Minha guerra particular

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Minha Guerra Particular Autor(es): Ennie Sinopse Graças ao seu temperamento forte, Drica muda de cidade e passa a viver com seu irmão mais velho. Porém, em seu primeiro dia de aula ela atraiu tudo o que queria evitar: confusão. Não só a escola, como toda a sua vida se torna uma verdadeira guerra. Dois garotos completamente diferentes e cheios de ódio um pelo outro circulam a sua vida. O que uma garota que adora se meter em encrenca, briga e confusão pode fazer para evitar isso? Muitas surpresas e descobertas vão aparecer e Drica terá que lidar com isso.Mistérios, romances, drama e até comedia formam essa história. A Sinopse pode não estar boa, mas deem uma chance para a Fic.

(Cap. 1) Capítulo 1 - Eu e meu campo de batalha. Notas do capítulo Não sei se o capitulo ficou claro, peço que me ajudem comentando o que acharam, assim sentirei mais confiança em postar. Espero que gostem! Eu estava preparada para a guerra, já havia arrumado o meu material, colocado o meu uniforme e finalmente segui meu caminho para o campo de batalha. O campo de batalha tinha o nome de “Escola Particular”, onde as pessoas mais insuportáveis de uma cidadezinha como esta podem existir. Eu já estava conformada com o meu carma, mas nem por isso deixei de detestar esse tipo de lugar. Meu nome é Drica. Depois de eu ter provocado uma terceira guerra na minha antiga escola, meu quinto e mais paciente terapeuta teve a brilhante ideia de dizer aos meus pais: “Acho que ela precisa sair da cidade grande, viver em um lugar calmo, talvez isso a ajude com sua personalidade”. O resultado foi ir para uma cidadezinha no interior do estado, aonde meu irmão mais velho mora sozinho e veio para criar um negócio com um amigo que vive aqui. Bem, agora ele não mora mais sozinho. A cidade parecia de mentira, por ser tão organizada e calma, me deixava nervosa. Enquanto eu caminhava para a escola, via pessoas felizes indo ter seu dia feliz. Tudo ficava perto de casa: mercado, padaria, lojas e pior, vizinhos. Vizinhos daqueles que mandam pedaços de bolo e pedem açúcar. Eu odeio isso. Poucos carros passavam o que tornava minha ida à escola tranquila, mas eu estava nervosa. As aulas começaram há sete dias, mas só pude me


mudar há dois e eu não queria cometer erros, não dessa vez. Era a oitava escola para qual eu estava indo, mas nunca em uma cidade diferente e eu não podia dar trabalho ao meu irmão. Porém, nunca pensei que minha chegada ao colégio fosse ser tão desastrosa. Assim que cheguei à entrada, pude ver uma briga. Eu não queria me meter em encrenca, mas por uma pequena abertura, que os alunos fizeram, percebi que cinco garotos espancavam um que estava encolhido se protegendo dos chutes e já não estava mais podendo se levantar. Essa era uma situação que eu não podia ignorar. Deixei minha mochila cair, cada parte do meu corpo formigava de raiva. Mergulhei na multidão que assistia a cena, alguns com medo e outros animados. Assim que consegui chegar, vi que a situação era pior do que tinha visto. Dos cinco, apenas um assistia a cena e os outros quatro o chutava e lhe chamavam de tudo o que se pode imaginar. O sangue escorria livremente da boca do garoto, já estava me dando ânsia. – PAREM! – eu gritei o mais alto que pude. Alguns alunos me olharam assustados, como se eu fosse maluca. Porém, os baderneiros não me escutaram. – EU DISSE PRA PARAREM SEUS COVARDES! A palavra “covarde” fez mais efeito do que eu esperava. Todos, sem exceção, me encararam como se eu fosse maluca. Os garotos pararam de chutar e me fitaram, com um sorriso divertido. – Que garotinha corajosa... – disse um dos quatro, ele era o mais alto e seus cabelos cacheados eram maiores que a cabeça. – Ou seria um garotinho? – ele caçoou. Os outros três riram. Eu fiquei calada, apenas o encarando. Eu não tinha medo dele, de nenhum deles. – Vamos ignorá-la, essa daí não pode fazer nada – disse outro garoto, esse era o mais baixinho. Antes que eles voltassem a bater, o quinto que olhava a cena sem ao menos demonstrar emoção disse: – Esperem. Como cachorrinhos os outros obedeceram. Esse deveria ser o MandaChuva dos garotos. O líder foi até mim, nunca na minha vida um garoto me deu medo, mas esse era diferente. Ele andava com confiança e tinha um olhar demoníaco em seu rosto dizendo que quem se meter com ele iria se arrepender. Por um segundo, eu vacilei, mas não iria dar o braço a torcer. – Você é o que desse garoto? – ele perguntou. – Não sou nada dele. – Então por que esta se metendo na briga? – Seu tom de voz calmo me assustou, mas não podia mostrar isso a ele. – Não posso ficar olhando uma cena dessas, - eu disse firme.


– Então apenas ignore. Controlei-me para não dar um soco no garoto. Eu sorri e o ignorei completamente, fui até o garoto caído. O garoto me olhava surpreso, seu rosto estava cheio de feridas e hematomas. – Era para ignorar a briga, - disse o líder do grupo por trás de mim. – Acho que ele já esta quase perdendo a consciência, não precisam mais bater nele. – Isso quem decide é a gente, - disse o garoto baixinho. Ele me olhava com irritação. – Saia daqui antes que a próxima a perder a consciência seja você. Eu me levantei e fiquei cara a cara com o garoto, já que ele tinha o meu tamanho. – Te garanto que não serei eu, - eu disse, ameaçando-o. Era difícil identificar o olhar de todos, era tão raro assim ver uma garota confrontar um garoto? O baixinho riu e olhou para o caído. – Você é muito fracote para ser defendido por uma garota. Eu não aguentei minha raiva simplesmente explodiu e meu soco foi diretamente ao rosto do baixinho. O soco foi tão forte que o garoto caiu no chão, surpreso. – E você é mais ainda por apanhar de uma, - eu disse. Ninguém se mexeu, todos os olhares surpresos dirigidos a uma garota irritada, mas não me intimidei. Olhei para o líder. – Não pense que pode fazer o que quer. Você – eu apontei para ele – não manda em mim. O líder sorriu, seu olhar era divertido, o que me irritou ainda mais. Antes que a discussão se prolongasse alguém gritou por trás dos alunos. – O que está havendo aqui? – era a voz de um homem jovem, assim que ele falou abriram caminho para ele passar. – O sinal já tocou e ainda... Ele se calou após ver a cena. Seu olhar atônito foi dirigido ao líder. – Dessa vez você foi longe demais Vitor, - ele disse muito sério, quase assustador. Vitor apenas disse: – Isso não é assunto seu, professor. – Ele saiu e os outros quatro foram atrás, o baixinho me olhou furioso. – Não vai ficar assim. Após os cinco saírem, todos os outros alunos se dirigiram para dentro, deixando apenas: eu um garoto semiconsciente e um professor irritado. O professor ajudou o garoto a se levantar e ele olhou pra mim. – O que estava fazendo, tentando evitar a briga? – Talvez tentando criar uma nova - eu disse um pouco envergonhada.


O professor era jovem e realmente atraente. Tinha um cabelo castanho bagunçado e lindos olhos verdes por trás dos óculos. O professor sorriu. – Você deve ser a aluna nova, o diretor quer conversar com você. Ótimo, pensei. – Eu não sei o caminho... O Professor torceu a boca. – Droga, eu preciso levá-lo á enfermaria... – Tudo bem, eu me viro... O professor pareceu contrariado, mas concordou e seguiu levando o garoto. Eu peguei minha mochila e segui meu caminho até o enorme prédio para ver o diretor. Hora de dizer olá ao papai.

(Cap. 2) Capítulo 2 - O Grito de Guerra. Capitulo dois: O Grito de Guerra. Eu nunca havia me sentido tão perdida como me senti naquela escola. Era um labirinto. Exceto pelos casais que estavam matando aula para namorar, não havia ninguém no local. Minha sorte (ou azar) foi ter encontrado a sala do diretor por acaso, quando na verdade eu estava procurando o banheiro. Abri a porta e me deparei com um homem quarentão lendo o jornal. Seu cabelo estava ficando grisalho, mas não parecia em nada com um velho. Assim que me viu, ele sorriu. - Quanto tempo, filha. Não sabia o porquê, mas seu sorriso me irritou. - Ainda se lembra de mim, velho? Sentei-me em uma cadeira e coloquei o pé em outra. Meu pai arregalou os olhos. - Cadê a menina doce, educada e amorosa que eu criei? - Foi embora junto com você, - eu disse indiferente. Minha intenção não era ofendê-lo, mas era simples: eu não era mais essa garotinha desde os cinco anos. Meu pai suspirou. - O que aconteceu, para você estar morando com seu irmão? – ele perguntou, mas não parecia bravo, apenas preocupado. Eu levantei minha sobrancelha, atônita. - Não aja como se fosse meu pai, faz dez anos que não te vejo.


Ele pareceu ofendido, mas isso não me atingiu. - Sua mãe me expulsou de casa, não fui embora porque eu quis. Ela não permitiu que eu entrasse em contato com vocês... - Não quero saber, isso é passado. Ele ficou em silêncio. Eu não odeio o meu pai, mas eu não posso simplesmente esquecer que ele foi embora e nunca mais apareceu. - Eu só me meti em umas brigas... As pessoas me provocam, machucam outras pessoas e tentam me bater. Não me controlo e meu meioirmão é um babão que só quer me ferrar. É isso. Meu pai assentiu. - Sua mãe me disse algo parecido... Tirando a parte do irmão. Você não tem uma gangue, não é? Revirei os olhos e suspirei. - Não, isso são boatos, sou muito famosa por lá. Você sabe. Não sei como eles acreditaram que eu pudesse ter uma! Se bem que seria útil... - Tudo bem, apenas não se meta em brigas... Existem algumas pessoas difíceis aqui e não quero que você se meta com elas. Eu já me meti papai. - Tudo bem, velho. Posso ir pra minha sala agora? - Ainda não terminamos nossa conversa. – Eu suspirei. – Sala do primeiro ano D. Fica no segundo andar, corredor à direita. Boa sorte. Eu sorri. - Você até que virou um velho legal... Até. Fui em direção à porta, mas meu pai me chamou. - Drica, não fale que sou seu pai... Se bem que você não diria mesmo... – Ele tem razão. – E, eu te amo. Não tive coragem de olhá-lo, apenas saí da sala e me fui para minha nova turma. Mas assim que saí da sala, bati de frente com alguém. - Desculpe, - disse uma voz familiar. Quando olhei para cima, vi o professor que havia parado a briga. Isso me deixou um pouco sem graça, porque ele era realmente bonito. - Tudo bem, não foi nada. Ele sorriu. - Bem, eu vim para te levar para a sala, faltam apenas dez minutos para acabar minha aula, mas eu preciso dá-la. - Ah... Certo. E como esta o garoto? - Já esta sendo atendido, ele queria te agradecer. Eu sorri, estava realmente aliviada. O professor estendeu a mão para me cumprimentar.


- Meu nome é Rodrigo e sou o professor de português e literatura. – Apertamos as mãos e ele disse: – E neste momento eu devia estar dando aula na sua sala... – Ele apontou para o andar de cima. - Ah entendi, vamos. Enquanto íamos para a sala, ele disse: - A turma D é bem divertida, você vai gostar. – Ele eu um tapinha em meu ombro. – Qual seu nome? - Drica, - eu disse, eu queria dizer que não estava dando a mínima pra sala, mas me contive. Ele percebeu que eu não queria conversar e permanecemos em silêncio o caminho todo. Assim que entramos, eu percebi que minha sala não era divertida. Ela era um campo de guerra. Vamos dividi-la assim: Lado direito: bolinhas de papel e garotas conversando sobre alguns atores bonitões. Lado esquerdo: materiais escolares voadores, três CDF’s e outro do fundão que olhava pela janela, com o rosto escondido pelo capuz. - Pessoal! – o professor gritou. – Pessoal, temos uma aluna nova! Eu queria matar o professor bonitão por ter me pegado de surpresa e me apresentado do nada. Todos se calaram assim que viram que a aluna nova sabia dar um gancho de direita. Droga, metade da sala havia visto a briga. Ainda dá pra fugir, pensei, é só eu contar até três... Mas paralisei ao ver o garoto do fundão que olhava pra janela me olhando. Os outros cúmplices dele não estavam na sala, mas isso não me deixava mais tranquila. - Está é Drica, espero que vocês possam se dar bem. Drica pode ir para o seu lugar. Só havia dois lugares vagos, a mesa da frente (a qual eu mais odiava) e a ultima carteira ao lado do garoto do fundão. Assim que me dirigi à mesa da frente para sentar, o professor disse: - Hum... Drica, aí senta o garoto da enfermaria... A sua é ao lado do Vitor. – Ele apontou cuidadoso para a cadeira do fundo. Eu olhei para a mesa, depois para o garoto, havia um sorriso divertido em sua expressão. Olhei desesperada para o professor e seus lábios se moveram dizendo um “Sinto muito” silencioso. Dirigi-me até a cadeira (que deveria ser a menos desejada). Ao me sentar, todos me fitaram silenciosos. Não me atrevi a olhar para o lado. - Bem vinda, - cochicho Vitor. – Esse vai ser um ano muito interessante... – Ele estava sorrindo, vitorioso. – Não acha? Eu não queria perder essa briga, e acabei falando sem pensar. - Espero que possamos nos dar bem, Vitor. – Eu o olhei, desafiadora. - Nos daremos muito bem, Drica.


Estávamos nos encarando, se fosse possível sairia faíscas de nossos olhos. Todos notaram o clima de tensão que estava no ar, inclusive o professor, que me olhava preocupado. O sinal da segunda aula tocou, todos começaram a conversar, mal entrei no colégio e já era o assunto da manhã. O grito de guerra foi dado e não tinha como fugir.

(Cap. 3) Capítulo 3 - Vamos nos conhecer. Notas do capítulo Finalmente Drica encontrará uma luz no fim do túnel! Capitulo três: Vamos nos conhecer. Eu não me importaria se eu morresse agora. Tudo que eu queria evitar estava acontecendo no meu primeiro dia nessa escola. Meu irmão mais velho me mataria, meu pai de criação pediria para a minha mãe me matar, minha mãe me mataria, meu pai biológico me mataria e meu meio-irmão ficaria feliz por eu estar morta. Tudo porque talvez eu morra na mão de delinquentes. Era a terceira aula e o clima de tensão não sumiu por um segundo. Os professores se apresentaram para mim, mas eu estava tão preocupada que havia me esquecido até a matéria. Todos na classe cochichavam talvez apostando em quanto tempo eu vá ficar inteira. De repente, uma bolinha de papel quicou na minha mesa. A mensagem no bilhete dizia: Obrigado por ter socado o baixinho por mim. Olhei para a direção que o papel foi jogado. Ao meu lado, uma garota de cabelo castanho com mechas verdes piscou para mim. Talvez, apenas talvez, ela tenha exagerado no delineador sem querer, mas fez seu olho azul realçar, ela tinha sardas espalhadas pelo rosto. Sua expressão travessa dizia que ela era das minhas. Eu sorri, aliviada. Finalmente alguém da minha tribo. Do outro lado do bilhete, eu escrevi: Se quiser encomendar algum, me ligue. Joguei o papel de volta, assim que ela soltou uma risada que fez todos olharem de volta. As garotas que falavam sobre atores bonitões resmungaram “Sua esquisita”. Sorrimos uma para outra.


Assim que o sinal tocou para o intervalo todos saíram alvoroçados da sala. Era a segunda semana, mas já estavam entediados. Eu e Vitor levantamos ao mesmo tempo, ele continuava sorrindo e isso me irritava cada vez mais. Assim que ele saiu, a garota de cabelo meio verde se apresentou: – Preciso que você de um chute no altão, pago dez reais mais o seu seguro de vida, - ela disse. Não pude deixar de rir. – Só preciso que me pague o kit de primeiros socorros. A garota riu e colocou seu braço ao redor dos meus ombros. – Sou Morgana e vejo que você ama Vitor tanto quanto eu. Nós saímos juntas e fomos até o refeitório. Nunca havia visto algo tão grande e tão cheio de gente. Era do tamanho de uma boate com dois andares. Fomos até o canto, onde havia uma mesa esquecida e abandonada. – O baixinho que você bateu é o Jota. Ele estuda na sala do primeiro ano A. – Ela pegou seu sanduíche e começou a devorá-lo. – Sorte a minha ele não estar na mesma sala que eu. Morgana riu. – Eu não me preocuparia com isso se fosse você. Ela estava certa, ele ia querer vingança. – Aonde aprendeu a bater daquele jeito? – Morgana perguntou curiosa. – Faço isso desde pequena. – Pavio curto. Entendi. – Sabe, de algum modo, o universo conspira contra mim. Eu não consigo fugir da confusão. – Claro tudo culpa do universo... Acabamos rindo. Morgana e eu conversamos sobre diversas coisas depois disso. Ela adorava pintar o cabelo de cores diferentes e comer pizza. Contei para ela o motivo de eu para aqui, morando sozinha com o irmão mais velho. – Pais legais os seus... – E foi assim que parei nessa cidadezinha... – Para você que é da capital talvez a cidade seja pequena, mas ela não é assim tão pequena. Tem muitas fazendas do outro lado da cidade e uma reserva. Tem uma cachoeira maravilhosa e tem um Shopping com um cinema muito legal... Morgana parou de falar assim que viu o que estava se aproximando. Não era Vitor, não era o baixinho e nem os outros. Mas uma típica garota rica e metida vinha em nossa direção. O desespero tomou conta de mim, foi por culpa de uma garota assim que fui expulsa de três colégios. Não! Até aqui?


O seu jeito de andar era o de uma modelo profissional, seu cabelo loiro era liso, comprido e perfeito. Seus olhos eram de um azul que provavelmente deixou Morgana com inveja. Ela se apoiou sobre a nossa mesa. Aquela garota atraiu o olhar de todos para nós. A sorte dela é que esqueci meu canivete 10 em um: Ive, - claro que meu canivete tem um nome. – Você deve ser Drica, certo? – Ela sorriu calorosamente para mim. Olhei para Morgana revirou os olhos: patricinha detectada. – Depende do quer comigo – eu respondi. A garota levantou a sobrancelha. – Não precisa ser assim, só vim lhe agradecer. – Pelo que? Morgana pigarreou. – Pensei que você não fosse tão apegada ao seu irmão, Lucia. De repente as peças se juntaram. Imaginei uma lâmpada imaginária se acendendo sobre minha cabeça. – Você é irmã do garoto espancado?- perguntei atônita. Ela riu. – Gêmea. Eu engasguei com a comida. – Pera aí! Gêmea? Talvez eu devesse ser engraçada quando estou quase morrendo asfixiada. Nem Morgana resistiu. – Ele estava tão feio assim que não pode nos reconhecer? – Lucia perguntou? – Feio... Não. Ensanguentado, meio vesgo e com o olho inchado, - eu disse lembrando do rosto do garoto. – Se ele não estivesse quase em coma teria pedido para ele sair comigo e comer comida italiana. Dessa vez as duas riram muito, a ponto de o refeitório inteiro nos encarar. – Meu Deus! Meu irmão odiaria ouvir isso! – Lucia secou uma lágrima. – Drica, como pode dizer isso? – Morgana tentou parecer espantada, mas não deu muito certo. Ela quase caiu da cadeira. – O que tem de tão engraçado? – Eu já estava quase rindo das duas. As duas respiraram fundo, umas três vezes, até pararem de rir. – Minha querida Drica, - Lucia disse. – Você pode ir até a enfermaria comigo? – Quem é sua querida? – eu perguntei, levantando uma sobrancelha. Morgana deu um tapinha na mesa para chamar minha atenção. – Acho que você deveria ir e conhecer o Leo com seus próprios olhos. – Por quê?


Lucia pegou minha mão e me puxou para levantar. Lucia olhou para Morgana, convidativa. – Venha junto, eu sei que você é a melhor amiga do Leo. Olhei para Morgana, atônita. – Você é? Morgana sorriu. – Vamos nos divertir hoje. E assim seguimos para a enfermaria. Lucia entrelaçou seus braços em mim, como uma miga intima. – Então venha conhecer meu irmão, Leo: o garoto que você salvou. Eu apenas sorri, fingindo entusiasmo. Eba! Vou conhecer Leo! Eu realmente preciso disso?

(Cap. 4) Capítulo 4 - Reunião dos Aliados na Enfermaria! A enfermaria ficava do outro lado do enorme prédio, ou seja, me deixei guiar pelas duas porque eu já havia me perdido. Lucia parecia ser alguém legal, mas ela falava demais sobre cabelos, unhas e maquiagens. Morgana ignorava completamente sua conversa e eu não conseguia me soltar dos braços de Lucia, sempre dando um sorrisinho e concordando com o que falava. De repente ela parou e me encarou: - O que foi? – perguntei aflita. Ela pegou meu queixo e começou a mexer minha cabeça para os lados. - Hã... Você podia parar? Estou começando a ficar tonta... A loira soltou um grito tão agudo que meus ouvidos começaram a zumbir. - Você é tão... FOFA! – Ela me abraçou forte e começou a dar pulinhos. Ive, meu lindo canivete... Por que eu lhe deixei na sala? Morgana olhava surpresa para nós, ela estava a ponto de ter um ataque de risos. Eu iria apresentar Ive para ela também. - Você podia me soltar? – eu pedi educadamente, mas na verdade já estava empurrando-a com todas as minhas forças. Ela se desprendeu de mim, desapontada. - Você corta seu próprio cabelo? – Ela puxou meu pequeno e sem graça rabo de cavalo. – Que crueldade! Ele é tão macio...


A verdade era que eu tinha trauma com cabeleireiros, porque minha mãe era uma. Imaginem a cada três meses penteados bizarros que faziam sua mãe dizer “Ah! Meu Deus que fofa!” e seus amigos falarem “Acho que tem um bicho na sua cabeça”. Depois que fiz dez anos, eu mesma pegava uma tesoura e deixava meu cabelo na altura do ombro. - Crueldade foi o que eu passei nas mãos dela... – resmunguei, lembrando-me dos dois coques com laçinhos cor de rosa que ela fez. - Quem? – Lucia perguntou confusa. - Esqueça. Vamos logo à enfermaria, antes que eu desista de ver o Leo. - Mas você parece uma bonequinha! – Lucia disse sorridente. Eu estava a ponto de entrar em ebulição. - Meu chame disso outra vez e você terá o mesmo tratamento que o seu irmão. Lucia levantou as mãos em sinal de rendição. Depois do “bonequinha”, Morgana já não conseguia ficar de pé depois de tanto rir. Assim que Morgana se recuperou, seguimos para a enfermaria. Eu já estava ficando impaciente, queria logo sair dessa escola. (...) Nós três estávamos de frente à porta da enfermaria. Eu realmente não estava animada para conhecer o garoto semiconsciente, mas era tarde demais para fugir. Ao entrarmos me deparo com uma pequena sala, com três camas de hospital separadas por cortinas. A sala era tão branca que me deixava tonta. Havia uma mesa, como a de um consultório qualquer e um pequeno armário, onde deviam ficar os remédios. - A velha bruxa não esta aqui, - Morgana disse satisfeita. - Ela foi comer alguma coisa. – Um garoto (que deveria ser Leo) estava sentado na cama ao fundo. – Eu já não aguentava olhar para a cara dela o dia todo... Ele segurando uma bolsa de gelo no olho direito. Suas feridas haviam secado. Estava sem camisa, mostrando que seus dias na academia fez efeito, mas eu estava realmente surpresa com a pouca quantidade de hematomas que ele conseguiu. - Hum... Drica, você deveria ser mais discreta ao olhar os outros sem camisa, – Lucia disse. - Cinco, - eu disse, ignorando completamente o que Lucia falou. - O quê? – Leo perguntou olhando para sua barriga. - Você conseguiu apenas cinco hematomas depois de ter sido chutado tantas vezes... Deveria ter mais, - eu respondi. Os três me fitaram atônitos. Eu realmente disse algo tão ruim assim? - Bem, foi sorte. – Ele sorriu para mim. – Eu acho que devia lhe agradecer... É Drica, certo? Eu sorri, sem muita vontade.


- Não tem de que. Fico feliz que não esteja em coma. – Eu acenei e já estava me dirigindo para a saída quando Morgana me pegou pelo braço. - Não, você não vai. - Por quê? Lucia e Morgana reviraram os olhos. Elas me levaram até a cama de Leo, nós três ficamos em silêncio por alguns segundos. - Não entendo porque não bateu neles também! – Lucia se manifestou. Leo pareceu envergonhado, mas conseguiu dar um sorriso desanimado. - Eu e Vitor temos negócios pendentes... Achei aquilo estranho, eles tinham negócios do tipo “Hoje é meu dia de deixa-lo quase morto e você não pode fazer nada”? Controlei minha vontade de dizer isso em voz alta. - Sabe Drica – disse Morgana, - Vitor desde o ensino fundamental tentou namorar Lucia. Leo, é claro, não permitia e por isso sempre brigavam. Eu não queria saber sobre isso, eu só queria ir para casa. Mas a olhei permitindo que continuasse. - Esse dois promoviam ótimos shows... – Morgana disse, piscando para Leo. – Mas ultimamente esses dois estão estranhos, as coisas ficaram tensas por aqui. Ano passado Vitor juntou aquele grupinho e tudo só piorou. Eu o olhei. Ele sorriu para mim de um modo simpático, de perto pude notar que ele era muito parecido com Lúcia. O cabelo, os olhos e até o formato dos lábios eram semelhantes. - E, se me permite perguntar, porque dessa vez você não fez nada? – eu perguntei. Ele deu de ombros. - Dessa vez eu mereci, mas não achei que fossem tão longe... - Você mereceu? Ele assentiu. - Não diga isso, vai fazer eu me arrepender de ter me metido na briga, – eu realmente falei sério. Todos riam. - Aquele soco... Foi realmente legal. Eu não tenho muita certeza, mas senti meu rosto avermelhar. Ele era alguém bonito, mesmo machucado. - Tudo para defender o meu irmão, - Lucia disse sorridente. Eu comecei coçar a nuca, sinal de que estava nervosa. - Eu não fiz aquilo por você... – eu disse para Leo, um pouco envergonhada. – Eu dei um soco nele por causa do comentário machista, sobre uma mulher defender alguém... Aquilo realmente me irritou. Os três me olharam surpresos.


- Nossa você é sincera. – Leo ainda me encarava como seu eu fosse de outro planeta. – Então significa que eu não preciso me sentir culpado e te ajudar se o Jota tentar jogá-la do telhado? Eu levantei franzi o cenho. - Porque não disse antes? – eu resmunguei. – Droga... Se eu soubesse eu... Os três riram se divertindo com minha angústia. - Fique calma, ninguém aqui vai deixar que lhe machuquem, Morgana disse, solidária. – Você ajudou meu melhor amigo. - Estamos realmente felizes por ter você no time, - Leo piscou para mim. Eu não consegui entender. - Nem Vitor e nem ninguém vai se meter com a gente! – Lucia me abraçou. – Minha nossa você é muito fofa e rebelde... acho que vou adotá-la. Leo e Morgana riram provavelmente da minha cara assassina – que não combinava nada com a palavra “fofa”. - Lucia tem razão, - Morgana disse. – Acho que você será nossa mascote. Eu olhei tão perplexa que fez Morgana quase se desculpar. - Brincadeirinha! - Bem, acho que vamos deixá-los a sós... – Lúcia olhou para Morgana, as duas se entenderam e se dirigiram á porta. – Veja Drica, meu irmão esta consciente agora. – Seu olhar era de divertimento. - Acho que deve cumprir sua obrigação de chamá-lo para comer comida italiana... – Morgana completou. Eu não tive tempo de correr atrás das duas, elas haviam nos trancado por fora. Eu estava furiosa, desesperada e nervosa demais para dizer alguma coisa. - O que elas querem dizer com isso? – Leo parecia confuso. Eu olhei para Leo, desesperada. - Você não se importaria se eu matasse as duas, não é?

(Cap. 5) Capítulo 5 - Uma Trégua? – Eu estava assim tão feio? – Leo perguntou fingindo estar magoado. Cinco minutos haviam se passado depois que fomos trancados. No começo eu estava em desespero, mas Leo não era uma má pessoa. Contei para ele que eu havia acabado de chegar e que estudaríamos na mesma sala. Contei também sobre o que eu havia dito no refeitório: sobre o negócio da comida italiana...


– Você realmente esta me fazendo essa pergunta? – Eu contei o estado deplorável que ele se encontrava. – Entendo... Então eu estava muito feio... – Aham. Leo me olhou indignado. – Não precisa concordar! E agora estou lindo como sempre, - disse ele se gabando. Nós rimos, mas Leo pareceu sentir dor assim que começou a rir. – Aonde dói? – eu perguntei me aproximando. – As costas, as pernas, a cabeça, o braço... Eu levantei a sobrancelha, ele era um garotinho mimado sem dúvidas. – Você só apanhou, não foi atropelado por um caminhão. – Eu não diria isso se fosse você, você já viu o tamanho do Afro? Eu levei alguns segundos para entender. – Esse é o apelido do grandão? – Eu estava me segurando para não rir. – Sim, os outros dois nem eu conhecia, talvez sejam do terceiro ano... – Então Vitor tem esse poder sobre as pessoas? Quero dizer, ele pede para que batam em você e pronto? Leo colocou a mão no queixo, fingindo estar pensativo. – Quase isso. Vitor é assustador, isso é um fato. E seu pai é um ótimo advogado. Ele pode se safar do que quiser. Drica, você arranjou um inimigo maravilhoso, parabéns! Leo percebeu que eu estava angustiada. – Vitor é do mal, mas ele nunca bateu em uma garota antes. – E o Jota? – O Jota é melhor amigo de infância de Vitor. Esse é um diabo em pessoa. Mas... Se Vitor pedir, tenho certeza de que você se salva. – Não, não vou sair dessa assim tão fácil. Leo assentiu. – Tem razão. Eu suspirei. – Você é TÃO reconfortante... – eu disse em um tom manso e irônico. Leo sorriu solidário para mim. – Eu causo esse tipo de efeito nas garotas. – Ele deu uma piscadinha. Não pude resistir e peguei o travesseiro da cama ao lado e bati nele diversas vezes. – Pare de ser metido, por favor. Me da ânsia! Nós rimos e de longe pudemos ouvir o sinal tocar. O intervalo acabou e eu ainda estava presa. – Essa enfermeira está lanchando o que? Uma baleia? – Eu já estava muito, muito irritada.


Leo arregalou os olhos, eles eram tão azuis que não pude deixar de encarar admirada. – Talvez seja isso! Cara, ela é enorme... A enfermeira quer dizer. Havia um corte no lado esquerdo de sua boca que estava voltando a sangrar. Fui até a mesa e peguei uma gaze e um desinfetante. Aproximei-me e comecei a limpar. Minha enorme franja avia se soltado e tapava metade do meu rosto, Leo percebeu meu incomodo e me ajudou colocando ela atrás da minha orelha. Foi então que percebi o quão próximos estávamos e nossos olhos se encontraram. Pela primeira vez me senti corar. Saí desajeitadamente de perto dele. – Você não pode falar muito... – eu disse um pouco tonta e quase tropeçando em meus próprios pés. – Se não o corte vai abrir... Ele parecia desconfortável também, seus olhos me encaravam confusos. Ele sacudiu a cabeça e se recuperou. – Claro... Obrigado. – Ele coçou a cabeça, incomodado. - Sei que não é o melhor momento para dizer, mas... Você é realmente bonita. Eu queria matá-lo, eu queria morrer de vergonha. Eu devia estar vermelha, meu coração aos poucos disparava cada vez que nossos olhos se encontraram. Não dissemos uma palavra mais. (...) Dois minutos depois de um silêncio vergonhoso, finalmente a porta se abriu. Uma mulher em forma de barriu e jaleco branco apareceu. Ela nos olhou irritada. – O que você esta fazendo aqui? – Ela olhava para mim desconfiada. – A aula já começou... E por que a porta estava trancada? Eu olhei assustada para Leo. – Eu estava certa sobre o lanche dela ou é impressão minha? – sussurrei. Leo segurou uma risada. – Ei, menina! Saia já daqui! Eu fiz posição de sentido para a senhora e corri em direção à porta. – Ah! Senhora enfermeira, devo dizer que a senhora não devia usar branco... Engorda sabe... Ela poderia ter me matado, mas em vez disso: – Você acha? – Ela perguntou esperançosa. Leo se segurou mais uma vez. Eu dei uma piscadinha para ela. Antes de eu sair porta afora, Leo me chamou: – Ei, Drica... Eu gostei da ideia da comida italiana... – Ele sorriu tímido. Meu coração iria saltar, eu devia estar vermelha. Odiei me sentir assim. Apenas assenti e saí correndo pelos corredores. Eu não sabia para onde estava indo, mas me sentia feliz e nervosa depois do que aconteceu.


Eu nunca sorri como uma idiota antes, mas era assim que eu estava. Até eu esbarrar em alguém. – Que sorriso idiota é esse? – uma famosa e odiosa voz perguntou. O garoto pálido de cabelos e olhos negros, alto e assustadoramente bonito me olhava desconfiado. – Não é da sua conta, garoto. Eu desviei dele e continuei meu caminho, mas ele agarrou meu braço. – Você é tão educada! Assim vou me apaixonar por você, - ele disse irônico. – Por um acaso você sabe o caminho da nossa sala? Ponto pra ele. – O que você quer? – perguntei irritada. Vitor deu de ombros. – Estava procurando você. – Por quê?... – perguntei desconfiada. – Morgana dedurou você, - ele respondeu. – E como o professor adora quando estou longe pediu para que eu viesse buscá-la. Eu sorri amarga. – Não sei o porquê, mas gostei dele... Vitor riu. Ele me olhou maliciosamente. – Então você foi ver o babaca na enfermaria... Ele é tão bonito que te deixou retardada? Franzi o cenho, eu estava numa boa posição para chutá-lo... Canela, joelho ou mais em cima? – Ei! Nem pense em me chutar! Eu o olhei surpresa, ele era bom. Soltei o meu braço e chutei sua canela. Dessa vez eu o surpreendi. Será que ele realmente achava que não ia chutá-lo? Ele agora estava dando pulinhos. – Sua desgraçada... – Você me chamou de retardada, não pude deixar impune. Culpa sua ter baixado a guarda. Ele me olhou, realmente irritado, parecia um menininho do jardim de infância que perdeu a briga. Eu não sabia que ele era realmente assim. – Vou perdoá-la dessa vez. Jota também, eu conversei com ele, - Vitor resmungou. – Por acaso eu pedi que conversasse com ele para me ajudar? Ele revirou os olhos, pegou meu braço mais forte e começou a me puxar. – Garota irritante... Nunca quis tanto ir para a aula de biologia como agora... – Você esta bem? Você é sempre legal assim com seus colegas? – Só quando é o primeiro dia deles.


Eu nunca imaginei que as coisas fossem seguir esse rumo, calma, ainda era o meu primeiro dia aqui. As coisas não iam ficar desse jeito. E assim, seguimos para mais uma maravilhosa aula.

(Cap. 6) Capítulo 6 - Meu novo doce lar. Finalmente as aulas terminaram. Já era fim da tarde e eu relaxava com uma deliciosa e viciante caneca de café com leite, enquanto lia um livro em meu pequeno quartinho (peguei esse hábito graças ao meu terceiro terapeuta). Por incrível que pareça Vitor realmente me deixou em paz, Jota não me encurralou na saída e Lucia não me chamou de fofa quando nos despedimos. Eu estava realmente feliz com a ultima parte. É claro, apresentei meu lindo canivete Ive para Morgana e Lucia e elas me pediram desculpas pelo que aconteceu. Foram as horas mais tranquilas que tive em uma escola. Minha casa na verdade é um pequeno apartamento, que agora divido com meu irmão mais velho. Ele tem 25 anos e a três se mudou para cá (onde nosso querido e não tão amado pai vive) e abriu um escritório de arquitetura que pelo que eu sei está indo muito bem. Por sorte, eu tenho o meu próprio quarto – embora seja do tamanho de uma caixa de fósforos. Meu irmão arrumou tudo especialmente para mim, colocou uma mesinha onde fica meu notebook, um armário e uma confortável cama ao lado de um criado mudo. Também pintou uma parede de roxo (minha cor favorita) para que eu me sentisse melhor. Eu realmente o amo por ter feito tudo por mim. Meu irmão morava no terceiro e ultimo andar de um charmoso prédio no bairro central. Ele estava bem de vida e isso me deixava feliz. As horas em que lia meu livro passaram voando e eu pude ouvir a porta se abrindo. Tirei meus óculos (secretos) de leitura e fui recebê-lo como uma linda e amável irmã deveria receber. - Você pode fazer o jantar? Estou com fome... – eu disse muito amável, é claro. Ele estava carregando muitas sacolas de supermercado e sua pasta de trabalho, todo desajeitado. Ele jogou tudo (inclusive a pasta) no armário da pequena e moderna cozinha que dividia o espaço com a limpa e caprichosa sala. O apartamento inteiro era bem colocado. O quarto do meu irmão era assustadoramente organizado, fazendo dele também seu escritório. Tudo porque ele projetou o lugar de uma maneira prática e confortável. Sim eu tenho um irmão maravilhoso. - Boa tarde minha querida irmãzinha, também senti sua falta amorzinho. - Eu não disse que senti sua falta, eu apenas quero comer.


Meu irmão suspirou. - Por que não faz você mesma? - Ah! Mas eu estou com preguiça, - eu disse de um jeito manhoso e mimado, que eu mostrava exclusivamente para meu irmão. – Por favorzinho? Ele cedeu e começou a preparar o jantar. Meu irmão era um cara bonito. Assim como eu ele tinha o cabelo castanho e grandes olhos cor de avelã. Ao contrário de mim ele era alto e bronzeado. Digo isso apenas porque sou irmã dele, mas ele fica muito sexy quando esta cozinhando. Meu orgulho! Enquanto eu estava sentada no sofá com as pernas apoiadas na mesinha de centro olhando meu irmão cozinhar habilmente, Meu irmão puxava conversa: - Você viu o pai na escola? - Sim, o velho me chamou para conversar. E aquilo não é uma escola, escolas não tem aquele tamanho todo, Jonathan. Jonathan riu. - É porque do outro lado fica o primário e o ensino fundamental. Por isso é tão grande. - Não estou interessada. Por que vocês me colocaram na mesma escola em que o velho trabalha? - Para que você pudesse ser controlada. Sabe como é... Você esta sempre se metendo em brigas e confusão... Então decidimos que seria melhor estudar lá. Com alguém da família por perto fica mais fácil. Eu bufei. - São as brigas e confusões que se metem na minha vida. - Claro... Eu lembro que quando você estava na sexta série e você bateu nos garotos que me incomodavam. - Ei! Isso não conta! Eu não posso deixar que provocassem meu irmãozinho! Jonathan me olhou apreensivo. - Você quebrou o braço de um deles, Drica. - Foi um acidente! Eu não podia imaginar que um taco de beisebol fosse fazer aquilo! Jonathan colocou o jantar, já pronto, na mesa. Ele fez uma omelete tão bonita e colorida que me deu pena de comer. Mentira, eu comi assim que me sentei. Jonathan puxou minha orelha: - Por favor, não se meta em confusão, esta bem? Dá próxima vez você pode ir parar no juizado de menores. Eu tenho um lindo irmão dramático, não é? - E o seu namorado? – Eu perguntei enquanto devorava meu jantar. Jonathan suspirou.


- Estamos bem, acho que dessa vez eu acertei com o Daniel. Eu sorri. - Se ele te magoar a sua irmãzinha pode te dar uma lição nele? – Dei uma piscadinha. – Faço um desconto especial. Jonathan piscou de volta, sorrindo. Ele era a pessoa que eu mais que eu mais amava no mundo e não queria ver ninguém o magoando. - Ele gostou de você... Disse que você tinha um olhar de louco que lhe agradava. - Cuidado, se não roubo ele de você. Jonathan atirou uma almofada na minha cabeça. - Apenas tente! - Ei! Eu to comendo! Você podia esperar eu terminar antes de ficar com ciúmes! Jonathan fingiu estar bravo e apontou para mim, me dando uma advertência. - Vou trabalhar não me incomode. – Ele foi para o seu quarto. Eu ri e gritei: - EI, SE VAI TRABALHAR ENTÃO TIRE SUA PASTA DO ARMÁRIO DA COZINHA! Não demorou três segundos e ele retornou para pegar a pasta. - Menina esperta você... – Ele se dirigiu apressado para o quarto. Era o meu terceiro dia aqui, mas era tranquilo e divertido. Apenas eu e meu irmão, sem mãe e padrasto para me dar ordens e um meio-irmão para me atormentar. Aqui, nesse lugar, todos os meus problemas sumiram. Talvez fosse isso que sempre precisei. Assim que terminei de jantar e lavar a louça, segui de volta ao meu quarto para arrumar a bagunça. Hoje veio o resto das minhas coisas. Meus coturnos, meus tênis, minha coleção de toucas e bandanas, meu amado celular que havia sido confiscado por um mês – depois do Ive, é meu objeto pessoal favorito – e alguns livros que havia me esquecido de colocar na mala. Finalmente eu estava feliz de verdade. Enquanto anoitecia, me perguntava se realmente eu estaria em paz. Tinha o pressentimento de que não seria assim tão fácil para mim. Pensei nas duas garotas idiotas que conheci hoje, mas que me fizeram tão bem. Pensei nos dois garotos completamente diferentes que me meteram em problemas. Será que tudo ficaria em paz? Não, ainda era segunda-feira.

(Cap. 7) Capítulo 7 - Aposta desastrosa com Lucia!


Três semanas se passaram desde o dia em que pisei nesta escola. Eu nunca acreditei que pudesse fazer amigos e ter uma vida de aluna normal, mas eu consegui isso. Tornei-me mais próxima de Lucia e Morgana. Vitor e eu apenas trocávamos olhares odiosos um para o outro, mas nada além de pequenas provocações – que ele começava. Leo se mostrou um mulherengo de primeira classe. Morgana, Lucia e eu nos divertíamos vendo as garotas paparicá-los no intervalo. Mesmo terrivelmente machucado ele ainda era um imã de mulheres. Isso só mostrou que a cena na enfermaria provavelmente era só mais uma jogada de conquistador. Eu e ele éramos grandes amigos agora. Eu estava começando a desconfiar dessa paz em minha vida escolar. Era uma manhã de quarta-feira chuvosa. Era aula vaga e não nos foi permitido sair da sala, ficamos presos a uma sala bagunceira e um clima mórbido nos encarando da janela. Morgana, Leo e eu estávamos em um canto da sala, claro que duas das garotas mais insuportáveis estavam grudadas nele. Clarice e Eliza lhe davam beijinhos, e falavam em um tom tão irritante e meloso que me controlei para não usar meu canivete Ive nelas. – Ainda bem que os machucados sararam, não é? – Clarice disse manhosa. Leo falsamente acariciou seu cabelo e disse: – Sim, agora me sinto bem melhor, graças a você. – E a mim também! – Eliza disse emburrada. Leo lhe beijou na bochecha. – Mas é claro... Eu e Morgana – que tinha mechas azuis no cabelo há uma semana – brincávamos de jogo da velha enquanto as garotas se derretiam em Leo. Eu confesso que achava divertido, eu e Morgana apostávamos quem cairia no riso primeiro. – Leo – Morgana chamou, - Você poderia parar com essa cena melosa? Eu já estou ficando irritada. Leo suspirou. – Meus amores, eu acho que Morgana está expulsando vocês... – E você vai deixar? – Eliza perguntou. Eu e Morgana nos encaramos. Como Leo se sairia dessa? – Elas só estão com ciúmes, vocês sabem. Acho que é a vez de dar atenção a elas. Eu e Morgana encaramos Leo, espantadas. As duas garotas nos fuzilaram, mas pacificamente saíram e foram até as outras meninas meio insuportáveis. – Eu tenho que admitir, você tem lábia – eu disse. Leo arqueou as sobrancelhas. – Não me diga que descobriu isso agora!


– Leo é assim desde o primário, acostume-se Drica. – Sabe Leo, quando eu te conheci eu achei que você fosse metido, egocêntrico, cheio de si e extremamente irritante. E levantou uma sobrancelha, curioso. – E agora? – Safado também – respondi sincera. Morgana vez uma pistola com os dedos e fingiu atirar em Leo. – Ponto para Drica! Leo riu e disse: – Drica, por que tenho a sensação de que você esta com ciúmes? Morgana fez a mesma coisa, mas atirou em mim dessa vez. – Ponto para Leo! Eu suspirei: – Porque você acha que qualquer uma, tirando a sua irmã, morre de amores por você. Morgana atirou em Leo. – Morgana o próximo tiro será em você – eu disse agarrando seu pulso e direcionando a falsa arma para sua cabeça. – Você é caidinha por mim, não é? – Leo me encarava malicioso, mas eu não cedi, eu já sabia como ele era. – Ainda vai continuar com isso? – Eu cruzei os braços e o olhei desafiadora. Ele deu de ombros, Morgana assistia tudo animada. – Você não admite porque é orgulhosa. Eu joguei bolinhas de papel nele. – Você pode parar com isso? Eu não sou orgulhosa. Eu não gosto de você. Eu gosto de pizza, de café com leite, de cantar no chuveiro, mas eu não gosto de você. – Nós dois começamos uma guerra de papel desastrosa. – OK! Já chega! – Morgana fez sinal de rendição. – Eu me entrego! Eu e Leo começamos a rir. – Você se entrega a que? – eu perguntei. – A qualquer coisa que faça vocês pararem! – Morgana disse dramatizando. Continuamos a conversar sobre diversas coisas idiotas. Chegou um momento em que listamos os professores mais insuportáveis e os mais bonitões (e bonitonas, graças a Leo). Eu nunca me senti tão bem em minha vida. Mas então eu banquei a idiota na aula seguinte e minha paz escolar estava indo pelo ralo.


Na aula de Educação física junto com a turma C (que era a turma de Lucia) fiquei na quadra coberta com Lucia e Morgana acompanhando o jogo de basquete dos garotos, turma C contra a D. Lucia nos passava detalhadamente os dados de cada garoto na quadra – da altura ao numero de ex-namoradas e claro que nenhuma de nós se importava com isso. Eu estava particularmente interessada em ver Leo e Vitor jogarem no mesmo time, parecia interessante. Morgana habilmente estava com seus fones de ouvido escondidos atrás do cabelo, ouvindo musica e me deixando para trás, fingindo ouvir Lucia. Eu poderia fazer o mesmo, se ela não tivesse pegado os MEUS fones antes da aula (ela sabia que isso aconteceria) sem ao menos eu saber que Lucia estaria conosco. – Nossa sala vai ganhar, com certeza – Lucia disse muito segura. – Por que tem tanta certeza? – perguntei. Lucia apontou para o garoto moreno e alto com cabelos cacheados. – Afro está no nosso time. Ele é um monstro, em todos os sentidos. – Disso eu sei, mas não precisa exagerar. O jogo começou, mas o resultado foi completamente diferente, nosso time estava muito mais a frente. – O jogo ainda não acabou, - ela disse sorridente. Vitor se mostrou realmente habilidosos e Leo fez uma cesta incrível. Inacreditavelmente eles jogavam bem juntos. – É ISSO AI LEONARDO, VÊ SE NÃO PERDE! – Morgana gritou como eu jamais vira alguém gritar. Eu e Lucia encaramos atônitas. – O que foi? – ela perguntou cinicamente. Lucia bufou. – Você quer apostar, Drica? – Lucia tinha um assustador tom de diversão em sua voz. Eu não queria apostar, ela estava me dando medo. Uma patricinha sombria é o tipo de coisa que você não deve desafiar. – O que eu ganharia com isso? – me atrevi a perguntar. – Nada, mas se uma perder será punida com o castigo que a outra definir. A ideia de punir Lucia me parecia divertida, ainda estávamos ganhando, eu não tinha nada a perder. – Eu estou com medo de você, mas não vejo porque não. Lucia sorriu e apertamos as mãos. Então as coisas mudaram. Afro estava brincando, até chegar metade do jogo. Quando ele começou a se irritar e jogar pra valer, nosso time já estava muito para trás. – O quê? Não pode ser! – eu disse espantada. Lucia se levantou e deu pulinhos, então gritou:


– LEONARDO! SE VOCÊ PERDER DRICA DISSE QUE TERÁ UM ENCONTRO COM VOCÊ! Todos na quadra pararam de repente. Eles já estavam perdendo, Lucia. Leo me olhava maliciosamente, Vitor que estava ao seu lado, deu um sorriso atrevido. Os outros pareciam não entender. – EU NUNCA DISSE ISSO! – eu respondi no mesmo tom de Lucia. Todos na quadra deram risinhos. – NÃO DISSE, MAS SE A TURMA D CONTINUAR ASSIM DRICA TERÁ SEU PRIMEIRO ENCONTRO! – E LEONARDO SERÁ FILHO ÚNICO! – completei. Agora todos realmente riram. – NÃO ME FAÇA PERDER DE PROPÓSITO LUCIA! – Leonardo respondeu se divertindo. – VAMOS CONTINUAR O JOGO! Eu e Lucia sentamos. Olhei para ela ameaçadoramente. – Esse seria o meu castigo? Lucia assentiu. – E se continuar assim sugiro que sejam dois encontros. A turma D estava sendo massacrada por Afro, que roubava todas as bolas e colocava direto na cesta. Ele não parecia mais ridículo por causa do nome. O jogo terminou 103 X 57. – Eu não vou sair com ele – resmunguei. – Pensei que fosse uma mulher de palavra, - Lucia provocou. – Na verdade sou uma mulher de socos e chutes também. Leo estava vindo até nós, ele estava completamente suado. Eu poderia dizer que ele pegou a chuva lá de fora. – Acabamos perdendo, - disse ele desapontado. – Uma pena, - eu disse mal humorada. – Leo, decida aonde será seu encontro com Drica, - Lucia pediu. Leo ficou boquiaberto. – Não me diga que era verdade! Lucia estava animada. – Nós fizemos uma aposta e eu ganhei. Então esse é castigo dela. – Sair comigo é um castigo? Quem disse que eu quero sair com a Drica? – Leo fingiu irritação Eu devia ter ficado brava, mas estava esperançosa. – Verdade? Você não quer sair mesmo? YES! – eu gritei empolgada. Leo franziu o cenho. – Não fique tão desapontada Drica. Lucia pareceu contrariada.


– Leo, por favor! – Lucia implorou. Leo ficou alguns segundos em silêncio. – Já que Drica quer tanto assim sair comigo... Por que não? – Ele piscou para mim. Se realmente sairmos juntos eu levaria Ive, com certeza. – Porque sua querida amiga não quer, - eu respondi. Leo sorriu e foi até mim. – Nessa sexta, as oito eu vou passar na sua casa e vamos jantar – ele disse. – Não, nós não vamos. Ele assentiu. – Sim, vamos. Vou levá-la á uma pizzaria. – Ele piscou. – O que? – eu perguntei atônita. – Enfim vamos comer comida italiana, juntos! – Leo passou seus braços suados envolta do meu ombro. Eu queria gritar, eu queria chutar alguém e eu queria desodorante para Leo. Morgana que estava o tempo todo com o fone em seus ouvidos finalmente deu atenção para nós. Eu a olhei desesperada. – Socorro... – eu resmunguei. – O que está acontecendo? – Morgana perguntou confusa. Lucia respondeu por nós. – Drica e Leo vão jantar comida italiana em um lindo encontro. Romântico, não é?

(Cap. 8) Capítulo 8 - Um primeiro confuso encontro. Notas do capítulo A partir daqui as coisas tomam um rumo bem... interessante. Espero que gostem! Lindo jantar romântico de comida italiana? Depois daquele dia, fiquei desde sexta-feira sem falar com Lucia. Eram cinco horas e daqui a três Leo estaria vindo me buscar para irmos à pizzaria. Eu tentei de todas as maneiras dizer não, inventei desculpas do tipo: “Meu irmão não deixa”, “Estou começando a ficar doente” e “ As garotas vão me matar se eu sair com você” – a ultima realmente não colou, porque eles sabiam que seria mais fácil eu matá-las. Quando meu irmão soube que eu teria um encontro, ele disse: “Isso é ótimo Drica, mas, por favor, não ameace ele com o canivete.” Claro que eu não faria isso! Eu acho. Quando meu pai – o honrável diretor – descobriu, me chamou na direção e falou:


“Eu sei que isso é muito novo para você, então boa sorte e leve o canivete escondido caso ele tente fazer besteiras com você”. Meu irmão deve ter falado de Ive para ele. Não me perguntem como consegui essa família, isso com certeza é uma conspiração. E por fim, quando meu lindo e amável professor de português soube dos boatos, ele disse: “Felicidades aos dois!” Felicidade para quem? Felicidade sobre o que? Nós não estamos namorando! Eu queria gritar, mas como era meu lindo professor eu resolvi sofrer calada dessa vez. As garotas faziam planos miraculosos para que eu morresse antes do encontro. Os garotos da minha classe nos provocavam e Vitor me encarava, preocupado. Nessas três semanas eu pude perceber que Leo e Vitor não tinham uma rivalidade assim tão superficial. Eles sempre se encaravam de um modo assustador e às vezes tinham discussões misteriosas pelos corredores. Isso realmente me intrigava, mas quando perguntei a Leo se havia algo a mais com Vitor ele me olhou de um jeito que me fez vacilar. Depois disso ele voltou a ser o Leo de sempre. Eu queria saber mais, mas não havia como. Era algo que eu ainda estava longe de descobrir. Hoje mesmo, tive uma discussão muito estranha com Vitor nesta manhã. Eu estava indo ao banheiro, quando encontrei Vitor sozinho no corredor brincando uma moeda entre os dedos. Eu resolvi passar sem dizer nada, mas ele segurou meu braço com força. - Vai sair mesmo com ele? – Vitor olhava para a moeda que andava por seus dedos. - Vou, algum problema? Vitor finalmente me encarou, de uma maneira tão séria, que me fez sentir falta do seu olhar assustador. - Ele não é assim tão divertido como você pensa. Você vai se arrepender. Eu não estava entendendo. Eu apenas queria ir ao banheiro, por que eu tenho que discutir com ele? - Eu não quero saber. Você pode me largar? Vitor parou de brincar com a moeda e guardou em seu bolso. Com suas duas mãos livres ele me colocou contra a parede. Estávamos frente a frente. - Eu não sei por que estou fazendo isso, tentando ajudar alguém tão insuportável como você, - ele jogou as palavras amargas em minha cara. Ele era realmente forte, não conseguia me soltar por mais que tentasse. – Se você quer realmente fugir de encrenca, ficaria longe dele. Eu estava começando a me enfurecer.


