dependendo da dimensão e dos serviços da empresa, localizarem-se em pontos de intermodalidade, permitindo a receção e/ou envio por diferentes meios de transporte. No caso da região de Coimbra existem poucos pontos onde essa intermodalidade pode ser conseguida, sendo ainda necessário um investimento que assegure as devidas acessibilidades. A Região Centro a nível de organização da logística tem ficado de fora ou em segunda prioridade nos grandes documentos de estruturação dos investimentos a nível nacional, seja o Portugal Logístico (que estabelece as plataformas urbanas nacionais, portuárias, transfronteiriças e regionais), seja o GT-IEVA (Grupo de Trabalho para as Infraestruturas de Elevado Valor) possuindo estruturas importantes que se foram concretizando à custa de investimento privado.

O Parque Logístico de Alfarelos / Granja do Ulmeiro O Município de Soure possui, no seu território, uma plataforma logística em Alfarelos/ Granja do Ulmeiro, onde se encontra instalado um operador logístico com serviços de integração modal (rodoferroviária), a TMIP - Transportes e Logística. A TMIP é líder no mercado nos fluxos transfronteiriços ferroviários, operando cerca de 18 comboios semanais, o que corresponde a cerca de 400 contentores, respondendo a diversas necessidades do mercado – siderurgia, caixas intermodais e consolidação de contentores. A empresa encontra-se atualmente instalada numa área de domínio público ferroviário, num terreno com uma área de 2 ha, estando a ampliar para cerca de 8 ha, apoiados por duas linhas ferroviárias (uma delas com 750 metros) possibilitando um reforço da capacidade de operação para 56 comboios semanais, um incremento três vezes superior à atual capacidade.


CM Soure

O serviço logístico conhece atualmente uma dinâmica crescente que justifica a expansão da empresa instalada, mas também a atenção do Município de Soure na criação de condições que incrementem a competitividade desta plataforma disponibilizando lotes para a instalação de novas empresas e respondendo ao défice existente à escala sub-regional. O “Parque Logístico de Alfarelos / Granja do Ulmeiro”, devidamente enquadrado em sede de PDM (Plano Diretor Municipal) e sob a classificação de zona de desenvolvimento económico constitui um ativo estratégico para a região decorrente da sua implantação sobre a rede ferroviária nacional, da boa localização

para o porto seco e do adiantado dos investimentos privados em execução. O interesse demonstrado por alguns agentes económicos de se localizarem na Plataforma Logística de Alfarelos/ Granja do Ulmeiro uma vez concluída a sua ampliação e disponibilizadas as áreas para a sua expansão, são indícios fortes que Alfarelos/ Granja do Ulmeiro é a solução logística para a região centro. Com vista a consolidar esta posição, o Município de Soure pretende disponibilizar lotes devidamente infraestruturados que venham a beneficiar dos serviços logísticos assegurados pelo operador já instalado, potenciando economias de aglomeração e de rede, com ganhos re-

sultantes da redução dos custos inerentes à atividade logística.

O Projeto A ampliação e consolidação do Parque Logístico de Alfarelos/Granja do Ulmeiro pretende vir a ser um projeto integrado, na medida em que permite a criação de um conjunto de infraestruturas harmonizadas junto à expansão em curso do Terminal Ferroviário de Alfarelos/ Granja do Ulmeiro. O futuro Parque Logístico de Alfarelos / Granja do Ulmeiro confina com a Linha Ferroviária do Norte, com o Ramal Ferroviário de Alfarelos, com a localidade de Granja do Ulmeiro e com a Vila de Alfarelos. Dada a supressão iminente da passagem de nível, que serve atualmente o Terminal Ferroviário de Alfarelos/Granja do Ulmeiro e, fundamentalmente, tendo em conta a salvaguarda das devidas condições de segurança na mobilidade das populações servidas pela passagem de nível localizada junto ao apeadeiro de Mon-

Empreendedorismo

temor-o-Velho, o Município de Soure decidiu tomar a iniciativa de desenvolver um estudo de supressão e em sua substituição a construção duma passagem desnivelada superior e de uma passagem inferior. Com esta solução considera-se que estão salvaguardas as acessibilidades rodoviárias para os movimentos que atualmente utilizam as duas passagens de nível, bem como, os movimentos que serão gerados com o desenvolvimento do Parque Logístico de Alfarelos / Granja do Ulmeiro. Crê-se, portanto, que o tráfego rodoviário será substancialmente maior que o atual em especial o tráfego de automóveis pesados. A pressão na rede viária envolvente, já hoje em rutura frequente, implica a necessidade de investimento em eixos viários de acesso a Alfarelos. Ao investimento previsto com a passagem desnivelada ao Ramal de Alfarelos propõe-se acompanhar de investimento em passagem desnivelada (inferior) à linha do Norte.


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CM Soure

Assim, com o loteamento e os investimentos nas passagens desniveladas, desbloqueia-se a ligação à EN347 em ambos os sentidos; para noroeste em direção a Montemor-o-Velho ligando à A14 e A17 e, para nascente, em direção a Condeixa-a-Nova ligando à A1, A13 e EN1/IC2. O Município entende ser fundamental garantir um acesso direto e desimpedido à EN342, evitando a circulação pelo interior das localidades de Alfarelos e de Granja do Ulmeiro que apresenta grandes constrangimentos à circulação de veículos pesados. A ligação entre Alfarelos e Soure é feita através da Estrada Nacional 342, não existindo outra alternativa. Por outro lado, as condições da via existente não são adequadas a elevados volumes de tráfego pesado, dado que não apresentam bermas e existem com inúmeros acessos de lotes de habitações uni familiares a partir desta Estrada Nacional. A solução proposta é a construção de uma nova variante que terá como objetivo incorporar e melhorar uma estrada municipal existente, executar novo traçado com ligação à EN347 e, por sua vez, a rotunda existente na EN341. Apresenta-se seguidamente o corredor proposto para a nova variante entre o Parque logístico de Alfarelos / Granja do Ulmeiro e Soure, que depois através da EN 342-1 fará a ligação às Zonas Industriais de Soure, nó da A1 e ao IC2 a nascente a vila de Soure. O investimento na integração da plataforma logística na rede viária, que apresenta grandes debilidades à circulação de veículos pesados, cabe ao setor público. Trata-se de um processo evolutivo, resolvendo os gargalos existentes na zona envolvente direta do Parque Logístico, para depois ampliar a capacidade viária existente nas principais ligações aos itinerários principais. Para a expansão e consolidação desta área de acolhimento empresarial o município necessita de investir na transposição desnivelada das linhas férreas que a norte e a sul limitam esta área no âmbito do loteamento dos terrenos propriedade da autarquia. Esta primeira fase de investimento público municipal foi objeto de candidatura, apresentada em 31 de maio de 2016, ao Centro 2020, Programa Operacional do Centro, Pré-Qualificação de Operações de Acolhimento Empresarial, Objetivo Temático 3., Prioridade de Investimento 3.3., aviso CENTRO – 53-2016-01: Ampliação e consolidação do Parque Logístico de Alfarelos / Granja do Ulmeiro, no valor de 5.530.400,37¤

Um bom sistema de transporte de mercadorias, deve potenciar a utilização das competências, meios e infraestruturas existentes olhando sempre para a melhoria e eficiência global do sistema de transportes, rodo/ferro/marítimo e contribuir para a sua sustentabilidade. Atualmente assistimos ao crescimento sustentado do tráfego multimodal, pelo que se impõem um olhar determinado e mais cuidadoso para os movimentos de curto prazo, (trafego na fachada atlântica => Leixões a Sines), assim como olhar de forma estratégica para um futuro cada vez mais próximo (Corredor Atlântico) e ainda para o longo prazo (as Autopistas ferroviárias, para o transporte de semirreboques) sempre em função das prioridades atuais e futuras. Hoje aconselha-se que se observe o transporte intermodal não apenas como uma agregação de actividades modais dos vários players da actividade do transporte, mas como um novo “meio de transporte”, tal como refere o Livro Branco dos Transportes 2050. As fragilidades do sistema ferroviário nacional para o transporte de mercadorias são por demais evidentes, no seu todo, mas muito em particular no transporte multimodal. É neste contexto que surge a aposta da TMIP na expansão e desenvolvimento da sua infraestrutura logística. Há que encaixar no sistema ferroviário, plataformas/Portos Secos/ Terminais com propensão ferroviária que permitam aumentar consideravelmente a competitividade das empresas nacionais, através da redução dos custos logísticos (im-

portação das matérias-primas e exportação do produto acabado, ou vice-versa). A TMIP entende que aumentando a sua área útil para cerca de 100.000m2, com 3 linhas ferroviárias com cerca de 750m, lhe vai permitir estar na vanguarda dos Terminais Logísticos Nacionais, com maior capacidade de receção de comboios multimodais completos, que como se sabe, se considera como 750m, o objetivo a atingir para este tipo de comboios a nível Europeu e assim, apoiar a economia, nacional, regional e local. A excelente localização do Terminal, junto à bifurcação das linhas ferroviárias do Norte e do Oeste, com notável posicionamento relativamente ao Corredor Ferroviário Atlântico, permite colmatar uma falha na logística ferroviária na zona Centro do País, uma vez que, entre o Entroncamento e

Aveiro não existe actualmente outra infrestrutura deste género nem com estas características. O Terminal da TMIP, em Alfarelos – Granja do Ulmeiro, está apto a movimentar carga geral e carga “multimodal” (contentores e caixas móveis). Atualmente já movimenta seis comboios diretos para a Catalunha, 12 comboios de siderúrgicos de e para toda a Península Ibérica e quatro comboios de contentores semanalmente. Desta forma, o Terminal TMIP aproxima o mar da zona Centro permitindo às empresas aí sediadas chegar mais rápida e eficientemente a todo o mundo integrando as suas cadeias logísticas globais. É certo que o Terminal TMIP não tem autonomia do negócio, mas também é certo que é parte integrante das mesmas.


Município de Águeda

Mobilidade

Mobilidade inteligente. Economia forte A “Semana Europeia da Mobilidade”, que decorre anualmente em setembro, tem como objetivo sensibilizar os cidadãos europeus para a necessidade de começarem a utilizar meios de transporte menos poluentes, ao mesmo tempo que fomentam a prática de exercício físico. Águeda, cidade conhecida como a “Capital da Bicicleta” apresentou, nessa semana, uma panóplia de iniciativas temáticas, mas pauta por incentivar a mobilidade ciclável durante todo o ano. Gil Nadais, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, descreve as iniciativas da “Semana Europeia da Mobilidade” e os projetos que o executivo está e (re) implementar de forma a motivar o uso da bicicleta como meio de transporte principal.

Águeda fez parte dos concelhos que aderiram à “Semana Europeia da Mobilidade”. Quais foram as principais atividades realizadas e de que forma captaram a adesão da população? Águeda tem participado em diversas edições da Semana Europeia da Mobilidade. Arrisco-me a dizer que já se tornou uma tradição. Todos os anos preparamos e planeamos um conjunto de iniciativas que, normalmente, têm muita aceitação por parte da população. Essas iniciativas passam por seminários, visitas aos Museus Municipais - por exemplo ao Núcleo Mu-

cariz cultural, mas também ele ligado à bicicleta. Quem participar ficou habilitado a ganhar uma das 50 bicicletas que tínhamos para oferecer.

