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II FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA DE MARVÃO


ANTÓNIO CEIA DA SILVA Imponentemente enquadrado no Parque Natural da Serra de S. Mamede, o Castelo de Marvão serve de cenário, pelo segundo ano consecutivo, à segunda edição do Festival Internacional de Música, um evento que, conduzido pela batuta do maestro alemão Christoph Poppen, atrai ao concelho ilustres músicos nacionais e internacionais, mas também inúmeros amantes e apreciadores da música clássica. Composta por emblemáticos monumentos, esta vila medieval por excelência possui o ambiente perfeito para transportar os visitantes e turistas numa singular viagem pelo classicismo, mas também por uma distintiva forma de fruir os marcos históricos deste nosso Alentejo. Na literatura, Marvão está eternizada por José Saramago, na música são os compassos deste Festival Internacional que marcam o ritmo de uma vila cada vez mais sonante nas grandes rotas turísticas. Sejam bem-vindos, todos os que se encantam pela musicalidade e magia desta vila alentejana. Ao som de grandes compositores, Marvão em particular, e o Alentejo em geral, está pronto para vos receber e surpreender. Presidente da Junta de Turismo do Alentejo / Ribatejo

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VÍTOR FRUTUOSO O 2º Festival Internacional de Música promete trazer artistas de nível mundial à mágica vila de Marvão. Entre 24 Julho e 2 de Agosto, a magia da música clássica regressa a um cenário de sonho, com concertos orquestrais e de câmara, concertos ao pôr-do-sol, dentro das muralhas do castelo, ou representações intimistas nas igrejas da vila. Tudo começou quando o Maestro Christoph Poppen, diretor artístico do evento, sonhou a realização de um festival de música clássica em Marvão, e depois do sucesso que foi a primeira edição, em 2014, este ano o Festival terá 10 dias de concertos e promete momentos mágicos e inesquecíveis. Sinta-se convidado(a) para vir até Marvão e apreciar a música clássica num cenário espantoso. Marvão, situada em pleno Parque Natural, é um das mais emblemáticas vilas de Portugal, conquistando de imediato quem a visita pela espetacularidade da sua paisagem e pelo seu património natural e edificado, com as suas ruelas estreitas, demarcadas por casas airosas e brancas. No alto das muralhas, a magnificência da paisagem envolvente arrebata-nos de imediato. Mas vale também a pena conhecer o Castelo, a Cisterna, o Pelourinho, o Museu Municipal, a Casa da Cultura, a Casa do Governador, as igrejas e, claro está, a Cidade Romana de Ammaia, outro dos nossos 'ex-libris'. Esperamos por Si!

Presidente da Câmara Municipal de Marvão

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CHRISTOPH POPPEN Caros visitantes do Festival, Depois do enorme sucesso do 1.º Festival Internacional de Música de Marvão, que organizámos em 2014, é com enormes prazer e honra que vos apresentaremos este ano, ao longo de dez dias e com o alto patrocínio do Presidente da República, a segunda edição do Festival, com mais de 40 concertos e demais eventos. Convidámos este ano muitos artistas portugueses e internacionais de alto nível, que nos irão apresentar um largo espectro de programas tão fascinantes quanto variados. José Vianna da Motta, um dos mais importantes compositores da história da música portuguesa, será visitado em vários concertos. Música de pendor espiritual terá lugar de relevo nas belas igrejas de Marvão, mas também vos convidamos a assistir a concertos ao ar livre no Castelo e nas ruínas da cidade romana de Ammaia. Cinco orquestras, três quartetos de cordas, ensembles vocais, estrelas do fado e da música tradicional portuguesa, numerosos solistas internacionais e jovens músicos portugueses em ascensão marcarão presença neste canto do Alentejo para vos deleitar com os seus desempenhos. Em paralelo, também vos convidamos a visitar três diferentes exposições por artistas portugueses de grande relevo. Tudo isto foi tornado possível graças a um conjunto alargado de patrocinadores e mecenas. Estamos primeiramente reconhecidos e profundamente agradecidos à Câmara Municipal de Marvão, à Entidade Regional de Turismo do Alentejo-Ribatejo, à União Europeia, à Fundação Anja Fichte, à Fundação Calouste Gulbenkian, ao Instituto Goethe de Lisboa e às representações diplomáticas da Alemanha e da Áustria em Lisboa, assim como a muitos outros parceiros institucionais e apoios individuais pela sua valorosa ajuda. Muitos colaboradores profissionais e voluntaries trabalharam ao longo de todo o ano para tornar possível este Festival. Aqui, a profunda e sincera expressão da minha gratidão a cada um de vocês. E com propósito vos podeis orgulhar das tantas tarefas e objectivos que cumpristes! Os meus agradecimentos mais sentidos vão sobretudo para os cidadãos de Marvão: o Festival nunca seria possível sem o vosso apoio inabalável e a vossa ajuda contínua e empenhada! Calorosas boas-vindas, portanto, a todos os artistas e ao nosso público! Estamos profundamente convictos de que a combinação única que se verifica em Marvão entre natureza, arquitectura, artes, música e amantes da música proporcionará uma experiência inesquecível a todos vocês e preencherá de alegria os vossos corações.

Fundador e Director Artístico

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DR. UWE SCHMELTER Considerando o facto de já ser da ordem das centenas o número de festivais de música clássica espalhados pela Europa, foi uma decisão temerária, a do maestro Christoph Poppen, de organizar e criar outro festival nos limites da nossa velha Europa, na região histórica e culturalmente rica do Alentejo, em Portugal. A vila de Marvão, súmula única de história, paisagem, arquitectura e beleza que mereceu presença perto do topo na lista dos “1000 lugares a ver pelo menos uma vez antes de morrer” do New York Times e está seriamente empenhada na sua candidatura à lista do Património da Humanidade da UNESCO, é, não tenhamos dúvidas, um destino cultural de primeira ordem no contexto europeu. Tê-lo descoberto e tê-lo selecionado como sede de um novo festival de música foi certamente um momento tão emocional quanto irreprimível. Para que os planeamento, organização, montagem e apresentação de um festival como este sejam bem sucedidos e sustentáveis, é indispensável que um elevado número de componentes seja reunido harmoniosamente. Algumas delas eram endógenas, outras houveram que ser trazidas para a recém-criada sede do Festival. A conjugação inaugural, e em escala ainda reduzida, destas componentes em 2014 foi logo tão bem sucedida que, um ano depois, podemos reunir em Marvão músicos portugueses e estrangeiros de incontestável nível para um Festival quatro vezes maior – um notável salto em frente no nosso desígnio de integrar o Festival Internacional de Música de Marvão no grupo dos eventos culturais europeus de relevo regional, nacional e internacional. Tudo isto foi, é e continuará a ser possível principalmente devido aos cidadãos de Marvão: os seus habitantes e os seus representantes eleitos. Os meus agradecimentos vão primeiramente para estas pessoas, bem como para todos os elementos da equipa organizadora do Festival, todos os apoiantes e todos os auxiliares voluntários. É devido ao seu espírito empenhado, à sua ajuda profissional e à sua dedicação calorosa que o Festival está agora assente no terreno sólido que permitirá o seu futuro crescimento e possibilitará que continuaremos a desfrutar da oportunidade tão valiosa de congregar natureza, música e pessoas de todo o mundo num todo harmonioso e numa experiência inesquecível.

Director Geral do Festival

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PROGRAMAÇÃO 2015 Sexta 24 Julho 16:00 • Salão Nobre da Câmara Municipal • INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO "PÁSSAROS VISTOS PELAS COSTAS" pág. 8 18:00 • Castelo de Marvão, Jardins • CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS 20:00 • Castelo de Marvão, Pátio • CONCERTO DE ABERTURA pág. 9 23:00 - 23:30 • Castelo de Marvão, Cisterna • MÚSICA NOITE DENTRO pág.10

Sábado 25 Julho 10:00 • Casa da Cultura • PALESTRA “A HISTÓRIA DE MARVÃO” em inglês pág. 11 11:30 • Igreja de São Tiago • JOVENS ARTISTAS: MÚSICA DE CÂMARA pág. 11 14:30 • Casa da Cultura • CONCERTO PARA CRIANÇAS pág. 12 16:30 • Igreja de São Tiago • RECITAL DE CANTO E PIANO pág. 13 18:00 • Castelo de Marvão, Pátio • INAUGURAÇÃO DA INSTALAÇÃO “PASSAGENS”- ESCULTURAS HABITÁVEIS pág. 14 21:00 • Cidade da Ammaia • JOVENS ARTISTAS: CONCERTO SINFÓNICO pág. 16

Domingo 26 Julho 09:30 • Convento Nª. Srª. da Estrela • MISSA DOMINICAL 11:00 • Convento Nª. Srª. da Estrela • CONCERTO CORAL 'A CAPPELLA' pág. 17 16:00 • Igreja Espírito Santo • CÂNTICOS ESPIRITUAIS pág. 18 18:30 • Castelo de Marvão, Pátio • MÚSICA PORTUGUESA 'NON STOP' pág. 19 21:30 • Convento Nª. Srª. da Estrela • CONCERTO 'IN MEMORIAM' pág. 20

Segunda 27 Julho 18:30 • Casa da Cultura • PALESTRA “A HISTÓRIA DE MARVÃO” em português pág. 21 21:00 • Estação de comboios Beirã • FILME-ÓPERA pág. 21 22:00 • Castelo de Marvão, Cisterna • MÚSICA NOITE DENTRO pág.22

Terça 28 Julho 16:30 • Igreja de São Tiago • JOVENS ARTISTAS: RECITAL DE ACORDEÃO pág. 23 19:30 • Pousada de Marvão • JANTAR MUSICAL pág. 24 23:00 • Castelo de Marvão, Cisterna • MÚSICA NOITE DENTRO pág.25

Quarta 29 Julho 14:00 • Centro Cultural • CONCERTO PEDAGÓGICO pág. 26 5


16:30 • Igreja de São Tiago • JOVENS ARTISTAS: RECITAL DE PIANO pág. 27 18:30 • Calvário • Chafurdão • Cisterna • Torre de Menagem “CONCERTO GIRO”, ENCERRAMENTO DA EXPOSIÇÃO “PONTOS DE PARTIDA–QUATRO ESTAÇÕES” pág. 28 20:00 • Igreja de São Tiago • AUDIÇÃO-RECITAL POR ALUNOS DO CONSERVATÓRIO REGIONAL DE PORTALEGRE ESCOLA DE ARTES DO NORTE ALENTEJANO pág. 29 22:00 • Castelo de Marvão, Cisterna • MÚSICA NOITE DENTRO pág.30

Quinta 30 Julho 16:00 • Igreja de São Tiago • JOVENS ARTISTAS: MÚSICA DE CÂMARA pág. 31 18:00 • Casa da Cultura • ENCONTRO DAS 3 RELIGIÕES DO LIVRO pág.32 21:30 • Castelo de Marvão, Anfiteatro natural • CONCERTO PELA PAZ pág. 33

Sexta 31 Julho 11:00 • Casa da Cultura • PALESTRA “A HISTÓRIA DA AMMAIA” em português pág.34 12:30 • Igreja Espírito Santo • POESIA E MÚSICA 16:30 • Igreja de São Tiago • RECITAL DE MÚSICA DE CÂMARA pág. 35 20:30 • Castelo de Marvão, Pátio • CONCERTO ORQUESTRAL pág. 36 23:00 - 23:30 • Castelo de Marvão, Cisterna • MÚSICA NOITE DENTRO pág.37

Sábado 1 Agosto 10:00 • Casa da Cultura • PALESTRA “A HISTÓRIA DA AMMAIA” em inglês pág.38 11:30 • Igreja de São Tiago • RECITAL DE MÚSICA DE CÂMARA pág. 38 16:30 • Convento Nª. Srª. da Estrela • CONCERTO CORAL - ORQUESTRAL pág. 39 21:00 • Cidade da Ammaia • CONCERTO IBÉRICO pág. 40

Domingo 2 Agosto 10:30 • Convento Nª. Srª. da Estrela • MISSA CANTADA pág. 41 16:00 • Igreja de São Tiago • JOVENS ARTISTAS: RECITAL DE VIOLINO E PIANO pág. 42 19:00 • Castelo de Marvão, Pátio • CONCERTO DE ENCERRAMENTO pág. 43 21:00 • Castelo de Marvão • COCKTAIL DE DESPEDIDA Igreja de São Tiago • 'TAPEÇARIA DE PORTALEGRE - ARTE DE ARTE' EXPOSIÇÃO DE TAPEÇARIAS DE PORTALEGRE pág. 102 NOTAS AOS PROGRAMAS DOS CONCERTOS pág. 44 BIOGRAFIAS DOS ARTISTAS E AGRUPAMENTOS pág. 76

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Sexta 24 Julho 2015 • 16:00 Salão Nobre da Câmara Municipal Inauguração da exposição "Pássaros vistos pelas costas", de João Cutileiro

A inclusão das belas-artes na programação do Festival Internacional de Música de Marvão é uma pedra-de-toque da sua filosofia orientadora, como ficou comprovado já na primeira edição, em 2014, com a exposição de esculturas de Maria Leal da Costa. A vila de Marvão, pela sua localização única, pela sua história e pela mais-valia especificamente cultural que representa não só para Portugal, como para a Europa e o mundo, é credora e merecedora de formas de apresentação das Artes que, mais do que simples fruição superficial, suscitem experiências culturalmente enriquecedoras, no singular cenário que oferece. Por isso o Festival Internacional de Música de Marvão, em articulação com a edilidade marvanense, se propõe apresentar em simultâneo a excelência na música e nas artes plásticas ao longo dos dez dias por que se prolonga e dos mais de 40 eventos que apresenta. João Cutileiro, famoso escultor português de prestígio internacional, descendente de alentejanos, está este ano em destaque na programação de artes plásticas do Festival. A inauguração da exposição “Pássaros vistos pelas costas” no Salão Nobre dos Paços do Concelho (que estará patente até 31 de Agosto) será o próprio acto inaugurador do 2.º Festival, ainda antes do concerto inaugural, no pátio iluminado do castelo. Para a vila de Marvão e para o seu Festival Internacional de Música constitui uma honra e um privilégio dar as boas-vindas e serem anfitriões de Mestre João Cutileiro, figura do mais alto coturno nas artes em Portugal, pois ele e a sua obra irão ilustrar Marvão e o Festival. Estamos convencidos de que o público do Festival e todos os visitantes de Marvão não verão só “pelas costas” as esculturas de Cutileiro, mas irão em vez disso experienciar um confronto artístico duradouro e uma impressão estética do mais elevado valor. Os nossos agradecimentos mais sinceros são dirigidos a todos quantos tornaram possível esta exposição, em particular à edilidade de Marvão e aos seus funcionários, de um empenho inigualável. Mas antes de tudo, a Mestre João Cutileiro!

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Sexta 24 Julho 2015 • 20:00 Castelo de Marvão, Pátio CONCERTO DE ABERTURA

Clara Jumi Kang, violino Orquestra Gulbenkian Christoph Poppen, maestro

José Vianna da Motta Abertura 'D. Inês de Castro'

Max Bruch Concerto para violino n.º 1, em sol m, op. 25 Vorspiel: Allegro moderato Adagio Finale: Allegro energico

Felix Mendelssohn Sinfonia n.º 3, em lá menor, op. 56, 'Escocesa' 1. Introduction. Andante con moto - Allegro un poco agitato - Assai animato Andante come I 2. Scherzo. Vivace non troppo 3. Adagio cantabile 4. Finale guerriero - Allegro vivacissimo - Allegro maestoso assai

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Sexta 24 Julho 2015 Castelo de Marvão, Cisterna

ESPECIAL NOITE DENTRO Uma experiência auditiva inesperada num cenário único Susanne Schietzel-Mittelstraβ, flautas diversas 23.00 Felix Maria Woschek, voz e guitarra 23.30

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Sábado 25 Julho • 10:00 Casa da Cultura Conferência por Joaquim Carvalho “A história de Marvão” em inglês

Sábado 25 Julho 2015 • 11:30 Igreja de São Tiago

Horácio Ferreira, clarinete Quarteto de Cordas de Matosinhos

José Vianna da Motta ‘Cenas nas Montanhas’, op. 14

Dmitri Shostakovitch Quarteto de cordas n.º 3, em fá M, op. 73 Allegretto Moderato com moto Allegro non troppo Adagio Moderato

Wolfgang Amadeus Mozart Quinteto com clarinete, em lá M, KV581 Allegro Larghetto Menuetto-Trio I/II Allegretto com variazioni

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Sรกbado 25 Julho 2015 โ ข 14:30 Casa da Cultura Concerto pedagรณgico

Concerto para crianรงas pelo Quarteto de cordas de Matosinhos

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Sábado 25 Julho 2015 • 16:30 Igreja de São Tiago

Juliane Banse, soprano Julian Riem, piano

Claude Debussy Ariettes oubliées C’est l’extase Il pleure dans mon coeur L’ombre des arbres Chevaux de bois Green Spleen

José Vianna da Motta 3 Lieder, op. 3 Das Bächlein Frühlingsregen Sonntag

Canção perdida (Guerra Junqueiro, 1850-1923)

4 Lieder, op. 15 Johannistag Das Lied vom Falkensteiner Ein Briefelein Monika’s Traum

Richard Strauss Das Rosenband All’mein Gedanken Freundliche Vision Malven Liebeshymnus Die Nacht Ständchen

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Sábado 25 Julho 2015 • 18:00 Castelo de Marvão, Pátio

Inauguração da instalação “Passagens”-Esculturas habitáveis, de Maria Leal da Costa Susanne Schietzel-Mittelstraβ, flautas diversas

À exposição sua que inaugura durante o 2.º Festival de Música de Marvão chamou “Passagens”-Esculturas Habitáveis, sendo constituída por um conjunto de portas. Explica as portas como confluência de “momentos que acabam, que se fecham” com outros “que começam e que se abrem, tal e qual como tudo na vida”. Cada porta (2mx1m) descreve um desses momentos, ao longo de um percurso de 23 metros ao qual está associado um poema de Carlos M. Baptista (ver transcrição abaixo). Os materiais usados são o aço oxidado e o mármore.

[Uma porta abre-se...] Uma porta abre-se lentamente depois das tempestades depois do medo depois do sono Uma porta abre-se apenas aos irmãos aos mortos aos viajantes sem nome Uma porta abre-se com uma chave com um ombro com uma palavra desconhecida Uma porta abre-se no último ano no último dia no último quarto de hora de vida Uma porta abre-se para o homem que fechou todas as portas atrás de si Uma porta abre-se para sempre poema de Carlos M. Baptista 14


MARIA LEAL DA COSTA Alentejana de Évora, onde nasceu em 1964, a artista plástica Maria Leal da Costa é hoje uma artista do mundo. Licenciada em Escultura pela ESBAL, expõe colectiva ou individualmente há mais de duas décadas, nacional e internacionalmente, com amplo reconhecimento e numerosas distinções. Fala do seu trabalho como “uma ferida que me empurra para a busca do infinito e do eterno que está dentro de mim”, que a faz percorrer “um caminho de felicidade”. Tem atelier na Quinta do Barrieiro, perto de Marvão, onde se fixou em 1999.

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Sábado 25 Julho 2015 • 21:00 Cidade da Ammaia

Estágio Gulbenkian de Orquestra Joana Carneiro, maestrina

Zoltan Kodály Danças de Galánta Lento - Andante maestoso - Allegretto moderato - Tempo I (Andante maestoso) Allegro con moto, grazioso - Animato - Tempo I - Allegro - Poco meno mosso - Allegro vivace - Tempo I - Allegro molto vivace

Gustav Mahler Sinfonia n.º 5 Trauermarsch Stürmisch bewegt, mit gröβter Vehemenz Scherzo Adagietto Rondo-Finale

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Domingo 26 Julho 2015 • 11:00 Convento Nª. Srª. da Estrela

Capella Duriensis Jonathan Ayerst, maestro

Anon. Ysaias cecinit (conductus do Manuscrito de Wolfenbüttel – 1099)

Estevão de Brito Motetes 'Gaudent in caelis', 'Lucis creator optime', 'Quia vidisti me, Thoma'

Códice Bodmer 74 (1071) Christus factus est

Anton Bruckner Motetes 'Os justi' e 'Locus iste' "

Arvo Pärt Magnificat

Diogo Dias Melgás Lamentações de Quinta-feira Santa

Anon. Kyrie 'orbis factor' (rito Sarum)

Anton Bruckner Christus factus est

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Domingo 26 Julho 2015 • 16:00 Igreja do Espírito Santo

SPIRITUAL CHANTS OF THE WORLD Felix Woschek, voz e guitarra Paulo Santosh, percussão

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Domingo 26 Julho 2015 • 18:30 Castelo de Marvão, Pátio

Noite de música portuguesa através dos séculos Ricardo Gordo (guitarra portuguesa) Samuel Lupi (guitarra acústica) José Sales (baixo) Paulo Martins (bateria) Terras de Ouro Pastora de Portalegre Nuvem de canela Cegueira na Escuridão Verdes Anos (Carlos Paredes) Fado Fortuito Domination (Pantera) Fado Metal

Capella Duriensis Jonathan Ayerst, maestro Duarte Lobo (1565-1646) 'Audivi vocem' e 'Pater peccavi' Vilancicos religiosos (séc. XVII, Ms. Sta Cruz de Coimbra) 'Pois sois mãe da flor do mundo' 'Andai ao portal, pastores' António Eustáquio (guitolão) Carlos Barretto (contrabaixo) Guitolão Sol da Sesta Hoje a Minha Dor é Esta Na Intimidade Ibn Marwan

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Domingo 26 Julho 2015 • 21:30 Convento Nª. Srª. da Estrela

Juliane Banse, soprano ex-Hilliard Ensemble David James, contratenor, Steven Harrold, tenor, Gordon Jones, barítono Christoph Poppen, violino

'Morimur' Johann Sebastian Bach Partita n.º 2, em ré m, BWV1004 para violino solo Corais luteranos

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Segunda 27 Julho 2015 • 18:30 Casa da Cultura Conferência por Joaquim Carvalho “A história de Marvão” em português

Segunda 27 Julho 2015 • 21:00 Estação de comboios da Beirã

"The Hunter's Bride" Filme de Jens Neubert (2010) a partir da ópera 'O Franco-Atirador' de Carl Maria von Weber (142 min.)

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Segunda 27 Julho 2015 • 22:00 Castelo de Marvão, Cisterna

MÚSICA NOITE DENTRO Susanne Schietzel-Mittelstraβ, flautas diversas

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Terça 28 Julho 2015 • 16:30 Igreja de São Tiago

José Valente, acordeão

Astor Piazzolla Adiós, nonino

Anatoly Kusyakov Sonata n.º 4 (3.º and.)

Sofia Gubaidulina De profundis

Bent Lorentzen Tears (in memoriam Mogens Ellegaard)

Patrick Busseuil Arboris 1 “L’arbre de vie”

Anatoly Kusyakov Sonata n.º 6

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Segunda 27 Julho • 18:30 Casa da Cultura Conferência por Joaquim Carvalho “A história de Marvão” em português

Terça 28 Julho 2015 • 19:30 Pousada de Marvão Jantar Musical • A Musical Dinner A Taste of Music

Thorsten Gillert, chef Clara Jumi Kang, violino

Nathan Milstein Paganiniana

Eugène Ysaÿe Sonata n.º 3

Fritz Kreisler Recitativo e Scherzo

Heinrich W. Ernst Variações sobre “The Last Rose of Summer”

Niccolò Paganini Capricho n.º 24

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Terça 28 Julho 2015 • 23:00 Castelo de Marvão, Cisterna

MÚSICA NOITE DENTRO Felix Maria Woschek, voz e guitarra Mohammed Eghbal, ney

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Quarta 29 Julho 2015 โ ข 14:00 Centro Cultural Concerto Pedagรณgico

'TICTACTEANDO' de e por Teresa Gentil

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ler Notas na pรกg. 100


Quarta 29 Julho 2015 • 16:30 Igreja de São Tiago

Raúl Peixoto da Costa, piano

Johann Sebastian Bach Concerto Italiano, em fá M, BWV971 s/ indicação de tempo Andante Presto

José Vianna da Motta Balada, op. 16, em fá m-M

Robert Schumann

Toccata em dó M, op. 7

Claude Debussy Soirée dans Grenade

Maurice Ravel Valses Nobles et Sentimentales Modéré, très franc Assez lent, avec une expression intense Modéré Assez animé Presque lent, dans un sentiment intime Vif Moins vif Épilogue. Lent

Aleksandr Scriabin Sonata n.º 4, em fá # M, op. 30 Andante Prestissimo volando

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Quarta 29 Julho 2015 • 18:30 Calvário • Chafurdão • Cisterna • Torre de Menagem

'Concerto giro' Encerramento da exposição “Pontos de Partida - Quatro Estações”, de Maria Leal da Costa Susanne Schietzel-Mittelstraβ, flautas Carlos M. Baptista, declamação

Quatro estações depois, faz-se o encerramento da exposição “Quatro Estações” que coincidiu com o 1.º Festival de Marvão, ocasião que será acompanhada de música acompanhada de música (concerto-itinerante) e da declamação de poemas.