- Eu não quero a sua ajuda. O que você sabe sobre me deixar longe de encrenca? – Aproximei meu rosto ao seu. – Você é irritante. Nenhum de nós cedeu, meu coração estava acelerado – medo e raiva se misturavam em meu sangue. - Eu digo o mesmo sobre você, - Vitor respondeu sombriamente. – Eu estou te dando apenas um aviso. - Se você quer que eu agradeça pode esquecer. Ele me soltou, antes de ir embora ele suspirou. - De nada. Então sumiu pelos corredores. Do meu quarto, olhando pela janela os carros passarem eu lembrava a cena de hoje de manhã e me perguntava o que teria acontecido para ele agir daquela forma. Eu não conseguia entender o que Vitor disse sobre “eu me arrepender”. Apenas decidi ignorar, pensar em Vitor não era saudável. O tempo passou voando e eu já estava arrumada. A qualquer momento Leo iria aparecer para me torturar. Fiz duas tranças em meu cabelo, que mal alcançavam meu ombro. Coloquei uma calça jeans qualquer e uma blusa regata. E claro, coloquei um de meus lindos coturnos. Tomei cuidado para não parecer uma delinquente e gostei do resultado. No bolso de minha calça eu guardava meu celular e meu canivete, aproveitei a noite levemente fria e amarrei um casaco na cintura para escondê-lo. Não demorou muito para que o interfone tocasse. Ao descer, me deparei com um cara tão elegante que fez eu me arrepender de ter colocado algo tão desleixado. Leo usava uma camisa social – com os três botões de cima abertos, - por fora de sua calça jeans. Seus tênis estavam impecáveis e seu cabelo loiro brilhava sobre a fraca luz da noite. - Leo normal não pode vir hoje? – eu perguntei. Ele agarrou o meu braço. Tentei me soltar, mas ele insistia. - Como sempre, você está amável e fofa, - Leo respondeu. Deixei que ele me guiasse pelas ruas. Era constrangedor andar com um cara assim, mas eu não podia fazer muito. Ele ia pagar meu jantar, era isso que importava. A pizzaria que ele me levou era muito elegante e com um velho estilo italiano. Ele havia reservado um lugar no canto, longe das outras pessoas. - Devia me agradecer por isso, - ele disse. – Escolhi esse lugar pensando em você. Eu bati com o cardápio em sua cabeça. - Não fez mais que sua obrigação. Afinal você me empurrou pra cá. Até que não estava tão ruim. Eu ele conversamos e rimos sobre várias coisas, até do garçom – que andava de um jeito engraçado. É claro que eu comi muito, afinal eu estava com fome.


- Tem um buraco negro no seu estomago, por acaso? – Leo perguntou, na minha sexta fatia. - Fique quieto. Você esta pagando e vou comer quanto eu quiser. Leo não pode deixar de rir. Mas ele também estava comendo bastante, não tinha direito algum de falar sobre mim. Acabamos competindo para ver quem comia mais. Quando terminamos, saímos da pizzaria, empanturrados. - Eu nunca mais vou tentar comer mais que você, - Leo declarou. Ele foi derrotado por duas fatias. Eu não pude deixar de rir. Ele parecia enjoado. - Você é brilhante, - declarei. Leo agarrou meu braço novamente. - Eu vou levá-la para casa, pelo caminho mais longo. – Uma expressão sorridente e travessa lhe tomava. Eu revirei os olhos e seguimos ao meu lar, pelo caminho mais longo como ele queria. - Você é uma garota sortuda. Eu não permito muitos encontros por aí... - Eu não considero sair com você sorte. Tirando a parte de comer de graça. Ele me deu um pequeno empurrão. - Atrevida! Nós rimos enquanto caminhávamos. Divertíamos-nos enquanto provocávamos um ao outro. Mas eu tive a nítida impressão de estar sendo seguida e então parei e olhei para trás. Um grupo de garotos estava atrás de nós, um pouco distante. Talvez uns sete, estavam longe demais para que eu pudesse contar. Leo acompanhou meu olhar e ficou atônito. Ele apertou ainda mais o meu braço e resmungou: - Mas o que... Leo não completou a frase, ele me olhou angustiado e disse: - Precisamos ir mais rápido. – Ele me puxou com força, eu estava praticamente sendo arrastada por ele. – Seu prédio não esta muito longe. Eu não podia ficar calada. - Eles estão atrás de você? Quem são eles? Leo ficou em silêncio. Eu me atrevi a olhar para trás, assim que começamos a andar mais rápido eles também aceleraram. - Leo responda! O que eles querem com você? Leo resmungou: - Vitor... – Eu não estava entendendo. O que Vitor tinha haver com aquele grupo? – Ele vai ver só... - O que tem ele? – eu perguntei. – Ele mandou esses caras atrás de você?


Então me lembrei do que ele disse hoje de manhã: “você vai se arrepender” “vai se meter em encrenca”. - Desculpe Drica, mas eu não posso dizer. Apenas ande mais rápido. Eu nunca tinha ouvido Leo falar tão sério com alguém. Resolvi que discutir não adiantaria, estávamos nos aproximando do meu prédio. Mas mesmo assim, o grupo nos perseguia. Assim que chegamos, Leo agarrou meus ombros e me encarou sério: - Prometa que vai esquecer essa perseguição. Você não dirá isso a ninguém. Agora minha cabeça estava dando voltas e mais voltas, confusa. - Como assim? Leo suspirou, seus lábios entortaram. - Eu não quero lhe meter nisso... - Me meter no que? Do que você esta falando? – Eu já estava quase gritando, irritada. Antes que eu pudesse continuar a espernear, olhei para o lado e vi que os garotos estavam cada vez mais perto. Assim que o vimos, Leo me abraçou. Fui pega de surpresa, meu coração batia forte querendo sair. Ele apertou mais forte. - Eu gostei muito de hoje, obrigado. Minha respiração estava desregular, eu não sabia o que dizer. Eu nunca fui abraçado por um garoto que não fosse meu irmão. Meu rosto estava quente. O seu cheiro misturado ao leve perfume me deixava tonta. - Leo... – eu não consegui completar. Ele me soltou, estava escuro, mas ele estava corando. Ele olhou na direção dos garotos e disse: - Entre, vá para casa. Eu... Vou ter que resolver uns problemas. Ele estava pedindo para eu fugir? Verdade? - Eu não vou deixar... - EU NÃO ESTOU PEDINDO! – ele não estava irritado, estava em desespero. Eu apenas assenti, espantada. Eu não queria fugir, mas como contrariá-lo? Eu então fui, assim que fechei a porta, não pude mais vê-lo. A preocupação me tomava por inteira. Nunca me senti tão culpada. Enquanto eu subia as escadas, resmungava. - Porque eu não fui ajudá-lo? Eu estou me tornando uma fracote! Francamente Drica, você é uma vergonha! Quando cheguei ao meu andar, fui correndo para o quarto, olhar pela janela. Mas Leo não estava mais lá fora, a rua estava deserta. Eu nunca me odiei tanto na vida.


Notas finais do capítulo Esse capitulo foi muito complicado de fazer. Espero que esteja bom!

(Cap. 9) Capítulo 9 - Às Escuras... LEO. Jamais deixaria Drica saber o motivo daquela perseguição. Assim que ela entrou no prédio, me senti aliviado, não queria que ela se envolvesse nisso. Comecei a correr, mais do que corri em toda a minha vida. Olhei alguns segundos para trás e vi que os garotos ainda me seguiam na mesma velocidade. Eu já estava farto disso. Entrei por diversas ruas, tentando confundi-los, a ponto de nem eu mesmo saber onde me meti. As ruas estavam cada vez mais escuras e então cometi o grande erro de entrar em uma rua sem saída. Virei-me para voltar, cada vez mais nervoso. Mas assim que estava quase saindo, fui encurralado. - Não pensei que você conhece essas ruas melhor que nós, - um deles disse, ele segurava uma barra de ferro e batia divertidamente sobre sua mão. Dei alguns passos para trás. Eu odiava quando eles tinham dessas coisas. Dois garotos agarraram meus braços, para que eu não pudesse fugir. O garoto com a barra de ferro se aproximou. Ele cutucou a barra de ferro em minha barriga. - Você precisa nos pagar, - ele disse. Eu tentava desvencilhar dos garotos que me prendiam, mas não consegui. - Eu não devo nada a você! O garoto com a barra de ferro, que eu já conhecia bem, soltou uma risada. - É claro que deve! - Foi Vitor quem mandou você aqui, não foi? – perguntei desafiador. Um dos garotos que me prendiam puxou meu cabelo. - Não fale nesse tom com o Dado, seu playboyzinho. Não tem medo do perigo? Dado se aproximou: - Alguém pediu nossos serviços e nós fizemos. Mas esse alguém quer que você pague e você vai pagar. - Foi... – meu cabelo continuou sendo puxado. – Ele não, é? Diga logo que foi o Vitor. – Eu estava impaciente. Eles sempre davam voltas, mas nunca contavam.


Dado me deu um chute no estomago. Eu caí no chão. A ânsia tomava minha barriga, tossi diversas vezes. Levei um tempo para respirar até tomar outro chute, seguido de outros. - Não interessa quem foi playboyzinho. Eu só quero o meu dinheiro. Fiquei sem ar por um tempo, até conseguir responder: - Eu já paguei o que EU devia a você. Não temos mais nada um com o outro. Um dos garotos me pegou pela camisa e deu um soco. Eu podia revidar, mas sabia que não podia. - Se você não pagar – disse dado, irritado. – Eu vou ser obrigado a pegar aquela sua irmã gosto... A fúria me tomou, não pensei duas vezes em levantar, mesmo com dor, para dar um soco nele. Mas antes que minha mão chegasse à sua cara nojenta, eu fui impedido por três garotos que me agarraram e socaram minhas costas. - FICA LONGE DELA! ISSO É ASSUNTO NOSSO! – juntei minhas forças para gritar. Dado riu, se divertindo. - Então aquela sua amiga camaleão... Ela é bem bonitinha... Ou... Aquela garota que você estava saindo, agora pouco. É sua namorada? Ela parecia fazer meu tipo... Meus braços formigavam, minha fúria tomou conta de todo o meu corpo. Eu queria matá-lo. - Você não vai mexer com ela... – eu resmunguei, irritado. – Eu vou matá-lo se você se atrever a tocar nela... Em qualquer uma delas! Dado parecia se divertir. - Se sua namoradinha soubesse o que você já fez... tsc, tsc. Hoje foi só um aviso, eu quero o dinheiro na minha mão semana que vem. Eu não vou mais facilitar para você. Se não suas amiguinhas vão... Você sabe. Os garotos que me seguravam me jogaram com força. Caí de cara no chão, minha visão ficou embaçada. Fui deixado ali, ao som de risos que aos poucos iam sumindo. Eu sabia que o culpado era Vitor. Não tinha como ser outra pessoa. Até Drica começou a se envolver nisso. Eu não sabia o que podia fazer. Não sabia como resolver isso sem ficar longe dela. Mais alguém importante seria prejudicado. Esperei um tempo até que pudesse me sentar e peguei meu celular. Disquei apressadamente o numero da minha irmã. - E então? Como foi? – Lucia soou animada do outro lado da linha. Eu respirei fundo, meu peito doía, tinha pouco fôlego para falar. - Me pegaram... – eu respondi. O silêncio do outro lado da linha me deixava preocupado. – Consegui deixar Drica em casa antes, mas... – gemi de dor. Uma fisgada insistente em meu peito incomodava.


– Me diga aonde você esta que vou te buscar, - Lucia disse decidida. (...) - Eu sei que foi o Vitor – insisti. Muito tempo depois de Lucia me buscar com um táxi, escondida de nossos pais, ela agora cuidava de minhas feridas no quarto. Dessa vez não me machuquei muito, pelo menos meu olho estava normal – confesso que minha aparência me preocupava. Minha cabeça ainda doía. Lucia sacudiu a cabeça: - Vitor não me persegue desde a sétima série, eu não entendo o porquê de você achar que ele faria isso! - Você sabe que... Ai! Isso arde sabia? Lucia entortou a boca. - Desculpe, mas eu não estou acostumada com isso... E sim eu sei que tem mais alguém... – Lucia disse com nojo. Se meus problemas se resumissem a apenas a antiga paixão de Vitor por Lucia, tudo bem. Mas aconteceram diversas coisas que nem Lucia sabia e não me atreveria a contar – tenho vergonha de mim mesmo por isso. - Mas agora – continuou Lucia, - tudo isso é passado. Eu não consigo mais entender! Você nem me contou o verdadeiro motivo daquela briga em que Drica lhe ajudou. Drica... Um gosto amargo surgiu. Eu me senti culpado por deixá-la daquela maneira, mas eu me sentiria pior se deixasse ela se evolver. - Você não precisa saber Lucia. Apenas esqueça o que aconteceu. Lucia agiu como uma garota mimada e mostrou a língua. - Seu bobão – ela resmungou. Eu não pude deixar de rir, mesmo com dor. - Lucia... Não comente nada com Drica está bem? Lucia compreendeu o que eu quis dizer e assentiu. Como mágica, assim que ela concordou seu celular tocou. Lucia arregalou os olhos e eu já sabia quem era. - Não atenda. Eu não quero que ela saiba de nada, entendeu? – Eu estava realmente sério. – Eu vou inventar uma desculpa semana que vem. - Mas ela deve estar preocupada! Você não pode manter Drica às escuras para sempre! Era o que eu queria. Drica se tornou alguém que me fazia bem, eu não podia deixá-la saber sobre ele e sobre o que ele fez... - Ela não pode saber, - eu disse sombrio. – Ela não vai saber, entendeu Lucia? Nem você e nem Morgana vão contar! Lucia parecia assustada e confusa, mas mesmo assim concordou. Lucia jogou o celular de lado. Permanecemos em silêncio até o celular parar de tocar.


Eu não podia deixar que as coisas continuassem assim, não podia ser intimidado por alguém como Vitor. Eu teria que tomar minhas providências antes que alguém realmente se machuque. - Vitor e eu teremos uma longa conversa, - eu disse, finalmente.

(Cap. 10) Capítulo 10 - Um nada amigável vizinho. Notas do capítulo Se puderem comentar o que estão achando, eu ficaria muito grata. Assim poderei saber se estou fazendo certo ou não. DRICA. Meu fim de semana foi uma tortura. Logo depois de ter sido deixada em casa eu liguei para Lucia diversas vezes, mas ela nunca atendia. Era sábado à tarde e eu ainda não sabia se Leo estava em casa. Eu encarava o teto do meu quarto, sem a menor vontade de sair da cama. Pensava em tudo o que aconteceu ontem. Um misto de momentos bons e outros confusos atravessavam minha memória. Minha vida ficou de cabeça para baixo. Meu irmão deu batidinhas na porta: - Drica! Eu e Daniel vamos assistir a um filme e estamos com um balde de pipoca bem salgada enorme com a gente! - Eu não quero! – respondi manhosa. Meu irmão ficou em silêncio por alguns segundos. - Eu ouvi bem? Você esta recusando pipoca? – Ele estava realmente chocado. Eu suspirei. Tem razão, eu não podia deixar de comer algo tão maravilhoso por causa de dois garotos que estavam torando minha cabeça uma geleia. - Já estou levantando... Daniel, o namorado do meu irmão mais velho, se tornou também o meu melhor amigo. Ele tinha o cabelo dourado e comprido sempre amarrado, olhos verdes da cor do mar e pele bronzeada. Se aqui tivesse praia eu diria que ele é um surfista bonitão (na verdade ele era um, mas só surfa quando esta de férias). Eu não estava realmente prestando atenção no filme, eu só estava comendo pipoca e tomando refrigerante. Óbvio, eu estava entre os dois namorados, não podia deixar que fizessem indecência na minha frente. Acredite: mesmo que gays, ficar abraçada entre dois caras bonitões aumenta significativamente a sua moral.


- Que filme é esse? – eu perguntei. - Cartas para Julieta, - respondeu Daniel. Ele puxou a minha orelha, como faz meu irmão. – Essa é a terceira vez que você pergunta! - A culpa não é minha se é tão chato, Tio. – Essa era a maneira carinhosa que eu o chamava. Daniel suspirou. - Tio... Isso faz eu me sentir velho. Eu sorri. - Relaxa Tio... – novamente minha orelha foi puxada. Do meu lado esquerdo Jonathan deu um empurrão. - Vocês podem ficar quietos? Tem alguém querendo ver o filme! – Uma pontinha de irritação estava em sua voz. Eu e Daniel nos entreolhamos, mas ficamos em silêncio, apenas soltando rizinhos. Minha tarde estava finalmente divertida. A tensão saia aos poucos de meu corpo. Depois do filme, tentei drasticamente fazer um bolo junto com eles. O resultado, assim como a tentativa, foi drástico. Na segunda tentativa, fui colocada para escanteio. Meu irmão era quem sempre me deixava mais calma, eu poderia ter esquecido tudo, até o meu celular tocar. Olhei na tela, finalmente Lucia retornou as ligações. Meu coração começou a acelerar, ansiosa. Corri para o meu quarto e atendi. - Lucia, finalmente! Eu já ia começar a te caçar. Ela demorou um pouco para responder. – É que... Leo me pediu para avisar que está tudo bem. – Era impressão minha, ou ela estava angustiada? - Lucia, esta tudo bem mesmo? – perguntei desconfiada. - Eu... Eu apenas estou fazendo o que Leo me pediu. – Ela ainda estava angustiada. - Então por que ele não ligou? Ouvi um suspiro pelo telefone. – Drica, eu não posso dar explicações de tudo está bem?Então não fique irritada comigo! Eu suspirei. - Está certo. Onde está Leo? Lucia novamente ficou um bom tempo sem responder. Tive a impressão de que Leo estava ao lado dela, lhe dando instruções. – Ele está bem, é só o que eu posso dizer. Boa tarde Drica. Se cuide. Ela desligou na minha cara. Queria jogar meu celular pela janela, de raiva.


Eu bufei e me joguei na cama. Até Lucia começou a ficar estranha. Por que tinha que ser assim? Minutos depois ouvi a porta bater da sala, provavelmente visitas. Agora sem duvidas eu queria ficar trancada em meu quarto. Porém, a voz da visita me era familiar. Um formigamento percorreu minha coluna, até o pescoço. Levantei em um salto e abri a porta bruscamente. Deparo-me com ultimo ser no mundo que pensei estar em minha casa um dia. Jonathan me olhava confuso. Ele olhou para a visita que estava igualmente espantada. - Ah! Drica, você conhece o Vitor? – ele perguntou, como se a situação fosse normal. – Ele é nosso vizinho do andar de baixo. Ele é um grande amigo meu desde que me mudei. Eu e Vitor nos encarávamos boquiabertos. Era o tipo de situação que nenhum de nós esperava. - O que? Como ele pode ser nosso vizinho? – eu perguntei perturbada. – Eu moro aqui há três semanas e nunca nos encontramos! - Deve ser porque ele usa o elevador... – Daniel respondeu, enquanto batia a massa do segundo bolo. Nosso prédio de três andares tinha um elevador, mas não fazia sentindo usá-lo quando só são três andares de escada. Vitor me olhou estranho: - Era essa a sua irmã fofinha e manhosa, Jonathan? Jonathan assentiu. - Vocês se conhecem e vejo que são grandes amigos... – Francamente meu irmão usava ironia nas piores horas possíveis. Vitor deu de ombros. - Faz sentido nunca nos vermos, eu não fico muito em casa. Eu suspirei. - Não me interessa. Vou voltar para o meu quarto. Mas antes que eu pudesse entrar, Vitor disse algo realmente desconfortável. - E então fofinha, como foi seu encontro? Lentamente eu me virei, acabei vendo sua expressão divertida e irritante: - Pensando bem Vitor, quero que conheça meu quarto. Eu também tenho um amigo muito legal chamado Ive, que você precisa conhecer. (...) Jonathan e Daniel trocaram olhares maliciosos quando o arrastei para meu quarto, mas não me importei, Vitor era a minha ultima esperança de colocar fim em minhas duvidas. Eu tranquei a porta e o fiz sentar na cama.


- Calma! O que significa isso? E... Quem é Ive?– Vitor perguntou irritado. Eu suspirei. Apresentei meu canivete dez em um para ele, que pareceu bastante interessado até. Era para ficar com medo, droga. Eu precisava fazer perguntas a ele. Peguei minha cadeira e sentei frente a ele. Como em um interrogatório, comecei: - Como você e meu irmão se conheceram? – perguntei. Sei que tinha questões mais importantes, mas isso estava me incomodando. Vitor revirou os olhos: - Eu o ajudei com a mudança. Soube que era arquiteto, eu fiquei interessando então ele me dá dicas sobre a profissão, nos tornamos amigos. Era só isso? Levantei a sobrancelha. Tentei imaginar Vitor como um futuro arquiteto, mas era complicado. - Não. Você me perguntou do encontro... Ele foi ótimo. - Que bom. - Até sermos perseguidos. – Eu o encarei muito sério. Vitor pareceu muito perturbado com a observação. - Eu estou muito curiosa para saber por que ele disse que a culpa era sua. Agora Vitor estava a ponto de se levantar e ir embora. - Ele disse isso? – Seu tom de voz era baixo e calmo, muito assustador quando se trada de Vitor. - Eu não entendo vocês. Sempre tendo discussões escondidos, se olhando com ódio. Aquela briga em que eu ajudei Leo, Morgana me fez acreditar que era porque você gostava de Lucia, mas eu não consigo mais acreditar nisso. Estou sendo manipulada pelos meus próprios amigos. Vitor parecia pensativo. - Você realmente não é tão idiota, como eu pensava. Eu queria dar um soco nele, mas pensei em deixar isso por ultimo. - Quero saber qual a relação de vocês. Quero saber por que ele foi perseguido ontem à noite. Vitor batia nervosamente o seu pé, sua impaciência era clara. Acho que ele se sentia sem saída. - Aquela briga em que você se meteu, eu não tinha nada haver com ela. Todo mundo pensa que sim, mas eu não tinha. Ele provocou o Jota e então bateram nele. Não sei por que, mas ele acha que eu mandei o Jota bater nele... – ele disse indiferente. – Enfim... Ele me odeia de qualquer maneira. Eu continuei olhando, desconfiada. Ele percebeu e, chateado, continuou. – Eu e Leo não temos nada, se é o que quer saber. Nós nos odiamos apenas isso. – Ele aproximou seu rosto do meu. – E quanto a ele ser


perseguido, eu não tenho a mínima ideia. Mas eu avisei que você se meteria em encrenca... Quanto a ele não saber da perseguição, ele parecia esconder algo. Tudo parecia ser mal explicado. Acho que não chegaria mais longe que isso. Eu suspirei, derrotada. - Tudo bem, eu acho que entendi – menti. - Posso ir agora? – Vitor pediu. Eu assenti e dei a chave do quarto a ele. Antes de ele sair, ele se virou e disse: - Interessante você ser minha vizinha. Acho que vou passar aqui mais vezes. – Ele sorriu e sumiu porta afora. Ele me tratava como seu brinquedo de diversão. E na esperança de ter tudo resolvido, eu só fiquei mais confusa. Notas finais do capítulo As criticas me ajudam muito, então não deixem de dizer o que acharam o/

(Cap. 11) Capítulo 11 - A paz silenciosa termina! Eu cheguei à conclusão de que a paz não gostava de permanecer em minha vida. Não bastasse ter um encontro confuso, Vitor era meu vizinho. E sua promessa de que viria a minha casa mais vezes se cumpriu no dia seguinte. Por sorte eu estava dormindo – já que era domingo à tarde – com minha porta trancada. Na segunda de manha eu não estava muito entusiasmada para ir à escola. Com todas as minhas forças eu me arrumei, estava com preguiça de arrumar meu cabelo e coloquei uma bandana por cima. Eu ainda parecia um zumbi, mas forcei-me a continuar. Leo me evitou nas primeiras aulas, eu realmente não entendia por que. Lucia agia de maneira estranha e Morgana apenas entortou os lábios quando contei o que houve para ela. Eu não estava tendo um bom dia. No intervalo, me dirigi impaciente para a mesa em que Leo, Morgana e Lucia estavam. A mesa já atraia atenção o suficiente com os gêmeos, mas minha chegada só provocou mais murmúrios. - Leo, eu acho que precisamos conversar – eu disse em tom firme. Ele virou para o lado, não querendo olhar nos meus olhos, mas assentiu. - Vamos para um lugar mais calmo. – Ele se levantou e apenas o segui.


Fomos para nossa sala, que não havia ninguém para incomodar. Leo fechou a porta depois de se certificar que os corredores estavam vazios. Mas Leo não pronunciou uma só palavra. - Me diga o que aconteceu – eu pedi. Leo suspirou, sua expressão era um misto de ansiedade e medo. Ele estava mais enérgico do que de costume. - Por favor! – eu insisti. – Eu morri de preocupação, me senti culpada por tê-lo deixado e você me evitou o fim de semana inteiro! Isso esta me deixando maluca sabia? – Eu não queria me irritar com ele, mas estava à beira de um colapso nervoso. Leo ainda não me respondia, ele olhava para todas as direções, menos para mim. Isso estava me irritando profundamente. - Eu vou embora – decidi. Eu já estava indo para a saída. Porém, fui pega de surpresa. Leo me abraçou como naquela noite. Seus braços estavam um pouco trêmulos, seus lábios roçavam meus ouvidos e pude sentir uma respiração desregular. - Desculpe – ele sussurrou. Meu coração novamente ficou inquieto, aquela sensação que me deixava perturbada. – Eu apenas não quero que você se prejudique. Às vezes é melhor não saber de nada. Coloquei minhas mãos contra seu peito, para afasta-lo, mesmo assim seus braços envolviam minha cintura. - Leo, eu estou me sentindo uma idiota. Eu não entendo você, não entendo Lucia, não entendo nem mesmo o que Vitor tem haver com tudo isso! – Eu tentava parecer firme, mas o olhar piedoso de Leo me deixava sem jeito. Seus lábios, que antes roçavam minhas orelhas, estavam meio abertos, soltando um hálito quente em meu rosto. Eu simplesmente não sabia para onde olhar e como agir. Leo passou suas mãos envolta de meu pescoço e colocou sua testa contra a minha. - Eu só quero o seu bem... – ele sussurrou. – Você não é nenhuma idiota... Seus olhos azuis me encaravam, eu não entendia o que era aquilo. O que eu estava sentindo? Por que meu rosto fervia? - Você não está agindo como se... Fui interrompida pelo toque de seus lábios. Minhas pernas adormeceram e cai sobre o corpo de Leo, que me abraçou. De repente me vi devolvendo o beijo, com minhas mãos envoltas em seu pescoço e acariciando seu cabelo. Era uma sensação quente, algo viciante e ao mesmo tempo tão incomodo por me deixar sem defesa. Juntei todas as minhas forças para parar. Nossos olhares estavam assustados e confusos, eu não consegui dizer uma única palavra, por mais que tentasse. - Eu te amo – ele disse, me deixando completamente sem rumo.


O que eu responderia? Eu não sabia o que era se apaixonar por alguém, era tudo tão novo para mim. Vi-me coçando a nuca, nervosa. - É... Eu... Eu... – Me odiei por estar gaguejando. Por que não saia algo normal? Leo sorriu. Sua mão acariciou meu cabelo, por baixo da bandana. - Esta tudo bem. Eu não quero forçá-la a nada. Só quero que fique do meu lado. Seu sorriso era tão reluzente que me forcei a olhar para outro lugar. E olhando para a porta, percebi que alguém presenciava tudo. Eu poderia ter um infarto agora mesmo. Leo seguiu meu olhar. E com um salto, ele perguntou: - O que esta fazendo aqui? – Sua personalidade mudou completamente. Vitor estava inexpressivo. Eu pensei que já o vi de todas as formas assustadoras possíveis, mas essa era a pior. Não saber o que um monstro pensava era estar em um beco sem saída. - Você disse que queria conversar, se lembra? – ele finalmente respondeu. Vitor nem sequer olhou para mim, seu olhar focava apenas em Leo. Eu ainda estava perturbada, mas me atrevi a perguntar. - Está falando do que aconteceu sexta-feira? Achei que já tivessem se resolvido. Vitor não respondeu, nem se quer deu atenção a minha presença. - Tira ela daqui. – Vitor pediu de um jeito que me fez sentir mal. Leo colocou a mão em meu ombro e disse calmo: - Você precisa sair. Isso é algo entre nós dois. – Me perguntava como sua personalidade mudava tão rápida. Mesmo ele dizendo calmo eu sabia que os dois juntos seria um desastre. Por mais que eu quisesse ficar, a aura de Vitor não permitia. - Tudo bem – eu respondi. Segui desajeitada para a porta, mas Vitor segurou o meu braço e sussurrou: - Pensei que não fosse idiota. - Parecia desapontado, o que me fez vacilar. Eu soltei meu braço e respondi, da mesma maneira. - Eu pensava a mesma coisa de você. – Saí e deixei os dois a sós. Meu coração ainda batia acelerado, querendo sair. Segui para o refeitório, tentando aproveitar meus últimos minutos de intervalo, tentando processar o que aconteceu naquela sala. Eu ganhei meu primeiro beijo, minha primeira declaração e de brinde um espectador maravilhoso. Eu não prestava atenção a minha frente e acabei esbarrando em alguém que me segurou para que eu não caísse:


- Estou começando achar que você gosta de esbarrar em mim – ele disse. Seus lindos olhos verdes por trás dos óculos estavam em minha frente. - Professor Rodrigo... – eu disse calma demais. Pigarreei tentando recuperar minha voz. – Me desculpe. Ele sorriu de um jeito tranquilizador. Ele era o melhor professor que existia naquele lugar. - Tudo bem... – ele me olhou aflito. – Você parece atordoada. Aconteceu alguma coisa? Aconteceu muita coisa, coisa demais. Eu sacudi a cabeça. - Nada... Apenas pensando – disfarcei. O professor não pareceu acreditar, mas decidiu ignorar e disse: - O diretor pediu que quando eu lhe encontrasse falasse que ele quer vê-la. Por que sempre que esbarramos, ele me da uma má noticia? Eu revirei os olhos, aquele velho... - Tudo bem, vou vê-lo. Obrigada. – comecei a me apressar. - Quer que eu lhe acompanhe? Suspirei completamente desmotivada. - Não precisa, aprendi o caminho. Como se não bastasse homens demais para ver.

(Cap. 12) Capítulo 12 - Temos um acordo? Notas do capítulo Esse foi o capítulo mais difícil de escrever, até agora. Eu não sei se ele ficou claro, por isso preciso que me digam se esta confuso ou não, caso eu precise esclarecer a situação... enfim, boa leitura ^^ VITOR. Eu não pude evitar me sentir desapontado com Drica. Eu realmente acreditava que ela pudesse ver através de Leo e perceber que ele não é quem realmente parece. Presenciar aquele beijo deixou um gosto amargo na minha boca. Assim que Drica fechou a porta, ficou apenas um clima pesado no ar. - Por que colocou aqueles caras para me perseguir? – Leo disse ferozmente. Assim que Drica saiu, ele mostrou sua outra face. - Por que não mostra esse seu lado para Drica? – eu provoquei, aquele cara me irritava. – Ela ia adorar saber quem você é de verdade... Leo fez uma cara amarga.


- Me responda. Leo sempre me acusava, sem eu entender. Desde a sétima série, me culpava por qualquer coisa que acontecesse. Como se eu precisasse pedir que batessem em Leo. Aquele garoto já conseguiu inimigos demais. - Eu não fiz nada. Não é assunto meu esses garotos te odiarem – respondi. – Para eles te perseguirem, deve ser mais uma coisa suja que você fez. Leo deu uma risada, me provocando. Eu queria socá-lo agora mesmo. - Pare de se fazer de inocente. Está querendo roubar ela de mim, como fez daquela vez? - Não fale como se Drica te pertencesse. Eu não roubei você de ninguém - Você gosta dela, não é? – Leo estava sombrio. – Não vou deixar Drica ser sua. Aquele era um assunto delicado, nós já tivemos problemas demais com garotas. Desde a sétima série, Leo colocava garotos para me baterem por causa de Lucia – por quem sentia uma pequena paixão. Sempre me ameaçando, dizendo que se eu revidasse bateriam em Jota (a vítima favorita de Leo desde o primário). Novamente, estávamos tendo esse problema, eu já tinha desistido de Lucia e prometi a mim mesmo não gostar de mais ninguém para evitar esse problema. No ano passado algo pior aconteceu por causa de outra garota e então ele mesmo fez o serviço de me bater, não só a mim como a Jota, contratando o serviço de alguns garotos para ajudar. Ainda havia cicatrizes dos cortes que ele fez, precisei até ser internado por causa disso. - Eu não gosto dela, - respondi. Em parte era verdade, mesmo odiando, eu tinha de admitir a mim mesmo que a achava irritantemente atraente, principalmente quando estava brava. – Apenas não quero que cometa o mesmo erro duas vezes. Essa garota não merece passar por algo como aquilo. Leo entendeu o que eu quis dizer, havia um olhar culpado em seu rosto que eu conhecia bem. - Eu nunca faria algo com Drica. Nem com nenhuma garota. Já me arrependi de tudo o fiz no passado. - É mesmo? Eu não tenho tanta certeza. E se você se arrependeu, por que nunca nos pediu desculpas? - POR QUE VOCÊ NÃO MERECE! NEM VOCÊ, NEM AQUELE ANÃO! – ele gritou. Levou um tempo apara ele se recuperar. – Vocês colocaram pessoas para me perseguir, ameaçaram minha irmã e minha melhor amiga! Mais uma vez ele estava nos acusando. - Nunca fiz isso. Nem o Jota. Leo agora estava furioso, ele se aproximou e puxou a gola da minha camisa. Olhar para aquela cara dele me enjoava. Ele sempre se fazendo de bom moço, quando na verdade era algo muito diferente.


- Eu sei que foi você, eu tenho certeza. Tudo de errado na minha vida foi culpa sua! Pequei seu pulso e puxei com força, para que pudesse me soltar. - Eu confesso que já bati muito em você, mas você era quem me provocava. Tenho certeza que sabe disso. Leo se afastou. Seu olhar ainda era de ódio, mas sabia que eu estava certo. - Eu gosto de verdade dela – ele disse quase em desespero. – Se você não gosta dela, então por que tenta me atrapalhar? - Por que você é nojento. Leo tentou me dar um soco, mas eu consegui segurar seu pulso. Já estava acostumado com isso. - Não quero brigar com você, por mais que eu te odeie. Só quero que me prometa que Drica ficará bem. Leo ficou quieto por um tempo. - Só isso? – ele finalmente perguntou. Eu assenti. - Vou deixar vocês em paz se ela decidir ficar com você, afinal não é da minha conta. Mas se eu souber que ela se machucou por causa dos seus problemas... A história será diferente. - E aqueles caras que você colocou para me baterem? Vai pagá-los também? Eu realmente queria chutá-lo. Minhas mãos formigavam e eu já estava querendo gritar. - Já disse – tentei me segurar. – Não tenho nada a ver com seus problemas. Aqueles caras não são da minha conta. - Você sabia que os garotos que estão me perseguindo são aqueles que eu paguei para baterem em você e no Jota ano passado? – Ele me olhou, esperando que eu me entregasse. Mas eu realmente não sabia dessa informação, o que me deixou curioso. – Faz sentido você querer se vingar usando eles. - Não, eu não sabia. Talvez você não tenha pagado tudo o que deve a eles... Já que não foi só em mim e Jota que você usou eles. - Não me faça de idiota. Eu nunca fiz nada nela... Essa sua acusação não tem sentido. Eu sabia que sim, mas não queria prolongar essa conversa. - Não vamos tomar um rumo diferente. Vim aqui apenas para dizer que se acontecer com Drica o que aconteceu ano passado, eu não terei pena de você. - Eu odeio você... Sempre fica me lembrando do que eu fiz. Eu não sou mais aquele cara, já me arrependi. Será que pode me deixar em paz? Eu suspirei. - É só você não fazer nada que ficará tudo bem. Temos um acordo?


Leo assentiu. Agora estávamos nos resolvendo. Eu não queria que as coisas fossem como ano passado. Uma ponta de alivio surgiu em minha cabeça. - Então, aproveite seu novo namoro – eu disse. – Isso se ela for idiota para aceitar. Saí da sala, deixando Leo sozinho. Jota estava me esperando do lado de fora. - Há quanto tempo está aqui? – perguntei. O ruivo baixinho deu de ombros. - Cheguei agora. Resolveram tudo? Assenti. - Ele ainda acha que eu sou o culpado de tudo, mas acho que vamos ficar bem por um tempo. Jota bufou. - Aquele cara... Vivia me provocando porque eu era baixinho, antes mesmo de você estudar aqui ele sempre me batia... Não sei por que ele achou que você era o culpado por eu bater nele, naquele dia. O dia em que Drica o salvou. A verdade era que Jota morria de rancor por causa de Leo. Aquilo era uma vingança do Jota, chegou a chamar seus amigos para ajudá-lo. Mas ainda sim, Leo sempre me culpa com tanta certeza que me pergunto o que eu fiz para ele pensar que fui eu. Jota odiava Leo há mais tempo que eu, o que nos tornou grandes amigos. - Eu perdoei aquela garota... Só porque você pediu... Mas eu ainda não terminei com Leo – Jota disse, enquanto andávamos pelos corredores. – Temos muito que acertar. Não pude deixar de rir. - Confesse que você a perdoou porque achou ela bonitinha. Jota sorriu e deu de ombros. - Isso é só um detalhe. Eu estava feliz por estar tudo resolvido, por enquanto. Eu só torcia para que Drica não fosse idiota o suficiente para aceitar seu pedido de namoro.

(Cap. 13) Capítulo 13 - Esperando uma resposta. DRICA. - Sua mãe me ligou e perguntou se esta tudo bem com você. – Meu pai, o diretor da escola, estava relaxado em sua cadeira. – E então, está tudo bem?


Eu realmente não queria conversar, principalmente com ele que era quase um estranho. Sempre que me chamava para sua sala puxava assuntos ridículos para que pudesse se aproximar de mim. - Por que ela mesma não liga para mim, senhor Danilo? - Me chame de pai – ele pediu, calmamente. A personalidade dele era muito parecida com a do meu irmão, pouca coisa o irritava. – Sua mãe me disse que você é muito grosseira com ela... - Então pediu para você ser o pombo correio? Meu pai suspirou, derrotado. - É. Sabe que contrariar sua mãe é pedir para morrer. Eu concordei. Minha mãe conseguia ser pior do que eu quando contrariada, de fato. - Diga para a velha que estou bem, - eu disse de um jeito que não parecia nada bem. – Apenas problemas com as minhas notas em Biologia. Meu pai me examinou por um tempo, eu odiava aquilo, parecia que podia ver através do que eu pensava. Porem ele cedeu e apenas disse: - Se é só isso, fico contente. Não arranjou mais brigas desde o primeiro dia... Eu fui muito legal em não contar isso para sua mãe. – Ele deu uma piscadinha. Meu pai acabou descobrindo o que ocorreu quando cheguei, ele disse que ter Vitor como inimigo era perigoso, por causa de seu pai. Descobri que os pais de Vitor eram divorciados, por isso seu pai morava em outra cidade, mas sempre que podia resolvia seus problemas e pagava sua escola. Agora fazia sentido o fato de ele viver em um pequeno apartamento mesmo com um pai advogado. Um apartamento abaixo do meu, na verdade. - Isso, nada de brigas. Nada de mamãe sabendo sobre elas. – Eu dei um sorriso azedo. – Posso ir agora, velho? - É pai! Será que você não pode me chamar de pai uma única vez? – Ele fingiu estar irritado e sua cara me fez rir. Eu já estava me levantando para sair. - Se você tivesse agido como um eu até poderia, velho. – Eu sorri e ele retribuiu. Não havia mágoa entre nós, apenas pequenas desavenças. (...) Eu mal tinha cinco minutos para aproveitar o intervalo. E ainda por cima Morgana e Lucia me interceptaram no caminho para o refeitório. Eu estava com fome, e se ninguém me deixasse comer iria devorar as duas. Elas me colocaram contra a parede. - Me conte tudo – pediu Lucia. Ela e Morgana me empurraram na parede, seus olhares brilhantes e curiosos me deixavam nervosa. - Tudo o que? – Eu sabia o que elas queriam, mas me fiz de desentendida. Morgana revirou os olhos.


- Pizzaria, conversa secreta na sala de aula, Vitor indo atrás de vocês quando iam ter a conversa secreta na sala aula... Eu quase gritei, meu olhar assustado me entregou. - Ele foi atrás da gente? Então não foi uma coincidência... – eu resmunguei. – Mas - Ah eu vou enlouquecer! – Morgana agarrou meus ombros e me encarou. – Conte tudo o que aconteceu, agora! Eu queria rir, Morgana não conseguia ser assustadora. Hoje seu cabelo tinha mechas vermelhas e por incrível que pareça ela não abusou do delineador hoje, apenas do batom rosa. Eu suspirei. - Na pizzaria não teve nada demais, depois fomos perseguidos, mas isso vocês sabem e estão tentando me esconder algo – eu contei irritada. As duas se entreolharam, eu estava certa. Ponto para mim. - E na sala de aula, Leo me pediu desculpas. Só isso. Um gemido desapontador veio de Lucia. - Sério? Que droga! Pensei que ele finalmente fosse declarar... Eu quase me engasguei com minha própria saliva. - Finalmente... Finalmente o que? - Meu coração voltou a acelerar, lembrando-me da cena que a pouco tive com Leo. Lucia assentiu, ela estava chateada. - Você realmente não percebeu? Leo gosta de você – ela disse isso como se fosse óbvio demais. – Nessas semanas em que estivemos juntos ele não falava de outra coisa, que não fosse você. Pensei que você também gostasse, até consegui um encontro... Eu queria correr, já estava vermelha como um tomate. Se elas dissessem mais alguma coisa eu iria me entregar. Eu precisava chutar algo para me acalmar. Morgana me analisou. - Drica, sério que você nunca percebeu? Meu olhar respondeu tudo. Morgana sorriu. - Sei que Leo é um cara complicado de se entender às vezes. Nós não podemos dizer muita coisa, mas o passado dele... Foi complicado. Talvez você seja quem possa ajudá-lo Eu sentia que a qualquer momento iria explodir. - Quanto mais vocês tentam me explicar, mais confusa eu fico. Morgana e Lucia sorriram para mim. - Será que meu irmão vai ter uma chance? – Lucia estava esperançosa. - Eu daria a maior força! – Morgana disse animada. Eu não conseguia dizer nada. Uma única sílaba não saía de minha boca.


- Você esta bem? – Morgana começou a ficar desconfiada. – Leo só pediu desculpas para você, Drica? Eu olhei disfarçadamente para os lados, tentando achar uma abertura. - Se fugir, vai se entregar ainda mais – Lucia era, de fato, assustadora quando queria. Eu respirei fundo. Sentia que ia me arrepender. - Leo me beijou, Vitor viu tudo e os dois estão tendo uma conversa, sobre sei lá o quê na sala de aula. – Soltei tudo sem ao menos respirar. - O QUÊ? - as duas gritaram juntas. Eu fechei meus olhos, morrendo de vergonha. - Não façam eu me arrepender. Parem de me olhar assim ou chutá-las agora mesmo. Dessa vez delas de ficaram sem o que dizer. Os segundos de silêncio terminaram quando o sinal tocou. Elas estavam em estado de choque, por isso tive que arrastá-las para a sala. - Você vai nos explicar melhor, não é? – Lucia pediu parecendo confusa. - Só se vocês pagarem o meu lanche amanhã, - eu disse. Meu estômago roncava e minha cabeça explodia. Eu sabia que as coisas tinham como piorar. (...) Assim que deixamos Lucia em sua sala, Morgana e eu seguimos para nossa. Alguns alunos já estavam ali e Leo estava silencioso em sua carteira, o que nunca aconteceu antes. Seguimos para os nossos lugares. Assim que ele percebeu nossa chegada, foi até nós. - Drica me contou tudo... – Morgana olhava maliciosamente para ele. – Quase tudo... Mas o suficiente. Leo me olhou com um sorriso fraco, que novamente me deixou sem defesa. - Não tive escolha. Sabe como sua amiga é. – Tentei esconder meu rosto quente, olhando para qualquer direção que não fosse a dele. Leo assentiu. Ele se inclinou e cochichou em meu ouvido: - Eu quero que você seja minha, - ele disse. Eu senti sua respiração quente em minha orelha, o que me fez ficar arrepiada. – Estou esperando uma resposta. Ele então saiu e voltou ao seu lugar. Deixando-me ali, sim saber o que fazer. - O que ele disse Drica? – Morgana estava extremamente curiosa. – Você está a ponto de desmaiar! Eu realmente estava e por isso não pude responder Morgana de forma descente. - Na-Na... Nada.


Olhei disfarçadamente para o meu outro lado, Vitor ainda ignorava minha existência, mas parecia menos tenso. Eu me perguntava o que eles tinham conversado. Mesmo não olhando para mim, Vitor disse algo, que apenas eu conseguiria entender. - Nessa situação, eu pensaria bastante. Eu não consegui perguntar o que ele queria dizer, a professora que já havia chegado e chamado nossa atenção. Eu cada vez entendia menos.

(Cap. 14) Capítulo 14 - Amigos Amigos, abraços a parte. Notas do capítulo Esse capitulo é beeem tranquilo... eu fiz ele sorrindo o tempo todo :P Espero que gostem. Sem duvida hoje havia sido a manhã mais turbulenta da minha vida. Eu não podia imaginar sequer que Leo diria aquilo um dia – muito menos que me beijaria. Eu suspirei aliviada quando o sinal que dizia que já podíamos ir embora tocou. Eu fui para casa correndo, evitando encontrar quem quer que fosse para não me perguntarem sobre o que aconteceu. Em meu doce apartamento eu podia respirar aliviada, mesmo que a cena daquele beijo não saísse da minha cabeça. E, eu estou me odiando por admitir isso, eu me sentia triste por lembrar-me do tom de decepção na voz de Vitor. Mas por que ele estava decepcionado mesmo? Vitor era meu quebracabeça pessoal. Aproveitando o clima frio, eu estava no sofá acompanhando um filme na TV enquanto tomava um quente – quase fervendo – achocolatado. Também vestia um confortável pijama de flanela. Eu havia feito duas tranças em meu cabelo, mas agora estavam todas as duas bagunçadas por eu ter acabado de acordar. Eu estava confortável e quentinha, quase esquecendo tudo o que me aconteceu hoje de manhã. Até a campanhia tocar. Eu ainda estava dormindo, por isso não me importei de me arrumar antes de abrir a porta, mas assim que abri acordei completamente. Eu bufei. - Vai embora – eu pedi. Vitor me olhou dos pés à cabeça, se segurando para não rir. Esqueça o que eu disse sobre me sentir triste por ele, eu quero matá-lo.


- Desculpe... É... – Ele trancou uma risada. – É que talvez eu não presencie esse momento novamente. Estou apenas aproveitando. - Morra, por favor. – Eu já ia bater com a porta na sua cara quando ele a segurou. - Calma aí! Eu só vim entregar um livro que peguei emprestado do seu irmão! – Ele sacudiu o livro de capa dura, sobre arquitetos, com um sorriso esclarecedor. - Isso é uma desculpa – concluí. – Você sabe que meu irmão esta trabalhando. Veio aqui para me perturbar, que eu sei. Vitor suspirou e assentiu. - Não tem como te enganar, então eu posso entrar? – ele pediu, ele estava diferente de hoje de manhã. - Vem cá... Você tem dupla personalidade? – perguntei mal humorada, Vitor me pegou desleixada de um jeito que eu jamais mostraria para alguém. – Hoje de manhã você estava me odiando e agora está sendo simpático... Isso é algum tipo de brincadeira? Vitor olhou para baixo. - Eu não fico de bom humor quando tenho que conversar com... Você sabe... Ele. – Devagar ele foi levantando a cabeça, mostrando um sorriso travesso. – Confesso que ver você de pijama e com cara de sono também aumentou o meu humor. Eu não queria explicações, eu queria que ele fosse embora e parasse de me ver recém-acordada. Eu queria ter Ive na minha mão. - Sério? Que coisa... – Eu peguei o livro de sua mão. – Livro devolvido. Agora, tchau! Eu ia novamente fechar a porta na sua cara, mas ele empurrou com mais força. - Se eu não posso entrar por bem... – Ele fez algo que em toda minha vida ninguém fez. Ele agarrou minha cintura, me levantou e me colocou pendurada em seu ombro. – Vai ter que ser por mal. E ele entrou, comigo junto. - Epa! Me solta agora! – Eu dava socos em suas costas. – Que intimidade você tem para fazer isso comigo? Não tem amor a vida? - Sou amigo do seu irmão, por isso tenho o direito de te perturbar. E você sabe muito bem que eu tenho amor à vida. Ele fechou calmamente a porta. Eu não podia ver sua expressão, mas parecia sorrir. - Você até que é levinha... – ele soltou uma risada. – Mas eu já esperava isso de alguém baixinha como você. De acordo com meus cálculos, daria certo: eu dei um chute em sua perna, na verdade a intenção era ser em outro lugar, mas seu grito de dor me deixou satisfeita. Ele me jogou no sofá. - Ok, saia da minha casa – eu pedi muito irritada.


Em vez disso ele se sentou ao meu lado. - Que filme é esse? – ele perguntou se acomodando. - Vou matá-lo em três segundos se não sair. - Legal, nunca vi esse filme. – Ele passou o braço envolta dos meus ombros e sorriu cinicamente. – Posso ver com você? Ele não deveria fazer isso com uma garota mal humorada. Impulsivamente peguei a mão do braço que estava me abraçando e o mordi. - Ai! Não aja como um animal! – ele gritou, sacudindo sua mão recentemente mordida. - Não aja como se fossemos amigos – eu disse irritada. Vitor suspirou. - Era isso que eu estava tentando ser. Eu olhei para ele, atônita. - O que você disse? Vitor se levantou e foi até a cozinha para lavar a mão. - Caramba você tem dentes afiados... - É para esse tipo de situação – respondi. – Sabe, é bem comum ter garotos, que ficam me provocando durante um mês, me abraçando pedindo para sermos amigos. Vitor riu. - Eu só estou tentando ser seu amigo, pacificamente. – Ele voltou e se sentou ao meu lado. – Fique tranquila, eu não vou fazer nada com você – ele garantiu. – E você é do Leo agora. – Seu olhar mostrava uma grande expressão provocativa. Eu estava processando aquilo direito? Será que ele bateu a cabeça? Ficou doente? Mil possibilidades surgiram. Ele percebeu o meu olhar. - Eu estou bem – disse ele. - Então, o que acha? Vamos ser amiguinhos? – Ele fez uma carinha piedosa. - Meu Deus! Não faça essa cara! Ela definitivamente não combina com você. Talvez não fosse tão ruim, pensei. Eu sabia que Leo o odiava, mas algo me dizia que Vitor não era uma má pessoa. - Se disser que “eu sou do Leo” mais uma vez te jogo pela janela. Eu não tenho dono. – Eu suspirei, admitindo que eu fui derrotada. - Tudo bem, vamos ser “amigos”. Mas se tentar me agarrar de novo eu pego Ive e corto o seu pulso. Vitor suspirou, desanimado. - Um nome tão patético para um canivete tão lindo... Eu não pude deixar de rir, dei um tapa em sua cabeça. - Não fale mal do meu canIVEte. – Dessa vez nós rimos juntos. - O que tem para comer? – ele perguntou. - Você é sempre folgado assim ou é só na minha casa?


Vitor foi até o armário e encontrou meus amados salgadinhos que eu estava guardando para o filme de hoje à noite. Ele abriu sem ao menos pedir. - Depende, - ele disse com a boca cheia – do quanto eu to com fome. Eu joguei uma almofada nele, mesmo que ele tenha conseguido se defender eu fiquei contente de ter acertado. Ser amiga do Vitor poderia não ser tão ruim, afinal. (...) É claro que não seria tão fácil assim para mim. Eu e Vitor passamos a tarde vendo filme, ele até me ensinou a fazer cupcake – resultado desastroso se vocês querem saber. O mais surpreendente é que ele foi legal – claro que nunca admitiria em voz alta. Assim que ele foi embora, por volta das seis, eu comecei a fazer os trabalhos da escola que deixei para ultima hora. Enquanto eu fazia um tedioso trabalho de história, meu celular tocou. Meu coração voltou novamente a disparar quando olhei para o visor. - Alô... – eu atendi nervosa. - Oi, Drica... – A voz de Leo no outro lado estava igualmente ansiosa. – Bem, eu sei que falei que esperaria você me responder... Mas eu não consigo... Eu não pude deixar de sorrir, esperar não era o feitio de Leo. - Explique melhor, Leo. – Falar com ele por telefone, mesmo que ainda me deixasse nervosa, era mais confortável. - Sabe aquela pracinha perto da sua casa? Estou te esperando lá. Quero que me diga se quer ou não ser minha namorada. Eu não tive tempo de responder, ele já havia desligado. Ele estava me esperando? O que eu podia fazer? Minha cabeça começou a doer. Por que eu não podia resolver meus problemas sem que saísse de casa? Eu não tinha escolha. Comecei a me arrumar, precisava dar uma resposta para Leo.