Gil Nadais, Presidente da Câmara Municipal de Águeda

seológico de Macinhata do Vouga -, percursos pedestres ou iniciativas dinamizadas pelas associações, como CERCIAG em Movimento e pelas escolas do concelho. Estas têm sido algumas das apostas dos últimos anos. A oferta tem sido variada e pensada para todas as idades e para as famílias. Na continuação da Semana Europeia da Mobilidade o município projetou e deu continuidade ao tema da mobilidade com o Águeda+Bem no qual a bicicleta é a grande protagonista. Em que consiste esta iniciativa? A bicicleta é um ícone do Concelho, por essa razão, na Semana Europeia da Mobilidade, Águeda transforma-se no habitat natural das bicicletas. Durante estes dias há workshops, música, animação sob rodas, uma exposição de modelos de bicicletas ao longo do tempo, uma feira dedicada a estes veículos e Tours industriais. Também conta com muitas atividades para as crianças e cicloturismo para todas as idades. No 1º Encontro Nacional Fazedores & Inventores de bicicletas, os presentes serão convidados a descobrir as histórias dos fazedores e inventores passando das ideias até a conceção. Logo após o cicloturismo municipal pretendemos mobilizar o maior número de pessoas para criar um logótipo humano em forma de uma bicicleta. Salienta-se ainda a parceria com a 15º edição do Festival “O Gesto Orelhudo”, com a assinatura da d’Orfeu Associação Cultural, que abrilhantou a iniciativa dando-lhe um

Durante esta semana, do programa Águeda+B, como foi passada a mensagem da importância e benefícios de uma mobilidade eficiente e sustentável? No fundo, quais são os grandes objetivos deste evento? Através da realização das diversas iniciativas, o Município procurou sensibilizar os cidadãos para a importância da adoção de modos de mobilidade mais conscientes, promovendo uma mobilidade mais eficiente e sustentável. Esta iniciativa representou uma oportunidade para encorajar os cidadãos a alterarem os seus hábitos no que se refere à sua escolha no modo de transporte usado e, consequentemente, fomentar um estilo de vida mais saudável. Por outro lado, reduzem-se as emissões e a dependência energética dos combustíveis fósseis. Para além desta semana o que é que a câmara está a pensar realizar no âmbito da mobilidade, em Águeda? O Município foi um dos primeiros a disponibilizar bicicletas elétricas para uso partilhado e gratuito através do programa beAgueda, sendo que, neste momento, nos encontramos a reformular este projeto. Durante o ano de 2017 esta rede será alargada com mais parques e bicicletas para uso partilhado. Serão ainda dinamizadas diversas iniciativas nas escolas e empresas de Águeda para a promoção da mobilidade ciclável, estando o município ainda envolvido em projetos e parcerias internacionais ligadas à mobilidade como é o caso do CISMOB (Cooperative information platform for low carbon and sustainable mobility) e do TRACE. No que diz respeito à rede ciclável está igualmente prevista a sua expansão a novas áreas do território. Cada vez mais as Comunidades Intermunicipais têm vindo a desenvolver projetos na área da mobilidade. Podemos afirmar que Águeda e a região de Aveiro foram pioneiros nesta questão? A região de Aveiro, com Águeda no seu

centro, foi e continua a ser estratégica ao nível da produção nacional das bicicletas, surgindo projetos como o Portugal BikeValue, impulsionado por mais de 50 parceiros. Empresários, centros tecnológicos, universidades e autoridades locais uniram-se e pretendem conduzir ao crescimento do setor da bicicleta em Portugal, associado às valências da mobilidade lazer e desporto. Para o futuro, têm pensadas outras atividades e eventos cujo tema será a mobilidade e a bicicleta? Águeda foi uma das quinze autarquias que aderiu ao “Compromisso pela Bicicleta” aceitando um conjunto de objetivos e assumindo desafios de forma a incentivar o munícipe no uso da bicicleta no seu dia-a-dia. Este meio de transporte é já uma presença diária do cidadão europeu e igualmente da cidade de Águeda (com o projeto beÁgueda). O Águeda+B vai ao encontro do compromisso estabelecido, com a dinamização de um programa bastante abrangente, que passa pelo desporto, pela cultura, turismo, ambiente e educação para a sustentabilidade. No que respeita às empresas do sector das bicicletas poderemos afirmar que têm, no município de Águeda, um grande aliado para desenvolver os seus projectos? Águeda é conhecida como a cidade portuguesa onde se concentra a indústria da bicicleta. O sector tem vindo a ganhar cada vez mais expressão em Portugal, sendo o terceiro maior produtor europeu de bicicletas, com uma indústria composta por empresas de pequena e média dimensão. A Câmara Municipal tem tido uma política ativa na captação de novos investidores, com disponibilização de condições e de espaços para a instalação de novas unidades industriais, nomeadamente no Parque Empresarial do Casarão (PEC-Águeda). Esta aposta tem-se revelado um catalisador estratégico para fomentar o desenvolvimento local. A prova é que já temos diversas empresas, inclusivamente algumas multinacionais, a instalar-se no concelho. A nossa ambição passa por transformar o PEC-Águeda num dos principais centros mundiais de produção de bicicletas.


Tecnologia Industrial

ABB

ABB: assim se escreve o futuro A ABB é um líder mundial em tecnologia industrial. A oferta entra no nosso dia-a-dia através de uma simples tomada de baixa tensão mas assume contornos muito mais complexos quando entramos nas soluções de engenharia ABB: desde interruptores a robôs industriais, desde grandes transformadores eléctricos a sistemas de controlo capazes de monitorizar grandes redes eléctricas ou indústrias, a ABB desenvolve tecnologias para a produção, transporte e distribuição de energia de uma forma eficiente e segura, bem como para aumentar a produtividade das indústrias e empresas de serviços básicos, como água, gás e electricidade. A preocupação ambiental está também bem presente no seio desta empresa que, em Portugal, emprega 160 profissionais, na sua grande maioria engenheiros. O objectivo consiste em auxiliar os clientes na permanente procura de eficiência com o mínimo impacte ambiental, obedecendo sempre a um esforço de inovação para conseguir um mundo melhor.

Com sede central na Suíça e presença global em mais de 100 países, a ABB está cotada nas bolsas de Zurique (ABBN VX), Estocolmo (ABB) e Nova York (ABB). Em Portugal, onde a sua presença remonta a 1956, está representada pela sociedade ABB (Asea Brown Boveri), S.A., com sede social em Paço de Arcos. A ABB, S.A. é detida na sua totalidade pela ABB em Espanha e conta com uma equipa de direcção comum. Os objectivos da ABB em Portugal estão em linha com os do Grupo ABB, e consistem em contribuir para o desenvolvimento sustentável, proporcionando soluções tecnológicas que permitam melhorar a eficiência energética, a fiabilidade da rede eléctrica e a produtividade das indústrias e empresas de serviços básicos. Em entrevista, Miguel Pernes, Country Managing Director da ABB, abre-nos as portas de um dos maiores grupos mundiais do sector. O slogan adoptado pela ABB, Power and productivity for a better world, sugere uma preocupação da empresa relativamente à construção de um mundo melhor. Como será esse mundo preconizado pela ABB? O slogan traduz precisamente uma das preocupações da ABB a nível mundial, que tem a ver com as gerações futuras. A origem da ABB é sueca e suíça, resultando da fusão de duas empresas em 1989 e esta sempre foi uma empresa com preocupações sociais,

Miguel Pernes, Country Managing Director da ABB

ambientais e económicas, no que concerne aos nossos clientes e a nós próprios. Como resultado de tudo isto, o grupo enquadrou um slogan orientado para o futuro. E o futuro passa por protegermos o que é nosso, o nosso mundo e, assim, salvaguardar as futuras gerações. Daí o for a better world… Productivity porque nos focalizamos na produtividade dos nossos clientes e power porque é desta área e da automação que decorre o nosso portefólio e onde temos o nosso core business.

que constituem uma lacuna da nossa congénere em Espanha, assim como existem outras áreas que, pela sua dimensão e especificidade, a ABB Espanha tem muito desenvolvidas e aproveitamos esta relação biunívoca entre as duas áreas. Por outro lado, ao estarmos incluídos numa empresa com uma dimensão cerca de dez vezes superior à nossa e que tem centros de produção, também ganhamos sinergias, nomeadamente ao nível dos serviços centrais ou da partilha de algumas áreas da engenharia, assim como na penetração em alguns mercados. Esta integração entre a ABB Portugal e a ABB Espanha iniciou-se em 2006 e, até à data, estamos bastantes satisfeitos.

Ao longo da sua história, a ABB foi também evoluindo a partir de opções estratégicas, sendo que a ABB Portugal está hoje inserida numa rede ibérica… Sim, neste momento estamos inseridos numa rede ibérica. Embora a ABB Portugal e a ABB Espanha sejam duas empresas distintas, eu faço parte do Comité de Direcção, em Madrid, da ABB Espanha e existem dois administradores de Espanha que fazem parte do Conselho de Administração da ABB Portugal. Trata-se de um formato que enquadro como uma parceria vencedora de ambas as partes. São empresas algo diferentes, com mercados igualmente distintos mas que se complementam. Esta parceria permite-nos, acima de tudo, obter escala e complementaridade nas soluções que oferecemos. A título de exemplo, existem áreas em Portugal onde a ABB tem centros de engenharia reconhecidos mundialmente e

Quais são, actualmente, as principais áreas de negócio da ABB? A ABB está dividida em quatro áreas de negócio, que identificou como quatro divisões. A divisão Electrification Products, tratando-se de uma área que desenvolve e comercializa tudo o que são produtos desde a baixa tensão, a pequena tomada, até produtos na área da média tensão. Cobre toda a gama de power a ainda uma parte da automação. Ainda na área de produtos, temos uma divisão chamada Robotics and Motion. Trata-se de produtos e soluções de aplicação essencialmente industrial, em que utilizamos robots, motores ou variadores de velocidade, aparelhos que se ligam directamente aos motores eléctricos. Depois, temos uma divisão mais voltada para a automação na indústria, a Industrial Automation, que trata da automação de processos, cobrindo toda a indústria, o sector do cimento, petróleo e gás, pasta e papel e todas

as outras grandes indústrias. Finalmente, temos uma divisão que é o core da ABB, a Power Grids. Estamos a falar em produtos e sistemas para redes de média e alta tensão, desde toda a aparelhagem, passando por subestações chave-na-mão e soluções inovadoras na área do transporte e distribuição de energia eléctrica. Em suma, são quatro divisões que se multiplicam numa série de unidades de negócio e que, por sua vez, ainda se desmultiplicam em unidades mais celulares de grupos de produtos. A ABB apresenta a especificidade de ser uma empresa com uma organização matricial mas cada uma destas unidades tem uma conta de resultados independente e, em cada país em que a empresa esteja presente, são medidos todos os indicadores de gestão. Diria que, entre todas as multinacionais que operam no sector, a ABB será uma das que tem este sistema de controlo de gestão mais consolidado e apurado. Falamos num sector de actividade que exige elevados investimentos em tecnologia e na qualificação de recursos humanos. Além destes dois elementos que diria serem obrigatórios, o que distingue o posicionamento da ABB neste mercado? Em termos de posicionamento, o que nos diferencia é a presença que temos junto dos nossos clientes e o âmbito do portefólio que oferecemos ao mercado, que vai desde a tomada da baixa tensão a uma subestação de 800kV chave-na-mão. Depois, a ABB é uma das empresas a nível mundial com maior número de aparelhos “comunicantes” produzidos. Actualmente, fala-se muito na in-