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Quarta 29 Julho 2015 • 20:00 Igreja de São Tiago

Audição-recital por alunos do Conservatório Regional de Portalegre - Escola de Artes do Norte Alentejano PIANO Matilde Ramalho Kuhlau - Sonata op.55 n.º 1, 1.º and. Ana Margarida Guerra Pereirinha Burgmüller - Estudo n.º 8, op.100 João Novais Saturnino Matos Haydn - Sonata n.º 4, 1.º and. Leonor Moisés Telemann - Fantasia, TWV 33:05 Nuno Cortes • GUITARRA J. Pernambuco - 'Sons de Carrilhões' Laura Oliveira • CLARINETE Gluck - 'Coro', de 'Orfeu e Eurídice' FLAUTA TRANSVERSAL Mariana Oliveira Debussy - 'The little negro' Inês Alegria Bizet - 'Habanera', da 'Carmen' Carolina Augusto Fauré - 'Sicilienne, op. 78' Jéssica Pratas J. S. Bach - Sonata em sol m, BWV1020, 1.º and. Vera Soares • VIOLINO Mozart - Concerto n.º 3, em sol M, KV216, 1.º and. Manuel Soares • SAXOFONE Robert Planel - 'Suite Romantique' Pedro Pena • TROMPETE Marcel Poot -'Humoresque' Acompanhamentos ao piano pela prof.ª Natalia Portillo 29


Terça 29 Julho 2015 • 22:00 Castelo de Marvão, Cisterna

MÚSICA NOITE DENTRO Susanne Schietzel-Mittelstraβ, flautas diversas

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Quinta 30 Julho 2015 • 16:00 Igreja de São Tiago

Raphaela Gromes, violoncelo Julian Riem, piano

Ludwig van Beethoven Sonata para violoncelo e piano n.º 5, em ré M, op. 102 n.º 2 Allegro con brio Adagio con molto sentimento d'affetto Allegro

Claude Debussy Sonata para violoncelo e piano Prologue: Lent, sostenuto e molto risoluto Sérénade: Modérément animé Final: Animé, léger et nerveux

César Franck Sonata para violoncelo e piano, em lá M Allegretto ben moderato Allegro Recitativo - Fantasia: Ben moderato Allegretto poco mosso

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Quinta 30 Julho 2015 • 18:00 Casa da Cultura

Encontro das 3 Religiões do Livro Frei Bento Domingues Xeique David Munir Rabino Samuel de Beck Spitzer moderação: Joaquim Franco (jornalista)

Música e Religião como instrumentos do encontro de culturas e promoção da paz

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Quinta 30 Julho 2015 • 21:30 Castelo de Marvão, anfiteatro natural

Mohammed Eghbal, ney, oud, violino, voz (Irão) Christa Eghbal, harpa e voz (Áustria) Felix Maria Woschek, voz e guitarra (Alemanha/Portugal) Sandhya Sanjana, voz (Índia) Paulo Santosh, percussão (Brasil)

Celebração Intercultural da Paz Felix Maria Woschek & Friends A convite de Christoph Poppen, director artístico do Festival, Felix Maria Woschek reuniu um grupo internacional de músicos para um concerto especial em honra das três grandes religiões monoteístas: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. A acompanhá-lo estarão o mestre sufi persa Mohammad Eghbal (canto, ney/flauta de cana e oud/alaúde persa) e Christa Eghbal (harpa e canto). A música deste casal de artistas é inspirada pelos poetas e místicos da tradição persa, principalmente Mavlana Jalal ad-Din (ou Rumi, 1207-1273), cuja mensagem congregadora dos povos é para eles fonte de grande insporação. Completam o grupo a cantora indiana Sandhya Sanjana, que se formou na tradição musical clássica indiana, antes de descobrir por si o jazz e a música do mundo; e o brasileiro Paulo Santosh, cuja diversificada percussão dá ao grupo um ponto de apoio. Este grupo irá fundir num modo único a essência mística das três grandes religiões, susceptível de transmitir ao público uma experiência de unidade e de paz.

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Sexta 31 Julho 2015 • 11:00 Casa da Cultura Conferência por Joaquim Carvalho “A história da cidade romana de Ammaia” em português

Sexta 31 Julho 2015 • 12:30 Igreja do Espírito Santo

Declamação de poemas por Carlos Baptista, poeta Susanne Schietzel-Mittelstraβ, flautas diversas

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Sexta 31 Julho 2015 • 16:30 Igreja de São Tiago

Quarteto Signum

W. A. Mozart Adagio e Fuga em dó m, KV546 Adagio - Fuga (Allegro)

Leos Janácek Quarteto n.º 2, 'Cartas Íntimas' Andante - Con moto - Allegro Adagio - Vivace Moderato - Andante - Adagio Allegro - Andante - Adagio

Ludwig van Beethoven Quarteto de cordas n.º 13, em sib M, op. 130,c/ a 'Grande Fuga', op. 133 por final Adagio ma non troppo - Allegro Presto Andante con moto ma non troppo Alla danza tedesca. Allegro assai Cavatina. Adagio molto espressivo Grande Fuga

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Sexta 31 Julho 2015 • 20:30 Castelo de Marvão, Pátio

Juliane Banse, soprano Raphael Christ, violino Danjulo Ishizaka, violoncelo Orquestra de Câmara de Colónia Christoph Poppen, maestro

Joseph Haydn Sinfonia n.º 64, em lá M, ‘Tempora mutantur’ Allegro com spirito Largo Menuetto - Trio. Allegretto Finale.Presto

W. A. Mozart Concerto para violino e orquestra n.º 4, em ré M, KV218 Allegro Andante cantabile Rondo. Andante grazioso - Allegro ma non troppo

W. A. Mozart Ária de concerto ‘Ah, lo previdi…’, KV272

Joseph Haydn Concerto para violoncelo e orquestra n.º 1, em dó M Moderato Adagio Allegro molto

W. A. Mozart Ária de concerto ‘Misera, dove son…’, KV369 Sinfonia n.º 29, em lá M, KV201 Allegro moderato Andante Menuetto-Trio Allegro com spirito

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Sexta 31 Julho 2015 • 23:00 e 23:30 Castelo de Marvão, Cisterna

MÚSICA NOITE DENTRO Susanne Schietzel-Mittelstraβ, flautas diversas

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Sábado 1 Agosto 2015 • 11:00 Casa da Cultura Conferência por Joaquim Carvalho “A história da cidade romana de Ammaia” em inglês

Sábado 1 Agosto 2015 • 11:30 Igreja de São Tiago

Anna-Doris Capitelli, soprano Danjulo Ishizaka, violoncelo Quarteto Hugo Wolf

Joseph Haydn Quarteto de cordas em sib M, op. 76 n.º 4 ‘Aurora’ Allegro com spirito Adagio Menuetto. Allegro Allegro ma non troppo

Ottorino Respighi ‘Il Tramonto’ para soprano e quarteto de cordas

Franz Schubert Quinteto em dó M, D956 Allegro ma non troppo Adagio Scherzo: Presto Allegretto

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Sábado 1 Agosto 2015 • 16:30 Convento Nª. Srª. da Estrela

Esperanza Rama, soprano Rita Venda, contralto Pedro Matos, tenor José Bruto da Costa, baixo Coro e Orquestra Barroca Divino Sospiro Massimo Mazzeo, maestro

W. A. Mozart Missa brevis em fá M, KV192 Kyrie - Gloria - Credo - Sanctus - Benedictus - Agnus Dei

Niccolò Jommelli Requiem, em mib M* Requiem - Kyrie - Dies Irae - Salva me - Oro supplex - Pie Jesu - Domine Jesu Hostias Sanctus - Hosanna - Benedictus - Agnus Dei - Dona eis requiem Lux aeterna - Libera me * estreia moderna em Portugal; edição crítica da partitura: Ana Caeiro

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Sábado 1 Agosto 2015 • 21:00 Cidade da Ammaia

Kátia Guerreiro Luís Guerreiro, guitarra portuguesa André Ramos, viola Fernando Júdice, viola baixo Orquestra Clássica do Sul Cesário Costa, maestro Federico Chueca Prelúdio de 'El Bateo'

Actuação de Kátia Guerreiro Gerónimo Giménez Intermezzo de 'La boda de Luís Alonso'

Actuação de Kátia Guerreiro Ruperto Chapí Prelúdio de 'El tambor de granaderos'

Actuação de Kátia Guerreiro Eurico Carrapatoso (n. 1962) ‘Canção da Urze’, op. 13

Actuação de Kátia Guerreiro Amadeo Vives 'Fandango' de 'Doña Francisquita'

Actuação de Kátia Guerreiro Instrumental de fado Federico Chueca Prelúdio de 'Água, azucarillos y aguardiente'

Actuação de Kátia Guerreiro 40

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Domingo 2 Agosto 2015 • 10:30 Convento Nª. Srª. da Estrela

Juliane Banse, soprano Anna-Doris Capitelli, meio-soprano Vítor Sousa, tenor Sérgio Ramos, barítono Capella Duriensis Capella Duriensis (dir. Jonathan Ayerst) Orquestra de Câmara de Colónia Christoph Poppen, maestro

W. A. Mozart Missa brevis em sib M, KV275, ‘Missa do Loreto’ Kyrie - Gloria - Credo - Sanctus - Benedictus - Agnus Dei

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Domingo 2 Agosto 2015 • 16:00 Igreja de São Tiago

Clara Jumi Kang, violino Julian Riem, piano

Edvard Grieg Sonata para violino e piano n.º 2, em sol M, op. 13 Lento doloroso - Allegro vivace Allegretto tranquillo Allegro animato

José Vianna da Motta Romanze em ré M, para violino e piano Moderato

Claude Debussy Sonata para violino e piano, em sol m Allegro vivo Interméde (fantasque et léger) Finale (Très animé)

Jenö Hubay Carmen: Fantaisie brillante, para violino e piano, op. 3 n.º 3 Andante moderato - Allegro - Allegretto quasi andantino Allegro moderato - Allegro com brio

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Domingo 2 Agosto 2015 • 19:00 Castelo de Marvão, Pátio CONCERTO DE ENCERRAMENTO

Juliane Banse, soprano Anna-Doris Capitelli, meio-soprano, Raphael Christ, violino Quarteto Signum Quarteto Hugo Wolf Orquestra de Câmara de Colónia Christoph Poppen, maestro

Felix Mendelssohn Octeto em mib M, op. 20 Allegro moderato ma com fuoco Andante Allegro leggierissimo Presto

Edvard Grieg Suite ‘Holberg’, op. 40 Praeludium (Vivace) Sarabande (Andante) - Gavotte (Allegretto) Musette (Poco più mosso) Air (Andante religioso) Rigaudon (Allegro com brio)

W. A. Mozart Dueto ‘Prenderò quel brunettino’, de ‘Così fan tutte’, KV588 Ária ‘L’amerò’, de ‘Il rè pastore’, KV208 Serenata n.º 13, em sol M, KV525, ‘Eine kleine Nachtmusik’ Allegro Romanze: Andante Menuetto: Allegretto Allegro

21:00 • Castelo de Marvão • COCKTAIL DE DESPEDIDA 43

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NOTAS AOS PROGRAMAS Sexta 24 Julho 2015 • 20:00 José Vianna da Motta (1868-1948) Abertura 'D. Inês de Castro' José Vianna da Motta foi o principal responsável pelo ressurgimento no nosso país da música instrumental e o introdutor em Portugal do nacionalismo musical. Formado na Alemanha (para onde foi aos 14 anos e onde permaneceria até 1914) e no gosto pelas tradições musicais germânicas, Vianna da Motta foi um dos grandes pianistas europeus nas décadas que precederam a I Guerra Mundial. A sua actividade como compositor data igualmente dessa época e é encimada pela Sinfonia em lá M, 'à Pátria' (de 1895), ilustração do que acima afirmámos e obra precursora da tradição sinfónica que surgiria em Portugal no século XX (através de Luís de Freitas Branco e de Joly Braga Santos, principalmente). A presente Abertura 'D. Inês de Castro' é em nove anos anterior à Sinfonia, mas, tal como ela, é inspirada nos Lusíadas, concretamente na narração do assassinato de Inês de Castro que Vasco da Gama faz ao rei de Melinde (Canto III). Trata-se de uma abertura de concerto (dado que não antecede/preludia nada), mais evocativa que descritiva. Nela fica patente não só a precocidade do autor (tinha 18 anos!), mas também a rapidez com que absorveu as influências combinadas de Wagner (através de Karl Schäffer) e de Liszt (com quem teve lições em 1885), patente não apenas nas técnicas utilizadas, mas também na forma de orquestrar.

Max Bruch Concerto para violino n.º 1, em sol m, op. 25 Compositor e pedagogo, Max Bruch (1838-1920), pode ser classificado como um tardo-romântico conservador, continuando, no fundo, a estética da primeira geração romântica (principalmente, Mendelssohn e Schumann). Deixou obra abundante, mas desde há muito que é praticamente apenas lembrado pela presente obra e pelo Kol Nidrei, para violoncelo e orquestra, tendo a restante caído na obscuridade. O Concerto em sol m, op. 25, estreado pelo grande violinista Joseph Joachim (18311907) em janeiro de 1868, em Bremen (apenas três meses antes da estreia, na mesma cidade, do Requiem Alemão, de Brahms), cedo ganhou lugar fixo no repertório violinístico, até para desgosto do compositor, que via a sua obra posterior ser menosprezada... O Concerto tem certa originalidade ao nível formal, pois dispensa o tradicionalmente longo I andamento em favor de um Prelúdio (ele própria dotado de uma Introdução, depois seguindo o molde da forma-sonata) que antecipa o andamento central, de pendor lírico e em estilo cantilena, onde surge o tema mais famoso da obra. Para o virtuosístico Finale, Bruch usa a tradicional forma rondó-sonata, sendo aí ampla ocasião para o violinista demonstrar os seus dotes técnicos. Embora não parecendo, o Concerto de Bruch é um dos mais exigentes do repertório. O seu segredo, talvez, é que as suas musicalidade e qualidade de invenção estão sempre ao nível das exigências técnicas.

Felix Mendelssohn Sinfonia n.º 3, em lá menor, op. 56, 'Escocesa' Juntamente com Robert Schumann, Felix Mendelssohn (1809-1847), foi a maior figura do I Romantismo musical germânico. Génio precoce enquanto compositor, excelente maestro, exímio organizador, pedagogo dedicado, artista desinteressado, 44


Mendelssohn foi a mais brilhante personalidade pública da música alemã nas décadas de 30 e 40. Compôs obras em todos os géneros, só na ópera não tendo logrado deixar obras no repertório corrente. A Sinfonia n.º 3, 'Escocesa' é uma das coroas de glória do sinfonismo germânico entre Beethoven e Brahms e, ouvindo-a, parece-nos identificar todas as marcas definidoras de uma sinfonia romântica. O subtítulo de 'Escocesa' provém do facto de, tal como a Abertura Hébridas (ou Gruta de Fingal), ela ter sido primeiramente inspirada pela viagem do compositor à Escócia, em 1829. Porém, Mendelssohn deixaria a obra em esboço por mais de uma década, completando-a apenas no início de 1842. A obra estreou em Leipzig, no velho Gewandhaus, a 3 de Março de 1842, dirigida pelo próprio. A obra está estruturada em quatro andamentos, tocados sem interrupção, sendo o primeiro andamento (em forma-sonata) precedido de uma Introdução lenta, onde aparece o tema principal (também tema-gerador e tema-unificador da obra como um todo) da sinfonia. Foi este tema que, escreveu Mendelssohn, lhe surgiu enquanto visitava a Capela Real de Holyrood, em Edimburgo e pode dizer-se que a presença da Escócia na obra se resume a isso. Tal como Beethoven na Nona, também aqui o Scherzo precede o andamento lento. O primeiro é um típico “andamento élfico”, de um género de que Mendelssohn detinha o segredo, ao passo que o segundo tem um carácter grave, hínico, religioso e mesmo veemente. O Finale tem duas caras: primeiro, ele recupera o dramatismo do andamento inicial, mas depois irrompe um Allegro maestoso assai (em lá M) de grande nobreza, que conclui a sinfonia em modo jubiloso.

Sexta 24 Julho • 23:00 Concertos de Susanne Schietzel-Mittelstraβ Susanne Schietzel-Mittelstraβ , flautas diversas Quando chegar à cisterna para a improvisação-invocação de Nossa Senhora da Estrela, irá tomar parte num evento de ressonância mundial... mas muito suave. Susanne Schietzel-Mittelstrasβ toca réplicas de flautas de osso de animal do Paleolítico Superior, abrangendo um período que vai sensivelmente desde o ano 40 mil a.C até à fase intermédia da última glaciação (c. 20-21 mil a C.). Mas também outros instrumentos de um tempo igualmente recuado, como a pedra, o arco, o tambor, se farão ouvir. O inaudito alcança os nossos ouvidos. Será que podemos pressentir, que música alegrou os nossos antepassados? Será que, porventura, nos soa até de algum modo familiar? Quem sabe! Quem conseguirá asseverar o momento exacto em que começou a ganhar vida a 5.ª Sinfonia de Beethoven – ou até mesmo esta improvisação, conquanto a descoberta destes instrumentos (provenientes sobretudo da Schwäbische Alb, maciço montanhoso no sudoeste da Alemanha) date apenas dos anos mais recentes? Como soam estas flautas aos nossos ouvidos sobremaneira educados, mas também artificialmente desgastados? Podemos conjecturar como bastante provável uma ligação estreita, desde a origem, entre as flautas e o proto-feminino/-materno, já que foi encontrada uma flauta de osso de grifo a apenas 70 cm da mais antiga representação plástica de uma figura feminina até hoje encontrada (a “Vénus da Hohle Fels”, uma gruta na Schwäbische Alb). Nossa Senhora da Estrela: o que vemos no céu nocturno é luz das estrelas de há um tempo muito remoto – e, todavia, em todas as eras, o homem sempre ansiou ler o futuro nas estrelas. Com a figura de Maria confunde-se a representação daquela que tudo guarda, conserva e protege, a qual, não obstante, transporta sempre o futuro consigo. Esta improvisação é inspirada na minha imersão nas 'Canções Espirituais' de Novalis; do poema “A noite verteu-se serena sobre a terra”, de Eduard Mörike, musicado por Hugo Wolf; o 'Zodíaco' de Karlheinz Stockhausen; o hino gregoriano 'Ave maris stella'; canções de embalar, gestos eurítmicos dirigidos aos planetas e constelações, 45


o arqueólogo Friedrich Seeberger – o primeiro a tocar estas flautas – e você mesmo, caro ouvinte. Tirar sons destes delicados e frágeis instrumentos flautados, é um trabalho sumamente minucioso, que já contribuiu para abalar seriamente a ideia corrente dos nossos antepassados daquela época como selvagens toscos e animalescos (os erroneamente chamados trogloditas). Reviver estes momentos fundadores da música poderá também representar uma contribuição para a paz, uma vez que por este meio nos aproximamos da atmosfera da nossa mãe primordial comum. Susanne Schietzel-Mittelstraβ (tradução: Bernardo Mariano)

Concerto com Carlos Baptista “Chamando o vento de...” O vento move-se, mas será que sabemos desde onde? Aqui, move-se o nosso sopro, através de palavras, através de poemas, através de flautas. (em português, inglês, alemão)

Sábado 25 Julho 2015 • 11:30 Vianna da Motta Quarteto de cordas ‘Cenas nas Montanhas’, em sol M Este quarteto, o segundo e último que o autor escreveu, data de Julho de 1895 e constitui um marco no sentido da criação, empreendida por Vianna da Motta, de uma música culta de carácter distintamente nacional. Ele é, aliás, contemporâneo dessoutra obra, também ela de largo significado histórico no contexto da música portuguesa: a Sinfonia em lá M, ‘à Pátria’, à qual nos referimos a propósito do concerto de ontem. O ‘Allegro vivace’ inicial é uma forma-sonata tradicional (bitemática) tratada à maneira clássica, em cujo perfil rítmico já se detecta a inspiração popular dos andamentos seguintes. O ‘Adagio’ de pendor programático intitulado ‘Cena nas montanhas’ utiliza motivos de canções populares açorianas, integrando assim a inspiração musical regional numas expressão e linguagem eruditas. O ‘Presto’, por fim, é uma dança popular, cujo tema é original do compositor, mas inspirado ele também no cancioneiro açoriano. Julgada perdida durante muito tempo, a obra foi encontrada, numa cópia completa (com os três andamentos) apenas em 1998, no espólio do grande violinista Bernardo Moreira de Sá (1853-1924), a quem ela foi dedicada e cujo Quarteto Moreira de Sá assegurou a execução de estreia, ocorrida no Porto (Orpheon Portuense) a 16 de Novembro de 1895. Em vida do autor, fez-se uma edição no Brasil dos andamentos 2 e 3. A falta, aí, do ‘Allegro vivace’ (cujo manuscrito original se perdeu) terá sido vontade de Vianna da Motta.

Dmitri Shostakovitch Quarteto de cordas n.º 3, em fá M, op. 73 Dmitri Shostakovitch (1906-75) foi um dos mais importantes cultores do género do quarteto de cordas no século XX, tendo deixado um ‘corpus’ de 15 obras nesse formato, tantas como as sinfonias. Mas ao contrário destas, que se espraiam por toda a sua vida criativa, o quarteto de cordas só surge na sua produção na época da famosa ‘Quinta Sinfonia’ (meados dos anos 30), acompanhando-o depois até ao final da vida. Este Quarteto n.º 3, em fá M, data do ano seguinte ao final da vitória russa na “Grande Guerra Patriótica” (nome que na URSS se deu à luta contra a Alemanha nazi) e está 46


estruturado em cinco andamentos, não sem apresentar algumas semelhanças com a ‘Oitava Sinfonia’ (1943). Ouvindo-o, não podemos deixar, numa leitura pessoal, de estabelecer paralelos com uma crónica desse conflito: o 1.º tema do 1.º andamento representaria a vida antes da guerra, e a sua reaparição alterada, minada e mesmo contradita no 5.º andamento simbolizaria o – para Shostakovitch – psicologicamente impossível retomar da “vida normal”, dados os níveis desmesurados de destruição e de vítimas humanas deixados para trás. Os três andamentos interiores (dos quais o terrível ‘Scherzo’ central é o mais sinfónico) configuram outras tantas representações do embate do terrível conflito sobre a vida do povo russo, sendo que a reaparição do marcante tema da ‘passacaglia’ do 4.º andamento no ‘Finale’, bem como o ‘Adagio’ com que este termina, não deixam dúvidas sobre o modo como Shostakovitch lia a União Soviética “oficialmente” triunfante e pletórica que emergia então do pesadelo da guerra.

W. A. Mozart Quinteto com clarinete em lá M, KV581 O nome do clarinetista Anton Stadler (1753-1812) está directamente ligado às três grandes obras com clarinete de Mozart: o Trio ‘das quilhas’ (1786), o presente Quinteto e o conhecido Concerto, uma das suas últimas obras. O Quinteto data do final do Verão de 1789, numa altura em que Mozart estava a escrever a ópera ‘Così fan tutte’ e quer uma, quer outra obras são surpreendentes, se pensarmos que essa foi uma das épocas mais sombrias da vida de Mozart. Tudo nesta obra respira serenidade, calor e doce nostalgia, parecendo que Mozart fez tudo para que a nobreza e beleza do timbre do clarinete (então, um instrumento ainda nascente) fossem valorizados o mais possível. Sendo também a primeira obra na história a associar o instrumento a um quarteto de cordas, tanto mais notável é o grau de integração e equilíbrio logrado por Mozart ao longo de toda a composição. O Quinteto foi ouvido pela primeira vez a 22 de Dezembro de 1789, em Viena, num concerto de beneficência. Apresenta quatro andamentos: o 1.º é uma forma-sonata da qual jorram ideias melódicas (um pouco como no 1.º andamento do Concerto para piano n.º 23); o ‘Larghetto’ (em ré M) é o cume expressivo da obra, sendo de notar que as cordas tocam integralmente com surdina. O Menuetto tem um tom bonacheirão e apresenta dois trios, o primeiro dos quais, em lá menor, é a única “visita” desta obra a territórios mais sombrios. A concluir, temos um Tema e Variações: o tema é de uma simplicidade e felicidade quase pueris e, dentre as cinco variações, singularizemos, pelo contraste que oferecem, as nos. 4 (brilhante) e 5 (poética). A coda confirma o clima feliz e luminoso que impera na obra.