(Cap. 15) Capítulo 15 - Essa foi minha escolha. Notas do capítulo Esse é o capitulo que separa a vida da personagem no livro. O que ela foi e o que ela será? Eu me diverti muito fazendo esse capitulo. A pracinha não ficava muito longe do meu prédio, mas nem por isso deixei de andar rápido. Eu nunca me senti dessa maneira antes. Meu coração acelerava a cada passo que eu dava. Meus braços e pernas estavam mais pesados. Apenas a possibilidade de ver Leo transformava o meu cérebro em uma geleia.


A noite já havia chegado. O céu me presenteava com pequenas estrelas. Uma brisa leve colocava meus cabelos para trás e fazia meu rosto esfriar – o que era bom, considerando o fato de eu estar muito corada. Os restaurantes e lanchonetes me confortavam com o cheiro de comida. Carros ainda passavam pelas estradas e as pessoas ainda caminhavam tranquilamente sobre a calçada, como em qualquer outro dia. Um pouco distante, eu podia ouvir o som de relâmpagos, anunciando uma chuva em breve. Tentei focar em qualquer coisa que não me lembra-se de Leo. Assim que cheguei à pracinha, procurei-o por todos os lados. A praça tinha um belo gramado e flores de diversas cores, alegrando o lugar. Por toda a extensão havia bancos: em baixo as árvores, perto das flores e perto do pequeno parquinho onde três ou quatro crianças brincavam sobre vigilância de seus pais. Bem no centro, havia uma bela lanterna que dava ao lugar uma iluminação amarela e tranquila. Assim que o encontrei pude sentir um pulsar cada vez mais rápido dentro de mim. Ele estava como sempre, jeans e camiseta, mas havia algo diferente: ele me beijou hoje de manhã. Eu não sabia por que isso mudava minha visão sobre ele, mas parecia diferente. Leo estava em baixo de uma árvore, bem ao fundo da pracinha, escondido. Enquanto andava até ele sentia minha pele formigar. Eu me odiava por ficar tão fraca na frente dele. – Oi, de novo... – ele cumprimentou. Leo não olhava para mim, como fez hoje de manhã, mas eu não podia critica-lo, nem eu conseguia olhar em seus olhos agora. – Desculpe fazer você vir até aqui. Fui um pouco idiota. Seu tom arrependido me fez sorrir. – Muito idiota, mas isso eu já esperava de você. Ele deu um risinho. Minhas mãos estavam no bolso do meu casaco, apertando loucamente o tecido quente, eu estava fazendo isso o caminho inteiro até aqui. Eu queria correr, mas também queria ficar. – Eu não consegui aguentar... – Dessa vez ele me olhou. Seus grandes e lindos olhos azuis focaram apenas em mim, esperançosos. Seu olhar me deixou ainda mais sem defesa. – Eu preciso saber. Tentei lembrar a mim mesma de respirar. – Eu entendo. Se eu estou aqui é porque já tenho uma resposta. Eu já tinha, mas não estava certa do que esperar. Pensei nisso o dia todo. O fato de Vitor aparecer hoje em minha casa me deixou mais segura do que escolher. – Drica antes de você responder, eu preciso dizer algo. Por essa eu não esperava. – Então, diga – eu pedi ansiosa. Ele respirou fundo. – Eu e Vitor temos muitas desavenças, mas confesso que em grande parte foi por minha causa. Eu não sou assim... Quero dizer... Eu fiz muita


coisa errada, mas me arrependo de tudo. Vitor e eu decidimos esquecer tudo dessa vez e dar uma nova chance. Então eu quero que saiba, que se você aceitar eu farei de tudo para que você seja a pessoa mais feliz do mundo. – A fraca luz amarela iluminava seu rosto, ele estava lindo, mas parecia muito triste. Eu estava surpresa demais para poder responder. Então ele e Vitor de certa forma fizeram as pazes? Por isso ele foi até meu apartamento hoje? Fiquei imaginando o que Leo fez para se sentir tão culpado, como parecia. Mil coisas atravessaram minha cabeça, mas foquei responder Leo. – Eu não quero saber o que você fez no passado. Isso não me importa – eu disse, com um fraco sorriso no rosto. Leo me fitou atônito. – Eu também quero dar uma chance a você... – Dessa vez eu estava muito corada, queria enfiar minha cabeça em um buraco, mas tomei coragem para olhar em seus olhos. – Eu aceito, Leo. – Ver o rosto pasmo de Leo me fez sorrir. – Vo-Você... Você esta dizendo... Di-dizendo que... Quer... – Ele não conseguiu completar a frase, mas conseguiu dar um sorriso tão lindo que fez minha vergonha valer a pena. Eu tampei meu rosto com as mãos. – Por favor, não me faça repetir! É constrangedor demais! Leo riu e então me abraçou. Seu abraço era aconchegante e quente, mas ainda não conseguia tirar as mãos do meu rosto. Não havia mais pracinha, minha mente só tinha espaço para eu e Leo nesse abraço. Isso fazia eu me sentir fraca, mas eu gostava da sensação. – Eu nunca me senti feliz em toda a minha vida – ele sussurrou. Sua cabeça estava apoiada em meu ombro. O cheiro de Leo era doce, o que me deixava ainda mais tonta. Ele pegou minhas mãos, que ainda tampavam meu rosto, quando as tirei eu vi um cara com olhos brilhando a minha frente. – Quero fazer você sentir isso também. Então, mais uma vez ele me beijou. Eu não podia descrever mais nada, eu estava em outra órbita. Suas mãos me abraçando e seus lábios me beijando, era tudo isso que eu sabia. Eu já me sentia feliz, queria dizer a ele. Então tudo aquilo foi atrapalhado por pesadas gotas de chuva. Assim que nos separamos, começamos a rir. – Perfeito – ele disse. – Era isso que estava faltando! – Claro! Pneumonia é super-romântico! – eu precisei gritar sobre o barulho da chuva. Peguei sua mão e começamos a correr, já estávamos encharcados dos pés a cabeça. – Vamos para minha casa! É mais perto! Pude ouvir uma risada sobre a chuva. – Nunca pensei que você fosse tão rápida! – ele gritou. – A gente mal começou a namorar!


Enquanto corríamos e nos encharcamos, eu não parava de sorrir. Então essa era a sensação de ter alguém do seu lado? Então sentia que ninguém podia me vencer, porque não estava mais sozinha. – E vamos terminar se continuar achando que sou pervertida! – ameacei. – Leo, você esta correndo como uma mulherzinha! Então, de mãos dadas começamos a correr sobre a chuva, rindo sem parar. (...) Depois que chegamos em casa, já estávamos ensopados. Meu irmão havia chegado do trabalho e quando me viu, de mãos dadas com um garoto, não escondeu a surpresa. – Não me diga que... – ele apontou para nossas mãos. Automaticamente eu soltei, morrendo de vergonha. – Drica, o que você fez com ele? Ameaçou ele com o canivete? Eu o olhei de sobreaviso. – Canivete? – Leo perguntou assustado. – Você tem um canivete? Daniel saiu de repente do quarto de Jonathan e se meteu na conversa. – Garotas normais se sentem seguras com bolsas, maquiagem e outras coisas... – ele olhou para mim, sorrindo. – Drica usa um canivete 10 em 1. Eu revirei os olhos. – Tio, você ta com inveja porque tenho um – eu impliquei. Daniel olhou para Leo, intrigado. – Ele é seu namorado? Como conseguiu um cara bonitão desse jeito? Dessa vez eu peguei a almofada e o espanquei. – Eu tenho o meu charme, Tio! – bati nele até ele cair no sofá e me pedir desculpa. Percebi que havia me esquecido de Leo, ele me olhava sorridente. – Esse cabeludo aqui é meu cunhado. – Dessa vez Leo arregalou os olhos, ele mudava de humor rápido. – Sim, ele parece uma menina com esse cabelão, mas é um homem... Daniel deu um grito e saltou em cima de mim, me fazendo cócegas. – Quem parece uma menina, quem? – Namorado? – Leo ainda estava surpreso. – Ele é namorado do seu irmão? Jonathan suspirou. – Todo mundo tem essa reação... – Ele sorriu para Leo. – Não ligue para esses dois, ele são sempre assim. Eu e Daniel encaramos Jonathan com uma sobrancelha erguida. Ele também era assim comigo, só estava fazendo pose de bom irmão mais velho na frente da visita.


– O que foi? – ele perguntou cinicamente. – Meu amorzinho, você é muito duas caras... – Daniel falou fingindo tristeza. Eu e Daniel nos entreolhamos e começamos a atirar almofadas em Jonathan. – Seu falso! Leo, ele não é tão legal quanto parece! Leo começou a rir. – Vocês... São malucos – ele parecia se divertir. – Parem vocês dois! – pediu Jonathan, ele estava rindo. – Estão assustando o garoto! Eu me recuperei da discussão. Pedi que Leo me seguisse e fui até o quarto do meu irmão. Peguei uma de suas roupas velhas, que pareciam servir em Leo e entreguei. – Não ligue para a gente, tá? Guerras de almofadas acontecem todo dia, - eu esclareci. – Pode ir ao banheiro se trocar, se não você ficará doente e... – Fui interrompida por um abraço, com ambos encharcados. A pele molhada e fria de Leo me deu arrepios. – E... Estou começando a me acostumar com isso... – disse quase em sussurro. – Vir aqui só me fez gostar mais ainda de você – ele disse e então sorriu. Ele foi até o banheiro se trocar, me deixando com uma cara idiota no quarto do meu irmão. Rapidamente me dirigi ao quarto, ignorando Jonathan e Daniel que davam risinhos para me provocar, e fui me trocar. Tantas coisas aconteceram em um dia, eu não podia acreditar. Não sabia o que seria a partir de agora, mas não me sentia com medo e nem nada do tipo. Ter Leo ao meu lado também me fez sentir forte. Notas finais do capítulo Acredito que de agora em diante a personagem vai crescer (não no sentindo literal) bastante. Situações mais e mais confusas vão rodeá-la a partir de agora, mas por enquanto... O que ela decidiu? Aproveitem!! PS: Talvez não tenha como postar mais capítulos hoje, então... :(

(Cap. 16) Capítulo 16 - Primeiros dias como uma namorada. Notas do capítulo Para você que me acompanhou até aqui: MUITO OBRIGADA MESMO O/ Agora os capítulos serão um pouco mais longos... mas isso é bom ou ruim? Enfim...


E então minha semana como uma garota comprometida estava começando. Já fazia quatro dias que começamos a namorar. Depois do episódio lamentável com a chuva no dia em que eu aceitei o seu pedido, Leo foi para minha casa. Ele acabou conhecendo meu irmão e o namorado dele, também percebeu que eu não havia mostrado nem 50% da minha maluquice até aquele dia. Mesmo assim ele continuou comigo – considero isso uma grande prova de amor. Nesse dia ele ficou para jantar e acabou indo embora de táxi. Antes eu não tinha ideia da diferença de uma vida com namorado e uma vida sem namorado. O que mudou na minha vida depois que comecei a namorar? Ela começou a ter um... Significado. Não só um namorado, como qualquer pessoa importante para você, deixa um significado em sua vida. Leo se tornou um dos significados da minha. Meu Deus! Eu estou ficando muito melosa também. Preciso bater a cabeça varias vezes na parede. Fora isso, eu continuo a mesma, eu acho. – Amanhã vamos ao cinema – Lucia anunciou. Era uma ensolarada quinta-feira à tarde. Lucia e Morgana estavam alojadas em meu quarto. Era a primeira vez delas em meu apartamento, mas já estavam bem à vontade. – E claro... Leo vai junto. – Lucia me olhou maliciosamente. Eu revirei os olhos. – Vocês ainda vão me olhar assim? – perguntei. Depois que elas souberam a novidade não paravam de me perturbar. Morgana e Lucia assentiram juntas. – Não podemos evitar Drica – Morgana disse fingindo um tom piedoso. Suas mechas vermelhas estavam começando a sair. – Você namorando parece algo épico. – Temos um trabalho em grupo para terminar, então... Vamos continuar? – eu já estava querendo fugir do assunto. Acredite: se eu estava querendo fazer trabalho escolar era porque realmente não queria falar sobre o assunto. – Drica! Você precisa aproveitar! – Lucia exclamou. – Essa é uma fase maravilhosa que... – Me poupe do discurso Lucia, – eu pedi. – Você é chata quando fala demais. Morgana riu. – Isso Lucia, você não pode perturbar a nova namoradinha do seu irmão... – Ela foi interrompida por uma versão de mim farta de provocações. Comecei a atirar os penais, lápis, canetas e bolinhas de papel nela – como ficou claro, tenho essa mania de jogar coisas nas pessoas quando sou provocada.


– Já chega, não é? – Eu implorei. – Vamos apenas encarar o fato de eu estar namorando um acontecimento normal. E vamos focar no trabalho que precisamos entregar sexta-feira, que é amanhã se vocês não sabem. As duas ficaram em silêncio por alguns segundos, me analisando. – Então, como eu estava falando... – Lucia finalmente disse. – Vamos ao cinema amanhã, com O LEOOOOO! – ela gritou o nome dele. Eu bufei. Será que eu nunca sou ouvida quando digo algo sensato? – Tudo bem! Vamos ao cinema amanhã com o LEOOOOO! – Eu simplesmente não podia ganhar de Lucia. Depois que terminamos o maldito trabalho, no meio da tarde, começamos a bagunçar a minha casa. Primeiro: assistimos um seriado. Segundo: tentamos fazer algo para comer, tentamos apenas (na minha vida, homens são os únicos que sabem cozinhar). Terceiro: tivemos uma inteligente discussão sobre nossos atores favoritos em filmes (o meu era o Johnny Depp) que acabou disputando com o Robert Pattinson (da Lucia) e Richard Gere (da Morgana). Quarto: Fomos pegas de surpresa pela visita do meu vizinho do andar de baixo. Vitor nem pediu para entrar, ele já estava invadindo a sala quando percebeu que eu tinha visitas. – Posso entrar para a festinha também? – ele perguntou. Lucia e Morgana trocavam os olhares confusos de mim para Vitor. – Como ele sabe onde você mora? – Morgana perguntou. - O que ele esta fazendo aqui? Por que ele esta falando com você de maneira normal? Vitor respondeu antes que eu pudesse abrir a boca. – Sou vizinho e amigo do irmão dela, - ele disse calmamente. – Algum problema? Lucia ainda esta boquiaberta. – Pensei... Pensei que morasse em um casarão do outro lado da cidade... – Dessa vez eu fiquei boquiaberta com a notícia. Vitor suspirou. – Sim, mas isso foi antes de meus pais se separarem alguns meses atrás. Morgana me olhou desapontada. – De repente virou amiga do cara que bateu em seu namorado? – ela apontou acusadoramente para Vitor. – Você não esquece mesmo mesmo ein, ruiva... Mas isso já faz um ano. Morgana parecia enjoada. – Então o que foram aqueles seus amiguinhos quase matando o meu melhor amigo?


Vitor e Morgana se encaram de um jeito que fez eu e Lucia nos afastarmos. – Morgana... Leo disse que eles já se acertaram, - Lucia disse, com a voz pouco confiante. – Você não precisa... – Não me interessa! Leo me contou todas as sujeiras que você fez! – ela cuspiu as palavras em Vitor. – Você é nojento! – As sujeiras que ele fez ele não contou para você, não é? Ele contou as sujeiras que ele acha que eu fiz. – Vitor estava assustadoramente sério. – Acho que não sou bem vindo aqui, volto mais tarde Drica. Eu não ousei responder. Vitor saiu batendo os pés, deixando apenas que eu me ferrasse com as duas. Morgana me olhou indignada. – Por que ele esta agindo como se fosse seu amigo? – Ele é meu amigo, Morgana. Lucia colocou a mão em meu ombro. – Leo sabe que Vitor é seu vizinho? – Ela me olhava preocupada. – Isso pode dar problemas no futuro. – Eu não contei... – Pois devia! – gritou Morgana. – Esse cara é um nojento! Eu a fitei, nunca a vi tão estressada em minha vida. – O que te deu Morgana? Nem Lucia que é irmã do Leo está alterada assim! Você tem algum problema em eu ser amiga de Vitor? Morgana então percebeu o que havia feito. Ela levou um tempo para voltar a falar. – Desculpe... É que... Lucia olhou curiosa para Morgana. – Aconteceu alguma coisa errada com você e o Vitor? Lucia acertou em cheio. O olhar de Morgana era algo como: “Como você adivinhou?”. – Não... – ela mentiu descaradamente. – Esqueça gente, ele só me irrita. – Isso não faz sentido – eu disse séria. – Nos conte o que você tem contra o Vitor. Morgana sacudiu a cabeça. – Vocês não entendem... Só o Leo pode me entender... – ela resmungou. – Ele é o único que sabe... – Morgana parecia atordoada. Eu e Lucia nos entreolhamos. Aquilo estava muito mal resolvido. Tinha algo que ela estava nos escondendo e só Leo sabia o que era. – Você também está desconfiando, não está? – Lucia sussurrou perto de mim. Eu apenas assenti. – Mas por enquanto vamos fingir que não, - decidi.


Lucia concordou. – Bem, como eu dizia... Rob é o melhor, ok? Eu comecei a rir. – Nem morta Lucia! Johnny domina, entendeu? O animo de Morgana voltou e ela disse: – Nem Johnny, nem Rob se comparam a Richard! E voltamos a nossa inteligente e divertida discussão. (...) Então o dia do cinema chegou. Por sorte, as meninas não contaram sobre meu nada amável vizinho. Não só eu, como Leo também foi empurrado por Lucia. Lucia estava impecavelmente linda, com um vestido floral. Seus cabelos loiros envoltos em um coque bem elaborado. Enquanto eu optei por um estilo normal: com camiseta e short – com uma touca da minha coleção. Até Morgana resolveu usar uma saia e acertar na maquiagem. Estávamos na fila para ver um filme de terror. Lucia toda animada falava como seria o filme, mas nenhum de nós prestava atenção. – A faça parar... – eu sussurrei para Leo. Eu e ele ficamos atrás dela. – Alguém a deixou cair quando ela era menor? Leo deu um sorriso. – Desculpe ninguém pode fazê-la parar... E sobre ela cair... Quase isso. Leo estava com seu braço envolto em minha cintura. Ele estava radiante como sempre, o que me deixava constrangida. Agíamos como um casal de namorados normais, eu acho. Não éramos aqueles casais melosos como os da TV – ou talvez fossemos e nós não tínhamos percebido ainda. Morgana que estava ao lado de Lucia, se virou para trás e disse: – Socorro... – ela pediu. Eu e Leo rimos baixinho. Lucia percebeu e disse: – Vocês são cruéis... – Ela deu tapinhas em Leo. – Mas estou tão animada com nosso encontro de casais! Eu e Leo levantamos a sobrancelha. – Só eu e Drica somos um casal aqui. – Leo, eu acho que o efeito do tombo que ela teve começou a fazer efeito – deduzi. Leo trancou uma risada. Lucia nos olhou confusa, mas decidiu nos ignorar. Ela agarrou a cintura de Morgana e disse:


– Ela vai fingir ser minha namorada. – Lucia deu uma piscadinha. – Assim ninguém vai dar em cima de mim... É realmente incomodo ter caras dando em cima de você o tempo todo. Lucia não vivia no mundo das meninas normais, concluí. Morgana bateu no braço que a abraçava e então agarrou a cintura de Lucia com tudo. – Ei! Eu tenho que ser o macho da relação! – ela deu um rugido e fez uma voz grossa. Todos nós rimos da situação. Quando a entrada para a sala foi permitida fomos até os nossos lugares. Leo, que se sentou ao meu lado (isso é óbvio) e sussurrou em meu ouvido: – Eu não ligo se você ficar com medo e me abraçar, - ele provocou. – Estou aqui pra você. Eu dei um beliscão nele. – É mais possível que você faça isso, - respondi. – Só não me abrace muito forte, está bem amorzinho? – ironizei. Ele me mostrou a língua. Então a sala ficou escura e o filme começou. Depois disso, apenas levávamos pequenos sustos com o filme e depois riamos por isso. Leo sempre de mãos dadas comigo, mesmo que sem dizer nada, meu coração saltava pequenos pulinhos. No fim da sessão, voltamos para a rua. Nós ficamos cansados de tanto ficar sentados. – Foi realmente bom... – Lucia disse, se espreguiçando. – Fique quieta, Lucia. Você a cada segundo apertava o meu braço... – Morgana disse irritada enquanto esfregava o braço dolorido. Lucia deu de ombros. – Você disse que queria ser o “macho” da relação. Eu ri e fiz uma pistolinha com a minha mão: – Ponto para Lucia! – gritei. Morgana mostrou a língua e levantou as mãos pedindo trégua. – Então... – Leo se manifestou. – Eu vou levar Drica para casa, e vocês podem voltar sozinhas. Morgana fingiu estar magoada. – Você viu Lucia? Foi só ele arranjar uma namorada que já esta nos chutando... Lucia fez o mesmo. – Irmãozinho ingrato... Esqueceu que eu sou a mais velha? Leo revirou os olhos. – Por poucos segundos Lucia. E quem é que estava me perturbando pra pedi-la em namoro ein? As duas disseram juntas:


– Você venceu. – Elas se despediram e seguiram para o ponto do táxi.

Leo entrelaçou seus dedos nos meus. – Se quiser pode ir com elas, já esta tarde – eu falei. Leo levantou a sobrancelha. – Esta brincando? Agora que finalmente me livrei delas? – Ah é! Eu esqueci que você era o irmão ingrato... – Apaixonado por uma namorada ingrata. – Leo fez um biquinho. Eu ri. – Só porque você fica lindo fazendo biquinho não quer dizer que eu me sinta culpada – eu disse. Depois o beijei de leve. – Isso faz você se sentir melhor? Ele assentiu, sorrindo como uma criancinha. Ele passou a mão envolta na minha cintura e seguimos lentamente meu caminho para casa. No caminho, Leo resmungou algo: – Estranho... – O que é estranho? – perguntei confusa. Leo pareceu esquecer que fui eu quem perguntou. – Os caras que me perseguiram semana passada ainda não apareceram... Eu parei de repente. – Por quê? Eles disseram que voltariam a te perseguir? Leo finalmente se deu conta de que estava falando comigo. – Não... É que... Geralmente eles... – Sabe que isso não funciona comigo – eu adverti. Leo suspirou. – Fique tranquila, eu vou ficar bem. Eu queria discutir, mas seria desperdiçar saliva. Apenas assenti e continuamos a caminhar. Leo ainda parecia preocupado, seu corpo de repente ficou tenso. Ele disse que fez coisas erradas no passado. Perguntava-me se esses garotos tinham algo haver com isso. Eu não podia mudar o passado de Leo, mas queria mudar seu futuro. Ele se tornou alguém importante demais para mim. – Eu confio em você – murmurei. Leo pareceu entender e então sorriu. – Eu agradeço por isso. Eu estava realmente feliz, achava que de agora em diante as coisas poderiam dar certo. Como eu fui idiota em pensar assim.


Notas finais do capítulo Ui Ui Ui... O que vai rolar depois disso?

(Cap. 17) Capítulo 17 - Arranjando inimigos como de costume. Notas do capítulo FINALMENTE VAI TER UM POUQUINHO DE AÇÃO O/ Não sei se vou poder postar mais um capitulo, então talvez seja só esse hoje. Não ligue se tiver algo errado, escrevi esse capitulo hoje de madrugada com as luzes apagadas... Booa leitura ^^ No momento em que eu achei que tudo poderia dar certo, deu tudo errado. Noites de sexta-feira realmente não são nossas noites de sorte. Eu e Leo voltávamos tranquilamente do cinema. Leo ainda estava tenso, na medida em que chegávamos mais perto de casa ele se acalmava. Até que em certa altura, em uma rua quase deserta, fomos bloqueados por três caras a nossa frente. Um deles segurava uma barra de ferro (fazia tempo que não via uma dessas). Leo agora realmente entrou em desespero. Ele apertou mais forte meu braço, se virou para dar meia volta, mas quatro caras estavam atrás de nós. Não tínhamos saída. – Drica, não saia de perto de mim – ele pediu, sua voz estava trêmula. Esses, sem duvida, eram os garotos da semana passada. O garoto que estava com a barra de ferro se aproximou. – Não pense que nos esquecemos de você... E vejo que me trouxe um presente... – O garoto esticou a mão para me tocar, mas antes que eu pudesse reagir, Leo me afastou dele. – NEM PENSE EM TOCAR NELA DADO! – Leo exigiu. O garoto, que deveria ser Dado, riu. Três garotos dos que estavam atrás de nós pegaram Leo de surpresa. Eles nos afastaram. Outros dois me prenderam, eu me debatia com tudo o que podia, enquanto eles se divertiam com a cena. Eu precisava me acalmar, já havia enfrentado situações piores do que aquela. – SOLTA ELA! – Leo gritou, ele estava furioso, como eu nunca havia visto. – Nem tente fazer algo, Leo... – Dado puxou o meu cabelo com força, me segurei para não gemer de dor. – Ou sua namoradinha é quem vai sofrer as consequências...


Leo agora estava desesperado. Ele parou de repente, a respiração dele estava tão alterada que pensei que ele não sabia mais como respirar. – Deixe-a em paz... Por favor... O outro garoto, que estava ao lado de Dado, foi até Leo e lhe deu um soco brutal. – NÃO! – eu gritei. Pude ouvir um estralo no soco que me fez sentir a dor de Leo. – PAREM... O garoto que bateu em Leo me encarou. Não havia emoção alguma em seu rosto. – Aquela voz medrosa... Me deixou irritado – ele disse. Sem motivo algum, dessa vez, ele chutou Leo. – A gente te solta cara... É só pagar a gente – Dado disse se aproximando de Leo. Ele segurava uma barra de ferro, mas ele estava de mãos cruzadas enquanto os outros faziam o trabalho sujo. – Você já pagou tantos serviços nossos... Deixa eu me lembrar: teve aquele baixinho ruivo há alguns anos, também teve uma turminha de nerds e teve também aquele grandão que deu muito trabalho... Era Vitor o nome dele, não é? Você se divertiu muito batendo nele também... Ein Leo, por que não paga dessa vez? Então e gente te deixa em paz... Eu não consegui digerir aquilo. Leo me olhava, culpado. Eu sabia que ele queria dizer: “Eu não queria que soubesse”. Eu me senti enjoada. O passado de Leo veio á tona de um jeito nenhum pouco divertido. Dado percebeu minha surpresa e continuou: – Leo era um demônio, ele adorava bater nas pessoas, se divertia fazendo isso. A gente já bateu em tantos caras juntos. Mas ele mudou pra esse merdinha aí desde que a... – JÁ CHEGA! JÁ CHEGA! – Leo estava desesperado. O garoto deu diversos chutes nele dizendo para calar a boca. Eu queria que parasse, eu queria fugir, mas fiquei atordoada demais. Esses grandões que me prendiam tinham força nas mãos. – Drica... – Leo estava chorando, meu coração de repente ficou mais pesado. – Eu não sou mais assim... Eu não sei o que eles acham que eu estou devendo, mas não estou... – Ele foi interrompido por um soco. Eu já estava ficando farta, precisava fazer algo. Leo tossiu diversas vezes até se recuperar. – Eles querem que eu pague a divida de alguém. – Eu vou contar, mas só porque eu sou legal. – Dado foi até mim, ele cheirava a cerveja e cigarro. Levou seus lábios foram até meus ouvidos e sussurrou: – Ele acha que a gente espancou aquele tal de Vitor só uma vez, é claro que o idiota acha que foi o Leo quem mandou. – Dado deu uma risadinha. – Mas decidimos fazer um extra por ele... Na verdade alguém mandou fazer esse extra... Mas ele é quem tem que pagar. Você vai ser uma boa menina e vai manter isso em segredo e então vou te dar um prêmio.


– Você vai me dar um prêmio? – eu perguntei, sorrindo. Olhei para ele, esperançosa. – Que tipo de premio? Dado deu uma risada, ele olhou para Leo e provocou: – Essa aqui, você já perdeu cara. – Dado envolveu seus braços em minha cintura. – O que você quer, bonitinha? Eu não podia conter a felicidade daquela oportunidade. Dei um sorriso que jamais tivera dado antes. Eu estava tão próxima dele... – Quero que você não tenha mais filhos. – Em um segundo ele pareceu confuso, no outro eu já havia lhe dado um chute no lugar especial. Ele caiu atordoado, jogando a barra de ferro que rolou no chão. Tudo depois disso foi muito rápido. Os garotos que me seguravam estavam surpresos demais, afrouxando suas mãos. Pude chutá-los na canela de cada um para que me soltassem completamente. Então corri para pegar a barra. – Eu já to solta Leo, pode fazer alguma coisa agora! – gritei o mais rápido que pude enquanto corria para pegar a barra. Leo demorou um tempo para processar tudo, seu olhar estava espantado. Era realmente algo assim tão surpreso para ele? Porém, o garoto que tinha batido em Leo chegou primeiro. Ele levantou a barra para me bater, mas consegui segurar. Então ficamos alguns segundos brincando de cabo de guerra. Mas como sou uma garota acostumada com esse tipo de coisa, dei meu jeito. Assim que percebi que ele puxava forte, eu parei de puxar, apenas a segurando. Assim que a barra estava indo na direção dele, eu direcionei para seu estomago. Ele caiu e então dei um soco para que pudesse soltar meu novo brinquedo. Ao mesmo tempo em que eu estava brincando de cabo de guerra, Leo estava acabando com os três garotos que lhe seguravam e distraindo os outros dois que se recuperaram dos chutes que dei em suas canelas. Com a barra de ferro, bati atrás dos pescoços dos dois enquanto se distraiam. Respirei aliviada quando Leo bateu em todos: o suficiente para que não pudessem se levantar. – Você luta como um profissional... – eu observei. Minha respiração estava acelerada. Eu fiz força demais brincando de cabo de guerra. Leo me olhou pasmo. – Por um segundo eu acreditei que você fosse me trair – ele falou, sorrindo. Ele também estava sem ar. Eu fui até Dado, que ainda estava caído, protegendo o local do dano. Abaixei-me, levei minha mão até o bolso e peguei meu canivete, levando-o até o seu pescoço. – Se não foi o Leo que pediu esse serviço, então não devia ter pedido para que ele pagasse, - sussurrei. – Meu pai é policial, então se você se atrever a nos seguir até minha casa, ou se eu souber que meu namorado foi ferido por


vocês, vou o fazer caçar todos até o inferno para sofrerem – ainda bem que eu estava irritada, fez soar a ameaça mais realista. – Você... Vai me pagar... – Dado gemeu. – Muito... Muito caro mocinha... Eu levei a lamina do canivete um pouco mais fundo. – Eu não devo ter sido clara... Mexa com quem quer que seja meu amigo e meu pai vai furar sua cabeça com tiros. Eu me levantei, joguei a barra de ferro para longe e me dirigi a Leo que estava pasmo. – Vamos, antes que eles mudem de ideia... E então corremos pela estrada, deixando um bando de delinquentes para trás, eu sabia que eles iriam querer o troco, mas não pude deixar de respirar aliviada. – Você está muito machucado? – eu perguntei. Alguns hematomas estavam se formando em seu rosto. Leo não parava de sorrir. – Estou inteiro, isso é o que importa. Aonde aprendeu a lutar daquele jeito? Eu estava morta de cansada, mas me forcei a responder. – Pratiquei muito com o taco de beisebol. – Jogando? – Não, batendo em caras como aqueles. Paramos quando tomamos uma distancia segura, eu já estava mais perto de casa, o que era bom. – Eu tenho a namorada mais legal do mundo! – Leo parecia realmente atordoado. – Seu pai é mesmo policial? Não, ele era o nosso diretor, meu querido. – Policial, advogado, juiz, militar, bombeiro... Depende da situação de emergência. Leo riu. – Você é astuta. Eu respirei fundo, precisava mudar de assunto. – Não pense que eu esqueci o que aquele cara falou. Explica muita coisa sobre Vitor te odiar, sobre Jota te odiar... Mas por que você o odeia? Leo não ficou confortável com a pergunta, mas cedeu. – Vamos para sua casa, quero que fique segura. – Seu olhar estava mais sério. – Eu vou contar tudo quando chegarmos. (...)


Quando chegamos, meu irmão quase pulou de susto ao ver nosso estado (suor, roupas puxadas, hematomas se formando). Eu também pulei de susto, quando me deparo com a ilustre figura de Vitor, que me encarava perplexo. Ao que parecia eles estavam discutindo sobre livros, pois havia vários espalhados na mesinha. – O QUE ELE TA FAZENDO AQUI? – Leo realmente mudava de humor rápido. Jonathan interceptou os dois, me salvando. – Ele é meu amigo e vizinho. Há três anos ele me ajudou com a mudança e depois veio morar aqui. Drica ficou sabendo disso semana passada. Ela não tem nada haver com isso. – Eu queria abraçar Jonathan por querer me salvar, mas ele respondeu de uma maneira que fazia parecer que Vitor era meu amante. Leo me olhou furioso. – Por que não me contou? Eu suspirei. – Para evitar esse tipo de situação de vida ou morte que você me coloca... Vitor ainda estava perplexo. Ele apontou para o meu braço. – Por que seu braço está vermelho? Quem fez isso com você? – Vitor olhou acusadoramente para Leo. – Não me diga que você fez... – Fomos pegos por uma gangue – eu disse. – Mas eu salvei a gente. – Ei! Quem foi que botou os caras para desmaiar? – Leo reclamou. – Quem foi que seduziu o líder do grupo, deu um chute no lugar especial dele e ainda bateu no cara que te espancou com uma barra de ferro? Todos os três me olharam surpresos. – As experiências do taco de beisebol fizeram efeito? – Jonathan perguntou. – Muito – eu respondi. – Eu só quero tomar uma boa caneca de café com leite... Jonathan já se dirigia para a cozinha. – Café com leite à moda da casa saindo... – Eu realmente amava o meu irmão. Nós três ficamos em um silêncio, Leo e Vitor estavam a ponto de explodir. – Foi você quem mandou os garotos eles atrás de mim, não é? Pensei que tínhamos um acordo. – Leo estava assustador. – Já disse que não fiz nada. Eu só mataria você se algo de errado acontecesse... – Vitor estava igualmente assustador. – Por favor, parem de serem assustadores do meu apartamento! Jonathan me trouxe a caneca e então disse:


– Não quero banho de sangue aqui dentro, é pra isso que existe lado de fora. – Jonathan se sentou no sofá, ele estava sério de verdade. – Vamos conversar como pessoas meio civilizadas. Graças aos céus eu tinha um irmão mais velho.

Com a minha caneca de café com leite, eu pude relaxar. Os garotos dois estavam em meu quarto, eu tive que ficar no meio dos dois para que se comportassem. Contei a Leo que eu e Vitor éramos amigos, apenas isso. Que eu e Vitor fizemos uma trégua e que não fizemos nada de errado. E sobre a briga, antes que eles se acusassem eu contei o que Dado havia me dito. Os dois pareciam confusos. – Então... Aquela vez... A sengunda vez... Não foi ele que mandou me bater? – Vitor perguntou cauteloso. – Ao que parece, não, – eu respondi. – E quer dizer... Que não é por culpa dele que eu estou sendo perseguido? – Isso aí, - concordei. Os dois não pareciam satisfeitos, eles realmente se odiavam. – Bem, então quem foi que mandou me bater? – Eu não tenho a mínima ideia – eu respondi de novo. – E esse alguém queria que eu me prejudicasse também. – Leo concluiu. – Pois é, mas agora vocês sabem que não foram um ou outro. Isso já é bom. Vitor deu de ombros. – Se é só isso, tudo bem. Finalmente estou livre dessa acusação e sei que não foi ele quem mandou me bater. Mas isso não significa que perdoei Leo sobre tudo, eu ainda não esqueci - ele advertiu. – Agora preciso ir. Vocês se divirtam a sós... Vitor já estava se levantando, ele saiu do quarto, mas antes disse: – A gente conversa mais tarde, já que você mora perto e eu posso te ver a qualquer hora... – SAI LOGO! – Leo gritou. Ele realmente cedeu às provocações de Vitor? Ele riu e então fechou a porta, deixando a mim e Leo a sós. Leo me olhou, mal humorado. – Eu posso até aturar essa situação de vizinhos, mas eu ainda o odeio. Ele chegou aonde eu queria. – E então? - Eu pedi.


– Então o que? – Você vai me contar porque odeia tanto o Vitor. Isso ainda é um mistério pra mim. Eu o deixei sem saída. – Tudo bem. Eu conto. – ele me olhou, quase que triste. – Eu o odeio por que, ano passado, ele roubou de mim a garota que eu mais amava no mundo. Notas finais do capítulo não deixem de comentar o que acharam ^^

(Cap. 18) Capítulo 18 - A chegada da minha prima! Surpresa! Notas do capítulo Caramba, esse capitulo demorou, fui boazinha e decidi postar hoje... A prima de Drica vai dar o que falar... Tudo parecia em perfeita ordem. Vitor e eu nos tornamos grandes amigos, Leo ainda era meu namorado e minhas melhores amigas pararam de me provocar por isso. Leo havia me perdoado por não ter contado que Vitor era meu vizinho. Os delinquentes que eu espanquei ainda não vieram ter sua vingança. Maravilhoso! Minha morte estava sendo adiada! Leo e eu estávamos em... Como dizem mesmo? Boa fase? Soa como se meu namoro fosse um jogo de vídeo game, mas é mais ou menos assim. Completaríamos um mês de namoro em dois dias. – O que vai querer de presente? – Leo perguntou. Ele estava abraçado comigo no sofá, minha cabeça estava apoiada em seu peito e suas mãos afagavam meu cabelo. Eu estava quase dormindo em seu colo. – Como aniversário de um mês. – Eu não quero nada – sussurrei. Aconcheguei-me em seu peito. – Na verdade, quero sim. Quero que deixe usar você como meu travesseiro. Ele me abraçou mais forte. – Você já está fazendo isso, manhosa. Eu ri. – Então não preciso de mais nada. – Mas eu quero dar algo a você... – ele insistiu. – Qualquer coisa que você der já está bom para mim. – Eu levantei minha cabeça e olhei para ele. – Verdade. Leo sorriu.


– Então, qualquer coisa? – Qualquer coisa. Voltamos a ficar em silêncio, aproveitando o momento. Eu gostaria de ficar assim para sempre, pois isso me tranquilizava. Nunca me senti tão feliz na vida. Fazia-me esquecer dos problemas que tanto rodavam minha cabeça. Nunca falei para ninguém sobre a conversa que tivemos naquele dia, quando me contou a verdadeira razão por odiar Vitor. Eu pretendia nunca mais tocar no assunto. (...)

No dia seguinte, na escola, Morgana e Lucia estavam discutindo o que eu podia dar para ele. Elas falavam freneticamente e davam opinião, demorei um grande tempo até conseguir ter minha vez de falar. – Ei... Não seria eu quem decide se vai dar algo ou não? – indaguei. Morgana, que tinha o cabelo roxo dessa vez, me olhou indignada. – Ele fez o santo milagre de te aguentar por um mês! Não acha que deveria presenteá-lo? Amanhã será um grande dia. Nenhuma das duas sabia o que havia acontecido na noite do cinema, elas não sabiam da tensão que eu sentia. E não me atrevi contar, nem Leo. – Verdade – eu concordei. Me aguentar era como um ato de coragem. – Mas ainda sim, não sei o dar para ele. Leo não parece precisar de alguma coisa. Lucia bufou. – É por isso que a irmã gêmea dele está aqui. Eu a encarei, desafiadora. – Então me diga irmã gêmea, o que posso dar ao seu clone versão masculina? Lucia sorriu, satisfeita. – Qual é a coisa que Leo mais gosta? Morgana respondeu antes de mim. – Leo gosta da Drica, dãr. Eu queria protestar. Eu era uma coisa agora? Mas Lucia bateu palmas como se a resposta certa fosse essa. – Então só você precisa dar algo que faça Leo se lembrar de você. E eu já tenho uma ideia do que pode ser... Aquela cara que Lucia faz quando tem uma ideia brilhante... Não era algo que se via todo dia. – O que você tem em mente? – perguntei desconfiada. Morgana pareceu entender.


– Esta falando daquele... – Morgana olhou pasma para Lucia. – Meu santo Deus! Lucia isso foi brilhante! Lucia estava realmente feliz com o elogio, e eu sem entender. – Hoje vamos fazer compras – ela anunciou. Elas esconderam o assunto do presente par mim. Dizendo que hoje à tarde eu saberia. Odeio segredos, francamente. (...)

– É esse o presente que vai fazê-lo lembrar de mim? – eu perguntei. Lucia e Morgana me arrastam para uma pequena joalheria que ficava perto da escola. – Isso mesmo! Não é lindo? – Lucia segurava um pequeno colar com cordão de couro, onde havia um pingente de canivete pendurado nele. – Olha, a lâmina entra e saí igualzinho ao seu canivete! É tão você Drica! – Na verdade eu ia comprar para mim, - Morgana revelou. – Só que eu acho que esse seria o presente ideal. – Eu acho bom, - uma terceira pessoa se pronunciou. Vitor estava atrás de mim, ele disse que precisava ver a milagrosa cena em que eu compraria um presente de namoro. – Quem chamou você aqui? – Morgana perguntou amarga. – Então vai levar esse, Drica? - Vitor a ignorou completamente. Não só Morgana não gostava de Vitor, como ele retribuía o mesmo sentimento. – Eu gostei. – É Leo quem precisa gostar, vai embora – Morgana resmungou. Há um tempo eu perguntei a Vitor porque ela o odiava tanto, mas ele apenas suspirou e disse: “Leo fez a cabeça daquela garota, ela acha que eu sou como ele”. Vendo que seria inútil conseguir mais do que isso, não toquei mais no assunto. – Acho que sim... Eu gostei do colar – respondi. Lucia sorriu animada. – Então esse será o seu presente! Quando me dei conta estava voltando para casa com Vitor e uma pequena caixinha com um colar dentro em meu bolso. – Ele vai gostar, - Vitor garantiu. Nos últimos dias ele estava desanimado, eu não sabia por quê. – Até eu gostaria de receber algo assim. Eu sorri.


– Obrigada. Eu não gosto muito dessa coisa de dar presentes por tanto “tempo de namoro”... Mas aquelas duas... Vitor riu. – Eu sei... Lucia sempre foi assim... De repente uma pontinha de curiosidade surgiu. – Então, como você gostou da Lucia? A pergunta pareceu pegá-lo de surpresa. Por um instante ele não respondeu, deixando apenas o barulho dos carros entre nós dois. – Eu a conheci na sexta série, mas foi na sétima que eu comecei a gostar dela. Ela era a única garota que não tinha medo de mim, - Vitor suspirou. – Depois Leo a proibiu de falar comigo. Então você sabe... Eu e ele sempre discutíamos e terminava tudo em briga. No ano seguinte a briga por motivos femininos só continuou. Eu sabia o que ele queria dizer. Não contei a Vitor que eu sabia de tudo. Apenas queria esquecer. Leo não me contou toda a história, mas saber da metade já me deixava insegura. – Entendi, - apenas disse. Depois disso seguimos para casa em silêncio. Prolongar o assunto só me faria piorar. Ao chegar em casa guardei o presente. Estava pensando em dá-lo amanhã, na escola. Eu não sou uma garota muito romântica... Então não sabia o “lugar perfeito” para presenteá-lo. Ultimamente eu andava um pouco desanimada. Nada, nem mesmo minhas relaxantes canecas de café com leite poderiam resolver meu problema. Hoje Leo disse que não poderia me ver, então passei à tarde em casa, tentando dormir: apenas tentando. Nada me animava, eu não conseguia me distrair, nem Vitor apareceu para me perturbar hoje. Senti-me abandonada. Caramba, será que é assim que você se sente carente? Um mês namorando alguém... Era realmente muito tempo quando se tratava de mim. Enquanto eu lia um livro – mesmo que repetindo a mesma frase diversas vezes por não prestar atenção, – ficava imaginando como seria o próximo mês, então o próximo e assim por diante. Então recebi uma ligação inesperada: – Oi, Filha! Sentiu minha falta? – Pai? – eu não devo ter parecido muito animada. – Você não realmente não consegue me amar, não é? – Desculpe se sou sincera. O que você quer? – Bem... – ele parecia desconfortável. – Você se lembra da sua prima, a Rita? – Não. Eu deveria?


– Que crueldade... Sempre que minha irmã vinha nos visitar vocês duas brincavam! – Eu tinha cinco anos pai. Eu nem me lembro de o que comi no almoço hoje... Mas o que tem essa minha prima? – Bem, ano passado ela e os pais moravam aqui, mas precisaram fazer uma viagem para o exterior... Só que Rita quer voltar para o Brasil e minha irmã pediu que eu cuidasse dela, mas não posso deixa-la ficar aqui... – Lembro-me de uma tia que estava sempre se mudando... É essa? – Isso!Eu não tenho espaço para mais um na minha casa, você sabe, se não você já estaria morando comigo... – Graças a Deus que você não tem. – Eu já imaginava onde meu pai queria chegar, eu não estava gostando nem um pouco da ideia... – Você e o seu irmão... Poderiam ficar com ela? Droga, eu estava certa. – Trate isso com ele. Por mim, ela pode dormir no sofá da sua casa. – Você realmente é difícil... Ela vai chegar amanhã e... – Boa tarde, Velho. Eu desliguei o celular. Não estava querendo conversar. Ter uma prima morando junto com a gente? É claro que meu irmão a faria dormir no meu quarto... Meu Deus! Por quê? Eu achava que o assunto estava encerrado, mas eu errei de novo, como sempre. Assim que o meu irmão chegou do trabalho, ele anunciou: – Amanhã nossa prima virá morar com a gente. Ele estava terminando de cozinhar enquanto eu arrumava a mesa para o jantar. – Não acredito... – Eu bati os talheres com tudo na mesa. – Que você vai aceitar essa ideia maluca do velho! Jonathan colocava a comida na mesa, ele parecia animado. – Eu me lembro da Rita, era um doce de menina... – Desculpe por não ser um doce – reclamei. Sim, eu estava com ciúmes, problema? Jonathan afagou minha cabeça. – Fique calma, irmãzinha... Será bom! Vocês vão ser boas amigas. Não pude esconder minha empolgação. – Conhecer Rita... Eba! Não vejo a hora... Enquanto comiamos, Jonathan mudou de assunto: – Amanhã você vai fazer um mês de namoro, não é? Não pude deixar de ficar vermelha. – Você que vive trocando de namorado não sabe o que é isso... – Fique quieta, estou há mais tempo que isso com Daniel. – Porque ele é um anjo.


Jonathan riu. – Leo também é um para te aguentar. Não pude deixar de concordar. Depois disso, pude comer tranquila. Depois disso, tentei ter uma noite de sono tranquila. Inesperadamente teríamos uma hospede... Que desastre!

No dia seguinte, enquanto eu tinha uma tediosa aula de Geografia, conversava com Morgana sobre o que eu teria para hoje. – Nossa, que chato. Seus dias de privacidade se foram – ela cochichou. – Sim... – eu estava quase chorando. – Mas ela deve ser legal, ela já viajou para... Que país foi mesmo? – Espanha. – Então... Isso é muito legal. Não, não era nem um pouco legal. O sinal tocou para o intervalo. Finalmente a hora de entregar meu presente chegou: Eu e Leo fomos para trás da escola, onde não havia ninguém. Eu apertava a caixinha dentro de meu bolso, ansiosa. – Eu... Comprei um presente – eu estava corando novamente. Leo arregalou os olhos. – Sério? Você? Isso me deixou ainda mais vermelha. – Eu não sabia o que fazer... Lucia me mostrou... – Eu dei a caixinha para ele, minhas mãos tremiam um pouco. – Eu gostei e então... Leo sorriu, aquele sorriso que me deixava sem graça, como sempre. Ele abriu a caixinha e então me olhou surpreso. – Um canivete! Em um colar! Eu ri com a maravilhosa descoberta. – É sim, para você se lembrar de que tem uma namorada perigosa. Leo me abraçou, aquele cheiro que ele tinha ainda me deixava embriagada. – Eu vou usá-lo todos os dias... Obrigado Drica. Eu nunca esperava que você fosse me dar algo, me deixou muito feliz. Você é maravilhosa. – Eu te amo... – sussurrei. Dizer aquilo deixava todo o meu corpo tenso, mas era acolhedor dizer isso para alguém. – Eu também. – Leo me abraçou mais forte. – Uma pena que eu não tenha trazido o seu agora... Mais tarde vou passar na sua casa. Eu assenti.


– Tudo bem. Nós nos beijamos. Eu estava feliz e ninguém podia estragar isso. Quando a aula terminou, Vitor me chamou. Seus olhos negros estavam brilhando de empolgação. – Vamos ao fliperama? – Ele perguntou. – Agora? – eu perguntei, mas ele já estava me carregando pelo caminho. – Sim, eu só tenho tempo agora, mais tarde vou ajudar minha mãe com as compras. – Você prometeu, vai! Eu ri com a ideia de ver Vitor em um supermercado. – Tudo bem, mas não me faça chegar muito tarde, Leo vai me ver hoje. – Leo? Eu não estou nem aí para o Leo. Você é minha agora. De fato eu havia prometido. Descobri com o tempo que um dos vícios de Vitor era jogar, ele ia todo fim de semana ao shopping. Ficamos até às três horas jogando, eu estava tão empolgada que tinha perdido a noção do tempo e me esquecido de um pequeno detalhe: mais alguém iria para a minha casa hoje. – Meu Deus! – eu disse enquanto Vitor jogava pinball. – O que foi? – Ele saltou de susto. – Rita! Vitor me olhou confuso, mas eu disparei para fora. – Quem? – Ele foi correndo atrás. Eu havia me esquecido que precisava recebê-la hoje. Meu irmão disse que à ela onde deixamos a chave, mas ela não poderia ficar sozinha lá. Enquanto corria desesperada pelas ruas, expliquei sobre minha prima a Vitor. – Me desculpe – ele disse. – Fiz você se atrasar e... Eu estava tão cansada e sem fôlego que apenas sacudi a cabeça. Pela primeira vez na vida usei o elevador do prédio, Vitor o tempo todo me acompanhava. Quando me dei conta, estávamos segurando as mãos. Meu rosto ficou quente. Por que de repente meu coração disparou? Soltei sua mão rapidamente. Vitor percebeu e também corou, ficando mais enérgico do que de costume. – Desculpe... De novo... – ele murmurou. Novamente eu estava agitada demais para responder. Assim que a porta do elevador se abriu, corri para meu apartamento. Mas parei assim que ouvi a voz de Leo do lado de dentro: – Por que você... – Leo foi interrompido por uma voz feminina.


– Como você soube que eu ia morar aqui! – A garota parecia estar risonha. – Você é astuto Leo! Descobri onde eu estava morando só para me dar flores? Vitor estava pálido. – Não pode ser... Eu ainda não conseguia entender. Abri a porta e entrei em um salto. A cena que vi: Leo com um pequeno buquê e uma caixinha na mão. Ele olhava hipnotizado para uma garota incrivelmente linda, de cabelos negros cacheados e olhos verdes como esmeraldas. Ela tinha a pele branca e suave e usava um vestido de renda verde. Ela me olhou e então sorriu: – Você deve ser Drica, não é? Eu sou sua prima, lembra-se de mim? Percebi que a garota segurava uma grande mala nas mãos. As coisas estavam se encaixando lentamente. Leo me encarou, ele estava tenso. – Drica... Ela é sua prima? Meu coração começou a disparar. Não podia ser, era coincidência demais, azar demais... – Sim, ontem fiquei sabendo que ela viria morar com a gente, Rita acabou de voltar da Espanha. Rita olhou pasma para trás de mim. Vitor estava a um passo atrás de mim, ainda calado. – Vitor... Você também? Os dois aqui? Minha nossa, vocês são realmente gentis em me ver... Ainda bem que fizeram as pazes! Eu não sabia que vocês conheciam a Drica também. Sabe Drica... Leo foi meu namorado ano passado. Eu estava prestes a desmoronar. Notas finais do capítulo Não deixem de comentar, preciso muito saber o que acharam!

(Cap. 19) Capítulo 19 - A Gerra não acabou! Notas do capítulo Esse capitulo me deu dor de cabeça... mas eu consegui!!! Eu estava vendo anime por isso demorei para escrever, mas aí esta... Pensar que a garota que Leo amava mais que tudo um dia, era minha prima, me fez quase desmaiar. Ainda me lembrava do dia, perfeitamente, em que ele contou tudo para mim: - Tudo bem. Eu conto. – Ele me olhou, quase triste. – Eu o odeio por que, ano passado, ele roubou de mim a garota que eu mais amava no mundo.