ABB

ternet das coisas e na quarta revolução industrial e o slogan da ABB vai muito pela internet das coisas, das pessoas e dos serviços e, nesse sentido, o grupo está claramente a apostar numa área mais digital A propósito, salientaria o desenvolvimento do ABB Ability, uma oferta recente que combina o portfólio de soluções e serviços digitais em todos os segmentos de clientes, possibilitando assim à ABB ganhar espaço digital end-to-end com novas soluções e soluções existentes, criadas na nuvem inteligente que fecham o ciclo com dispositivos interligados. A ABB estabeleceu muito recentemente um protocolo de cooperação mundial com a Microsoft exactamente para desenvolver aplicações na cloud onde todos os produtos da ABB podem ser ligados e, a

partir daí, pode ser gerida a informação como benefício para os clientes. É nessa área de permanente desenvolvimento que vivemos em prol dos nossos clientes. Pelo que percebemos, os produtos e soluções ABB estão presentes desde uma casa particular a um navio… Exactamente… até um cliente industrial ou uma central nuclear. Sendo o investimento em I&D um factor igualmente fundamental para a obtenção de sucesso, em que medida privilegiam a ligação ao meio académico? Privilegiamos muito! Não só a relação com o meio académico como também a parceria com empresas mais pequenas que nos per-

ABB reforça posição no solar “A ABB sempre foi uma empresa extremamente dinâmica, quer na aquisição, quer na alienação de algumas áreas de negócio. A título de exemplo, em Portugal, a ABB chegou a deter uma importante parte da indústria, nomeadamente na metalomecânica. Entretanto, o grupo decidiu desinvestir nessa área e passou a eleger as áreas da energia eléctrica e da automação como focos. Nos últimos anos, foi adquirida uma série de empresas que complementariam o portefólio da ABB no mercado e a Power-One foi um exemplo. A ABB já tinha alguns produtos, sobretudo numa gama alta de aplicações no solar e a aquisição da Power-One vem no sentido de dotar o grupo de um portefólio completo na área dos inversores solares, desde o pequeno àquele destinado a grandes centrais fotovoltaicas”.

Tecnologia Industrial

Energia solar vs energia eléctrica “Uma não consegue viver sem a outra. São complementares. Começamos a observar que, ao nível do residencial, começam a surgir soluções muito equivalentes do ponto de vista energético. A evolução tecnológica está a projectar-se numa determinada direcção ao ponto de, apesar de ter que estar ligada à rede, a pessoa poder ter um balanço energético praticamente nulo. Acredito que, mais tarde ou mais cedo, esta venha a ser uma realidade na área residencial mas, na área industrial, já se afigura muito difícil, uma vez que os consumos energéticos são muito elevados, o que implica a disponibilidade de uma área muito extensa para a captação da energia do sol. No entanto, na própria indústria, poderá ser uma solução complementar para a vertente da eficiência energética, havendo uma série de serviços que poderão ser alimentados através da energia solar”.

mitem tornar-nos mais eficientes e competitivos no mercado em que operamos. Temos cerca de 60 parcerias oficiais estabelecidas com universidades a nível mundial e estamos permanentemente à procura de soluções junto do meio académico. Em Portugal, também temos parcerias em curso com a FEUP, o ISEL e a Faculdade de Engenharia de Coimbra, não para desenvolvimento de produto, uma vez que não temos fábricas em Portugal mas antes engenharia de aplicação, contribuindo para a investigação e desenvolvimento feita a nível mundial. Em todo o caso, essas parcerias existem quer a nível de cedência de equipamentos, quer a nível da atribuição de prémios para as melhores teses de mestrado.

Falando em indicadores quantitativos, em que mercados está a ABB presente e com que volumes de facturação? Em Portugal, operamos nas quatro divisões que identifiquei: na área de transporte e distribuição de energia, na indústria, na distribuição através da baixa tensão e na área da automação. O nosso volume em Portugal estabilizou numa faixa perto dos 60 milhões de euros, onde somos cerca de 160 profissionais, na maioria engenheiros, o que faz de nós uma empresa de engenharia que aposta essencialmente nas soluções, produtos e serviços. Dentro dessas quatro divisões, havendo um certo equilíbrio, diria que a maior será a área de Power Grids, que representa cerca de 40 por cento.

Transformar o seu smartphone no comando da sua casa? O ABB-free@home é uma solução de domótica que transforma a sua habitação numa casa inteligente, obtendo mais conforto, segurança e poupança de energia com a interligação de estores, iluminação, climatização e videoporteiro, tudo gerido através de um dispositivo móvel ou ecrã tátil fixo na parede. Uma domótica económica, simples e inovadora. A ABB garante-lhe total apoio no seu novo projeto. Contacte-nos agora através do email marketing.abb@pt.abb.com

Certamente.


Ação Social

Fundação João Bento Raimundo

1 de outubro, dia internacional do idoso e dia europeu das fundações e doadores:

mero acaso ou uma junção que se justifica? nunca a totalidade dos custos. Entra aqui a obrigatória homenagem aos Doadores: O Donativo é o Espírito de liberalidade. Nós, Fundação João Bento Raimundo, Fundação de Solidariedade Social, contamos com parceiros, voluntários, amigos, sem os quais o nosso trabalho seria, seguramente, bem mais difícil. Somos gratos por contar com o seu apoio e com o seu profundo envolvimento, que se traduz num grande estímulo para todos aqueles que voluntariamente trabalham nas nossas causas e, entre elas, a do envelhecimento e a dos cuidados aos séniores e idosos portugueses.

Os dias vão sempre celebrarse pela Europa e pelo mundo.

O Dia Internacional do Idoso é comemorado anualmente a 1 de outubro. Este dia foi instituído em 1991 pela (ONU) Organização das Nações Unidas e objetiva sensibilizar o mundo para as questões do envelhecimento. No mesmo dia assinala-se o Dia Europeu das Fundações e Doadores, data institucionalizada pelo DAFNE (DonorsandFoundations Network inEurope) com o intuito de dar a conhecer ao público o impacto social das fundações e também dos doadores. Não creio que tenha sido deliberada a instituição do mesmo dia para as duas comemorações mas a minha experiência de anos na área social desperta-me para o imenso sentido desta junção. Saberão os portugueses o que realmente importa sobre os dois temas? Saberão que, à semelhançado que ocorre a nível internacional, também em Portugal as Fundações de Solidariedade Social surgiram como uma forma inovadora de lidar com as complexas necessidades da realidade que as rodeia,

procurando aumentar as respostas de apoio social e criação de valor, num quadro de equilíbrio económico? E sabem que as Fundações da Economia Social apresentaram uma capacidade líquida de financiamento de 18,6 milhões de euros, sendo que a área da ação social assegurou 72,1% dos recursos das Fundações da Economia Social? (Fonte: CSEC-2010). Estas Fundações são criadas por uma ou mais pessoas singulares ou coletivas (fundador) para a gestão de uma massa patrimonial que lhe é cedida definitivamente pelos fundadores e que deve ser substancialmente preservada para a satisfação de finalidades de interesse social. Estas Fundações, ao contrário do que muitos creem, não recebem “injeções” de dinheiro do Estado, antes são comparticipadas numa percentagem por serviços que prestam às pessoas nas comunidades após prova do número de pessoas que assistem, isto é, o Estado comparticipa, por pessoa, numa percentagem que não cobre

No caso português, por volta de 2030 a população com mais de 50 anos poderá representar metade da população. Simplificando: o número de pessoas com 65 e mais anos será o dobro da população jovem até aos 15 anos e quase o triplo em 2050. Já agora, um em cada cinco idosos, com mais de 65 anos, em Portugal vive sozinho e 90% da população portuguesa vai seguramente necessitar de cuidados continuados. Estes números demonstram a necessidade de se permitir o nascer de respostas inovadoras para a qualidade de vida dos idosos, para o seu estatuto na sociedade, para a solidariedade intergeracional e para a sustentabilidade dos sistemas de segurança social. As Fundações de Solidariedade Social são as entidades mais vocacionadas para as novas respostas pelo que impera que a opinião pública desmistifique que todas as Fundações são de carácter cultural, recreativo, de investigação médica ou científica. A Fundação João Bento Raimundo ajustou o seu modelo de respostas para o envelhecimento aos valores que asseguram a Cidadania, a Qualidade de Vida e sim (fundamental), a Felicidade dos idosos. Terá que haver, assim, uma crescente sensibilização em relação ao envelheci-

mento demográfico, tendência que dificilmente se prevê ser contrariada. Para se viver esta idade em condições de dignidade e qualidade de vida é importante ter um envelhecimento activo. Este terá de passar, portanto, por um transcorrer dos anos saudável, que terá como base a atividade e a participação dinâmica dos idosos nas decisões do seu quotidiano e da sociedade circundante. Assim, sendo o envelhecimento um processo inevitável inerente a todos os indivíduos, importa atenuar muitos dos seus efeitos adversos. Envelhecer sem ficar velho é algo que se aprende desde que se procure nunca deixar de apreciar a vida, ter esperança, ser útil e aceitar aprofundar a nossa identidade. Qualquer que seja a nossa idade, a forma como envelhecemos depende essencialmente de como nos vemos e amamos, confiamos e acreditamos em nós. É perante esta constatação que a Residência Sénior da Fundação João Bento Raimundo promoveu, entre os dias 1 e 7 de Outubro a III Edição Semana do Idoso, subordinada ao tema “Envelhecer sem ficar velho”. Esta semana contou com as mais variadas actividades, nomeadamente workshops, intercâmbios, actividade física, exposição de fotografia, tertúlias, tarde em família, entre outras que estão pensadas, tendo em conta as necessidades e interesses dos idosos. Num conceito inovador, sobretudo na cidade da Guarda, na Residência Sénior da Fundação é evidente a qualidade dos serviços e das infra estruturas de excelência, apostando no bem-estar dos idosos. A Fundação está, assim, cada vez melhor preparada, para enfrentar as difíceis etapas que terá de ultrapassar mas sempre com um “sorriso” de solidariedade e consciente de que nada de grande se realizou no mundo sem paixão e,

“A seguir o caminho Que tudo tem no mundo…” Espero que a junção destas duas datascelebrativas reconheça a importância das-