Sábado 25 Julho 2015 • 16:30 Claude Debussy • Vianna da Motta • Richard Strauss Richard Strauss (1864-1949) continuou e, pode dizer-se, concluiu a tradição do 'Lied' germânico, género que o foi acompanhando por todo o seu percurso criativo, longo de 65 anos, tendo a seu crédito a composição de 174 'Lieder'. Embora se possa afirmar que o 'Lied' funcionou em Strauss como um bálsamo para as suas opulentas criações orquestrais e como contraponto intencionalmente doméstico e intimista da sua 'persona' de maestro e homem das grandes salas e grandes criações, o génio orquestral do compositor não está ainda assim ausente desta faceta da sua produção, como o comprova a exploração amiúde orquestral dos acompanhamentos pianísticos, a orquestração que fez de 25 deles e a concepção de ‘Lieder’ pensados desde o início para a orquestra em vez do piano. Juliane Banse escolheu deste compositor um conjunto de ‘Lieder’ que atravessam 47


mais de meio século de criação: Strauss era um jovem de 20-21 anos quando escreveu ‘Die Nacht’ e, do outro lado do “leque”, a canção ‘Malven’ foi a última obra que Strauss concluiu, no final de Novembro de 1948: tinha então 84 anos e faleceria menos de um ano depois. A respeito de ‘Malven’, cabe aqui dizer que o manuscrito da canção foi oferecido por Strauss à grande soprano de origem checa Maria Jeritza (1888-1982), uma das maiores intérpretes straussianas do século XX, em Março de 1949, com a dedicatória “À querida Maria, esta derradeira rosa!” A cantora manteve-a em segredo no seu espólio até à morte e só depois disso é que a canção “veio à tona”. Foi a leilão em Dezembro de 1984 (vendida, então, por 60 mil dólares) e a estreia dessa canção, cuja existência era suspeitada, mas nunca comprovada, fez-se a 10 de Janeiro de 1985, no Avery Fisher Hall (Lincoln Center), em Nova Iorque, pelo soprano Kiri Te Kanawa, acompanhada ao piano por Martin Katz. Desde então, a canção ganhou o epíteto de “Quinta Última Canção”, referência brincalhona às famosas “Quatro Últimas Canções”, para soprano e orquestra, do compositor. Por comparação, ‘Malven’ é uma canção bastante mais simples que essas. É um ‘Allegretto’ em 2/4, em mib M, sobre um poema da autora suíça Betty Wehrli-Knobel (1904-1998) que nos fala das malvas (flor de cor violácea). A canção exibe no entanto as “marcas de água” de Strauss: linha vocal generosa, equilibrando o lírico e o mais ligeiro; parte de piano muito bem “colada” à voz e ao espírito/ambiente do poema; tratamento harmónico requintado, dúctil e digressivo; coesão motívica do todo. O piano tem um prelúdio de 11 compassos e um interlúdio a seguir a ‘Licht’ (onde o arco harmónico regressa a mib M). As restantes canções provêm de fases bastante anteriores: ‘Die Nacht’ é a 3.ª canção do seu op. 10, datado de 1885; dois anos mais tardia é ‘Ständchen’, do op. 17; ‘All’mein Gedanken’ (do op. 21) será de 1890 e, de perto do final dessa década é ‘Das Rosenband’ (do op. 36), uma das mais famosas criações de Strauss no género; pouco anterior é ‘Liebeshymnus’ (do op. 32). Enfim, de 1900 é a também muito famosa ‘Freundliche Vision’ (do op. 48). Ao contrário das canções de Strauss neste recital, cada qual sobre um poeta diferente, as seis ‘mélodies’ das ‘Ariettes oubliées’ de Debussy (1862-1918) provêm todas do grande poeta, e “chefe de fila” do Simbolismo, Paul Verlaine (1844-96), sem dúvida o autor que mais inspirou Debussy nas suas ‘mélodies’. Estas ‘ariettes’ provêm do volume de poesia ‘Romances sans paroles’ (título que parafraseia Mendelssohn), publicado em 1874 e inspirado pelas deambulações por Inglaterra e Bélgica que Verlaine empreendeu então na companhia de Arthur Rimbaud, com quem tinha na altura uma tumultuosa relação amorosa. Na verdade, o título de ‘Ariettes oubliées’ não é exacto, porquanto apenas as canções 1-3 provêm da colecção com esse título que abre ‘Romances sans paroles’. A n.º 4 vem de ‘Paysages belges’ e as duas últimas são de ‘Aquarelles’, que fecha o volume. Estas canções são datadas de 1885-1887 e foram publicadas separadamente em 1888 sob o título ‘Ariettes’. Quinze anos depois, Debussy reviu-as e promoveu nova edição, aí já conjunta e com o título que hoje têm, dedicando o volume ao soprano Mary Garden, que estreara o papel de Mélisande na sua ópera ‘Pelléas et Mélisande’ (1902). Dois factores inspiraram Debussy nestas canções: (1) a sua partida de Paris para Roma (onde esteve de 1885 a 1887) na sequência da obtenção do Prix de Rome e (2) a consequente separação de Mme. Vasnier, cantora com quem tinha então uma relação amorosa. Mas ao nível estritamente musical, foram as qualidades e características apercebidas por Debussy na poesia de Paul Verlaine que suscitaram nele uma resposta sonora (tratamento vocal, ritmo, timbre, harmonias) muito particular: uma música donde emergia, sobreelevada, a “música” intrinsecamente contida na poesia de Verlaine. Assim como ‘Romances sans paroles’ ficou como marco na poesia francesa, também as ‘Ariettes oubliées’ são um marco no desenvolvimento e revelação da voz inconfundível de Claude Debussy. Vianna da Motta, que viveu na Alemanha entre 1882 e 1914, cultivou também ele o género do ‘Lied’ e, a partir de certa altura, a canção em português – outro domínio em 48


que foi um absoluto inovador: a criação de uma canção de câmara culta sobre textos de poetas portugueses. Tal como Strauss, também Vianna da Motta destinou muitos dos seus ‘Lieder’ à sua (primeira) mulher, Margarethe Lemke (casaram em 1897), soprano, que amiúde acompanhava em recital, ou a outros/-as cantores/-as com quem colaborava. Os três Lieder do op. 3 recorrem a três diferentes autores, dois dos quais “imortais”: Goethe e Eichendorff. Já o op. 15 usa textos só de Wilhelm Raabe (1831-1910), sendo de notar que a descoberta, há algumas décadas, pela cantora Elvira Archer, do manuscrito da canção ‘Ein Briefelein’ (op. 15 n.º 3), em Viena, ter sido o momento fundador da redescoberta das 25 “canções alemãs” de Vianna da Motta. A ilustrar a canção em português, temos ‘Canção Perdida’, possivelmente parte das ‘Canções Portuguesas, op. 10’ (1893-95), sobre um poema no género saudosista de Guerra Junqueiro.

Sábado 25 Julho 2015 • 21:00 Zoltan Kodály Danças de Galánta As 'Danças de Galánta' são a obra orquestral mais conhecida de Zoltan Kodály (18821967), a par da suite retirada da ópera 'Hary Janos' (de 1927). A figura de Zoltan Kodály é indissociável da de Bela Bartók (1881-1945), seu colega e grande amigo, e inevitavelmente a produção de Kodály ficou um pouco na sombra do genial legado de Bartók. O nome desta obra remete para a cidade e região de Galánta, então na Hungria e hoje no sudoeste da Eslováquia, não muito longe de Bratislava. Galánta foi um dos muitos feudos dos príncipes húngaros Eszterházy (patrões de Haydn no século XVIII) e Kodály passou ali sete anos da sua infância. Mais importante: foi ali que recebeu as primeiras impressões musicais marcantes, graças a uma orquestra cigana. Décadas depois, em 1933, quando recebeu a encomenda de escrever uma peça para orquestra por ocasião do 80.º aniversário da Sociedade Filarmónica de Budapeste, Kodály decidiu reconvocar essas memórias e daí nasceram estas 'Danças de Galánta'. Com uma duração vizinha dos 15 minutos, esta obra é de uma enorme sedução sonora, não só pelo carácter das danças alinhadas: estilos 'verbunkos' e 'csárdás', quer 'lassú' (lentas), quer 'friss' (rápidas) de 'tempo'; como ainda pela forma magistral como foram orquestradas. Nelas encontramos nem reconhecíveis todos os ingredientes que nos são conhecidos da música húngara-cigana, além da orquestração a espaços fazer lembrar o estilo de Bartók. 'Tutti' de grande colorido e amiúde fervilhantes de ritmos de dança alternam com episódios mais camarísticos/solos, onde predominam as madeiras, tendo flauta/ flautim, oboé, clarinete e fagote oportunidades para brilhar. Destaque, porém, para o clarinete, que tem um belo solo na parte inicial, que regressa, abreviado, perto do final.

Gustav Mahler Sinfonia n.º 5 A 'Sinfonia n.º 5' do austríaco Gustav Mahler (1860-1911) foi a primeira das suas obras a adquirir popularidade. Para isso contribuiu o 'Adagietto' (4.º andamento), para cordas e harpa, cuja beleza cedo conquistou muitos melómanos; mas também o filme 'Morte em Veneza', de Luchino Visconti, que usa a obra na sua banda sonora. Composta nos Verões de 1901 e 1902 (Mahler era essencialmente um compositor de Verão, pois era a única altura do ano em que estava livre de compromissos), a Sinfonia n.º 5 efectua um percurso 'per aspera ad astra' ('da adversidade à luz'), espelhando de certo modo o curso da sua vida nesse período: desde a quase morte por um grave problema de saúde até à felicidade do seu casamento com Alma Mahler e a expectativa 49


da paternidade. Esse percurso também encontra correspondência ao nível tonal, com o 1.º andamento em dó# menor e o último no luminoso ré M: um exemplo de “tonalidade evolutiva”. O 1.º andamento é aliás uma marcha fúnebre (com um militar solo de trompete inicial, que usa o motivo da 5.ª Sinfonia de Beethoven), cujo clima é mantido no 'Tempestuoso' (2.º and.), apesar de uma primeira tentativa de irrupção da luz, que acaba sufocada. O Scherzo altera por completo a paisagem (ele já está em ré M), com 'Ländlern' e valsas alternando (e uma campestre trompa como instrumento 'obbligato'), danças às quais Mahler vai dando “rostos” diferenciados. Um só rosto, por contraste, tem o 'Adagietto' (em fá M) que segue: o de Alma Mahler, sua jovem mulher (tinha 22 anos na altura). Gustav escreveu-o conscientemente como uma declaração de amor sonora a Alma. O 'Rondo-Finale' que fecha é inaudito em Mahler, na medida em que é todo ele um mostruário de contraponto e de 'fugati', manuseados com evidente prazer pelo autor. A luz que se anunciara no 2.º andamento triunfa finalmente aqui, com uma Coda espectacular concluindo a obra em tom jubilatório. A estreia da obra ocorreu a 18 de Outubro de 1904, em Colónia, com o próprio Mahler (que foi um dos maiores maestros do seu tempo) a dirigir a Orquestra de Gürzenich.

Domingo 26 Julho 2015 • 11:00 Anon. Conductus ‘Ysaias cecinit’ (manuscrito de Wolfenbüttel 1099)

Os ‘conductus’ têm esse nome porque eram cânticos processionais não litúrgicos realizados no interior da igreja. Surgidos em França no século XII, alcançaram o apogeu na catedral de Notre-Dame na viragem para o século XIII. Eles foram ocasião para algumas das primeiras manifestações de polifonia na música ocidental, usualmente homofónico (ponto contra ponto) em estilo de discante. Wolfenbüttel refere-se à Biblioteca do Duque Augusto naquela cidade alemã, que alberga uma das mais importantes colecções em todo o Ocidente de documentos medievais. Ao nível da polifonia primitiva (organa, conductus, motetes), alberga com Florença e Notre-Dame os manuscritos mais importantes.

Estêvão de Brito Motetes 'Gaudent in caelis', 'Lucis creator optime', 'Quia vidisti me, Thoma' Estêvão de Brito (c. 1570-1641), natural de Serpa, estudou em Évora com o grande Filipe de Magalhães (1571-1652), mas exerceu profissionalmente em Espanha, nas catedrais de Badajoz e de Málaga, tendo, segundo parece, em 1618 recusado o posto de mestre da Capela Real de Madrid. A maior parte da sua produção encontra-se em Málaga. Dos três motetes seus no programa, ‘Lucis creator optime’ e ‘Quia vidisti, Thoma’ são peças breves, a 4 vozes, quase sempre homofónicas ou em contraponto vertical, sendo que a primeira tem dois versos sobre a mesma música. De outro fôlego se apresenta ‘Gaudent in caelis’: a 6 vozes (SSAATB), numa estrutura tripartida, o carácter festivo que indica o título é veiculado por figurações de colcheias (ascendentes/descendentes) que se vão sucedendo em todas as vozes. A curta secção central (em ‘anime sanctorum…’) é mais homofónica. O contraponto vertical une-se aqui a tratamentos diferenciados de combinações de vozes e a diversas velocidades de enunciação.

Anónimo Christus factus est (Códice Bodmer 74) Cantochão para o texto do gradual cantado na Semana Santa. 50


O Códice Bodmer 74 contém graduais, tropos e sequências e foi produzido em 1071 por um clérigo romano. Contém uma colecção de cantos litúrgicos com notação musical, sendo a fonte mais antiga de cantochão do rito romano conhecida.

Anton Bruckner Motetos (graduais) A produção musical de Anton Bruckner (1824-1896) divide-se basicamente em dois domínios: sinfonias para a sala de concertos; obras sacras para a igreja. Mas todas elas são louvores a Deus deste devoto católico. A par de composições coral-sinfónicas em larga escala, Bruckner cultivou as pequenas composições, 'a cappella' ou com reduzido efectivo instrumental. Os três motetes deste concerto ilustram o primeiro formato, sendo todos eles graduais, isto é, destinados a ser cantados na Missa, entre a leitura da Epístola e a aclamação do Evangelho (Aleluia). Os justi Este é o mais elaborado dos três graduais, sendo tratado a 8 vozes. Data de 1879 e usa o modo lídio. É também uma obra marcada pela influência do movimento cecilianista, que procurava revitalizar a música sacra católica. A escrita modal reflecte-o, bem como o estilo de contraponto usado, que é mais “arcaico”, procurando uma transparência à maneira de Palestrina, quer nas secções mais homofónicas, quer no frequente recurso à escrita imitativa. Conclui com um ‘Alleluia’ entoado em cantochão. Locus iste Este gradual a 4 vozes, em dó M, data de 1869 e destinou-se à cerimónia de dedicação da capela votiva da nova catedral de Linz. Numa forma ABAComeça homofónico, em ‘p’, sendo o baixo a voz motriz dos versos 1 e 2. O verso ‘irrepreensibili’, mais imitativo, é 34 feito sem os baixos. Regressa depois o verso inicial, em homofonia, calmo, modulando de mi menor para o dó M terminal. Christus factus est Bruckner escreveu três diferentes versões do 'Christus factus est' (para a Semana Santa), mas só a presente (a 3.ª) se destina a coro 'a cappella' a 4 vozes. Ela data de 1884 e está em ré menor (ré M no final). Está organizada em três partes motivicamente coesas, sendo que a mais importante é de longe a 3.ª (47 dos 79 compassos), sobre as palavras ‘Quid est super omnem nomen’. A harmonia é muito cromática e a condução vocal faz por vezes lembrar as sinfonias, numa gama dedinâmica que vai do ‘ppp’ ao ‘fff’.

Arvo Pärt Magnificat O ‘Magnificat’ do compositor estónio Arvo Pärt (n. 1935) data de 1989 e foi estreado em Maio do ano seguinte, em Stuttgart, pelo seu dedicatário, o maestro coral Christian Grube, à frente do Staats-und Domchor Berlin. Destinada a um coro misto 'a cappella', o 'Magnificat' está escrito para soprano solista+SSATB, sendo que tenores e sopranos por vezes aparecem em 'divisi'. A textura vai das duas vozes até às sete vozes no 'Dominum' final, sendo maioritariamente homofónica, com ocasional uso do 'hoquetus'. O texto é o do tradicional hino de louvor latino dito por Maria, extraído do Evangelho de Lucas. A obra obedece ao estilo “tintinnabuli”, isto é, um estilo influenciado pela afinação, sonoridades e ressonância dos sinos. A armação é a de fá menor (ou modo frígio sobre dó), mas a escrita é livre, com pontuais (e regulares) cromatismos e uso de modos rítmicos num princípio de 'motio' e 'stasis'. 51


A obra estrutura-se sobre a alternância de versos e de 'tutti', sendo que aqueles são sempre assegurados, ou pelo soprano solo e outra voz, ou pelos dois naipes de sopranos. Neles, uma das vozes canta sempre o dó4 'recto tono', enquanto a outra ondula à sua volta. Nos 'tutti', por seu turno, a textura pode ir das 3 às 6 vozes (7 na palavra final, como dito). Há ainda duas instância do uso de bordões (sempre sobre o sol3). A atmosfera que se desprende deste 'Magnificat' é a de uma obra que está para além do tempo e do espaço, que parece habitar sempre algures, esperando só que nos ponhamos à escuta.

Diogo Dias Melgás Lamentações são Lições (colecções de versos) extraídas das ‘Lamentações do Profeta Jeremias’, do Antigo Testamento. Cada verso do texto é precedido pelas letras em sucessão do alfabeto hebraico. As Lamentações eram usadas na liturgia da Semana Santa no ofício nocturno das Matinas (realizadas de madrugada), também chamado ‘de trevas’. A combinação de Semana Santa e serviço nocturno originou alguma da música mais expressiva escrita no Renascimento. Os versos eram tratados, usualmente, de forma simples e silábica, ao passo que as letras hebraicas eram mais melismáticas e expansivas, assumindo uma função semelhante à das letras iniciais nas iluminuras dos manuscritos medievais. Nas ‘Lamentações’ de Diogo Dias Melgás (1638-1700), último grande expoente da tradição polifónica portuguesa, estamos perante uma obra a 8 vozes (SSSAATTB), com acompanhamento instrumental (harpa, órgão). Estrutura-se num ‘Incipit’, a que se seguem as letras ‘Aleph’ (a 4) e ‘Beth’ (a 8), com os respectivos versos (ambos a 8), terminando com ‘Jerusalem convertere…’. O tratamento vocal é muito diversificado, com momentos de contraponto vertical, homofonia, imitação (limitada), escrita antifonal, organização das vozes em blocos, ‘bicinium’, denotando enorme mestria no manuseio da textura a 8 vozes.

Anon. Kyrie ‘orbis factor’ (rito Sarum)

O Kyrie ‘orbis factor’ é uma das muitas variantes do cântico do ‘Kyrie’, assim chamada porque surgiu primeiramente associado ao texto ‘orbis factor rex aeterne’, que constitui o primeiro dos seus nove versos, no que era uma espécie de ladainha aplicada ao Kyrie. O rito sarum foi uma variante do rito romano surgida no sul de Inglaterra no século XI e que se estendeu depois ao resto das ilhas britânicas. Manteve-se como rito dominante nesse espaço geográfico até à Reforma (séc. XVI).

Domingo 26 Julho 2015 • 21:30 Morimur O projecto ‘Morimur’ (significa “morremos” em latim) surgiu a partir da tese surpreendente da Prof.ª Helga Thoene, apresentada nas Actas Bach de Köthen, em 1994, da presença subcutânea de elementos fúnebres nas três sonatas e três partitas para violino solo, BWV 1001-1006, de Johann Sebastian Bach (1685-1750). E principalmente na assunção de que a famosa ‘Ciaccona’ que conclui a Partita n.º 2, em ré menor, mais não é que um monumento fúnebre, estela sonora ou epitáfio ressoante erigido por Bach à memória da sua primeira mulher, Maria Barbara (16841720), falecida inesperadamente no início de Julho de 1720, na ausência do seu marido. 52


As Sonatas e Partitas foram intituladas no manuscrito autógrafo ‘Sei Solo a violino senza Basso accompagnato. Libro primo da Joh. Seb. Bach. an. 1720’. Foram editadas pela primeira vez em 1802, por Simrock (Bona) e depois, em 1854 (Breitkopf), numa edição curada por Robert Schumann. O título ‘Sonatas e Partitas’ surge apenas na edição de 1908 (Bote&Bock, Berlim), curada por Joseph Joachim e Andreas Moser. A tradição de se escrever para violino solo tivera antecessores em Bach nas pessoas de compositores como Bruhns, Strungk, Walther, Schmelzer ou Biber, dos quais procede igualmente a prática da escrita polifónica para o instrumento, mediante artifícios técnicos que a sugerem (cordas duplas, acordes, ‘bariolage’, mudanças rápidas de posição), criando uma “polifonia imanente” perceptível à escuta. As Sonatas estruturam-se como “sonatas de igreja”, ou seja, quatro andamentos em sucessão lento-rápido-lento-rápido; ao passo que as Partitas seguem a estrutura típica da Suite, com as quatro danças “de rigueur”: Allemande, Courante, Sarabande e Gigue. A ‘Partita n.º 2’ abre então com uma ‘Allemanda’, fluida e em ‘tempo’ moderado, a que segue uma ‘Corrente’ de ‘tempo’ um pouco mais vivo e ritmo mais vincado. Vem depois a ‘Sarabanda’, em tempo ternário, de carácter grave e solene, com que contrasta a ‘Giga’, rápida e em compasso misto, aqui de carácter bastante dançante. A fechar a obra vem a ‘Ciaccona’ (em ré m; compasso ¾), um dos pontos culminantes da obra instrumental de Bach (e da história da música) e espécie de ‘ne plus ultra’ do repertório violinístico, pela confluência das exigências técnica, intelectual e emocional nela combinadas ao longo dos cerca de 15 minutos que dura a sua execução, e que levaram o musicólogo Alberto Basso a afirmar que ela era “a carta constitucional do violinismo transcendental”. Com os seus 257 compassos, a ‘Ciaccona’ ultrapassa em extensão a soma das quatro danças que a precedem. O baixo, que definirá todo o percurso harmónico do andamento, é apresentado nos compassos 1 - 8. Em termos formais, uma chaconne é uma forma-variação a partir de uma progressão harmónica constante que inclui um baixo ‘ostinato’. A presente ‘Ciaccona’ estrutura-se numa forma ABA, com a parte central (mais distendida) em ré M e o segundo A bastante abreviado. A renovação constante da matéria sonora opera-se, seja nas linhas melódicas, na textura polifónica, nas variantes harmónicas usadas, nas figuras rítmicas, nos ‘tempi’ usados, ou nas anteriores em várias combinações. Após a apresentação do tema em 8 compassos, assistimos a um desfilar de 31 variações (todas com 8 compassos cada) até ao compasso final. No seu artigo intitulado “Ciaccona – dança ou epitáfio? A linguagem oculta de uma obra célebre” (1994), Helga Thoene, partindo da tradição de incorporar enigmas e mensagens ocultas a partir de métodos de codificação por substituição – que tem uma longa tradição remontando à Idade Média, mas que, ‘grosso modo’, é uma prática típica de muita música de densa textura contrapontística, como é o caso da de Bach – analisou fundamente a ‘Ciaccona’ e, por meio da aplicação generalizada do método gemátrico (ou guemátrico) – que faz a conversão de letras em números – a todos os parâmetros musicais da ‘Ciaccona’, descobriu (ou sugere estarem) nela inscritas numerosas citações de corais de Bach (palavras e melodias) relacionados com a ideia de morte/ressurreição e com a condição dos que na Terra vivem essa perda. Mas também encontrou o nome ‘Bach’, citação criptográfica que Bach fazia com bastante frequência. Dentre os 10 corais identificados, o predominante é ‘Christ lag in Todesbanden’, um coral do tempo pascal. Outra referência-base identificada foi uma antiga fórmula trinitária latina que reza: “Ex Deo nascimur / in Christo morimur / per Spiritum Sanctum reviviscimus”, ou seja: “De Deus nascemos / em Cristo morremos / pelo Espírito Santo reviveremos”. Dela procede o título ‘Morimur’ dado ao disco que Christoph Poppen gravou com o Hilliard Ensemble no ano 2000 (ECM/2001) e no qual, no final, a ‘Ciaccona’ é ouvida com todas a citações de corais cantadas por cima, tornando assim sensorialmente experienciável a tese de Helga Thoene. Este concerto à memória de Anja Fichte pretende assim reeditar ‘Morimur’ e com isso homenagear a memória da desaparecida, tal como Bach na ‘Ciaccona’ homenageou a memória de Maria Barbara. 53


Segunda 27 Julho 2015 • 21:00 'Hunter's Bride' Uma ópera que “virou” filme No Festival de Marvão deste ano, também há ópera... mas projetada numa tela! Aliás, talvez devêssemos dizer “também vai haver cinema”, porque aquilo que vai passar na antiga estação de comboios da Beirã é antes de mais um filme. Falamos de 'The Hunter's Bride' ('A noiva do caçador'), longa-metragem realizada em 2010 pelo alemão Jens Neubert (n. 1967, Dresden), que mais não é senão um filme que tem por argumento o libreto da ópera 'Der Freischütz' (em português: 'O Franco Atirador'). ‘Der Freischütz’ é o grande clássico fundador, ao mesmo tempo, da ópera romântica e da ópera nacional alemã e foi escrito em 1821 por Carl Maria von Weber (1786-1826), a partir de um libreto de Johann Friedrich Kind. Estreou em Berlim, então capital da Prússia, em Junho de 1821, precisamente no dia em que se comemoravam seis anos da vitória final dos Aliados europeus sobre as tropas napoleónicas, em Waterloo (Bélgica). O sucesso foi imediato e em breve a ópera seria celebrada por todos os territórios germanófonos, contribuindo para a formação de uma consciência nacional alemã (lembremos que a unificação da Alemanha se daria apenas em 1871). A ópera contém todos os ingredientes daquilo que seria a partir daí entendido como “romântico” e como “nacional (alemão)”. A acção passa-se na Floresta da Boémia, pouco após o final da Guerra dos Trinta Anos (séc. XVII), território que na altura pertencia à coroa austríaca, dentro do Sacro Império Romano-Germânico. Mas no filme de Jens Neubert, o contexto da história foi transportado para a Saxónia, na época das guerras napoleónicas (há mesmo uma breve aparição da figura de Napoleão no filme), podendo dizer-se que o realizador foi ao encontro da percepção psicológica que teve na altura o público que via a ópera, com a memória ainda bem “fresca” desse anos. As filmagens decorreram, na realidade, perto de Dresden e na região montanhosa chamada de Suíça saxónica, junto à fronteira com a República Checa, rasgada pelo vale do Elba. A banda sonora é a ópera de Weber tal qual e foi pré-gravada nos famosos estúdios Abbey Road, em Londres, pela Orquestra Sinfónica de Londres, dirigida pelo excelente Daniel Harding. Tradicionalmente, produções deste género têm actores – amiúde, mesmo grandes estrelas! – dobrados por cantores profissionais, mas a originalidade de Neubert é que ele transformou cantores de ópera em actores de cinema: o que eles cantam foi pré-gravado pelos próprios em Abbey Road e, no ecrã, mimam o canto enquanto representam. Mas o texto falado (a ópera contém bastantes partes faladas) é simplesmente representado, como se fossem actores profissionais. Mas, se não há estrelas de cinema, em compensação há muitas estrelas da ópera: Neubert escolheu um elenco de luxo! O trio protagonista é formado pelo tenor Michael König (Max), pelo soprano Juliane Banse (Agathe) – que terá cinco participações no Festival de Marvão! – e pelo barítono Michael Volle (Kaspar). E como se isso não bastasse, ainda vemos (e ouvimos) o veterano barítono Franz Grundheber (Príncipe Ottakar), o baixo René Pape (Eremita), o barítono Olaf Bär (Kilian) e o soprano Regula Mühlemann (Ännchen)! A respeito da Agathe de Juliane Banse, o crítico Henson Keys, da prestigiada revista ‘online’ Opera News, diz: “cantada com profunda entrega emocional e beleza tímbrica” e, ainda, que “canta e representa sempre com uma noção muito acertada das necessidades da personagem”.

