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Maria da Paz Melo
Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais
Maria da Paz Melo tornou-se professora de Arte aos 50 anos de idade, depois de se formar na Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), e tem pós-graduação em Arte-Educação. Logo em seguida mudou-se para Minas Gerais, onde seestabeleceu e deu a sua maior contribuição artística e pedagógica como artista/educadora na rede municipal de Santa Rita do Sapucaí (MG) por mais de dez anos.A maioria de seus projetos foram realizados na Escola Municipal Valéria Junqueira Paduan, localizada na área rural, que fica a 386 quilômetros de Belo Horizonte. Ela ganhou o Prêmio Arte na Escola Cidadã, do Instituto Arte na Escola, em 2012, e foi uma das vencedoras do Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, em 2014. Atualmente já se aposentou, mas ainda se mantém na Arte como voluntária na Casa de Vítor e continua acreditando que a arte é fundamental na vida e desenvolvimento de qualquer ser humano.
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Projetos de arte na educação
Projeto Arte contemporânea: produção e fruição no Fundamental I, vencedor do Prêmio Arte na Escola Cidadã (2012) buscou a construção de uma consciência estética em relação à arte contemporânea, como linguagem e forma de comunicação. Trabalhou o sensível e a percepção, entendendo o aprendizado a partir do fazer pensando – em que a produção versus a criatividade foram adequadas ao desenvolvimento de cada criança. Conteúdos trabalhados: Arte, desenho, linguagem visual, escultura e expressão corporal. O intuito era que as crianças colocassem a própria identidade no desenho. Eles não só desenharam como também esculpiram formas. As atividades ampliaram o repertório e as possibilidades artísticas das crianças que, em sua maioria, pertenciam a um contexto de vulnerabilidade social.
Novas formas de criar
Projeto O Corpo Como Suporte do Desenho, cujo objetivo foi dar às crianças a liberdade para experimentar novas formas de criar. A professora Maria da Paz levou seus alunos para terem aulas ao ar livre e solicitou que usassem recursos naturais e suportes inusitados como o próprio rosto. Dali em diante, flores, troncos, pedras, galhos e folhas passaram a fazer parte das aulas de Arte, além do carvão e do pastel aquarelado usado para pintar a pele. Usaram como referência os povos nativos africanos, como as tribos do Vale do Rio Omo, os indígenas brasileiros e buscaram também inspiração nas tatuagens. “Tenho para mim que o desenho não tem um fim, não há o que pode ou o que não pode. Por isso usamos tudo que estava ao nosso alcance para explorar outras possibilidades, fosse desenhando no corpo, no papel ou no chão”, conta Maria da Paz Melo, vencedora do Prêmio Educador Nota 10 de 2014, por esta iniciativa.
Projeto Desconstrução do Liga-Pontos, onde são criados pontos variados, ligados em seguida, com linhas, mas de forma diferente da que já conhecemos, com objetivo de entender o ponto e a linha como a base do desenho bi ou tridimensional. Tomando como referência Joan Miró e usando materiais diversos, Maria da Paz desconstruiu a ideia dos liga-pontos, comum em revistas infantis, em que era preciso seguir uma ordem numérica para formar figuras. Ela propôs que a criançada fizesse os próprios pontos e em seguida, unisse-os com traços da maneira que quisessem, criando formas originais.
“Em alguns alunos é bastante visível a evolução das linhas do desenho, estão criando uma consciência estética. Ter um olhar diferente é próprio deles, mas também depende do direcionamento do professor, isso está em qualquer criança. Não ensinei ninguém a desenhar, é uma questão de autoestima, de acreditar que é capaz”, contou a professora Maria da Paz. E isso é resultado de um processo continuado, feito a partir de uma sequência de exercícios para desenvolver a sensibilidade, habilidades e cultivar o olhar desde os primeiros anos."