Fundação João Bento Raimundo

Fundações como a nossa, como criadorasderiqueza, emprego sustentado e desenvolvimento das comunidades de forma a serem integradoras dos idosos;Que esta ligação promova as Políticas de Envelhecimento, que combatam o isolamento e aumentem a segurança dos idosos e que este encontro de datas reformule a oferta de respostas aos idosos em quantidade e qualidade numa fórmula eficaz de associação entre qualidade de vida, alojamento, lazer, realização objetiva, assistência com prestação de cuidados de saúde. Espero que ao celebrar o 1 de outubro, todos os anos, consigamos entender que

a nova geração de terceira idade, é mais dinâmica, é mais sensível a inovações, é, felizmente, mais exigente, mais independente e cada vez mais interessada na satisfação de outras necessidades que não sejam só as básicas; Que no dia 1 de outubro se fale de Gerontecnologia, já que nós, também idosos no futuro, teremos um grau de instrução mais elevado, sendo a robótica e a informática soluções para promover o nosso envelhecimento

Av. Boavista, 117, 6º, Sala 607 4050-115 Porto • Telf.: 226 104 394

ativoe – fundamental - que se saiba que as instituições sociais mais abertas para a inovação e o empreendedorismo social são as Fundações de Solidariedade Social como a João Bento Raimundo. Sabemos que o envelhecimento populacional é resultado de um sucesso obtido pelas políticas económicas e sociais que geram melhorias nas condições de vida, especialmente em relação à saúde. O desafio agora é encontrar maneiras

Ação Social

de se comemorar esta grande conquista, que é o facto de um grande número de pessoas estar a viver mais tempo… sem entrarmos em pânico. E tal como dizia o filósofoKierkgaard, a vida não é só o entusiasmo dos jovens, nem só a reflexão dos velhos, não está apenas na audácia de uns, nem apenas na experiência já vivida e não repetida dos outros; realiza-se na magnífica integração das virtudes contrárias, sem a qual não seria possível, em todo o seu esplendor, a marcha da Humanidade.

Gostamos de ajudar… Venha ter connosco!


Ensino & Investigação

Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Universidade do Porto

“O trabalho em Ciência nunca está concluído” Em entrevista ao PP, o professor António Guerner Dias, diretor do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, deu a conhecer as maisvalias de um Departamento que, ainda que recente no seio de uma Faculdade secular, tem vindo a consolidar a importância da Ciência no meio universitário e na sociedade.

Qual é a história por detrás da criação do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território? AGD – O Departamento resultou da última reestruturação departamental da Faculdade de Ciências. Surgiu como consequência da necessidade de darmos apoio a alguma áreas que estariam um pouco isoladas dentro da Faculdade. Este Departamento com a designação de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território agrega, neste momento, as áreas científicas da Arquitetura Paisagista, do Ambiente, das Ciências Agrárias, da Engenharia Geográfica e da Geologia. São, portanto, áreas muito diversificadas que incidem sobre uma temática comum: o estudo da Terra nas suas mais variadas facetas. Qual é a grande missão que orienta este Departamento? AGD – Para lá de procurar assegurar as atividades de ensino graduado e pós-graduado de qualidade, bem como atividade de investigação científica e de apoio ao desenvolvimento tecnológico e divulgação de C&T nas áreas científicas da sua responsabilidade, a principal missão é estudar os recursos naturais, estu-

muitas vezes, com o ordenamento do território, quer na área de Engenharia Geográfica que procura ordenar certos aspetos relacionados com a superfície do território, quer na área do Ambiente que procura encontrar soluções de exploração de recursos que sejam mais amigas do ambiente e quer na área das Ciências Agrárias que tratam a exploração de recursos naturais biológicos.

António Guerner Dias, diretor do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da FCUP

dar a terra e contribuir para que a exploração dos recursos naturais seja feita de forma sustentável, no sentido de contribuir para um futuro melhor para todos nós, quer na área da Geologia que se dedica essencialmente à exploração de muitos recursos minerais, quer na área de Arquitetura Paisagista que trabalha,

Há muitos estudantes a integrar o Departamento? AGD – Sim. Este é um Departamento com cinco áreas científicas que oferece quatro formações de base: licenciaturas. O curso de Ciências e Tecnologia do Ambiente com 45 vagas, o curso de Geologia com 35 vagas e os cursos de Ciências de Engenharia e Arquitetura Paisagista com 30 vagas cada um. Estas vagas representam pouco mais de 20% do número total de vagas disponibilizadas pela Faculdade de Ciências, sendo condicionadas pelo corpo docente que temos que é relativamente reduzido. Estas vagas são globalmente preenchidas e, neste ano letivo, resultaram num número de estudantes inscritos, nestas quatro licenciaturas, que preencheu 95% das vagas inicialmente disponíveis. São cerca de 130 estudantes,

o que é número muito razoável tendo em conta a dimensão do nosso Departamento. Além dos cursos de licenciatura, temos a funcionar oito mestrados e sete programas doutorais, alguns deles em parceria com outras instituições de ensino superior nacionais e estrangeiras. Há dificuldades para que as vagas sejam preenchidas? AGD – De uma maneira geral, as vagas em Arquitetura Paisagista, em Geologia e em Ciências e Tecnologia do Ambiente são sempre preenchidas todos os anos. O curso que apresenta/apresentava maior dificuldade de atração era o curso de Ciências de Engenharia, devido à sua própria designação. Este curso detém três perfis distintos (Engenharia Agronómica, Engenharia Alimentar e Engenharia Geográfica) mas, só depois de os estudantes ingressarem na faculdade é que se apercebem destas possibilidades e, assim, para lá do regime geral de acesso ao Ensino Superior, muitos estudantes acabam por ingressar na licenciatura em Ciências de Engenharia através de outros regimes de acesso (mudança de curso, transferência, concurso para maiores de 23, etc.). Há dois anos, este curso conseguiu captar, através do regime geral de

Arquitetura Paisagista A disciplina de Arquitetura Paisagista, seu ensino e investigação, está intrinsecamente relacionada com o ordenamento do território, manifestando-se na definição, organização e desenho da paisagem a várias escalas. Baseia-se no conhecimento dos sistemas biofísicos, em princípios de uso sustentável dos recursos naturais e culturais, e nas artes sociais do desenho e representação do espaço vivo e dinâmico. Este conhecimento é posto ao serviço da promoção da qualidade de vida, da saúde e do bem-estar das populações, consumado na criação e gestão de paisagens ecológica e esteticamente equilibradas. A aplicação deste conhecimento é feita em diferentes âmbitos, estando os profissionais aptos a intervir em: 1) estudos de análise, interpretação e avaliação da paisagem; 2) planos de ordenamento do território; 3) projeto de espaços exteriores; 4) planos de gestão de espaços exteriores e da paisagem. Ao nível do ensino, procura-se centrar a aprendizagem em exercícios práticos integradores de visões sistémicas e abordagens holísticas conducentes à formulação de propostas de uso múltiplo, promotoras da perpetuação da vida, da dissipação do risco e do conflito. Neste sentido os estudantes, em reflexo da natureza multidisciplinar complexa, obtêm formação em diversas áreas científicas da Faculdade de Ciências, da Faculdade de Arquitetura e junto de empresas e profissionais do sector. Igualmente na investigação, que se tem concretizado sobretudo através do exercício do plano e do projeto, os trabalhos desenvolvidos têm como objetivo o estudo e aprofundamento de intervenções no território que respondam às necessidades das populações, à conservação dos recursos, à melhoria da qualidade ecológica, económica e social das regiões. Paulo Farinha Marques e Maria José Curado, Arquitetos Paisagistas e Professores Universitários FCUP


Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Universidade do Porto

Ensino & Investigação

Engenharia Geográfica

acesso 15 estudantes, o ano passado, no mesmo regime, 18 estudantes e, este ano, conseguiu ter 28 estudantes inscritos, ou seja, em 30 vagas, apenas duas ficaram por preencher. É um resultado que mostra uma evolução claramente positiva e que nos deixa entusiasmados com o futuro.

Orgulho na equipa de docentes e nos alunos A Faculdade de Ciências celebrou muito recentemente 105 anos de existência. Qual é o papel desempenhado pelo Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território no seio de uma Faculdade secular? AGD – Deve ser um papel igual aos restantes Departamentos da Faculdade. As Faculdades devem estar constantemente a inovar, criando novos cursos, novos trabalhos e novas descobertas. E, aqui, o nosso Departamento contribui de forma muito incisiva. Vou dar alguns exemplos: o trabalho que a Engenharia Geográfica vêm desenvolvendo com a utilização de drones ou, no caso do Ambiente, o papel que os investigadores têm desenvolvido em aplicações de materiais à base de cortiça, ou, por exemplo, a recuperação de metais nobres em pacemakers, na Geologia a prospeção que se faz em Portugal na procura de minerais ricos em lítio, um material muito procurado nos dias de hoje essencial para as baterias dos carros elétricos, no caso das Ciências Agrárias todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na criação de novos e melhores produtos hortícolas no nosso Complexo Agrário em Vairão, ou o contributo que a Arquitetura Paisagista dá na recuperação da paisagem em

ambiente urbano ou natural. Todos estes trabalhos apresentam uma forte componente aplicada e muito relevante para a sociedade. Ainda assim, ainda há muito trabalho a ser desenvolvido? AGD – Sim, porque o trabalho em Ciência nunca está concluído. Dizer-se que a Ciência é dinâmica é um pleonasmo. Contam com parcerias para o desenvolvimento de projetos? AGD – Sim, pois as Faculdades não podem viver fechadas. Temos de contar com parcelas do orçamento com origem noutras entidades e temos de trabalhar voltados para a sociedade. Temos parcerias nacionais e estrangeiras com instituições públicas e privadas, grandes e pequenos grupos. Trabalhamos com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, com grupos privados, com alguns hospitais, com várias empresas ligadas à prospeção mineira, com algumas das câmaras municipais da Área Metropolitana do Porto, como as Câmaras Municipais do Porto, de Valongo, de Paredes, de Vila do Conde, entre outras. Quais são as expectativas para o futuro? AGD – Espero que este venha a ser um Departamento que se consolide, que se torne mais forte dentro da Faculdade de Ciências e dentro da Universidade do Porto e que seja capaz de mostrar que tem um papel relevante a desempenhar não só dentro da Universidade, mas também na sociedade. Enquanto diretor do Departamento do que é que mais se orgulha? AGD – Orgulho-me dos colegas que tenho

“A Engenharia Geográfica é tradicionalmente a área de estudo associada à Cartografia e à Geodesia, técnicas essenciais para a produção de levantamentos de precisão e de cartografia, que são o suporte à generalidade das atividades de ordenamento e planeamento do território. As recentes evoluções tecnológicas dos satélites, quer para a aquisição de imagens, quer para a navegação (GPS), assim como dos meios informáticos, permitiram revolucionar as técnicas de aquisição e processamento da informação geográfica. O contributo para o ordenamento do território tornou-se ainda mais importante pela possibilidade de gerar dados com mais rigor, mais resolução e maior frequência temporal. Os dados provenientes dos satélites de observação da Terra e os Sistemas de Informação Geográfica(SIG), que baseados em toda essa informação, permitem agora uma eficiente análise de dados, servindo de suporte à tomada de decisões no âmbito do ordenamento do território. A Engenharia Geográfica é uma das áreas de formação do DGAOT, sendo ensinada na FCUP desde a década de 1920, do século passado. A formação atual assenta num primeiro ciclo de Ciências de Engenharia (com perfil em Eng. Geográfica), complementado com o mestrado em Engenharia Geográfica. O ensino tem sido continuamente adaptado à evolução das técnicas do GPS, da deteção remota, dos SIG, da fotogrametria digital e dos drones (atualmente muito utilizados para mapeamentos expeditos). É uma especialidade reconhecida pela Ordem dos Engenheiros.” José Alberto Gonçalves e Ana Cláudia Teodoro Engenheiros Geógrafos

que formam uma equipa composta por professores e investigadores muito empenhados naquilo que fazem e fazem-no com muito gosto. Orgulho-me, também, dos nossos funcionários não docentes que, embora em reduzido número para as necessidades do departamento, são um grupo muito coeso e disposto a dar o seu melhor. Finalmente, orgulho-me daquilo que é a

nossa principal razão de ser: os nossos estudantes que, quando descobrem e percebem os objetivos da Ciência e do curso que frequentam, saem daqui muito mais ricos com ferramentas que os capacitam para a vida ativa. São cientistas com elevadas aptidões técnicas capazes de responder a problemas muito concretos da nossa sociedade.