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Terça 28 Julho 2015 • 16:30 Astor Piazzolla Adiós, nonino Este é um dos mais famosos tangos do compositor e grande bandoneonista argentino Astor Piazzolla (1921-1992). A sua composição data de Outubro de 1959 e foi escrito de um jacto, no apartamento onde Astor e família viviam então em Nova Iorque. Como o título indica, é uma obra que homenageia o pai do compositor, Vicente Piazzolla, que falecera muito recentemente. Dele dizia Astor ter sido “a mais bela melodia que escrevi” e que durante a composição talvez estivesse “rodeado de anjos”. Na base está ‘Nonino’, um outro tango que escrevera em Paris, cinco anos antes. Pouco anos antes de falecer, Astor disse numa entrevista que considerava ‘Adiós, nonino’ o seu tango n.º 1 e que, apesar de muitas tentativas nesse sentido, nunca conseguira superar o que ali lograra.

Anatoly Kusyakov Sonata n.º 4 (3.º and.) Anatoly Kusyakov (1945-2007) deixou uma obra numerosa para acordeão e é considerado um autor de referência na composição para esse instrumento. Ele foi reconhecido em vida (2003) com a Medalha de Mérito da Confederação Internacional dos Acordeonistas, e o Festival ‘Bayan e bayanistas’ (o bayan é a variante russa do acordeão de concerto) de Moscovo/2004 foi dedicado à sua obra. A ‘Sonata n.º 4’ data de 1991 e o seu 3.º andamento é todo em tons escuros.

Sofia Gubaidulina De profundis Uma das mais importantes vozes da composição contemporânea, Sofia Gubaidulina (n. 1931) compôs ‘De profundis’, para acordeão solo, em 1978, e dedicou a obra ao acordeonista/bayanista russo Friedrich Lips (n. 1948), que a estreou. Desde então, a obra ganhou um lugar estável no repertório. O título remete para o famoso salmo 130, relacionado com a liturgia dos fiéis defuntos, sendo um espelho do misticismo religioso que perpassa da maioria das obras da autora. Gubaidulina explora aqui ao máximo os recursos do acordeão, sendo a peça quase uma demonstração de todas as virtualidades do instrumento, beneficiando também do interesse que Gubaidulina então manifestava pela improvisação e pela experimentação acústica. Indo de encontro ao texto do salmo, verifica-se ao longo da obra uma ascensão em várias etapas, desde as trevas até à luz da fé e à confiança na salvação, que é reflectida na exploração gradual da tessitura do instrumento, dos graves em direcção aos agudos.

Bent Lorentzen Tears (in memoriam Mogens Ellegaard) Bent Lorentzen (n. 1935) é um consagrado compositor dinamarquês, com uma produção abundante sobretudo no domínio da música cénica (ópera e teatro musical), solista com orquestra, coral e de câmara (para solista, ensemble ou canção de câmara). A peça ‘Tears’, para acordeão solo, data de 1992 e mais tarde Bent decidiu dedica-la à memória de Mogens Ellegaard (1935-1995), o grande acordeonista dinamarquês do século XX e um dos responsáveis pela promoção do acordeão a instrumento também da música do nosso tempo e de vanguarda. A peça começa num ambiente cromático algo “tristanesco”, após o que ganha ‘momentum’, atingindo um clímax a ¾ da duração. O final retoma o ambiente inicial, 55


terminando em ‘pp’. A obra combina de forma interessante a presença da história, a interioridade/individualidade do autor e a vontade de pesquisa sonora/tímbrica.

Patrick Busseuil Arboris 1 “L’arbre de vie” Patrick Busseuil é um compositor, acordeonista e pedagogo francês, nascido em 1956. Autor de uma obra ecléctica, que cruza estilos e sensibilidades a partir de uma reflexão sobre o gesto composicional, Busseuil escreveu ‘Arboris I’ em 1980, no início da sua carreira, integrando a peça uma suite de três pequenas obras sob o tema da árvore, cada uma inspirada numa pintura ou estampa. Ao mesmo tempo poderosa e contemplativa, vigorosa e extática, ‘Arboris I’ é também o manancial de material donde derivarão as outras duas peças. Busseuil fala de “uma visão impressionante, a da subida da seiva e a imagem da força dos troncos, raízes e ramos”. O compositor reviu a peça em 2004, adaptando-a para acordeão de concerto.

Anatoly Kusyakov Sonata n.º 6 A ‘Sonata n.º 6’ data de 2003 e foi inspirada por uma visita do compositor à catedral de São Paulo e Igreja de São Lamberto, em Münster, na sequência da qual também se inteirou acerca da tragédia da comunidade anabaptista da cidade, ocorrida na década de 30 do século XVI. Por isso a obra traz o subtítulo de ‘Stained Glass and Cages of St. Paul’s Cathedral in Münster’.

Quarta 29 Julho 2015 • 16:30 J. S. Bach Concerto Italiano, em fá M, BWV971 O 'Concerto Italiano' chamou-se na primeira edição “Concerto nach italienischem Gusto” ('segundo o gosto' ou 'ao modo' italiano). Essa primeira edição é de 1735, em Leipzig e tratava-se, aí, da 2.ª parte da 'Clavierübung' ('Prática de teclado'), de Bach, constando justamente desta obra e da ‘Abertura Francesa’, destinadas ambas ao “deleite espiritual dos amadores”. Esse par de obras pretendia-se representativo dos estilos mais destacados e 'na moda' dessa época na Alemanha: o italiano e o francês. Bach destinou ambas as obras a um cravo de dois manuais, donde as indicações 'piano' e 'forte' que surgem nas partituras, referindo-se à utilização de um som mais ténue (manual superior) ou mais cheio (manual inferior, recorrendo ou não a acoplamentos). O 'Concerto Italiano', em fá M, apresenta um 'Allegro' (a indicação não consta da partitura, mas assume-se que se trata de um 'Allegro de concerto') em 2/4, um 'Andante' na tonalidade relativa (ré menor) em ¾ e um 'Presto' em 4/4. A designação de “concerto”, tratando-se embora de uma obra para tecla solo, deriva da intenção de Bach em emular o tipo italiano de concerto para solista e orquestra, tal como ele próprio havia aprendido a conhecer-lhe o estilo: transcrevendo para instrumento de tecla concertos de autores italianos (Marcello, Torelli, Vivaldi). Há pois, aqui, uma vontade de ter um cravo orquestral (p. ex. nas apresentações do material temático principal) e de obter os efeitos de 'concertino/ripieno' típicos dos italianos. Às vivacidade, energia e invenção melódica do material temático subjaz um trabalho polifónico de inesgotável variedade, apesar do âmbito voluntariamente restrito das digressões harmónicas (tónica, subdominante, dominante, tonalidade relativa, dominantes secundárias, majoração/minoração, uso de notas-pedal e de marchas harmónicas), sinal, talvez, de que Bach estava atento às tendências do “estilo galante” que já se faziam então notar na Alemanha, nomeadamente na obra de Graun ou de Quantz. 56


José Vianna da Motta Balada, op. 16, em fá m-M A 'Balada sobre duas melodias portuguesas, op. 16' foi composta em 1905 e editada no mesmo ano pela Casa Moreira de Sá. O compositor dedicou-a à Sra. Warwara Kriwtzowa. A obra está baseada em duas canções populares portuguesas: ‘Tricana da aldeia’ (originária dos Açores) e uma ‘Avé Maria’. É sem dúvida a composição para piano solo mais madura deixada pelo autor e o próprio Vianna da Motta a considerava a sua mais perfeita obra para piano. A primeira canção é tratada sob a forma de variações e a segunda serve de Coda tranquila a uma obra até aí dramática e virtuosa. Esta obra é semelhante na forma à 'Balada em sol m' de Grieg, obra de 1875-76 onde uma canção tradicional norueguesa é sujeita a 12 variações. Não terá, por isso, sido por acaso que Walter Niemann, no seu livro 'Klavier-Lexikon' (1918, Leipzig), se referiu a ele como “o Grieg Português”.

Robert Schumann Toccata em dó M, op. 7 Obra de bravura, esta 'Toccata' foi terminada, na sua versão definitiva, em 1832, em Leipzig e aí editada dois anos depois. Schumann (1810-1856) dedicou-a ao seu amigo pianista Ludwig Schunke que, contra as suas expectativas, a decifrou à primeira vista com grande fluência! Após uns acordes introdutórios sincopados, entramos logo numa típica textura de 'Toccata' (fazendo lembrar Bach) de onde surge o 1.º tema desta forma-sonata. O 2.º tema, 'cantabile' e de tom popular tipicamente schumanniano, antecede o Desenvolvimento, no qual surgirá um novo motivo em 'fugato'. A uma Reexposição elaborada sucede uma Coda-corolário de virtuosidade, fechando a peça tranquilamente com uma original cadência plagal (4.º grau menor – Tónica).

Claude Debussy Soirée dans Grenade Quadro central das três 'Estampes', de 1903, 'Soirée dans Grenade' (em fá# m) evoca, como o nome indica, uma noite na mágica cidade espanhola que foi capital do reino muçulmano na Andaluzia até 1492. O grau de hispanidade desta peça é tanto mais espantoso quanto Debussy não conhecia Espanha, então (e o mais longe que chegou foi a San Sebastian)! A estreia do tríptico, que marcou um enorme avanço na linguagem pianística de Debussy, deu-se a 9 de janeiro de 1904, em Paris, por Ricardo Viñes (1875-1943). O ambiente noturno e cálido da noite granadina é criado de imediato pelo pedal da Dominante nos graves, e Debussy fará soar sucessivamente, numa forma livre em que predomina um tema de habanera, recriações de música cigana/flamenco, desenhos guitarrísticos e até uma alusão ao tango (fazia por essa altura a sua entrada na Europa)!

Maurice Ravel Valses Nobles et Sentimentales Esta obra tem atrás de si uma história muito curiosa, pois ela foi tocada na estreia (por Louis Aubert, dedicatário da obra, a 8 de Maio de 1911), perante uma “comissão” de críticos musicais, sem indicação de quem era o seu autor. O resultado foi inevitavelmente as mais diversas atribuições de autoria, mas Ravel foi uma delas. Podemos imaginar como o compositor se terá divertido com tal situação... As 'Valsas nobres e sentimentais' devem o seu nome às colecções de valsas de Schubert, que Ravel admirava. Trata-se de um conjunto de oito valsas, alternando as “nobres” e as “sentimentais”, onde a presença da valsa vienense se faz sentir numa 57


miríade de formas: da reminiscência à recriação directa, do “esqueleto” da forma até ao feérico salão de baile. Tudo isto obedecendo à estética raveliana (que grosso modo podemos inscrever, nesta época, no impressionismo) e às idiossincrasias da sua escrita pianística. Na altura, Ravel já tinha em “gestação” o que viria a ser 'La valse', obra que, seja na versão para piano solo, seja na orquestral, é uma das obras mais conhecidas e visitadas de Ravel, e um dos temas mais conhecidos dessa obra aparece já aqui, na peça n.º 7 (por duas vezes). Essa é, aliás, a peça mais notável desta colecção, pela variedade caleidoscópica que exibe dentro duma cuidadosa organização formal. Também a salientar: as duas peças lentas (nos. 2 e 8), pela exploração das harmonias e ressonâncias do piano que nelas é feita; e as n.º 5 e n.º 6, pelo tratamento do material, qual magma donde emerge uma sugestão (de valsa). Ao contrário, enfim, de 'La Valse', que nasceu como obra orquestral, donde derivaram depois transcrições para dois pianos e piano solo, as 'Valses' nasceram no piano, mas foram orquestradas logo no ano seguinte, 1912.

Aleksandr Scriabin Sonata n.º 4, em fá# maior, op. 30 Autor de dez sonatas, escritas no espaço de 20 anos (1893-1913), Scriabin (18721915) é, entre os russos, o representante do simbolismo. Mas nele o simbolismo está fundido numa tendência mística ligada às correntes teosóficas, muito em voga na Belle Époque, materializado numa espécie de erotismo cósmico (a herança do 'Tristão' ainda paira por aqui...). Essa inclinação perpassa logo no poema que subjaz à presente sonata, onde o Eu procura a sublimação de anseios e desejos numa brilhante e distante estrela – 'mise en abîme' da mulher. A sonata articula-se em dois andamentos: um breve 'Andante' que liga a um vasto 'Prestissimo volando', que significam, respetivamente estatismo e movimento. Apesar da divisão, há uma forte coesão temática (por recorrência e por metamorfose de temas) entre os dois andamentos. A linguagem, densa e muito cromática, articulase sobre uma métrica livre e elástica, e jogos dinâmicos e harmónicos de luz/sombra, terminando numa apoteose, 'ff', de fá# M triunfante.

Quinta 30 Julho 2015 • 16:00 Ludwig van Beethoven Sonata para violoncelo e piano n.º 5, em ré M, op. 102 n.º 2 Esta é a última das cinco sonatas que Beethoven escreveu para a combinação de violoncelo e piano e é datada (como a sua irmã, op. 102 n.º 1) do Verão de 1815. Em termos estilísticos, ela está na antecâmara do chamado “estilo tardio” (ou “3.ª maneira”) de Beethoven e testemunha de modo eloquente no 'Allegro fugato' conclusivo o interesse do compositor pela forma-Fuga nessa fase da sua vida (vide sonatas para piano opp. 106 e 110 e os quartetos tardios). Na verdade, essa é a primeira vez que Beethoven organiza um andamento inteiro como uma Fuga. O 1.º andamento é uma forma-sonata baseada em duas ideias muito contrastantes: a mais agressiva no piano, a mais 'cantabile' no violoncelo. O meditativo Adagio é um dos grandes andamentos lentos de Beethoven e o único andamento de tal carácter nas sonatas para violoncelo: na forma ABA+Coda, ele é um retrato ao mesmo tempo trágico e intensamente humano: a indicação 'molto sentimento d'affetto' do compositor não era para deixar dúvidas! A transição para o totalmente diferente Finale faz-se de forma análoga ao momento homólogo na 1.ª Sinfonia, após o que é exposto o Tema da fuga, depois combinado com um contratema e um 2.º tema, forjando assim uma vasta e muito elaborada fuga “tripla”, um 'tour de force' de contraponto um pouco à maneira do que sucederá na Grande Fuga, op.133 uma década depois. 58


Claude Debussy Sonata para violino e piano, em sol m A Sonata para violino e piano foi a terceira e última que Debussy logrou concluir, dentre o projectado conjunto de seis sonatas para diversos instrumentos que anunciara em 1915 ao seu editor Durand, em resposta à interpelação deste, e com a qual se propunha renovar com a tradição instrumental do tempo de Rameau. Já bastante doente do cancro que haveria de o vitimar em março de 1918, a composição desta obra revelouse por isso mais morosa, havendo sido terminada no final do Inverno de 1917, em Arcachon (perto de Bordéus). A estreia da obra, a 5 de Maio de 1917, em Paris, com o compositor ao piano acompanhando Gaston Poulet, seria a última aparição pública de Debussy. A obra foi dedicada à segunda mulher do compositor, Emma Bardac (18621934). O andamento inicial é uma forma-sonata, apesar de bastante desfigurada por procedimentos que o assemelham à forma rapsódica-cíclica. O 2.º andamento traduz à letra aquilo que diz quanto ao seu carácter: “fantasque et léger, isto é, caprichoso e ligeiro. Há nele ainda algo de brincalhão, de faceteiro, do universo infantil tão caro a Debussy. O andamento conclusivo tem alguns traços de música espanhola e cigana (tipos de desenhos, ritmos), dentro duma forma-rondó bastante regular, com um tema-refrão esquivo e sinuoso.

César Franck Sonata para violoncelo e piano, em lá M Esta é a obra que conhecemos como 'Sonata para violino e piano', datada de 1886 e quiçá a obra mais conhecida de César Franck (1822-1890), como também uma das obras-primas da música de câmara francesa e da combinação de violino e piano. A popularidade cedo granjeada pela versão original foi razão desta transcrição para violoncelo, única autorizada pelo compositor e obra do violoncelista, amigo e colega (ambos ensinavam no Conservatoire) de Franck: Jules Delsart (1844-1900), que também transcreveu para a mesma formação a famosa 'Méditation' da ópera 'Thaïs', de Massenet. A origem desta transcrição está num concerto em Paris, a 27 de Dezembro de 1887, em que a versão original foi tocada. Delsart, que participara nesse concerto enquanto quartetista, abordou Franck e pediu-lhe enfaticamente que o autorizasse a escrever uma transcrição para o seu instrumento dessa obra. Delsart manteve intocada a parte de piano e foi também muito rigoroso na abordagem à linha do violino: à parte a transposição no registo para a adaptar à tessitura do violoncelo, as restantes opções prendem-se apenas com as particularidades de execução do violoncelo (dedilhações e mudanças de posição mais confortáveis; qualidade do som consoante o registo para valorizar o timbre do violoncelo e assim tornar a obra plenamente idiomática). A obra tem quatro andamentos, com o 1.º a servir de pórtico poético e “incubador” temático ao 2.º; o andamento lento em 3.ª posição, o mais original em termos formais; e um 'Finale' muito fluido e de expressão generosa. No seu todo, esta Sonata é uma apoteose da forma cíclica celebrada por César Franck.

Sexta 31 Julho 2015 • 16:30 W. A. Mozart Adagio e Fuga em dó m, KV546 A descoberta (graças ao barão van Swieten) do contraponto “antigo” tal como praticado por J.S. Bach (autor e estilo foram quase por completo esquecidos com a emergência dos estilos Galante e ‘Empfindsam’, precursores do Classicismo) foi motivo 59


para Mozart se exercitar na composição de fugas e de empregar essa forma “severa” na sua própria música. Dois dos exemplos mais notáveis são o ‘Finale’ da ‘Sinfonia 41, 'Júpiter'’ e o 'Kyrie' do 'Requiem'. Este interessa-nos aqui pelo seguinte: ele emprega no seu tema o mesmo intervalo de 7.ª diminuta descendente que a Fuga da obra de hoje. Esta data do final de 1783, sendo portanto contemporânea de obras como a Sinfonia ‘Linz’, a ‘Grande Missa em dó m’ ou os primeiros quartetos dedicados a Haydn e, claro está, do estudo das obras barrocas que o barão van Swieten guardava na sua biblioteca. O tema é apresentado nos violoncelos e depois por ordem ascendente nos restantes. Ele tem duas partes muito distintas e Mozart joga com isso, tratando-as autonoma e alternadamente. Um contra-sujeito surge primeiro no violino I e adquirirá gradual presença na textura. Mas impressionante de facto é a extensa gama de recursos contrapontísticos que Mozart aqui emprega, sempre ao serviço de uma energia e um ímpeto que nunca cedem até final. Antes, ouve-se um ‘Adagio’ que Mozart escreveu em Junho de 1788 (quando escrevia a Sinfonia n.º 39) e que, em apenas 52 compassos, nos mostra um Mozart que é não só um contrapontista consumado, como também capaz das maiores audácias harmónicas, com modulações que percorrem todo o ciclo das quintas. O material principal é composto por um motivo em valores pontuados ao jeito de uma Ouverture, de tom trágico, e de um outro, inquietante, dominado pelo intervalo de meio-tom, sendo que os dois estão separados por um dramático silêncio.

Leos Janácek Quarteto n.º 2, 'Cartas Íntimas' Janácek (1854-1928) é a segunda grande figura da música checa, sendo a contraparte morava ao boémio Dvorák. Se este é associado ao romantismo e nacionalismo, Janácek prossegue a veia nacionalista, mas numa via declaradamente modernista. Os dois quartetos de cordas que nos deixou são ambos programáticos ou, pelo menos, de inspiração extra-musical: o n.º 1, de 1923, foi escrito a partir da novela 'Sonata a Kreutzer' de Tolstoi; o n.º 2, datado do ano da sua morte e escrito em menos de três semanas, foi impulsionado pela sua correspondência com Kamila Stösslová, o grande amor (platónico) dos seus últimos anos, a quem a obra, de resto, é dedicada. Janácek ainda o ouviria numa dupla execução em sua casa, em Maio, mas já não assistiria à estreia pública, pelo Quarteto Moravo, em Brno, ocorrida em Setembro de 1928. A intensidade dos seus sentimentos para com Kamila e a consciência da impossibilidade da sua concretização traduzem-se numa obra invulgarmente expressionista, com centros tonais vagueantes, constantes flutuações de ‘tempo’ e grande liberdade no tratamento temático. O 1.º andamernto tem dois motivos principais muito contrastados, aos quais se juntará depois uma ideia mais lírica, mas o verdadeiro elemento unificador é uma figuração de acompanhamento de feição angulosa que recorre várias vezes. O 2.º andamento (sib m) apresenta variações sobre uma melodia inicial, às quais se segue uma dança em tempo quinário, durante a qual reaparecem os dois motivos do início da obra. O 3.º andamento abre com um ritmo embalante sobre o qual se ergue uma melodia muito lírica, a qual virá a ser entrecortada de exaltadas irrupções ‘Presto’, para acabar num apaziguado ‘Adagio’. O andamento final (láb m-réb M) é um Rondó a partir de um tema dançante de feição rústica, intercalado de episódios líricos. Pelo meio, uma vívida figura de tercinas em contra-ritmos vai ganhando relevo, até lhe caber a última e veemente palavra.

Ludwig van Beethoven Quarteto de cordas n.º 13, em sib M, op. 130, c/ a 'Grande Fuga', op. 133 por final Os cinco últimos quartetos de Beethoven (mais a 'Grande Fuga') ficaram como um dos cumes absolutos da história da música ocidental. Foram compostos no espaço 60


de dois anos, aproximadamente, tendo ocupado o compositor quase integralmente no período que medeia entre a estreia da Nona Sinfonia (Maio de 1824) e poucos meses antes da sua morte, em março de 1827. O “catalisador” para que Beethoven regressasse a este género, que já não praticava desde 1812, foi uma encomenda do príncipe russo Nikolay Galitzin, que lhe pediu três quartetos. Este op. 130 é o último desse trio, sendo os restantes os opp. 127 e 132. Respondendo ao fértil afluxo de ideias que lhe ocorriam, Beethoven comporia ainda mais dois quartetos: os opp. 131 e 135, além de um novo final para o op. 130 (a última obra que concluiu), substituindo o andamento conclusivo primitivo – precisamente a 'Grande Fuga' (que hoje tem o número de opus autónomo de 133), que no presente concerto regressa à sua posição original. O opus 130 data do final do Verão de 1825 e foi estreado no primeiro dia de Primavera de 1826, pelo Quarteto Schuppanzigh, em Viena. Constitui-se em seis andamentos, todos muito diferenciados no carácter. O primeiro é uma forma-sonata que, mais que dois temas, opõe dois 'tempi' diferentes. Os andamentos 2-4 inscrevem-se, em graus e modos diferentes, na órbita do ScherzoMenuetto, com incorporações populares-rústicas mais acentuadas nos 2.º (Trio) e no 4.º (aqui, até ao quase grotesco), sendo o 3.º mais inclassificável. Sucede-lhes o “coração pulsante” da obra: a Cavatina, o nome derivado de um tipo de ária breve de entrada na ópera. Marcada 'Adagio molto espressivo', com uma escrita de tipo vocal, dela disse Beethoven que “talvez nunca obra alguma minha tenha tido um tal efeito sobre mim”. Fazer suceder este andamento de um grandioso monólito (mais de 15' de duração) como a Grande Fuga (concepção original e assim realizado na estreia) só está ao alcance de “gigantes” como Beethoven! Após um andamento que é uma “espiral” até ao silêncio, a Grande Fuga é uma espiral ininterrupta – dir-se-ia um remoinho! – indo aos limites opostos da expressão instrumental, sendo a expressão máxima do interesse que o Beethoven tardio nutriu por esta forma musical. Ela articula-se como uma fuga dupla, em que os dois temas principais se vêm a confrontar numa verdadeira batalha, da qual o tema-gerador inicial (também sujeito da fuga 2) sai vencedor, para uma Coda enfim os reconciliar e fundir num ritmo de 'tarantella' napolitana!