Eu parei de respirar por um tempo, até eu ficar roxa na verdade. - Como... Como assim? – Eu não queria demonstrar o ciúme que claramente eu estava demonstrando. Leo não conseguiu mais olhar para mim, de repente aquele garoto que sempre sorria e fazia brincadeiras sumiu. - Eu gostava muito dela, como nunca gostei de ninguém... Quando a pedi em namoro e ela aceitou... Eu... – Ele parou de falar para analisar como eu estava digerindo aquilo, eu estava surpresa demais para saber como eu mesma estava agora. – Namoramos um bom tempo, mas depois ela começou a me tratar diferente. Comecei a perceber que ela e Vitor estavam sempre conversando em alguns cantos, escondidos. Ele sempre olhava para ela... Então ela me disse que... Que sempre foi apaixonada por ele e que só estava me usando porque sabia que ele iria falar com ela se começássemos a namorar. A dor na voz de Leo fez meu coração pesar. Pelo olhar dele, ele claramente gostava muito dessa garota. - Por causa dela eu mudei e me tornei alguém melhor... Mas quando ela falou aquilo, o olhar dela mostrava que ela nunca amou ninguém exceto ele... Eu não me controlei e dei um tapa nela... Um tapa muito forte. – Ele se calou, a voz não saia de sua boca de maneira alguma, mas ele conseguiu se recuperar. – Eu tenho certeza de que Vitor sabia que ela gostava dele, mas ele nunca me contou. Ele queria me ver humilhado... Eu sei que ele queria. Logo depois paguei para aqueles caras baterem nele e eu mesmo ajudei. Tente me entender: eu estava furioso por ser enganado. Logo depois, Vitor soube que eu bati em Rita e ele quase me matou... Eu não sabia por que ele fez aquele escândalo todo por causa de um tapa, na verdade, ele acha que eu mandei bater nela como fiz com ele. – Leo ficou sombrio por um momento. – Acho que ele realmente gostava dela. Mas ela precisou ir embora um tempo depois... Só que eu e Vitor ainda discutimos por causa disso... Eu não conseguia falar. Saber que uma garota provocou tudo isso entre Leo e Vitor me deixou... Com uma sensação estranha. Eu sempre soube que Leo fez muitas coisas erradas, mas contanto que ele não fizesse agora, tudo bem para mim. - Lucia e Morgana sabem disso tudo? Leo balançou a cabeça. - Elas sabem que Rita terminou comigo e que eu fiquei furioso, mas elas não sabem de tudo... Elas não poderiam saber de algo como isso. Agora nenhum de nós dois falava. Eu e ele sentados na minha cama de frente um para o outro, apenas esperando que alguém dissesse algo. - Leo... Se você... – Eu tomei toda a minha coragem para perguntar isso. – Se você a encontrasse de novo, você se apaixonaria por ela outra vez? Leo não me olhou.


- Eu... Eu te amo muito Drica... Mas se ela aparecesse de novo... Eu não sei... – Ele me olhou, parecia sentir muita dor. – Provavelmente, mexeria muito comigo. Eu apenas assenti. Por dentro, prometi a mim mesma nunca falar dessa garota outra vez. Não queria que o coração de Leo e até mesmo de Vitor se acendessem por causa dessa garota. Eu estava insegura, admito. Mas eu não podia perder a guerra para alguém que nem mesmo estava aqui. Quando Rita falou aquilo, com um sorriso iluminado no rosto, toda aquela cena me voltou várias vezes. - Mas eu estou curiosa, como vocês sabiam que eu estaria aqui hoje? Drica contou para vocês? – ela me olhou sorridente. Admito: não fui com a cara dela. Rita olhava para Vitor com os olhos esperançosos. Leo estava certo ao dizer que ela realmente gostava dele. Enquanto isso Leo parecia sem chão. Vitor colocou a mão em meu ombro, ele apertou forte, mas ainda olhava surpreso para Rita. - Na... Na verdade nós não sabíamos de nada, - ele disse. Rita pareceu confusa. - O quê? Leo respirou fundo e foi até mim, me entregou o pequeno buquê de flores e a caixinha. Ele me olhou com ternura, o que fez meu coração se acalmar um pouco. - Feliz aniversário de namoro, - ele disse. Eu abri a caixinha, havia um pequeno anel de madeira com um “L” cravado. Eu sorri e o abracei, esquecendo que Rita estava ali. Mas senti uma onde de tensão e então me recuperei. Rita me olhava confusa, eu tinha de admitir que eu gostei daquilo. - Você e ela... – Rita olhava para Leo pasma, ela apontou para mim como se eu fosse qualquer coisa. – Não me diga que... Leo sorriu. - Drica e eu estamos namorando – ele respondeu segurando minha mão. Eu queria dar pulinhos e gritar “Toma essa Rita!”, mas apenas fiquei em silêncio. – Hoje esta fazendo um mês. Vitor passou o braço envolta de mim, o que fez Rita ficar perturbada, não só Rita como Leo também o encarou ameaçador. - E eu sou o melhor amigo da baixinha aqui. – Eu estava tão animada que deixei ele me chamar de baixinha. – Acabamos de vir do fliperama. - Ah... – Rita não escondeu o desapontamento. – Drica... Você é demais... – Ela me olhava como se eu não fosse nada demais. Os dois ali, me defendendo. Eu não sabia o que dizer. Pensei que eles gostassem dela, por que estavam do meu lado? Vitor deu uma risadinha.


- Eu tenho que concordar com isso. Drica já fez coisas que deixariam você de boca aberta. Rita já estava de boca aberta, mas ela conseguiu sorrir. Por que me deu a impressão de ser um sorriso falso? - Então você roubou o meu lugar... – Ela fez parecer uma piadinha. Mas eu não estava afim de piadinhas. - Rita... Se você tem algum lugar aqui... Ele seria roubado assim tão facilmente? – eu provoquei. Podia estar indo longe demais? Isso não me interessava. Leo e Vitor ficaram tensos. Eu não gostei dela, não queria fingir que estava à vontade com isso. - Verdade Drica... Você me pegou – ela concordou. – Então, onde deixo minhas coisas? Ela mudou de assunto rápido. - Corredor: segundo quarto à direita. Você vai dividir o quarto comigo – eu disse amarga. Ela também não pareceu se animar. Rita se dirigiu para o quarto, assim que ela entrou os dois rapazes respiraram tranquilos. - Isso é muito bizarro – Vitor disse. Ele já estava indo em direção à porta. – Não quero me envolver nisso, Drica não conte que estou morando... – ele apontou para baixo. Eu conseguia entender por que ele não queria se envolver nisso, por causa do ciúme de Leo ele apanhou feio ano passado. Assim como eu, ele só queria um pouco de paz. Eu apenas concordei e então ele foi embora. Leo apertou mais forte a minha mão. - Eu ainda sou seu – ele disse com um sorriso travesso. Queria beijá-lo por querer me tranquilizar. – Ela esta aqui, mas... Você é quem eu realmente quero. Por mais que eu me sentisse bem com aquilo, não podia ignorar o fato de que sua voz não soava tão tranquila. Rita saiu do quarto ainda sorridente. Por que ela estava sorrindo e me olhando como se quisesse me matar? Ela percebeu que estava faltando um de nós. - Onde está Vitor? – Ela perguntou desapontada. Leo respondeu, tentando parecer firme. - Ele precisou ir embora. Rita levantou a sobrancelha. - Ele não estava fugindo de mim, estava? Ou você que o mandou ir embora? Vocês dois realmente fizeram as pazes? Eu e Leo não conseguimos responder. Eles ainda se odiavam por sua causa, eu queria dizer.


- Bem Rita, Vitor precisa ir ao supermercado com a mãe, foi o que ele disse. Ele jamais fugiria de você... – Bem que eu queria que ele fizesse isso. Rita não parecia certa disso, mas apenas assentiu. - Então vou poder vê-lo semana que vem... – Ela deu um sorriso satisfeito. – Vou para a mesma escola que vocês, afinal. Leo ficou tenso. - Ah! Isso é ótimo, Rita... Lucia e Morgana ficarão felizes em saber. Lucia e Morgana? Elas eram amigas de Rita? Por que céus essa garota estava se fazendo de boazinha quando estava óbvio que ela queria me enforcar? Pare de ser gentil com ela Leo! Rita ficou animada. - Sinto muita falta delas! Morgana ainda muda a cor do cabelo? Leo assentiu. - Sim... Ela muda. – Ele coçou a cabeça, desconfortável. Rita percebeu que ele não queria conversar. Mesmo de mãos dadas comigo ele ainda se sentia diferente perto dela. - Leo... Eu acho melhor você ir, a gente se fala mais tarde – eu disse. – Vou ajudar Rita com as coisas aqui... Ela deve estar com fome também. - Ah! Nisso você esta certa, eu estou morrendo de fome! Eu queria mandá-la calar a boca. Será que ela não percebeu que era uma desculpa? Não faria comida para ela nem em mil anos. Leo pareceu entender e então concordou. - Eu... Volto mais tarde. Ele sorriu e então beijou minha testa. Ele e Rita trocaram olhares solidários. Parecia tudo... Muito pacífico para uma garota que confessou estar usando ele ano passado. Leo saiu do apartamento, deixando nós duas a sós. Rita parou de sorrir. Seu tom de voz de repente mudou. - Leo pode ser seu namorado – ela disse, - mas ele pode ser meu apenas estralando os meus dedos e pedindo para voltar. Eu, de certa forma estava aliviada por saber que ela realmente não era tão querida. Arqueei as sobrancelhas: - Agora você esta mostrando sua verdadeira face? Rita deu de ombros. - Você foi sincera ao mostrar que não gosta de mim. Devo fazer o mesmo e dizer que você é irritante. Leo e Vitor estão sendo muito bonzinhos com você. Eu queria rir. Era esse tipo de garota de quem aqueles dois gostavam? Olhar para ela estava me dando nojo. - E o que vai fazer? – Eu a desafiei. Rita sorriu vitoriosa.


- Não vou deixar que você roube nenhum dos dois de mim. Eu sei que você esta usando Leo como eu fiz... Mas apenas eu tenho poder sobre aqueles dois. Você viu como Leo me tratou depois de tudo? Você não tem chance. Eu a fitei atônita. Como assim ela acha que sou do tipo dela? Eu tinha a pior prima do mundo. - Aonde quer chegar com tudo isso? Rita se aproximou de mim, seu olhar confiante me deixou um pouco tensa. Boa coisa não podia se esperar dela. - Eu sei que você me teme. Você sabe que eles sentem algo por mim. Se eu fosse você desistiria dos dois agora mesmo. Todo mundo come na palma da minha mão e vou fazer você sentir o mesmo. Eu não vou perder para alguém como você. Eu não seria derrotada por ela. Não ousei me afastar eu me calar diante de alguém como ela. - Eu não teria tanta certeza. E no dia em que eu fazia um mês de namoro com Leo, arranjei uma inimiga perigosa. Notas finais do capítulo Mais tarde eu vou continuar o próximo capitulo... O que vocês acham que vai acontecer agora?

(Cap. 20) Capítulo 20 - Eu não vou perder! Notas do capítulo Desculpem a demora, mas esse capitulo foi difícil por conta do ponto de vista... E eu enfrentei um bloqueio criativo... Enfim, está aqui! RITA As coisas estavam saindo do planejado graças aquela garota. Eu nunca imaginaria esse tipo de situação quando chegasse da Espanha. Se continuar assim, nunca irei conseguir o que eu quero. Vivi dois anos nessa cidade, mas foi ano passado que as coisas começaram a mudar. Leo – o garoto mais desejado daquela escola – havia se declarado para mim. Era o tipo de chance que eu não podia perder. Era uma chance única de ter a pessoa por quem eu me apaixonei preocupada comigo. Eu tinha certeza que Vitor iria me advertir e assim eu teria uma chance de têlo próximo a mim. Eu estava certa. Quando finalmente achei que Vitor poderia ser meu, contei tudo a Leo, já que não precisava mais dele. Mas, as coisas mudaram. O


tapa de Leo foi o auge. Leo precisava de mim, seu olhar me dizia isso. E vendo ele tão dependente de mim, me fez sentir diferente, mas já era tarde demais. Leo perdeu o controle e espancou Vitor. Quando Vitor soube do tapa, ele ficou tão preocupado comigo que me senti a pessoa mais importante do mundo. Entre os dois eu era a pessoa mais importante, eu sabia disso. Ver Leo precisando de mim e Vitor preocupado comigo me fez querer ainda mais isso. Então comecei a agir. Fiz o que precisava fazer e depois parti. Tudo previamente planejado. Drica se tornou um estorvo que eu precisava remover.

No meu primeiro dia naquele apartamento pude perceber que Drica não seria alguém tão fácil de lidar. Assim que Leo se retirou deixei claras as coisas para ela. Eu não pretendia fazer isso, mas ela podia ver através de mim e isso era perigoso demais. Ela não me ajudou com a mudança, ela não dirigiu uma única palavra há mim o dia inteiro, apenas se enfiou em seu quarto para ler e não me deixou entrar. Seu olhar era ameaçador demais para alguém que parecia tão inofensiva como ela. Drica usava roupas que a faziam lembrar um garoto, deixava o cabelo curto sempre amarrado e mesmo assim parecia uma garota normal. Como Leo pode se apaixonar por alguém tão diferente de mim? – Eu preciso entrar! – gritei do outro lado da porta. Eu queria apenas pegar minhas roupas. – Quero tomar um banho. Será que você pode abrir a porcaria da porta? – Nunca ninguém conseguiu me deixar alterada, até essa menina aparecer. – Pede “por favor” e eu abro – ela provocou. Revirei os olhos e disse aquelas palavras com nojo. Drica abriu com um sorriso satisfeito. – Que priminha adorável eu tenho! Eu queria esmagá-la. Ela realmente não estava facilitando, mas não ia deixar fácil dessa maneira. Eu sabia ser perigosa quando queria, mas não valia a pena mostrar isso a alguém tão irritante e insignificante como ela. Peguei minhas roupas e segui para o banheiro. A casa era realmente ajeitada por mais que fosse pequena. Já que não podia viver com meu tio, tive que vir para cá, já que não tinha alternativa. Se eu soubesse que as coisas tomariam esse rumo, voltaria para a Espanha, mas sempre lembrava que havia dois garotos que precisavam de mim. E se não precisavam, eu faria precisar novamente. Pode parecer imaturo da minha parte, mas eu não quero perdê-los para ninguém, nem para ela. Após o banho tive que ficar na sala, esperando o meu outro primo chegar e pedir que ele matasse sua irmã para deixar o quarto só para mim.


O tempo foi passando, já era quase noite e ele finalmente chegou. Era um cara realmente bonito, por mais que alguns traços de seu rosto me lembrassem de Drica. – Por favor, mate sua irmã e deixe o quarto só para mim. – Eu estava sentada no sofá lendo uma revista que encontrei. Ele arqueou as sobrancelhas, demorou um tempo para ele perceber e finalmente disse: – Ah! Rita desculpe. Drica está se fazendo de difícil? Ele tinha a voz suave e calma, totalmente diferente e alguém. Eu fiz a minha melhor cara piedosa e assenti. Ele suspirou e então disse: – Você comeu alguma coisa? – Drica não me falou nada sobre a comida e acabei pegando umas bolachas do armário... O garoto me olhou pasmo, alguns segundos depois ouvi passos pesados vindos para a sala. Drica apareceu furiosa: – As bolachas? As minhas bolachas? Quem disse para você que podia comer as minhas bolachas? – Ninguém disse! – Eu me levantei, aquela garota me dava nos nervos só de olhá-la. – Deveria ter me falado, mas como não falou apenas aceite o fato de que elas estão no meu estômago agora. Drica pareceu se dar por derrotada e choramingou: – Jonathan... Primeiro o Vitor comendo os meus salgadinhos agora ela esta comendo minhas bolachas... Por que esse mundo é tão cruel com minha comida? O nome de Vitor me fez acender. – Vitor vem sempre aqui? Drica pareceu perceber o que disse, mas Jonathan já estava respondendo. – Claro! Ele é nosso amigo e... – E... Vitor pega algumas dicas sobre arquitetura com Jonathan. Só isso. – O olhar de Drica advertindo Jonathan dizia o contrário, mas aquele olhar dela foi o suficiente para fazê-lo se calar. Os dois fizeram um acordo silencioso. Devia ser aquela telepatia entre irmãos... Não saber das coisas me deixava alterada. – Não parece que seja só isso. – Olhei desafiadora para Drica, ela ia ceder a qualquer momento. Eu sei que ia... – Pense o que quiser... – ela apenas respondeu dando de ombros. Eu tinha um enorme pressentimento de que ela queria Vitor apenas para ela. Essa garota não estava de brincadeira. Jonathan percebeu o clima entre nós e imediatamente mudou de assunto:


– Alguém quer jantar? Meu estomago roncava. Nós duas pela primeira vez concordamos em algo e esperamos enquanto Jonathan fazia o jantar. Eu devia admitir... Ele tinha certo charme enquanto cozinhava. – Meu irmão é lindo quando cozinha, não é? – Drica perguntou orgulhosa. Ela percebeu o olhar e concordamos juntas pela segunda vez. – O namorado dele também é muito legal, meu melhor amigo... Eu não pude deixar de ficar surpresa. – Namorado? Ele é...? – Sim. Ele é. Então nem pense em dar em cima deles, os dois unicamente me pertencem. – Ela advertiu com uma confiança irritante. Aquele olhar orgulhoso me fez odiá-la ainda mais. Enquanto jantávamos Jonathan começou a fazer perguntas, a mais incomoda de todas foi: – Então, você e Drica já estão se dando bem? – Na verdade... Drica é um pouco difícil... – Minha voz estava suave, apenas dei um sorriso tranquilizador. – Mas tenho certeza que nos daremos bem. Senti um olhar cortante partindo de Drica, mas apenas ignorei. Jonathan sorriu satisfeito, enganar homens era realmente fácil. Mas Vitor era diferente e isso só me fazia mais querê-lo por perto. – Se Drica não apresentou Ive para você significa que estão se dando bem. – Ive? – Eu perguntei confusa. – É um ursinho de pelúcia? Jonathan parecia feliz por eu não saber quem era Ive. – Então você não sabe... Isso é realmente bom! Ive é o nome do canivete da Drica. Eu quase me engasguei com a comida. – Você disse canivete? Drica apenas comia indiferente, com um pequeno sorriso travesso. – Na verdade ia apresentá-lo a você hoje à noite... – ela me olhou assustadoramente. – Enquanto você dormia... Ive é tão adorável... Eu sabia que era uma ameaça em vão, mas ela falou aquilo com tanto ódio que nem Jonathan se pronunciou. Ela sabia ser assustadora. Drica apenas deu uma risada. – Por favor! Acha que eu ia sujar o meu lindo canivete com você? Apenas pessoas dignas podem vê-lo. Ela tinha mesmo um canivete? Aquela garota realmente existia? Eu não podia acreditar que Leo e Vitor se sentiam atraídos por alguém como ela.


– Drica, não pegue pesado – Jonathan agiu como se aquilo fosse normal. Eu vim morar com uma família estranha... Socorro... Assim que terminamos o jantar Drica novamente se enfiou no quarto. Precisava me fazer de boa garota para conquistar Jonathan e então fiquei para falar a louça. Eu queria me dar bem com alguém aqui dentro. – Você é realmente gentil, Rita. Eu apenas sorri com o comentário. Quem me dera Drica fosse idiota como ele. Eu não tinha medo dela, ela apenas era uma pedra no meu caminho e eu iria chutá-la. Depois que terminei, anunciei: – Vou dar uma volta... – Já estava pegando minha bolsa e abrindo a porta. Jonathan pareceu surpreso. – Mas são nove horas! O que vai fazer? Eu precisava pensar em uma desculpa, rápido. – Ah! Eu sempre dava caminhadas assim... Sabe é realmente tranquilo... – Tentei soar confiante para ele engolir o que eu estava falando. – Eu conheço a cidade então não precisa se preocupar... Ele não pareceu muito certo, mas apenas disse: – Não volte tarde, vou deixar a porta aberta para você.

Então eu finalmente saí daquele covil. Aproveitei a brisa fria que me fazia sentir livre. Comecei a tomar o caminho, indo em direção ás ruas escuras e quase desertas que ficavam não muito longe do bairro central. Não havia muitas pessoas andando a essa hora, poucos carros ainda passavam. Lanchonetes e restaurantes eram a única prova de que havia vida naquela região. As lojas já estavam começando a fechar. Finalmente encontrei uma casinha em um terreno baldio. As luzes de dentro estavam acesas. Tanto tempo sem aparecer lá que havia quase esquecido. Aquele lugar me dava repulsa, mas eu precisava agir.. Não podia deixar aquela garota ir mais longe com os dois. Então entrei sem bater. Três garotos desleixados se encontravam jogando cartas. O maior deles usava uma touca que provavelmente não havia sido lavada há meses. A casa cheirava a mofo. Assim que entrei, eles me olharam como cachorros famintos encontrando carne nova. – Você voltou gostosinha... – disse o cara da touca. – Me poupe Dado. Quero saber se você conseguiu semear a discórdia em Leo como eu te pedi.


Dado se levantou e foi até mim, com aquele sorriso nojento que me dava ânsia. – Há quanto tempo eu não te vejo? Você devia ser mais legal comigo... – ele agarrou minha cintura. Eu queria vomitar, mas não podia. Eu precisava daquele garoto do meu lado. – Já que fiz tanta coisa por você... – Eu fiz uma longa viagem e voltei hoje. – Tentei afastá-lo de mim. – Eu paguei você para perseguir Leo e ainda extorquir mais dinheiro dele se fosse possível, fazendo pensá-lo que foi Vitor quem mandou. Quero saber se fez seu trabalho direito ou se preciso ensiná-lo. Dado pareceu desconfortável. Eu imaginei sua resposta. A cena que vi hoje daqueles dois juntos não poderia dizer mais. Como eram inúteis. – Eu estava indo bem, provocando ele. Era meio difícil, mas tava dando certo... Até a namoradinha aparecer. Drica... De novo aquela garota. Queria pegar o canivete dela e cortar sua garganta. – O que tem aquela garota? Ela não pode fazer nada com aquele tamanho. Dado olhou para os outros dois garotos, que não pareciam muito bem. O mais assustador deles disse: – Ela sabe bater bem... Com uma barra de ferro... – O que? Como aquela garota pode fazer alguma coisa? Eu não conseguia digerir aquela informação. Lembrei das palavras de Vitor dizendo que Drica fazia coisas que me deixariam surpresa. Odiava admitir que ele estava certo sobre isso. – Sim, ela é boa de briga. – Dado concordou e então chegou mais perto de mim. – Mas se quiser que eu acabe com ela... Eu acabo... É só me pedir com jeitinho... Eu afastei minha cabeça o mais rápido que pude antes que ele me beijasse. – Eu quero sim que você acabe com ela. Dado riu e então começou a beijar meu pescoço, eu queria fugir. Apenas aguentei lembrando que o meu esforço valeria a pena. – Você é realmente loquinha... – ele sussurrou. – Fez a gente bater em você até ficar roxa para que aquele Vitor pensasse que foi Leo... Quando na verdade foi só um tapinha... Eu realmente adoro isso em você. Eu estava começando a ficar sem ar. O cheiro de álcool nele me enjoava. Tudo o que ele disse era verdade. Eu fiz de tudo para que aqueles dois se odiassem ainda mais. Um querendo me proteger do outro. Um pensando que o outro é quem não prestava. Depois que Leo virou um cara bonzinho eu precisei fazer alguma coisa. – Eu faço o que preciso fazer... Eu te paguei bem para isso não foi? – Eu queria parecer firme, mas Dado me provocou ainda mais.


Seu rosto ficou de frente ao meu. – Então o que vai querer? Quer que apaguemos aquela menina? Mas vai ter que ser sozinha... Eu coloquei meu indicador, fazendo ele se calar. Teria que usar todo o meu charme para seduzi-lo. – Eu tenho algo para você antes. – Já tinha traçado toda uma ideia em minha cabeça. – Tem algo que eu quero que você cuide primeiro... Depois de contar tudo o que eu tinha em mente para ele, Dado sorriu. – Isso vai ser... Divertido. Definitivamente eu não deixaria Drica vencer. Notas finais do capítulo Não deixem de comentar, preciso saber a opinião de vocês...

(Cap. 21) Capítulo 21 - As coisas podem piorar. Notas do capítulo Criatividade esta me dando gelo. eu estava pensando em fazer poucos capitulos, mas agora estou pensando em prolongar um pouquinho mais a história... O que acham? Não deixem de dar sua opinião ^^ DRICA. Meus dias com aquela garota estavam um inferno. Rita mostrou que podia ser alguém insuportável. Eu queria arrancar seus lindos cachos negros e fazê-la chorar. Claro, nossa rivalidade apenas se mostrava quando estávamos sozinhas. Leo e Vitor nunca imaginariam o que estava realmente acontecendo entre nós duas. Vitor não apareceu mais em minha casa. Ele sempre se mostrava assustador a ponto de não deixar ninguém se aproximar na escola. Porém agora ele não precisava fingir isso. Seu olhar demoníaco que não via há meses voltou. Ele não me contava porque, fiquei imaginando se era por causa de Rita. Mas eu odiava pensar que ele estava assim por culpa dela. Leo também se mostrou diferente. Ele ficava nervoso quando nós duas estávamos em um mesmo local. Isso me fez perguntar se ela ainda mexia com ele. Decidi não me perguntar isso nunca: saber a resposta provavelmente faria eu me sentir mal. Uma parte de mim ainda estava muito feliz porque Leo sempre usava o colar que eu lhe dei. Eu também dificilmente tirava o anel de madeira que ele me deu, era realmente meu tipo. Os dias na escola com a nova aluna se mostraram piores do que em minha casa. A atenção – que antes era dos gêmeos – se mostrou toda para Rita. Eu tinha de admitir que ela é realmente linda, sempre doce na frente das


pessoas, ela sabia lidar com gente (ao contrario de mim). Eu me perguntava se ela fazia algum tipo de ritual para não ter espinhas e olheiras. Morgana e Lucia não esconderam a felicidade e a tensão ao descobrirem que Rita era minha prima que havia voltado da Espanha. Em nossa primeira noite dividindo o quarto, nossa maravilhosa conversa foi assim: - Tente algo com seu canivete, então Leo e Vitor saberão e nunca mais olharão para você. – Ela estava arrumando sua cama. Rita estava com bastante humor depois de ter retornado a um estranho passeio. Eu revirei os olhos. Rita sabia dramatizar tanto quanto eu. Se eu colocasse um dedo nela, saberia as consequências. Foi graças a um tapa que Leo e Vitor se odiaram ainda mais. - Meu canivete não foi feito para ameaçar gente suja como você, respondi. – Além do mais, se você tentar alguma coisa, cortarei seus lindo cabelo com meu canivete. O olhar sádico de Rita era realmente incomodo, eu sobreviveria naquela casa usando ameaças abertas. E então tivemos um sono nada tranquilo. Uma semana depois da chegada de Rita, as situações ficavam cada vez mais tensas. Vitor ainda estava assustador, ele sempre foi um homem de poucas palavras, agora ele era alguém sem nenhuma. Leo ficava nervoso, sempre nos encontrávamos fora de casa ou onde Rita não podia nos ver. Morgana e Lucia ainda falavam comigo, mas Rita tinha uma estranha forma de atrair tudo para ela, falando de coisas nas quais nunca poderia entender já que era nova no “pedaço”. Às vezes eu saía irritada, porque os assuntos se davam por “particulares”. A coisa começou a ficar “Vamos conversar coisas que Drica não pode saber” até eu desistir e começar a ficar sozinha de novo. – Não precisa ficar assim, - Leo advertiu. Ele estava sentado ao meu lado em um banco no pátio da escola. Minha cara não devia estar muito boa para ele dizer isso. – Rita pode ser fria às vezes, mas ela não é uma má pessoa. Eu devo ter olhado para ele de uma forma muito pasma, afinal ela usou Leo e ele disse aquilo... Perguntava-me se ele era masoquista. Leo entendeu minha expressão e se explicou: - Rita fez aquilo porque gostava muito de Vitor... Mesmo ele não prestando... – Leo parecia com ciúmes, me controlei para não dar um tapa em sua cabeça. - Pare de agir como se ainda gostasse dela, isso me incomoda. Leo pareceu se tocar que ele estava conversando com a namorada. Eu não queria dar crises de ciúmes, sabendo que isso era o que Rita mais queria ver. Eu apenas perdia o controle certas vezes, claro aos olhos apenas de Leo. - Desculpe... Mas é que foi tão repentino que não sei como deveria agir. Olhar para ela faz parecer que tudo foi há pouco tempo...


Eu não ousei responder por um tempo. Deveria entender o lado de Leo, por mais que quisesse usar Ive agora. - Eu só estou um pouco irritada... Digamos que Rita está conseguindo tirar até o meu cunhado de mim... Leo entortou a boca e não respondeu. A verdade é que Rita estava colocando todo mundo do seu lado. Eu estava ameaçando ela, eu estava judiando dela, eu era a inimiga pessoal dela – era o que ela dizia. Até Daniel e Jonathan começaram a me advertir – para a alegria de alguém. - Drica, você precisa crescer. Não torne a convivência difícil... – Jonathan dizia. - Estou decepcionado com você... Por que não dá uma chance para ela? – Daniel dizia. - Não maltrate minha sobrinha desse jeito! Pensei que você fosse mais legal Drica! – Esse foi meu pai brigando comigo pela primeira vez. Rita estava criando uma imagem macabra de mim. Tão macabra que fez Lucia e Morgana me olharem torto ontem. Rita estudava na turma C junto com Lucia (Deus foi gentil comigo agora), o que nos afastou, mas ela sempre tentava falar com Leo quando podia... E com Vitor, claro. Evidencialmente ela era apaixonada por ele. Enquanto eu e Leo estávamos em paz no pátio, mesmo que em silêncio, Rita retornou do inferno para me assombrar. - Vocês formam... Um lindo casal. – Ela sorriu de um jeito tão lindo e amável que se eu pudesse, vomitaria. Leo novamente não queria puxar conversa. Ele sempre lhe evitava, talvez para evitar meu desconforto. - Eu sei que Drica esta fazendo você não falar comigo dizendo coisas horríveis sobre mim, mas, por favor, não acredite nela... Eu mudei... Deus é testemunha de que se não tivesse pessoas ali, eu me atiraria e arrancaria seus dentes agora. - Drica não fez nada disso... – Leo tentou me defender. Rita interrompeu. - Não a defenda só porque é sua namorada. Todo mundo já percebeu que ela esta falando mal de mim por aí. – Ela falou de um modo tão seguro que eu quase pensei que era verdade. – Finalmente está mostrando sua verdadeira face, não é Drica? Só por causa do ciúme... Então era isso, era por isso que os olhares tortos estavam voltados para mim. Como ela consegue? - Rita... Da o fora, - eu pedi, tentando me controlar. Leo ainda estava em silêncio. Sua mão apertava a minha, ela estava suando. Eu não sabia como confortar alguém, só queria uns segundos de paz. Rita se mostrou magoada:


- Certo, entendi. Eu só estou querendo ser sua amiga... Por que não deixa? – Ela saiu batendo o pé. Ela devia ser atriz, devia usar aquela habilidade para ago útil. Se eu soubesse o que Rita pensava... Aquela garota era uma estranha dentro de casa. A noite sempre dava suas estranhas caminhadas, sempre voltava feliz e bem humorada. Imaginava ela como uma vilã de anime tendo seus planos maléficos em algum covil secreto. Por isso assim que a aula acabou me despedi de Leo, que ainda estava depressivo. Vitor não voltava mais comigo para casa e eu não queria a companhia de Rita por perto, por isso tomei um caminho diferente. E tomando um caminho diferente, fez as coisas mudarem. Andando enquanto ouvia musica – eu tinha a mania de andar no ritmo do que escutava, me imaginando em um filme com trilha sonora e tudo – eu caminhava pelas ruas. Elas estavam sem muito movimento, até que estava calmo... Finalmente paz! Eu olhava as lojinhas de roupa como se não tivesse hora para voltar (sim eu gosto de olhar vitrines, sou uma garota afinal). Então, quando percebi já havia se passado mais de meia hora e ainda não voltei para casa. Olhei meu celular e vi uma mensagem de Jonathan que foi enviada há cinco minutos: O que está fazendo? Venha almoçar. Eu estava de mau humor. Meu próprio irmão me tratava com frieza. Eu não queria chegar tão cedo em casa. Eu estava morrendo de fome, então entrei em uma lanchonete que não estava muito longe. Mas eu estava distraída demais com a musica e acabei esbarrando em alguém. Refrigerante se esparramou por toda a minha blusa: - Droga, vai demorar um ano pra sair... – resmunguei. - Nossa cara! – o garoto com quem eu esbarrei não parecia se sentir culpado. – Vai mesmo... Eu olhei para ele furiosa. - Você é um amor por se desculpar... Uma palavra descrevia o garoto: GRANDE. Ele era alto, musculoso e grande. Seu cabelo negro tinha corte de cabelo estilo militar, sua face dava a impressão de ser um cara durão e ele tinha pequenos olhos também negros – que me parecia semelhante. Em um de seus braços havia uma tatuagem de cruz, ele aparentava ter uns 17 anos... Aquela expressão travessa e diabólica ao mesmo tempo me lembrava de alguém... Mas quem? - Foi você quem esbarrou em mim e ainda deixou meu refrigerante cair. Olha para onde anda baixinha... Eu não devia, eu juro que tentei não fazer... Mas eu estava tão profundamente irritada que eu chutei sua canela. Eu quase senti dor, sua pele parecia de ferro, mas meu chute provocou algum efeito o fazendo dar uns pulinhos.


- Baixinha é a sua mãe... – eu resmunguei. Fui até a banqueta, senteime e peguei meu cardápio, ignorando os olhares a minha volta. - Você não está de bom humor hoje... – O garoto se sentou ao meu lado, ele colocou o que restou de seu refrigerante em cima da bancada, junto com o sanduíche. – Então, quer desabafar com um estranho? Eu ignorei completamente aquele cara, apenas fiz meu pedido para a moça que me olhava com medo. O cara suspirou. - Você é difícil... – Ele começou a comer. Então senti uma ponta de culpa ao perceber que aquele esbarro foi realmente culpa minha. Peguei o meu refrigerante e dei para ele, que me olhou surpreso. – Sério? – ele perguntou de boca cheia. Aquele olhar, aquele jeito... Lembrava-me realmente alguém, mas minha mente estava em branco. - Desculpe... Não tive uma boa semana. Então comecei a devorar as batatas fritas que recentemente chegaram. - Meu Deus! Você esta comendo com um animal! – O garoto se divertiu. Eu ignorei. Sério, eu não queria fazer novos amigos. Pensava que se fizesse iam ser alienados por uma bruxa que vivia em minha casa. - Sinto muito, se isso te incomoda, é só sair... - Calma... Eu vim em paz. Olhei para ele, sem a mínima calma. - Paz... To precisando disso. O garoto riu e se apresentou. - Me chamo Lucas... E você? - Não perguntei seu nome. – Eu realmente fico grosseira quando estou de mau humor. Voltei a comer minhas batatas. Lucas pareceu entender que eu não queria conversar. Novamente seu olhar me fez sentir culpada... Meu Deus! Ele realmente se parecia com alguém! Por que não consigo me lembrar? - Tenho uma bruxa na minha casa, - eu disse. Desabafar com estranhos era realmente bom. Contei toda a minha situação e ele pareceu ser um ótimo ouvinte, apenas olhando de forma espantosa quando descrevi Rita – a fiz parecer uma bruxa de verdade. Assim que terminei minha batata frita, terminei a história. - Nossa! Você está realmente mal... Uma bruxa muito cruel... – Ele me olhava divertido. – Como vai resolver isso? Eu limpei minhas mãos com o guardanapo e coloquei meu dinheiro na mesa. Dei um pequeno sorriso, nada feliz e me retirei. Já estava saindo quando ele falou: - Me deixe te acompanhar... - Não, eu sei o caminho de casa.


Ele pareceu não me ouvir e então continuou me seguindo. - Eu não disse que iria te mostrar o caminho, só vou te acompanhar. Eu olhei para ele, mais uma vez descontando minha raiva em alguém. - Sabe você me lembra de alguém muito irritante, só não sei quem... Seja lá o que for eu agradeço por me escutar, mas eu posso ir sozinha. Lucas riu, ele deu de ombros e continuou ao meu lado. O garoto atraia atenção das pessoas na rua, tudo o que eu não queria. Sua camisa regata e sua calça larga e seu jeito despreocupado davam-lhe a impressão de um delinquente. - Sério cara... Pensa antes de sair na rua vestido assim... – eu resmunguei. Lucas não pareceu se ofender com o comentário. - Não devo satisfação a ninguém. Só são olhares de pessoas desconhecidas, por que eu deveria me importar? - Por que tem alguém furiosa do seu lado que não gosta de olhares desconhecidos... Lucas envolveu seu braço no meu ombro, como se fossemos velhos amigos. - Sinto muito por isso, baixinha. Eu ri nervosa, então peguei Ive do meu bolso e coloquei sobre a mão que segurava meu ombro. - Tira isso agora se não você vai ser canhoto. Lucas me olhou admirado e surpreso com o canivete. Ele não pensou duas vezes em tirar. - Nossa, preciso tomar cuidado com baixinhas como você... E eu sou canhoto. – Seu sorriso travesso era irritante e lindo. Ficamos em silêncio o resto do caminho. Assim que cheguei ao meu prédio disse: - Vai querer entrar no meu apartamento para tomar um chá? – Eu perguntei com um sorriso tão falso que fez eu me sentir Rita por um momento. Isso me fez sentir mal... Muito mal... Lucas olhou para o prédio pensativo... - Talvez... Isso parece interessante. - Eu não estava falando sério. Lucas bagunçou os meus cabelos, se divertindo com minha raiva. Eu devia parecer com aqueles cachorrinhos pequenos, mas que eram super raivosos e nervosinhos. Enquanto Lucas me irritava, a porta do prédio se abriu. Vitor estava com um enorme saco de lixo em mãos, levado para fora. Ele não teria notado nossa presença se Lucas não tivesse gritado: - Há quanto tempo! – Lucas acenava sorridente para Vitor, que olhava surpreso para o garoto.


Agora, vendo os dois frente a frente, percebi com quem Lucas se parecia tanto. Lucas era como uma versão mais velha de Vitor. - O que está fazendo aqui? – Vitor perguntou seco. Ele olhou para mim, finalmente notando minha presença. - O que está fazendo com ele? – Vitor assustador estava voltando novamente. Lembrei-me do dia em que ele me advertiu sobre Leo, era a mesma fúria em seus olhos. - Ele derramou refrigerante na minha blusa. – Mostrei-lhe a minha blusa manchada para ele. – Vocês se conhecem? Lucas e Vitor se encaravam de uma maneira assustadora. Lucas parecia indiferente, apenas sorrindo. Vitor por outro lado estava sério. - Eu sabia que viria... Já estava estranhando a demora. Lucas riu e então disse: - Eu já estava ficando com saudade do meu irmãozinho. Notas finais do capítulo Comentem e me digam o que acharam *o* O que Lucas vai fazer nessa história? PS: o nome do personagem ia ser Juliano, mas na minha cabeça ele tinha cara de Lucas... só uma curiosidade.

(Cap. 22) Capítulo 22 - Um coração se desmanchando... Notas do capítulo Capitulo pequeno, mas considero ele intenso. Daqui a pouco vou continuar. Achei necessária essa parte para conhecerem um pouco mais a Rita e entenderem a situação. Boa leitura o/ Parentescos estão cada vez me surpreendendo mais. Vitor e Lucas eram irmãos. Ao que parecia, eles não eram muito próximos. Lucas era tão diferente da imagem que eu tinha de irmão mais velho (que por sinal era a imagem do meu irmão mais velho). Perguntava-me porque Vitor nunca me contou sobre ele. Assim que Lucas disse aquelas palavras, não pude deixar de encara Vitor, atônita. Seu olhar preocupado dizia exatamente o que eu esperava “Fica fora disso”. Então pude encaixar as peças: Vitor estava assustador nos últimos dias, não por Rita, mas porque sabia que o irmão viria. - Eu... Vou para casa, - decidi. Apressei-me em entrar, mas antes eu adverti Vitor e Lucas: - Não pensem que vou ficar fora disso. Os dois deram pequenos sorrisos, eu estava apenas querendo quebrar a tensão. Tensão... Era isso que teria quando eu chegasse em casa.


Eu estava certa, infelizmente. Rita estava sentada no sofá assistindo a um programa e assim que me viu deu o seu irritante sorriso: - Você esta perdida. Ignorei Rita com toda a minha vontade (quando na verdade queria jogar minha mochila em sua cara). Fui até meu quarto, então me troquei e pulei na cama, cansada. Enquanto encarava o teto, imaginava o tipo de conversa que aqueles dois estariam tendo. Como ela não pode viver sem mim, Rita apareceu na porta, se apoiando, cruzou os braços e disse: - Jonathan esta uma fera com você, - ela me contou. - Por sua culpa, claro. Rita de uma risada. - Não, sua culpa. Eu pensei que seria mais difícil fazer as pessoas te odiarem, mas você esta facilitando para mim... Eu suspirei, as palavras dela não me provocavam, o que me provocava era o fato de ela achar que minha vida era um jogo e que podia brincar quando bem entendesse com ela. Rita sentou-se em minha cama, me olhando divertida. - Lucia e Morgana falaram muito de você... Sobre você ser legal... Uma pena que agora elas achem que você sempre as usou para ficar com Leo... Eu levantei em um salto, encarando-a com ódio. - Não acredito que fez isso. – Minha voz estava furiosa, a ponto de fazê-la se assustar, mas logo ela se recompôs. – Você não pode estar falando sério... Você... – Eu estava começando a vacilar. Rita deu de ombros: - Não acredito que o que eu disse seja mentira. Você não fala mais com elas depois que eu cheguei, elas não tiveram como duvidar, acham que você as odeia. De fato, você usa as pessoas... Ela foi interrompida por minha mão, minha mão dando um tapa tão desejado que fez minhas mãos marcarem seu rosto. Por incrível que pareça não me arrependi do que fiz. A fúria não permitia que eu me arrependesse. Agarrei seus cachos perfeitos e puxei com toda a minha força e nojo por essa criatura. - Se atreva novamente a me comparar com você... E meu canivete não será simplesmente uma ameaça. Farei uma linda cicatriz em seu rosto e verei você derramar suas lágrimas, sem sentir a mínima pena de alguém nojenta como você. Rita engoliu em seco, ela não queria ceder, mas estava assustada e eu sabia disso. - Eu vou contar... – Ela deu uma risada nervosa. – Você vai se arrepender de ter feito isso... Vai se arrepender de fazer algo comigo...


- Se fizer você escorrer que seja uma lágrima, vai valer a pena. – Soltei minhas mãos de seus cabelos, minha respiração estava alterada. – Eu não vou me importar se eles me odiarem por isso, contanto que você seja punida. Eu saí do meu quarto, batendo a porta com um estrondo. Pude ouvir a risada sádica de Rita. Não pude negar que eu estava querendo chorar. Minhas únicas amigas me odiavam agora, todos estavam começando a me odiar. Como eu podia desmentir? Rita era a amiga mais antiga daquelas duas e eu não tinha como provar que ela era a vilã disso tudo. Eles iriam acreditar na doce, apaixonada e inocente Rita ou na garota “difícil” da Drica? Rita abriu a porta, indo até mim: - Eu as conheço melhor do que você... Conheço tudo sobre elas... Todos os segredos. E você? Sabe alguma coisa? Você ao menos sabe por que Morgana odeia Vitor? Eu estava apoiada no balcão da cozinha, enquanto ela estava atrás de mim me provocando. Era verdade que eu não sabia muito sobre elas, mas era porque as duas nunca me contaram. - Será que elas consideram você como amiga? Ou como a única chance de fazer Leo esquecer a garota que ele realmente gosta? Entenda... Elas estavam sendo legais com você, mas comigo aqui isso não é mais preciso. Eu queria jogá-la da janela. Imaginei que Vitor estava tendo uma discussão mais pacífica do que a minha agora. Eu não podia chorar na frente daquela garota, não ia dar esse gosto a ela. A voz dela se tornou irritante, cada vez mais. Rita foi até meu ouvido e sussurrou: - Morgana era apaixonada por ele... Muito apaixonada, mas Leo era seu melhor amigo e então ela confidenciou isso a mim... Sorte, não é? Ela pediu ajuda para que pudesse conquistá-lo, já que ele falava comigo. Que idiota... Mal sabia que estava contando para mim... A pessoa que jamais permitiria algo assim... – Rita deu uma risadinha. Eu queria socá-la, gritar com ela e queria usar Ive. – Obvio que eu fiz o contrário e fingi dizer algo a ele. Então disse a Morgana que ele pensa coisas horríveis dela... Leo ajudou muito com o ódio dele, fazendo-a pensar que eu estava certa... Tadinha... – Rita se afastou de mim, suspirando. – Mas não adianta ela saber disso agora, já que ninguém acreditaria em você. E agora ela só o odeia, mas isso não importa já Vitor não precisa de ninguém além de mim... - Você... – Eu comecei. – Você tem algum problema... - Não, você tem um problema. O problema de achar que alguém pode te amar sendo desse jeito, Drica. Você não é e nunca será alguém amada. – Ela estava se divertindo às minhas custas.


Pronto, ela tocou no assunto que eu menos queria agora. Não, eu não sou uma garota super sentimental, mas não sou assim porque nunca recebi qualquer tipo de sentimento por alguém. Imagine um pai que é posto para fora de casa por não conseguir por pão na mesa, ele te abandona e sua mãe casa com um estranho. Então eles têm um novo filho e começam uma nova vida juntos. Seu irmão mais velho te deixa para ter sua vida e você fica sozinha. Eu aprendi a ser sempre sozinha. Desde criança eu aprendi a me defender sozinha, sem precisar de ninguém, eu queria ser forte. Eu não sabia lidar com amigos, porque nunca tive, eu gostava de ser assim e achava que nunca precisaria disso um dia. Eu estava nessa cidade para mudar tudo e quando estava dando certo, tudo estava sendo estragado por ela. Eu odeio o fato de ter acreditado que algo poderia ser melhor. Meu coração aos poucos se desmanchava, virando pó. - Eu admito que talvez eu não seja amada... – Não ousei piscar, para que nem uma lágrima escorresse por culpa dela. – Mas você é igual a mim. A diferença entre nós é que não minto ou faço coisas baixas para conseguir amor. Como eu disse: Não ia dar o gosto da vitória a ela, mesmo querendo chorar. Rita se calou por alguns instantes, então sorri com o fato de que eu podia ter paz, até ela quebrar um copo na minha mão. Eu não tive tempo de me defender, fui pega de surpresa, Rita estava de olhos arregalados: parecia fora de si. Não, ela estava fora de si. - Jamais ouse dizer que não sou amada... Jamais... Eu tenho tudo e você não tem nada... – Ela apertou um caco de vidro sobre a enorme ferida em minha mão. A dor era tanta que me fez chorar sem eu poder evitar, eu estava em estado de choque: O que eu podia fazer? Ela não estava lúcida... Eu a chutei para longe, agarrei minha mão que ardia como fogo. O sangue escorria abertamente, meus dedos tremiam e cada nervo doía com esses simples movimentos. A agonia me tomava por inteira. - Você está louca! – gritei. Rita pareceu voltar a si, olhando o ferimento que causou. - Foi sua culpa, sua culpa, sua culpa! MALDITA! – Ela gritou e então fugiu para o quarto. Ela estava chorando, mas eu estava chorando ainda mais com toda aquela dor. O chão já estava completamente manchado de sangue, eu não sabia o que fazer. Não tinha kit de primeiros socorros em casa e não havia como fazer algo com uma das mãos naquele estado. Ainda eram duas horas da tarde, meu irmão estava longe de voltar... Eu precisava de ajuda. Ocorreu-me uma ideia desesperada. Eu ia interromper uma reunião de família no andar de baixo.


Notas finais do capítulo Me digam o que acharam ^^ E quero agradecer a todos que estão lendo a minha fic, vocês me deixam muito feliz *o*

(Cap. 23) Capítulo 23 - Decisão. Notas do capítulo Eu estou realmente agradecida por vocês estarem gostando da minha história. Amo muito vocês, de verdade. VITOR Eu não estava nem um pouco a vontade com meu irmão sob o mesmo teto que eu. Depois que Drica saiu, respirei aliviado. Lucas me olhou de maneira maliciosa e disse: – Não me diga que você... – Cale a boca, - respondi. Meu irmão era irritante, mas ele me conhecia melhor do que qualquer um. Lucas e eu fomos para o apartamento. Ele havia nos ligado há algumas semanas dizendo que viria nos visitar. Meu irmão mais velho tem 17 anos e vive com meu pai. Meu pai deu a explicação de que Lucas era muito irresponsável para ser cuidado por alguém idiota como minha mãe. Odiava admitir, mas minha mãe era “legal” demais com meu irmão. Assim que entramos, minha mãe que estava organizando os livros da estante nos olhou iluminada. – Lucas! Que saudade! – Ela correu e deu um abraço caloroso em meu irmão. Lucas sorria como um idiota, na verdade ele era um idiota, mas ele abusava disso. – Eu sei, eu sei... Não vive sem mim essa aqui. – Lucas piscou para mim. Eu apenas ignorei meu irmão idiota. Minha mãe era professora, mas hoje era seu dia de folga (Lucas sabia disso eu tinha certeza). Minha mãe era uma mulher bonita, tinha longos e lisos cabelos negros e olhos azuis. Porém, minha mãe tinha um pequeno problema: possessiva. Meu pai sempre viajava e ela achava que ele sempre estava lhe traindo, até que meu pai se enfureceu e pediu o divórcio. Minha mãe quase ficou louca e meu pai pediu para que eu ficasse com ela enquanto levaria Lucas consigo. A responsabilidade de cuidar dela nos primeiros meses de


separação ficou para mim. Dá para entender porque eu não suporto Lucas agora? – Vou fazer algo para você... – Ela já ia em direção à cozinha quando meu irmão interrompeu. – Não precisa, acabei de lanchar. – Lucas olhou para mim, divertido. – Com uma garota muito fofa... – Sério? Quem? Namorada nova? – Os olhos de minha mãe estavam brilhando. Minha mãe começou a falar sem parar, paparicando Lucas que apenas se divertia. Um dia eu seguiria os passos de Drica e compraria um canivete. – Mãe, faça algo, por favor, - eu pedi. – Demore bastante. Minha mãe me olhou preocupada. Ela sabia que eu não estava muito feliz com a visita. Ela concordou e foi para a cozinha sem ao menos contestar. Lucas colocou a mão em meu ombro e disse: – Vamos para o quarto, quero conversar com você. – Eu já imaginava o que ele queria conversar. Seguimos para o quarto, Lucas certificou-se de trancar a porta para que minha mãe não entrasse de repente. Meu apartamento não era muito diferente do de Drica, exceto pelo dela ser mais organizado (graças ao irmão). Lucas se jogou na cama, enquanto eu me sentei na cadeira desconfortável: – O que você quer? – perguntei. Lucas brincava com o travesseiro distraidamente. – Nosso pai quer que você vá morar com a gente. Eu engoli em seco. Por meses esperei que viessem para me pedir isso, mas agora... – Esta pensando naquela baixinha? – Ele perguntou, me analisando. – Sabia que ela faz seu tipo? Não pude deixar de ficar vermelho. No começo me tornei amigo de Drica apenas para ficar de olho em Leo e averiguar se estava tudo bem. Só que em certa altura eu já estava completamente diferente perto dela. A única pessoa que sabia como eu era de verdade era Drica. Ela fazia eu me sentir bem. Claro que eu demorei a admitir isso para mim mesmo e demoraria ainda mais a admitir para outra pessoa. – Ela tem namorado, - apenas respondi. Lucas levantou a sobrancelha. – Eu sei... – Ele riu de repente. – Ela me contou tudo sobre ela e uma prima que está morando com ela e transformando a vida dela em um inferno... Eu não pude deixar de me surpreender. – Ela contou? Como? Lucas deu de ombros. – Tivemos uma pequena discussão e então ela resolveu descontar a TPM em mim. Depois ela resolveu desabafar e me ameaçou com o canivete. Normal. Causo esse efeito nas pessoas.


– Gostei da parte do canivete. – Eu gostei mesmo. Não pude deixar de sorrir. Quando se tratava de Drica parecia que tudo era possível. Ela sempre me surpreendia. Sim, eu não consegui evitar me apaixonar por ela. Eu sabia que ela gostava de Leo, mas desde que ela se sentisse bem comigo já me deixava satisfeito. – Você gosta dela... – Lucas me analisava. – Isso vai tornar a decisão de voltar meio difícil... Sim, iria. – Eu não gosto dela... Eu vou pensar com calma sobre voltar. Lucas deu uma risada estrondosa. – Sério? Pensar? Se você não gostasse dela nem pensaria duas vezes! Odiava quando meu irmão tinha razão. – Você disse que a prima dela transforma a vida dela em um inferno? – Mudei de assunto rapidamente. Eu estava começando a corar e quando fico nervoso meu humor muda e acaba me entregando. Lucas assentiu. – Ela parecia desesperada... Tão bonitinha... – Esse comentário me fez querer dar um soco em sua cara. Não consegui imaginar Drica desesperada por causa de alguém como Rita. Lembrava-me perfeitamente de como Rita sempre me seguia, pedindo que ficássemos juntos. Ela só era uma menina apaixonada. Ela ainda pagou o preço de ser espancada por Leo. Eu tinha um enorme carinho por ela, mas resolvi tomar distancia o máximo que pude para não arranjar confusão depois que ela chegou. Drica estava com Leo agora, não haveria problemas. Eu nem sabia mais como Drica estava, porque ela sempre estava com alguém nesses ultimo dias (o que me impedia de conversarmos de forma descente). O fato de serem primas e morarem juntas dificultava alguma ação. – Não pode ser! Rita é inofensiva. – Drica também parece inofensiva, mas me deu um chute na canela. – Lucas riu se lembrando da cena. – Aquilo doeu... – Ela fez isso com você também? – eu perguntei, quase rindo. Lembrei-me do dia em que a provoquei e ela me chutou. Vê-la irritada era divertido e deixava-a mais bonita (nunca diria isso em voz alta, quase que ela me corta por algo parecido). – Deve ser só com membros da família... – Lucas parou de rir e tentava se recuperar. Novamente Drica... Por que sempre tinha que ter ela no assunto? – Vitor, você não é obrigado a ir. – Lucas estava finalmente sério. Eu sempre quis ir embora. Mas eu me senti encurralado e nunca me senti assim. O que eu poderia fazer? Odiava me sentir dessa maneira, era como se meus dias dependessem dela... Eu não podia ser tão dramático assim. Estava na hora de decidir o que era certo para mim. Minha decisão não podia envolvê-la.