ENSINO, CONHECIMENTO E INOVAÇÃO: UMA PONTE DO PASSADO PARA O FUTURO

2016: Prémio internacional Distinguished Project in Fisheries Engineering and Ecohydrology,atribuído pela American Society of Civil Engineers e pela American Fisheries Society: Prof. Pedro Almeida do Departamento de Biologia. 2015: Prémio Jovem Cientista da European Meteorological Society: Doutor Miguel Potes do Instituto de Ciências da Terra. 2014: Galardão Campeão das Zonas Áridas atribuído pelas Nações Unidas: Prof. Mário de Carvalho do Departamento de Fitotecnia. Prémio Melhor Estágio da Ordem dos Engenheiros: Mestre em Eng. Geologica Rui Pedro Sardinha. Premio do concurso NonImaging Optical Design Silent Online Contest, organizado pela Optical Society of America: Mestre Diogo Canavarroda Cátedra Energias Renováveis. 2013: Personalidade do ano em Arquitetura Paisagista: Professor Emérito Alexandre Cancela d’Abreu. Prémio Sir Goffrey Jellicoe, o mais conceituado na área da arquitetura paisagista: Professor Emérito Gonçalo Ribeiro Telles. Prémio para a melhor tese de doutoramento do ano em química orgânica: Doutora Carolina Silva Marques. 2012: Prémio Prof. João Martins em Mecânica Aplicada e Computacional: Prof. Pedro Areias do Departamento de Física. Prémio Gulbenkian “Estímulo à Criatividade e à Qualidade na Atividade de Investigação”: Mestre Noel Moreira do Instituto de Ciências da Terra. Saiba mais, venha visitar-nos Telef.: 266 745371, www.ect.uevora.pt



Ensino & Investigação

Laboratório da Água da Universidade de Évora

Tecnologia e qualidade ao serviço da população Inaugurado em 1997, o Laboratório da Água da Universidade de Évora está integrado na Escola de Ciências e Tecnologia da mesma Universidade. A ele estão atribuídas várias competências: a Investigação; o ensino avançado de pósgraduação; a prestação de serviços. Em entrevista ao País Positivo, a diretora do Laboratório da Água, Maria Manuela Morais, apresenta esta Unidade e as suas diversas funcionalidades.

Está implícito pelo seu nome, Laboratório da Água, que este se dedica ao estudo deste recurso precioso. Quais as linhas orientadoras, para além da referida, que levaram à criação deste laboratório? Desde o seu início que o principal objetivo desta Unidade é o desenvolvimento de investigação avançada, nomeadamente na pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas de análise de parâmetros físico-químicos e biológicos da água e dos ecossistemas associados, para uma correta monitorização e melhor gestão da água do Alentejo, a região mais seca de Portugal. Outro objetivo primordial tem sido privilegiarmos contactos e trabalhos na região através da prestação de serviços especializados a diversas entidades, nomeadamente as Câmaras Municipais e outras públicas e privadas, que se debatem com graves problemas na qualidade e gestão da água, bem como em infraestruturas para analisar a água que gerem. Em paralelo o Laboratório da Água participa na formação de estudantes de doutoramento e mestrados, que desenvolvem os seus trabalhos em áreas de competência desta Unidade. Estes estudantes são da Universidade de Évora,

Não nos esqueçamos contudo que a formação técnica e científica está na base do funcionamento desta Unidade, razão porque nos nossos projetos temos a preocupação de integrar estudantes de doutoramento e mestrado, nalguns casos até de licenciatura. A prestação de serviços é uma tarefa que privilegiamos, sobretudo no apoio que pretendemos dar à região. Frequentemente, várias entidades, públicas e privadas, vêm ter connosco pondo-nos questões e pedindo ajuda para a resolução dos problemas que enfrentam. Tentamos sempre dar resposta, até porque a resolução de questões reais ajuda-nos a ir mais além no que estudamos, adquire-se aplicabilidade no que investigamos e cumprimos o objectivo relacionado com a inserção na região. Talvez por isso o nosso Laboratório assuma já uma referência a nível regional, sendo conhecido a nível nacional e internacional.

Maria Manuela Morais, diretora do Laboratório da Água

assim como de outras Universidades nacionais e estrangeiras com quem trabalhamos em parceria. É prática comum, também, a colaboração com escolas do ensino secundário, com o objetivo de sensibilizar os alunos destas escolas para a importância da conservação e preservação dos sistemas aquáticos da nossa região. Exercem vários tipos de atividades académicas e de prestação de serviços. De que forma se propõem desempenhar essas funções? Como referi anteriormente, um dos eixos prioritários desta Unidade é a participação em atividades de investigação que desenvolvemos em associação com o centro de investigação a que pertencemos, o Instituto de Ciência da Terra. Temos representado Portugal em vários projetos internacionais em áreas tão importantes como o estudo dos rios temporários, que representam mais de 80% dos rios no Alentejo; o estudo da estrutura e funcionamento de albufeiras, com vista à preservação da qualidade destes sistemas modificados pelo ser humanos mas que necessitam de uma gestão efetiva para salvaguardar a qualidade da água e

das comunidades biológicas que neles habitam; o desenvolvimento de ferramentas de monitorização biológica; e o desenvolvimento de estratégias de educação ambiental dirigida a professores e alunos do ensino secundário. A nível nacional temos participado em vários projetos financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), nomeadamente e mais uma vez, no estudo dos rios temporários, na dinâmica de nutrientes e na avaliação da qualidade ecológica, que não é mais do que a utilização das comunidades biológicas para avaliar a integridade ecológica dos sistemas aquáticos. Neste âmbito temos participado em vários projetos de desenvolvimento regional e nacional, especificamente na monitorização de rios e albufeiras. Destaca-se a participação que tivemos na implementação da Diretiva Quadro da Água em Portugal e agora na monitorização das massas de água, rios e albufeiras, trabalho financiado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e que deverá arrancar brevemente através de um consórcio entre uma empresa e várias universidades, na qual a Universidade de Évora participa através do Laboratório da Água.

Na sua opinião acredita que as empresas, nomeadamente os municípios deveriam estar mais próximos das universidades e, quem sabe, agir como parceiros? Considero que se devem, sempre, incentivar as parecerias entre as empresas e as universidades ou unidades que geram conhecimento. Já existem alguns casos de sucesso que devem ser mantidos e incentivados. No caso dos municípios, muitas vezes eles seguem as propostas de orçamento mais baixas, que nem sempre representam a melhor opção. Estou por exemplo a pensar nos concursos para avaliação da qualidade da água destinada ao consumo humano, às águas residuais, às águas de piscina. A lei é para ser cumprida, representa uma meta a atingir, mas poderia também ser entendida como um ponto de partida para ir mais além no enriquecimento de conhecimento. É precisamente aí que entra a relevância de uma unidade como o Laboratório da Água, que tem competências para encontrar soluções para problemas de difícil resolução. Neste sentido e respondendo à sua pergunta, os


Laboratório da Água da Universidade de Évora

Ensino & Investigação

Maria Manuela Queiroz Martins Mantero Morais Doutorada em Biologia com especialidade em Limnologia pela Universidade de Évora. É professora auxiliar no Departamento de Biologia da Universidade de Évora e leciona diversas disciplinas relacionadas com o estudo dos ecossistemas de águas interiores a alunos da licenciatura em Biologia, do Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais, do Mestrado em Qualidade e Gestão do Ambiente e do Mestrado em Ciências e Tecnologia da Terra da Atmosfera e do Espaço. É igualmente professora no doutoramento em Biologia e no doutoramento em Gestão e Políticas Ambientais, iniciativa conjunta da Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa (REALP) e da Universidade de Cabo Verde. Desde 1997 é Diretora do Laboratório da Água da Universidade de Évora, onde desenvolve trabalho científico na área da Limnologia, especificamente nas áreas de: Estrutura e funcionamento de ecossistemas aquáticos de águas interiores; gestão de bacias hidrográficas de características mediterrânicas; ecologia de comunidades aquáticas; conservação e reabilitação de sistemas aquáticos; definição de medidas mitigadoras. É orientadora de vários doutoramentos nas suas áreas de especialização e membro integrado do Instituto de Ciências da Terra. Tem participado em diversos projetos científicos, nacionais e internacionais. É autora de inúmeras comunicações apresentadas em Congressos Nacionais e Internacionais e de trabalhos publicadas em livros e revistas internacionais com arbitragem científica. A convite, proferiu diversas palestras em Portugal, na Europa no Brasil, em Cabo Verde e em Angola e é membro da “Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa” onde atualmente assume a coordenação

municípios podem e devem colher a nossa opinião sobre questões abrangentes relacionadas por exemplo,com o tratamento de água e com a monitorização dos ecossistemas aquáticos. Os problemas gerais da água, que são conhecidos à escala mundial, aplicam-se a Portugal? No que concerne à legislação, tratamento e abastecimento de água, estamos equiparados ao qualquer outro país da Europa. É claro que existem problemas, de caracter pontual nos grandes municípios, mas regra geral, o tratamento e fornecimento da água está assegurado e cumpre a legislação em vigor. O problema foca-se nos municípios mais pequenos que, por falta de financiamento, por vezes não conseguem dar resposta às solicitações da população quanto ao fornecimento de água e por vezes tem dificuldade em cumprir requisitos de emissão de descargas de Estações de Tratamento de Águas Residuais. Por outro lado, existem também empresas particulares que nem sempre cumprem estes requisitos de emissão. Daí a grande importância da existência de entidades que façam a vigilância. Por outro lado é fundamental que Portugal cumpra a Directiva Quadro da Água (DQA) e que neste contexto faça com a regularidade estipulada no âmbito desta diretiva a monitorização definida para os sistemas aquáticos naturais (rios, lagos, estuários e zona costeira), modificados (albufeiras)e artificias (canais de rega). Agora, há outra questão essencial que

deve que ser considerada e que tem a ver com os efeitos que as alterações climáticas possam causar. O sul de Portugal, nomeadamente o Alentejo insere-se numa região considerada vulnerável aos efeitos das alterações climáticas. É necessário trabalharmos nas adaptações a este fenómeno não só no que se relaciona com a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, mas também de forma interdisciplinar com questões sociais relacionadas com a fixação das populações a regiões que venham a ficar gravemente afetadas com a disponibilidade da água. Nesta matéria há ainda muito que fazer! As barragens normalmente levantam muitas questões quanto ao seu impacto na vida animal e da flora. Concorda com a construção destas infraestruturas? Pergunta-me se concordo com a construção destas infraestruturas, o que lhe poderei dizer, é que depende. Uma construção deste tipo que implica perdas de biodiversidade e de património natural terá que ser muito bem justificada. Sabemos que as barragens são construídas em rios com o objetivo de formarem grandes espelhos de água que possam ser utilizados pelo ser humano. São construídas para as necessidades humanas, tais como seja a produção de energia elétrica, e o abastecimento. São de facto infraestruturas que causam grandes alterações ao sistema natural rio, daí denominarem-se sistemas modificados, provocando enormes impactes na estrutura do sistema natural e na biodiversidade.