Sexta 31 Julho 2015 • 20:30 Joseph Haydn Sinfonia n.º 64, em lá M, 'Tempora mutantur' Esta obra (1773?) é perfeita contemporânea da sinfonia e concerto de Mozart que constam deste programa. Enquanto Mozart estava em Salzburgo ao serviço do príncipe-arcebispo Colloredo, Haydn estava em Eisenstadt (ou Fertöd) ao serviço do príncipe Eszterházy. Ela é um dos exemplos finais do chamado período ‘Sturm und Drang’ do compositor (grosso modo, entre 1766 e 1774), uma fase experimental e amiúde extremada, sensível a vários níveis nas suas sinfonias dessa época. O subtítulo desta sinfonia é o início de um epigrama moralizante e de tom pessimista da autoria do poeta isabelino John Owen, encontrado nas partes manuscritas da sinfonia, escrito pelo próprio punho de Haydn. Esta sinfonia é original do início ao fim, não cessando de nos surpreender, ao mesmo tempo que exibe aquela mestria perfeitamente condensada e concisa de que Haydn detinha o segredo. O ‘Allegro com spirito’ é uma forma-sonata com dois temas, com um notável trabalho motívico, ao ponto de se poder falar quase de um “estudo de contrastes”. Esse propósito pode perfeitamente ser estendido ao ‘Largo’, que para mais é uma forma livre ao jeito de uma ‘Fantasia’. O ‘Menuetto’ é comparativamente menos aventuroso (atente-se, porém, ao percurso harmónico do ‘Trio’), mas o enérgico ‘Presto’ final é outro trecho inclassificável, sendo composto por três temas que se vão alternando (e modulando), numa forma-sonata (mesmo) muito modificada. 61


W. A. Mozart Concerto para violino n.º 4, em ré M, KV218 Os cinco concertos para violino e orquestra deixados por Mozart datam todos do mesmo ano: 1775 (este n.º 4 é de Outubro), e destinaram-se aos concertos de Mozart com a Orquestra da Capela de Salzburgo, muito provavelmente com ele próprio como solista. São obras onde predomina o estilo galante (o mundo das suas serenatas e divertimentos não anda longe) e a influência italiana, a que Mozart junta o seu inconfundível melodismo, numa fusão feliz de brilho, lirismo e elegância. O melodismo de que falávamos é no presente concerto sensível, sobretudo, no andamento lento central: uma forma em arco com ‘cadenza’ e coda finais, tendo três elementos temáticos principais, sendo o 3.º um curioso episódio muito galante. Por outro lado, o ‘Rondeau’ conclusivo, cujo galante tema-refrão é sugerido pelo violino no ‘Andante’, apresenta numerosas mudanças de ritmo e de tempo (de 2/4 para 6/8) nos seus vários episódios, destacando-se um em que há um efeito de bordão a fazer lembrar uma sanfona. O andamento inicial é uma forma-sonata, com uma introdução orquestral com dois temas e um motivo, todos três sendo depois apresentados e elaborados pelo violino solista. Este introduz o breve Desenvolvimento (como também a Reexposição), fazendo a sua ‘cadenza’ mesmo antes da coda, como é habitual. ‘Ah, lo previdi…Ah, t’invola agl’occhi miei… Deh, non varcar”, cena de concerto, KV272 Este conjunto de recitativo (Allegro risoluto, em lá m), ária (Allegro-Adagio, em dó m) e cavatina (Andantino-Allegro, em sib M) data do Verão de 1777 e foi estreado em Salzburgo, a 15 de agosto desse ano, expressamente para um concerto que nessas data e local fez o soprano Josepha Duschek (1754-1824). O texto provém do libreto de Cigna-Santi para a ‘Andromeda’ de Paisiello e narra o momento em que a desesperada protagonista, julgando que o seu amado Perseu se suicidou, se entrega primeiro à raiva ante a incapacidade de Euristeu para travar tal acto, para depois se entregar à resignação e a uma ideia luminosa da morte, sítio onde enfim se poderá juntar a Perseu. Musicalmente, esta é a primeira grande ária dramática de Mozart e momento-charneira da sua escrita vocal. O ambiente dramático e vigoroso do recitativo é prosseguido na elaborada e atormentada ária. Um importante recitativo acompanhado/arioso faz a transição para a enfim distendida cavatina ‘Deh, non varcar’, onde a voz tem por contracanto um doce oboé e tudo termina num breve ‘Allegro’ sobre as palavras ‘Voglio venir com te’.

Haydn Concerto para violoncelo n.º 1, em dó M Haydn (1732-1809) deixou-nos dois concertos para violoncelo, cuja autenticação de autoria data só do pós-II Guerra Mundial. Este terá sido composto para Joseph Weigl, violoncelista virtuose da Orquestra de Eszterhazy e é em cerca de uma década anterior à ‘Sinfonia n.º 64’. A estreia moderna da obra ocorreu em 1962, em Praga, tendo adquirido enorme popularidade logo nos anos seguintes. Os três andamentos obedecem à forma-sonata, mas o 1.º e o 3.º têm ainda traços da forma ritornello do Barroco. Os andamentos 1 e 2 têm ‘cadenze’. A escrita para o solista é plenamente idiomática, explorando bem as potencialidades tímbricas do instrumento ao longo de toda a tessitura, o seu ‘cantabile’ tanto quanto os ‘carnudos’ graves, e reclamando agilidade em passagens rápidas em notas repetidas, melodias no registo agudo e bruscas mudanças de posição/de registo. Tudo enquadrado num grande equilíbrio formal e de contrastes. 62


O ‘Moderato’ inicial é basicamente monotemático, com Haydn a servir-se ainda de algumas ideias melódicas secundárias, ao passo que o solista traz também material novo. O poético ‘Adagio’, em fá M, só com cordas, apresenta também um só tema, muito gracioso, sendo de salientar a bela fusão que Haydn consegue aqui entre solista e orquestra. O ‘Allegro’ conclusivo é exuberante e irrequieto, quase um ‘moto perpetuo’ onde a inventiva de Haydn nunca esmorece – nem o solista, tal o “trabalho” que tem! Aqui, um 2.º tema plangente, em menor, contrasta com o propulsivo 1.º tema.

Mozart ‘Misera, dove son!... Ah! non son’io che parlo’. KV369 Este recitativo e ária de concerto foi concluído a 8 de Março de 1781, em Munique, pouco depois da estreia muito auspiciosa da sua ópera ‘Idomeneo’ nessa cidade, e dedicada à cantora amadora, condessa Josepha Paumgarten von Lerchenfeld, que terá feito a estreia em âmbito privado. O texto provém do libreto ‘Ezio’, de Metastasio, poeta da corte de Viena e narra o momento em que Fulvia, que trocou juras de amor com Ezio, e ciente das acções empreendidas por seu pai, Massimo, contra Ezio (difamou-o e prendeu-o, depois) reflecte sobre esses acontecimentos e sobre o dever filial que a obriga a não denunciar o próprio pai. Uma introdução orquestral precede o recitativo acompanhado ‘Misera, dove son!...’ (‘Andante sostenuto’), que se faz ‘arioso’ na transição para a ária ‘Ah! non son’io che parlo’. Esta mantém o clima (e o ‘tempo’) precedente até ao ‘Allegro’ que entra em ‘Non cura il ciel tiranno’, onde Fulvia exprime a sua ira por o céu não a fulminar com um raio. Sinfonia n.º 29, em lá M, KV201 Esta sinfonia é, a par da Sinfonia n.º 25 (chamada de 'Pequena sinfonia em sol m', por oposição à famosa n.º 40, também nessa tonalidade) a mais conhecida sinfonia do 1.º período de Mozart (a charneira faz-se entre as sinfonias 34 e 35). Ela data de 1774, sendo por isso em pouco posterior ao regresso de Mozart da sua 3.ª (e longa) viagem por Itália. Mas é mais para Mannheim, cuja orquestra era a mais famosa e inovadora à época, que esta obra se vira. Ao nível formal, ela tem a particularidade de todos os andamentos, excepto, como é óbvio, o 'Menuetto' (sempre um ABA, em que B é um 'Trio'), estarem em formasonata. O 'Allegro' inicial tem por tema inicial um motivo que tem tanto de gracioso como de potencialmente tensivo (sequência ascendente de intervalo de oitava descendente+nota repetida com meio-tom final). Aparecem depois outros dois temas. O Desenvolvimento é breve e original, pois trabalha a “atmosfera” da exposição em vez do seu material temático! O ‘Andante’ é uma forma em arco repetida e um “viveiro” de belas melodias, seja na condução, seja no acompanhamento. O ‘Menuetto’ é inusual pelo seu tema e não está distante de congéneres suas nas serenatas mais elaboradas de Mozart. O Trio traz o ‘legato’ a uma paisagem circundante de ritmos marcados e pontuados. O ‘Finale’ exacerba a atmosfera do ‘Allegro’ inicial: o 1.º tema domina por completo (incluindo o Desenvolvimento, de novo breve) todo o andamento, com a “ajuda” de uma rápida escala ascendente. Uma ‘Coda’ jubilosa vem fechar este trecho pleno de ímpeto.

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Sábado 1 Agosto 2015 • 12:00 Joseph Haydn Quarteto em sib M, op. 76 n.º 4, 'Aurora' Compositor inovador em múltiplos domínios, Haydn (1732-1809) elevou sozinho o quarteto de cordas à mais alta e refinada expressão da música instrumental. Os seus mais de 70 quartetos descrevem um arco temporal de quase 40 anos, tendo sido publicados quase todos eles em grupos de seis. Os quartetos do op. 76 foram a última dessas séries de seis quartetos de Haydn publicada. Datam de 1796 ou 1797 e neles se inclui (como n.º 3) um dos mais conhecidos quartetos de Haydn: o 'Imperador', assim chamado por conter no 2.º andamento a melodia que conhecemos hoje como o hino da Alemanha. O quarteto de hoje é conhecido por 'Aurora' devido ao tema que aparece logo de início (e depois recorre ao longo do andamento): uma melodia ascendente no violino I, com os restantes instrumentos a sustentar um acorde da tónica, como se fosse o sol a elevar-se por sobre o horizonte. O 'Adagio' usa como tema principal um motivo de cinco notas derivado da citada melodia do violino, que depois é variado livremente, ao jeito de uma Fantasia. No Menuetto, avulta o Trio, o qual, com as suas síncopas, notas-pedal e cromatismos, tem um ar vagamente balcânico. O 'Finale', sobre um tema de contradança, é vigoroso e elegante. Nele, uma forma ABA' dá lugar a uma forma livre, que cresce em velocidade e energia até ao paroxismo final, num contraste absoluto com a quietude com que a obra iniciara.

Ottorino Respighi 'Il Tramonto', para soprano e quarteto de cordas Esta obra bastante original data de agosto de 1914 e foi estreada a 1 de Maio de 1915, na Academia de Santa Cecília, em Roma, tendo por solista o meio-soprano Chiarina Fino Savio (1878-1969), uma das musas de Respighi (1879-1936). ‘Il Tramonto’ é a tradução italiana (por Roberto Ascoli) do poema 'The Sunset', escrito em 1815 por Percy Bysshe Shelley (1792-1822), o qual, como se sabe, viveu a parte final da sua vida em Itália (faleceu num naufrágio ao largo da Versilia). O poema, de estilo gótico, tem por protagonista um jovem casal. Vai do idílio ao êxtase, após o que sobrevém a tragédia (morte dele) e a desolação (vida posterior dela). Este percurso é posto em paralelo com a sucessão dia-noite-dia, num processo não dissimilar do que sucede no 'Tristão' wagneriano. Respighi chamou-lhe “poemetto lirico”, mas esta obra é aparentada a uma cantata descrevendo uma cena: o poema de Shelley, também ele formado de vários “momentos”. A linha vocal alterna o cantabile com o arioso, o recitativo e o estilo declamado ‘parlato’ (e até o ‘recto tono’), com frequentes interlúdios instrumentais e mudanças de ‘tempo’ e de compasso. O momento capital da obra é no início da 2.ª estrofe (o poema são duas grandes estrofes), quando ela o descobre morto: o mi M transforma-se aí num acorde de mi m da Sensível, ao que sucede uma descida cromática com articulação enfática. O quarteto de cordas tem a dupla função de criar atmosfera e de sublinhar certas palavras específicas ou passagens do poema.

Franz Schubert Quinteto em dó M, D956 Datado dos últimos meses de vida de Schubert (1797-1828), este Quinteto é portanto contemporâneo dessoutras obras-primas que são as três últimas sonatas para piano (D958-60) e os 'Lieder' de Heine que seriam integrados na colecção 'O Canto do Cisne', D957. Desta obra, três marcas, antes de mais: a preferência de Schubert por um 2.º 64


violoncelo, em vez da mais costumeira 2.ª viola (como Mozart sempre fez); a concepção claramente orquestral que subjaz a esta obra (não por acaso, o violinista Gidon Kremer fez uma transcrição para orquestra de cordas); e a duração sinfónica – cerca de 50 minutos – semelhante à da sua Sinfonia n.º 9, D944, obra com a qual aliás partilha a tonalidade: dó M. Dito isto, deixemo-nos maravilhar perante uma das grandes obras-primas do Romantismo! Cabe ainda dizer que a obra só seria ouvida em 1850, em Viena e editada três anos depois. O 1.º andamento, após uma introdução lenta, apresenta-se como uma forma-sonata (com repetição obrigatória da Exposição) de grande riqueza temático-motívica, com a originalidade do 2.º tema estar em mib M e de a Reexposição começar em fá M. O 'Adagio' é uma forma ABA, com A em mi M e B num dramático fá menor, estabelecendo um cavado contraste com a calma elegíaca e nocturna que impera na secção A. Esta regressa por inteiro, mas no final, Schubert faz nova alusão ao fá menor central. O 3.º andamento é um verdadeiro, robusto e fogoso 'Scherzo' ('Presto' em dó M, na forma ternária) que leva as possibilidades dos cinco instrumentos aos limites, com uma secção central (Trio, em réb M) contrastante: um 'Andante sostenuto' (como o 2.º andamento da Sonata D960) que mistura a atmosfera do início da obra com um ritmo que lembra uma marcha fúnebre, manuseado com extremo requinte harmónico e que se desvanece, enigmático... O Finale é uma forma Rondó-Sonata de tom popular, com três temas principais, que enfim confere uma atmosfera mais descontraída a esta obra, não sem estabelecer “ligações” com os andamentos 1 e 3. Mesmo no final, Schubert relembra o drama com aquele penúltimo acorde-apogiatura no ”grau napolitano” (ré bemol), fazendo que a obra termine sem nos deixar pacificados. Um toque genial!

Sábado 1 Agosto 2015 • 16:30 W. A. Mozart Missa breve em fá M, KV192 Esta é a mais longa “Missa breve” de Mozart e, nela, o compositor claramente ultrapassa os cânones do género, num todo em que é patente um grande equilíbrio entre as partes instrumentais e as partes vocais, sendo que estas revelam já uma grande preocupação, por parte de Mozart, de torná-las veículo da expressão mais profunda do texto. Esta Missa está datada do dia de São João de 1774 e é também conhecida por “Pequena Missa do Credo”. O ‘Kyrie’ começa com uma introdução orquestral muito galante, após o que o coro entra em imitações. Tem solos do soprano e do contralto. O ‘Gloria’ e o ‘Credo’ apresentam-se em formas ritornello. Realce sobretudo para o ‘Gloria’, onde é evidente uma vontade de unidade formal e anímica por parte de Mozart. No ‘Credo’ surge um motivo unificador de quatro notas que mais não é senão o motivo inicia do ‘Finale’ da ‘Sinfonia 41’! Saliente-se a ida ao dramático fá menor no ‘Et incarnatus’ e o ‘fugato’, em dó m, sobre o ‘Crucifixus’. ‘Sanctus’ e ‘Benedictus’ são de carácter intimista, com intervenção dos quatro solistas no segundo. O ‘Agnus dei’ desenvolve-se num surpreendente ‘Adagio’, cabendo aos solistas (soprano-contraltotenor) dizer a frase inicial, a cada vez, o coro respondendo. Só para ‘Dona nobis pacem’ entra um ‘Allegro moderato’ luminoso, com que conclui.

Niccolò Jommelli Requiem, em mib M Niccolo Jommelli (1714-1774) foi uma figura importante no contexto da música europeia do segundo século XVIII, embora hoje esteja ainda um pouco esquecido. Interessante para nós, portugueses, é a ligação próxima que manteve com a corte portuguesa de D. José, havendo sido estabelecido um contrato, segundo o qual 65


Jommelli (que o rei procurou em vão aliciar para a corte de Lisboa) deveria enviar a cada ano para Lisboa uma ópera séria e uma bufa. A missa para o Ofício de defuntos que hoje escutamos é anterior à sua ligação com Lisboa e data do seu período de Estugarda/Ludwigsburg. Ela data de Fevereiro de 1756 e foi escrita para as exéquias fúnebres de Maria Augusta von Thurn und Taxis (1706-56), mãe do duque de Württemberg, Karl Eugen (1728-93), ao serviço do qual Jommelli estava desde 1753. Este Requiem tornar-se-ia na obra desse género mais famosa em toda a Europa, só sendo destronado no início do século XIX pelo Requiem de Mozart. Para termos uma ideia, quando em 1788 Gluck morreu em Viena, Salieri, compositor da corte imperial, decidiu organizar um concerto memorial e a obra que escolheu dirigir foi este Requiem. Ela também foi muito popular em Lisboa – como aliás toda a música de Jommelli, fossem óperas, fosse música sacra – e há uma famosa descrição de William Beckford de uma execução dessa obra na Basílica dos Mártires, em Novembro de 1787, onde ele se refere à “famosa composição” e conta como ouvi-la nessa ocasião o comoveu profundamente. Por Ernesto Vieira sabemos ainda que a obra continuou a ser ouvida em Lisboa até ao virar do século XX. Para quatro solistas, coro, cordas e órgão, este ‘Requiem’ está na tonalidade de mib M e apresenta-se em 15 secções (todas nessa tonalidade), com um ‘Libera me’ conclusivo em várias subsecções. Jommelli deve ter recebido “na hora” o pedido de uma nova Missa de Defuntos, daí que tenha, ao que consta, escrito a obra em três dias! Fez por isso recurso de obras suas anteriores para várias das secções deste Requiem, numa prática muito corrente no Barroco (vide Bach): o ‘Kyrie’, o ‘Christe’, a conclusão da ‘Sequentia’ em ‘Et in saecula, Amen’ ou a secção em estilo fugado ‘Quam olim Abrahae’ são alguns exemplos dessas “reciclagens”. Ao nível composicional, nota-se a justaposição de procedimentos de contraponto eclesiástico (chamado já “antigo” nesta época) – incluindo uma fuga dupla para ‘Pie Jesu’ –, com influências claras da ‘opera seria’, de que são exemplo os solos do soprano no ‘Benedictus’, do contralto em ‘Mors stupebit’ e do baixo na ‘Tuba mirum’. Avulta nesta obra o cuidado observado por Jommelli de dar à obra coesão, nomeadamente recorrendo a repetições como factor integrativo; mas também a estabilidade tonal e de ‘tempi’. A rica orquestração contribui, por outro lado, para conferir à obra variedade e expressividade acrescidas. No seu todo, a obra recusa uma visão temerosa ou uma descrição terrível da morte, preferindo antes uma ambiência serena e contemplativa ante esse momento supremo, de encontro à prática da Igreja Reformada na qual a corte de Württemberg se inscrevia.

Sábado 1 Agosto 2015 • 21:00 Zarzuelas Os cinco excertos de zarzuela constantes deste programa provêm de outras tantas obras nesse género, todas elas bastante conhecidas: a zarzuela ‘El Bateo’, de Federico Chueca (1846-1908) é uma obra no género 'chico' (isto é, pequeno) e data de 1901. O 'Prelúdio' tem a particularidade de cruzar a ambiência espanhola com a da valsa vienense, que surge pouco após o motivo inicial dado no trompete. ‘La boda de Luís Alonso’, em um acto, de Gerónimo Gimenez (1854-1923), data de 1897 e é um dos clássicos da zarzuela. O 'Intermezzo', que tem uma parte opcional de castanholas a solo, é um desfilar de temas apelativos bem repartidos pelos vários naipes, incluindo um bem famoso, dado pelas cordas. ‘El Tambor de Granaderos’, de Ruperto Chapí (1851-1909) é também uma zarzuela em um acto, datada de 1896. O seu 'Prelúdio', que se desenvolve em 'crescendo', evidencia grande coesão de construção, com quatro componentes principais melódicas ou rítmicas que se vão sucedendo, para serem combinadas perto do final. 66


‘Doña Francisquita’, de Amadeo Vives (1871-1932) é uma zarzuela (género 'grande') ou comédia lírica em 3 actos, sendo outro dos mais universais títulos da zarzuela. Estreou em 1923. O 'Fandango' que aqui se ouve, de forma ABA, é anunciado no trompete, sendo que esse instrumento assume o protagonismo na parte B. Na parte A predomina um motivo rítmico de acompanhamento de sabor todo espanhol. Por fim, outro título do género 'chico': ‘Agua, azucarillos y aguardiente’, de novo de Chueca, do mesmo ano de 'Luís Alonso'. O 'Prelúdio' tem um tema em ritmos pontuados, a que sucede outro, mais dançante, numa orquestração variada que por vezes faz lembrar Rossini. Mesmo antes do final, uma voz entoa o pregão que dá o nome à obra: “Água, azucarillos y aguardiente'!

Eurico Carrapatoso Canção da Urze A iniciar a 2.ª parte, ouvimos ‘A Canção da Urze’, partitura escrita em 1997-98 pelo compositor Eurico Carrapatoso (n. 1962) como homenagem a Miguel Torga (19071995), transmontano como ele. A obra, que se assume como uma reflexão sobre o texto de Torga 'Um Reino Maravilhoso' (cujo referente é Trás-os-Montes) foi estreada em Março desse ano, em Bragança, pela Orquestra do Norte (donde partiu a encomenda), dirigida por José Ferreira Lobo. É uma obra de perfume modal, por onde perpassam memórias da canção rústica, da pastoral francesa (o autor refere a 'Pastorale d'été', de Honegger) e do canto gregoriano (o 'Angelus domini' de Sábado de Aleluia), num todo de grande força telúrica e cálido, ainda se despojado, lirismo. Diz o autor: “A minha música evoca o universo (...) de Torga, que é também o meu: o meu 'granito' que 'protesta'; o meu xisto que ferve; a minha urze que assobia no vento Alvão.” Ao longo desta noite, Kátia Guerreiro irá interpretar os seguintes fados: Amor de mel, amor de fel • Letra: Amália Rodrigues, Música: Carlos Gonçalves Tenho um amor Que não posso confessar... Mas posso chorar Amor pecado, amor de amor, Amor de mel, amor de flor, Amor de fel, amor maior, Amor amado! Refrão: Tenho um amor Amor de dor, amor maior, Amor chorado em tom menor Em tom menor, maior o Fado! Choro a chorar Tornando maior o mar Não posso deixar de amar O meu amor em pecado!

Foi andorinha Que chegou na Primavera, Eu era quem era! Amor pecado, amor de amor, Amor de mel, amor de flor, Amor de fel, amor maior, Amor amado! 67


Refrão: Tenho um amor Amor de dor, amor maior, Amor chorado em tom menor Em tom menor, maior o Fado! Choro a chorar Tornando maior o mar Não posso deixar de amar O meu amor em pecado! Fado maior Cantado em tom de menor Chorando o amor de dor Dor de um bem e mal amado!

Asas • Letra: Maria Luísa Baptista, Música: Georgino de Sousa (Fado Georgino) É no teu corpo que invento Asas para o sofrimento Que escorre do meu cansaço. Só quem ama tem razão Para entender a emoção Que me dás no teu abraço.

Eu quero lançar raízes E viver dias felizes Na outra margem da vida. Solta os cabelos ao vento, Muda em riso esse lamento, Apressemos a partida. Aceita o meu desafio, Embarca neste navio, Rumo ao sol e ao futuro. Corta comigo as amarras Que nos prendem como garras A um passado tão duro. Esquece o tempo e a dor, Pensa só no nosso amor, Vem, dá-me a tua mão. Sobe comigo a encosta, Porque quando a gente gosta Ninguém cala o coração.

Fado dos contrários • Letra: Rui Machado, Música: José Marques (Fado Triplicado) Anda o mundo a girar Numa roda singular Inconstante e fugidia Contra o fraco dança o forte Para ver quem tem mais sorte Não dançou quem não sabia 68


Entretido nesta andança Quem tropeça cai avança Diz que a culpa é da idade Faz demais e não devia Que podia e não sabia Dos enguiços da vontade Assim vamos que afinal Anda torto e desigual O direito do avesso Sem relógio ou calendário Meu balanço é ao contrário Rodo e finjo que me esqueço

Até ao Fim • Letra: Vasco Graça Moura, Música: Tiago Bettencourt intensamente, amor intensamente ponho na minha voz esta saudade que é feita de futuro no presente e na ilusão é feita de verdade intensamente, amor intensamente desesperando, amor desesperando por mesmo assim eu não te dizer tudo mesmo ao lembrar-me de onde e como e quando teu coração mudou mas eu não mudo desesperando, amor desesperando até ao fim, amor até ao fim do mundo tal qual Pedro e Inês aqui te espero aqui me tens a mim neste mísero estado em que me vês até ao fim, amor até ao fim, amor até ao fim Quero cantar para a lua • Letra: Amália Rodrigues, Música: Pedro de Castro Quero cantar para a lua Deixem-me cantar na rua Pois foi da rua que eu vim Vim da rua, vim das pedras Nada sei das vossas regras Regras não são para mim 69


Deixem-me chorar ao vento Deixem andar meu lamento Pode ser que chegue ao céu Deixem-me o meu pensamento Que embora seja tormento Que seja, mas seja meu?