Meus pensamentos foram interrompidos pelo som da campainha que tocava desesperadamente. Fui surpreendido por um grito alarmado de minha mãe e logo em seguida a voz de alguém que eu conhecia bem. – Meu Deus! – minha mãe gritou. – Quanto sangue! Assim que escutei essa palavra, Lucas e eu nos entreolhamos e percebemos juntos a situação. Era Drica, eu tinha certeza, e parecia ferida. Corri em disparada para a sala. A imagem que eu encontrei me deixou surpreso demais para que eu pudesse falar alguma coisa. – Oi... – Drica conseguiu sorrir, mesmo naquela situação. – Desculpa a visita repentina, acabei arranjando um probleminha... Lucas, ao contrario de mim, começou a agir. Ele a levou até o sofá, ele parecia realmente preocupado para alguém que acabou de conhecê-la. – Ela fez isso com você? – Ele perguntou sério. Estavam falando de Rita? Não pude acreditar quando ela assentiu. – Ela é sua amiga, Vitor? – minha mãe estava igualmente preocupada. Eu assenti e minha mãe se pôs a ação: - Vou pegar o kit... – Ela já corria para o seu quarto. A mão de Drica jorrava sangue, ela fez um embrulho com um pano mas já estava escorrendo por fora. Sua roupa não fugiu do mesmo destino. Pela primeira vez eu vi Drica chorar, eu podia imaginar a dor que ela estava sentindo. – Não... – Eu finalmente consegui dizer algo. – Não devíamos ir ao hospital? Drica rapidamente discordou. – Não é profundo... É só sangue... – Com muita dor ela desembrulhou o pano, uma enorme e dolorosa ferida se encontrava. Lucas segurava a mão machucada dela com cuidado. Isso me irritou, porque eu devia estar cuidando dela como seu amigo. Sentei-me ao seu lado e perguntei: – O que aconteceu? Drica me olhou com muita dúvida, talvez pensando se deveria contar ou não. Eu não me sentia bem vendo Drica chorar, porque não sabia como agir, isso deixou a situação bem desconfortável. Ela finalmente suspirou e disse: – Tem umas coisas que você precisa saber... Drica foi interrompida pela minha mãe, que agilmente começou a fazer os curativos. Na hora de desinfetar, Drica segurou minha mão e apertou com força, ela nem ao menos gritou. Meu coração começou novamente a acelerar, me deixando vermelho. Ela pareceu perceber o que fazia e se desculpou. Mesmo assim não soltou minha mão, o que me deixou um pouco feliz.


– Você é muito boa nisso... Senhora... – A voz de Drica estava quase sumindo, eu nunca a vi desse jeito antes... Tão frágil e precisando de cuidados. Minha mãe apenas sorriu. – Me chame de Alice. Eu faço muitos curativos na escola, então tudo bem... – Ela já estava quase terminando. – Uma garota linda como você não pode ter um machucado feio desses. Drica ficou vermelha, mas sorriu sem graça e abaixou a cabeça como uma criança envergonhada. Drica não sabia lidar com as pessoas, assim como eu. Não pude deixar de reparar que Lucas olhava como o idiota que sempre foi para ela, assim como eu também olhava. – Eu fui descuidada... – Drica tomou cuidado com as palavras. – Desculpe incomodar por isso. Minha mãe apenas sacudiu a cabeça e terminou de enfaixar. – Imagine! Apenas não mexa muito sua mão... Acredito que terá que ficar uns dias sem escrever... Drica pareceu satisfeita com isso. – Obrigada mesmo. – Drica sorriu e então se levantou. – Não sei como explicar isso a Jonathan... – Jonathan? Ele é seu irmão? Drica assentiu. – Ah! Então você mora aqui em cima? Ele é tão gentil e... – Mãe, - eu interrompi. – Obrigada, mas agora eu preciso conversar com ela... – Entendi... – Minha mãe me olhou maliciosamente. – Já entendi... – Ei! Não é... – Eu devia estar terrivelmente vermelho. – Fique calmo, eu também vou conversar, – Lucas se intrometeu. Eu praticamente matei Lucas com os olhos, mas ele me ignorou. Luca parecia decidido em “conversar”. Seguimos para o quarto novamente, Drica ainda tentava escapar de minha mãe. – Você ficou olhando como um idiota para ela... – Lucas resmungou, debochando enquanto Drica ainda era segurada por minha mãe. – Você também estava idiota... – eu resmunguei. Lucas riu. – Eu só a acho bonitinha, quem gosta dela aqui é você... Mas se você não cuidar, vou pegar ela para mim. Eu lhe dei uma cotovelada, entramos no quarto e Drica entrou um tempo depois. – Sua mãe... É tão legal... – Os olhos dela estavam brilhantes. – Queria que a minha fosse assim. – É. Às vezes ela dá uma dentro... Lucas me interrompeu dizendo: – Diga exatamente o que aconteceu com sua mão.


Drica pareceu hesitar, mas sob nossos olhares ela acabou cedendo. – Longa história... – Ela me encarou parecendo confiante. – Vitor, eu preciso que você acredite em mim. Depois de tudo o que aconteceu e vê-la naquela situação eu sabia que ela iria dificultar minha decisão de ir embora. – Eu vou acreditar, - respondi. Notas finais do capítulo Hoje a tarde vou dar mais um capitulo de presente o/ Ou a noite, depende da vontade de escrever... Não deixem de comentar *o*

(Cap. 24) Capítulo 24 - Acredite em mim! Notas do capítulo Capitulo pequeno, de novo, eu estou dividindo mais os capitulos para não se cansarem da leitura. De noite talvez eu poste mais um ^^ A foto é o jeito como eu imagino a Drica, o cabelo é realmente parecido *o*

DRICA


Depois de desesperadamente correr até a casa de Vitor (coisa que nunca fiz antes) fui obrigada a contar tudo o que aconteceu. Tivemos uma longa conversa até eu tomar coragem para lhes contar, antes eles me falaram um pouco deles. A mãe dos garotos até chegou e nos ofereceu um lanche e me contou sobre como eles eram quando crianças – fato que nenhum dos dois gostou. Alice era o tipo de mãe que eu sempre quis ter. Lucas parecia igualmente preocupado comigo, assim como Vitor, me tratando como uma irmã mais nova eu acho. Os dois ouviram silenciosamente toda a minha explicação do que aconteceu no andar de cima há pouco tempo. Lucas não parecia surpreso, já que não conhecia a Rita, porém Vitor me encarou boquiaberto toda a situação (inclusive o que contei sobre Morgana e os boatos que ela espalhou). – Não parece possível... – ele começou a falar. – Morgana...? Eu...?– Quando contei sobre ela ele ficou mais espantado ainda. – Ela fez isso com a Morgana? – Essa Rita me parece louca o suficiente para isso, já que usou o antigo namorado para chegar perto de você, - Lucas encarou a situação bem, até demais. – Quero dizer... Gostar de você é loucura demais! Eu dei uma risadinha. Lucas gostava muito de provocar o irmão. – Escute o seu irmão, - eu disse sorrindo. Vitor não parecia ainda assimilar a situação. Eu pedi que ele acreditasse em mim e ele concordou. Ele era o melhor amigo que eu podia ter agora. Ainda me lembrava de como me deixou segurar sua mão enquanto a mãe dele fazia um curativo, por mais que me deixasse envergonhada e me fizesse sentir culpada por Leo. – É que... Ela parecia tão frágil. – Ele estava realmente surpreso pelo que eu disse. – Ainda me lembro dela toda machucada por culpa do Leo. Foi a minha vez de ficar surpresa. – O que? Não foi só um tapa? Vitor revirou os olhos. – Foi isso que ele disse? Um tapa? Leo mandou aqueles caras espancarem ela só por ter terminado com ele, eu também não saí dessa, até Jota se encrencou por minha culpa. Torci meus lábios, pensativa. Eu não podia acreditar que Leo faria algo assim com Rita. – Leo parecia dizer a verdade quando falou do tapa... Será que alguém mandou bater nela e pediu para por a culpa no Leo? Assim como fizeram com a perseguição e a culpa foi para você...? – Talvez o que eu estivesse dizendo não fazia sentido, mas não pude deixar de perceber que as coisas se encaixavam... E sempre levavam aquela gangue. Vitor sacudiu a cabeça.


– Drica, Leo pode ser inocente naquela situação, mas não imagino quem faria algo com Rita por causa dele. Tente entender: Leo nunca foi um santo. Ele sempre usou aquela gangue para bater em outras pessoas. Eu estava confusa, Lucas se mostrava mais confuso ainda e assobiou. – Depois que a gente foi embora, a coisa esquentou por aqui não foi? – ele observou. Soube por Vitor que Lucas vivia com o pai desde que se separaram, talvez fosse por isso que não se davam bem. Os dois estavam um pouco tensos em continuar o assunto, então resolvi esquecê-lo e contar sobre o que houve com Rita para “quebrar o gelo”. – Mais ou menos, - respondeu Vitor. Ele me olhou, realmente sério. – Drica, eu posso até acreditar que Rita fez isso na sua mão e até enganou Morgana... Mas deve ter algum motivo... – Ciúmes, - eu disse simplesmente. – De que? – De você, - eu respondi. – Aquela garota acha que estou usando o Leo para me aproximar de você, assim como ela fez. Parece até que ela quer vocês dois! Vitor sacudiu a cabeça. – Não acho que Rita seria capaz de algo assim... Eu comecei a me irritar, por que não acreditam em mim pelo menos uma vez? – Acha que estou mentindo? – Perguntei chateada. – Pensei que eu fosse sua amiga. Vitor hesitou em responder, ele parecia triste sobre algo. – Não é isso... É que... Parece loucura! – Pode acreditar, ela estava louca quando jogou o copo na minha mão. O silêncio se formou no quarto. Eu encarava os sanduíches intactos, de repente ficar nervosa me deu fome. – Vitor... Eu sei que Rita é legal com todo mundo... – Eu estava quase entrando em desespero, eu não sabia até onde aquela garota iria: - Mas ela me odeia... – Eu estou do seu lado, baixinha. – Lucas sorriu, ele estava sentado na escrivaninha de Vitor com os braços cruzados (o que acentuava os enormes músculos). – Eu acredito em você, me parece sincero. Eu estava feliz, mesmo que fosse um meio estranho pelo menos alguém acreditava em mim. Finalmente alguém me entendeu. – Até que faz sentido o que você falou, - Vitor observou. – Eu posso te dar uma chance. – Ele sorriu então meu coração sentiu um enorme alívio por isso. Vitor pareceu se lembrar de algo: - Rita ainda não sabe que moro aqui, não é? Eu balancei a cabeça. – Seria uma tortura para você se ela soubesse.


Pela primeira vez Vitor riu. Eu estava me sentindo sem graça por ele ter me visto chorando de dor, mas agora eu estava apenas horrível com meus olhos inchados, não tinha mais lágrimas. E o ver rir me deixou mais confortável, o velho Vitor voltou. – Obrigado por não contar, - ele disse. – De nada... – Eu ainda encarava os sanduiches. – Me desculpem, mas eu vou comer. – Meu nervosismo me venceu e acabei cedendo ao sanduíche. Os dois garotos riram da minha falta de controle. Eu os encarei: – O que foi? A mãe de vocês fez pra mim, tá? Eles riram ainda mais e decidiram me acompanhar, comendo os que sobraram. Havia me esquecido da dor em minha mão e da vontade de chorar. Finalmente, paz. – Eu acho que vou morar aqui e esquecer o andar de cima, resmunguei. Lucas foi até mim e me abraçou. – Você pode dormir comigo se quiser, sempre quis um ursinho de pelúcia... Eu o encarei, seriamente. Por mais feliz que eu estivesse: ser tratada como um bebê era demais para mim. – Eu ainda to com o canivete e dessa vez não vou errar a mão. Vitor deu uma risadinha por trás e Lucas rapidamente me soltou, mas não estava chateado e ainda estava grudado em mim. – Nem com a mão machucada você facilita! – Lucas reclamou. Eu sorri. – Desde que eu tenha uma para usar Ive, está tudo bem. – Ive? Você deu um nome para o seu canivete? Eu suspirei... Não deveria ser algo tão espantoso assim ter um canivete com nome, deveria? Vitor estava um pouco irritado com o irmão. – Você pode não ficar grudado nela... É estranho, - ele pediu. Lucas rapidamente se afastou com uma expressão brincalhona. – Ciumento. Vitor deve ter pegado a minha mania de jogar coisas, porque o travesseiro voou direto para a cara de Lucas. – Cale a boca e suma daqui, - pediu Vitor, extremamente irritado e vermelho. Não pude deixar de corar também. – Eu... – Comecei a dizer, tomando cuidado para não tropeçar nas palavras. – Eu tenho que ir... Lucas rapidamente se recuperou da “travesseirada” e disse: – Eu vou com você. Seu olhar curioso dizia exatamente o que eu pensava: “Quero conhecer a bruxa”.


Eu suspirei e concordei, Vitor pareceu surpreso e disse: – Não vou deixar você sozinha com ele, vai saber o que ele pode fazer... – Ah cara! Não inventa desculpa... Lucas foi interrompido por mais um golpe com o travesseiro. Eu comecei a rir. – Vocês podem vir, fica mais fácil para eu aguentar certo alguém... Tem certeza que você aguenta Vitor? Vitor sorriu. – Eu acho que vou sobreviver. Além do mais eu quero conversar com ela... – Eu não tinha como discordar, nós rapidamente saímos do quarto e me despedi da mãe de Vitor, que havia sido muito legal comigo. Notei que já havia se passado uma hora desde que cheguei. Minha mão ainda estava ferida, eu ainda sentia dor, mas aqueles dois estavam me fazendo esquecer que há algum tempo eu chorei. Queria que momentos assim durassem para sempre. Notas finais do capítulo O que será que vai acontecer no andar de cima? '-' Só acompanhando para saber... E me digam o que acharam, adoro quando vocês comentam ^^

(Cap. 25) Capítulo 25 - Não acreditem nela! Notas do capítulo Acabei de escrever mais um, eu precisava... Enfim... espero que gostem... A próxima foto é como eu imagino a Morgana, mas com mechas kkk Depois vou mostrar a ultima, que é a Lucia. Boa Leitura o/


Mesmo com Vitor e Lucas ao meu lado, eu ainda me sentia tensa. Não sabia como Rita estaria agora, antes ela estava fora de si e completamente transtornada. Vitor também não escondia a tensão, já que ele estava com dificuldade de acreditar no que eu disse, mas pelo menos ele tentou. Uma pena minha paz não durar muito tempo. Ouvi vozes do lado de dentro da casa, um péssimo pressentimento surgiu. Lucas e Vitor estavam do meu lado, assim que abrimos a porta, nos deparamos com uma cena inacreditável. Eu quase gritei. Vitor e Lucas estavam igualmente espantados. Lucia, Morgana e Leo estavam ao redor de uma garota com o braço ensanguentado na cozinha. Os cacos do copo que foram quebrados em minha mão estavam duplamente jorrados de sangue. Rita chorava desesperada no chão, assim que entramos ela olhou desesperada e apontou com seu braço com uma longa ferida para mim.


- Ela... Ela fez isso comigo... Sua louca... – Ela soluçava enquanto chorava. De repente os olhares dos três estavam voltados para nós. O que os olhares diziam? Nem eu sabia. Estava chocada demais para dizer. Rita era a única que dizia alguma coisa, um pequeno sorriso surgiu, algo que só eu pude ver. A fúria começou a percorrer meu corpo, um formigamento em minhas mãos pedia por um soco em seu lindo rosto. - Olhem a mão dela... Como eu falei... Quando tentou me ferir acabou se cortando – Rita continuou, ela estava tão desesperada que atuava de modo convincente. – E você foi pedir ajuda a Vitor? Deixando-me sozinha? Esta usando ele também, como fez com eles! - Como você pôde... – Leo estava olhando de mim para Vitor, sua expressão era de dor, o que fez meu coração quase parar. – Fazer isso e deixála nesse estado... - E ainda com Vitor... – Lucia me olhava decepcionada. – Drica, por que mudou tanto? O que a gente te fez? Eu não sabia o que dizer. Lucas segurou meu braço forte, ele também não tinha palavras, parecia com raiva e estava se controlando. Vitor sussurrou para mim. - Não posso acreditar... Que ela foi capaz de se machucar para culpála... Eu quase sorri. Alguém ainda acreditava em mim. - Obrigada... – Eu podia chorar agora. Só não fiz por conta dos olhares odiosos a nossa frente. Morgana deu um passo à frente e gritou: - Não acredito que foi capaz de fazer isso! Você realmente nos odeia! - Eu não fiz nada! Ela mesma se feriu para me culpar! – eu gritei de volta, desesperada. Leo, Lucia e Morgana não acreditaram em mim, agora eu estava realmente chorando. Nunca pensei que um dia eles fossem me odiar daquela maneira. - Rita nos ligou desesperada... – Leo estava com a voz trêmula. – Eu não tinha acreditado... Mas vendo agora... Você com ele... Me decepcionou bastante, Drica. - Viu Leo... – Rita ainda chorava. – Eu sempre te disse, mas você nunca acredita em mim... Vitor... Ela só esta te usando, não esta vendo? Vitor me surpreendeu ao dizer: - Ela não é baixa, como você. Todos o olhavam pasmos. Ele voltou a ser assustador, Rita agora não tinha como pensar em chorar vendo o garoto que ama a olhar desse jeito. - O que... Vai acreditar nessa garota? – Seu ódio deu lugar ao desespero. Leo estava igualmente assustador.


- Você estava me traindo... Com ele... – Não foi uma pergunta, Leo estava convicto. - ELA NUNCA TE TRAIU! – Vitor gritou, novamente para a surpresa de todos. – VOCÊ ESTÁ ACREDITANDO NESSA GAROTA QUE TE ENGANOU, ENVEZ DE ACREDITAR NA PRÓPRIA NAMORADA, É VOCÊ QUEM ESTÁ TRAINDO AQUI! - NÃO ME DÊ LIÇÃO DE MORAL! VOCÊ NÃO ENTENDE NADA! Os dois iam partir para a briga, quando foram interrompidos por um grito fingido de Rita, um grito tão alto que nos fez pular de susto. Ela fingia estar sentido dor e voltou a chorar. - Vitor! Não acredite nessa garota! Olha o que ela fez comigo! Lucia e Morgana assistiam surpresas à situação, até que Lucia decidiu interromper: - Drica, porque fez isso com ela? Eu sacudi a cabeça. - Eu não fiz nada... Ela pego o copo e quebrou na minha mão... – Mostrei-lhes a minha mão que agora estava enfaixada. Rita deu uma risada desesperada. - Essa é a sua desculpa? E depois? Você foi correndo até onde Vitor mora se fazer de coitadinha enquanto eu estava aqui morrendo de dor e jorrando sangue? Sabe o trabalho que eu tive de ligar para Leo? Eu estava sem palavras, como ela planejou tudo isso? Essa garota era mais esperta do que imaginava... Era tudo loucura, ou era fixação? Lucas finalmente falou algo: - Ela é mais louca do que eu imaginava... Rita sacudiu a cabeça, em agonia. - Não acreditem nessa garota... Drica me odeia! Eu venho sofrendo na mão dela desde que cheguei... – Rita segurou a barra da calça de Leo, em desespero. – Leo... Olha o que ela está fazendo... Ela está enganando vocês dois... Morgana foi até mim, então de repente me deu um tapa, deixando a todos nós, inclusive ela mesma, surpresos. - Isso foi por ter dito que Lucia era uma vadia... E ter nos usado esse tempo todo... Morgana ia desferir outro ataque, eu podia reagir, mas não tive corajem. Pela primeira vez na vida não pude bater em alguém. Vitor impediu o segundo golpe, para minha sorte. - Eu... Nunca disse nada disso... – sussurrei. - Agora você se faz de inocente? – Lucia perguntou. Ela estava quase chorando. – Explique porque nos ignorou esse tempo todo desde que Rita chegou. Você não pode nos enganar mais... Você nunca gostou da gente de verdade...


Vitor novamente me defendeu: - Estão acreditando na Rita? E vocês se consideravam amigas? Eu não posso acreditar... - CALA A BOCA! – Leo gritou. Ele estava furioso e decepcionado ao mesmo tempo. – VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE SE METER! Rita assistia a tudo com um sorriso vitorioso, um sorriso apenas dirigido a mim. - Vitor... – ela chamou. – Não fique do lado dela... Esta sendo feito de idiota... - Não, - Vitor interrompeu. – Quem está sendo idiota é você, por achar que eu vou acreditar nisso. E vocês três... – Vitor encarou os três com uma raiva que nem mesmo eu já presenciei. – Que estão acreditando nela. Lucia sacudiu a cabeça, uma garota tão linda e desesperada. A dor em meu peito só aumentou. - Não posso acreditar que Rita tinha razão... Você realmente estava traindo Leo esse tempo todo... - EU JÁ DISSE QUE NÃO! – Minhas lágrimas escorriam e minha fúria se espalhou pela casa. Eu não aguentei mais: – EU NÃO SOU CAPAZ DE UMA COISA DESSAS, E SE VOCÊ REALMENTE ACHA QUE EU SOU CAPAZ, É PORQUE NÃO ME CONHECE DE VERDADE! NUNCA FOI MINHA AMIGA DE VERDADE! VOCÊS NUNCA GOSTARAM DE MIM DE VERDADE! Ninguém disse uma só palavra. Leo estava sombrio enquanto olhava apenas para o chão, eu olhei para ele, implorando que acreditasse em mim. - Leo... Eu... - Acabou. Acabou tudo Drica... – Ele levantou sua cabeça. – Eu estive sempre te usando para esquecê-la... Essa é a verdade. Eu tentei, mas não consegui. Não quero você. Eu só preciso de uma pessoa agora. Eu quase não pude acreditar no que ele estava dizendo. Foram como facadas, doeu mais do qualquer coisa. Senti-me a pessoa mais idiota do mundo. De repente minhas pernas fraquejaram, mas não me dei por vencida. - Então é isso? Acabou? Você me usou como ela fez com você? Então se usem juntos. SAIAM AGORA DA MINHA CASA! SUMAM DA MINHA VIDA! Os três me olharam mais surpresos e decepcionados ainda. Eu não queria dar explicações, eles pareciam decididos de que lado ficar. Eu podia sentir uma aura de felicidade ao redor de Rita. Leo apenas disse: - Vamos. Rita venha junto, vamos fazer um curativo em seu braço. Os três já estavam se retirando, mas Rita foi até mim, Vitor e Lucas. - Eu vou fazer você acreditar em mim, - disse a ele. Logo depois ela se dirigiu a mim. – Eu avisei. – Ela piscou para mim. Mesmo ensanguentada ela ainda era irritante.


E então eles saíram. Assim que a porta se fechou, eu caí, e comecei a chorar. Lucas e Vitor não disseram nada, apenas me envolviam em seus braços e me permitiam que eu fizesse o que nunca fiz na frente de alguém. - Ela... Ela foi longe e mais, - eu disse. - Eu não imaginava que a situação era assim... Tão louca, - disse Lucas solidário. Ele não soava mais brincalhão. Vitor suspirou e disse: - Desculpa Drica. Não pude te defender o suficiente. Desculpe também por não acreditar em você desde o inicio... Eu não ligava para isso, eu perdi pessoas que eu considerava importante... Tão facilmente. Olhei para o anel de madeira, rapidamente tirei e guardei em meu bolso. Não queria lembranças de alguém que me disse aquilo. - Não importa mais. Eles preferiram acreditar nela. – Olhei para os dois, com um sorriso fraco. – Eu ainda tenho vocês. Lucas deu um grande sorriso e disse: - Ei! Você não vai perder assim tão fácil... Nem desistir. Vitor segurou o meu braço e então disse: - Estamos nessa guerra com você. Deixe-me dar uns socos em Leo, por favor! Eu não pude deixar de rir. - A gente só perdeu uma batalha, não é? Notas finais do capítulo E então, o que acharam?

(Cap. 26) Capítulo 26 - Tentando sobreviver. Notas do capítulo Bem, essa é a ultima foto, mostrando como imagino a Lucia. Lembrando que as três são "mais ou menos" parecidas, eu não posso achar do nada uma foto que corresponda 100% a minha imaginação. PS: esse capitulo é pequeno e sem muita ação, mas prometo que as surpresas não param por ai.


Quando me mudei para essa cidade, jamais esperaria que isso acontecesse. Acabar tudo com Leo fez meu coração doer por dias. Lucia e Morgana não olhavam mais para mim. Na verdade, fui odiada por quase toda a escola. Aparentemente os boatos de que usei cacos de vidro para ferir Rita se espalharam rápido. Eu era a psicopata da escola. (...) Rita ficou até tarde fora de casa naquele dia. Lucas e Vitor não saíram do meu lado. Quando Jonathan chegou e viu as manchas de sangue no chão, ficou furioso, mas graças a um momento “irmão mais velho responsável” de Lucas, meu irmão foi convencido de que eu era a inocente (me pergunto se era porque Lucas era bonito demais e Jonathan não resistiu). Daniel estava junto, o que facilitou na decisão de me deixar inocente. - Eu acredito em você Drica, - disse Daniel. – As histórias daquela menina era um pouco difíceis de engolir. – Mas até ontem ele estava me dando sermão. Não disse isso em voz alta, eles estavam sendo legais e não queria estragar isso. - E o que vamos fazer com ela? – Perguntou Jonathan, aflito. – Ela pode tentar algo contra você de novo e... - Não se preocupe, - eu pedi. Aquele havia sido um dia perturbado demais para mim. Eu não tinha como brigar com eles, nem nada do tipo. O importante foi que consegui aliados. – Apenas finja que Rita é inocente. Os quatro garotos me olharam preocupados e confusos. - Por que isso, Drica? – Vitor perguntou. Eu apenas sorri e disse. - Eu posso me virar com Rita, mas não quero que ela faça algo com vocês dois. – Olhei para Jonathan e Daniel, solidária. – Ela não gosta quando é contrariada, e ver ela daquele jeito hoje prova que ela é capaz de tudo.


Daniel e Jonathan demoraram em aceitar minha decisão. - Bem, se já esta tudo resolvido, é hora de ir – Lucas se levantou e Vitor fez o mesmo. – Vou passar uns dias aqui... Já que a minha escola não é tão divertida. A gente se fala amanhã. Vitor e Lucas se despediram e depois foram embora. - Muito legal da parte deles, - disse Daniel. – São realmente pessoas legais por ficarem do seu lado. Eu tive que concordar. Mesmo conhecendo ele por um dia, Lucas havia sido legal e Vitor me surpreendeu hoje, quando me defendeu. Naquela noite, depois que Rita voltou, Jonathan me deu um sermão planejado. Eu tive que fingir estar magoada muito bem (já que não tinha os mesmos dotes de Rita). E acabei brigando com meu irmão (tudo de mentira, claro) No quarto, quando fomos para a cama dormir, Rita me provocou. - Isso foi só o começo, - ela sussurrou enquanto se ajeitava no colchão. – Vou tirar todo mundo de você... Eu não cedi a suas provocações e simplesmente me calei. O braço de Rita estava todo enfaixado. Ela fez questão de jogar na minha cara que a levaram para um hospital, super preocupados com ela. Rita é claro, fez um showzinho para minha família quando chegou. - Eu soube que Vitor é nosso vizinho... – ela estava irritada agora. – Por que não me contou? Eu dei uma risadinha, provavelmente Morgana contou a verdade, mas eu já esperava por isso. - Ele não queria que você soubesse. Rita ficou um tempo em silêncio. Eu não sabia sua expressão, estávamos deitadas em um quarto escuro, loucas para nos matarmos, só havia tensão no ar. - Você esta mentindo. - Não, eu não estou. Ele realmente não queria, é só perguntar. O fato de ter me machucado hoje me fez ir correndo pedir ajuda para a única pessoa que eu conhecia nesse prédio. Sinto muito, mas você me ajudou. Rita quando ficava calada era assustadora. Mesmo no escuro. - Eu vou fazê-lo perceber quem você é de verdade. – Quando falava sério, também parecia assustador. Eu não pude deixar de rir, mesmo assustada. - Eu não sou você, garota! Você é maluca de ter se cortado apenas para me culpar. - Não vai demorar muito, eu já tirei seu namorado, suas amigas, seu irmão... Você também me ajudou... De certa forma, pedir ajuda a Vitor fez Leo se sentir traído. Acabei descobrindo que Morgana ainda gosta do Vitor... Você é realmente malvada, Drica. – Seu tom de diversão, me deixou mais depressiva.


Aquilo me fez mal. Ela sempre pegou pesado comigo. Eu não podia adivinhar que eles sentiriam isso, eu estava desesperada e machucada para pensar em alguma coisa. - Então, vai começar a namorar Leo agora? Rita riu. - Eu bem que tentei, mas ele disse que não estava preparado... Patético. Eu me senti aliviada, pelo menos ele tinha um pouco de respeito por mim. (...) Aquela noite, eu não dormi bem. Nenhuma noite na verdade. Os olhares odiosos de todos sobre mim, me deixavam indefesa. Vitor e eu começamos a passar o tempo no colégio juntos. Rita é claro, odiava nos ver assim (de certa forma, eu gostava disso). E eu odiava ver ela sempre agarrada com Leo, que ignorava minha existência. Não era ciúme... Era raiva por Leo ser tão idiota. Por semanas foi assim que ocorreu, todos me odiavam. Meu pai me deu o pior sermão de todos, visto assim que Rita contou para ele. Meu pai estava furioso como eu nunca havia visto assim que Rita contou para ele. - Eu estou decepcionado com você Drica... Ferir Rita daquela maneira? Eu nunca quis que meu pai demonstrasse afeto, mas vê-lo tão bravo comigo, me fez sentir falta das coisas como eram antes. Estávamos em sua sala, discutindo novamente. - Os pais dela... Estão furiosos comigo... Você não entende, não é? – Ele andava de um lado para o outro. – Eu sou o responsável por ela agora! - Eu não fiz nada com ela, - eu disse. Meu pai parou de repente, me olhando desapontado. - Você ainda vai negar? - Eu estou falando a verdade, mas se prefere acreditar nela em vez da sua filha, eu não ligo. – Já estava saindo em direção à porta. Eu estava me fazendo de durona, mas eu queria chorar. – Você nunca agiu como um pai mesmo... Eu saí, deixando-o falar sozinho. Os meus dias como psicopata só pioravam. Vitor e Jota (por incrível que pareça) eram os únicos que não me olhavam torto na escola. As semanas passavam tortuosamente devagar. Eu não ficava mais sozinha com Rita em casa, sempre dava um jeito de sair de casa sozinha ou com Vitor e Lucas. Lucas prolongou sua estadia e disse que estava pensando em se transferir para cá. Vitor não pareceu feliz com a ideia, mas ele não insistiu. Rita me odiava cada vez que eu dizia que daria um passeio com eles. Vitor é claro, fez o prazer de ignorar todas as tentativas dela de convencê-lo de que eu era do mal.


Rita inventava cada vez mais sobre mim. Um dia um boato de que eu cheguei a quase jogá-la da janela do apartamento, se espalhou por causa dela. Bem que eu queria, mas ser presa por culpa da Rita era o tipo de coisa que não valia a pena. Toda vez que eu voltava da Educação Física ou do intervalo, havia ameaças em meu caderno, xingamentos e outras milhares de coisas. Eu ainda não podia escrever por isso Vitor prometeu que me passaria o conteúdo que eu perdi depois, então as folhas do meu caderno viraram apenas uma zona de palavrões. Eu juro que não queria chorar, mas ver as pessoas que eu considerava importantes me odiarem daquele jeito... Era demais para mim. Claro que não chorava em minha casa, e acabei apelando para o único lugar que me restava. - Tem alguém em casa? – Eu estava na porta do apartamento de Vitor. Ele me atendeu e pareceu surpreso por eu estar acabada e depressiva. Eu não estava aguentando mais. - Não... Minha mãe esta trabalhando hoje... E Lucas saiu... Eu não o deixei terminar. Eu estava mal, as pessoas estavam me deixando. Antes, eu sabia como lidar com tudo isso sozinha. Mas agora, que conheci o verdadeiro poder de ter alguém do seu lado eu precisava desabafar com alguém. Eu abracei Vitor e comecei a chorar. Vitor não me afastou, apenas fechou a porta e me deixou chorar em seu peito. - Tudo bem... Tudo bem... – ele dizia um pouco desconfortável, enquanto afagava o meu cabelo. Foi assim que eu sobrevivia aos meus dias. Vitor se tornou o meu “salva vidas”. Notas finais do capítulo Eu vou ficar um tempo sem postar (um ou dois dias), mas continuarei escrevendo. O motivo disso: é que os proximos capitulos serão uma espécie de "segunda temporada"... Ou seja, coisas novas para vocês o/ Tenho esperanças de que vocês possam gostar ^^ Então aguardem... espero não decepcioná-los. E não deixem de comentar ♥

(Cap. 27) Capítulo 27 - Não somos mais os mesmos. Notas do capítulo Oooi gente o/ Eu não consigo ficar sem vocês... Francamente... Mas fiquei 24 hrs sem postar, eu acho. O importante é que a folguinha me deu um "gás" e estou pronta para continuar o/


Aproveitem... Detalhe: Agora só vou postar um capitulo por dia, se eu for boazinha dois... O frio estava chegando com toda a sua força. Fazendo meus dias de escola um inferno congelante e meus dias em casa não muito diferentes. Estava sendo odiada e forçada a me esconder debaixo de meus casacos, suéteres e toucas. Eu era traidora, quase assassina, delinquente, esquisita e fofoqueira aos olhos de todos. Não é muito legal tentar se defender e ao mesmo tempo evitar que o seu nariz escorra ou sua garganta congele – aí vai a dica. A única coisa aconchegante era saber que eu não tinha perdido tudo. Meu irmão e meu cunhado sempre me confortavam quando Rita não estava em casa. Vitor e Lucas (que sim, acabou se transferindo) ainda estavam do meu lado. Tornamos-nos um famoso trio delinquente (através de boatos gerados por vocês devem imaginar quem). Lucas não facilitava olhando de maneira assassina e idiota (como sempre) para as pessoas. Esses foram os dois meses mais legais e dolorosos que eu pude ter. Constantemente vivia sob as ameaças dos admiradores da víbora de cabelos cacheados. A própria Rita vinha me dando indiretas de que coisas boas não me aguardavam. Morgana acabou trocando de lugar e se sentando perto de Leo, me deixando para trás – literalmente. Agora, além de Vitor, uma garota muito tímida sentava do meu lado. Ela era realmente fofa, sua pele negra contrastava seus olhos verdes cor do mar. Seu cabelo castanho cacheado era volumoso e brilhante. Eu sabia que seu nome era Gabriela, mas qualquer tentativa de aproximação resultava em gemidos de medo da parte dela que resultou em boatos de que eu a ameaçava. Ótimos dias de escola, como sempre.

Meus dias se resumiam a “Vá para a escola, fique longe da Rita, tente ser feliz e ter vida social mesmo sendo ameaçada” e também “Esqueça que um dia você namorou aquele bonitão idiota e teve melhores amigas”.

Passei a maior parte do tempo na casa de Vitor do que na minha. A mãe dele era realmente legal e gostava de mim – coisas que mães sensatas não fariam. Ela me ensinou o básico para se cozinhar, ela era uma ótima professora, bem... Ela é uma professora, mas vocês me entenderam. De qualquer maneira as coisas estavam indo razoavelmente bem, até Vitor ficar com gripe. Jamais queiram ver Vitor doente, não é divertido.


Era domingo de tarde e estávamos voltando da locadora, eu Lucas e Vitor. Resolvemos fazer uma seção de três filmes durante a tarde, com direito a pipoca e chocolate (minha combinação favorita depois de café com leite). Cada um pegou seu filme de gênero favorito e voltamos calmamente para casa.

Quando Vitor resolveu quase desmaiar em cima de mim. – Epa! – Lucas gritou de maneira que todos ao redor focassem em nós. – Vitor, não faça isso no meio da rua... Deixe para quando chegarmos... – Cale a boca, idiota. – Vitor resmungou tentando sair de cima de mim. – Desculpe Drica, eu fiquei meio tonto... Ele apoiou suas mãos em meu ombro e sem querer segurei seu rosto para que ele não caísse novamente sobre mim, com isso acabei percebendo que ele esta febril. – Você esta pegando fogo... – eu resmunguei. – Minha nossa, até você! – Lucas realmente fazia piadas em péssimos momentos, eu disse péssimos momentos mesmo. Há dois dias ele quase falha em uma entrevista de emprego numa loja de peças, por fazer uma “inocente” piada sobre coisas que você não entenderia, nem mesmo eu entendo (por sorte amanhã ele começa a trabalhar). – Vocês dois estão me escondendo algo, danadinhos? Reviramos os olhos. – Eu quis dizer que ele esta com febre... Vitor tem certeza de que Lucas não foi trocado na maternidade? Vitor realmente não parecia bem, seu rosto estava vermelho e ele demorou a responder. – Meu pai disse que sim... Mas nós já tivemos essa duvida. Lucas finalmente nos levou a sério quando foi a vez dele de ser o alvo da queda de Vitor. – A coisa é séria... – Lucas disse. – Está frio... Talvez ele tenha pegado uma gripe, - eu deduzi. Lucas suspirou, ele pegou o braço de Vitor e passou por trás de seu pescoço. – Na melhor das hipóteses... Como um cara resistente como você pôde ficar doente? Lucas era forte então não teve dificuldades de levá-lo. Quando chegamos levamos ele para a cama. Vitor estava tão mal que apenas ajeitou o cobertor e se silenciou. Ele me lembrou duma criança manhosa.


Lucas me olhou cansado e disse: – Há séculos que ele não pegava uma gripe. Devia estar tentando esconder da gente... Eu não sabia o que fazer, também não era muito comum eu pegar gripe. Nos últimos dias Vitor tem espirrado mais que o comum, mas pensei que fosse normal para ele. – O que vamos fazer? – Eu perguntei. Lucas não respondeu de imediato. Ele analisava Vitor com preocupação e ao mesmo tempo diversão. Aprendi do jeito difícil que ele é um grande e amigável idiota. – Não sei, - ele respondeu. – Ótimo. – O que? Eu realmente não sei! Começarei a trabalhar amanhã, como vou cuidar dele? Senti um arrepio na espinha, péssimo pressentimento sobre isso. – E nossa mãe... – ele começou, analisando minha expressão. – Nossa mãe trabalha o dia todo e também... – ele foi interrompido por um olhar meu muito assustador. Percebi que quando chegamos, ela não estava em casa, Vitor me disse que ela tinha uma péssima mania de se trancar no quarto para trabalhar e esquecer o mundo. Quando se tratava de vida pessoal ela era meio... Negligente. – Espera! Eu não sei nem cuidar de mim mesma, como você quer que eu cuide dele? Lucas suspirou. – Vamos resolver isso depois, precisamos saber a temperatura do bebê aqui... – O bebê ta ouvindo... – Vitor resmungou mal humorado, seu rosto estava tampado pelo edredom. – Drica não se preocupe em cuidar de mim. Vitor falou de um jeito tão seguro que me deixou mais preocupada do que eu queria estar. – Eu não sei onde está o termômetro... – Lucas resmungou. – Acho que tem um no quarto do meu irmão... Eu posso ir lá pegar... Lucas não gostou da ideia. Vitor colocou metade de sua cabeça para fora, aflito. – Com aquela garota irritante lá em cima? – Ei! Ela é irritante e maluca, mas não tenho medo dela. Mantenho-me afastada porque aquilo pode ser contagioso. Eu vou ficar bem... Lucas deu de ombros. – Sim, faz sentido. Vou esperar você aqui com o bebezinho. Ande rápido...


– Antes que o bebê cometa um assassinato – Vitor resmungou por trás das cobertas. Ele estava muito irritado, mais que o normal. Não era bom sinal. Corri para o meu apartamento no andar de cima, usando as escadas, claro. Odiava ter que subir e ficar a sós com Rita, ela estava ficando insuportável comigo cada vez mais. O problema foi que quando eu entrei, percebi que ela não estava sozinha. Se fosse possível, sairia correndo dizendo que me enganei de porta. A cena que vi me deu náuseas e me fez perder a vontade de comer chocolate e pipoca (para vocês perceberam a gravidade da situação). No meu querido e amado sofá, Rita estava agarrada com Leo. Os dois estavam abraçados como um verdadeiro casal – o que me despertou lembranças. Do outro lado de Rita, Morgana e Lucia apreciavam um grande balde de pipoca enquanto assistiam filme. Todos os quatro juntos dividindo um enorme edredom. Nossa ideia de seção nos domingos foi plagiada. E eles transformaram em uma coisa tão fofa que me deixou irritada. Quando eles perceberam quem estava na porta, lhes encarando realmente pasma, eles se mexeram desconfortáveis no sofá. Leo me olhava assustado. Lucia e Morgana focaram no filem e fingiram que eu não existia. Apenas Rita parecia normal: – O que foi? Eu convidei meus amigos para passarem à tarde comigo... Eu estava irritada com o fato de que as pessoas que se opuseram a mim e causaram os piores dias da minha vida estão deitadas super felizes e confortáveis no meu sofá, só isso. E claro, o sorriso de Rita também me incomodava, como sempre. – Nem tente se juntar a nós... – ela disse sorridente. Então ela abraçou Leo e me olhou como se dissesse “Peguei! Você perdeu!”. Leo por outro lado ficou um pouco nervoso com a situação. Eu revirei os olhos. Não disse uma palavra se quer, porque sabia que se eu abrisse a boca sairiam coisas que não seriam nem um pouco legais de se ouvir. Realmente nada legais. Fui até o quarto de Jonathan e procurei um Kit Médico. Desde o “acidente” com o copo, meu irmão fez questão de ter algo preparado em casa para qualquer tipo de situação. Meu irmão é perfeccionista demais. Assim que saí, novamente despertei atenção. Rita reparou no que eu segurava e disse: – Não me diga que você usou cacos de vidro em alguém...


Novamente ela estava lembrando-se disso. Eu juro que tentei ignorar, mas os comentários não pararam por aí. – Típico da Drica que não conhecemos – disse Morgana, ainda olhando para o filme. Seus cabelos tinham mechas rosas, eu sentia falta de quando ela me pedia opinião sobre que cor escolher. Eu suspirei, repetindo diversas vezes em minha cabeça “não olhe para trás, apenas suma”. – Realmente não faz sentido... – Lucia tinha um tom de voz calmo, mas soava realmente magoado. – Se você tinha um Kit aqui, por que foi pedir ajuda na casa de Vitor? Pronto, eu não aguentei. Virei-me e encarei todos, muito séria. – Talvez porque uma de minhas mãos estivesse arrebentada... – Minha voz soou grave e irritada, tanto que assustou Lucia. – Ainda não aprendi a fazer curativos, em mim mesma, com uma mão só. Se você sabe, poderia me ensinar, não é? Talvez eu tenha pegado pesado, mas não estava com paciência. Eu tinha um bebezinho para tratar lá em baixo. Lucia abaixou a cabeça e Morgana deu uma risada irônica. – Nossa! Cada vez me surpreendendo mais em Drica! Cadê a garota que se dizia inocente? Eles estavam querendo briga, era isso? – Eu não sei, talvez tenha me traído, como você fez. Eu gostaria de dizer para essa garota inocente: “Meu Deus! Como você é idiota por acreditar que um dia ela foi sua amiga!”. Uma pena que ela foi embora, por favor, diga a ela por mim. Dessa vez Morgana se calou e apenas se virou para “prestar atenção” no filme. Eu me senti um pouco culpada e acabei dizendo: – Isso aqui... – Levantei a pequena maleta em minhas mãos. – É para o Vitor. Leo deu uma pequena risada, mesmo que forçada. Ele não era mais o mesmo, perdeu o ar de diversão em seus olhos, não era o Leo que eu conheci. – O que? Vai me dizer que Rita atirou um copo nele e você está indo fazer curativos? Rita acabou rindo da piada sem graça de Leo. Eu apenas dei um sorrisinho. – Isso bem que seria possível... – Está dando uma de enfermeira particular para ele, agora? – Rita estava com um olhar assassino em seus olhos. Aquela garota era possessiva até com o que não era dela. Eu não queria provocar, mas não resisti à tentação. – Sim, eu estou. Desculpe Rita, ele não quer você como enfermeira particular. – Se Rita fosse uma bomba, ela explodiria.


Eu não estava me divertindo, eu me divertiria se usasse Ive nela. Mas vê-la desse jeito foi um pouquinho prazeroso. Leo ficou tenso no sofá. – Vocês estão namorando? Já que está sendo tão atenciosa... Meu coração começou a descompassar. Meu rosto ficou levemente corado, eu não sabia se tudo o que eu estava sentindo era raiva ou vergonha. – Leo, nós não estamos mais namorando, então não tenho motivo para lhe dar explicações. O que eu faço da minha vida não é mais da sua conta. – Dessa vez todos me olhavam com remorso. – Desculpem estragar a diversão de vocês. Saí a passos acelerados do meu próprio apartamento e ainda pedindo desculpas. Tive que ver meu ex-namorado com a garota que mais odeio agarrados em meu sofá. Minhas melhores amigas dizendo que lhes traí. O pior de tudo... Passar por isso e não poder me defender sem ser acusada imediatamente. O quanto eu teria que me humilhar para poder ter paz? Notas finais do capítulo Gostaram? No começo eu pensei em fazer uma fic com seus 30... 35 capitulos... Mas o que acham de eu prolongar um pouco mais? Conto com vocês ^^ Opiniões são sempre bem vindas, agradeço a todos que esperaram ♥

(Cap. 28) Capítulo 28 - Hora do remédio da verdade. Notas do capítulo Olá pessoas lindas o/ Bem, esse capitulo... Ele se encaixa bem com o capitulo 12 - temos um acordo. Espero que gostem. Agradeço de todo o coração pelos reviews... ♥ Sim, eu acabei virando babá do bebezinho. Céus! Vitor era um garoto mimado no fim das contas.

Lucas começou a trabalhar no dia seguinte em que Vitor ficou doente. Vitor estava ardendo em febre e acabei faltando para ajudá-lo. A mãe dele, que ficou sabendo horas depois de sair do quarto, me disse: “Muita gentileza sua cuidar dele por mim”


Não foi por gentileza, na verdade. Lucas havia contado que eu cuidaria dele antes mesmo que eu pudesse dizer “Ei! Eu tenho escola amanhã, preciso revisar para as provas!” ou “Meu Pai é o diretor, se ele souber que estou faltando por causa de um garoto eu estou frita”. Tudo bem, eu pensei. Lucas iria explicar nossa situação para meu pai e tudo ficaria bem. Meu pai está mais calmo comigo, mas ele falou que no próximo deslize, minha mãe saberia. Resolvi não chama-lo mais de “velho” por prevenção. Jonathan me deixou ficar porque Vitor e ele eram amigos – na verdade, eu queria que Jonathan protestasse. Rita não foi muito contente para escola com a notícia. Assim que terminamos o café da manhã, ela disse: – Aproveite seus dias de felicidade... Eles serão seus últimos. – E então se foi. Francamente, as ameaças dela não me davam medo, mas por que será que eu não duvidei do que ela disse? Dias de felicidade? Eu não diria isso, de jeito nenhum. Por culpa dela eu esqueci o que era essa palavra – sem ser dramática, é verdade. Assim que cheguei ao apartamento de Vitor, fui recebida por despedidas de Lucas que me deu uns tapinhas no meu ombro e sussurrou “força”, e Alice que já estava indo dar aulas. – Eu deixei comida pronta na geladeira, é só esquentar... Ah! Os remédios estão na gaveta caso ele continue sentindo dor... E se ele vomitar... – Entendi. – Eu apenas disse e fechei a porta. Ela às vezes falava coisas nojentas sem perceber. Trabalhando ela é tão séria... Ela muda completamente quando se trada de ser “pessoa normal”. Respirei fundo. A sala estava como sempre, silenciosa. Uma linda estante cheia de livros preenchia uma parede, ao lado uma escrivaninha. O pequeno sofá em frente à enorme televisão... A cozinha poucos passos ao lado. Logo ao lado da porta da sala, o corredor, onde o quarto do enfermo estava. Logo que entrei, me deparei um uma montanha de cobertores. Não sabia se ele ainda estava dormindo. Ontem, sua febre estava terrivelmente alta, eu me perguntava se ela tinha abaixado... Fui até a cama, me inclinei e chamei calmamente. – Sua mãe foi embora... Pode sair daí agora... – O tom gentil em minha voz assustou até a mim. Vitor aos poucos foi se mostrando por trás das cobertas. Estava realmente frio e o invejava por não precisar sair da cama. Seus grandes olhos negros me encaravam preocupados. – Ela não parava de falar, não é? Eu assenti.


– Ela estava apressada... Como sempre. – Eu sorri. Por que de repente eu estava sendo tão... Amável? Ele não era uma criancinha... Mas parecia uma... Odeio quando passa um furação na minha cabeça. – Não precisava vir cuidar de mim... Eu dei de ombros. – Você é um bebezinho mimado, está precisando de cuidado agora. – Eu dei uma piscadinha, não falei de um jeito doce, eu realmente disse para provocar. Vitor pareceu ficar sem graça. Estávamos bem próximos e eu podia sentir o ar quente ao redor dele. – Não me trate como uma criancinha... Eu não pude deixar de rir, ele estava agindo como uma! O que eu podia fazer? – Desculpa... Mas devo confessar que você esta muito fofinho embrulhado nesse cobertor e com cheiro de xarope... Eu ri da cara que Vitor fez, de repente ele ficou mais vermelho ainda. Ele doente não tinha humor algum. Ao mesmo tempo eu ficava cada vez mais com vontade de rir. Vitor bufou e disse: – Eu já estava ficando assustado com você sendo tão legal... – OK... Você já comeu? – Não estou com fome. Minha garganta dói... Certo... O que eu faço agora? – Você tomou o remédio? Vitor ainda estava emburrado. – Sim. Ele não estava facilitando. Eu suspirei, cansada. – Bem, eu sinceramente não sei o que fazer, - eu devia ter feito uma cara muito animadora, porque Vitor riu imediatamente de mim. – O que foi? De repente ficou feliz com o meu desespero? – Você fica muito fofa tentando cuidar de mim... Gracinha. – Admito que eu estava merecendo essa, mas não pude deixar de corar. Sentei-me na beirada da cama. Meu humor de repente mudou com o “gracinha”. Eu queria afoga-lo debaixo daqueles cobertores. – Sua mãe disse que tem comida pronta na geladeira, provavelmente é sopa, então se estiver com fome me avise. Vitor sorriu. – Você vai me dar na boca? Eu não achei isso engraçado. Fitei-o com seriedade. – Se você me pedir isso eu jogo a sopa na sua cabeça. Vitor deu de ombros. – Eu tentei... Já é um começo. Primeiro a cabeça... Depois a boca...


– Você ta falando demais para quem está com dor de garganta. Vitor se encolheu ao ouvir meu comentário. Será que ele estava apenas exagerando para me provocar? Logo depois Vitor começou a tossir. Não eram tossidas forçadas, ele podia ser manhoso, mas estava realmente mal. – Tudo bem... Ta na hora da sopa... – Eu já ia me levantando e indo para a cozinha, quando Vitor segurou o meu pulso. Seu olhar piedoso me deu um aperto no peito. – Por favor... A sopa da minha mãe... É terrível – Ele não parecia estar brincando. – Terrível mesmo. Eu analisei as opções do que eu podia fazer por ele. – Vou trazer um café. Ele suspirou aliviado. – Obrigado. E meu dia cuidando de Vitor foi assim: apenas fazendo suas vontades. Quando não estava na hora de tomar remédio ou nada do tipo, ficávamos assistindo os desenhos matinais (acredite, é a única coisa que vale a pena ver de manhã) e jogando conversa fora. No almoço, Lucas voltou da escola e nos cumprimentou dizendo: – E então, aproveitaram a casa enquanto estavam sozinhos? Eu fiz questão de responder. Responder as provocações de Lucas era mais divertido do que parecia. – Sim, foi ótimo. Vitor não vomitou hoje e eu pude ver Tom e Jerry e Ben 10. – É isso aí! – Lucas gritou com as mãos para cima. – Espera... Ben 10? – Ele arqueou as sobrancelhas. Eu ri e então disse: – Vitor pareceu animado com o episódio de hoje... – Eu e Lucas rimos do protesto de Vitor. Admito que a voz de Vitor era engraçada quando ele estava doente, principalmente quando estava doente e irritado. Claro que ele não ficou animado vendo desenho, era o Vitor afinal. Vitor realmente ficou irritado com isso. – Muito engraçados vocês... – resmungou. Depois ele voltou a tossir. Até eu estava ficando sem ar com sua crise de tosse. Lucas trouxe sanduíches e batatas fritas de uma lanchonete para nós, dizendo: – A mãe não pode vir hoje, então pediu que eu fizesse comida para vocês... Aproveitem a comida da lanchonete e digam que sou um ótimo cozinheiro. Graças aos céus ele não fez a comida. Lucas tinha um talento nato para deixar tudo “passar do ponto”. Não só a comida. Assim que ele nos deixou para ir ao trabalho, novamente ficamos a sós.


– Nem senti o gosto da comida... – Vitor reclamou. Ele já seguia para a cama novamente, mesmo fora dela ainda estava coberto pelo edredom. – Eu odeio gripe... – Pelo menos você pode ficar de pijama o dia todo, - eu resmunguei. – E eu também odeio gripe, por culpa dela estou perdendo a revisão para as provas antes das férias. Vitor estava tão chateado quando eu por isso. – Ah! E Drica... – Vitor estava se ajeitando na cama. – Da próxima vez que disser que eu curti algum desenho, eu te jogo pela janela e pego Ive de você.

(...)

