PAJ2014 Texto Reportagem Claudia Uma Radio Enfrenta a Violencia

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Reportagem A comunidade do Alemão, que a emissora está conquistando. O teleférico é o símbolo da relação entre a rádio e a favela

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Reportagem A comunidade do Alemão, que a emissora está conquistando. O teleférico é o símbolo da relação entre a rádio e a favela

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Uma rádio enfrenta

A VIOLÊNCIA No Complexo do Alemão, acompanhamos os bastidores de um programa ágil, cheio de informação, música, moda e culinária. Não parece, mas o foco principal é o ataque à violência doméstica PAT R Í C I A Z A I DA N / FOTO S N A N A M O R A E S

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gôndola vermelha içada por cabos percorsobre bem-estar, saúde, comportamento. Mas o forte é o re poeticamente, até o cume, uma extencombate à violência doméstica, tema espinhoso tratado são de 3,5 quilômetros sobre as entranhas de um jeito peculiar. A razão: se a rádio adotasse tom do Complexo do Alemão, todo banhado de policialesco, noticiasse números de vítimas, talvez não sol. Quanto mais alto sobe o teleférico, tocasse quem precisa saber do direito de viver em paz. “É inaugurado há pouco mais de dois anos, mais intriganpara levantar o astral, para que as mulheres se gostem, te o cenário, que mistura a agitação desse conjunto de curtam a vida, conheçam a Lei Maria da Penha (LMP)e favelas do Rio de Janeiro e o trânsito calmo das gôndose protejam”, explica Sheyla. “Vai na contramão da mílas – ao todo 152 – levando dia, que só vê no Complexo do moradores e turistas. Numa Alemão tiros e tragédias.” das seis estações, Palmeiras, Agora, as radialistas estão fica uma sala ocupada pela no pequeno estúdio, que fica Rádio Mulher. Ela abriga a bem abaixo da Palmeiras, nova parafernália da emissora num casarão do século 19, ancomunitária: o suporte de tiga sede de uma fazenda, no banda larga que colocará a bairro Casinhas. Tensão. programação na web para Sheyla pede silêncio, o prograatingir mais gente, entre os ma já vai começar. Ela conduz 60 mil moradores. A sintonia, os quadros e solta as vinhetas, por enquanto, é só no 98,7 como esta: “Rádio Mulher, um FM do dial. As três vozes que ambiente comunitário, 24 hocomandam a principal atraras no ar”. Então, respira, liga O microfone: arma para dizer às mulheres que elas têm o direito de ser livres e viver longe de ameaças ção, Manhã no Complexo, goseu microfone e entra. zam de popularidade na estação. Sheyla Santos, 37 anos, Anatália dos Santos, 51, e “10 HORAS EM PONTO, bom dia! Começa mais um Rose Sabino, 56, são “as moças do rádio”. Cleber Araújo, Manhã no Complexo, com muita informação, uma enda barraca de artesanato, adora ouvi-las: “Acho bacana trevista com a juíza Adriana Ramos, boa música, dicas.” como valorizam a mulher, ensinam as meninas. São inSobe o som, é Beth Carvalho interpretando Nome Saformais, é como se conversassem aqui com a gente”. Magrado. A escolha da música teria sido por este trecho, em rilene Silva, responsável por uma horta na região, sugere que o autor, Nelson Cavaquinho, escreve: “Deus, Nosso às âncoras montar ali uma banca com as comidinhas Senhor, devia castigar o infeliz que faz uma mulher choensinadas no programa. Elas se envaidecem. O trio fala rar”? Tudo ali é medido e pesado, sim. Anatália emposta NOVEMBRO 2013

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Reportagem um pouco a voz, comenta que a violência doméstica sempre existiu. “A diferença, hoje, é que a mulher denuncia. Não tem mais porque sofrer sozinha.” É a deixa para Sheyla plugar a gravação da conversa entre Anatália e a magistrada Adriana Ramos, do Primeiro Juizado Especial de Violência Doméstica. Ela conta que nessa vara estão acelerando a expedição da medida protetiva de urgência (que afasta o agressor de casa e estabelece a distância a ser mantida da mulher.) “A lei estabelece prazo de dois dias, nós concedemos em poucas horas”, conta ela. Desde a entrada em vigor da Lei Maria da Penha, em 2007, esse recurso salvou 300 mil brasileiras. E, por não ter sido expedido a tempo, muitas morreram, como Elisa Samúdio, que esperava a decisão do juiz ao ser massacrada, esquartejada e atirada aos cães pela gangue do goleiro Bruno. Há ainda magistrados que demoram porque exigem atestado psiquiátrico, atrás da certeza de que a mulher não é louca. Só depois assinam a proteção. Fora do microfone, Rose comenta: “O que um juiz desses tem na cabeça? Por que pede atestado para proteger uma mulher? Nunca viu alguém com medo de morrer? Só quer ajuda quem corre perigo”. O Brasil é o sétimo país em matança de mulheres: 92 mil em 30 anos. “Das mortes violentas – acidentes e assassinatos –, um terço ocorre em casa; elas têm como autor, em geral, o parceiro”, diz Leila Garcia, doutora em epidemiologia e técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ela esquadrinhou os dados do Ministério da Saúde e concluiu que, de 2001 a 2006, a taxa média de óbitos violentos por grupo de 100 mil brasileiras era de 5,28. Depois da LMP, entre 2007 e 2011, desceu pouco, para 5,22. Nos últimos dez anos comutados, ocorreram 50 mil casos, 15 por dia, um a cada hora e meia. Espírito Santo é o estado mais agressivo (com 11,24), seguido pela Bahia (9,08).

