A Arte do Diálogo em Garcia de Orta Palmira Fontes da Costa Universidade Nova de Lisboa
Garcia de Orta “450 anos dos Colóquios dos Simples” Castelo de Vide, 4 de Maio de 2013
P. Fontes da Costa, Sinagoga de Castelo de Vide, Agosto 2012 Homenagem a Garcia de Orta e a todos aqueles —e foram muitos— que atravÊs dos seus estudos permitiram conhecer melhor o significado da sua obra
P. Fontes da Costa, Castelo de Vide, Agosto, 2012
Jo達o Fernandes, Mandovi, Goa, Fev. 2013
G de O
Leonor Gomes
Ca stel o de Vi de
Fernando ou Isaac de Orta
Garcia de Orta ou Abraham de Orta Assinatura de Orta, 1538 In Augusto da Silva Carvalho “Garcia de Orta�, 1934
Lisboa, séc. XVI
O Diálogo como forma de comunicação
Cortesia: João Calha, Castelo de Vide
Colóquios Diálogos
ESPAÇO PÚBLICO/PRIVADO
CONHECIMENTO ERUDITO/PRÁTICO DIFERENTES FORMAS DE SABER (Medicina, Botânica, Cultura) MÉDICO/DOENTE
“Gente Portuguesa em Ormuz. Estão comendo dentro de ágoa por ser a terra muito calma”, Codíce Casatanence, século XVII
Mercado Goa Finais sĂŠc. XVI
Beatriz da Costa (1974-2012) , “The Life Garden” as installed at Eyebeam Center in 2011. The Life Garden is part of Beatriz’s Creative Capital-supported project, The Cost of Life. Alguns dos simples e drogas da Índia: pimenta, cravo, gengibre, canela, nós moscada, açafrão, coco, manga, maças da índia, árvore triste, ambar, marfim, anacardo, cardomo, costo, predas preciosas, incenso e mirra, datura, ópio, canabis, ………..
Colóquio nº 9, Benjoim ORTA E todas estas cousas me custaram a saber o meu dinheiro; porque quem foy trazer estas folhas e estes páos do mato foy muy bem paguo; porque, alem do trabalho que ha no mato de Malaca, ha muyto perigo, por causa dos tigres que andam nelle; e a estes tigres chamam em Malaca reimões (5)
Nota (5) FICALHO Esta passagem é a mais explicita de todo o livro, pelo que diz respeito á feição scientifica e botânica das investigações de Garcia da Orta. Vê-se que elle pagava a collectores, os quaes lhe iam procurar ao longe os exemplares das plantas que não podia observar directamente. Procedia exactamente como procederia um botânico dos nossos dias, reunindo e colleccionando exemplares, que depois estudava e classificava, quanto então se podiam classificar.
Colóquio 9, Benjoim
RUANO Fazeyme tanta mercê que se este anno vos vier alguma cousa nova de Malaca, em contrairo do que tendes dito, que mo escrevais; e não vos pese de vos desdizer. ORTA Eu vos prometo que se Deos me der dias de vida, que não deixo de escrever todos os annos hum corretorio, que emende o que dixe, se ouver que emendar; e se fordes morar a Gastella lá o podeis saber; porque a quem o eu escrever, lhe escreverey que volo mande. (…)
“Cravosâ€?, em CristovĂŁo da Costa, Tratado delas drogas y medicinas de las Indias Orientales, con sus plantas debuxadas al bivo , 1578
CRAVO Orta:
(...) muitos físicos Indianos fazem uns suadouros com cravo e noz, e maça e pimenta longa e preta, fazendo disto os suadouros; e dizem que, com isto, se tira a sarna castelhana. Eu a vi também a físicos Portugueses, e não me parece muito boa física. Algumas pessoas põem cá o cravo pisado na testa, e dizem que se acham bem com ele para a dor da cabeça, e que se lhe tira; e não é muito se a dor é de causa fria. As mulheres prezam-se muito de mastigar cravo, para lhe cheirar bem a boca, e não tão somente as Indianas, mas as Portuguesas.
Ruano: Começo, em nome de Deus, nas mezinhas e simples da índia não conhecidos nem vistos de nós. Que é esta árvore que tão bem cheira desde que se põe o sol até que sai? Me dizei se se usa dela em mezinha alguma ou em comer, porque para mim não quero cheiro mais cordial, em especial quando de súbito entro onde está este árvore. Orta: Eu não vi esta planta em outros cabos da índia senão em Goa, e dizem que veio ela de Malaca, e pôde ser que para se levar a outro cabo seja muito boa, e já daqui se levou (mas foi perto de Goa) e prendeu bem; mas como digo não a vi pelo sertão donde andei. ... Orta E porque vejais as parvoíces e fábulas desta gentilidade, dizem que esta árvore foi filha de hum homem, grande senhor, chamado Parizataco; e que se namorou do sol, o qual a deixou, depois de ter com ela conversação, por amores doutra; e ela se matou, e foi queimada (como nesta terra se costuma) e da cinza se gerou este árvore, as flores do qual esmorecem ao sol, que em sua presença não parecem.
Rinoceronte oferecido ao Rei D. Sebastião em 1577, no manuscrito Sumário dos Reis de “Elefante”, em Cristovão da Costa, Tratado delas drogas y medicinas Portugal. (1579/ 2maravilha de Lisboa de las Indias Orientales, con sus plantas debuxadas al bivo , 1578. 1582: oferecida a Filipe II
P. Fontes da Costa, Veneza, Outubro de 2012
A ar te de oc ul ta r
Colóquios
Orta, Ruano, Antónia, Servos, Dr. Dimas Bosque, Dr. Malupa AUSÊNCIA REFERÊNCIA FAMÍLIA: Mulher, duas filhas, outros membros
Castelo de Vide, 4 de Maio de 2013
Processo de Catarina de Orta
Orta /Ă?ndia
(p. 206)
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Augusto da Silva Carvalho, “Garcia de Orta�, 1934
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P. Fontes da Costa, Castelo de Vide, Agosto de 2012