Na terça-feira pude ir para a escola, era o dia de folga de Alice, então eu pude revisar. As coisas não pareciam muito diferentes na escola. Tirando os olhares maldosos e intrigados, provavelmente souberam que Vitor estava doente. Um dia longe daqui não mudaria muita coisa afinal. Eu estava sentada em um banco, esperando o sinal bater para poder entrar na sala. Jota foi aflito até mim: – Como ele está? – Bem, eu acho. Ele faz muito drama... – eu resmunguei. Jota deu uma risadinha. – Esse é o Vitor... Eu não entendi o que ele quis dizer. Vitor nunca foi exagerado. Jota percebeu a confusão em meu olhar e disse: – Sabe, quando Leo batia em Vitor... Sob ameaças de me bater, ou quando eles brigavam a sós, porque Leo começava... As pessoas achavam o contrário... Leo era legal com quem ele queria, ou seja, boa parte das pessoas e então a culpa sempre caia em Vitor, que não é bem de se socializar... Eu havia entendido. – E ele nunca desmentiu sobre isso. Por isso acham que ele é um delinquente? Jota assentiu um pouco preocupado. Jota estava pensando em algo, meio duvidoso. Ele abria e fechava a boca pensando no que dizer. Finalmente tomou uma decisão: – Você se lembra do dia em que me deu um soco? Eu não podia me esquecer de um dia daqueles... Nem que eu quisesse. – O que é que tem?


– Vitor não tinha nada a ver com aquilo... Ele é assustador e odeia o Leo, Vitor sabe brigar bem, mas... Ele queria ficar longe de confusão por causa do pai que tinha se separado. A briga foi minha culpa. Eu queria me vingar dele... Eu arqueei as sobrancelhas. – Sua? Mesmo? Jota se sentou ao meu lado e olhou o relógio, faltavam cinco minutos para as aulas começarem. O baixinho ruivo estava sendo legal comigo e até fez piadas sobre o dia da briga. Eu agora estava vendo Jota de uma maneira mais amigável. – Bem, Leo praticava Bullying comigo desde o primário. Ele me batia muito porque eu era... Você sabe... Pequeno. Não era só comigo, muitos já sofreram com ele. Depois que Vitor apareceu, ele começou a defender todos que eram alvo de Leo. Isso fez a rivalidade dos dois começar... Depois Leo descobriu sobre ele gostar Lucia, mandou garotos lhe baterem, foi aí que as notícias ruins sobre Vitor começaram, para afastá-lo de Lucia. Sabe, Vitor é assustador, mas faz sucesso com as meninas... – Ele deu uma risadinha, mas foi para ele mesmo. – Só que Vitor não tinha como desmentir, porque ele não tinha como provar que o Leo era culpado... Ano passado as coisas pioraram. Leo estava até legal desde que começou a namorar Rita, mas depois que eles terminaram ele bateu em Vitor e até em mim, acusando Vitor de ser o culpado por tudo. Senti um arrepio em minha espinha. Foi por isso que Vitor acreditou em mim naquele dia? Ele se sentia da mesma maneira? Uma pontada de culpa surgiu e uma enorme vontade de agradecê-lo também. Jota me analisou para ver como eu absorvia sua confissão. Eu estava com cara de idiota, assenti para que continuasse. – Só que houve uma segunda vez... – Jota continuou. – Leo mandou que só a gangue o pegasse. Usaram um estilete e fizeram diversos cortes em suas costas. Ele foi até para o hospital. Nenhum de nós entende porque Leo mandou fazer isso tão de repente. – Então Vitor estava me escondendo tudo isso? – Eu não podia acreditar que Leo fez tantas coisas ruins por tanto tempo e também não podia acreditar que Vitor escondeu isso de mim. – Não entenda ele mal, - Jota o defendeu. – Vitor não contou a você porque prometeu a Leo que não contaria nada para que vocês namorassem. Eles tinham feito uma espécie de acordo, se Leo fizesse algo com você como fez com Rita então... Lembrei-me do que Vitor falou, sobre Rita ter sido espancada por aquela gangue a mando de Leo. Era por isso que ele veio com aquela conversa sobre ser amigo? – Ele até ficou próximo de você para te proteger. – Jota estava lendo meus pensamentos. Internamente eu senti algo fervendo dentro de mim, queria ver Vitor logo... Eu só não sabia por quê.


Eu sabia que Leo fez coisas erradas, mas não sabia que ele já foi do mesmo tipo de Rita. Ele foi capaz de mentir sem escrúpulos para conseguir o que queria. Entendi porque os dois se davam tão bem. Se Rita realmente mudou Leo para o bem no ano passado, como ele me disse, então ela podia mudá-lo para o mal da mesma maneira. Não só com Leo, mas com Morgana e Lucia. Rita tinha um poder de manipulação inacreditável. O sinal bateu, interrompendo meus pensamentos. Agradeci a Jota e me apressei para entrar. Não pude prestar atenção nas aulas, mesmo que quisesse. Sempre me pegava pensando no que Jota disse e em como as coisas faziam sentido. O ódio dos dois era algo de longo prazo. Leo e Vitor estavam fazendo papéis invertidos aos nossos olhos. Mesmo no intervalo, não conseguia prestar atenção na conversa de Lucas com Jota. Eu estava perdida no mundo da Drica. Na minha cabeça, tudo fazia sentido... Tudo se encaixava. O ódio de Leo, o ódio de Vitor, o ódio de Morgana, o ódio de Jota e até o ódio de Rita por qualquer coisa que lhe atrapalhasse. Mas faltava uma peça nisso tudo... Alguém mandou perseguir Leo, fazendo-o pensar que era Vitor. Alguém mandou bater em Vitor, de repente fazendo-o pensar que era Leo, talvez fosse a briga com estilete... E por fim espancaram Rita, Leo diz que só lhe deu um tapa. Rita afirmou a Vitor que ela tinha sido mal tratada por Leo... Rita era ela a peça que estava faltando... Por que eu tinha a sensação de que ela sabia de algo? Novamente o sinal irritante da escola fez-me despertar. Olhei para o lado, onde Vitor senta, para chamá-lo e irmos embora, mas a mesa estava vazia. – Oi... – alguém disse por trás de mim. Assim que me virei, quase pulei de susto. – Você... Você esta falando comigo? – Eu estava realmente surpresa. A menina morena de olhos verdes não parecia confortável. – Desculpe... Eu a interrompi bruscamente. – Não! Isso não é ruim... Quero dizer, achei que tivesse medo de mim ou algo parecido. A garota apertou um caderno que segurava e me entregou. – São as anotações da revisão de ontem. Para você e para o Vitor. Soube que ele esta doente... Eu estava boquiaberta. Gabriela estava querendo me ajudar? – O-Obrigada... – Eu peguei o caderno um pouco sem jeito. Gabriela sorriu, a pequena menininha tímida sabia sorrir. – Eu não tinha medo de falar com você... Eu só achava que você era legal demais para...


– Não termine isso, por favor. – Acho que soou como uma ordem, porque assim que disse ela concordou sem hesitar. – Não, calma. É só que eu não sou legal nem nada, você que é... Por ter me dado isso. A garota pareceu feliz com o comentário. – Eu não acredito nos boatos que estão... Se espalhando sobre você... Eu queria desmentir, mas... Eu pude sentir um leve rubor sobre sua linda pele. Eu apenas sorri, estava agradecida por ela querer me ajudar. – Tudo bem... Não é como se minha fama fosse melhorar, não é? Quando percebi, não havia mais ninguém na sala. Conversávamos apenas nós duas, será por isso que ela teve coragem de conversar comigo? Gabriela percebeu meu olhar e então disse: – Todos saíram mais cedo hoje, mas você ficou e... Eu estava tão absorta que nem percebi que estava sozinha. – Você tomou coragem para falar comigo, - Eu concluí. – Obrigada, de verdade. Vitor também ficara feliz. O comentário sobre Vitor fez seus olhos se iluminarem. – Ah! Que ótimo... Então... – Ela já estava indo embora. Quando me dei conta, estava apenas eu. Eu devia admitir que Vitor fazia sucesso com as garotas. Não sabia o motivo... Mas fui contente para casa. Ver que alguém acreditava em mim me deixou feliz e me fez quase esquecer sobre as minhas preocupações. Eu ia para o meu apartamento, depois visitaria Vitor que ainda estava de cama. Eu precisava lhe agradecer pessoalmente por se importar comigo esse tempo todo. Mas as coisas não acabam por aí... E eu ainda precisava cuidar dele. Notas finais do capítulo Amanhã tem mais o/ Muitas surpresas ainda estão por vir... Vão por mim. Eu tava escutando "Pensa em mim" do Darvin... cara eu me lembrei muito do Leo e do Vitor '-' Não deixem de comentar o/

(Cap. 29) Capítulo 29 - O que eu vou dizer? Notas do capítulo Desculpem a demora, mas aqui está o/ Eu estava sem criatividade, mas finalmente consegui. Agradeço a paciência...


Ah! Mudei minha foto de perfil para uma minha... Então não se assustem com a autora, o importante é ter saúde. BOA LEITURA (: Confesso que absorver todas aquelas informações de Jota transformou meu cérebro em uma gelatina. O frio ainda estava no seu auge. Eu voltava para casa com as anotações de Gabriela em minhas mãos, contente por saber que nem tudo estava perdido. Pelo menos eu achava que nem tudo estava perdido. Por debaixo de meu casaco eu sentia um coração batendo cada vez mais acelerado e por debaixo de minha touca velha eu sentia o suor em minha testa. Por que eu me sentia tão tensa? Olhei para o céu, que estava cinza e encobria a presença da luz anunciando chuva. O vento gélido congelava o meu nariz e deixava minha boca seca. Ao mesmo tempo a caminhada rápida para voltar para casa me deixava com calor. A culpa preenchia meus pensamentos com força. Eu precisava esclarecer as coisas para me sentir melhor. Depois de uma caminhada que parecia eterna, finalmente cheguei. Subir três lances de escada era um pouco cansativo quando você esta morrendo de sono, frio e fome. Ao abrir a porta, senti o ar quente e aconchegante de minha casa. Até olhar para Rita. Adeus Paz. Ela estava sentada na pequena mesa, esperando paciente. Jonathan e Daniel faziam a mesa e terminavam de preparar o almoço. - Há quanto tempo não almoça com a gente, Tio, - eu disse para Daniel, que me retribuiu com um sorriso desconfortável. Ainda estávamos fingindo pequenas desavenças. - Vá se trocar para podermos comer, - pediu Jonathan. Ele soava amargo, estava virado de costas, mas eu sabia que ele não queria falar assim. Com o tempo eles foram percebendo os pequenos problemas de Rita. Ela era mandona, mimada e cheia de si. Agora, que ela estava segura de que eles estavam do seu lado, mostrava um pouco mais da sua versão “insuportável”. Rita sorriu para mim, feliz com o rumo que as coisas estavam tomando. - Não entendo porque demorou a chegar. Todas as turmas saíram quinze minutos antes... - Não é da sua conta, – eu apenas disse. Escutar a sua voz me dava vontade de esganá-la. Por incrível que pareça, eu estava lhe protegendo da minha parte enfurecida. Não fazia isso por ela, eu estava fazendo isso por minha sanidade. Joguei minha mochila na cama do quarto que um dia era só meu. Ele continuava o mesmo, exceto uma cômoda adicionada para as coisas de Rita.


Antes esse era o meu cantinho, onde eu me sentia bem. Agora eu tento fugir o máximo que posso dele. Assim que me troquei voltei para a cozinha. Eu ignorei a todos completamente, comia inconscientemente enquanto pensava em diversas formas de conversar com Vitor e também em tudo que foi revelado hoje. Quando me dei conta, ainda não havia comido nem a metade e todos já tinham terminado. - Se não andar logo, você vai lavar a louça hoje... – disse Rita, impaciente. Hoje era o seu dia de lavá-la, Graças a Deus! Eu suspirei. Saí da cadeira, abandonando meu almoço que já estava frio. - Fique a vontade, estou sem fome. Comecei a me dirigir ao quarto de Jonathan, que estava se trocando para ir ao trabalho. Daniel estava deitado na cama, quando cheguei eles pararam abruptamente uma conversa abruptamente. Achei estranho, mas decidi ignorar. Aparentemente eu não podia saber da conversa, e persuadi-los não era simples. - Desculpe... – Eu me apoiei no vão da porta. – Eu só quero avisar que vou para a casa de Vitor e talvez jante lá. Então... Daniel e Jonathan se entreolharem. - Você e o Vitor estão muito próximos ultimamente... – Jonathan disse com um olhar malicioso, enquanto habilmente fazia o nó da gravata. Sua observação me deixou nervosa... Mas não nervosa de raiva... Eu não sabia que nervosismo estranho era esse, mas tinha vontade de sair correndo. - Ele é meu amigo, é claro que somos... Próximos. – Tentei não tropeçar nas palavras e parecer indiferente. – Que idiota Jonathan. Daniel e Jonathan sorriram, divertidos. - É claro... – Jonathan disse, mas não em um tom irônico. Jonathan queria que eu percebesse algo óbvio para ele. – Que idiotice a minha... Daniel riu da minha expressão confusa. Eu já estava ficando irritada com os dois. - Bem, estou indo. Bom trabalho pra vocês... Tirei-me rapidamente dali, meu rosto ainda estava quente. Eu não sabia por que de repente pensar em Vitor me deixou tão perturbada. Fui até meu quarto pegar o caderno de anotações e voltei para a cozinha. Rita percebeu o meu desconforto. Algo me dizia que ela sabia do que havíamos conversado. - Vai ver Vitor? – Ela perguntou. Rita estava de costas, passando lentamente a esponja sobre um prato, mas sentia que ela queria jogá-lo em mim com fez com o copo. – De novo? - Sim, vou vê-lo. Rita não respondeu nada dessa vez, parecia estar pensando em algo desconfortável. Até que finalmente disse:


- Eu vou... Vê-lo hoje à tarde. Não, mil vezes não. Ela não iria fazer isso nem que eu estivesse morta. Tortura até na casa das outras pessoas é demais! - Mas ele não quer te ver, - eu respondi. Podia ser cruel, mas eu tinha certeza de que ela merecia coisa pior. Rita pareceu tensa e deixou um talher que estava lavando cair na pia. - Eu não perguntei nada a você. - Tudo bem, mas sou estou avisando. Eu já estava abrindo a porta para sair quando Rita falou: - Não é só por mim... Morgana também quer saber como ele está. – Eu podia sentir o divertimento em sua voz. Um dia eu mato ela. Fiquei parada pensando no que eu podia responder, Rita disse que Morgana ainda gostava de Vitor em uma conversa noturna. Uma parte de mim ficou ainda mais irritada com o que ela disse, a outra se sentia magoada. - Se ela quer saber como ele está então ela que vá visitá-lo. Você não precisa ir lá. Fechei a porta com um estrondo que ecoou sobre o pequeno corredor. Minha respiração vacilou. As minhas mãos formigavam com vontade de socar alguma coisa. Usando Morgana para fazer me sentir mal... E ainda conseguindo... Ela era uma Bruxa. Fiquei parada na frente da porta por mais tempo que imaginava. Tantas coisas atravessavam a minha cabeça que me deu vontade de gritar de raiva. Fui até as escadas e comecei a descer, batendo os meus pés com força a cada degrau, descontando minha raiva. Assim que cheguei, comecei a ouvir vozes discutindo. Olhei para o relógio do meu celular. Há essa hora Alice estaria indo para seu turno na escola (a folga era só de manhã, lamentavelmente) e Lucas já teria ido para seu trabalho. Vitor devia estar sozinho em casa... Finalmente abri a porta e reconheci a segunda voz que eu ouvia. Meus pés congelaram no lugar e eu não conseguia sair de jeito nenhum, a porta da sala foi se fechando calmamente enquanto eu escutava as vozes vindas do quarto de Vitor ecoando pelo corredor: - Seu mentiroso! – Era a voz de Leo. – Você está usando ela, apenas isso! Eu sei como você é! – Leo estava falando de mim ou de Rita? - Vá embora... – A voz de Vitor estava fraca. – Suma daqui. O que Leo estava fazendo aqui? Por que estavam discutindo. Leo resmungou algo que não consegui ouvir claramente seguido de uma porta se fechando. Os passos começaram a se dirigir em minha direção. Leo parou imediatamente, assim que me viu. - O que você... – ele começou, mas estava atônito demais. Leo me fitava indignado. – Não me diga que você está realmente...? – A voz de Leo era quase um sussurro.


Ver Leo novamente e tão de perto fez meu coração ficar mais pesado. Eu não olhava Leo da mesma maneira desde que disse que não precisava de mim. Eu não sabia se ainda gostava dele, mas se algo parecido com isso ficou em mim, então acabou se misturando com raiva, ressentimento, mágoa, pena e remorso. Leo não era mais o mesmo, não havia mais sorrisos sinceros e olhares luminosos e travessos. Não foi por ele que me apaixonei. - Estou realmente o que? – Perguntei amarga. Vê-lo me fazia lembrarme de Rita. Não pelo seu passado, mas por ele ter se deixado influenciar por ela. Leo engoliu em seco. - Juntos. – Ele disse. As palavras foram jogadas com tamanho nojo que me fez perguntar por que ele se incomodava com isso. Eu suspirei, abri a porta e fiz um sinal com a mão para que fosse embora. - Não é da sua conta. Já disse que não temos mais nada a esclarecer. Rita está te esperando lá em cima. Leo ficou parado no mesmo lugar por um tempo, me fitando ainda com indignação. Suas sobrancelhas estavam franzidas, seus olhos azuis perderam o calor que eu um dia sentia ao encará-los. Ele finalmente saiu, porém Leo ficou parado do lado de fora. - Então essa é sua escolha? – Ele perguntou. Minha cabeça estava abaixada, por perder a coragem de ver seu rosto. Sentia que a qualquer momento poderia chorar e eu não queria fazer isso na sua frente. - Leo... Não me force a escolher algo como se eu tivesse outra opção. – Minha voz estava começando a vacilar. O tom magoado de Leo ainda me deixava mal. - Você tem outra opção, - ele disse. Rapidamente levantei minha cabeça, confusa. O olhar de Leo era desesperado, parecia que iria desmoronar a qualquer momento. Ele não esperou nenhuma outra resposta da minha parte e já estava indo em direção ao elevador, quando lhe chamei: - Leo! Ele parou de repente, seu olhar era um misto de esperança e duvidas. Tomei forças para perguntar o que estava preso em minha garganta há um tempo: - Você se arrepende mesmo de tudo o que fez no passado? A pergunta pareceu pegá-lo de surpresa. Eu estava ali, parada na porta, encarando-o magoada. Enquanto ele estava na frente do elevador, me olhando completamente confuso. - Sim, de tudo. – Os olhos de Leo de repente recuperaram um brilho esquecido por mim. Aquilo me deixou mais tranquila. Eu apenas sorri, aliviada e disse:


- Isso me deixa feliz... – Então fechei a porta, pensando que se o olhasse por mais um segundo, começaria a chorar de verdade. Eu me odiava por ser tão fraca. O apartamento agora estava silencioso. Minha cabeça doía e mesmo com a touca meus ouvidos congelavam. De repente pequenas gostas de chuva ricocheteavam a janela da sala, primeiro era leve e irregular... Depois as gotas e a velocidade aumentavam gradativamente. Suspirei vendo à pequena fumaça sair de minha boca. Vitor pareceu ainda não notar que eu estava aqui. Novamente pensar em vê-lo me fez sentir mais quente e perturbada. Meus passos foram abafados pela forte chuva lá fora. Isso não importava, pois quanto mais eu me aproximava, mais o mundo se comprimia à apenas aquele quarto onde ele estava. Assim que abri a porta, me deparei um Vitor abatido. Nunca tinha o visto assim antes. Ele estava sentado na beirada da cama, com um cobertor por cima de suas costas, ele estava inclinado e suas mãos se apoiavam em sua testa. Ele vestia um pijama de flanela e seu cabelo estava todo bagunçado. Ao me aproximar Vitor percebeu que havia mais alguém, com um salto ele disse: - Drica! Vitor não parecia ter forças... Será que ele piorou? Olhei para a janela do quarto, a chuva lá fora estava barulhenta, mas o som fazia eu me sentir bem, deixando tudo mais leve. Vitor se deu conta de uma coisa e perguntou: - Você e Leo... Eu assenti. Vitor estava fraco demais para dizer algo, eu não queria força-lo a completar essa pergunta tão perturbadora. - Acabamos esbarrando... – Eu precisei dizer mais alto por causa da chuva. – Mas está tudo bem. Ele não pareceu muito tranquilo, mas não insistiu em saber mais. Levantei o caderno que Gabriela me deu e mostrei a ele: - Ei... Aquela garota baixinha que tinha medo de mim me deu isso. São as anotações da aula de ontem. Vitor conseguiu forçar um pequeno sorriso. - O que você fez para ela? – Ele perguntou, me provocando. Eu bati com o caderno em sua cabeça. - A culpa foi do seu charme. – Eu acabei por rir da cara confusa que Vitor fez. – Ela parece ter uma quedinha por você e me acha legal porque andamos juntos. Vitor deu uma risadinha e então estufou o peito, dizendo: - Finalmente você reconhece meu talento com as meninas... - Idiota... – eu resmunguei. Talento com as meninas? Ele as olhava como se fosse matá-las! – Cale a boca.


Vitor de repente mudou de humor. Ele se mexeu na cama, desconfortável. - Você... Não quer saber o que eu e Leo estávamos discutindo? Eu balancei a cabeça. Eu tinha uma noção do que eles estavam discutindo. Parecia bem clichê da parte deles falar sobre garotas e acusar sobre quem estava usando quem. - Eu tenho uma leve ideia do que aconteceu... – respondi. - Ah... Faz sentido. Nós dois nos calamos desconfortáveis... Eu estava nervosa por tudo que Jota falou, não conseguia me conter. O barulho da chuva era a única coisa que se ouvia agora, nós dois não sabíamos o que fazer. Finalmente tomei coragem. Aproximei-me ainda mais de Vitor que levantou a cabeça para me avaliar. Nós dois ficamos cara a cara. Minhas pernas tremiam um pouco, mas não sabia se era por causa do frio ou do nervosismo. - Posso te pedir algo? – Perguntei. De repente meu coração começou a acelerar. Vitor ainda parecia confuso. - Sim? Eu respirei fundo. Meu rosto corou, mas precisava ter coragem agora. - Tire sua blusa e deixe-me ver suas costas. Notas finais do capítulo Amanhã tem mais (: Não esqueçam de dizer o que estão achando... Espero que esteja bom, eu estou me esforçando para melhorar cada vez mais. Amo vocês ♥

(Cap. 30) Capítulo 30 - Quando o barulho da chuva sumiu. Notas do capítulo Esse capitulo é muuuuito pequeno, mas eu realmente acho que ele vale por muitos. Resolvi escrever só isso, se eu colocasse algo mais acho que estragaria. Como esse é pequeno, provavelmente postarei outro mais tarde. Aproveitem (: O que eu disse pareceu pegar Vitor de surpresa. Por um instante eu me arrependi de pedir, mas aos poucos Vitor foi percebendo o que eu queria dizer.


- Jota te contou tudo, não foi? – Ele perguntou ríspido. Eu assenti. - Sim. Vitor suspirou e se levantou da cama, largando os cobertores. Ele estava mais pálido do que de costume, mas não parecia tão fraco como eu imaginava. - Eu tenho outra escolha? – Ele perguntou. Acabei rindo. - Eu posso usar Ive para tirar sua blusa eu mesma... - Ual! Que selvagem! Dei-lhe um tapa no braço, mas eu estava rindo. - Não se importa se eu rasgar o seu lindo pijaminha? Vitor se recuperou e então começou a desabotoar a camisa do pijama. Eu estava próxima a ele e podia sentir o cheiro de xarope enquanto ele respirava. Aos poucos sua barriga ia se mostrando – preciso dizer que as aulas de educação física surtiram um bom efeito e que pensar nisso me deixou muito nervosa. Por que isso deixa as garotas tão perturbadas, por quê? A situação estava se mostrando constrangedora. Eu me sentia tensa e meu coração disparava. Assim que ele terminou de desabotoar, afastei-me inconscientemente. Vitor pareceu perceber que estávamos muito perto e corou ainda mais. - B-Bem... – Vitor virou de costas. – E-era nisso... Nisso que estava interessada? Eu não consegui responder. A imagem que eu vi foi perturbadora demais. Sobre as costas pálidas de Vitor, várias marcas de cortes estavam espalhadas. A maioria estava do lado esquerdo – pequenos riscos rosados, como rabiscos de criança. Mas o que mais me assustou foi um corte comprido vertical do lado direito – uns quinze centímetros, eu deduzi. Quando me dei conta, eu já estava tocando a enorme cicatriz. - Nesse eu precisei levar ponto... – A voz de Vitor era quase inaudível sobre a chuva. Meus dedos tremeram sobre o corte, e pude ver que ele tinha razão – havia sinais de que pontos foram feitos ali. - P-Por que... Por que nunca... Vitor se virou bruscamente, me pegando de surpresa. - Eu nunca tive a intenção de mostrar isso a você. Vitor estava muito próximo agora. Meus dedos que antes tocavam as suas costas, agora tocavam em sua barriga agora. Rapidamente retirei minha mão e olhei para baixo, envergonhada. Eu não sabia por que, mas olhar Vitor amargurado daquela maneira tinha me deixou mal. - Eu só queria... – comecei. - Não precisa se explicar. Eu... Eu entendo você. Não, ele não entendia. Eu queria agradecer, mas não conseguia falar. Vê-lo tão próximo de mim estava me deixando mais e mais ansiosa.


- Drica... – ele chamou. Eu o olhei e foi então que tudo de repente parou. Meus olhos se encontraram com os dele. O barulho da chuva de repente se tornou mudo para mim. Vitor estava cada vez mais próximo. Ele ainda não vestia a camisa e eu podia ver sua pele arrepiada por causa do frio. - É melhor você se vestir... – Eu perdi minha fala. Quanto mais encarava seus olhos, mais percebia o quanto nós tínhamos em comum. Vitor e eu não éramos diferentes. Nós dois tínhamos os pais separados, éramos sozinhos e sempre nos defendemos da nossa maneira. Passamos por situações parecidas, entendemos um ao outro... Pensar nessas coisas olhando os olhos de Vitor, me fez ceder. Ele se aproximava cada vez mais, seu rosto estava ficando mais próximo a cada segundo. Eu não sabia o que fazer, nem o que esperar. Eu... Eu não sabia mais o que eu queria. Foi então que chegamos tão próximos que as pontas de nossos narizes se tocaram. Estava gelado, mas ao mesmo tempo eu podia sentir o halito quente de Vitor. Esse misto de coisas me deixou ainda mais atordoada. Eu precisava fazer algo... Senti as mãos de Vitor atrás do meu pescoço, me deixando arrepiada, aproximando meu rosto ao seu. Os olhos dele se fecharam... E quando me dei conta os meus aos poucos iam fechando também. Eu não podia fazer isso... Mas minhas ações estavam dizendo o contrário. Nossos lábios estavam prestes a se tocar, até que usei o caderno de anotações para interferir. Dei um pequeno suspiro, aliviado. Eu não sabia onde as coisas iriam parar se isso continuasse. Vitor me fitou atônito e finalmente percebeu o que estávamos prestes a fazer, nos dois nos olhávamos surpresos. Nossos rostos tão próximos e nossos lábios separados por um pequeno caderno. Meu coração poderia sair da boca agora mesmo. Eu estava um pouco tremula, mas não tanto quanto Vitor, que ainda estava sem camisa. - Você... Você está... – Eu não conseguia mais pronunciar uma sentença inteira. – Você está doente. – Eu disse simplesmente, como se aquilo explicasse tudo. Dei um passo para trás, com o caderno ainda em meu rosto, tentando esconder o quanto eu estava vermelha. Vitor estava muito surpreso com a minha reação, mas de repente ele riu. - Está certo... – Por mais doente que ele estivesse, sua face era vermelha como um tomate. – De-Desculpe... Eu não queria... Quero dizer eu... - Não, imagina... – Eu disse, tentando respirar de forma natural. – Esta tudo bem... Devem ser delírios da febre... – Ou era eu quem estava delirando? Vitor abotoou os botões do pijama e voltou a se deitar, se escondendo por completo de baixo do edredom.


- Hã... Você precisa de alguma coisa? – Eu perguntei. Ele demorou alguns segundos para responder. - Não... – Ele parecia bastante envergonhado. – Eu quero ficar sozinho... Eu suspirei. Sim, era um delírio dele. Só podia ser essa a explicação para ele fazer aquilo. Eu disse a mim mesma: “Ele só está delirando por causa da febre, não tem nada haver com você... Então não fique nervosa...”. - Então eu vou estar na sala, caso precise de algo. Saí o mais rápido que pude dali. Finalmente eu pude escutar o barulho da chuva, porém o barulho do meu coração eu não conseguia entender. Notas finais do capítulo Aiin me digam o que acharam. Obrigada por tudo gente, espero que estejam gostando (:

(Cap. 31) Capítulo 31 - As coisas precisam mudar. Notas do capítulo Ooi Pessoas o/ Desculpem, mas a inspiração esta me deixando, por isso se o capitulo não estiver bom... Eu realmente sinto muito. Ah, essa foto é de como eu imagino a Rita (mais ou menos)... A personagem mais amada por vocês...


RITA Eu nunca odiei tanto alguém na minha vida. Os meus últimos meses foram suportando a minha vontade de matá-la todas as noites. O que eu fiz com o caco de vidro foi pouco perto do que ela merecia. O pior de tudo é que Vitor ficou do lado dela. Isso precisava mudar. Drica ainda me subestima demais. Na verdade eu não estava engolindo as falsas desavenças com Jonathan e Daniel. Mas eu sabia fingir muito bem, não posso dar meu braço a torcer agora. Todos precisam achar que eu sou a vítima, que eu sou bobinha e que meus atos não seriam capazes de algo como aquilo. As coisas saíram de controle. Saíram de modo que precisei rever Dado por um bom tempo, sempre planejando tudo direito e esperando a hora certa para começarmos. Eu odiava aquele cara, mas ele era a minha ultima esperança. O plano precisou ser adiado várias vezes, devido a certas ocasiões, mas eu não tinha desistido. Leo já estava do meu lado, as amigas de Drica se voltaram contra ela. Tudo porque o fato de ela ter aparecido com Vitor fez lhes sentirem traídos... Mesmo eu não gostando, as coisas saíram melhores do que eu esperava. Agora eu só precisava da única pessoa que eu realmente amo: Vitor.


O fato de ela cuidar dele enquanto estava doente, mas fez odiar Drica ainda mais. E quanto mais meu ódio acumulava, mais eu achava que precisava acabar com ela o mais rápido possível. Por sorte, já coloquei alguém no meio dos dois para que eu pudesse me sentir melhor. Com essa pessoa espionando e me ajudando, tudo ia ficar mais fácil. As coisas iriam se voltar ao meu favor novamente. Meu plano, em breve, iria se concretizar. Já eram três horas da tarde quando decidi me arrumar para visitar Vitor. Não me importo se Drica disse que ele não quer me ver, eu quero vê-lo e é isso que mais importa. Mesmo querendo Leo, eu ainda não me esquecia de Vitor. Ele era tudo pra mim. Coloquei um vestido simples e um belo sobretudo, deixei meu cabelo solto. Não resolvi passar maquiagem alguma, já que esse tipo de garota não é o que Vitor gosta. Fui ao andar de baixo nervosa. Assim que fiquei frente a frente com a porta, eu respirei fundo. Eu sabia quem iria atender a porta e precisava estar controlada para não deixar as minhas emoções explodirem. Cinco segundos depois de tocar a campainha, me dou de cara com Drica. Ela não parecia estar de bom humor. Ela estava meio nervosa e assim que me viu ficou surpresa ao em vez de furiosa. - Não posso acreditar que realmente veio. – Drica cruzou os braços e me analisou desconfiada. Não deixei transpassar nenhuma emoção, mas as atitudes dela me irritavam. Tudo nela me irritava. Por que ela existia mesmo? Eu apenas sorri e me expliquei. - Tudo pela Morgana... – É claro que eu estava falando a verdade, Morgana me confessou no dia em que eu me cortei para acusar Drica que ainda amava ele. E claro que eu detestei esse fato, mas Morgana era muito mais fácil de lidar do que Drica. Eu estava ali porque eu quero, por mim. Drica pareceu não gostar do que eu disse. Por favor, ela ainda quer se posar de boa moça? É óbvio que você também não gosta dela. Por que ela tenta ser legal e honesta? Drica não me engana. - Não use o nome dela para suas desculpas idiotas. - Minhas desculpas, são minhas desculpas. Eu não me interesso se você gosta delas ou não, apenas deixe-me entrar para vê-lo. Drica suspirou e me deu passagem, mesmo me olhando furiosa. Hoje Drica não estava a fim de discutir... Perguntava-me o que teria acontecido para isso. Tinha o pressentimento de que a resposta não me agradaria. Drica apontou para o corredor. - Vamos, ele está no quarto. Drica seguiu em frente enquanto eu a seguia. Eu questionei: - Você esta muito pacífica hoje... Vai realmente me deixar vê-lo?


Drica parou de repente, ficando frente a frente com a porta. Ela parecia nervosa e realmente não queria conversar. Ela colocou a mão na maçaneta e suspirou, parecendo se preparar para algo. - Não é fácil lidar com Vitor doente... – ela resmungou, mas parecia estar falando consigo mesma. Eu fiquei um pouco confusa, mas resolvi ignorar. Ela não parecia se sentir bem e eu estava apenas interessada em conversar com Vitor. Drica abriu a porta e fez um sinal para que eu entrasse. Vitor estava lendo um livro na cama, um monte de cobertas estavam em cima dele. Assim que ele me viu, quase deu um salto. Mesmo doente Vitor era lindo. Seu cabelo negro e bagunçado e seus olhos misteriosos ainda deixavam meu coração disparando. - O que você...? - Ela só veio fazer uma visita, - disse Drica. Ela não parecia muito bem, olhava apenas para baixo e percebi que ela estava corada. Seu tom de voz era direto e parecia louca para sair dali. Vitor também não conseguiu olhar diretamente para Drica. Eu não estava gostando nem um pouco disso. Drica me empurrou para dentro do quarto e enquanto fechava a porta disse: - Eu vou deixar vocês dois sozinhos... Se precisarem de algo, é só chamar... Vou estar... - Sim... Tudo bem... Eu chamo... – Vitor estava nervoso? Eu nunca o vi dessa maneira antes. Vitor estava muito fofo daquela maneira. Amável e nervoso... Mas ele estava assim por causa dela. Cerrei meus punhos pensando em várias maneiras de torturá-la. Ela estava roubando ele de mim. Vitor me olhou, mas agora estava completamente diferente. Seu olhar sério e ríspido voltou. - O que você quer? Mesmo assim eu não conseguia odiá-lo. - Queria saber como você está... - Eu estou doente, não ficou sabendo? – Depois do que ocorreu com Drica, a situação entre mim e Vitor ficou pior. A maneira como ele me tratava era assim agora. - Não seja assim... Vitor me interrompeu com uma risada maldosa. - Assim como? Eu não acredito que você tem a cara de pau de me ver depois de tudo o que você fez... Droga, sempre isso. Ele sempre acredita nela. - O que eu fiz? Ela foi quem me cortou!


- Não me venha com essa, eu não sou idiota Rita. Eu não sou o Leo! – Vitor gritou irritado. – Seu corte era recente demais para uma hora depois de cortado... Fora que o corte da Drica passou pela parte de cima da mão... Como ela mesma poderia ter cortado as costas da mão tentando te machucar? – Seu olhar era puro ódio. Meu coração doía, eu queria chorar. Ver a pessoa que você ama furiosa com você é doloroso. Ele nunca entenderia que eu estou fazendo é porque o amo. Drica ter aparecido na casa dele quando se machucou, foi produtivo e ao mesmo tempo... Terrível. - Você é idiota por acreditar nessa garota estúpida... - NÃO FALE ASSIM DELA – Ele vociferou. – VOCÊ É ESTUPIDA! SAÍA DAQUI! Eu fiquei pasma. Não conseguia mais falar. Seus olhos claramente estavam furiosos comigo... Por culpa dela... Unicamente dela. - Não grite assim comigo, - eu choraminguei. Na verdade eu queria fazê-lo acordar, perceber que precisa de mim. Queria puxar seus cabelos e o fazer olhar nos meus olhos. E fazê-lo entender que ele me pertencia. Vitor se deu conta de sua fúria. Mesmo assim continuou ríspido. - Não fale assim da Drica... Ao contrário de você ela não é mentirosa. - É o que você pensa... Um dia você vai perceber que você me ama... Então vai descobrir tudo sobre a Drica. Até Morgana e Leo foram suas vítimas... Drica não é quem você pensa. Vitor levantou uma sobrancelha, desconfiado, mas ele não ousou dizer nada. Eu estava começando a plantar a semente... - Espere Vitor... Você vai acreditar mim. – Um dia você será meu... Deixei a curiosidade suspensa no ar e me retirei como se estivesse profundamente magoada. Lágrimas nem um pouco verdadeiras estavam saindo. Mas o que eu sentia era ódio, raiva, uma fúria descontrolada... Drica ia pagar pelo que fez. Quando cheguei à sala me deparei com uma Drica pensativa, olhando da janela a chuva que já estava diminuindo. Parece que ela não notou os gritos vindos do quarto: uma humilhação a menos para eu passar. Drica percebeu que eu estava ali e perguntou: - Já vai embora? Eu queria gritar, queria brigar com ela, queria atirar diversas coisas e machucá-la, queria a fazer sofrer e chorar... Mas me contive profundamente. Aquele olhar inocente... Aquilo não podia ser verdadeiro, ela era um monstro... - Já falei o que precisava... – Precisei conter minha respiração para poder continuar. – Você me paga. Saí batendo os pés e deixando um estrondo ao fechar a porta. Voltei para o meu apartamento e gritei, o máximo que pude, deixando o meu ódio no ar, liberando minha fúria. Minhas mãos tremiam, eu mordia meus próprios


lábios me segurando para não quebrar nada. Tudo tinha um sabor amargo, olhar para aquele apartamento me dava nojo. Lagrimas de pura raiva surgiram. Eu não quero me dar por vencida. Peguei meu celular e fiz uma ligação. Meus dedos corriam desesperados pelas teclas. Respirei fundo esperando que atendesse... Eu segurava o celular com tanta força que meus dedos doíam. Aquela raiva estava me corroendo. - Oi... Parece que os dois estão se aproximando... – eu disse. Após uma resposta imediata, eu respondi: - Faça o seu trabalho direito. Eu sei que você quer esses dois separados tanto quanto eu quero. Vou ligar para Dado. Sim, aquele plano... Vamos colocá-lo em prática. Desliguei rapidamente e joguei o celular com toda força no sofá. - Os seus dias de paz... Eles se foram... Drica. As coisas vão mudar para você – eu resmunguei. Só de imaginar o que iria acontecer me fez rir. A vitória vai ser minha. Notas finais do capítulo Curiosidade: o Nome da "Drica" foi inspirado na minha personagem favorita de H2O meninas sereias (eu realmente gostava muito da série), mesmo uma história não tendo nada em comum com a outra, só o nome. Não deixem de me dizer o que acharam. Obrigada o/

(Cap. 32) Capítulo 32 - Eu vou me vingar. Notas do capítulo Gente, sinto muito por não postar ontem, eu tava meio nervosa por causa das aulas... Sinto muito mesmo. Obrigada pela paciencia, espero que me entendam: agora com a escola vai ser mais dificil, mas vou me dedicar. Aproveitem (: DRICA. Eu gostaria de dizer que as coisas melhoraram quando Vitor se recuperou da gripe. Mas dizer isso seria enganar alguém que já sabe de toda a verdade. Eu achava que as coisas na escola tinham melhorado. Agora Gabriela não fugia mais de mim e os boatos sobre eu intimidá-la desapareceram. Lucas, Vitor, Jota, Gabriela e eu nos tornamos um grupo. As provas haviam começado e graças à ajuda de Gabriela nos saímos bem. É claro que Lucas não deixou a oportunidade de importunar uma garotinha tímida e fujona como Gabriela. Ela se tornou seu novo brinquedinho


de diversão. Bem... Lucas era grande e Gabriela era minúscula perto dele, então realmente parecia isso. - Você é tão pequenininha... Menor que a Drica... – ele dizia enquanto tentava pegá-la. Gabriela sempre se escondia atrás de mim. – Nem tente usar o canivete Drica... Ela é tão bonitinha... – Lucas fazia uma cara engraçada para assustá-la. Eu e Vitor soltávamos risos. - Drica... – Gabriela implorava. – Me ajuda... Ele é maluco... E foi assim que passei os últimos dias de férias. E depois as férias chegaram. Duas semanas de paz. Paz... Não foi bem isso que ocorreu. Assim que as férias finalmente começaram, sem escola para me incomodar, finalmente pensei que poderia ter dias tranquilos em casa. Bem, Rita saía o tempo todo com Leo, Lucia e Morgana, então eu pude sim ter esses pequenos dias de tranquilidade. Exceto pelos dias em que eles iam até minha casa. Não era realmente confortável. Por compensação, Gabriela e os meninos estavam comigo quando isso acontecia. Gerando raiva mútua. Sabe a Guerra Fria? Era algo assim... Porém, foi no inicio da segunda semana de férias, que tudo realmente mudou. Eram sete horas e Jonathan ainda não havia chegado. Eu e Rita disputávamos o sofá enquanto assistíamos a um programa qualquer na televisão. - Não toca na minha pipoca, - eu pedi enquanto ela tentava sorrateiramente pegá-la. – Eu fiz para mim, não tem lugar para mais duas mãos asquerosas que quebram copos nos outros... - Gulosa, divida um pouco comigo, - ela resmungou. – Sua gorda... - Melhor ser gorda do que uma falsa duas caras, - retruquei. – Consegui minha reputação de forma mais digna que você. Sim, adorávamos nos bicar. Eu não podia ficar calada nessas horas, afinal... Sou eu, a Drica. Depois daquilo ficamos em cantos diferentes do sofá num silêncio assustador. Até o celular de Rita tocar, assim que ela leu a mensagem ficou animada. O olhar dela já me dizia tudo, tudo o que eu queria que ela não dissesse, mas que ela ia dizer independente disso: - Leo está me convidando para jantar na casa deles... – Ela me olhou, esperando que eu tivesse alguma reação. – Os pais dele virão me buscar... Eu fiquei irritada com aquilo, principalmente com o fato dos pais. Leo nunca havia me convidado para algo assim em sua casa, nem para conhecê-los e, percebendo isso, notei que talvez eu realmente não fosse nada sério. - Eu tenho que ir junto? – Perguntei. - É claro que não. Você não foi convidada.


- Então cala a boca e vai logo... Eu quero ver meu programa. Ah! E por favor, se afogue com a comida. Rita revirou os olhos e se dirigiu para o quarto. - Vou me arrumar! – Ela gritou animada. Que droga, odiava quando ela jogava que essas coisas em mim. Eu também esperava um telefonema de quem quer que fosse para me tirar dali. Um de Gabriela, me pedindo para irmos à sua casa e comermos os biscoitos da mãe dela, ou um de Vitor me convidando para um passeio ou ver um filme. A verdade é que eu Vitor estamos um pouco distantes desde o incidente no dia da chuva... Era algo constrangedor para ambos os lados. Mas mesmo assim eu tinha esperanças de tudo voltar ao “normal”. Rita saiu deslumbrante do quarto. Seus cachos estavam soltos, ela usava um sobretudo xadrez sobre um belo vestido azul marinho que ia até seus joelhos. Ela piscou para mim e disse: - Não sei que horas vou chegar... Então não espere por mim. - Eu nunca espero por você... Na verdade torço para que te deixem morar lá, desse modo posso ter meu quarto de volta. - Seria maravilhoso dividir o quarto com o Leo. – E com uma risada cínica ela saiu aos pulinhos de casa. – Você não acha? Agora eu estava sozinha em casa, com meus moletons mais quentinhos, comendo minha maravilhosa pipoca... Sozinha. Suspirei. - Leo isso... Leo aquilo... Ela acha que isso funciona em mim? – resmunguei. – Ele é idiota, mas não maluco de se deitar com você... A verdade era que eu não olhava mais Leo da mesma maneira e meu coração não disparava, mas às vezes eu não tinha certeza disso. Mas não podia simplesmente ignorar o fato de ele existir... E de saber que eu poderia ter sido mais experta e não confiado demais nele. Eu sou uma tremenda idiota. E uma hora se passou desde a saída de Rita. Eu estava começando a me preocupar com o atraso de Jonathan. Ele podia estar na casa de Daniel, mas ele poderia me avisar... Os minutos começaram a se tornar sufocantes e em vez de assistir a TV eu olhava os ponteiros do relógio. Resolvi tomar um banho para relaxar. Ele está tudo bem, eu pensava... Mas eu tinha um mau pressentimento, não sabia por quê. Meu banho na verdade foram mais minutos pensando do que realmente tomando banho. Meus movimentos eram inconscientes e não me dei conta do tempo. Saí quando percebi que meus dedos já enrugavam por causa da água. Assim que terminei de colocar a roupa e secar o cabelo, escutei um estrondo vindo da sala. - DRICA! – Alguém gritou, era a voz de Daniel. – DRICA AJUDA AQUI!


Meu coração de repente engordou dois quilos. Minha cabeça deu vários giros até eu sair do banheiro, tropeçando em meus próprios pés. Assim que cheguei à sala, demorei um tempo até processar o que vi. Daniel segurava um Jonathan semiconsciente e todo machucado. Seu olho estava inchado, havia várias marcas de cortes em seu rosto, sua boca estava roxa, cortada e também inchada. Os braços de Jonathan eram uma mistura de cortes e hematomas. Pude perceber que Jonathan mal respirava. - O... O-Oque aconteceu? – eu perguntei. Eu não sabia se queria chorar ou se queria pegar Ive para matar quem vez isso. Eu tentei não gritar enquanto falava. Daniel também parecia assim. Como Jonathan era maior que ele, tinha dificuldades em mantê-lo em pé. - Apenas... Ajude-me... – Daniel soltou alguns soluços. – Eu estou desesperado... Eu rapidamente ajudei Daniel a colocá-lo na cama. - Por que não o levou para o hospital? – Eu perguntei atordoada. Daniel parecia perturbado demais responder. Aquilo já respondia tudo. Jonathan soltou um gemido e logo disse: - Kit... – Caramba ele ainda tinha forças para falar? E tinha que ser isso? Francamente, Jonathan não é reconfortante. Fui até o guarda-roupa e trouxe o Kit, Daniel o pegou de minha mão e rapidamente começou a tratar de seus ferimentos. Meu irmão estava horrível. Quando desabotoei sua camisa pude ver mais machucados. Quem teria feito aquilo? Aquelas pessoas que não suportam ver gays... Homofóbicos? Eu não entendia o que estava acontecendo, só queria matar quem fez isso. Mais tarde, Jonathan estava dormindo. Daniel segurava uma bolsa de gelo em seu olho inchado. O que podíamos fazer, fizemos, agora era só esperar. Nós dois nos sentamos de cada lado, eu estava acariciando os cabelos do meu irmão quando percebi um galo. Isso me fez sentir pior, soltei um gemido: - Quem fez isso?... – eu sussurrei, quase chorando. Eu não sabia se contava para meu pai ou não, eu estava confusa e a ponto de explodir. Daniel suspirou e acariciou o rosto de Jonathan, ele sorria, mas lágrimas escorriam de seu rosto. - Eu não pude ver muito... – ele começou. A voz de Daniel estava fraca. O rabo de cavalo perfeito que ele sempre fazia, agora estava bagunçado. – Foi quando ele saiu do trabalho, não muito longe do escritório. Cheguei bem na hora em que eles ainda o chutavam, mas Jonathan já estava... – Daniel fez uma longa pausa, se segurando para não cair em um choro maior. – Um deles tinha uma barra de ferro... Quando me viram, fugiram, mas eu escutei um deles chamar o outro de... Como era? Era Bado... Não... Dado, isso! Gritaram coisas terríveis... Ninguém me ajudou...


No momento em que Daniel disse isso, eu congelei. Agora meu irmão era a vítima? Meu corpo inteiro formigava, minhas mãos coçavam, queriam se mover. De repente eu saltei da cama. - EU NÃO ACREDITO! - Gritei em fúria. – AQUELA COISA VAI ME PAGAR! DESGRAÇADO! MALTITO! VOU MANDAR AQUELES FILHOS DA MÃE PRO INFERNO! Fui até meu quarto e procurei no canto mais escuro de meu armário, algo secreto... Algo que Jonathan jamais saberia que eu tinha trazido. Era algo para grandes emergências... Essa era uma grande emergência. Eu ia assassinar um dadinho hoje. Minha ideia era desesperada, sem sentido, nem um pouco sensata e acima de tudo homicida. Eu estava pronta para fazer o que pudesse e vingar meu irmão. Fui até Daniel que tomava um copo de água na cozinha, ele ainda tremia, mas tentava não aparentar isso. Suspirei, tomei coragem e disse: - Vou dar uma saída... Daniel arqueou as sobrancelhas, de boca aberta. - Aonde você vai? O que esta fazendo com esse taco de beisebol? Eu estava exaltada, queria sair correndo. Ajeitei minha toca e fechei minha jaqueta. Eu até pensei em chamar Vitor, mas talvez ele estivesse ocupado, então resolvi ir sozinha. Eu precisava fazer isso. - Eu vou a um jantar, na casa do Leo. Não tenho hora para voltar. – Eu não esperei Daniel dizer alguma coisa, eu já estava descendo as escadas quando me dei conta. Notas finais do capítulo Me contem o que estão achando... E o que acham que vai acontecer, adoro quando vcs comentam *o* Obrigada por tudo Quanto as imagens dos meninos... Vou mostrá-las amanhã, sem muita certeza.

(Cap. 33) Capítulo 33 - O que é necessário fazer. Notas do capítulo Desculpem a demora, mas está aqui finalmente!!! Obrigado por esperarem ^^

Eu não recomendaria sair por aí com tacos de beisebol.


Pegar um táxi com um já foi um grande desafio. Assim que consegui entrar em um, disse o endereço no qual eu queria que me levasse, porém o motorista olhava entre mim e o taco. – O que foi? – Perguntei, ignorando a existência da minha arma. – Quer que eu pague adiantado para o senhor? Ele apenas continuou olhado, eu revirei os olhos. – Ah Meu Deus! Bem, a um tempinho que não uso esse taco... Estava pensando em usá-lo mais tarde, mas se o senhor continuar olhando, creio que vou fazer um pequeno teste no senhor para ver se funciona. – Lancei um olhar irritado e impaciente. O motorista se pôs ao volante. – Nem pense em ganhar desconto por isso mocinha... Eu sorri com o comentário do homem barrigudo. Finalmente alguém sensato o suficiente para não me contrariar. Leo morava longe, quase do outro lado da cidade. Nesse lado, ficavam apenas lindos casarões de pessoas importantes, donos das terras que rodeavam as fronteiras da cidade. Morgana disse que a cidade não era tão pequena como eu imaginava, ela estava certa, a cidade era grande sim. Nesse lado moravam também Morgana e Gabriela, mas nem passou pela minha cabeça em fazer uma visitinha. Isso não me importava, eu ainda estava traçando um plano para invadir a casa de Leo. Meu canivete ficou pesado em meu bolso, é claro que nunca largaria Ive, que me livrou de maus momentos. Estava frio e eu segurava o taco de beisebol com tanta força que meus dedos doíam. Eu estava desesperada, lembrando-me de como Jonathan estava machucado. Mesmo que eu me arrependesse, não iria desistir de torturar quem fez isso com ele. – Estamos quase chegando moça... A casa fica no fim daquela rua ali. O carro estava parando em uma pequena rua, na qual a saída era bloqueada por um enorme portão, do qual se podia ver uma enorme casa por trás. Olhei ao redor e pude ver que apenas casas grandes e jardins grades rodeavam por aqui. Apenas uma ou duas lojas podiam ser vistas. Era noite, então eu não tive uma visão bem clara do local. – Você pode esperar aqui? – Perguntei enquanto olhava para a casa onde várias luzes estavam acesas. Leo estava lá, senti um arrepio na espinha. – Tem dinheiro para pagar? – Claro que tenho... - Fui até o bolso e paguei o valor da ida até a casa de Leo. – Te darei o dobro se me esperar. – Fique a vontade... Eu saí do carro, já entrando na estreita rua. Devem se perguntar da onde tirei tanto dinheiro... Bem, eu peguei emprestado da carteira de Jonathan antes de eu sair de casa. Sim, eu penso em tudo. Quando você quer se vingar de alguém, você se torna um perfeito amante do crime. Enquanto andava, olhei para o relógio e vi que já ia dar nove horas. O tempo passa voando.


Parada na frente do portão (de uns dois metros de altura) analisei ao redor... Nada de seguranças ou coisa do tipo. Averiguei ao redor para ver se tinha cerca elétrica... Apenas nos muros. O portão estava trancado. – Mas da para pular... – resmunguei. – Desse jeito é fácil assaltar as casas... A cada dia eles facilitam mais... Fui até o canto do portão, onde pude ser escondida pelas sombras. Comecei a escalar, sempre atenta à presença de algum segurança. Mas eles negligenciavam o trabalho, não havia nenhum por ali. Na decida foi mais complicado, assim que saltei escutei latidos vindos do fundo da casa. Ah! Sabia que estava fácil de mais... Comecei a correr até a varanda da casa, mas era uma boa corrida até lá. Ofegante, finalmente cheguei, mas nenhuma forma de vida além de mim estava aqui. Minha raiva estava acumulada, eu estava cansada, com fome, segurando um taco de , pronta para ser presa por invasão e ainda tinha que fugir de cachorros invisíveis... Eu sabia que isso ia ser descontado em alguém, com certeza ia. Do outro lado da porta, pude ouvir risadas... Algumas eram familiares, outras eram mais velhas... Rita, Leo, Lucia e seus pais estavam ali. – Odeio estragar reuniões de família... Mas é necessário... – olhei pela janela, que estava a alguns metros distantes da porta. Eles conversavam distraidamente, sorrindo, mas eram sorrisos desconfortáveis... Aquela situação de gente rica e metida. Suspirei. Eu já sabia o que iria fazer. Coloquei-me diante da porta da frente, havia uma campainha... Toquei. – Pronto, agora é só continuar tendo cara de pau e continuar... – Escondi o taco de beisebol atrás de mim. – Seja simpática Drica... Achei que seria algum mordomo ou uma empregada que iria atender, mas foi bem diferente disso. A porta se abriu e me dei de cara com Leo, que digamos, não estava muito feliz em me ver. – O que você esta fazendo aqui? – Ele perguntou bem alto. – Como conseguiu entrar? Eu estava tão irritada e furiosa, que lhe daria uma tacada na cara agora mesmo, mas estava guardando para quem realmente merecia. Eu apenas sorri e respondi inocentemente. – Oi Leo... Até parece que você não me conhece... Posso entrar um pouquinho? Leo ainda me fitava atônito demais para responder. Uma voz ao fundo perguntou? – Quem é filho? – Era a voz de uma mulher, ouvi passos se aproximando cada vez mais. Parecia que o coração de Leo ia saltar pela boca.