No alto, a mesa de som. Da esquerda para a direita, Rose Sabino, Anatália dos Santos e Sheyla Santos, as heroínas do rádio

“10 E 20 DA MANHÃ. Um lembrete para você, amigo que nos ouve: se for tomar uma caipirinha, vá devagarzinho. Do contrário, não relaxa, dá encrenca, sai briga com vizinhos, você se estranha com a mulher.” Do conselho, Sheyla passa para o Fashion Lixo. “Ailton Barros fará desfile da sua moda com recicláveis no sábado, no Walmart da Tijuca. Não percam. Concorrência do bem, no mesmo dia tem feijoada beneficente da Tia Bete, 10 reais o prato...”; “Aí vem Elis Regina, com Madalena”. Anatália aproveita o microfone em off para confidenciar que elas tomam o maior cuidado com o que falam, são neutras num terreno minado por disputas do tráfico e das milícias, mesmo com a pacificação capitaneada pelo governo estadual. “Tem que ter cautela.” Ela explica que, se a mulher apanha e liga para a polícia, atrai confusão caso o parceiro – ou o morador do lado – esteja envolvido com o crime. “Os policiais entram com armas enor-

mes. Para matar quem? O marido? A mulher? O vizinho? Você mora na favela, não no asfalto”, diz. Outra coisa que não se faz é ir à UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) e denunciar o agressor, afirma Sheyla. “Todo mundo vê, acha que a vítima quer delatar um chefe do tráfico.” Então, no ar, elas orientam a ir à Delegacia da Mulher, no centro. Por isso, é baixo o número de denúncias ali. Segundo os registros do Instituto de Segurança Pública do Estado, apenas nove queixas de lesão corporal dolosa ocorreram no Alemão entre janeiro e julho. “Não é real, os serviços de saúde recebem mulher espancada a toda hora”, contesta Sheyla. A conversa direta se dá nas entrevistas. “Nelas, não estamos dando nossa opinião, fazemos advogadas e parlamentares ensinarem, por exemplo, que não se retira mais a queixa contra o marido; o Ministério Público abraça a causa e investiga”, conta Anatália. Há prudência também com a integridade delas depois que a sede do AfroReggae foi

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atacada. A ONG atendia 1,2 mil jovens do Complexo e seu líder, José Júnior, jurado de morte, precisou de escolta. Ainda sobre maridos, Sheyla recorda um episódio recente. “A gente distribuía cartilhas da Lei Maria da Penha no teleférico quando uma mulher gritou: ‘Entrega para aquele ali. Ele bateu na mulher ontem’. Eu pensei: ‘Não vou entregar nada, vai sobrar sopapo para mim também’.” O cara se dirigiu à acusadora com um “Sai fora, fofoqueira”, mas não foi hostil com as moças do rádio. Esse não é um caso isolado, de parceiro torpe que dita regras pautado pela cultura machista. Ela define a equação de poder do casal e cria o ambiente de violência, como mostra a pesquisa, inédita, do Instituto Avon/Data Popular. Foram ouvidos mil homens e 500 mulheres de 50 municípios nas cinco regiões. As respostas do sexo masculino: 89% não acham aceitável que a parceira deixe a casa desarrumada; 43% concordam que o marido pode até ajudar, mas a obrigação é dela; 53% veem a esposa como a responsável por manter um bom casamento; 23% creem que a mulher só para de falar se levar um tapa. E, para 29%, o homem bate porque ela provoca. Termina a canção com Elis Regina, Sheila retoma o roteiro. ”10 HORAS E 40 MINUTOS. Um comentário sobre a peça de teatro que levou tanta gente para a praça no fim de semana”. Anatália passa a explica que Os Inclusos e os Sisos fala de diversidade. Cita Regina Casé, a rainha que promove o “tudo junto e misturado”, defende unir cegos e crianças com síndrome de Down em classe de alunos sem necessidades especiais. Sheyla coroa a análise: “É hora de acabar com qualquer forma de apartheid”. Um spot do governo federal diz, em forma de rap: “Calada não vou mais ficar, resolvi denunciar”. E divulga o Ligue 180, que em 2012 orientou 733 mil cidadãs sobre a LMP. Eleonora Menicucci, ministra da Secretaria de Políti-