Temos representado Portugal em vários projetos internacionais em áreas tão importantes como o estudo dos rios temporários, que representam mais de 80% dos rios no Alentejo;o estudo da estrutura e funcionamento de albufeiras, com vista à preservação da qualidade destes sistemas modificados pelo ser humanos mas que necessitam de uma gestão efetiva para salvaguardar a qualidade da água e das comunidades biológicas que neles habitam; o desenvolvimento de ferramentas de monitorização biológica; e o desenvolvimento de estratégias de educação ambiental dirigida a professores e alunos do ensino secundário Por essa razão, devem ser cuidadosamente planificadas, avaliando-se com rigor todos os impactes negativos e positivos e só depois tomar uma decisão quanto à sua construção que deve contemplar uma ampla participação pública. Todavia, depois de ser construída, é fundamental implementar uma gestão efetiva desses sistemas. Ou seja, é necessário a realização de um Plano de Ordenamento que seja efetivamente cumprido e é necessário, também, a realização de programas de monitorização para a avaliação da qualidade ecológica do sistema, tal como estipulado na DQA.

O Laboratório da Água está a atingir uma notoriedade a nível nacional e internacional. A que se deve este reconhecimento? Estamos implementados numa região em que existem problemas na qualidade e na quantidade da água. O que tentamos fazer quer no campo da investigação, quer no ensino, é estudar os métodos de análise físico-química, microbiológica e biológica, que respondam aos problemas de qualidade da água na região. Frequentemente temos conseguido identificar e dar resposta a problemas, daí o reconhecimento que pretendemos manter através no nosso trabalho. Este reconhecimento começou por se manifestar à escala regional, passando posteriormente a uma escala nacional através dos projetos de cariz nacional como sejam por exemplo, o contributo que demos para a implementação da DQA em Portugal. Hoje trabalhamos em projetos de investigação internacional com vários parceiros da comunidade europeia, assim como e cada vez mais, com universidades dos países de língua portuguesa, nomeadamente do Brasil, de Angola, Moçambique e Cabo Verde, no âmbito da Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa (REALP). Os problemas que enfrentamos são globais e é muito estimulante pensar estes problemas a essa escala para em conjunto encontramos soluções, que se aplicam à escala local quer seja aqui no Alentejo, em França, no Brasil ou em Cabo Verde.


Ensino & Investigação

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – Curso de Engenharia de Minas e Geo-ambiente

“Pedimos uma discriminação positiva para o nosso Curso” Em entrevista ao País Positivo, o Professor Doutor Alexandre Leite, do Departamento de Engenharia de Minas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), falou sobre a riqueza do património geológico e mineiro no nosso País, lamentando, contudo, a falta de apoios para o seu desenvolvimento. Defensor de uma Pedagogia da Terra que pode ser transmitida pela atividade da mina, o docente afirmou que o Curso de Engenharia de Minas e Geo-Ambiente, sendo pequeno, merece ser valorizado pela sua dimensão estratégica para o País.

O Curso de Engenharia de Minas e Geo-Ambiente é um Curso de reduzida dimensão, mas com longa história e empenho em fazer a diferença. A Engenharia de Minas ainda é uma Engenharia pouco conhecida. A prova disso é o reduzido número de Estudantes que ingressam no nosso Curso. No entanto, pensamos que os vinte estudantes que nos chegam todos os anos, são fundamentais para manter o país com uma mão-de-obra qualificada para a indústria extrativa. Acreditamos que a formação em Engenharia de Minas é social e estrategicamente importante. Somos um dos Cursos mais antigos da Universidade do Porto. Comemorámos, em 2015, 130 anos da criação do curso na denominada Academia Politécnica do Porto. E não paramos de evoluir. Exemplo disso é uma das últimas reformas do Curso que contemplou a formação nas áreas da preservação e reconversão ambiental. Ainda há muito para fazer no setor mineiro em Portugal? Sim, o País, dada a sua dimensão, possui recursos mineiros importantes e muitos mais terá na medida em que se investir na sua procura. Houve um Engenheiro de Minas que dizia “o País terá as minas que procurar” e se procurar, elas serão encontradas. O Estado tem de apoiar o desenvolvimento mineiro no sentido da procura dos recursos naturais que a sociedade nos pede e nunca deixará de pedir. Há um potencial excecional para a economia do País nos recursos mineiros que são de todos nós. Os Engenheiros de Minas formados na FEUP têm papel fundamental neste setor? Sem dúvida. E penso que há a necessidade de sensibilizar os jovens para o facto de este se tratar de um

Professor Doutor Alexandre Leite, Engenheiro de Minas

curso com muitas potencialidades. Há Engenheiros de Minas formados na FEUP a trabalhar, entre outras, em obras públicas, em organismos do Estado, em gabinetes técnicos, no ensino, em minas e pedreiras, e em muitas empresas de serviços do setor mineiro, isto que no País como no estrangeiro. Eles são os nossos melhores embaixadores. Em 2014 a taxa de empregabilidade foi de 100% ao fim de três meses após a conclusão do curso. O Curso estabelece parcerias com muitas empresas, não é verdade? Sim, os projetos e parcerias de cooperação, por um lado estimulam o conhecimento científico e por outro, têm permitido o financiamento de que necessitamos. Em 2000, possuíamos dois laboratórios. Neste momento, para a investigação e ensino, temos dez laboratórios a funcionar. Há aqui um esforço enorme que gostaríamos que fosse reconhecido superiormente, como fazendo parte de um processo de excelência. E isto, a par de uma diminuição significativa dos recursos humanos do Departamento por constrições orçamentais. Os nossos estudantes são dos que entram na FEUP com menor média. “Pegar” neles, tornando-os Engenheiros com provas dadas e reconhecidas pelos seus empregadores, pensamos ser também sinal de excelência da formação que disponibilizamos. Daí que pedimos uma discriminação positiva para o nosso Curso. E não tenhamos dúvidas que a economia do país ganhará com isso. Têm desenvolvido trabalhos em minas encerradas? Há espaços mineiros desativados para os quais temos desenvolvido estudos de caracterização e propostas de reconversão. Como exemplo, realçamos o protocolo que temos com a Câmara Municipal do Fundão. Estamos envolvidos num projeto europeu para “remineração” de escombreiras mineiras do Município do Fundão. Com este projeto, pretende-se não só aproveitar os recursos minerais ainda existentes nas escombreiras bem como reconverter ambientalmente todo o espaço. A verdade é que, desde 2007, que a Europa parece querer voltar a dar importância aos recursos minerais, dada a sua mais-valia para a economia. Tarda é a chegar uma visão e vontade política determinadas para encarar seriamente este setor primário. Nós, enquanto escola de formação, reafirmamos a

importância dos saberes desta engenharia que sustentam as tecnologias para o fornecimento de matéria-prima para todas as outras Engenharias. Qual a sua opinião sobre razões ambientais que impedem a abertura de novas minas? Penso que, quer na opinião pública, quer em muitos meios de tomada de decisão, por desconhecimento, ainda não há a consciência de que a mina pode ser explorada minimizando os seus impactos. As minas já não se exploram com “pá e pica”. A nossa Engenharia compete com todas as outras ao nível tecnológico com o que há de mais moderno e sofisticado por esse mundo fora. Há mesmo desenvolvimentos tecnológicos oriundos da indústria mineira incorporados em outras indústrias. Muito do cunho negativo atribuído à atividade mineira é relativo ao impacto visual e não tanto ao problema ambiental. Hoje em dia, qualquer mina moderna obriga-se a processo de otimização de todos os seus setores, chegando mesmo ao planeamento atempado do seu encerramento em condições aprovadas pelas entidades tutelares. Começa-se a ouvir falar dos recursos minerais do fundo dos oceanos. Os Engenheiros formados neste Curso podem participar nessas explorações? Esse é um grande desafio para os próximos anos. Eles existem mas falta saber como explorá-los porque estaremos em condições ambientais completamente diferentes do ar livre. Já há quem, no nosso departamento, se esteja a envolver nesta temática que fará parte, seguramente, da investigação e do ensino que ofereceremos. Mas realço que onshore ainda há muito que fazer. Não podemos ignorar de que devemos continuar a investigar a existência de jazigos mineiros em profundidade que não foram ainda descobertos. A mina de Neves Corvo, em Castro Verde, deixa-nos essa mensagem. Mas também à superfície há recursos mineiros por explorar. Exemplo disso é o imenso jazigo mineiro de ferro de Moncorvo, em Trás-os-Montes, que, por exemplo, se estivesse no Canadá ou na Alemanha, provavelmente já seria uma grande mina ao nível mundial. Um dia, sem qualquer dúvida, Engenheiros de Minas FEUP estarão a colaborar nesta e outras novas minas Portuguesas.


Jocolor - Estamparia e Sublimação Têxtil

Empreendedorismo

“Somos vanguardistas na inovação de técnicas e processos produtivos” A aproximar-se das três décadas de existência baseadas numa incomensurável ética de trabalho, a JocolorEstamparia e Sublimação têxtil, encara o futuro com otimismo. Em entrevista ao PP, João Cunha, CEO, revela o segredo para a criação de um empresa líder do Mercado.