Mentiras • Letra: Rita Ferro, Música: Pedro de Castro Gostava muito de ti Mas não posso gostar mais As mentiras que me pregas São facadas, são punhais Olha quando me enganaste Com a maluca da maria Juraste mais que três vezes Pela alma da tua tia A minha mãe apanhou-te A beijá-la no barranco A mim disseste que foste Levantar dinheiro ao banco

E quando já desvairada Te obriguei a confessar Alegaste não ter culpa Dela ser espectacular Que estupidez exigir-te Honradez e seriedade Consegues que doa menos A mentira que a verdade Faz-me portanto um favor Nunca deixes de enganar-me Se as mentiras matam gente As tuas podem salvar-me

Nove Amores • Letra e Música: Paulo de Carvalho São nove os amores que eu vivo Que trago dentro do peito São ilhas de mil encantos Terras de gente que amo Que choro, que rio e que sou Como viver com o espanto Deste mar à minha volta Azul por dentro dos olhos Verde por dentro da alma Da espuma branca dos dias 70


Eu sou uma ilha Esta terra é minha mãe E minha filha Sou uma voz para o seu canto Terra que eu amo tanto São nove as filhas que sei Viagens de sonhos doces Companheiras dos antigos Que cantam a luz dos tempos Nas ilhas dos meus amores

Domingo 2 Agosto 2015 • 10:30 W. A. Mozart Missa breve em sib M, KV275 Esta Missa, também conhecida por ‘Missa do Loreto’, data do final de Setembro de 1777 e foi a última obra completada por Mozart antes da partida para a longa viagem com a mãe que os haveria de levar a Paris e no decurso da qual a sua mãe faleceu e Mozart conheceria Constanze Weber, sua futura mulher. Ela foi executada no 4.º Domingo de Advento de 1777, na Igreja de São Pedro, em Salzburgo, tendo como soprano solista o ‘castrato’ Francesco Ceccarelli, recém-contratado para a capela do Arcebispo Colloredo, muito elogiado por Leopold Mozart. É uma obra concisa, singela, mas que consegue atingir não obstante grande força expressiva, graças a uma cada vez mais evidente capacidade de Mozart para transpor para as linhas instrumentais e vocais o produto das suas reflexões sobre o potencial dramático do texto sacro. No breve ‘Kyrie’, o soprano entra a solo, respondendo o coro e o ‘Christe’ é fundido com o segundo ‘Kyrie’. O ‘Gloria’ é um ‘Allegro’ praticamente sem repetições ou ornamentações. O ‘Cum Sanctu Spiritus’ é o usual ‘fugato’. A mesma vontade de brevidade e de avançar depressa se verifica no ‘Credo’ (‘Allegro’), só para o ‘Et incarnatus’ (dueto soprano/tenor) se abrandando, entrando o coro no ‘Crucifixus’, regressando o ‘Allegro’ no ‘Et resurrexit’. O ‘Sanctus’ começa num tranquilo ‘fugato’, cortado pelo rápido ‘Hosanna’. O mais recolhido ‘Benedictus’ é deixado ao soprano solista. Em sol menor (até ao ‘Dona nobis pacem’), o ‘Agnus Dei’ é a secção mais extensa e elaborada da obra e dele se desprende uma intensidade que é expressão de dor, com recurso a cromatismos, de resto raros no resto da obra – o patético início é disso, aliás, bem ilustrativo! Como “contrapeso”, Mozart regressa à tónica e dá 150 compassos ao ‘Dona nobis pacem’ (introduzido pelo soprano, depois tomado pelos restantes solistas), numa atmosfera de jubilosa alegria.

Domingo 2 Agosto 2015 • 16:00 Edvard Grieg Sonata para violino e piano n.º 2, em sol M, op. 13 Esta obra, a segunda que Grieg escreveu para esta combinação instrumental e datada do Verão de 1867, foi designada pelo próprio de “minha sonata nacional”, desse modo realçando a influência que na sua gestação e composição tiveram certos traços (melódicos e rítmicos) da música e danças tradicionais norueguesas (inflexões modais, a dança ‘springar’ ou o estilo do violino de Hardanger, por exemplo). A sua composição durou apenas três semanas e coincidiu com a lua-de-mel de Grieg, que casara com 71


Nina Hagerup em Copenhaga, em Junho e se acabara de fixar em Christiania (hoje: Oslo). Grieg dedicou a obra ao seu amigo violinista e compositor Johan Svendsen, que contudo não a estreou. A estreia deu-se em Oslo a 16 de Novembro de 1867, com Grieg ao piano e Gudbrand Böhn, concertino da Filarmónica de Oslo, no violino. A influência da música tradicional (ritmos de danças norueguesas) é patente sobretudo nos andamentos extremos. O 1.º, na forma-sonata, tem uma introdução ‘Lento doloroso’ (inicialmente em sol m) que serve para criar uma particular atmosfera e que apresenta a célula motívica donde derivará o material melódico principal de todo o andamento. O 2.º andamento está no tom relativo (mi menor) e na forma ABA’. A secção A, apesar do tempo comedido, não esconde o carácter dançante. De novo, o material temático provém de uma célula exposta logo no início. A secção B, tão importante como a A, está em sol M (tónica). O Finale usa uma híbrida forma rondó-sonata/tripartida. A sua vivacidade melódica, variedade rítmica, elasticidade métrica e interessante planeamento harmónico concluem esta sonata de forma muito convincente.

José Vianna da Motta Romanze para violino e piano Não sendo, porventura, das obras mais significativas de Vianna da Motta, esta Romanza em Ré M exibe um requintado lirismo e notável consistência formal. Uma incursão central a sib M permite ao compositor utilizar uma longa ponte harmónica no regresso à tonalidade-base. A simplicidade esclarecida deste trecho faz-nos lamentar ainda mais o desaparecimento da sua Sonata para violino e piano.

Claude Debussy Sonata para violino e piano, em sol m A Sonata para violino e piano foi a terceira e última que Debussy logrou concluir, dentre o projectado conjunto de seis sonatas para diversos instrumentos que anunciara em 1915 ao seu editor Durand, em resposta à interpelação deste, e com a qual se propunha renovar com a tradição instrumental do tempo de Rameau. Já bastante doente do cancro que haveria de o vitimar em março de 1918, a composição desta obra revelouse por isso mais morosa, havendo sido terminada no final do Inverno de 1917, em Arcachon (perto de Bordéus). A estreia da obra, a 5 de Maio de 1917, em Paris, com o compositor ao piano acompanhando Gaston Poulet, seria a última aparição pública de Debussy. A obra foi dedicada à segunda mulher do compositor, Emma Bardac (18621934). O andamento inicial é uma forma-sonata, apesar de bastante desfigurada por procedimentos que o assemelham à forma rapsódica-cíclica. O 2.º andamento traduz à letra aquilo que diz quanto ao seu carácter: “fantasque et léger, isto é, caprichoso e ligeiro. Há nele ainda algo de brincalhão, de faceteiro, do universo infantil tão caro a Debussy. O andamento conclusivo tem alguns traços de música espanhola e cigana (tipos de desenhos, ritmos), dentro duma forma-rondó bastante regular, com um tema-refrão esquivo e sinuoso.

Jenö Hubay Carmen-Fantasie Jenö Hubáy (1858-1937) nasceu Eugen Huber numa família de expressão alemã instalada em Budapeste. Violinista famoso e insigne músico de câmara (tocou com Brahms), foi mestre de muitos grandes violinistas da primeira metade do século XX. Foi ainda um prolífico compositor, com mais de 120 números de opus ao longo de mais de seis décadas, além de numerosas transcrições, incluindo uma orquestração da 72


‘Chaconne’ da ‘Partira em ré m’, para violino solo, de Bach. Esta ‘Carmen, Fantaisie brillante’ datará de 1877 e é baseada, com o nome indica, em temas da ópera ‘Carmen’, de Bizet, que estreara em 1875, em Paris. Hubay tê-la-á escrito na expectativa da sua estreia em na capital francesa, ocorrida em Maio de 1878 e dedicou-a a Henri Vieuxtemps, violinista virtuose e compositor como ele. Á imagem de Hubay, também Pablo de Sarasate e Franz Waxman escreveram Fantasias a partir de temas da ‘Carmen’. Esta desenvolve-se num único andamento, por onde vão passando vários dos temas mais populares da ópera, como a Abertura (com o “motivo do Destino”), a ‘Habanera’, a ‘Canção do Toreador’, a ‘Marcha dos Toreadores’ e a ária de Micaela, outros tantos pretextos para o solista proceder a ornamentações e digressões virtuosísticas que exploram todas as possibilidades de virtuosidade e de sonoridade (pois também há momentos mais melódicos e líricos) do violino, não sem cuidar também da parte de piano, que nunca é secundarizada.

Domingo 2 Agosto 2015 • 19:00 Felix Mendelssohn Octeto em mib M, op. 20 A par da Abertura para o 'Sonho de uma Noite de Verão', este Octeto é uma das maravilhas do (muito) jovem Mendelssohn, que a escreveu aos 15-16 anos: uma obraprima onde tudo é perfeito, levando Schumann a falar de uma inédita “perfeição tão grande num mestre tão jovem”. Neste octeto, não estamos perante dois quartetos de cordas, mas sim perante uma obra escrita para dois pares de violinos, um par de violas e outro de violoncelos, numa concepção absolutamente inovadora à época. Terminada em Outubro de 1825, ela terá sido estreada pouco depois, certamente num concerto em casa dos Mendelssohn. Em quatro andamentos, ela abre com um tema de uma nobreza luminosa que imediatamente identifica o seu autor. Essa forma-sonata inicial tem dois temas principais e um motivo melódico-rítmico, também com consequências formais. O Desenvolvimento é breve e todo baseado no 1.º tema e a Coda apresenta um desenvolvimento terminal. O belíssimo ‘Andante’ é outra forma-sonata de inesgotável invenção melódica e admirável trabalho temático-motívico. No ‘Scherzo’ (‘Allegro leggierissimo’, ainda uma forma-sonata), inspirado por versos do episódio da ‘Noite de Walpurgis’ do ‘Fausto’ de Goethe, temos o primeiro exemplo da “música élfica” de Mendelssohn, essa música que intenta representar os seres fantásticos que habitam as florestas germânicas à noite. O ‘Finale’ é outra maravilha de construção (e de audição, claro!), numa forma bastante livre em que o denominador comum é o contraponto, em certos momentos deveras elaborado. Refira-se o 2.º tema principal, muito aparentado ao tema da fuga do ‘Hallelujah’ do Messias de Händel; e a reaparição do motivo inicial do ‘Scherzo’.

Edvard Grieg Suite 'Holberg', em sol M Esta suite é uma das composições mais conhecidas do norueguês Edvard Grieg (18431907), sendo ouvida quase sempre na versão para orquestra de cordas (o original é para piano solo). A obra data de 1884 e foi escrita como homenagem ao bicentenário do nascimento do dramaturgo Ludvig Holberg (1684-1754), considerado o pai do renascimento literário norueguês e dinamarquês (os territórios estavam então unidos sob a coroa dinamarquesa) e apelidado de “o Molière do Norte”. Para mais, Ludvig era o mais ilustre conterrâneo de Grieg: ambos nasceram em Bergen! Um outro traço interessante nesta obra é o seu neo-classicismo 'avant la lettre', prática recorrente na segunda metade do século XIX, à medida que foi crescendo o interesse 73


e o conhecimento dos grandes mestres do Barroco. Daí que a obra seja até mais “neobarroca”, embora contendo par a par procedimentos harmónicos neo-barrocos e românticos. Logo neo-barroca é a designação de 'Suite' dada à obra, e tal como nos séculos XVII e XVIII, é um conjunto de danças o que no interior encontramos, após o Prelúdio introdutório: Sarabande (dança lenta), Gavotte e Musette (danças moderadas, a primeira cortesã, a segunda, em dó M, rústica), Air ('ária', em sol m) e Rigaudon (dança rápida). Mas no interior de cada andamento encontramos muitos procedimentos típicos da era barroca, ao nível de perfis das melodias, tipos de acompanhamento (walking-bass, bordões, détaché, marchas harmónicas), ornamentação, inclusão de 'galanteries', encadeamentos harmónicos e percursos tonais., testemunhando um aturado estudo da música antiga por parte de Grieg. A 'Sarabanda' e a 'Ária' dão ainda oportunidade a bonitos solos de violoncelo.

W. A. Mozart Dueto ‘Prenderò quel brunettino’ (KV588) Este dueto integra a ópera ‘Così fan tutte’, estreada em Janeiro de 1790, em Viena, e última colaboração de Mozart com o libretista Lorenzo Da Ponte. O momento em que aparece este dueto situa-se no início do 2.º e último acto, quando a criada Despina convence as ainda reticentes Dorabella e Fiordiligi (irmãs) a deixarem-se cortejar pelos “albaneses” (na verdade, os seus noivos disfarçados, cada um querendo seduzir a noiva do outro). A frase que dá o título ao dueto é “Tomarei para mim o moreninho” e é cantada por Dorabella, a mais volúvel das duas… Ária ‘L’amerò, sarò costante’ (KV208) Esta ária é extraída da ópera (ou serenata) ‘Il re pastore’, sobre libreto de Metastasio, que Mozart escreveu aos 19 anos e que estreou em Abril de 1775 em Salzburgo, por ocasião da visita à cidade de um dos filhos da imperatriz Maria Teresa. No cenário de um conflito entre amor e poder, esta ária aparece na cena 6 do acto II, no momento em que Alessandro (da Macedónia) está prestes a transigir nos casamentos por amor de Aminta (o “rei pastor”, papel originalmente para um soprano ‘castrato’) com Elisa e de Agenore com Tamiri. Num ‘Andantino’ em tempo ternário, em mib M, a ária, com um violino ‘obbligato’, é uma afirmação da devoção amorosa de Aminta por Elisa. Serenata n.º 13, em sol M, 'Eine kleine Nachtmusik', KV525 Datada do Verão de 1787, quando Mozart compunha o ‘Don Giovanni’, esta obra para quinteto com contrabaixo ou ensemble de cordas é das mais universalmente conhecidas da música clássica. Ela é na verdade uma floração tardia do género da Serenata no seio da produção de Mozart, que compôs numerosas obras nesse género (indistintamente chamadas de Serenata, Divertimento ou Cassação) nos seus anos de Salzburgo. A obra deveria ter originalmente cinco andamentos, mas o primeiro Menuetto-Trio (que se ouviria logo depois do ‘Allegro’ inicial) foi retirado pelo autor ou perdeu-se. O 1.º andamento é uma forma-sonata com três temas principais, sendo que o primeiro deles determina os temas iniciais dos restantes andamentos. O Desenvolvimento, muito breve (como convém a uma Serenata) começa com o tema 1, mas é o 3 que domina, aparecendo o 2 só como alusão; o 2.º andamento, ‘Romanze’ (em dó M), apresenta uma longa frase com dois temas, o primeiro dos quais, derivado do tema principal do 1.º andamento, é dotado daquele melodismo “pairante” tipicamente mozartiano. Esta forma aparentada ao rondó (AbacA-coda) tem dois episódios contrastantes (herança tardia das ‘galanterien’ barrocas?): o primeiro é uma variação a 74


partir dos temas principais, ao passo que o segundo (em dó menor), com o seu motivo de três notas, é mais inquieto e algo obsessivo. O Menuetto tem traços bem marcados e o Trio central apresenta articulação contrastante. O ‘Allegretto’ conclusivo está na forma rondó-sonata, com dois temas, mas o primeiro sendo predominante. A Coda expande o 1.º tema para concluir esta obra cheia de luz.

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Biografias - Biographies ordenadas alfabeticamente pelo nome próprio / in alphabetical order by first name

ANNA-DORIS CAPITELLI Italiana de nascimento, fez estudos superiores de canto em Münster e, desde 2011, em Hannover. Já se apresentou com diversas orquestras e ensembles num repertório que vai de Mozart e Rossini até Villa-Lobos e Britten. Anna-Doris Capitelli já foi premiada em diversas competições e é bolseira de três instituições. Neste Festival de Marvão, estreia-se ao lado do Quarteto Hugo Wolf e da Orquestra de Câmara de Colónia. Born in Italy, in 1991, ‘mezzo’ Anna-Doris Capitelli studied in Münster and Hannover, also receiving precious advice from Brigitte Fassbaender. She’s a prize-winner from various competitions and a recipient of several scholarships. She regularly performs as a soloist with orchestras and chamber groups all over Germany and in Spain and South Africa. In the opera house, she sang the leading role in Rossini’s ‘Cenerentola’ and Hermia in Britten’s ‘Midsummer Night’s Dream’.

ANTÓNIO EUSTÁQUIO Virtuose da guitarra portuguesa, o portalegrense António Eustáquio é o grande portaestandarte do guitolão, instrumento idealizado por Carlos Paredes e construído pelo 'luthier' Gilberto Grácio, em 2005. Dos três guitolões que hoje existem, o “n.º 1” é de Eustáquio, que em 2005 gravou no guitolão um DVD promocional de Marvão. Ao longo de uma carreira de várias décadas que já passou um pouco por toda a Europa, António Eustáquio foi criando agrupamentos para projectos específicos, como o Quarteto do Sol, o Sons do Tempo e ainda a Camerata Lusitana, com a qual gravou dois discos dedicados a concertos de Bach e Vivaldi transcritos para guitarra portuguesa solista (2002 e 2005). Foi co-fundador do Conservatório Regional de Portalegre. Editou em 2015 um disco em duo com Carlos Barretto. For the past decade, Portuguese guitar (Fado-guitar) virtuoso António Eustáquio has been the flagbearer of 'guitolão', a bigger- and darker-sounding sort of Portuguese guitar aimed at the concert stage which was first conceived of by the famous Portuguese guitar virtuoso Carlos Paredes. In fact, Eustáquio owns the first-built 'guitolão' (only three are extant to this day). Within a career spanning over several decades, in Portugal and all across Europe, Eustáquio has been keen in creating different ensembles for specific projects of his, like Quarteto do Sol, Sons do Tempo or Camerata Lusitana (with which he recorded two CD's featuring Vivaldi and Bach concertos transcribed for Portuguese guitar acting as soloist. His latest release (2015) features his newly-created duo with doublebassist Carlos Barretto. He was a co-founder of Portalegre Regional Conservatoire. 76


CAPELLA DURIENSIS Sediada no Porto, a Capella Duriensis (CD) foi criada em 2010. Desde então, já se apresentou nos principais festivais portugueses e, no estrangeiro, em Inglaterra e na Holanda (Festival de Utrecht). O seu primeiro CD, ‘Música sacra de Portugal’, foi editado em 2013 e dedicado ao rito bracarense. Em 2014, estabeleceram um acordo com a Naxos, que prevê a gravação de (pelo menos) três CD, sob o título ‘Obras-primas vocais portuguesas dos séculos XVI e XVII’. Foram os representantes portugueses no projecto ‘Música dos Ritos Medievais’ do Euroradio, sendo os seus concertos transmitidos para toda a Europa. Em agosto de 2015, terá lugar o ‘Summer Singing’, primeiro Curso Internacional de Canto Coral, no Mosteiro de Tibães (Braga). O repertório da Capella Duriensis, para além da polifonia portuguesa, inclui também monodia medieval, cantos da tradição Ortodoxa russa, repertório sacro do século XX e harmonizações de canções da Europa oriental. Fundador, maestro e director artístico da CD é o organista e pianista inglês Jonathan Ayerst. Constituem a Capella Duriensis, actualmente, um total de 17 cantores [5,4,4,4]. Founded in 2010, Capella Duriensis is an 'a cappella' choir based in Oporto. They've performed all over Portugal and, abroad, in various locations in England (including London) and in the renowned Ancient Music Festival in Utrecht (Netherlands). Their first recording, 'Sacred Music from Portugal' (issued 2013) was devoted to the medieval Braga cathedral rite of the Roman Church. From 2014, they're recording for Naxos label, for which they'll be issuing an initial 3-CD series under the title 'Portuguese Vocal Masterpieces from the 16.th and 17.th centuries'. They represented Portugal in the 'Music of the Medieval Rites'-project of Euroradio and their concerts therein were broadcast Europe-wide. In August, 2015, they'll be starting a 'Summer Singing' choral academy in the Tibães Monastery (near Braga). Besides the 'a cappella' polyphony by the great Portuguese masters from the Renaissance/Mannerism and early Baroque periods, their repertoire includes Medieval monody, chants from the Russian Orthodox Church, 20.th century sacred repertoire, and harmonizations of Eastern European folksongs. British pianist, organist and choral conductor Jonathan Ayerst is their founder, Artistic Director and Chief Conductor. Capella Duriensis has a total of 17 singers, divided [5,4,4,4].

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CARLOS BARRETTO Contrabaixista de excepção, compositor, artista plástico, Carlos Barretto é de há muito um dos mais internacionais músicos de jazz portugueses e uma referência no meio. Uma carreira brilhante pontuada por mais de uma dezena de álbuns gravados em nome próprio e por colaborações em discos de outros artistas – quase um “whos's who” do jazz actual. Mais recentemente, vem enveredando por sonoridades mais mediterrânicas, de que é exemplo o recente disco em duo com António Eustáquio (guitolão). An exceptional musician and composer, but also active as a visual artist, doublebassist Carlos Barretto has long been one of the most international among Portugal's jazz musicians and a reference among jazz bassists. He displays a brilliant career punctuated by more than a dozen albums under his own name, apart from many artistic collaborations with leading musicians of today's jazz scene. As of lately, he's been venturing into a more “Mediterranean” sound, a trend illustrated in his recent release co-authored with guitar player António Eustáquio (see above).

CESÁRIO COSTA Nascido no Porto, em 1970, Cesário Costa é um dos mais activos maestros portugueses da actualidade, tendo dirigido todas as orquestras portuguesas e numerosas a nível internacional, da Europa ao Extremo Oriente e Américas. Foi presidente da direcção da AMEC (estrutura que administra as orquestras e escolas da Metropolitana, em Lisboa) e Director Artístico e Maestro Titular da Orquestra Metropolitana. Até final de 2014, foi titular da Orquestra Clássica do Sul, sendo agora seu Maestro Convidado Principal. Muito interessado também na divulgação da música contemporânea, já dirigiu mais de uma centena de obras em estreia absoluta. Neste campo, destaca-se ainda a sua actividade com a OrchestrUtopica (Lisboa). Born in Oporto, in 1970, Cesário Costa is one of today’s most sought after Portuguese conductors, both in Portugal and internationally, having conducted all the major Portuguese orchestras and many abroad, from Europe to the Far East and the Americas. He was the Artistic Director and Chief Conductor of Lisbon Metropolitan Orchestra and, up to the end of 2014, he was in charge of Orquestra Clássica do Sul, of which he is now Principal Guest Conductor. Also very keen on performing contemporary music, Cesário Costa has a record of conducting more than a 100 world premieres. In this field, it should also be pointed out his close association with Lisbon-based OrchestrUtopica.

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CLARA JUMI-KANG Nascida em 1987, em Mannheim, de pais coreanos, Clara é uma sobredotada e foi uma menina-prodígio: aos cinco anos fez a sua estreia profissional, com a Sinfónica de Hamburgo, e aos 9 gravou dois discos, um dos quais a solo, para a Teldec. Em 2011, editou ‘Modern solo’, para a Decca. Além de concertista com orquestra, Clara também faz música de câmara, por exemplo com Gautier Capuçon, Cho Liang Lin e Kyung-Wha Chung. Tocou o Stradivarius ‘ex-Gingold’ (de 1683) até ao ano passado e, desde então, toca o Guarneri ‘ex-Moeller’, de 1725. Recebeu recentemente o 5.º Prémio no Concurso Tchaikovsky de Moscovo, um dos mais prestigiados do mundo. Born in Mannheim (Germany), in 1987, to Korean parents, Clara showed from a very early age an exceptional disposition towards the violin, and she made her professional debut as a soloist with orchestra aged only 5, with the Hamburger Symphoniker. At 9, she recorded two discs for the Teldec label, one of them a solo recital. In 2011, 'Modern solo' was released in the Decca label. Besides performing with orchestra, Clara is also an active chamber musician and the likes of Gautier Capuçon, Cho Liang Lin and Kyung-Wha Chung are regular partners in this domain. Clara played the 'exGingold' Stradivari (1683) up to 2014, and plays the 'ex-Moeller' Guarneri (1725) since. She recently won 5th Prize in the world-renowned Moscow Tchaikovsky Competition.