cas para as Mulheres, afirma que até 2015 serão investidos 25 milhões de reais para conectar a central à Segurança Pública dos estados. “Ao receber a ligação da vítima, a polícia será acionada.” Mais 116 milhões garantirão a construção de unidades da Casa da Mulher Brasileira, que vai reunir delegacia, juizado, defensoria, promotoria, serviço psicossocial e espaço para abrigar mulher e filhos até sair a medida protetiva. Há iniciativas pontuais, cita a ministra, em Minas Gerais, onde o agressor é monitorado por uma tornozeleira. Caso se aproxime da ex, protegida legalmente, a polícia agirá. “No Espírito Santo, mulheres apertam um botão de pânico com GPS quando o acusado surge.” Parece estranho, mas ela diz que funciona. Embora seja um marco, a lei sozinha não elimina o feminicídio, o assassinato da mulher por questão de gênero. É preciso compromisso de todos, incluindo o Judiciário. Em junho, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) deu um chega pra lá na LMP, enfraquecendo os Juizados Especiais previstos nela. O TJ considerou “incompetente” o Primeiro Juizado, onde trabalha Adriana Ramos. O caso: a atriz Luana Piovani, em 2008, pediu ali punição para o ex-noivo, o ator Dado Dolabella, que a agrediu violentamente numa boate. Condenado à prisão em regime aberto, Dado apelou ao tribunal, que anulou a sentença por considerar Luana autossuficiente, famosa, não vulnerável e, portanto, sem necessidade dos benefícios da Maria da Penha. As moças do rádio não são graduadas em direito. Rose cozinhou 30 anos na casa de um médico; Sheyla foi babá em creche; Anatália, vendedora. Mas as três têm entendimento mais próximo da realidade. “Ser rica, bonita e pública não tira da atriz o direito ao amparo legal, igual para todas”, defende Anatália. “Há preconceito na decisão. Luana dançava com roupa de ir a boate. O que não significa querer provocar reação de ciúme. Machistas pensam o contrário.” Anatália não teme que a lei caia em descrédito por atitudes de juízes que jogam contra. “A cada hora surge nova tentativa de desqualificar ou acabar com a lei. Estou atenta, mato um leão por dia, divulgo o que está previsto nela.” Sheyla pede silêncio. “11 HORAS E 5. Está aberta a inscrição para o curso de alfabetização de adultos na comunidade. O endereço é...” Sheyla passa a bola para Anatália, agora totalmente Hebe Camargo: “Que gracinha, que belezinha, Luiz. Um beijo para você que dançou tão bem e vai para o Theatro

“O PROGRAMA É ALTO-ASTRAL. PARA QUE AS MULHERES CONHEÇAM SEUS DIREITOS E SE PROTEJAM” SHEYLA SANTOS NOVEMBRO 2013

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Reportagem “POR QUE UM JUIZ PEDE ATESTADO (PSIQUIÁTRICO) PARA PROTEGER UMA MULHER?” ROSE SABINO

Municipal. O espetáculo de balé estava es-pe-ta-cu-lar!” Para atuar no microfone, ela se espelhou no filho, o DJ Kauê, que operou uma web rádio. Rose buscou inspiração nas musas da Rádio Nacional. Sheila é tímida para falar, nunca se imaginou num estúdio. Com a emissora há três anos no ar, está amando. “Aprendemos numa oficina a gravar entrevistas, editar, pilotar a mesa de som”, conta. Desde a véspera, procura em sites notícias para comentar, como a decisão da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de recuperar 600 mulheres das cicatrizes deixadas pelo parceiro. Pela ordem, as marcas mais comuns: queimadura por ácido ou fogo, ferimento a faca e socos ou pancadas. Para Sheyla, o programa inesquecível foi ao ar após uma semana de guerra entre polícia e tráfico. “Não comentamos nada daquilo, tocamos música para consolar. Declarei que adorava viver aqui e soltei o Leandro de Sapucahy, cantando: ‘Favela, ô, favela que me viu nascer. Eu abro o meu peito e canto meu amor por você’ .” A programação, que inclui o Som da Tarde e o Sabadão Comunitário, rendeu ao grupo um prêmio do Instituto Avon. Lírio Cipriani, diretor executivo da organização, ficou impressionado ao conhecer o projeto entre os