Uma linda mulher apareceu diante de mim, cabelos dourados e olhos azuis, ela usava roupas sociais e me lembrava duma advogada. Era uma versão de Lucia mais madura. – Quem é essa? – Ela... Ela é... – Drica, muito prazer. – Tentei esconder ao máximo o taco de beisebol. – Sou a prima da Rita... Antes que eu pudesse terminar, a mulher firme e séria que eu havia visto sumiu. – Drica? – Ela olhou fascinada para Leo. – Aquela Drica? Meu Deus, você é tão... Famosa... Salvou meu filho daqueles delinquentes! Tanto Leo, quanto eu, ficamos surpresos. – Venha! Entre um pouquinho... Ou pude ouvir as vozes de Lucia e Rita se perguntando: “Drica? O que ela faz aqui?” “Mas como ela conseguiu entrar?”. Eu tive que me controlar, estava a ponto de sair correndo. – É... Eu agradeço a generosidade... Mas só quero conversar com Leo, a sós... Dei uma olhada em Leo, advertindo de que se ele me acusasse de algo, morreria. Ainda bem que ele não disse nada. Meus olhares estavam começando a surtir efeito nas pessoas... – Ah! Entendi... Então... Aproveitem o jardim... Volte logo Leo... – E com uma piscadinha ela fechou a porta e me deixou do lado de fora sozinha com Leo. Leo não disse uma palavra sequer. Estávamos frente a frente. Ele de cabeça baixa, misterioso, e eu ali esperando alguma reação. – Você é louca? – Ele finalmente perguntou. – Você ainda pergunta? – O que veio fazer aqui? Me perturbar? – ele parecia resentido com algo. – Quase isso... Podemos ir a um lugar onde Rita não vai aparecer? Quero falar com você... E estou com pressa, o taxímetro ta rodando. Leo levantou a cabeça e me olhou confuso. Fomos até o canto do portão, novamente escondidos pela sombra que o enorme muro fazia. – O que você quer? – Quero que me diga o esconderijo de Dado. Leo me olhou como se eu fosse maluca. – O que? – Foi o que eu disse... Eu quero que... – VOCÊ ESTÁ BRINCANDO? VIR ATÉ AQUI PARA ME PEDIR ISSO?


– MEU IRMÃO ACABOU DE SER ESPANCADO POR ELE! DANIEL VIU QUE FOI DADO! EU QUERO ESPANCÁ-LO E O FAZER DIZER POR QUE! EU SEI QUE ALGUÉM MANDOU! Finalmente, minha fúria estava se esvaindo. Leo estava em choque com minha resposta furiosa. – Você está me acusando? Ou acusando Rita? – Não. Eu só quero ir até Dado e fazer ele falar. – Eu não vou te dizer... Você vai se machucar e... – Ele parou de falar quando finalmente revelei o taco de beisebol. – Te garanto que não sou eu quem vai se machucar... Apenas me diga. Eu vou ficar bem. – Por que veio até mim? – Por que você já usou aqueles caras para bater em outras pessoas, provavelmente você sabe onde ele está. Eu sei que um dia você já foi como eles. Isso foi pior que um golpe com tacos de beisebol, mas eu precisava dizer. – Perdeu seu tempo. Eu não vou dizer onde ele está. Agora, eu queria gritar. Não estava dando certo. – Por que...? Não... Você tem que me dizer... Meu irmão veio desmaiado para casa e... – Eu já estava começando a chorar. Lembrar-me disso pela centésima vez já era demais, eu não queria, mas entrei em desespero. Mostrar esse lado frágil a Leo era humilhante, mas eu não sabia o que fazer. O que Leo fez a seguir me deixou ainda mais indefesa. Ele tinha esse dom para fazer isso comigo. – Sinto muito... – Ele secou as lágrimas que percorriam meu rosto e logo me abraçou. Senti meu corpo se tornando pedra. – Mas eu não quero que você se machuque... Eu me preocupo com você. Eu precisava fazer algo antes que eu... Vacilasse. Empurrei-o para trás. – Eu não quero suas desculpas, nem seu abraço. – Joguei todo meu rancor nele. – Apenas me diga onde ele está... Uma voz feminina atrás de mim respondeu. – Ele fica em uma casa de madeira, três quadras depois da lanchonete do Tom, aquela em que você esbarrou com o grandão... – Uma Rita assustadoramente calma se aproximava de nós. Leo estava atônito. – Vai lá, vingar seu irmão e deixa o Leo em paz. – Rita... – Leo parecia magoado. – Por que você respondeu... – Eu não quero ela perto de você! – Rita usou um tom de injustiçada maravilhoso. – Ela usa as pessoas, ela esta usando todo mundo! Deixa essa garota apanhar daqueles idiotas, ela merece! Suspirei. – Pela primeira vez, eu vou te agradecer Rita.


Rita sorriu, divertida. – De nada... Apanhe bastante por mim. Passei correndo por ela, comecei a escalar o portão, porém Leo segurou meu casaco. – VOCÊ NÃO VAI! – LEO! PARE DE PROTEGER ESSA GAROTA! – Rita gritou, praticamente ordenando Leo. Eu chutei o braço de Leo, que se afastou rapidamente. Era difícil manter o equilíbrio segurando um taco de beisebol, mas eu me saí bem. Rita e Leo assistiam enquanto eu chegava ao outro lado. – Até mais, - eu me despedi. Sorri para Leo, agradecida, mesmo que ele não quisesse me ajudar. Comecei a correr até o taxi, que ainda me esperava. Mas assim que abri a porta do carro, ouvi um grito. – DRICA! NÃO FAÇA ISSO! É PERIGOSO DEMAIS... – A voz de Lucia estava vindo do outro lado do portão. Eu quase olhei para trás, mas não podia deixar me levar agora. Entrei no carro, dei uma ultima olhada na casa. Leo e Lucia estavam aflitos, mas Rita estava de braços cruzados, indiferente. – Aonde mocinha? – o motorista pediu me olhando impaciente. Eu estava ofegante e demorei a responder. Dei-lhe o endereço e começamos a nos deslocar. Imagens passavam seguidas em minha mente, Jonathan machucado, Daniel desesperado, Leo preocupado, Rita assustadora e Lucia aflita... Mas eu afastei tudo isso e foquei em apenas bater em Dado. – Hoje vou quebrar um brinquedinho... – murmurei para mim mesma. Notas finais do capítulo Ufa... Acabei de escrever esse capitulo, dedos cansados... Mas faço tudo isso por vocês *o* Espero que tenham gostado.

(Cap. 34) Capítulo 34 - Algo Inesperado. Notas do capítulo Desculpem a demora, eu to bem doente nesses ultimos dias (muita tosse e falta de ar) então fico dificil escrever. Então fiz esse capitulo enorme que era para postar ontem a noite, mas adivinhem? Fiquei sem net T.T Bem, agora esta aqui, boa leitura o/ A tensão aumentou ainda mais quando o motorista me deixou na frente de um terreno onde havia apenas uma casinha de madeira.


Meu taco de beisebol ficou mais pesado, eu apertava como se minha vida dependesse dele. Eu estava completamente sozinha e dependia apenas de mim mesma para o que acontecesse. Comecei a passos lentos, caminhando em direção a casa... O terreno ficava distante das lojas e casas, eu estava completamente sozinha. Havia apenas a luz de um poste a poucos metros e a luz que saía da casinha. À medida que eu me aproximava, escutava risadas e garotos falando... A voz de Dado era uma delas, a mais nojenta. Fiquei parada na porta... Agora eles apenas murmuravam baixo, como se pudessem sentir minha presença. Eu não estava interessada na conversa (repugnante, então não queiram saber o assunto), eu estava absorta demais no que eu deveria fazer. Bater na porta e dizer: SEUS DESGRAÇADOS FILHOS DA MÃE! E depois começar a espancar todo mundo? Não. Era educado demais. Chegar de maneira agressiva também não era uma boa opção. Eu podia ter o meu taco de beisebol, mas eu podia estar em grande desvantagem numérica. Respirei fundo, assim que tomei coragem para abrir, a porta se abriu sozinha. Na minha frente, um garoto alto com uma touca suja me olhava sorridente. – Então você veio... – Dado disse. Eu dei três passos para trás, com medo de perder meu equilíbrio por causa de seu cheiro. Olhar para ele me dava repulsa. Agora eu sentia ainda mais, por ele ter quase matado o meu irmão. – Não fuja bonitinha... – Eu não estou fugindo. – Me posicionei com o taco a minha frente. – Ual! – Ele gritou irônico. – Você veio com isso só para vingar aquela bicha do seu irmão? Meu corpo todo ferveu – minha raiva que estava acumulada esse tempo todo se soltou com um grito e meu corpo indo em direção a ele. Eu queria matá-lo, torturá-lo e mandá-lo para o inferno, de onde ele saiu. Meu taco acertou o seu estomago antes que ele pudesse se defender. Ele caiu de joelhos e dei um chute em sua cabeça. Sim, eu estava muito selvagem. Isso é fruto de uma garota faminta, cansada e raivosa. – Não fale assim do meu irmão seu miserável! – Eu gritei furiosa. Mais dois garotos (inclusive o assustador que espancou Leo da ultima vez) vieram para parar a minha série de chutes em sua cabeça. – Desgraçado, nojento, seu monte de lixo fedido a álcool... Antes que os garotos pudessem me segurar, ataquei-os com o taco. Foi tão surpreso para eles quanto foi para Dado.


Eu descontei toda minha fúria neles, dando chutes e desviando de seus socos. Eu tenho 15 anos, desde a quarta série, entro nessas brigas, eu tinha experiência e segurança para brigar. Alguns minutos se passaram até eu dar todos os meus golpes neles. Finalmente respirei aliviada quando deixei todos ofegantes no chão. Eles estavam mais cansados do que realmente machucados. Mas eu não me importava desde que eles sofressem. Dado acabou rindo. – Então... É só isso? – Ele começou a se levantar. Eu já ia em direção a ele para lhe dar uma nova tacada quando ele apontou o dedo para dentro da casa. – Tem uma coisa ali... Que vai acabar pagando por tudo o que você fizer com a gente... – Ele deu um sorriso sádico. De dentro da casa saiu o que deveria o ultimo da gangue de Dado. O menino de cabelos até os ombros saiu arrastando uma pequena menininha morena que eu conhecia bem. Ela estava com a boca amordaçada e chorava desesperadamente. – A achamos no meio do caminho... – Explicou Dado indo até ela. – Não é divertido? Eu tenho um novo brinquedinho... Mas eu quero me divertir com você. Eu estava travada. Gabriela parecia gritar meu nome por trás da mordaça, mas saiam apenas gemidos. Ela chorava e estava toda machucada. O que eu poderia fazer agora? – Então você entendeu, - disse Dado, acariciando os cachos de Gabriela. – Um movimento qualquer contra nós e ela... – Dado retirou uma faca do seu bolso, por um momento parei de respirar. Eu fitava atônita enquanto ele levava a faca até o rosto de Gabriela. – NÃO! PARA! NÃO FAZ ISSO COM ELA! – Eu gritei, sem pensar. – RATO COVARDE! Dado parou de repente e me olhou divertido. Porém, sua expressão mudou para uma séria, ele não queria mais brincar. – Você não manda em mim desgraçada. Sabe a vergonha que eu passei da ultima vez? Pai policial... Tudo uma mentira para nos intimidar. Eu adquiri um ódio muito grande por você baixinha... Mas também uma admiração pela coragem. Dado começou a caminhar até mim. Eu ainda estava com uma pedra. Meu coração começou a bater em um ritmo forte, prestes a ter um ataque. Dado levou seu rosto aos meus ouvidos e disse. – Me deixe fazer o que quiser com você... – Sua mão foi até a minha, pegando o taco de beisebol de minha mão. Gabriela estava tão desesperada que eu o deixei pegar. – Eu solto a garota se você for boazinha. Eu também estava chorando. Eu queria vingar o meu irmão, que foi quase morto por esses bandidos. Mas agora eu estava igualmente impotente... Porque eles estavam novamente usando alguém inocente para isso.


– A deixe ir, - eu pedi. – Em troca pode me bater o quanto quiser. Todos os garotos soltaram uma risada satisfeita. – Era isso que eu queria ouvir! – exclamou dado levantando as mãos. – Primeiro solte ela, - adverti. Eu não queria fazer papel de heroína nem nada assim. Mas sabia que a culpa por ela estar ali é minha, de alguma forma eles descobriram que ela é minha amiga. Como eu poderia deixar ela ali, sofrendo? Como eu poderia lidar com o sentimento de culpa? Dado apontou para o garoto que segurava Gabriela pelos cabelos. O garoto assentiu, tirou as cordas das mãos dela e a mordaça. – Drica... Não... – ela estava desesperada. As lágrimas saiam em dobro dos meus olhos. – Não precisa... – Gabriela foi interrompida por um tapa do garoto que lhe segurava. – Cala a boca e vai embora, antes que eu amarre você de novo. Eu não ousei dizer nada, apenas assenti para que ela fosse. Gabriela pareceu contrariada, mas correu, mancando, para fora do terreno. Assim que Gabriela saiu de vista, os meninos olhavam contentes para mim. Antes que eu pudesse fugir, fui segurada por trás, segurando minhas mãos para eu não fugisse. Dado chutou meu estomago, senti que eu poderia cuspir meus órgãos pela boca. Caí de joelho, buscando por ar. Fui chutada nas costas, tornando tudo atrás dormente. Caí com a cara no chão, batendo meu queixo. Meus pés foram amarrados. Eu me debatia, tentava fugir e me desviar, mas os dois chutes deixaram minha visão turva e minha força menor. – Você nos deve essa... – Dado sussurrou. – O que o seu irmão teve não é nada perto do que pretendo dar a você. Dois garotos me pegaram um em cada braço. Os outros quatro estavam a minha frente, sorrindo. O meu taco de beisebol estava nas mãos de Dado. Meu massacre começou. Socos múltiplos foram dados em meu rosto, até que começasse a dormência e eu sentisse apenas pequenas pontadas. Pude sentir a minha visão esquerda turva, meu olho devia estar inchando. Ao mesmo tempo, eu não conseguia mais respirar devido aos chutes em minha barriga e as tacadas em minhas costas. Eu queria tossir, mas não conseguia abrir minha boca nem para gritar de dor. Meu cabelo foi puxado diversas vezes até sentir minha cabeça queimar. Meu casaco foi tirado. Eu estava apenas com uma fina blusa, morrendo congelada no ar frio enquanto meus braços eram cortados, com meu próprio canivete. Eu estava tão congelada que nem sentia mais os cortes. Eram apenas dores agudas internas, como se os facas atravessassem meu corpo. Eu não tinha mais pele. Era humilhação demais.


Quando minhas pernas já tinham dois cortes, senti um soco, mas não em mim. Um dos garotos que segurava meu braço caiu ao meu lado. Depois o outro, me livrando daqueles que me prendiam. Eu não conseguia mais entender. Não era eu quem estava sendo espancada? – O que você...? – Eu escutei a voz de Dado perguntar. Mas não era claro, meus ouvidos zuniam. Apenas gritos, socos e gente caindo... Era só o que eu ouvia. Eu caí no chão, ninguém mais me batia. Eu queria me levantar, mas não conseguia mover um centímetro do meu corpo e nem dizer uma palavra. Gemidos miseráveis eram o que saiam de minha boca. Por que as coisas tomaram esse rumo? Eu me perguntava. Fechei meu punho, mas o ato fez os meus nervos queimarem. Não escutei mais nada, nem garotos, nem chutes ou socos. Meus olhos estavam fechando... Eu estava exausta... – Você está bem? – Alguém perguntou. Aquela voz... Era um pouco difícil de ouvir, mas eu conhecia aquela voz... Não podia ser... Ele? De todas as pessoas no mundo... Será que foi ele quem me salvou? Meu coração... Finalmente comecei a sentir meu coração bater. Eu estava tremendo, agora já podia sentir frio. A minha visão estava voltando ao normal, mesmo que a do olho esquerdo estivesse um pouco turva. Meus pés não estavam mais amarrados. – Eu vou levar você... – Ele disse, me pegando no colo. Estava escuro, não podia ver sua expressão. Eu estava surpresa demais, agora minha cabeça estava vazia... Olhei para trás, na direção da casinha, enquanto era carregada, mas não havia mais ninguém lá. Enquanto caminhava, ele disse. – Eu já cuidei deles... Eu soltei um gemido... O gemido dizia mais ou menos assim: O que está fazendo aqui? Eu escutei uma risada, mas ainda não pude ver seu rosto. – Você teve sorte. Só isso. Outro gemido meu disse algo como um: hã? Ele parou perto de um poste, onde a luz me permitiu ver seu rosto. Meu corpo todo formigava, eu estava nervosa. – Eu estava voltando do trabalho e de longe pude ver você descer de um taxi... Eu achei estranho e segui você... Pena que não deu para chegar a tempo. Sou um idiota. Eu sorri. Sim, ele era um idiota, sempre foi. Eu mexi um pouco as minhas pernas, pedindo para descer. – Consegue ficar de pé?


Eu assenti. – Sim... – Aos poucos minha voz retornava, mesmo que minha boca ainda estivesse machucada. Fui colocada de pé, com todo o cuidado, mas assim que tentei ficar em pé sozinha fiquei tonta. Acabei caindo de joelhos. – Droga... – resmunguei. Lucas se abaixou e me olhou nos olhos. – Eu ainda posso te carregar. Algo em Lucas estava diferente. Seu olhar divertido e despreocupado sumira. Aquilo me deixou um pouco surpresa e encantada ao mesmo tempo. Novamente comecei a tremer, o frio estava novamente me tomando. Fui pega de surpresa por um abraço de Lucas. Era quente e caloroso. O casaco macio roçava minha pele. Lucas era tão grande que eu consegui ficar completamente escondida em seu abraço. – Seus braços... Suas pernas, sua boca... Estão sangrando... – Lucas sussurrou tremulo em meus ouvidos. Eu não sabia como ele estava, mas isso me deixou ainda mais petrificada. – Como isso pôde acontecer? A culpa é minha... – Lucas... Não... – eu sussurrei. Lucas me apertou ainda mais, não um abraço dolorido, mas um abraço protetor. Eu não conseguia me soltar, estava fraca demais. – É sim Drica... – Lucas foi lentamente tirando o rosto de meus cabelos. A fraca luz do poste me permitiu vê-lo de novo, nossos olhos se encontravam, em uma conversa silenciosa. – Eu não vou deixar isso acontecer de novo... As coisas aconteceram devagar, mas foi rápido ao mesmo tempo em que quando me dei conta, já estava rendida. As mãos de Lucas seguravam o meu rosto, para que eu não pudesse desviar, seus dedos limparam o sangue que escorria de um corte e então acariciaram meu rosto. Eu aos poucos fui corando. Logo depois seu rosto se aproximou do meu, mas eu não me mexi, aquilo era algo surpreendente demais. Acredito que qualquer garota que lhe visse agora, não hesitaria em corresponder ao seu olhar. Aquele rosto rígido, os pequenos olhos negros e profundos... Tão familiares. Então ele me beijou. Seus lábios acariciavam os meus, seus braços me envolviam e me aqueciam. Suas grandes mãos bagunçavam carinhosamente meu cabelo. Eu não conhecia esse Lucas, mas ele era o mesmo de uma forma diferente. Em minha cabeça passava um turbilhão de coisas, mas sempre chegavam ali... Para aquele momento inesperado. Eu era pequena demais, para vencer alguém grande como ele. Odiava admitir, mas fui derrotada pela segunda vez hoje.


(...)

Depois do que aconteceu fui carregada como uma princesa novamente. Meu coração poderia ganhar um concurso de velocidade. Meus olhos estavam voltados para frente. Mas ainda conseguia sentir as mãos de Lucas me envolvendo. Fiquei novamente arrepiada e corada. – Me desculpe... – Lucas resmungou no meio do caminho. Acredito que tenha sido mais como um sinal de que ele ainda estava vivo. Apenas gemi de volta, dizendo: “Tudo bem”. Peguei um pedaço do casaco de Lucas e escondi meu rosto que fervia. Foi o caminho inteiro assim. Nós dois estávamos constrangidos demais.

(...)

Eu acreditava que depois de tanta coisa que passei em um dia, as coisas voltariam ao normal. Odeio falsas esperanças. Ao chegar em casa me deparo com uma cena surpreendente. Claro, sempre que entro acontece esse tipo de coisa. Lucas que me carregava, ele abriu a porta e vimos Daniel apoiado no balcão da cozinha, com o celular na mão. Gabriela toda ferida sendo tratada por Vitor, ajoelhado a frente dela. Os três voltaram os olhares para nós dois. Os três arregalaram os olhos. Vitor correu até mim. Senti algo quente em meu peito quando o vi, mas senti também culpa por me lembrar do beijo de Lucas. – Meu Deus Drica... Eu não posso acreditar que... – Ele olhou de Gabriela para mim. – Então é mesmo verdade... Eu sorri.


– Não foi nada. Eu não ia ser derrotada tão fácil. – Respondi, mas logo depois senti uma forte dor nas costas. Lucas suspirou. – Sorte que o Herói salvou a donzela... – Ele sorriu para mim, mas ele estava vermelho, assim como eu. – Como exatamente você fez isso? – Vitor perguntou nervoso. Suas palavras cortavam o ar, deixando tudo tenso. Lucas revirou os olhos. – Sem crise agora... Temos mais um paciente para cuidar. Lucas me levou ao sofá. Tanto Vitor quanto Lucas começaram a tratar de meus ferimentos, Gabriela me olhava agradecida. – Você me salvou... – Ela disse um pouco tímida. – Ela veio até aqui pedindo ajuda... Sorte que eu estava aqui para ajudar Daniel... Já que ele comentou o negocio do taco de beisebol e sobre você ir até a casa do Leo... – Vitor jogou as informações, ríspido. Ele desinfetava meu braço machucado, mas com as sobrancelhas franzidas. Ele estava muito bravo. Gabriela olhava para Vitor feliz. Ela também teve um super-heroi... Um pelo qual ela tem uma quedinha. Por alguma razão, eu me irritei com isso. Daniel não disse uma só palavra desde que cheguei. Ele ainda olhava para o celular. – Como está Jonathan? – Eu perguntei. Porém Daniel não respondeu. Vitor suspirou. – Foi levado para o hospital, mas ele ficou preocupado com você e ficou aqui. – O olhar de Vitor me intimidou. – A minha mãe foi com ele, Daniel está esperando uma ligação para saber como Jonathan está. Eu me senti culpada. Agora eu estava tão quebrada quanto Jonathan. Senti-me mal por tudo. Tentei bancar uma de heroína e acabei sendo a “salva”. Gabriela andava de um lado para o outro enquanto eu era tratada. – Você vai para o hospital? – Gabriela me perguntou. – Ela vai amanhã, - respondeu Lucas por mim. Eu estava melhor, as dores estavam aliviando e o saco de gelo em meu olho deixou minha visão mais normal. – Você não é minha mãe e eu não vou para hospital nenhum. Lucas me lançou um olhar que só eu pude entender. Algo como: “Não faça isso de novo ou da próxima vez eu serei a causa da sua ida ao hospital”. Lucas era realmente transparente. Assim que meus curativos terminaram, Vitor disse: – Você vai descansar agora... Pode ir andando? Eu assenti, me levantei devagar. Não fiquei tonta dessa vez. – E quanto à Rita... Ou Gabriela...? – eu perguntei.


Gabriela sacudiu a cabeça, sorrindo tranquila. Havia uma faixa em seu braço e joelho. – Não se preocupe comigo, meu pai está vindo me pegar... Eu fui muito descuidada saindo sozinha tão tarde... Ele está furioso, mas me entendeu. Suspirei aliviada. – E quanto a Rita... – completou Vitor, que me segurou pelo braço e me ajudou a caminhar. – Ela não deu sinal de vida, mas eu não estou preocupado com ela. Nem eu estava... Por mim ela podia morrer. Fui deixada em minha cama, sozinha no quarto escuro. Não conseguia me mover direito, qualquer coisa me fazia sentir dor. Porém, meus olhos se fecharam e acabei adormecendo. Por algumas horas, esqueci-me de tudo aquilo e fiquei tranquila.

(...)

No dia seguinte, acordei como se estivesse de ressaca. Minha cabeça latejava e eu me lembrava de poucas coisas que aconteceram ontem... Momentos humilhantes, constrangedores, desesperados... Olhei para o relógio, eram oito da manhã. Não havia nenhum cochão bagunçado aos meus pés... Nem Rita. Ela não dormiu em casa? Antes que eu pudesse deduzir algo, Daniel abriu a porta em um salto. Seus olhos claros me fitaram, espantados. – Drica, eu sei que é uma péssima hora... Mas eu acabei de sair do hospital... Eu paralisei. – Algo com Jonathan? – perguntei. Daniel sacudiu a cabeça. – Não... Rita... Ela estava chorando lá... Lucia também... – Eu não entendia o que ele queria dizer. – Como assim? – Parece que ontem à noite Leo sofreu um acidente... Pelo que me elas disseram ele entrou em coma. Notas finais do capítulo Me ajudem a ficar melhor comentando o que acharam *o*


Espero que tenham gostado mesmo T.T Fiz ontem doente só pra vocês ♥

(Cap. 35) Capítulo 35 - Quando acreditei. Notas do capítulo Oi gente! To bem melhor agora ^^ Capitulo novo saindo do forno... Aproveitem o/ LEO. Assim que Drica saiu de vista, senti um aperto forte em meu coração. O táxi se foi na escuridão da noite. O abraço repentino que eu lhe dei ainda esquentava meu corpo. – Como você sabia sobre onde Dado fica? – perguntei irritado. Rita estava ao meu lado, sorrindo gloriosamente. Ela deu de ombros. – Eu namorei você por quase um ano... Você me contou sobre isso enquanto namorávamos. Podia ser, mas não me lembrava sobre isso. Eu sempre fiquei com um pé atrás em relação à Rita, é claro. Ela já me enganou uma vez, podia ser que ela quisesse uma segunda chance, mas Drica ainda não saía da minha cabeça. Arrependi-me amargamente por ter dito coisas horríveis a ela. Não tive mais coragem de olhar em seus olhos, por várias razões. Lucia apertou as barras de ferro do portão. – O que ela esta tentando fazer... Se matar? – Seria divertido, - respondeu Rita, cruzando os braços. Aquele lado sádico de Rita me assustava. – Vamos voltar para dentro, - pedi. Nós três seguimos silenciosos de volta para minha casa. – Onde está Drica? – Minha mãe perguntou, procurando atrás de mim. – Ela já foi? – Sim, - respondi. Meu pai, que estava lendo um jornal silenciosamente sentado em seu sofá, arqueou as sobrancelhas. Ele era loiro, assim como minha mãe, e seus olhos eram azuis, azuis que deixam o da minha mãe para trás. – Por que não a chamou para entrar? – Eu precisava? – perguntei confuso. – É claro, ela salvou você daqueles meninos...


Rita rapidamente interrompeu. – Drica não é mais assim, senhor... Ela mudou bastante, agora faz parte do grupo dos meninos que bateram nele. Tanto o meu pai, como minha mãe pareciam assustados. – Não pode ser... – minha mãe resmungou, se sentando ao lado do meu pai. – Ela não parecia... – Aparências enganam senhora. – Eu também fiquei assim... – Lucia disse desanimada, enquanto mexia em seu anel, absorta. Rita sorriu e então olhou para mim, ela acenou com a cabeça, dizendo para nos retirarmos. – Vamos para o seu quarto, - ela sussurrou. – Sim... – Eu estava meio desconfortável, pois sabia o que ela queria... Mas ainda não estava preparado para... Ficarmos. – Vou ao banheiro antes, pode ir... Na frente. Ela assentiu e subiu as escadas, enquanto eu ia ao banheiro, apenas para gastar o tempo. Eu estava pensativo, intrigado demais. Meus pais se interessaram pela Drica? Sempre tive medo de apresentá-la achando que eles não gostariam de alguém como ela, sempre rebelde... Meu pai é médico e minha mãe é escritora, sempre certinhos e bem comportados, pensei que quisessem minha namorada assim também. Mas esse comportamento inesperado me deixou arrependido de certa forma. Arrependi-me demais nos últimos meses. Eu tinha certo problema, eu gostava de fazer as pessoas se sentirem inferiores. De certa forma eu sentia prazer em bater nelas. Talvez seja porque eu me sentia assim, inferior, e não gostava de ver as pessoas felizes. De qualquer maneira, era tarde para se arrepender, as pessoas não acreditavam que eu fosse capaz de algo assim, mas eu era. Vitor sempre se metia em minhas brigas e quando descobri sua paixão pela minha irmã, fiz questão de tornar sua vida um inferno. Vitor assumiu a culpa por muitas das coisas que fiz. Depois que eu conheci Rita, me senti importante e não via mais necessidade de usar as pessoas como eu fazia... Eu estava feliz, apaixonado. Houve um tempo em que eu pensei em me desculpar com Vitor por tudo... Até... Rita contar tudo. Senti o descontrole voltar, fui usado, humilhado, traído... Graças ao Vitor. Ele devia estar rindo de mim pelas costas. Meu ódio por ele foi se acumulando gradativamente. Acabei brigando com ele, usando Dado e os outros garotos para isso. Eu não medi as consequências de um simples tapa em Rita. Vitor, logo depois, sentiu ódio de mim, um ódio ainda maior do que sentia. Pagou os caras, com quem eu me divertia batendo em pessoas, para me perseguir. E foi assim por muito tempo, eles pedindo dinheiro, algo que não devia mais a eles.


Logo depois me acusou de mandar Dado e os outros novamente espancá-lo, lhe causando até cicatrizes. O melhor amigo dele, Jota, começou a me ameaçar de tempos em tempos. Eu lembrava-me das coisas terríveis que fiz a ele, mas não acredito que esse era o único motivo disso: Vitor devia ter mandado também. Tudo para se vingar de mim. Eu destruí suas chances com minha irmã, brigamos diversas vezes e eu sem querer dei um tapa na garota que provavelmente ele gostava, eram motivos suficientes. Logo depois veio algo maior: Drica. A garota que me defendeu enquanto todos assistiam a minha humilhação. Nesse dia, acreditei que Vitor havia mandado, mas ele não tocou um dedo em mim. Muito tempo depois eu percebi que a culpa daquilo era unicamente de Jota. Drica, mesmo sem me conhecer, me ajudou. Logo depois de nos conhecermos, ela me encantou ainda mais. Sempre espontânea, sincera, durona... Ao mesmo tempo em que ficava vermelha por qualquer elogio. Mesmo sabendo que fiz coisas erradas, ela me deu uma chance. Apaixonei-me ainda mais quando ela me ajudou a dar uma surra naqueles garotos, ainda ameaçando com o canivete. Quando ela apoiava a cabeça em meu ombro, quando ela sorria ou me dava tapas, envergonhada... O tempo foi me deixando cada vez mais apaixonado por ela. Estava tão enfeitiçado que perdoei o fato de Vitor ser seu vizinho e ela nunca ter me contado. Mas logo depois Rita apareceu. Ela estava linda como sempre foi, sorridente e carinhosa. Confesso que ela mexeu um pouco comigo, mas com Drica ao meu lado foi diferente. Pela primeira vez Rita não me afetou como antes. Eu só precisava da Drica. Mas nunca pensei que ela pudesse mudar tanto assim, a ponto de fazer o que fez com Rita. Quando ela me ligou desesperada, entrei em choque. “Leo?” ela perguntou do outro lado da linha, parecia estar chorando. “Leo é você?” “Sim... Rita? O que foi?” Rita pareceu soluçar. “Drica, ela me machucou... Usou cacos de vidro para me cortar! Meu braço esta sangrando... Ajude-me eu não sei o que fazer!” Lembro que Lucia e Morgana estavam comigo e corremos para socorrê-la. De começo achamos que ela estava apenas querendo chamar atenção, ou que era exagero, mas quando chegamos e vimos o machucado, ficamos sem palavras. Ela nos contou tudo e meu coração quase explodiu. Eu não conseguia acreditar...


Até que ela apareceu com ele. Minha raiva me tomou por completo, vê-la com a mão machucada – como Rita nos contou – e ainda com Vitor ao seu lado, fez eu me sentir traído novamente. De todas as pessoas para quem ela pediu ajuda, foi para ele. Vitor. Senti-me usado e traído novamente. Um sentimento de vingança me tomou e acabei dizendo coisas horríveis a ela. Coisas que fizeram eu me sentir a pior pessoa do mundo – pior ainda do que eu me achava. Mesmo com Rita tentando se aproximar, eu nunca consegui tirar Drica da cabeça. Mas vê-la todos os dias com Vitor e aquele irmão dele, fez meu orgulho vencer e não dar o braço a torcer. Odeio profundamente o meu orgulho. Por causa dele, perdi a pessoa que mais me importava. Percebi que eu podia estar errado em diversas coisas, inclusive em acreditar em Rita, mas era tarde de mais para voltar atrás. Quando Vitor ficou doente e soube que quem cuidaria dele era Drica, fez eu ficar ainda mais furioso. Quando me dei conta, já estava em seu quarto, brigando novamente. – O que você quer com Drica? – eu perguntei furioso. – Pensei que vocês tinham terminado, - ele respondeu. – Me diga. Vitor suspirou, parecendo indiferente sobre isso, me deixando ainda mais bravo. – Eu amo ela. Eu a quero só para mim. Ela não merece alguém como você. Aquelas palavras fizeram meu corpo formigar, o arrependimento me tomou por inteiro. – Você quer ela roubar de mim... Eu sabia que você ia fazer isso... – Espere, eu não tinha a intenção de roubar ela de você. Eu aguentei todos os dias verem vocês juntos porque queria que ela fosse feliz. Você cometeu o maior erro de todos não confiando nela... – Como queria que eu confiasse? Você viu o que ela fez com Rita! E ela ainda estava com você... Vitor deu uma risadinha, algo como: “Que ridículo”. – Você é um idiota acreditando que Drica seria capaz de algo como aquilo. – Eu sei... Mas não vou deixar que ela fique com você. – Não? E quanto a Rita? Esta usando ela? – Eu não sou como você. Eu mudei. Mas você também mudou, não é mais um santo. Você fez coisas erradas também e... – Já disse para não me comparar com você. Drica acredita em mim, assim como eu acreditei nela. Você perdeu. Agora se contente com aquela maluca que corta o próprio braço e vá embora da minha casa.


Eu queria matá-lo, de verdade, essa era minha vontade. Ele parecia abatido e estava realmente doente, e pensar que Drica apareceria daqui a pouco para cuidar dele me fez querer ainda mais assassina-lo. – Eu posso ter errado, mas eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes. – Minha voz foi abaixando cada vez mais, para controlar minha raiva. – Eu amo a Drica mais do que qualquer coisa. – Eu também. Antes que eu cometesse um crime saí causando um estrondo ao fechar a porta. Logo depois me deparei com Drica. Me perguntava se havia ouvindo o que conversamos. Todas essas coisas passavam em minha cabeça, me deixando mais e mais agoniado. Ela foi até o covil de Dado... Por que eu não fui atrás? Eu sou algum tipo de covarde? Sim, eu era. – Um completo idiota, - resmunguei. Joguei água em minha cara diversas vezes, até que todas essas ideias e pensamentos saíssem, para que eu pudesse ficar um pouco em paz. Quando retornei, Lucia não estava mais na sala e meus pais estavam conversando na varanda. Era hora de ir ao meu quarto, pensar em quem me esperava lá me fez hesitar. Fui para o meu quarto, subindo as escadas devagar... Eu sabia que Rita estaria lá, por isso estava demorando. Era difícil encará-la depois de tudo. Eu não sabia mais como me sentir. Mas quando me aproximei percebi que a porta estava entreaberta e Rita falava com alguém... Talvez pelo celular. Resolvi escutar. – Ela já esta indo... – Rita disse, soltando uma risada. – Acredita que ela quer se vingar de Dado? Nunca imaginei que manda baterem em Jonathan fosse tão útil... – Prendi minha respiração, de repente as coisas começaram a girar. – Agora quero que faça o seu papel direito, isso vai ser de grande ajuda. Quero que Drica sofra... Oi? Sim... Já avisei a Dado. Resolva tudo com ele antes que ela apareça. Certifique-se de que ela vai sangrar muito e depois me ligue... Ah! Vitor não precisa se envolver... A não ser que você queria. Depois encontraremos uma maneira de afastá-los. Eu confio no meu dom. A maneira confiante e espontânea como ela falou... Eu não conseguia me mexer. – Sim... – Ela continuou falando depois de uma pausa. – Dado tem que fazer o serviço direito. Quando mandei o fazer perseguir Leo foi um desastre, conseguiu fazer acreditar que era Vitor, mas Drica estragou tudo. – Nesse momento, eu queria gritar em fúria e correr para ajudar Drica, mas algo me fez continuar calado. – E quando mandei bater em Vitor? Ele usou estiletes! Aquilo foi cruel, mas acredito que foi o suficiente para fazê-lo acreditar que foi Leo quem mandou. Dessa vez ele pode exagerar o quanto quiser. Deixá-la semimorta para mim está ótimo... – Ela riu, parecia que alguém do outro lado


da linha falou algo muito engraçado. – Sim... O Leo é um idiota... Vitor também, mas fazer o que... Eles precisam de mim. Depois ela se despediu, o silêncio inundou os dois lados da porta. O que eu iria fazer? O impulso novamente me tomou. Entrei no quarto e lhe peguei pelo braço. – Parece... – eu disse ríspido. – Parece que o idiota já entendeu tudo. Rita estava de olhos arregalados. A linda garota agora, que sempre se fez de inocente, mostrou o seu verdadeiro eu para mim. – Leo... Não é o que você esta pensando... – NÃO PRECISO PENSAR SUA VADIA! – Eu gritei, jogando-lhe para trás, tão forte, que a fez cair. – O QUE EU OUVI FOI O SUFICIENTE. DESGRAÇADA! – Leo o que vai fazer...? Eu estava pegando o meu casaco. Saí rapidamente, ignorando Rita que corria atrás de mim tentando se explicar. – Leo? Você vai atrás dela? Leo! Meus pais nos observaram atônitos. Parecia uma briga de casa. Mas a diferença é que se eu me virasse e a olhasse de novo, bateria nela novamente. – Pare de me seguir. – Não! Você vai atrás daquela idiota, eu não posso deixar! – Ela segurou o meu casaco, me puxando para trás. Arranquei seus braços de mim e me pus a correr pelas ruas escuras e semidesertas. Drica... Eu pensava. Ela estava certa... Eu não acreditei nela... Eu perdi ela porque fui um completo idiota. Todas as vezes que acreditei que Vitor era o culpado... Brigando com ele... E ainda dando Drica de mão beijada para ele. Inconscientemente comecei a chorar. Rita ainda me seguia desesperada. – Eu posso explicar Leo! Você vai me entender! Eu continuei andando. Por que não tinha mais uma droga de táxi por aqui? – Cale a boca! Eu ia atravessar a rua, tentar achar um táxi disponível para mim. Mas Rita conseguiu me segurar e dessa vez foi muito mais pertinente. – Eu não vou deixar, - ela disse. – Você é meu. Eu queria dar um soco em sua cara. Encarei-a olho a olho. – Nunca fui seu. Me solte ou te darei outro tapa. – Pode dar! Eu não ligo, mas eu não quero que você corra atrás daquela idiota. Ela não merece você. – Rita estava chorando, mas não sabia mais se suas lágrimas eram verdadeiras. Eu continuei puxando o meu casaco, mas ela insistia cada vez mais.


– E você merece? – Sim, muito mais do que imagina. Afinal, somos do mesmo tipo... Aquilo me fez ficar ainda mais furioso. Puxei com todas as forças meu casaco e lhe empurrei, fazendo-a bater com tudo no muro. Acabei atravessando a passos lentos, olhando apenas para frente. Completamente furioso com Rita, querendo ao mesmo tempo chorar. – LEO! CORRE! – Rita gritou. Eu olhei para trás tentando entender aquele grito. Mas foi tarde demais. Eu não sabia se era um carro, moto ou até algo maior... Apenas vi uma luz se chocar contra mim. Minha cabeça... Uma enorme dor na minha cabeça... Eu não estava mais no chão, mas logo depois senti todo meu corpo em um impacto... A dor... Estava fazendo tudo sumir... Eu não pensava em mais nada... A ultima coisa que me veio na cabeça foi: Perdoe-me, Drica. Notas finais do capítulo Desculpe a demora e os erros... Eu não tive tempo para corrigir, correria com os estudos e outras coisas mais hihi Espero que gostem. E não deixem de comentar o que acharam. PS: Eu adoraria ter vocês no meu face, então se quiserem me adicionar o link do meu perfil do face ta no meu perfil-q Amo vocês ♥

(Cap. 36) Capítulo 36 - Os fins justificam um novo começo. Notas do capítulo Pessoas... Eu piorei. Sim, agora estou tossindo pra valer, me sinto horrível. Desculpem os atrasos, mas quando se está indisposta... Eu quero muito muito muito agradecer os reviews e as recomendações, me deixam feliz pra caramba *o* Bem... A fic esta dificil de escrever, agora é uma fase mais escura da Drica, é complicado mudar as coisas e ainda manter a essência dela. Será que está sendo um bom trabalho? Boa leitura ^^ DRICA. Leo já estava em coma por um mês.


Eu não me lembro de muita coisa que passou durante esse período, realmente. As aulas retornaram, mas a única coisa que eu fazia era andar por ali, com a minha mente em outro lugar. Um corpo sem alma, eu diria. Faltei muitos desses dias para chorar em meu quarto. Sentindo-me a escória da humanidade. Não era algo dramático, eu queria fugir desse circulo vicioso, mas não conseguia. Era uma espécie de tortura dentro da minha cabeça. Aos poucos eu estava definhando em meu quarto, ignorando a presença de qualquer um que viesse me consolar. Eu já havia entendido: A culpa disso tudo foi unicamente minha. Leo poderia morrer a qualquer momento, ou poderia acordar, mas com sequelas. Tudo por minha causa. (...) Descobri isso assim que Daniel me contou o estado de Leo. Vagamente lembro-me daquele dia. Pensamentos perturbadores, pesadelos, ideias desesperadas tomaram muito da minha cabeça. Eu nunca me senti assim na vida, era uma experiência difícil, mas eu sentia que merecia. Por isso abri espaço para elas, na tentativa de esquecer tudo o que aconteceu. Ao acordar e receber a notícia, mesmo com os ossos doloridos e as pernas trêmulas eu fiz questão de ir ver com meus próprios olhos o que aconteceu. Arrependi-me amargamente disso. Eu estava com a mesma roupa que usava ontem. Lembrei-me que não havia tomado banho, por isso me sentia imunda. Meus cortes ardiam em contato com o ar gelado, mas ignorei completamente. – Como assim Leo está em coma? – perguntei, enquanto Daniel dirigia desconfortavelmente. – Explique tudo. Daniel não parecia disposto a falar. – Ontem à noite, quando você dormiu, eu fui ao hospital para ficar com Jonathan... Que esta bem agora. Era umas duas ou três da manhã e eu saí para ir ao banheiro... Lembro que acordei com o barulho das sirenes. – Ele fez uma longa pausa, tentando se recordar. – Rita estava lá em desespero. Eu perguntei a ela o que aconteceu, mas ela não queria falar, estava chorando o tempo todo. Logo depois Lucia apareceu, em um estado pior ainda. Lucia conseguiu dizer alguma coisa... Ao que parece Rita viu o acidente. Leo bateu a cabeça no choque com o carro, e bateu também quando caiu no chão. Estava sendo submetido a uma cirurgia... E hoje de manhã... Bem... Eu engoli em seco. – Mas como? – perguntei-me baixinho. – Ontem ele estava tão... O que aconteceu?


Eu olhava para minhas mãos, que se mexiam nervosamente. Procurei meu canivete para me distrais, quando me lembrei de que Dado o roubou. Suspirei. Ive, minha parceira... O hospital fazia divisa com outra cidade, ele servia para as duas. Por isso, ele era grande, ao que parecia. Meu corpo se tornou pais pesado, quando me dei conta, antes mesmo dar o primeiro passo para entrar já estava sendo segurada por Daniel. – Acho que você não está 100% bem... – Eu dou um jeito. Eu sou a Drica, eu sempre dou um jeito, resmunguei. Daniel deu uma risadinha. – Um jeito de sempre sair machucada, você quer dizer? – Isso também. Eu não posso dar um jeito de me sarar logo se não tiver nenhum machucado para sarar. Apoiada em Daniel, começamos a caminhar. Ele me levou até um corredor onde duas garotas choravam abraçadas. Lucia apoiava sua cabeça no ombro de Rita. Rita, pela primeira vez, derramava lágrimas sinceras. Quando ela me viu, chegando aos poucos toda dolorida, soltou um olhar rancoroso para mim. Carinhosamente ela afastou Lucia e se levantou, me encarando. – A culpa é toda sua. Rita me odiava e sempre me odiou. Mas dessa vez seu olhar acusador era de certa forma desesperado. Seus olhos... Eles estavam vermelhos e inchados, o brilhante verde agora era opaco. As palavras jogadas sobre mim eram verdadeiras, eu sentia isso. Ao mesmo tempo em que parecia que ela estava fugindo de algo e me acusar fosse a única solução. Lucia fungou. Olhar para ela daquela maneira era deprimente. Lucia sempre foi alegre e transparecia confiança, as duas coisas sumiram e lhe deixaram... Cinza. A aura colorida que transparecia dela, agora era apenas sem vida e sem graça. – Rita... Não é hora de acusar as pessoas... – A voz de Lucia era trêmula. Eu senti uma enorme vontade de abraça-la. Após me analisar, ela disse: - Vejo que você não teve uma boa noite. Eu sorri, mesmo que não fosse uma piada, eu forcei um sorriso. – Nenhuma de nós teve. – Pare de se fazer de legal, - implorou Rita. – Ele foi te buscar... O acidente é culpa sua! SUA! Daniel se pôs entre nós, achando que eu fosse avançar nela. Se eu estivesse em condições emocionais e físicas, seria possível. Uma voz atrás de mim, disse: – Ela tem razão. A culpa é sua. – Ao me virar para trás, me deparo com Morgana. Ela estava igualmente acabada. – Eu só pude vir agora... Desculpem-me... – Ela voltou seu olhar rancoroso para mim. – Saia daqui.


Pare de se fazer de boazinha, de dizer que esta tudo bem... PORQUE NÃO ESTÁ! POR SUA CULPA ISSO TA VIRANDO UM INFERNO! Ela avançou em mim e me empurrou. Daniel não pode fazer nada, já era tarde demais. Dei um belo tombo no chão que fez minhas costas estralarem. Ótimo, entalei no chão como uma velha. Suprimi o grito de dor. – Nem tente Daniel... – Eu arfei. – Isso aqui vai demorar... Morgana finalmente se deu conta dos meus machucados. – O que aconteceu? Por que esta assim? – Ela apanhou ontem... Tentando vingar o irmão, - respondeu Daniel. – Nada inteligente, eu sei. Morgana encarou Rita, fazendo uma pergunta silenciosa. Ao que parece, Rita concordou. – Entendi tudo. Eu também havia entendido. Um motivo a mais para Morgana me odiar. – Vá embora. – Morgana foi até Lucia e a abraçou. – Não precisamos de você aqui. Leo não precisa de você aqui. Com a dor aliviada, pedi a Daniel que ajudasse a me levantar. Os pais de Leo estavam vindo em nossa direção com uma cara nada animadora. Eu decidi ir embora dali antes que eles me vissem que começassem a me acusa também. – Eu vou embora, mas ainda quero saber como Leo está. – Não fale como se você se importasse – Morgana avisou. – Eu me importo Morgana. Você não tem o direito de dizer como eu devo agir. Leo foi importante pra mim no fim das contas. Com a ajuda de Daniel, me retirei. Longe o bastante do “corredor da acusação” eu pedi: – Quero ver Jonathan. – Minha voz estava vacilante. Eu ainda tentava me fazer de forte, mas eu não estava. – Vamos vê-lo. Jonathan estava sentado em um dos quartos, cheio de ataduras. Quando ele me viu, não sabia se ficava furioso ou com pena de mim. Provavelmente ele já estava por dentro das informações. – O que eu devo dizer? – ele perguntou. Sua voz estava fraca e ele respirava com dificuldade. Eu queria abraça-lo, mas parecia que ele ia quebrar. – Me chame de idiota. Diga que sou infantil e que vai me castigar. Se possível, não me odeie. – Você é uma idiota. O que você fez foi infantil... E muito perigoso. Está de castigo, sem café com leite por um mês e também não poderá sair de casa. – Ele soltou um sorriso leve. – Eu te amo Drica. Você é a pessoa mais importante pra mim.


– Irmão desgraçado... Quer me fazer chorar? – Eu já estava chorando. Apoiei minha cabeça levemente em seu peito, Jonathan correspondeu o abraço. – E também quer me fazer entrar em abstinência... Sem café com leite? Jonathan beijou minha cabeça. – Acho que você já foi castigada o suficiente... Daniel assistia a cena, silencioso. Ele passou por maus bocados também e parecia abatido. Ficamos nesse silêncio mórbido por alguns minutos, até que Daniel disse: – Nosso pai já sabe de tudo... As dores em minhas costas voltaram com o susto repentino. – Como? Quando? Quem? – Ligando para ele há meia hora. Eu que liguei Drica... Deixei o abraço de Jonathan e o olhei acusadoramente. – Não brinca... Por quê? – Não acha que ele precisava saber? – Não. Ele não é meu pai. – Sim, ele é seu pai. Pare de agir como um bebê. – Não estou agindo como um bebê. E DANE-SE ESSE NEGÓCIO DE PAI! EU NÃO ME IMPORTO. Saí batendo os pés do quarto. As dores em minha perna ficaram mais fortes. Senti os cortes minha boca se abrir, por ter falado demais. Apoiei-me na parede do corredor e me sentei no chão, abraçando meus joelhos. Eu queria saber como Leo estava. Eu queria entender um monte de coisas na verdade. Nesse momento foi que começou... Aqueles pensamentos perturbadores... Eu estava chorando? Eu não me importava mais, sabia que a culpa de tudo o que aconteceu foi minha. Minhas atitudes impulsivas, infantis, minha tentativa inútil de mudar de vida. Tudo culpa minha. Eu quero ir embora daqui e esquecer tudo. Enquanto várias pessoas passavam pelo corredor, me encarando como se eu fosse louca, eu resmungava uma frase que não saía da minha cabeça por mais que tentasse: – Eu quero morrer... (...) Essas eram as únicas lembranças claras que eu consegui. Eu não sei como estou agora, apenas ignorando o mundo e tentando ser ignorada. Recusando as mãos que me estendem, porque sei que é em vão. O mundo era um borrão.


Eu não era mais a mesma, eu não sabia mais como eu era na verdade. Eu queria começar tudo de novo. Mas como iria começar algo, se ainda não sei se tudo isso terminou? Notas finais do capítulo Me digam o que acharam: opiniões, criticas, comentários... E me respondam: o fato da fic ficar maior é bom ou muito cansativo? :/ Não deixem de comentar e deixar essa doentinha feliz =3

(Cap. 37) Capítulo 37 - Alternativas Notas do capítulo Oi oi oi! Estou tão ativa *o* Ah! Desculpem se tiver algum erro. Então se acharem algum, me avisem ^^ A foto abaixo é mais ou menos como imagino o Leo. Os traços do rosto são parecidos com a foto da Lucia que eu mostrei... Ele foi o mais próximo do Leo na minha imaginação. Mas vocês podem imaginar como quiserem o/


Desisti de ir à escola, quando os boatos de que Leo sofreu um acidente porque foi atrás de mim se espalhou. Não bastasse a irmã e amigas, ainda tinha a escola inteira para me culpar. Histórias cabulosas sobre mim novamente se espalharam. Rita de repente parou de me perturbar, a maior parte de seus dias era fora de casa. O que me deixava livre para ficar no quarto, sozinha, que lindo.


Eu sabia que ela estava péssima, de verdade, mas tê-la longe de mim é tão reconfortante. Um mês e meio se passou desde o acidente. Perdi várias aulas. Vitor, Lucas e Gabriela vinham me ver todos os dias, mas eu sempre tomava a iniciativa de trancar a porta do quarto. Mesmo que demorassem horas para irem embora, eu não me importava, já estava aprisionada por correntes invisíveis que me deixaram em outro mundo. O mundo da culpa. Perdi quatro quilos nesse tempo, meu cabelo começou a passar dos ombros, pois não havia cortado mais, meus banhos não duravam nem cinco minutos. Meus olhos sempre estavam acompanhados de olheiras por tanto chorar. Quando acordava, Rita já havia sumido, me permitindo continuar o ritual da depressão. Não que eu gostasse, mas virou habito. Sentia-me presa em um labirinto. Eu sempre fui uma garota livre, decida e segura das minhas opiniões, então por que eu estava me prendendo dessa maneira? Jonathan e Daniel tentaram de todas as maneiras me livrarem disso. Meu pai pela primeira vez veio em nossa casa para me ver. As minhas faltas estavam lhe preocupando, ou seja, ele não está nem aí se eu apanhei de uma gangue ou se fui culpada por um garoto entrar em coma, frequência escolar é mais importante. No fundo eu queria que ele brigasse comigo e agisse como meu pai. Mas o assunto se voltou para as notas das provas que foram “regulares demais” para a filha do diretor. Minha discussão com ele sempre se resumia a: “Seja responsável ou eu ligo para sua mãe”. Inclusive quando ele descobriu sobre o taco de beisebol, foi a mesma coisa. Nunca imaginei que a chantagem fosse se cumprir mais tarde. (...)