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CHRISTOPH POPPEN

Desde o início da sua carreira de maestro que o nome de Christoph Poppen é sinónimo de uma programação inovadora e de um compromisso com a divulgação da música do nosso tempo. Frequentemente solicitado enquanto maestro convidado, já dirigiu muitas das mais importantes orquestras da Alemanha, Áustria, Holanda, Estados Unidos, Brasil, Espanha, Itália, Singapura e Estónia. Desde a última temporada, é maestro convidado principal da Orquestra de Câmara de Colónia. Antes disso, foi director artístico da Orquestra de Câmara de Munique (1995-2006) e da Orquestra da Rádio de Saarbrücken (2006-2011), tendo coordenado o processo de fusão dessa última com a Orquestra da Rádio de Kaiserslautern. Na ópera, o seu repertório vai de Gluck a Claude Vivier, tendo dirigido nas óperas de Frankfurt, Estugarda, Essen e Innsbruck, entre outras. Em termos discográficos, Christoph Poppen gravou maioritariamente para a ECM Records e para a Oehms Classics um repertório que contempla tanto autores modernos (Mansurian, Gubaidulina, Hartmann, Scelsi, Martin, Widmann) como clássicos (Haydn, Schubert, Mozart, Mendelssohn, Tchaikovsky). Antes de se dedicar à direcção, Poppen foi co-fundador, em 1978, do Quarteto Cherubini. Como violinista, alcançou especial destaque o CD ‘Morimur’, com o Hilliard Ensemble. Enquanto pedagogo, é actualmente professor de violino e música de câmara na Escola Superior de Música e Teatro de Munique. Antes disso, leccionou nasescolas superiores de Detmold e Hanns Eisler de Berlim (à qual também presidiu, 1996-2000). De 2001 a 2005 foi director artístico do Concurso Internacional de Música da ARD. Na presente temporada, o maestro Poppen fez uma muito bem sucedida digressão pela Ásia com o violinista Gidon Kremer e teve grandes êxitos à frente da Orquestra de Câmara de Colónia, de que é Maestro Principal. Desde Abril deste ano, ele é Maestro Convidado Principal da Sinfonietta de Hong-Kong. Developing a busy guest conducting career, Poppen has already conducted many of the main orchestras in Germany, Austria, the Netherlands, the United States, Brazil, Spain, Italy, Singapore and Estonia. From the Season 2013-14 he’s principal guest conductor of the Cologne Chamber Orchestra. Before that, he was artistic director of the Munich Chamber Orchestra (1995-2006) and of the Saarbrücken Radio OrcheStra (2006-11), having been in charge of the process that led to the fusion of this body with the KaiSerSlautern Radio OrcheStra. In Opera, his repertory ranges from Gluck to Claude Vivier, having conducted productions at the opera houses of Frankfurt, Stuttgart, Essen and Innsbruck, among others. His discography is mainly on the ECM Records and Oehms Classics Labels and explores a wide repertory, from classics such as Haydn, Schubert, Mozart, Mendelssohn or Tchaikovsky to modern authors, like Mansurian, Gubaidulina, Hartmann, Scelsi, Widmann or Frank Martin. Before comitting himself to conducting, Poppen, a violinist by formation, waS cofounder of the Cherubini String Quartet in 1978. Within his discography from that time, the cd ‘morimur’, in which he played along with the Hilliard Ensemble, stand out. Also a noted pedagogue, Poppen holds a violin and Chamber Music position at the Hochschule Munich. Beforte that, he taught at the Hochschule Detmold and at theHanns Eisler Hochschule Berlin, which he also presided (1996-2000). From 2001 to 2005, he was artistic director of the Ard International Music Competition. In the current season, Mr. Poppen made a successful Asian tour with famous violinist Gidon Kremer and triumphed with the Cologne Chamber Orchestra, of which he is Principal Conductor. He was made Principal Guest Conductor of the Hong-Kong Sinfonietta starting April 2015. 80


DANJULO ISHIZAKA O voloncelista germano-nipónico, Danjulo nasceu em Bona, em 1979. O seu mestre mais marcante foi Boris Pergamenchikov, com quem estudou ao longo de seis anos, em Berlim. Já tocou com muitas das mais importantes orquestras europeias e japonesas e, nos EUA, com a Sinfónica de Baltimore; em festivais, como os Proms de Londres, o de Lucerna ou o de Páscoa de Salzburgo. Em Março de 2006, estreou-se no Carnegie Hall, em Nova Iorque. Em 2015, empreende uma digressão internacional com o pianista Shai Wosner, promovendo o seu mais recente CD (Onyx), com obras de Grieg, Janácek e Kodály. A sua gravação de obras de Schubert com o Quarteto Pavel Haas (na Supraphon) ganhou o Prémio Gramophone de música de câmara no ano passado. Danjulo toca o Stradivarius ‘ex-Feuermann’ (de 1730) e o Schnabl, que pertenceu a Pergamenchikov. Born in Bonn, in 1970, to a German mother and a Japanese father, cellist Danjulo Ishizaka was a student of famous Russian cellist Boris Pergamenshikov (1948-2004) in Berlin during the last six years of the latter's life. He has performed with many of the leading orchestras in Europe and Japan, and in the USA, with the Baltimore Symphony. He was also a guest artist at the BBC Proms, the Lucerne Festival and Salzburg's Easter Festival. In March, 2006, he made his debut at New York's Carnegie Hall. In 2015, he and pianist Shai Wosner will be doing a concert tour associated with the release of their latest CD (on Onyx), featuring works by Grieg, Janácek and Kodály. Danjulo's recording of Schubert works with Pavel Haas Quartet (on Supraphon label) won the Gramophone Award 2014 for Best Chamber Music Recording. Danjulo plays the 1730 'ex-Feuermann' Stradivari (which belonged to Emanuel Feuermann and Steven Isserlis) and also a Schnabl cello which belonged to Pergamenshikov.

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ESTÁGIO GULBENKIAN DE ORQUESTRA O EGO é um programa criado pela Fundação Gulbenkian em 2013, com o objectivo de dar experiência de orquestra a jovens músicos portugueses ou formados em Portugal. A primeira apresentação pública ocorreu em Fevereiro de 2014, por ocasião da inauguração do renovado Grande Auditório da Fundação Gulbenkian. Nessa ocasião, tocaram obras de Richard Strauss e Berlioz sob a direcção de Joana Carneiro. Em Setembro, apresentaram-se de novo na Gulbenkian, no âmbito do Festival Jovens Músicos, tocando Tchaikovsky e Dvorák. Este ano, a obra escolhida para o estágio e digressão é a poderosa ‘Sinfonia n.º 5, em dó# menor’, de Gustav Mahler, de novo sob a direcção de Joana Carneiro. Constituem o EGO cerca de 80 músicos, de idades compreendidas entre os 17 e os 25 anos. The Gulbenkian Orchestral Workshop (GOW) is a pedagogical project created by the Gulbenkian Foundation in 2013. Its main goal is to allow young Portuguese (or graduated in Portugal) musicians to obtain orchestral experience in a near-professional ambiance. Their first public appearance was in February 2014, when they played works by Berlioz and Richard Strauss under conductor Joana Carneiro, also the Artist Director for GOW, in Gulbenkian’s main concert hall. In September they performed in that same venue, presenting this time works by Tchaikovsky and Dvorák. This year, the piece chosen for their Summer workshop is Mahler’s Fifth Symphony, again with conductor Joana Carneiro. The GOW Orchestra is comprised of over 80 young musicians, aged between 17 and 25.

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FELIX MARIA WOSCHEK Felix Maria Woschek vem construindo desde há muitos anos uma reputação enquanto músico do mundo e embaixador intercultural. Ele possui o dom raro de conseguir fundir diferentes culturas musicais nas suas 'performances', de modo a empregar a música como linguagem universal e unir as pessoas e as culturas para além de todas as diferenças e clivagens. Felix aprendeu o seu ofício musical desde a infância, enquanto aluno da famosa Escola Catedralícia de Canto de Aachen, onde adquiriu um profundo conhecimento e uma muito ampla perspectiva da música sacra do Ocidente. Seguiu-se depois a aprendizagem da guitarra clássica com Masayuki Hirayama e Tadashi Sasaki. Desde cedo que desejou extravasar os limites da música clássica estrita, pelo que se decidiu a vivenciar outras culturas musicais. Viajou pelo mundo e hoje o seu repertório compreende elementos musicais das culturas indiana, árabe, persa, judaica, europeia e sul-americana, os quais Felix combina numa nova expressão musical. A sua numerosa discografia é um veículo da descoberta da riqueza cultural da sua música. Os seus concertos são momentos de introspecção e de meditação e já por ocasião dos vários concertos que fez no 1.º Festival de Marvão, a sua música única tocou os corações dos ouvintes. Felix Maria Woschek is a “collector of Songs” that comes from 30 years ago with songs originating from the traditions, cultures and diverse religions. His purpose in doing so is to provide the listener an experience of unity that transcends the particular world views or religious-cultural nature. Their repertoire includes songs of Judaism, Islam, Christianity, Hinduism and Indian tribes of North America. Felix Maria Woschek describes himself as a bridge builder who runs the world with his music, and including as ambassador for peace in troubled regions.

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HILLIARD ENSEMBLE O quarteto vocal ‘a cappella’ britânico Hilliard Ensemble é um dos agrupamentos mais marcantes a nível mundial no domínio da música antiga (Idade Média e Renascimento) e contemporânea do último meio século, tendo atingido um estatuto verdadeira e merecidamente lendário. Após 40 anos de actividade ininterrupta, ao longo dos quais houve várias mudanças na sua formação, o Hilliard fez em 2014 a sua digressão de despedida, que passou por Portugal (Festival Terras Sem Sombra) e terminou a 20 de Dezembro, no Wigmore Hall, em Londres. O concerto em Marvão é, portanto, um concerto extraordinário. A sua numerosa e premiadíssima discografia encontra-se distribuída pela EMI/Virgin, Hilliard Live, Coro e, sobretudo, ECM. Neste último selo, destacam-se os três discos com o saxofonista norueguês Jan Garbarek e também ‘Morimur’, com o violinista alemão Christoph Poppen (e o soprano Monika Mauch), justamente o tema do concerto que farão em Marvão. Constituem o Hilliard Ensemble o contratenor David James, os tenores Rogers CoveyCrump e Steven Harrold e o barítono Gordon Jones. Influential British vocal quartet Hilliard Ensemble has helped define our aural landscape over the past half century through their concerts and numerous recordings. From their beginnings, in 1974, they committed themselves to the music of the Middle Ages and Renaissance, on one side, and to contemporary music, on the other, developing close and productive relationships with leading modern composers. In the end of 2013, the group announced that they would embark on a lengthy tour through 2014, after which they would disband. The tour included Portugal, where they performed within the 'Terras Sem Sombra' Festival in southern Alentejo (April, 2014), and the final concert was at London's Wigmore Hall, last December. Thus, their concert in Marvão will be a very special, unique occasion. They have an extensive, multi-prized discograpohy, mainly for the German label ECM, for which they recorded several of their epoch-making CD's. Among these, is the threefold, top-selling collaboration with Norwegian saxophonist Jan Garbarek, and also 'Morimur', with violinist Christoph Poppen and soprano Monika Mauch. The Hilliards are David James (countertenor), Rogers Covey-Crump and Steven Harrold (tenors), and Gordon Jones (baritone).

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HORÁCIO FERREIRA

Nascido perto de Santa Comba Dão, em 1988, Horácio Ferreira fez os seus estudos em Coimbra, Espinho e Porto (aqui, com António Saiote), após o que rumou a Madrid, para estudar na Escola Superior de Música Rainha Sofia, onde ainda hoje se encontra, como bolseiro, entre outras, da Fundação Gulbenkian. Foi o vencedor do Prémio Jovens Músicos 2014 na categoria Clarinete-Nível Superior, cinco anos após haver ganho o Nível Médio no mesmo certame. Foi-lhe igualmente atribuído o Prémio Silva Pereira para o melhor Jovem Músico do Ano. Faz reforço na Sinfónica Portuguesa e na Filarmonia das Beiras e integra o projecto Orquestra XXI. Born in Santa Comba Dão (Central-Northern Portugal) in 1988, Horácio Ferreira studied in Coimbra, Espinho and Oporto, where he was a student of António Saiote. He then went to the Queen Sofia College of Music, in Madrid, where he still is, benefiting from a scholarship from Lisbon’s Calouste Gulbenkian Foundation. He was the winner of the national Young Musicians Competition in 2014 for clarinet (Advanced Level), five years after having won that same competition, but in the Medium Level. In last year’s event, he was also the recipient of the Conductor Silva Pereira Prize for the Best Young Musician of the Year. He is a regular extra player in the Portuguese Symphony Orchestra and Beiras Philharmonia and he’s also a member of the Orchestra XXI project of young Portuguese musicians studying/working abroad.

JOANA CARNEIRO

Maestrina Joana Carneiro, nascida em 1976, é hoje já uma das personalidades de maior visibilidade da música clássica portuguesa, inclusivé a nível internacional. Formada na Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO), rumou depois aos EUA, onde viria a ser assistente de Esa-Pekka Salonen na Filarmónica de Los Angeles. É desde 2009 titular da Orquestra Sinfónica de Berkeley (Califórnia) e, desde o início de 2014, maestrina principal da Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP). Além disso, é maestrina convidada da Orquestra Gulbenkian e directora artística do Estágio Gulbenkian para Orquestra. Desenvolve além disso uma activa carreira de maestrina-convidada em orquestras internacionais. O seu repertório, para lá das grandes obras sinfónicas, contém uma importante parcela de música do nosso tempo. Born in 1976, in Lisbon, Joana Carneiro is one of today’s most well-known Portuguese personalities in the domain of classical music, both in Portugal and abroad. A graduate from the National Orchestral Academy, in Lisbon, Joana then settled in the USA, where she eventually became Esa Pekka Salonen’s Assistant Conductor at the Los Angeles Philharmonic. She has been Artistic and Music Director of Berkeley Symphony Orchestra since 2009, and Principal Conductor of Portuguese Symphony Orchestra since 2014. She holds the rank of Guest Conductor with Gulbenkian Orchestra and is also the artistic Director of the Gulbenkian Orchestral Workshop, besides. She pursues a busy schedule internationally, from Europe and North America to Australia and New Zealand. Her repertory comprises in equal terms both the big orchestral warhorses and contemporary music 85


JONATHAN AYERST Pianista, organista, maestro coral e compositor, Jonathan Ayerst fez estudos superiores na Royal Academy of Music, em Londres e é membro do Royal College of Organists. É desde 2000 o pianista do Remix Ensemble da Casa da Música (Porto) e, de 2009 a 2011, foi assistente do maestro Paul Hillier à frente do Coro Casa da Música. Em 2010, criou o coro Capella Duriensis, de que é titular e director artístico, tornando-o em pouco tempo num dos mais destacados coros portugueses. Enquanto pianista, gravou a obra de Liszt para violino e piano com Chris Nicholls (Hyperion). Active as a pianist, organist and choral conductor (and once, also as a composer), Jonathan Ayerst is the artistic and musical director of Capella Duriensis, an ‘a cappella’ group which he founded in 2010 and soon raised to be one of the best choral ensembles in Portugal. He is also the pianist for the renowned contemporary music group Remix Ensemble from Casa da Música (Oporto), and he’s a Fellow of the Royal College of Organists, besides. Also within Casa da Música, he was assistant conductor to Paul Hillier in Casa da Música Choir (2009-11). As a pianist, he recorded Liszt’s complete work for violin and piano with Chris Nicholls, for Hyperion label.

JOSÉ VALENTE Nascido em 1989, em Lisboa, fez estudos superiores na ESART Castelo Branco, onde estudou com Paulo Jorge Ferreira. Entre outros mestres com quem trabalhou, contase Mika Väyrinen. Já tocou com a Sinfónica do Porto na Casa da Música e com a Orquestra Metropolitana no CCB e, em recital, no Palácio Foz. Foi em 2014 o vencedor do Prémio Jovens Músicos na categoria Acordeão-Nível Superior, recebendo ainda o prémio da União Europeia de Competições Musicais para Jovens. Born in Lisbon, in 1989, accordeonist José Valente studied under the guidance of Paulo Jorge Ferreira at ESART’s College of Music in Castelo Branco and he also attended masterclasses with, for instance, Mika Väyrinen. He has performed with Oporto Symphony Orchestra at Casa da Música and with Lisbon’s Orquestra Metropolitana at Centro Cultural Belém, and, as a recitalist, in Lisbon’s Foz Palace. He was the winner in the category Accordeon-Advanced Level within Portugal’s Young Musicians Prize 2014, being also awarded the European Union of Music Competitions for Youth Prize.

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JULIAN RIEM Natural de Munique, estudou na sua cidade natal, em Paris (com Michel Béroff) e em Basileia, com Rudolf Buchbinder. Divide a sua actividade entre apresentações como solista, acompanhador de ‘Lied’ e músico de câmara. Seus parceiros habituais são os quartetos Velit e Novus, a violinista Clara Jumi-Kang e a violoncelista Raphaela Gromes. O seu repertório abrange os clássicos, mas também muita música contemporânea, incluindo Stockhausen, Boulez, Ligeti e Messiaen. Tem vindo com regularidade a Portugal, tendo-se apresentado várias vezes no Centro Cultural de Almancil e em 2013 no CCB, em Lisboa, por ocasião dos Dias da Música. Native of Munich, Julian studied there, first, and then in Paris (with Michel Béroff) and later in Basle (with Rudolf Buchbinder). He is active, both as a recitalist and a chamber musician, and he's also a frequent accompanist to singers in 'Lieder' recitals. He performs regularly with Novus and Velit string quartets, with violinist Clara Jumi-Kang and cellist Raphaela Gromes. Besides the traditional repertoire, Julian often performs works by modern masters, like Stockhausen, Boulez, Ligeti or Messiaen. He's been a regular guest in Portugal, where he has performed thrice at Centro Cultural Almancil (Algarve) and once at the 'Dias da Música ' Festival in Lisbon (2013).

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JULIANE BANSE Um dos mais importantes sopranos líricos da actualidade. A sua versatilidade permitelhe abordar com igual êxito óperas de Mozart (Bodas de Fígaro, Don Giovanni, La clemenza di Tito, Così fan tutte), de que é uma consumada intérprete, e de autores contemporâneos, como Heinz Holliger (foi Branca de Neve na estreia da ópera do mesmo nome, em 1998), passando por nomes como Beethoven (‘Fidelio’), Schumann (‘Genoveva’), Tchaikovsky (‘Eugene Onegin’), Wagner (‘Mestres Cantores de Nuremberga’), Johann Strauss (‘O Morcego’), Richard Strauss (‘Arabella’, com a qual se estreou este ano no Met de Nova Iorque), Franz Schreker (‘Der ferne Klang’), Paul Hindemith (‘Cardillac’) ou Walter Braunfels (‘Joana d’Arc’), actuando nos mais importantes teatros de ópera do mundo e sob a direcção dos mais eminentes maestros. Também é muito requisitada no repertório de concerto e é um dos grandes expoentes actuais na interpretação de ‘Lied’. A estreia operática de Juliane Banse deu-se em 1989, na ‘Flauta Mágica’, de Mozart, na Komische Oper de Berlim. Quatro anos depois, ganharia o 1.º Prémio no Concurso Internacional Franz Schubert, com um júri que incluía os nomes de Elisabeth Schwarzkopf e Dietrich Fischer-Dieskau. Natural da Suábia, Juliane Banse estudou em Zurique e em Munique, aqui com Brigitte Fassbaender. A sua discografia estende-se desde desde J. S. Bach até à actualidade (Penderecki, Holliger, Widmann, Kurtág), abrangendo mais de 70 títulos, tendo vários discos seus sido premiados internacionalmente. Na presente temporada, triunfou num 'Così fan tutte' no Liceu de Barcelona, num 'Lohengrin' na Ópera de Amesterdão e n''O Morcego' na Ópera Estatal de Viena. Juliane Banse is one of the most noted lyric sopranos on the international scene today. Her versatility allows her to approach with equal success operas by Mozart (...), a composer of which she is a consummate interpreter, and by modern authors, like the Swiss Heinz Holliger (she created, and recorded, the role of Snow White in the opera by that name, which premiered in Zurich, in 1998). In between, her repertoire includes the leading roles in operas by Beethoven (‘Fidelio’), Schumann (‘Genoveva’), TchaikovSky (‘Eugene Onegin’), Wagner (‘MeiSterSinger’), Johann Strauss (‘Fledermaus’), Richard Strauss (‘Arabella’, in which she made her debut at the metropolitan opera last February), Franz Schreker (‘Der Ferne Klang’), Paul Hindemith (‘Cardillac’) or Walter Braunfels (‘Joan of Arc’), which she sings at the world’s most important opera houses, under the baton of the most eminent conductors. She has also a busy schedule in the concert repertoire and she is one of today’s most admired ‘lied’ interpreters. Juliane made her operatic début in 1989 in a production of mozart’s ‘Magic Flute’ at the Komische Opera, in Berlin. Four years later, she was awarded 1st. prize in the Franz Schubert International Singing Competition, by a jury which included the likes of Elisabeth Schwarzkopf and Dietrich Fischer-Dieskau. A native of Swabia (Southern Germany), Juliane Banse studied in Zurich and later in Munich with Brigitte Fassbaender. Also very active as a chamber musician, Veronika plays regularly with Lars Vogt, Martin Helmchen, Renaud Capuçon or Antoine Tamestit. Her discography ranges from the works of J. S. Bach to modern compositions by Penderecki, Holliger, Widmann or Kurtág, comprising over 70 releases, many of which won her international diwtinctionw. In the current season, Mrs. Banse's portrayals of Fiordiligi ('Così fan tutte') in Barcelona's Liceu, of Elsa ('Lohengrin') in the Amsterdam Opera and of Rosalinde ('Fledermaus') in the Vienna State Opera drew high praise. 88


MASSIMO MAZZEO Violetista e maestro, estudou em Veneza e aperfeiçoou-se com Wolfram Christ (viola solista da Fil. Berlim), após o que empreendeu carreira como violetista, apresentando-se a solo, em grupos de câmara (com Accardo, Canino, Mazdar) ou integrando orquestras (Santa Cecilia Roma, RAI Roma), cedo se interessando ainda pela interpretação historicamente informada da música pré-romântica (estuda com Christophe Coin e Fabio Biondi). Em Portugal, integrou a Orquestra Metropolitana e a Sinfónica Portuguesa. Cria em 2003 a Orquestra Barroca Divino Sospiro, que depressa se torna o melhor agrupamento do género em Portugal e de que é director artístico e, frequentemente, maestro. Tem discografia na BMG, Erato e na harmonia mundi (francesa e alemã). Active both as a viola player and a conductor, Massimo Mazzeo studied in Venice and later with Wolfram Christ, principal viola of the Berlin Philharmonic. He then pursued a busy career as a violist, performing as a soloist with orchestras, in chamber music (with the likes of Accardo, Canino and Mazdar), or joining orchestras, such as Santa Cecilia Rome or RAI Roma. He developed an interest in historically informed performance, studying with Christophe Coin and Fabio Biondi. In Portugal, he joined first the Orquestra Metropolitana, and then the Portuguese Symphony, both in Lisbon. He is the founder (in 2003) and Artistic Director of Divino Sospiro Baroque Orchestra, which soon became the best ensemble in its genre in Portugal and which he often also conducts. He recorded for BMG, Erato, Dynamic and harmomia mundi (French and German branches).

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ORQUESTRA BARROCA DIVINO SOSPIRO A OBDS é uma formação dedicada às interpretações historicamente informadas de música dos séculos XVII, XVIII e algum XIX, incluindo os compositores portugueses dessas épocas (p.ex., as oratórias de Pedro António Avondano). Foi criada em 2003 por Massimo Mazzeo, seu director artístico e estreou-se oficialmente na Festa da Música do CCB, nesse mesmo ano. A formação-base da OBDS é de 15 a 20 músicos e o seu director musical é o reputado violinista e maestro italiano Enrico Onofri. Já se apresentaram nas principais salas e festivais em Portugal e, no estrangeiro, em prestigiados festivais em França, Espanha, Itália, Japão e EUA. Foram Orquestra em Residência no CCB até 2013 e, desde 2011, têm uma colaboração regular com a Fundação Gulbenkian, no quadro da qual se fará, na Primavera de 2015, a estreia do Coro Divino Sospiro. Já gravaram discos para a Dynamic e Decca e estrear-se-ão em breve na harmonia mundi. The Divino Sospiro Baroque Orchestra (DSBO) is an ensemble devoted to the historically informed performance of music from the XVII to the early XIX centuries, including the Portuguese repertoire of that period (for exemple, the oratorios of Pedro António Avondano). The Divino Sospiros go back to 2003 and their founder was Massimo Mazzeo, an Italian violist and conductor based in Portugal. Their official debut was within Centro Cultural de Belém's 'Festa da Música' Festival (in Lisbon) in April, 2003. Their base-formation consists of a 15 to 20-sized ensemble and their Music Director is Italian violinist and conductor and Baroque specialist Enrico Onofri. They've performed in Portugal's most prestigious halls and festivals and, internationally, in France, Spain, Italy, Japan and the USA. They've been developing a collaboration with the Gulbenkian Foundation, in Lisbon, since 2011, under which the official debut of Divino Sospiro Choir will take place, in the Spring of 2015. Their recordings can be found on the Dynamic and Decca labels, and they will soon start a collaboration with harmonia mundi label.

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ORQUESTRA DE CÂMARA DE COLÓNIA Fundada em 1923, a OCC é a mais antiga orquestra do seu género na Alemanha. A sua criação está ligada à vontade, então emergente, de tocar as obras anteriores ao século XIX segundo princípios de fidelidade histórica. Marcantes nos seus primeiros anos foram os grandes maestros Hermann Abendroth (1883-1956) e Otto Klemperer (1885-1973) e, no pós-guerra, Helmut Müller-Brühl (1933-2012) O repertório da orquestra foi-se alargando, para albergar todo o Classicismo, os clássicos da Modernidade e a música do nosso tempo. Noutro sentido, também se dedicaram à ópera. Ao longo da sua história quase centenária, a OCC já fez mais de 200 gravações, seja para editoras discográficas, rádio ou televisão. Desde 1995, trabalham estreitamente com a editora Naxos. Em 2009, a convite do Papa Bento XVI, tocaram no Vaticano. Christoph Poppen foi designado Maestro Convidado Principal da OCC em Setembro de 2013, passando a Maestro Principal em 2014. Constituem a OCC, actualmente, um total de 38 músicos. Established in 1923, the Cologne Chamber Orchestra (CCO) is the oldest ensemble of its kind in Germany. Their 'raison d'être' is directly connected to the purpose of performing music of the pre-common practice period as close to historical accuracy as possible. Decisive in their initial years were conductors Hermann Abendroth and Otto Klemperer and, in the post-World War II period, Helmut Müller-Brühl (1933-2012), who worked with the CCO for almost half a century! With him, the CCO ventured into hitherto unexplored repertoires, such as High Classicism, early Romanticism, the modern Classics and contemporary music; and they also started doing opera. Over the course of their now almost centennial existence, the CCO has made more than 200 recordings for recording labels, radio and television alike. Since 1995, they've been working closely with Naxos label. In 2009, following an invitation from Pope Benedict XVI, the CCO performed at St. Peter's basilica, in Rome. Christoph Poppen was their Principal Guest Conductor (since September, 2013), before becoming their Chief Conductor in 2014. The CCO has, at present, a total of 38 players in its ranks.