A Estamparia Jocolor Lda. iniciou a sua atividade a 1 de Março de 1988, tendo sofrido, entretanto, uma forte evolução. Fale-nos do percurso desta empresa de referência. JC – A estamparia Jocolor inicia a sua atividade em 1988, surgindo de um modesto projeto. A empresa encetou as suas operações em pequenas instalações apenas com três colaboradores, onde desenvolvia o seu trabalho através de um processo manual. Só em 1989 é que construímos um espaço maior, na Rua Mato da Senra, e adquirimos duas máquinas de estampar com capacidade técnica de executar trabalhos até seis cores. Nesse momento,

éramos já 12 pessoas a laborar. No ano de 2004, em refutação às necessidades do cliente aliadas ao crescimento do mercado, a Jocolor adquire novas instalações, a cerca de dois quilómetros das antigas, iniciando assim o processo de recuperação e transformação do edifício. Em 2005, já com as novas instalações operacionais, fizemos uma reorganização de toda a empresa, investindo em maquinaria tecnologicamente mais avançada (aquisição de quatro máquinas) com maior capacidade produtiva e com capacidade técnica de executar trabalhos até 16 cores, aumentando assim o nosso leque de oferta ao cliente. Também recrutamos e selecionamos novos colaboradores. Num processo de melhoria contínua, a empresa sente necessidade de certificar o seu serviço/produto, iniciando assim o processo de Certificação pela Norma ISO 9001:2008 Sistema de gestão da qualidade em 2014, obtendo a Certificação em 2015. Neste momento, a Jocolor termina mais uma fase de ampliação ao aumentar a sua área produtiva para 3600 metros quadrados e ao adquirir nova maquinaria como suporte ao processo produtivo e ao processo de amostras. Conta agora com oito máquinas de estampar e com uma capacidade produtiva que abrange as 200.000 peças por dia.

Enquanto CEO, quais é que considera serem as mais-valias da Jocolor? JC – A Jocolor é uma mais valia para os seus parceiros comerciais. A empresa tem estado, ao longo da sua existência, atenta às necessidades do mercado e também à sua evolução, otimizando o processo produtivo, de forma a conseguir produzir em larga escala e proporcionando uma excelente relação preço/qualidade dos estampados. Esta vantagem competitiva da Jocolor fortalece os nossos clientes, tornando-os mais competitivos nos mercados onde atuam. Sentimos a sua gratidão pela preferência que nos têm dado.

ção de postos de trabalho. Neste momento, somos 97 colaboradores.

“Empenho, Dedicação e Sacrifício”

Qual é o segredo para criar uma empresa que lidera o mercado? JC – O segredo para criar uma empresa que lidera o mercado consiste em criar condições adequadas para que os seus colaboradores se sintam bem no espaço de trabalho e que desenvolvam a sensibilidade necessária para servir de uma forma mais eficaz o que é para nós o mais importante, o Cliente; estar muito atento ás necessidades do mercado, e no momento exato, intervir; respeitar os compromissos assumidos, respeitar a hierarquia do mercado, ou seja, “primeiro o CLIENTE, depois NÓS”; marcar a diferença pela vertente positiva, e por fim, Empenho, Dedicação e Sacrifício.

Que balanço é que faz da existência da Jocolor? JC – A existência da Jocolor tem sido de grande importância neste setor. Sentimos que os nossos clientes depositam em nós uma grande confiança e isso dá-nos a responsabilidade de os servir cada vez melhor. Somos vanguardistas na inovação de técnicas e processos produtivos. Somos também uma empresa com resultados positivos ao longo dos vários anos da nossa existência, o que se reflete no contributo que temos dado para a economia do país, nomeadamente através da a cria-

Quais são as perspetivas para o futuro da empresa? JC – Estamos otimistas em relação ao futuro. Pretendemos continuar com os investimentos que consideramos necessários e imprescindíveis que nos permitam continuar na liderança do mercado. Estamos convictos que vamos reforçar esta posição. Sentimos uma crescente procura pelos nossos serviços e, por essa razão, prevemos aumentar a nossa capacidade produtiva, não descurando nunca a qualidade do serviço, defendendo sempre a marca Jocolor.


Empreendedorismo

Laciminho

Laciminho aposta em tecnologia de ponta mente equipados, utilizando matéria própria ou cedida pelos clientes”. A Laciminho revela ainda temos grande experiência na produção de “pon-pons”, penachos, flores e outros produtos de utilização na indústria de vestuário.

“Estamos preparados para o futuro”

Quando o tema em questão é Laciminho, é impossível deixar de mencionar o fabuloso percurso desta empresa de Vila Nova de Famalicão enquanto um dos grandes resistentes da indústria têxtil.

Foi nos princípios dos anos 90 que a Laciminho começou a dar os primeiros passos, como uma empresa em nome individual, dedicada à Estamparia, porém, só nos inícios de 2000, seria efectivamente constituída a empresa que hoje se pauta, sem igual, pela produção e comercialização de acessórios para a indústria têxtil. “Sabemos que o serviço que prestamos é muito preciso e quase único, e por isso, ao longo dos anos temos feito investimentos em equipamento de última geração” explicou ao País Positivo,

José Gonçalves, CEO da Laciminho. Efectivamente, a aquisição de tecnologia de topo de gama tem sido um dos grandes diferenciais desta empresa que nunca esquece a delicadeza na produção, a qualidade, a criatividade e a diversidade de cores. Assim, apenas utilizando matéria-prima de qualidade superior, a Laciminho lança desafios irresistíveis aos seus clientes, estimulando-lhes a imaginação, dando corpo aos seus desafios mais inovadores e criativos, com toda a garantia de qualidade que sempre os habituou, nomeadamente na produção de vários modelos de alças cosidas e termocoladas (soldadas em ultrassónico), só possível com a utilização dos equipamentos da última geração, adquiridos pela Laciminho, permitindo grandes produções, satisfazendo a procura de mercado, em quantidade, qualidade e cumprimento dos prazos de entrega. “Temos grande experiência na produção de tranças, utilizando várias matérias-primas, com as quais já temos em catálogo mais de dez modelos”, afirmou José Gonçalves, acrescentando que jamais poderá esquecer as origens, salientando “a grande experiência adquirida nos laços de produção manual e mecânica para a qual estão devida-

A empresa que contempla os mercados nacional e internacional conta com um quadro de pessoal altamente especializado integrando dez colaboradores. “O nosso objectivo principal é obter produtos de primeira qualidade”, garantiu José Gonçalves. Com 16 anos de existência da marca

José Gonçalves, CEO Laciminho

LACIMINHO Comércio de Laços Rua Mato da Senra, Pav. 5 - N 3 4470-215 Joane, V. N. Famalicão T. 252 921 006 laciminho@gmail.com facebook.com/laciminho www.laciminho.pt

“Laciminho”, consideramos estar perante uma das empresas mais desenvolvidas nesta área de negócio, levando a cabo trabalho manual qualificado, na perfeição, bem como produção mecânica altamente sofisticada, garantida por um equipamento moderno e eficiente. “Estamos preparados para o futuro, mas temos consciência das dificuldades, nomeadamente da concorrência dos países asiáticos”, confidenciou José Gonçalves. Ainda assim, orgulha-se de tudo o que foi alcançado. “Nós somos os resistentes do têxtil, já sofremos muito e já tivemos de fazer muitos sacrifícios, mas ainda estamos aqui a dar cartas no Mercado e a dar a volta por cima”, rematou.


Fogões Machado

Empreendedorismo

O negócio que teve como o destino o acaso Foi pela necessidade de fazer um fogão de lenha para casa que Semião Machado, que já trabalhava na arte da serralharia, acabou por vender o seu primeiro fogão ao vizinho. Depois foram construídos outros sempre com cliente certo que o inverno ia frio. “Por isso, a empresa nasceu quase por acaso”, afirma Fátima Azevedo, filha e hoje gerente da firma Fogões Machado.

A empresa propriamente dita começou a actividade em nome individual em 1965. Não foi fácil numa época em que era proibido trabalhar ao domingo durante o Estado Novo, mas Semião Machado fechava a porta para poder atender os clientes. A PIDE não dava tréguas a quem não cumprisse os ditames do regime. As encomendas depressa começaram a surgir e Semião Machado despediu-se da empresa onde trabalhava, numa serralharia, para se dedicar ao seu próprio e prospero negócio. Fátima Azevedo conta: “ Inicialmente, juntaram-se o meu pai, a minha mãe e uma tia e começaram a produzir fogões em maior escala. A produção aumentou e houve a necessidade de investir em equipamentos e aumentar o espaço de fabrico.”

tido clientes no algarve, mas não é um produto daquela zona. O clima manda ainda geograficamente e o norte é o principal destino.

É uma empresa familiar, há medida que a família crescia, os filhos iam trabalhar para a fábrica, cada um com a sua função, de forma a que a estrutura funcionasse. Primeiro os mais velhos e assim sucessivamente. Hoje, os quatros gerem a empresa. Institucionalmente a Fogões Machado é criada em 1986. Hoje conhecida especialmente no norte, onde o tempo é mais agreste no inverno, mas as vendas fazem-se sobretudo a nível nacional. E internacionalmente? – Perguntamos. Fátima Azevedo é peremptória em afirmar, que internacionalmente vendemos pouco. Acontece por vezes emigrantes que conhecem os produtos, encomendam e fazem a parte do transporte. Há fogões nossos em França, Espanha, Luxemburgo, Suíça, Inglaterra, mas não se trata de exportação, são casos pontuais de clientes ou amigos de clientes que gostam da qualidade dos nossos equipamentos e os adquirem. A publicidade faz-se por um cliente satisfeito, uma sugestão ergonómica, uma ideia de um móvel, um pormenor, e assim, vão adaptando os produtos às expetativas de quem os procura. “A nossa preocupação neste momento é certificar produtos. “ Nos dias de hoje se uma empresa se quer tornar competitiva, não é só uma questão de preços, também tem de ter qualidade e qualidade certificada que é exigida. O mercado externo obriga-nos a isso. Então temos que começar a apostar nessa área.”, Explica a gerente. Embora reconheça que o mercado nacional ainda tem muito para ser explorado, trabalham mais na zona norte, embora tenham

Qual é a gama e variadas dos produtos que fazem? O nosso produto é essencialmente o fogão a lenha. Temos um complemento lenha e gás ou lenha e eléctrico. Apostamos também muito no aquecimento, no fabrico de fogões para aquecer o espaço da cozinha, mas também o resto da casa. Através do aquecimento central, o que o painel solar faz, o fogão funciona de forma idêntica. Há várias hipóteses de sistemas de aquecimento; caldeira a gaz, caldeira eléctrica, painéis solares. O fogão, neste momento, é a hipótese mais barata. São cada vez mais os clientes que têm sistemas de aquecimento e que acabam por adaptar as suas cozinhas para poderem receber um fogão para funcionarem como elemento principal do aquecimento central da casa. Não tendo técnicos específicos, trabalhamos com alguns profissionais, que já instalaram os nossos produtos e são eles que muitas vezes aconselham aos seus clientes os nossos equipamentos, até por uma questão de poupança. Mas também desenvolvemos e introduzimos na produção, as hottes (chaminés) para colocar por cima dos fogões a lenha para a extração de cheiros, que é igualmente um produto que teve bastante receptividade. Temos uma combinação de dois produtos complementares que funcionam muito bem no seu conjunto. Foi uma aposta ganha.