45 que disputaram um edital em parceria com o Fundo Elas. “Já vimos muitas iniciativas bem intencionadas, mas que não conseguem atingir as pessoas, mudar o cenário”, diz. “A Rádio Mulher é incrível porque entra nas casas, faz companhia, distrai. E, dessa forma sutil, mas efetiva, reforça a autoestima e o empoderamento feminino.” O prêmio de 30 mil reais levou a rádio para a web. “11 E 28 MINUTOS, chegou o momento água na boca”, anuncia Sheyla. Rose ensina o preparo da lasanha de berinjela. “Olha, gente, é saudável, viu? Eu testei. Vai só um fiozinho de óleo em 1 quilo de berinjela, cebola, tomate, queijo fresco...” Neste novembro, elas estarão alinhadas com as manifestações no mundo, entre 25, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, e 10 de dezembro. O chamado período de ativismo começou no Brasil em agosto, quando a presidenta Dilma Rousseff recebeu no Congresso o relatório de mil páginas da CPMI, do Senado e da Câmara, que dimensionou o problema no país. O texto dá 73 recomendações ao governo, à Justiça, às polícias. Chama a atenção do Supremo para os estados onde os processos de violência doméstica têm sido suspensos, contrariando decisão da corte, de 2012. Propõe 14 mudanças na legislação. Entre elas, a alteração no Código Penal para que o feminicídio seja tipificado como crime

“A CADA HORA SURGE UMA TENTATIVA DE ACABAR COM A LEI. ESTOU ATENTA NA DEFESA DELA” ANATÁLIA DOS SANTOS 1 98

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com agravamento de pena. Maus-tratos e o sofrimento mental seriam vistos como tortura, também com punições duras. “Escancaramos a ferida”, diz a deputada Jô Moraes (PCdoB), presidenta da comissão. Por ferida, entenda-se pessoal mal treinado nas delegacias; IMLs inábeis para colher provas de estupro; cidades, estados e federação sem troca de dados; juizados entupidos de processos. Segundo Jô, as iniciativas demandam muito dinheiro. Para isso, será criado um fundo de enfrentamento com dotação orçamentária da União, doações privadas e bens perdidos na arrecadação de loterias. “Muitas medidas estão em curso, basta ver que 38 mil homens foram presos ou enquadrados na lei em 2012.” Num país que até 2007 aceitava que o agressor pagasse espancamentos com cestas básicas, é preciso concordar com a deputada. A CPMI apontou ainda a urgência de educação para mudar atitudes de homens como o ex-marido da magistrada Glauciane Chaves Melo, principal suspeito pelo assassinato dela. À luz do dia, no seu gabinete no fórum de Alto Taquari (MT), a juíza tomou dois tiros. Foi no último 7 de agosto, dia do aniversário da Lei Maria da Penha, uma ironia. Ela havia pedido a separação, ele não se conformou. Em episódios odiosos como esse, alguém sempre se lembra da carta da ex-ministra da Mulher, Nilcéa Freire, sobre o assassinato de Eloá, aos 15 anos, em 2008. Amigas da juíza Glauciane recordaram o trecho: “Eloá morreu porque transgrediu a ‘ordem social’, quando se recusou a continuar o namoro com Lindemberg. A sua recusa, a sua escolha por não estar mais com ele, a sua opção pelo fim da relação foram a sua sentença. O ‘lugar’ da jovem Eloá na ordenação tácita da sociedade não é a de rechaçar o macho, e sim o de, ao ser escolhida por ele, aceitá-lo, acatando sua vontade”. “FALTANDO UM MINUTO PARA O MEIO-DIA, o programa termina com uma mensagem que Rose escolheu para vocês”, anuncia a âncora. A colega toma seu caderno de letra miúda e lê: “Um dia, você vai acordar e não haverá mais tempo para fazer as coisas que sempre quis nem ter quem sempre amou. Perdeu seu tempo de ser feliz por fazer as coisas da forma errada. Plante aquilo que quer colher, trate quem ama como quer ser tratado”. Para tocar a rádio, cada uma ganha bolsa de 220 reais da Secretaria do Meio Ambiente do Rio. Sheyla e Rose recebem mais 190 reais como mediadoras de conflitos. Rose não sabe se é viúva ou divorciada: “Eu me separei, depois ele morreu; o que conta é que estou à espera do grande amor”. Anatália vive mais tensa – “Botei meu marido na Maria da Penha” – e Sheila é feliz com seu soldador, os seis filhos e dois netos. Para chegar ao estúdio, Rose, que mora no Morro da Alvorada, pega uma van. De mototáxi, Anatalia sai do Adeus e Sheyla da Grota. Tiram o capacete, secam o suor, empunham o microfone. E o trio espalha esperança entre os ouvintes, tão interessados quanto elas em aprender a cultura da paz.


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