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ORQUESTRA CLÁSSICA DO SUL Criada em 2002 como Orquestra do Algarve (OA), teve como primeiro maestro-titular Álvaro Cassuto. Em Setembro de 2013, sendo Cesário Costa seu Director Artístico e Maestro-Titular, passou a designar-se Orquestra Clássica do Sul, sinalizando com isso o alargamento da sua acção musical e educativa a todo o Alentejo e à península de Setúbal, mas também à Andaluzia. Desenvolve uma actividade muito variada, da música de câmara à ópera, incluindo actividades educativas e cruzamentos com outras artes. No domínio do fado, já se apresentou com as fadistas Gisela João e Kátia Guerreiro. No início de 2015, Rui Pinheiro sucedeu a Cesário Costa como maestro titular da OCS, passando Cesário Costa a Maestro Convidado Principal. Maestro Associado da OCS é o britânico John Avery. Constituem a OCS, actualmente, um total de 25 músicos. Established in 2002 as the Algarve Orchestra, the Orquestra Clássica do Sul (OCS) had as its first chief conductor Álvaro Cassuto, dean of Portuguese conductors. As of September 2013, when Cesário Costa was both its Artistic and Music Director, the orchestra adopted its present name, thus signaling the reorientation of its scope to the whole of southern Portugal and neighboring Andalusia. The OCS carries out a multifaceted activity, from chamber music to opera, and including outreach activities (pedagogical and family concerts), as well as interdisciplinary projects and/or performances. In the domain of Fado, the OCS has already performed with fado-singers Gisela João and Kátia Guerreiro. As of 2015, the Music Director of OCS is Rui Pinheiro, with Cesário Costa as Principal Guest Conductor and John Avery as Associate Conductor.

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ORQUESTRA GULBENKIAN Orquestra Gulbenkian foi criada em 1962 como Orquestra de Câmara Gulbenkian, com 12 elementos. A formação foi sendo progressivamente alargada, adoptando o nome actual em 1971. Actualmente conta com 66 elementos, podendo ser pontualmente alargada de acordo com as exigências dos programas executados. Em cada temporada, a Orquestra realiza a mais importante série regular de concertos sinfónicos em Lisboa, no Grande Auditório da Fundação, colaborando, aí, com muitos dos mais importantes nomes da música actual, entre maestros e solistas. Não descura igualmente a realização de concertos em outros pontos do país, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, a Orquestra Gulbenkian vem ampliando gradualmente a sua actividade, marcando presença em várias das mais importantes salas e festivais de música da Europa, Américas e Extremo Oriente. A discografia da Orquestra Gulbenkian é vasta e encontra-se distribuída por selos de prestígio como Deutsche Grammophon, Philips, Hyperion, Teldec, Erato, Nimbus, Naïve e Pentatone, tendo várias delas sido premiadas. O inglês Paul McCreesh é o maestro titular da Orquestra desde 2013, tendo sucedido no cargo ao norte-americano Lawrence Foster, designado a seguir maestro emérito. No actual quadro de maestros ligados à Orquestra, figuram ainda a finlandesa Susanna Mälkki e os portugueses Joana Carneiro e Pedro Neves (maestros convidados). Gulbenkian Orchestra was first created in 1962 as Gulbenkian Chamber Orchestra, comprising 12 elements. This number increased gradually, and the ensemble adopted its present designation in 1971. Today, the orchestra comprises 66 elements, a number that can be enlarged, according to the specific demands of the repertory approached. Each season, the orchestra presents the most important regular series of symphony concerts in Lisbon, in the grande auditório of the Gulbenkian Foundation (which seats 1300), in the course of which it collaborates with many of today’s leading conductors and soloists. But it also plays regularly outside Lisbon, this way meeting an important decentralization mission. Over the years, but especially in the last decade, Gulbenkian Orchestra has been increasing its international visibility, playing in many of the most important halls and music festivals in Europe, North and South America and the Far East. It displays a vast discography, recorded with prestigious labels like Deutsche Grammophon, Philips, Hyperion, Teldec, Erato, Nimbus, Naïve or Pentatone, with several among them having been awarded prizes. From the current season, British conductor Paul McCreesh has been the orchestra’s principal conductor. He Was preceded by american conductor Lawrence Foster, who is now conductor Emeritus. The present roster of conductors committed with the orcheStra also includes Finnish maestro Susanna Mälkki (principal guest conductor) and the Portuguese Joana Carneiro and Pedro Neves (permanent guest conductors).

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QUARTETO DE CORDAS DE MATOSINHOS Criado em 2007, o QCM é hoje já um conjunto de referência no seu género em Portugal, tendo atuado nas principais salas e festivais que se realizam no nosso país. Na atual temporada, o QCM integra o lote de ‘Rising Stars’ da associação europeia de salas de concerto ECHO, com o que se apresentará em cidades como Londres, Hamburgo, Amesterdão, Viena, Bruxelas ou Barcelona. Para além do repertório central para quarteto (de Haydn a Shostakovitch e Bartók), o QCM tem dedicado muita atenção ao repertório português, incluindo a estreia de obras de 14 compositores nacionais. A sua discografia inclui dois CD, dos quais um monográfico dedicado a Miguel Azguime. Constituem o QCM os violinistas Vítor Vieira e Juan Maggiorani, o violetista Jorge Alves e o violoncelista Marco Pereira. Founded in 2007, the Matosinhos String Quartet (MSQ) has in the meantime established itself as the leading ensemble of its genre in Portugal, having performed at all of this country's most important halls and festivals. During the current season, MSQ is part of the 'Rising Stars' chosen by ECHO (European Concert Hall Organization), with performances scheduled in musical centres all over Europe. Besides the core repertoire for string quartet, MSQ has always dedicated a lot of attention to Portuguese music, including giving the world premieres of works by a total of 14 Portuguese composers. The members of the Quartet are: violinists Vítor Vieira and Juan Maggiorani, violist Jorge Alves and cellist Macro Pereira.

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QUARTETO HUGO WOLF Criado em Viena, em 1993, o Quarteto Hugo Wolf aí fez a sua estreia profissional, em 1995, e é hoje um dos grandes quartetos de cordas da cena internacional, atuando desde há mais de 15 anos nas principais salas e festivais mundiais. Trabalharam com famosas formações no género, como os quartetos Alban Berg, LaSalle, Amadeus ou Smetana. Compositores como Friedrich Cerha ou Johannes Maria Staud já lhes dedicaram obras e os Hugo Wolf já desenvolveram vários projectos na área do jazz, com nomes como Kenny Wheeler ou John Taylor. O seu mais recente CD intitula-se ‘A longa sombra de Tristão’ [tradução nossa] e contém obras de Wagner, Berg e Webern; o próximo será dedicado a arranjos de canções tradicionais arménias. Constituem o Quarteto os violinistas Sebastian Gürtler e Régis Bringolf, o violetista Thomas Selditz e o violoncelista Florian Berner. Established in Vienna, in 1993, the Hugo Wolf String Quartet worked closely with legendary ensembles Alban Berg, LaSalle, Amadeus and Smetana string quartets, before making their professional debut in the Austrian capital two years later. For 15 years now, they're among the top string quartets in the international circuit, performing regularly in the most prestigious halls and festival worldwide. Composers such as Friedrich Cerha and Johannes Maria Staud have dedicated works to the Hugo Wolfs, and the ensemble has also ventured into the jazz area, developing projects with trumpeter Kenny Wheeler and pianist John Taylor. Their latest CD bears the title 'Tristan's langer Schatten' [Tristan's long shadow] and features works by Wagner, Berg and Webern. Their next CD will include arrangements of traditional Armenian folksongs. The members of the HWSQ are Sebastian Gürtler and Régis Bringolf (violins), violist Thomas Selditz and cellist Florian Berner.

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QUARTETO SIGNUM Criado em 1994, o Quarteto Signum já se apresentou nas principais salas e festivais europeus. Trabalharam com formações lendárias, como os quartetos Alban Berg ou Melos e com músicos como György Kurtág, Alfred Brendel ou Leon Fleisher. O quarto CD do agrupamento, ‘Soundscapes’, será editado na Primavera de 2015 e inclui obras de Debussy, Thomas Adès e Ravel. Em Janeiro de 2016, farão em Paris a estreia mundial do Quarteto n.º 3, de Bruno Mantovani, após o que o levarão em digressão europeia. Constituem o Signum as violinistas Kerstin Dill e Annette Walter, o violetista Xandi van Dijk e o violoncelista Thomas Schmitz. Founded in 1994, Signum String Quartet have performed throughout the most prestigious halls and festivals in Europe. They benefited from the guidance of such famous ensembles as the Alban Berg Quartet or Melos Quartet, and they've also worked closely with musicians like György Kurtág, Alfred Brendel and Leon Fleisher. Their fourth CD release, named 'sounscapes', will be out in the spring of 2015, and features works by Debussy, Ravel and Thomas Adès (b. 1971). In January, 2016, they will be giving the world premiere of French composer Bruno Mantovani's Third String Quartet, going on a concert tour afterwards which will include that very work. The members of Signum are violinists Kerstin Dill and Annette Walter, violist Xandi van Dijk and cellist Thomas Schmitz.

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RAPHAEL CHRIST Nascido em 1982, em Berlim, estudou com, entre outros, Antje Weithaas e Rainer Kussmaul e trabalhou ainda com Michel Schwalbé e Zakhar Bron. Já se apresentou como solista com várias orquestras europeias, como por exemplo a Staatskapelle Berlim, dirigida por Daniel Barenboim, quando tinha apenas 16 anos. A convite do grande maestro Claudio Abbado, desempenhou funções de concertino na Orquestra Juvenil Gustav Mahler, de chefe de naipe da Orquestra do Festival de Lucerna e de concertino convidado na Orquestra Mozart de Bolonha. É desde 2011 coordenador de naipe adjunto na Sinfónica de Bochum. Em música de câmara, já tocou com músicos como Emanuel Pahud, Nikolay Znaider, Helène Grimaud ou Renaud Capuçon. Christ toca um instrumento do ‘luthier’ alemão David Tecchler, de 1714. Born in 1982, in Berlin, violinist Raphael Christ studied, among others, with Antje Weithaas and Rainer Kussmaul, and also attended masterclasses by Michael Schwalbé and Zakhar Bron. He was only 16 when he performed with the famous Staatskapelle Berlin under its director Daniel Barenboim, and he has performed as a soloist with several orchestras across Europe since. Following an invitation from the late Claudio Abbado, he served as concertmaster for the Gustav Mahler Youth Orchestra, as a first-chair player for the Lucerne Festival Orchestra, and as a guest concertmaster for the Orchestra Mozart Bologna. As a chamber musician, he has played with Emanuel Pahud, Nikolay Znaider or Renaud Capuçon, to name just a few.

RAPHAELA GROMES Nascida em Munique, em 1991, Raphaela estreou-se como solista aos 14 anos, tocando o Concerto de Friedrich Gulda, após o que empreendeu estudos superiores em Leipzig, Munique e Viena. Raphaela já tocou três concertos em estreia mundial, sendo dedicatária de dois deles. Já se apresentou com orquestras como a Filarmónica Checa ou a Filarmónica de Munique. Além de solista, também se apresenta em música de câmara, por exemplo com Misha Maisky ou, desde 2012, com Julian Riem. Com este pianista, foi editado no ano passado um CD procedente de uma gravação ao vivo no Festival Richard Strauss. Raphaela toca um violoncelo Vuillaume. Born in Munich in 1991, cellist Raphaela Gromes made her orchestral debut aged 14, playing Friedrich Gulda's 'Concert for cello and wind orchestra'. She then pursued advanced studies in Leipzig, Munich and Vienna. She has given the world premieres of three Concertos, two of them were dedicated to her, and she performed together with orchestras such as the Czech Philharmonic or the Munich Philharmonic. She's also an active chamber musician and, from 2012, pianist Julian Riem has been her most frequent partner. 2014 saw the release of their latest CD, issued from a live recording at Richard Strauss Festival. Raphaela Gromes plays a 19th century Vuillaume cello. 97


RAÚL PEIXOTO DA COSTA Nascido na Póvoa de Varzim, em 1993, Raúl Peixoto da Costa estudou na sua cidade natal e em Vila do Conde. Estreou-se como solista com orquestra aos 13 anos, tocando o Concerto de Carlos Seixas na Casa da Música. Venceu 14 primeiros prémios em concursos nacionais e internacionais. Em 2009, foi o mais novo dos quatro finalistas do I Concurso de Piano da União Europeia, realizado na República Checa. Estuda actualmente na Escola Superior de Música de Hannover, sob a orientação de Bernd Goetzke, um discípulo de Karl-Heinz Kämmerling e de Arturo Benedetti Michelangeli. Born in Póvoa de Varzim (near Oporto) in 1993, Raúl Peixoto da Costa made his piano studies in his home town and then in nearby Vila do Conde. He made his debut as a soloist with orchestra at the age of 13, playing the A-major Keyboard Concerto by XVIII century Portuguese composer Carlos Seixas. He got as many as 14 First Prizes in competitions, both in Portugal and abroad. In 2009, he was the youngest among the four finalists of the I European Union iano Competition, which was held in the Czech Republic. He’s presently studying at the Hannover Musikhochschule, in Germany, under the guidance of renowned Prof. Karl-Heinz Kämmerling.

RICARDO GORDO Natural de Portalegre, tocou primeiro guitarra eléctrica, derivando depois para a guitarra portuguesa, mas sem esquecer a música que fazia ('metal', rock). Licenciado em guitarra portuguesa pela ESART-Castelo Branco, onde teve por mestre Custódio Castelo, Ricardo Gordo enveredou por uma carreira autónoma, que já se traduziu em três discos: 'Revolução dos Escravos' (2011), 'Fado Metal' (2012) e 'Mar Deserto' (2014). Neles, o diálogo é a palavra de ordem: o da guitarra portuguesa, com a sua herança fadística, com outras expressões, como o blues, jazz, swing, hip-hop, folk lusa e a eletrónica. Um eclectismo que reflecte, no fundo, o seu próprio percurso e gostos musicais. Born in Portalegre, Ricardo first played the electric guitar, only choosing the Portuguese guitar (the traditional Fado guitar) at a later stage. He wouldn't however forget his musical past in the rock and 'metal' scenes. He graduated in Portuguese guitar from Castelo Branco Arts College (ESART), where he was a student of Custódio Castelo. Ever since, he has been going his very own musical path, pinpointed in three CD releases since 2011, wherein the concept of “dialogues” is paramount, mixing the Fado heritage of Portuguese guitar with a wide scope of musical expressions, like: blues, jazz, swing, hip-hop, Portuguese folk or electronic music. An eclecticism that portraits this musician's soul. 98


SÉRGIO RAMOS O tenor Sérgio Ramos nasceu em Vila Real. Estudou guitarra clássica na sua cidade natal e mais tarde no Porto, onde iniciaria igualmente os estudos de canto com o barítono Pedro Telles. Frequenta atualmente a licenciatura em Canto da ESMAE Porto. Já cantou em óperas de Mozart, Pergolesi, Ravel e Purcell e em várias obras do repertório sacro. Sérgio Ramos integrou a Capella Duriensis em 2013. Bass-singer Sérgio Ramos was born in Vila Real (northern Portugal). He started singing under the guidance of baritone Pedro Telles in Oporto, moving afterwards to ESMAE Oporto to obtain his degree. Mr. Ramos sang in operas by Mozart, Pergolesi, Ravel and Purcell and he's also active in the oratorio repertoire. He joined Capella Duriensis in 2013. Mr. Ramos is also an accomplished guitar player.

SUSANNE SCHIETZEL-MITTELSTRAβ Susanne Schietzel-Mittelstraβ, nascida em Friburgo (sudoeste da Alemanha) mas residente em Bona, fez estudos superiores de música em Estugarda e Colónia, destacando-se o estudo da flauta de bisel empreendido com os professores Thalheimer e Höller. Actualmente, Susanne é ainda a única instrumentista em todo o mundo a tocar flautas da Idade da Pedra com esta proficiência. A sua arte já foi dada a ouvir em palácios, museus, igrejas, pavilhões de exposição e no ciclo de concertos da gruta Hohle Fels (sul da Alemanha). Susanne Schietzel-Mittelstrasβ, born in Bonn, made higher music studies in Stuttgart and Cologne, emphasizing the study of the recorder undertaken with Thalheimer Höller and teachers. Currently, Susanne is still the only worldwide playing flutes of the Stone Age with this proficiency. Her art has been given a hearing in palaces, museums, churches, exhibition halls and concert series hohle fels cave of.

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TERESA GENTIL Natural de Tondela, fez estudos de piano e superiores de Composição (ESMAE-Porto), com uma pós-graduação em “Concepção e desenvolvimento de projectos educativos” na área da música (Universidade dos Açores). Orienta há mais de dez anos oficinas de composição musical e de construção de instrumentos para crianças e adultos. Já concebeu e compôs música para mais de 30 peças teatrais, que apresentou em muitas salas do país, incluindo o Centro Cultural de Belém (Lisboa) e a Casa da Música (Porto). Já editou os discos 'Natália Descalça' e 'Gent'ilesa'. Em 2014, foi uma das artistas do projecto “Raízes da Curiosidade”, que juntou no CCB gente das artes e neurocientistas. O espectáculo 'Tictacteando' que apresenta em Marvão foi estreado na edição 2014 dos Dias da Música em Belém, do CCB. A autora descreve-o como “clownesco” e “onírico” e a ideia de partida foi a de que toda a criação musical advém dos estímulos auditivos interiores e exteriores ao corpo. Acompanhamos o percurso da Menina Tictac, seguindo o impulso irresistível de fazer música, de criar novos sons... Teresa Gentil studied the piano and later graduated in Music Composition, further specializing in educational projects through music. She has a record of more than a decade conducting seminars and workshops on musical composition and construction of musical instruments, directed at both children and grown-ups. She has designed more than 30 music-theatrical shows, for which she also wrote the music and which have been presented all across Portugal, including such venues as Centro Cultural Belém (Lisbon) and Casa da Música (Oporto). Her discography includes 'Natália Descalça', based upon the poetry of Natália Correia, and 'Gent'ilesa'. In 2014, she was one of the creative artists involved in 'Raízes da Curiosidade' ('Roots of Curiosity') project, which brought scientists and artists together. 'Tictacteando', the show she's presenting to the Marvão audience, premiered in 'Dias da Música em Belém' Festival in 2014. Teresa Gentil describes it as “clownesque” and “oniric”, further stating that the impulse behind it was the idea that all musical creation originates in aural stimulations, both inherent and alien to our body. We will thus walk side by side with Little Tictac girl, witnessing the irresistible drive to write music, to create new sounds...

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THORSTEN GILLERT Natural de Neumünster (Schleswig-Holstein), o 'chef' Thorsten Gillert, hoje com 48 anos, é um dos mais reputados cozinheiros alemães da atualidade. Ao longo de uma carreira que já vai a caminho dos 30 anos (dos quais 20 como 'chef'), Gillert já passou por nove restaurantes com estrelas Michelin, entre os quais quatro de 3 estrelas (em Londres, Milão, Estrasburgo e Paris). Após oito anos dirigindo o seu próprio restaurante em Hamburgo, Thorsten Gillert exerce desde 2011 a sua arte “em alto mar” e é desde Março de 2014 'chef' no paquete alemão 'Europa', várias vezes considerado o melhor navio de cruzeiro do mundo. Born in 1966 in Neumünster (Schleswig-Holstein), Thorsten Gillert is one of Germany's top 'chefs'. With a carreer spanning now almost three decades, Mr. Gillert has worked in nine Michelin-starred restaurants, including four with the maximum '3-star' status in London, Milan, Strasbourg and Paris. He started his own restaurant in Hamburg in 2003, which he kept until 2011. Ever since, he's been a 'chef' in cruise ships, as of March, 2014 in MS Europa, which has been for several times considered the best cruise ship in the world.

VÍTOR SOUSA O tenor Vítor Sousa é Mestre em Canto pela ESMAE Porto (2010). Integrou o Coro Casa da Música e é um dos membros fundadores da Capella Duriensis. A sua atividade abrange a ópera (Donizetti, Mozart, Britten, Offenbach, etc.) e a oratória e repertório de concerto, seja enquanto corista, seja, em várias ocasiões, como solista. Integra ainda o Ensemble Clepsidra, dirigido por José Luís Borges Coelho. Tenor Vítor Sousa has a Master's Degree in singing from ESMAE Oporto. He was a member of Casa da Música Choir (Oporto) and he's been with Capella Duriensis since its inception in 2010. Mr. Sousa is active in the opera, oratorio and concert repertoires, often as a soloist. He's also a member of Clepsidra Ensemble (Oporto).

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Igreja de São Tiago

Tapeçaria de Portalegre - Arte de arte A tapeçaria de Portalegre, integralmente manual, é uma obra de arte que resulta de uma parceria única entre o artista plástico, a desenhadora e as tecedeiras. Partindo sempre de uma obra original (em geral, uma pintura), ela é a sua transposição para um outro suporte e uma outra dimensão. A aprovação do pintor traduz-se no acto de assinar o “bolduc”, o que lhe confere direitos de autor. A tapeçaria de Portalegre, além de obra de arte, cria conforto pelas suas propriedades de isolante acústico e térmico. A Galeria Tapeçarias de Portalegre é o local de exposição e venda das tapeçarias em Lisboa. A Manufactura localiza-se em Portalegre, podendo ser visitada mediante marcação prévia.

Portalegre Tapestries - Art from Art

The Portalegre Tapestry, 100% handmade, is an art in its own right, resulting from a unique partnership between an artist, the drawer and the weavers. Always based on a pre-existing work of art (usually, a painting), the tapestry is its transposition both into another medium and another visual dimension. The artist recognizes the tapestry as his own by signing the “bolduc”. Beyond their obvious artistic value, the Portalegre Tapestry also conveys comfort and cosiness, due to its acoustic and thermal insulating properties. The Tapeçarias de Portalegre gallery is the exhibition and sales venue of this ancient art in Lisbon. The Manufacture is located in Portalegre (Alentejo) and can be visited by appointment.

Manufactura de Tapeçarias de Portalegre Rua D. Iria Gonçalves, 2 7300-298 Portalegre

Galeria Tapeçarias de Portalegre Rua Academia das Ciências, 2J 1200-004 Lisboa

Tm: + 351 961 230 586 galeria@mtportalegre.pt www.mtportalegre.pt 102


OUTRAS ACTIVIDADES

PALAVRA ORADA Celebrações eucarísticas na Igreja de Nossa Senhora da Estrela Domingo 26 Julho • 9:30 Contribuição musical de Christoph Poppen (violino) e Clara Jumi Kang (órgão) Domingo 2 Agosto • 10:00 Execução da ‘Missa brevis, KV275’, de Mozart ver pág. 41

• ACTIVIDADES PARA FAMÍLIAS E PARA OS MAIS PEQUENOS Sábado 25 Julho • 14:30 • Casa da Cultura Concerto pedagógico pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos ver pág. 12 Domingo 26 Julho • 18:30 • Castelo anfiteatro natural ‘A música portuguesa através dos séculos’ ver pág. 19 Quarta 29 Julho • 14:00 • Centro Cultural ‘Tictacteando’, teatro musical por Teresa Gentil ver pág. 26 Quarta 29 Julho • 20:00 • Igreja de São Tiago Audição-concerto por alunos do Conservatório Regional de Portalegre ver pág. 29

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PASSES 10 Dias

Quinta 30 Julho 16:00 - 10€

Aproveite todos os dias do FIMM €198 Acesso a todos os concertos entre: 24 Julho e 2 Agosto

Sexta 31 Julho 12:30 - 10€ 16:30 - 15€ 20:30 - 25€ 23:00/23:30 - 5€ Comprar no local logo

1º Fim-de-semana €88 Acesso a todos os concertos entre: 24 Julho e 2 Agosto

antes do concerto

2º Fim-de-semana €98 Acesso a todos os concertos entre:

Sábado 1 Agosto 11:30 - 15€ 16:30 - 15€ 21:00 - 15€

24 Julho e 2 Agosto

BILHETES Sexta 24 Julho 20:00 - 25€ 23:00/23:30 - 5€ Comprar no local logo

Domingo 2 Agosto 16:00 - 10€ 19:00 - 15€

antes do concerto

Sábado 25 Julho 11:30 - 15€ 16:30 - 15€ 21:00 - 10€ Domingo 26 Julho 11:00 - 10€ 16:00 - 05€ 18:30 - 10€ Entrada grátis para crianças e jovens

21:30 - 15€ Segunda 27 Julho 22:00 - 5€ Comprar no local logo antes do concerto

Terça 28 Julho 16:30 - 10€ 19:30 - 75€ proprietários de passe 95€ não proprietários de passe

23:00 - 5€ Comprar no local logo antes do concerto

Quarta 29 Julho 16:30 - 10€ 22:00 - 05€ Comprar no local logo antes do concerto

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arv達o

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PRODUÇÃO AMIMF • FUNDADOR E DIRECTOR ARTÍSTICO Christoph Poppen • DIRECTOR-GERAL Dr. Uwe Schmelter • TESOURARIA Humberto Vital • PRODUÇÃO Pedro Barros • CONSULTORIA ARTÍSTICA Bernardo Mariano • MARKETING E COMUNICAÇÃO Cláudia Villax • PRESIDÊNCIA DE AMIGOS DO FIMM Peter Eden • CONTABILIDADE Joana Gomes • AMIMF Jorge Rosado • FOTOGRAFIA Rupert Eden • CONTACTOS FIMM R. Vivas S/N 1330-012 Beirã / Marvão Email : info@marvaomusic.com www.marvaomusic.com 108



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