Os preços são variáveis dependendo do que o cliente quer, existe uma série de combinações, cada uma para sua função. Desde o simples fogão a lenha até uma série de combinações mais complexas. A empresa não está focada somente na parte doméstica, mas a diferença é que a área industrial não é um produto que se venda todos os dias. “O nosso produto é mais personalizado, temos que ver com cada cliente o equipamento que se adapta melhor às suas necessidades e à sua casa. Assim nasce um trabalho pormenorizado e personalizado. Para que exista uma solução para cada problema a resolver a favor do contentamento do cliente. Cada casa é um caso.” Conclui Fátima Azevedo. Existe um acompanhamento ao? cliente, até porque “há clientes que querem um fogão a lenha, mas não sabem onde colocar ou como fazer. Nesses casos, vamos a casa do cliente e aconselhamos a melhor solução. Tendo sempre em conta não o preço do equipamento, mas a melhor alternativa para um cliente feliz.” - Continua Fátima “Quanto a projetos para o futuro, vamos continuar a apostar na certificação dos nossos produtos, explorar mais o mercado interno e tentar o mercado externo. Estas serão principalmente as nossas apostas no futuro próximo. Aliados a isto, iremos sempre apostar na melhoria dos nossos produtos já existentes e pensar em novos produtos. Nós, somos uma empresa que ouvimos muito o cliente, existe uma relação de colaboração e muito empática. Temos clientes que trabalham connosco praticamente desde o início, há 50 anos, e por isso, as suas sugestões não são descartas, mas sempre com um “vamos ver” e assim com essa sugestão, quem sabe não pode ser uma aposta para o futuro.


Poder Local

Freguesia de Milheirós de Poiares

Dividida entre dois municípios Augusto Pinho Santos, Presidente da Junta de Freguesia de Milheirós de Poiares

Milheirós de Poiares é uma freguesia pertencente ao concelho de Santa Maria da Feira com cerca de 8 km² e 3.791 habitantes. Saltou para as páginas dos jornais e captou a atenção de alguns canais televisivos quando, em 2012, realizou um referendo local, não vinculativo, para apurar se a população concordava com a integração da freguesia de Milheirós de Poiares no concelho de São João da Madeira. O resultado do referendo foi a favor da integração da freguesia no concelho de São João da Madeira com o “SIM” a receber 81% dos votos.

Augusto Pinho Santos foi um dos defensores “desde a primeira hora” desta pretensão e reforça que quer “continuar a lutar pela integração da freguesia de Milheirós de Poiares no concelho de São João da Madeira!” Em entrevista ao País Positivo, o presidente da Junta de Freguesia de Milheirós de Poiares cimenta a sua posição: “a transferência da freguesia de Milheirós de Poiares do concelho de Santa Maria da Feira para o de São João da Madeira, para além de constituir um ato de maior racionalidade administrativa do território, também representa a consagração de direito de uma situação existente e que não surpreende ninguém.”

Objetivo: integração no concelho de São João da Madeira Augusto Pinho Santos descreve esta pretensão como “uma ambição antiga dos milheiroenses e sanjoanenses que se sentem intimamente ligados por uma unidade social” que se resume da seguinte forma: Geograficamente falando, “esta freguesia é perfeitamente contígua ao centro urbano de São João da Madeira. Estas influenciam-se no plano económico e social e dista apenas dois quilómetros do centro da cidade sanjoanense” e a dez quilómetros da sua sede de concelho; O concelho de Santa Maria da Feira tem uma extensão territorial que ronda os 210 Km² para 139 mil habitantes, enquanto São João da Madeira “tem apenas 8 Km² 21 mil habitantes”. Com a anexação da freguesia de Milheirós de Poiares ao município sanjoanense, “este passava a ter 16 Km² para 24.700 habitantes, uma fatia muito mais equilibrada quanto ao território e número de habitantes”; A ligação fluvial providenciada pelo rio Ul é de extrema importância para ambos os territórios, uma vez que este rio desempenha um papel fundamental “no abastecimento de água de São João da Madeira e na futura ligação do parque da Cidade/ Parque do Rio Ul (em São João da Madeira) com o Parque do Outeiro na nossa freguesia”; Os dois territórios identificam-se em termos económicos e sociais, nomeadamente no setor laboral. “Os milheiroenses trabalham predominantemente para o tecido

empresarial sanjoanense, utilizam as infraestruturas de apoio social, cultural, hospitalar, tribunais, comércio e serviços. Uma das zonas industriais mais importantes da região, “a ZI das Travessas, confina com a nossa freguesia. Temos, como projeto futuro, dar continuidade a esta mancha industrial impulsionando o desenvolvimento de Milheirós de Poiares e da ligação ao concelho de São João da Madeira. ”; As moções a favor desta desagregação “foram aprovadas por unanimidade em todos os órgãos autárquicos deste concelho: Assembleia Municipal, Câmara Municipal, Assembleia de Freguesia e Junta de Freguesia de São João da Madeira. Esta desagregação também foi aprovada, por unanimidade, pela Assembleia de Freguesia de Milheirós de Poiares e por um sufrágio direto em referendo local ocorrido no dia 12 de setembro de 2012 onde o ´SIM` venceu com uns esmagadores 81%. Com o intuito de reforçar o referendo foi entregue na Assembleia da República uma petição com 5320 assinaturas.” Em suma, “a transferência da freguesia da Milheirós de Poiares para o concelho de São João da Madeira é uma inevitabilidade, uma vez que as populações, dos dois agregados, já vivem em conjunto como se se tratasse do mesmo concelho, por isso, é de bom senso que o planeamento estratégico e urbanístico seja efetuado entre ambas as populações.” A argumentação do município de Santa Maria da Feira “seria relativa ao conceito de unidade e intangibilidade, mas está demonstrado que esse argumento não é um dado histórico, antes pelo contrário, o concelho tem vindo a adequar, progressivamente, a sua dimensão. Seria imoral impedir o progresso e a melhoria do nível de vida e do conforto da população milheirense.” Augusto Pinho Santos, presidente da Junta de Freguesia de Milheirós de Poiares conclui reafirmando que é imperativo respeitar a vontade da população, que culminou com a vitória do SIM, em referendo, relativamente à vontade da população em agregar Milheirós de Poiares ao município de São João da Madeira. A pretensão da população constitui um contributo de valor inqualificável, do ponto de vista da racionalidade da gestão dos recursos públicos, da proximidade da administração territorial autárquica e da participação plena e democrática do povo no seu futuro coletivo. A bem da nobreza política, que não se desperdice tamanho contributo!”


Câmara Municipal de Mesão Frio

Município Solidário

“Os autarcas devem ir ao terreno e conhecer a situação em que vivem os cidadãos” Adepto de uma forte política de proximidade com a população, Alberto Pereira está à frente da Câmara Municipal de Mesão Frio há sete anos. A Acção Social e a Educação tem sido as principais forças motoras destes mandatos pautados pela seriedade e pelo compromisso em fazer sempre “mais e melhor”.

“No dia em que cheguei, encontrei 12.4 milhões de euros em dívidas assumidas e agora já vai em 6.4 milhões, ou seja, baixei seis milhões. Posso dizer que se ficar mais um mandato, deixo a Câmara praticamente sem dívidas”, é desta forma simples e directa que Alberto Pereira, presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, fala da evolução do seu mandato que ainda que martirizado pelas dificuldades financeiras resultantes da diminuição de receitas com a vinda da Troika, continuou a direcionar prioritariamente as poucas verbas de que dispõe para as áreas da Acção Social e da Educação. Na sua opinião, os autarcas devem ir ao terreno e conhecer profundamente a situação em que vivem os cidadãos. “Nós temos disponíveis 100 mil euros por ano e não hesito em deixar de alcatroar uma estrada para poder garantir transporte gratuito para o agrupamento de escolas, livros escolares gratuitos para alunos de escalão um e 50% do valor do escalão dois, bolsas de estudo para todos os alunos universitários de escalão um, dois e três, apoio a habitações que têm preferencialmente crianças e idosos em que vamos fazer um telhado ou uma casa de banho”, esclareceu o autarca que foi professor 24 anos em Mesão Frio e director de turmas de currículo alternativo, ou seja, alunos com dificuldades de aprendizagem e oriundos de situações familiares difíceis.

Alberto Pereira, presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio

Importância de criação de emprego local Mesão Frio conta hoje com 4450 habitantes, tratando-se de um dos concelhos com a população mais envelhecida do país, reflexo da realidade do Interior de Portugal. Barqueiros é a freguesia onde será erguido um Lar de Terceira Idade com a inauguração agendada para Janeiro de 2017 e que vai ter duas valências: a estrutura residencial com 12 camas e um Centro de Dia para apoio a cerca de 20 idosos. “Barqueiros é uma terra que teve uma instituição de solidariedade e que, por razões financeiras encerrou portas e sei que a abertura de um Lar de Terceira Idade era um desejo daquela população”, explicou o autarca. Quando o questionamos relativamente a sugestões para rejuvenescimento da população de Mesão Frio, Alberto Pereira respondeu que “não há receitas milagrosas”. “Nós só podemos ter crianças se tivermos adultos e para fixarmos os adultos, temos de ter emprego. É necessária a criação de emprego local que aproveite o que de melhor temos: o vinho, a vinha, a paisagem, a gastronomia. Estamos a incentivar empresários a apostar em empreendimentos ligados ao turismo, pois posso dizer que, neste momento, vêm dezenas de pessoas do Porto todos domingos aqui de propósito almoçar, mas começamos a não ter capacidade de resposta com as infraestruturas existentes”, disse.

Em paralelo com a promoção de um projeto para ao Douro chamado “Marina Hotel” que irá criar 200 postos de trabalho, a Câmara Municipal pretende criar o Museu do Barco Rabelo e ainda recentemente abriu o Museu do Triciclo que é o primeiro do país e que vai proporcionar mais postos de trabalho, com a criação de quartos para o serviço de turismo local e um restaurant no interior de quatro lagares com capacidade para 200 pessoas. “Pretendemos criar estruturas que não só prendam as pessoas de Mesão Frio, como atraiam as de fora”, afiançou o autarca.

“Vamos continuar a apostar nas pessoas e infraestruturas” Apesar das dificuldades financeiras, Alberto Pereira faz um “balanço extremamente positivo” dos sete anos en-

quanto autarca. “Nós fizemos o dobro do investimento, em média, por ano comparativamente com o meu antecessor, e ao mesmo tempo diminuimos a dívida”. A Câmara Municipal já vai na terceira edição do projeto de Hidroterapia e Ginástica gratuitas para todas as pessoas do concelho com mais de 60 anos nas diferentes aldeias ,ao mesmo tempo que apoia um coro infantil para as crianças até ao quarto ano de escolaridade que tem sido um sucesso porque para além de promover a partilha de saberes e conhecimentos, os alunos aprendem a ter presença em palco. Porém, as iniciativas da autarquia não param por aqui. “Na próxima reunião da Câmara Municipal, vamos levar um projeto de apoio ao Bombeiro que se chama “Bombeiro - Valoriza” em que garantimos apoios sociais a todos os bombeiros e aos seus descendentes, com descontos nos livros escolares, no uso de equipamentos públicos , nas taxas fixas da água e saneamento e nas licenças de obra para ajudar na fixação de jovens no concelho, mas também para promover o voluntariado que é fundamental numa sociedade moderna”, afirmou. As expetativas para o futuro “são sempre de fazer mais e melhor”. “Garantidamente, o próximo mandato será mais descansado, até porque a dívida baixou, mas nunca vamos perder o norte do equilibrio financeiro deste município. Vamos continuar a apostar nas pessoas e infraestruturas”, rematou Alberto Pereira.



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