Nos primeiros dias do coma de Leo, tive uma discussão feia com meus melhores amigos. O que ajudou de maneira significativa a me sentir mal.


Vitor e Lucas invadiram meu quarto dias depois, quando descobriram o que houve. Eu já estava diferente de certa forma. A velha Drica ia sendo destruída aos poucos.

– Não me diga que você esta se sentindo culpada... – Lucas estava sentado na cadeira, dando socos em um dos ursinhos meigos de Rita. Sua barba estava por fazer, dando uma imagem adulta a ele. – Isso não tem sentido! – Isso é surpreendente, mas Lucas está certo, - concordou Vitor, que estava sentado na beirada da cama. Sua expressão preocupada sempre me deixava com vergonha. Ele parecia... Meu namorado? O pior de tudo é que desde o beijo que Lucas me deu, não consegui mais olhar nos olhos de Vitor. Culpa, culpa, culpa... Sempre essa maldita me perseguindo. Eu estava embrulhada em meu cobertor, como Vitor fez quando estava doente. Dessa vez era ele quem estava cuidando de mim. – Vão embora, - eu pedi. – Já são dez da noite, por que Jonathan deixou vocês entrarem? – Porque ele esta preocupado com você, - Vitor respondeu. – Assim como a gente, - Lucas completou. – Não quero saber, vão embora. – Mas você perguntou, - Vitor disse em tom provocativo. Ele sempre faz isso. Tirei meu rosto das cobertas e mostrei minha cara para eles. Lucas deu assovio. – Mesmo com olheiras, você fica sexy. – Vai pro inferno, - pedi. – E se você não for, te levo pra lá, - Vitor advertiu, olhando Lucas furiosamente. Era um ciclo vicioso de provações. – O que foi? Estou sendo sincero! Admita Vitor, você também acha Drica sexy. Eu sinto falta de Ive, principalmente nessas horas. Vitor se levantou e suspirou. – Drica, por favor, se vire. Eu vou cometer um assassinato agora e não quero que você veja. – Não, tudo bem. Eu vou ajudar.


Eu já estava me levantando. Foi então que percebi que estava me animando, mesmo que inconscientemente. Eu não merecia o sorriso que estava carregando. – Esquece, você pode matar, eu vou ficar aqui. – Sério? Você não quer matar ele? Ele disse que você é sexy! – Ei! Foi uma brincadeira... Quero dizer... Não que eu não a achei... – Cale a boca, mesmo sendo meu irmão eu vou realmente te matar se continuar a frase. Eu voltei a ficar enrolada em meu cobertor. Lucas suspirou e então disse: – Esquece, ela não vai sair assim tão fácil. – Drica... Você realmente está dando importância para isso? Sabe que não foi sua culpa... – Foi. – Não foi! – Eu sei que não foi. Você foi inocente nisso tudo. – Enrijeci com o tom de Lucas. Era o mesmo daquele dia... Fechei meus olhos tentando esquecer a cena do beijo. – Cale a boca, - pedi. Vitor ficou em silêncio por muito tempo, meu coração ficou mais pesado a cada segundo, com o remorso tomando conta de mim. Ele estava desconfiando de algo? – Drica, o que você e Leo conversaram? – Vitor perguntou um pouco intrigado. – Só pedi a localização de Dado, ele devia saber... – Só isso? – Sim, só isso. – Nada mais? – Nada mais. – Então por que eu sinto que você está me escondendo alguma coisa? Droga, ele era bom. Vitor nunca foi bom em se relacionar com pessoas, mas ele sabia ler expressões e dizer o que elas sentiam. Um ótimo observador, ótimo até demais. – Por que você é muito metido? – tentei mudar de assunto. Lucas soltou um “UUUUUL” – Isso foi maldade Drica. – Ainda não foi pro inferno? – perguntei. – Se eu fosse você sentiria minha falta. Eu bufei. – Me deixem...


Vitor voltou a se sentar na beirada da cama, ele agarrou meu braço que era a única parte do meu corpo que estava para fora do cobertor. Seu toque frio me fez ficar arrepiada, mas obervar aqueles olhos preocupados e aflitos me aqueceram de uma forma esquisita. Por que eu me sentia quente quando olhava para ele? Mas... Ao mesmo tempo, Leo invadia meus pensamentos. – Drica, o que está acontecendo de verdade? Você ainda gosta do Leo? É por isso que está assim? – Vitor, me deixa sozinha, por favor... – eu implorei. Infelizmente soltei aquela voz manhosa que só meu irmão ouvia. Isso fez com que Lucas e Vitor reagissem de maneira muito surpresa. – Lucas também. Escondi todo o meu rosto nas cobertas. Depois de uns segundos de silêncio, eles responderam: – Até amanhã, - disseram juntos. Vitor complementou. – Leo não está nessa situação por sua causa. Seja sincera com você mesma e admita que você ainda senti a falta dele. Eu não ousei dizer mais nada. Continuei ali até ouvir a porta se fechar. Aquele olhar de Vitor era algo que eu nunca esperaria. Sentir algo tão forte por aquele olhar foi mais inesperado ainda. E então a culpa foi novamente acumulando. (...) Um mês depois de tudo, recusei a visita de todos. Sabia que iria ser sempre a mesma coisa. Eles tentando me animar, eu me animando, eu sentindo que não deveria me animar, eu desanimando. Resolvi ficar no estágio “desanimada”, permanentemente. As discussões que tive com meu pai e essas lembranças sobre meus amigos sempre terminavam em lágrimas secretas no quarto. Eu não estava aguentando mais. Eu estava me odiando. Era uma dor incômoda, e eu não sabia aonde. (...) Era umas oito horas, eu fiquei no quarto o dia inteiro com esses pensamentos. Jonathan provavelmente já estava em casa, mas eu não saía do meu quarto para isso. Tentei de todas as maneiras tentei me distrair: jogando, lendo livros, vendo televisão... Mas nada adiantou. Meus pensamentos perturbados me possuíram completamente. Então decidi viver aqui: eu, minha cama, meu travesseiro, minhas musicas depressivas que serviam de trilha sonora. Então ouvi três batidas sequenciais na porta. Jonathan tinha uma má noticia. – Drica... Posso entrar? – ele perguntou. Destranquei a porta e voltei para a cama, sem dizer uma palavra. – Então... – ele começou desconfortável. – Nosso pai ligou agora e...


Soltei um gemido que o interrompeu. Por alguma razão Jonathan soltou uma risada nervosa. – Pois é... Eu sei que vocês brigaram muito nos últimos dias... – Aham,- eu disse. – E vocês ficaram furiosos... – Aham. – Então você desistiu de ir para a escola a uns dias atrás... – Aham. – Em compensação, ele acabou de dizer que ligou para a nossa mãe e ela disse que está vindo te buscar. - Jonathan disse tão rápido que eu demorei para entender. – Aham... Espera... O QUÊ? Jonathan suspirou, ele parecia um pouco irritado. – É isso que você ouviu. Ela quer te levar embora. Então você vai ter que escolher entre engolir seu orgulho e pedir desculpas para o pai, voltando para escola, ou voltar para casa da nossa mãe. Não havia gostado de nenhuma das alternativas. Notas finais do capítulo Então... O que vai ser? Como será que é a mãe da Drica? o.o E então Drica... Vai sair da depre? 'Me digam o que acharam *o*

(Cap. 38) Capítulo 38 - Reunião Desagradável. Notas do capítulo Oi gente o/ Ja sabem né? Eu amo muito vocês *o* A foto abaixo é muito parecida com o Vitor que eu imagino. Não acreditei que eu consegui achar uma foto que correspondesse minhas expectativas... Vitor é muito singular.


Engolir meu orgulho e pedir desculpas ou esperar que a bruaca venha me levar embora? Nenhum dos dois. Era isso que eu queria dizer. Tudo tinha se tornado mais e mais complicado. Minha mãe acabou se envolvendo nisso tudo. Dois dias depois dessa maravilhosa novidade, eu estava esperando a chegada da minha mãe. Esperando não muito feliz. Nenhum dos meus amigos soube sobre isso. Implorei a Jonathan que mantivesse segredo, inclusive de Daniel. Rita também desconhecia esse assunto, por sorte esta noite Rita ia dormir na casa de Lucia, que ficaram mais próximas desde o coma de Leo. Era um assunto de família. Pai, mãe, filho e filha iriam estar juntos no mesmo lugar depois de dez anos. Confesso que isso provocou uma pequena chama dentro de mim. As ideias terríveis perderam espaço a para uma fúria que me consumia com a


ideia de ter minha mãe e meu pai no mesmo teto. Seria uma guerra, nada silenciosa. Talvez eu precisasse de novos problemas, para esquecer os velhos. Mas sempre que pensava em Leo ou Vitor, meu coração apertava. – Que horas ela chega? – eu perguntei a Jonathan, que preparava o jantar. É claro que eu não perderia a oportunidade de vê-lo fazendo o jantar, depois de tanto tempo. Ele ainda é sexy cozinhando. – Nove horas, foi o que ela disse. Ela está em uma pousada, do outro lado da cidade. – O lado dos riquinhos... – resmunguei. Como seu novo marido era dono de um supermercado, ela podia gastar a vontade. – Sim, o lado dos riquinhos. Daqui à uma hora os dois estarão aqui. Eu sei que é difícil, mas, por favor, Drica, se comporte. – Calma... Jonathan, você percebe que está dizendo isso para a pessoa que mais detesta reuniões em família? Jonathan soltou um suspiro. – Pelo menos eu tentei. Ficamos em silêncio desde então. Eu estava olhando pela janela da sala, esperando o carro dos meus pais aparecerem. Teve um momento em que uma ambulância passou pela rua, automaticamente me lembrei de Leo, me controlei para que não começasse a chorar. Eu sou a durona agora, eu sou a durona, repetia várias vezes em minha cabeça. Eu não tinha uma noção certa de tempo, mas depois de muito silêncio, Jonathan se pronunciou. – Drica, eu sei que não está com vontade de conversar... Mas eu preciso dizer que alguém veio lhe ver hoje. – E você chutou essa pessoa pra fora, como sempre? – Sim... – Ótimo! Bom trabalho irmãozinho. – É que era... – Espera, ela está vindo. Sim, a pequena mulher de cabelo volumoso (ela tinha um vicio por cortes de cabelo anos 70, muito lake investido) e uniforme. Ela estava vindo para cá... Saí imediatamente da janela. – Agora a coisa vai ficar séria, - eu disse. Jonathan concordou com um olhar. Rapidamente arrumamos a mesa. Esperamos tensos, a campainha tocar. Assim que tocou e Jonathan se direcionou para abrir a porta, meu coração começou a acelerar. Se eu fosse tradutora de batidas, ele estaria dizendo: “Por favor, me deixe sair, eu não aguento mais ver essa mulher!”. Ou eu estava pensando assim... De qualquer maneira ela entrou, me procurando pela casa. Assim que me achou, me deu um enorme abraço. – Ah! Minha pequenina! Que saudade!


Fui esmagada por um abraço materno com cheiro de talco... Minha mãe não sabia diferenciar perfumes adultos e infantis. – Oi... Mãe... Seu suéter de lã era esfregado em meu rosto, um caloroso abraço. Tirem-me daqui... – Mãe... – Oi, querida? – Solta. – Por que, querida? – To sem ar... Finalmente consegui me libertar. A mulher baixinha foi então abraçar seu filho mais velho, apertando suas bochechas e dizendo. – Como vai meu meninão ein...? Minha mãe era pequena, assim como eu, ela tinha um pequeno nariz pontudo e os cabelos um pouco mais escuros que o meu e de Jonathan. O corpo dela era bonito e não aparentava a idade que tinha. A mulher mais enérgica e maluca que eu conheci. – Onde está o velho? – Minha mãe perguntou, com a boca torta. Jonathan coçou a nuca, nervoso – tínhamos o mesmo habito. – Ele... Já está chegando. Não demorou muito e a campainha tocou. Dessa vez eu abri a porta. Adoro recepcionar de maneira inusitada. – Oi velho. A velha está aqui. Então... Entra. Meu pai usava uma roupa razoavelmente normal. Ele estava de óculos, o que lhe deixou charmoso. Realmente ele e Jonathan se pareciam nesse aspecto “imagem responsável”. Odiava admitir que grande parte das minhas características, veio da minha mãe. A diferença é que sou um pouco mais sensata. – Janete já chegou? Tão cedo? – Sim... Surpresa! –Fiz uma cara sorridente, nem um pouco alegre. – Ela foi mais pontual que você! Pode se matar, eu não me importo. Meu pai entrou, ignorando minhas provocações, e então o ar começou a ficar mais pesado. A família reunida depois de tanto tempo. – Danilo, quanto tempo... – Minha mãe disse, enquanto tomava uma taça de vinho que Jonathan provavelmente serviu. – Olá, pois é... E como vão o seu marido e filho? Minha mãe sorriu. – Ah, Antonio está bem, obrigada por perguntar. Fred está sentindo falta da irmãzinha. Ele não fica um dia sem perguntar de você Drica. – Diga a ele que morri e que nunca mais vou voltar, - respondi. Fred, meu meio-irmão, era um demônio. Quebrar coisas e me acusar, isso eram os seus passatempos prediletos. Sádico? Sim, muito.


Todos nós nos sentamos e começamos a jantar, silenciosamente. Minha mãe ainda estava sóbria, Jonathan e eu estávamos muito nervosos e meu pai impaciente. – E então Jonathan... – Minha mãe perguntou. – Como vai o seu... Namorado. – A palavra “Namorado” não foi dita nenhum pouco amigavelmente. Um dos motivos do meu irmão ter ido embora de casa foi o fato de minha mãe não ter aceitado sua opção sexual de inicio. Defendi-o diversas vezes da megera. Ela estava mais amigável agora, já que ela foi abandonada pelo filho, e acabou dando o braço a torcer. Por incrível que pareça, meu pai aceitou muito bem o fato de Jonathan ser gay. – Estamos muito bem, obrigado. – Senti a voz de Jonathan presa, ele estava se segurando, para não ceder às provocações. No fundo, ele era frágil. – Ele... Mandou um abraço. – Ah... Bom para ele, - ela respondeu. Minha mãe soltou uma risada e perguntou. – Então... Me diga filho, quem é o passivo e quem é o ativo? Meu pai, meu irmão e eu quase engasgamos com a comida. Minha mãe se divertia com a cena. Meu pai lançou um olhar advertido a minha mãe. – Janete, não comece com suas provocações sem sentido. – Cala a boca, velho babão. Não sabe nem se divertir... Bobo. Eu me segurei para não rir. – Mãe, não beba vinho demais, não estou com vontade de te carregar. – Tudo bem... Esse e o ultimo... Ah! Mas não vamos fugir do assunto... Estamos aqui para falar de você filha... Andou se comportando muito mal. Meu pai suspirou. – Sim, detesto concordar com sua mãe, mas é verdade. Drica, eu acho que teremos que entrar em um acordo. Eu me levantei. Mal havia terminado meu prato, joguei o que sobrou no lixo e o prato na pia. – Não tem acordo nenhum. Eu vou ficar aqui e pronto. Minha mãe mudou sua expressão, agora ela estava realmente séria. – Não fale comigo nesse tom. Você se meteu em brigas novamente. Veio aqui para mudar, mas só piorou as coisas. Jonathan se manifestou para minha defesa. – Não foi bem assim... Ela conseguiu amigos, até tinha arranjado um namorado. – Sim, eu soube pelo seu pai. Mas o que aconteceu depois? Ele terminou com ela! Sabe por quê? Porque garotas como a Drica só sabem machucar as pessoas... Não sabem amar. – Já chega Janete! Está indo longe demais! – A voz de meu pai foi tão persuasiva que todos se calaram. Meu pai pigarreou e disse: - Não fale assim da Drica.


Meus olhos se arregalaram. O velho estava me defendendo? – Ela é minha filha também e eu falo como quiser. Vou levá-la para casa, você sabe disso. Como sempre, minha mãe mostrou seu lado maligno. – Por favor... Vocês podem parar de falar do Leo? – Eu pedi. Aquela conversa toda estava me levando para baixo. Meu tom educado assustou a todos, mas eles entenderam. – Drica, - meu pai começou, - eu sei que discutimos muito, mas se você voltar para escola estou disposto a deixar você ficar. Minha mãe cruzou os braços. – Falou o homem que abandonou ela com cinco aninhos de idade. Agora que ela tem 15, você é o responsável? – Não foi bem assim, você não me deixou vê-los. – Pronto, a briga de divorciados ia começar. – Ela vai voltar para casa Danilo, já está decidido. – Decido por quem? – Pela mãe dela! Jonathan bateu na mesa com tamanha força, que chegou a me assustar. – Vocês não querem saber o que nós queremos? Vão ficar decidindo o que é mais conveniente para vocês? Esqueceram que tem uma filha que já sabe o que quer e um filho maior de idade? Eu soltei um pequeno sorriso. Esforcei-me para não chorar, ver meu irmão me defendendo... Era tão incrível. Geralmente era o oposto. Os meus pais se silenciaram diante daquelas palavras. Foi a minha vez de falar alguma coisa. – Eu entendo que vocês querem o melhor para mim. Mas eu não vou pedir desculpas, pai. E sabe por quê? Eu não aguento mais! Eu não aguento ver as pessoas me olhando, falando pelas minhas costas que sou a culpada por aquele acidente! E o pior é que eu também me culpo! – Eu não tinha percebido, mas lágrimas já estavam escorrendo sobre meu rosto. – Eu não quero voltar para aquele lugar! Eu não quero voltar para aquela casa maldita! Em todo lugar me olham estranho, eu me sinto estranha! – Olhei para a minha mãe. – Eu vou ficar aqui, nem que para isso eu precise implorar! Porque o Jonathan e o Daniel são minha verdadeira família. A verdade: Eu nunca chorei na frente dos meus pais. Eu nunca implorei na frente deles. Eu nunca fui assim. Eu mudei. Jonathan me abraçou e pude esconder meu rosto sobre o seu peito. Eu chorei tudo o que guardei escondida dentro daquele quarto nesse ultimo mês. Meu pai e minha mãe não disseram nada. Jonathan falou baixinho. – Ela está passando por tudo isso e vocês nem perceberam... Como querem decidir por ela agora?


– Jonathan... – eu resmunguei. – Não quero ir embora... Não me deixe ir embora... Eu abracei Jonathan ainda mais forte. Meus soluços eram abafados por debaixo de seu casaco. – Eu sou o verdadeiro responsável por ela, – Jonathan disse firme. Minha mãe engasgou com o vinho. – Você não sabe o que está falando. – Eu sei sim. Drica é minha irmãzinha, ela sempre me protegia e cuidava de mim. Eu vou fazer o mesmo por ela agora. Meu pai estava inexpressível, ele apenas assentiu e disse: – Uma semana. Esse é o prazo. Se em uma semana você não voltar, vou ser obrigado a lhe expulsar. Entendido? Eu sorri. – Relaxa velho. Ninguém se livra de mim tão fácil. Meu pai sorriu de volta. Pela primeira vez entramos em um acordo amigável. – É pai para você, sua baixinha. – É velho, seu velho. Minha mãe se levantou, contrariada. – Calma aí! Vão decidir isso dessa maneira? Vocês entendem que eu sou a responsável legal dela e que eu vou levá-la para casa, mesmo que vocês sejam contra? Jonathan me soltou do abraço e deu um passo a frente, desafiador. – Não, você não vai. Eu não vou deixá-la morar com aquele velho que parece um porco. Prove que realmente ama seus filhos e que confia neles. Deixe-a ficar comigo. Minha mãe se sentiu acuada com os olhares de nós três. Meu pai deu uma piscadinha para mim. Ele finalmente agiu como meu pai de verdade. – Só mais uma chance, - ela disse, a contragosto. – Mas se ela voltar a se envolver com gangues novamente... Não terá perdão. – Eu não me envolvi com gangues. – Não pense que vou acreditar. Você sempre foi uma delinquente... – Eu não me envolvi com nenhuma gangue. Se você acha que eu sou capaz de ter gangues, então não se considere minha mãe, velha. Minha mãe avançou para me dar uma tapa, como sempre fazia quando discutíamos, fechei meus olhos, me preparando. Porém, foi interrompida por Jonathan e pelo som da campainha, que tocava descontroladamente. Jonathan segurou a mão de minha mãe antes que ela chegasse ao meu rosto. Ele a empurrou e então foi atender a porta. Lucia entrou aturdida em casa, sem se preocupar com os olhares surpresos. Ela estava chorando. – Drica? - Ela chamou.


Eu fui até ela. Lucia não estava mais radiante. Seus olhos estavam vermelhos, ela tinha olheiras e a cor de seus olhos estava apagada. – Lucia? Mas o que... – Rita me contou... Ela disse que ouviu que você vai embora... – Mas como ela ouviu? – Eu não sei! – Lucia agarrou as minhas mãos, simplesmente ignorando a presença de meus pais e meu irmão. – Mas você não pode ir! Sua mãe não pode te levar embora! – Como assim? Lucia, eu pensei que estivesse me culpando... – NÃO! EU NUNCA FARIA ISSO! – Lucia me abraçou. Ela começou a chorar em meus ombros. Seus soluços cortavam o meu coração. Senti suas mãos agarrando meu casaco com força. – Eu sei que Leo foi atrás de você... Mas a culpa não foi sua, Drica. Ele e Rita estavam brigando, ele se distraiu, então não foi sua culpa, não foi! Você tem que ficar aqui... Até que o Leo acorde, por favor... – Mas, m-mas por que está me pedindo isso? Lucia eu não estou te entendendo! – Por que o Leo precisa de você. Só de você Drica. Quando Leo acordar, você precisa estar do lado dele. Você tem que ficar! Notas finais do capítulo Me digam o que acharam, por favor ^^ Opiniões, criticas, já sabem... Sempre bem vindas. Perguntas e curiosidades também o/

(Cap. 39) Capítulo 39 - Comportamento inusitado. Notas do capítulo Então, sinto lhes dizer que pelos meus cálculos faltam menos de 10 capítulos para a história acabar. Então... Estou meio depressiva :/ A foto a baixo é o Lucas, que deveria ter os olhos mais pretos e o rosto um pouco mais fino, mas foi o mais próximo que achei.



As mãos de Lucia estavam trêmulas enquanto ela segurava a caneca de achocolatado – que Jonathan preparou as pressas para nós duas. Os olhos inchados, sua expressão era triste. Assim que ela me pegou de surpresa, invadindo a minha casa, sensações ruins apareceram. Eu esperava todo tipo de coisa, menos aquilo. Agora ela estava em meu quarto, se acalmando da crise que teve em minha sala. Meus pais e meu irmão ficaram igualmente surpresos, mas por sorte entenderam a situação. Seu irmão gêmeo estava em coma, ela estava desesperada. Por isso demos uma pequena pausa na (nada maravilhosa) reunião de família. - Está melhor agora? – eu perguntei. Lucia assentiu, com os olhos esbugalhados. Por mais doloroso que fosse vê-la assim, ela estava muito fofa, como uma criancinha. - Desculpe... Eu atrapalhei o jantar de vocês. Aquela era a sua mãe? - Sim, era ela. Mas atrapalhar o jantar foi a melhor coisa que você fez, eu devo te agradecer. Aquilo era um ringue de luta, não um jantar. Consegui tirar um sorriso fraco de Lucia, mas me senti bem com isso. - Que bom que fiz a coisa certa dessa vez. Ela tomou um longo gole do achocolatado, mas depois se silenciou. - Então... – eu comecei. – Você poderia me explicar melhor o que está acontecendo, Lucia? Depois de uma longa pausa, Lucia suspirou. - Drica... Você não pode ir embora. – Sua voz estava trêmula. Meus órgãos internos gritavam para que ela não voltasse a chorar. – Não só por Leo, mas por mim também. - Como assim? - É que... Nos últimos dias Morgana e Rita andam estranhas. Não foram mais visitar Leo e estão sempre saindo... Eu estou me sentindo sozinha. Rita tendo saídas estranhas não me surpreendia, mas Morgana? O fato de Lucia se sentir carente também foi surpreso, mas eu conseguia entender. - Quando Rita te contou sobre eu ir embora? Lucia fungou o nariz e tomou novamente o chocolate. Ela ama doces. - Hoje de manhã, no hospital. Ela ouviu você e Jonathan cochichando sobre isso, não tenho certeza... Eu vim hoje à tarde, mas seu irmão não me deixou te ver. Lembrei-me do que Jonathan queria me dizer antes do jantar. Sobre uma visita importante. - Certo, então era você. Sinto muito, mas não ando bem nos últimos dias. - Sim, você não está vindo para a escola. Eu me senti um pouco mal por isso. Lucia é quem tinha o irmão hospitalizado e eu que fazia o papel de garotinha solitária? Isso estava certo?


- Lucia, tem certeza que você não me odeia? Era para você me odiar, sabe... Ser amiguinha da Rita... Lucia deu uma risadinha. A única luz do meu quarto era a que vinha da janela, que ficava na frente de um poste. O rosto de Lucia era iluminado pela luz amarela de meu quarto. Ela era a única coisa visível ali. - No começo eu tinha raiva de você, mas depois do acidente... É complicado de explicar. - Tudo bem, eu espero. Lucia suspirou. - No dia do acidente eu ouvi Leo e Rita discutindo, ele estava furioso com ela. Eu resolvi segui-los, mas já estavam muito longe. De qualquer maneira Rita mencionou que Leo ia atrás de você. Então, se ele estava indo atrás de você é porque estava preocupado. Drica, desde que vocês terminaram Leo não foi mais o mesmo. Eu percebi que ele sempre amou você. Eu não posso odiá-la, eu não consigo, assim como o meu irmão não conseguiu. Minha boca estava semiaberta. Aquilo que ela estava dizendo era realmente verdade? - Está surpresa demais Drica... Ver você assim me assusta. - É que... Eu não consigo acreditar. - Eu não sei se você traiu o Leo com o Vitor, como Rita disse, mas... - É claro que não! Lucia! Como pode acreditar que fiz algo assim? Lucia parecia envergonhada. - As provas te incriminaram. Revirei os olhos. - Você só acredita no que vê... - É claro! Esses lindos olhos azuis são os únicos em que posso confiar. Não pude deixar de rir. - Certo, entendi. Eu estou feliz, realmente feliz. - Ah! E eu quero que você faça algo... - Lá vem... - Você tem que voltar para a escola. - Tudo bem, eu já estou sendo obrigada a fazer isso. - E visitar Leo no hospital. (...) Eram Três horas da tarde. Uma semana depois da inusitada visita de Lucia, eu estava no hospital ao seu lado, andando pelos corredores para visitar Leo. Meus pais e eu fizemos um acordo depois que Lucia fosse embora, eu iria voltar para a escola e moraria com Jonathan, mas qualquer coisa errada que acontecesse, não teria perdão. Minha mãe foi bastante flexível depois da cena de Lucia, o que me surpreendeu. Por isso, eu também estava indo para a escola, contra minha vontade, é claro.


O mais estranho de tudo é que Vitor estava me ignorando completamente. Não só a mim como ao próprio irmão e melhor amigo. Jota e Lucas disseram que faz muito tempo que está assim, e sempre sumindo de nossos olhos. Eu me perguntava o porquê de seu comportamento estranho, mas nada me vinha na cabeça. Eu sabia, quando saio de casa e amplio meus horizontes, só arranjo mais problemas. Problemas é o que diz no meu futuro. Lucia parou em frente a uma porta. Ela me olhou entristecida e assentiu. Eu abri a porta. Em um quarto branco e deprimente, Leo estava em um sono profundo. Diversos aparelhos ao seu redor, responsáveis por sua vida. Lembro que conheci Leo em um lugar parecido com esse, na enfermaria, mas agora essa lembrança estava muito apagada diante dessa cena. - Vai fazer dois meses... – sussurrou Lucia, enquanto nos aproximávamos. Lucia segurou a mão do irmão, que estava pálido, magro e sem forças. – Dois meses sem ele... Eu... Eu... Lucia começou a chorar. Eu só pude ficar olhando, sem poder fazer nada. Aos poucos meus olhos umedeciam, então seriamos duas choronas no quarto. - Parece que está dormindo... – eu disse baixinho. Lucia sorriu. - Sim... Pode acreditar que a cara dele é assim quando está dormindo? Parece uma criancinha. - Eu sei... Ele já dormiu no meu colo uma vez... – Eu disse aquilo sem pensar, mas algo dentro de mim despertou ao dizer isso. - Leo era um bobão. - Sim, um bobão. Inconscientemente eu acabei segurando a outra mão de Leo também. Ela estava morna, o que me deixou aliviada. Lucia e eu não falamos nada por um bom tempo. Até que ela se lembrou de algo e pegou um objeto de sua bolsa. - Isso aqui... – Lucia segurava uma corrente com pingente de canivete, que eu conhecia bem. – Ele estava usando isso aqui no dia do acidente. Sem perceber, eu já estava chorando. Ver aquele colar me despertou outras lembranças. Ultimamente eu estava muito emotiva. De qualquer maneira, ver o colar me deixou feliz. O anel de madeira que Leo me deu estava em minha cômoda, não tive coragem de jogá-lo fora. Lucia me entregou o colar e disse: - Quero que você entregue a ele. De novo. - Lucia eu... Eu não sei se ainda gosto do seu irmão... – Eu disse um pouco sem graça. Lucia deu um pequeno sorriso.


- Quero apenas que goste do meu irmão, pode ser só como amiga. Tenho certeza de que para ele isso vai bastar. - Eu acho que... Eu assenti. Então nós duas fizemos um acordo silencioso. (...) Lucia continuou no hospital. Porém precisei sair mais cedo, graças à ligação de Gabriela. Ela me ligou dizendo que levaria toda a matéria da qual perdi nos dias que faltei. Gabriela era um presente de Deus. A garota mais inteligente da sala era minha amiga, ela era incrível. O ônibus já estava descendo perto do ponto, que graças a Deus não fica muito longe de casa. O frio estava diminuindo aos poucos, me permitindo usar um casaco mais fino e deixando minha cabeça suada por debaixo da minha touca. Nunca imaginei o que veria quando chegasse ao meu prédio. Eu já estava bem próxima ao prédio, quando na frente da porta de entrada, vi uma cena inusitada. Morgana estava sorrindo alegremente com Vitor, que estava com uma postura diferente, aquela divertida que eu nunca mais tinha visto. Logo depois eles deram um longo abraço. Mesmo visível, minha presença não foi notada. Depois de uma pequena conversa misteriosa, Morgana se aproximou e Vitor não se afastou. Meu corpo todo formigou, meu coração começou a acelerar. Eu queria fugir, mas não consegui me mover. Um beijo. Um lindo beijo foi o que eu vi. Notas finais do capítulo Só pra deixar claro, meu obrigada eterno a vocês... ♥

(Cap. 40) Capítulo 40 - Percebendo e se arrependendo. Notas do capítulo Desculpem a demora gente :/ Minha tosse vai e vem e eu me sinto um lixo. Mas eu não vou desistir o/ A imagem abaixo é o irmão mais velho da nossa amada Drica e super sexy quando cozinha... JONATHAN O/ Confesso que é um dos meus favoritos da história porque ele representa o meu desejo de ter um irmão mais velho XD


VITOR. Queria que tudo fosse um sonho. Queria que Drica não tivesse visto aquilo. Ela podia ser uma simples alucinação, porém Morgana também estava lhe vendo. Muitas coisas haviam acontecido antes daquele beijo. Tudo começou quando Drica estava mal e começou a me ignorar. Eu tentei, de todas as formas, lhe ajudar, mas ela não aceitava a ajuda de quem quer e fosse. E também teve aquela foto...


(...)

Alguns dias depois de Drica começar a me ignorar, passei a ficar mais sozinho na escola. Lucas andava meio estranho ultimamente também. Depois da noticia de que Leo entrou em coma, a escola ficou um tanto depressiva por isso. – No fundo eu acho que foi bem feito... – Jota disse enquanto voltávamos para casa, em certo dia. – Mas eu sinto um pouco de pena dele e da Lucia também... Eu não comentei nada sobre o acidente, pois sabia que qualquer palavra que eu dissesse seria mal interpretada. Nosso ódio era bem claro aos olhos dos outros alunos. O que eu realmente achava sobre o coma de Leo? Uma pegadinha do destino. Certamente ele foi atrás de Drica e era por isso que Drica se sentia culpada. Eu conseguia entender isso. Eu só não entendia porque Drica estava tão mal assim. Ela estava completamente diferente. Até agiu de maneira manhosa quando eu e Lucas fomos visitá-la. Eu percebi que ela estava me escondendo algo. Ela odiava esconder a verdade das pessoas por ser sincera demais, quando realmente precisava esconder algo de alguém, ela evita essa pessoa ao máximo. Era isso que ela estava fazendo comigo. Dias depois o destino resolveu fazer outra pegadinha, mas comigo dessa vez. Nossa professora de história resolveu criar um trabalho em dupla. Tragicamente as duplas foram sorteadas. Mais tragicamente ainda Morgana faria o trabalho comigo. – Só pode estar de brincadeira... – A garota de mechas amarelas veio em minha direção e se colocou ao meu lado. – De todos nessa sala, tinha que ser você? Seu olhar de desprezo era algo incomodo. Porém, mais incomodo ainda foi o que Drica me contou há um tempo: ela já foi apaixonada por mim. Certamente isso já passou, aquele olhar dizia completamente o oposto. – Não pense que também fiquei feliz. – Não estou pensando nisso. Meu melhor amigo está em coma, Lucia está mal pra caramba. Rita está completamente estranha e eu não posso faltar aula... Com tantas coisas para pensar, por que eu pensaria justo em você? A garota tinha grandes olhos azuis destacados por muito (muito mesmo) delineador. Ela sempre vinha com alguma parte da maquiagem


extravagante. Sua roupa estava sempre amassada e seu cabelo sempre colorido. Ela passava a imagem de uma garota livre e que não ligava para nada nem ninguém. Eu até que gostava do estilo dela, menos da personalidade. – Bem, não estou com vontade de discutir, - eu disse. – Vamos fazer esse maldito trabalho. Pode passar na minha casa hoje? Morgana não pareceu gostar da ideia, mas cedeu. – Sim, tudo bem. Vou levar o que precisamos. São só romanos afinal. – Eu gosto de romanos... – E eu gosto de pizza, não de perder meu tempo falando com você. Rapidamente ela se retirou para o seu novo lugar (agora na frente) e me deixou completamente abandonado. Gabriela, a garota tímida que ficava a uma mesa de distância, se sentou na cadeira que Morgana deixou vazia. – Vitor, você está bem? – Ela perguntou. A menina baixinha (ainda mais que Drica) estava realmente preocupada. – Sim, tudo bem. Tirando a camaleoa ali. Gabriela sorriu. Ela era bem bonitinha e me lembrava uma boneca. – E como está Drica? Ela esta falando com você? Infelizmente fiquei emburrado, o que assustou a garota um pouco. – Ah... – Ela disse. – Entendi. Eu e minha cara “espanta-pessoas”. (...) Eu já estava em casa. Morgana e eu não combinamos horário algum, então não tinha certeza se ela realmente apareceria. Eu só queria acabar o trabalho o mais rápido possível. Com Lucas trabalhado e minha mãe na escola eu tinha a casa toda para mim. Antigamente Drica e eu jogávamos juntos ou assistíamos a um filme, mas agora ela recusava completamente minha entrada no apartamento. Por essa razão nos últimos dias eu estava... Carente? Céus, eu nunca diria essa palavra em voz alta. De repente uma visita inusitada toca a campainha, e adivinha quem eu vejo? – Boa Tarde... – Ela disse. Não muito diferente do que ela estava de manha, entrou sem ao menos pedir licença. Esse tipo de comportamento era muito parecido com o da Drica. – Vim para fazer o trabalho. – Eu sei. – Ah! Que bom que sabe... Então vamos começar? Opa... Você tava jogando? – Sim, por quê? – Eu... Gosto de jogar. Só isso. Arqueei as sobrancelhas. Ela queria jogar... Comigo?


– Hum... Podemos Jogar se quiser... Depois do trabalho. – É... Talvez possamos. Fomos até meu quarto e começamos o trabalho de pesquisa. O clima estava um pouco (um pouco quer dizer muito) tenso. Eu não sabia por causa da maquiagem, mas ela parecia estar corada. – Ah! Preciso de um corretivo, você tem? – Morgana perguntou. – Não, perdi o meu faz tempo... Procure na mochila do Lucas, ele deve ter... Está dentro do guarda-roupa. – Eu estava um pouco ocupado fazendo mais pesquisas no meu computador, então deixei que ela mexesse na mochila do meu irmão por conta própria. Ouvi o som de algo caindo no chão, os livros e caderno do meu irmão foram todos espalhados pelo chão. Não liguei muito para isso, acontecia quase sempre. – Ual! Você arruma bem seu armário... – Obrigado. – Não foi um elogio, foi irônico, sabe o que é “irônico”? – Obrigado por se oferecer para ajuntar tudo. – Sorri para ela, de maneira provocativa. Ela ficou séria por um tempo, mas cedeu e acabou sorrindo também. – Talvez eu já tenha ouvido essa palavra... De repente enquanto Morgana arrumava a bagunça, ela soltou um grito surpreso. – O que foi? – perguntei, me virando para vê-la. – Algum problema? Morgana tirou algo de dentro do caderno do meu irmão. – O que é isso? – ela perguntou. Ao que parecia, a imagem da foto lhe deixou indignada. – Eu nunca imaginária... – Deixe-me ver. – Não acho que seja uma boa... – Tarde de mais, tomei-lhe a foto de sua mão. De fato não era uma boa ideia. A foto estava escura, mas eu pude ver claramente o que tinha nela. A foto que foi batida a noite mostrava Drica e meu irmão abraçados... Se beijando. Eu sabia em que noite isso aconteceu. Essa imagem poderia explicar uma série de comportamentos estranhos de ambas as partes. O pior de tudo foi como me senti. Ver aquela foto foi pior do que presenciar o primeiro beijo de Drica e Leo. Aquele que estava ali era o meu irmão... Ele sabia... Ele sempre soube que eu gostava dela... Então por quê? – Vitor, está tudo bem? Eu não respondi. Nenhum músculo do meu corpo se mexia. Minha respiração estava lenta, eu me sentia furioso e magoado. Por que Drica nunca me contou desse beijo? Quem tirou essa foto? Por que eles estão se beijando? Séries de coisas surgiam me deixando com dor de cabeça. – Desculpe Morgana, mas a gente pode terminar isso outro dia? Morgana estava diferente, ela me olhava apreensiva.


– Sim, podemos. Mas Vitor, o que está pensando em fazer? – Não sei... Essa foto é... Eu não sei mesmo. As palavras não estavam saindo corretamente. Eu nunca fiquei assim antes, minha fúria e incomodo nuca foram demonstrados dessa forma. Por que meu peito doía tanto? – Você gosta da Drica? – Essa pergunta me pegou de surpresa. – O que? – Responda, você gosta dela? Eu estava com muita raiva. – E isso importa agora? – Balancei a foto para que ela percebesse que qualquer que fosse a resposta, não importaria. Morgana de repente tirou a foto da minha mão. O que ela fez em seguida me deixou mais surpreso. Ela me beijou. Isso me deixou sem reação, mesmo que suas mãos estivessem carinhosamente em meu rosto e seus lábios estivessem delicadamente sobre os meus, eu não pude fazer nada. – É claro que importa, - ela disse se afastando de meu rosto. – Mas acho que já entendi. Morgana começou a guardar suas coisas, ela estava irritada. Eu estava feito um bobo, calado, tentando processar o que acabou de acontecer. Quando me dei conta Morgana já estava saindo do quarto. – Ei... Espera. – Não, vou para casa, - ela disse. – O que aconteceu? – Nada, só vou embora. Morgana já ia abrir a porta da sala, quando a bloqueei e deixei ela contra parede. Eu a fiz olhar em meus olhos. – Você acabou de me beijar e diz que não aconteceu nada... Isso não faz sentido. – Minha voz estava mais grave. O meu velho eu estava retornando. – Não é como se você precisasse entender, - ela disse. Mesmo eu a mantendo forçada a ficar frente a frente comigo, ela não parecia incomodada, nem tentou se soltar. – Eu só quero ir embora. – Olhe, eu não estou de bom humor. Acabei de achar uma foto do meu irmão beijando a garota que eu gosto. Não tente me provocar. Morgana abaixou a cabeça. – Então você realmente gosta dela... – E o que é que tem? – Eu gosto de você a muito mais tempo do que ela... – A voz de Morgana era quase inaudível, eu achava que não tinha ouvido direito. – O que? Morgana me olhou cara a cara, agora parecendo desafiadora.


– Foi o que eu acabei de dizer. Desde a primeira vez que eu te vi eu gostei de você. O problema era que Leo te odiava e você gostava da Lucia. Eu nunca pude falar isso pra ninguém. Quando soube que você bateu em Leo e mandou garotos lhe perseguirem eu senti ódio de você, mas ao mesmo tempo ainda gostava de você... – Gradativamente o tom de voz dela foi aumentando. – Eu te odeio por me fazer sentir assim! O pior de tudo é que eu não consigo te odiar de verdade! Ela estava chorando. Novamente eu fiquei sem reação. Soltei os pulsos de Morgana, mas ela continuou assim, como se estivesse me testando. – Eu tentei, juro que tentei. Mesmo sabendo que você nunca ia notar minha presença. Sabendo que pra você eu sou uma inimiga... Você se apaixonou pela Drica, que até pouco tempo era minha amiga... Mas nem sabia direito que eu existia. E ela não merece você! É isso que eu penso! E eu me odeio por pensar assim e eu me odeio por querer beijar você agora mesmo... – Ela me deu um empurrão, fazendo-me se afastar. – Eu me odeio... Mas não consigo odiar você... Eu não entendo... Você nunca foi uma pessoa legal e... – Morgana...- foi só o que eu consegui dizer. Nem ao menos completei uma frase. Ela entendeu que eu não sabia o que fazer e apenas disse. – Vou para casa. Esqueça tudo o que aconteceu hoje. Ela foi embora. O que eu fiz? Nos primeiros minutos eu fiquei parado no mesmo lugar, de boca aberta. Na minha cabeça, a imagem de Lucas e Drica juntos vinha repetidamente... Uma fúria incontrolável me tomava. Ver a pessoa que você gosta com outra pessoa era doloroso... Eu sabia disso. Morgana passou por isso durante três anos. E se... Foi esse “e se...” que me fez correr pelas escadas feito um louco tentando alcançar Morgana. Quando cheguei, Morgana já estava abrindo o portão da saída. – Ei, - eu chamei. – Calma aí. Morgana pareceu bem surpresa por me ver ali. – Você pensa bastantes coisas ruins de mim... – Eu tentei procurar as palavras certas para dizer. – Então, que tal eu e você... Sairmos? Garanto que sou legal! – Um sorriso nervoso saiu enquanto eu aguardava a demorada resposta. Por sorte, Morgana deu um pequeno sorriso satisfeito. – Eu vou me odiar mais ainda por dizer isso... Mas eu aceito a proposta. Mas nem tente me convencer de que é o bonzinho da história. Eu ainda acredito em Leo. – Tudo bem... Mas só por causa disso você vai me pagar uma pizza.


(...)

Foi assim que as coisas tomaram o rumo, para chegar naquela situação. A foto que me causou tanta raiva foi devolvida. Morgana e eu descobrimos muita coisa em comum e começamos a sair... Meio que escondido. Mas só nos beijamos pela segunda vez muito tempo depois. Drica havia voltado para a escola fazia pouco tempo. Soube que ela tinha quase ido embora e voltado a morar com a mãe. E ela não me contou. Quando a vi pela primeira vez depois de tanto tempo, me senti um estranho perto dela. O pior foi saber que minha parte rancorosa ainda se lembrava daquela foto... Eu não conseguia olhar Drica nos olhos depois de tudo. Em uma tarde, Morgana e eu tínhamos acabado uma sessão de filme. Ela estava um pouco mal humorada pela volta de Drica. Enquanto eu a levava a te a saída, conversamos. – Você esta bem com a volta dela? – É, acho que sim... – Eu vinha tentando evitar o assunto. Morgana e eu nos tornamos cada vez mais próximos. Ela se tornou uma companheira alegre, mesmo achando que eu era um monstro (ela ainda achava que eu era o malvado que batia em Leo). – Esse acho que sim mais pareceu “ Não estou bem, mas não quero demonstrar isso”. Eu e ela riamos enquanto eu abria a porta da saída do prédio. De repente Morgana mudou o humor. – Mas é sério... Eu estou preocupada, - ela sussurrou. – Eu não sei com o que, - eu tentei parecer bem. – Você é alguém legal... – Viu! Eu te disse! – E eu acho que Drica não merece alguém especial como você. – Como assim? – Drica só fez você sofrer. Ela não gosta de você, ela traiu você com o seu irmão... Ela não está te deixando feliz... – Aonde quer chegar, Morgana? Morgana não respondeu. Em vez disso ela me beijou. Dessa fez foi algo mais forte. Como se eu estivesse forçando a responder o beijo. Eu a


abracei, meu braço envolveu sua cintura e uma de minhas mãos acariciava seu pescoço... Mas algo não parecia certo. Quando nos separamos, me dei conta de que alguém estava vendo tudo. Drica parecia chocada, ela não disse uma palavra sequer. Vendo ela ali na minha frente, logo depois de eu ter beijado Morgana que parecia igualmente chocada, eu percebi algo que fez eu me sentir um monstro. Fez-me perceber que o beijo de Lucas e Drica não era nada. Drica era a única pessoa da qual fazia ser tudo diferente para mim. Eu estava usando alguém para satisfazer uma vingança ridícula. Eu estava usando Morgana para esquecer Drica e não tinha dado certo. Notas finais do capítulo Eu não tive tempo de ler pra corrigir os erros, to com sono demais. Amo vocês e vou dizer isso sempre o/ Comentem o que acharam e se tiverem duvidas ou criticas não exitem, ok?

(Cap. 41) Capítulo 41 - Mais ação e menos perguntas! Notas do capítulo O nome do capitulo e o que eu estava pensando enquanto lia a narração da Drica... Oi pessoas que eu amo!!! o/ Aqui é a navegadora Ennie anunciando que muitas emoções estão por vir!!! EBAAA! A foto abaixo é - sem duvida alguma - o acessório mais desejado entre as garotas que leem a minha história. Ive, diga olá para os leitores (: Ive: olá leitores (:


DRICA. Por que eu queria chorar? Olhando melhor os dois, eles estavam de m達os dadas. Ao que parecia nem eles acreditavam no que estava acontecendo agora. Morgana finalmente conseguiu ficar com Vitor... Mas eles n達o se odiavam? Por que eu n達o estou feliz com isso? Algo em meu peito estava mais pesado. Eu forcei um sorriso, mesmo n達o querendo sorrir. - Desculpem, estou incomodando.


Saí apressada da frente dos dois, acabei sem querer passando no meio deles – soltando as mãos que até pouco tempo estavam juntas. Assim que entrei no prédio, corri as pressas até a escada. Eu não posso chorar, não posso chorar! Eu repetia diversas vezes em minha mente. Por que eu estou tão furiosa com Morgana e Vitor? - Drica! – Eu escutei a voz de Vitor, passos pesados se aproximavam. Corri mais rápido, já estava chegando ao meu apartamento. – Espere! Rezei para que Rita não estivesse em casa. Abri a porta apressadamente e bati com força – estava tão desnorteada que eu me esqueci de trancar. Quando voltei para trancar acabei batendo de frente com Vitor, que entrou sombrio e fechou a porta com toda a força. Seu olhar me assustava e me deixava furiosa. - Por que não está com a Morgana? - Por que eu estou com você agora. - Saía daqui... – Vitor agarrou meu braço com força, seu rosto se aproximou do meu. Seus olhos negros e profundos me fitavam com diversas emoções indecifráveis. - Por que está com essa cara de desapontamento? – Ele perguntou. – Não saía correndo desse jeito me dando esperanças. - O quê? – Eu perguntei, sem entender a situação, Vitor parecia ainda mais confuso. - Sou eu quem devia estar magoado... Você e meu irmão... Por quê? – A dor em sua voz... Meu Deus! Como ele soube? Eu devia estar tão preocupada assim por ele saber? - Como você...? - Uma foto, uma foto no caderno dele. Foi naquele dia, não foi? O dia do acidente... Eu estava sem fala. Não consegui uma reação sequer. - Não sabe como eu fiquei furioso com... Então era por isso que ele estava diferente e sempre sumia. Ele estava magoado... Ele estava com ela. Soltei meu braço de suas mãos com toda a força que pude. Afastei-me dele e me virei de costar para seu rosto. Meu coração estava novamente acelerado. Aquele batimento incomum e descompassado que eu já senti uma vez. Minha cabeça estava cheia de duvidas. - Uma foto? – Perguntei. - Sim. Uma foto de vocês se beijando. Não sei da onde ela veio ou quem tirou. Mas estava claro que eram vocês dois. - Vitor nem eu sei o que aconteceu naquele dia. O beijo foi depois de eu ter levado uma série de socos... - Eu não estou bravo com você, - ele disse. Agora fiquei mais confusa ainda, mas meu corpo ficou mais leve quando ele disse isso.


- O que disse? - Eu fiquei furioso, mas não com você. Eu dei uma pequena risada. Virei-me para vê-lo, infelizmente eu já estava chorando. Eu me odeio por ter chorado tantas vezes em um mês, mas não consigo aguentar. Tantas coisas acumuladas acabam explodindo uma hora, não é? - Drica? - Você não ficou furioso comigo por ter beijado seu irmão? – Eu estava queimando por dentro. Cada parte do meu corpo queria gritar. Eu estava confusa demais... Eu ia colocar pra fora de um jeito ou de outro. – Mas por que eu estou furiosa com você e com Morgana? Vitor arregalou os olhos. - Eu não devia estar furiosa não é? – Continuei, meu tom era de desespero e confusão. Eu não tinha coragem de olhar nos olhos de Vitor. – Você e Morgana... Se vocês estão namorando não é problema meu... Então por que eu estou brava. Por que eu não quero vocês dois juntos? Diga-me por que eu quero que você de as mãos apenas pra mim? Eu não consigo entender! Eu parei para respirar. Vitor ainda me encarava, sem reação alguma. - Vitor... Por que quando olho pra você meu coração dispara? – Eu finamente perguntei. Eu já tinha ideia da resposta. Mas queria que ele me dissesse. Eu queria que ele soubesse o que eu estava sentindo e que eu fosse compreendida. Não importa quantas vezes Lucas tenha me beijado, Vitor estava na minha cabeça o tempo todo. Finalmente Vitor reagiu, confesso que sua reação me deixou surpresa. Ele violentamente foi até mim e agarrou meus braços, novamente aquele olhar profundo me encarava e me deixava de guarda baixa. Odeio olhares de garotos que me deixam de guarda baixa. Parem de me olhar assim, poxa! Talvez, mas só talvez, eu usaria Ive nessa situação. Mas não poderia usar por duas razões: Ive foi roubada, era Vitor quem estava me segurando – deixa tudo complicado. - Agora que você está dizendo isso? Por favor... – Ele resmungou raivoso. Olhei para baixo sem coragem de ver seus olhos novamente. Se ele entendeu, ele não se importava. De repente fui engolida por um abraço, um abraço quente e que me permitiu sentir batidas aceleradas também, as batidas do coração de Vitor. – Devia ter falado mais cedo e evitado toda essa confusão... Sua baixinha idiota. O que estava acontecendo? Esse abraço era diferente de todos o que já tive. Esse abraço me dava... Coragem? Felicidade? O tipo de abraço que eu queria que durasse eternamente. Eu só senti isso uma vez... Nunca pensei que fosse sentir de novo e com ele. - Vitor?


- Sabe com o que eu estou furioso? – Vitor sussurrou em meu ouvido. Seu hálito quente roçava minha orelha. – Eu fiquei furioso por saber que meu irmão conseguiu um beijo seu antes de mim... – Suas mãos grades seguraram firmemente meu rosto, me obrigando a olhar seus olhos de novo, mas dessa vez eles estavam diferentes... – Eu estou furioso com Lucas também... Mas não vou perder pra ele... – Seu rosto se aproximou cada vez mais. – Porque você será minha. Seus dedos secaram meu rosto e acariciaram meus cabelos. Eu não hesitei. Seu rosto cautelosamente se aproximava do meu. Dessa vez, eu fiz algo que nunca esperaria fazer na minha vida. - Então me beija de uma vez... – Eu sussurrei, sorrindo ironicamente. – Eu não tenho nenhum caderno para atrapalhar dessa vez. Vitor sorriu e puxei seu rosto ao meu. Pela primeira vez tomei iniciativa. Meus braços abraçaram intensamente seu pescoço e lhe puxaram para mais perto – deixando nossos corpos se tocaram. Os braços dele agarraram minha cintura, me impedindo de sair de perto dele – mas tentar fazer isso nem passou pela minha cabeça. Os lábios de Vitor eram quentes, eu queria mais a cada segundo. Vitor também não deu sinal de que queria parar, ele mordeu meu lábio inferior umas duas vezes – sim, eu gostei disso. O beijo de Vitor era intenso, provocante e ao mesmo tempo era carinhoso e reconfortante. O beijo dele com Morgana não havia nem chegado perto do que demos agora. Eu estava feliz. Quando enfim paramos, nos encaramos surpresos pelo que aconteceu. Uma risada quebrou o silêncio, mas não nos soltamos um segundo sequer. - Se eu soubesse que beijar uma garota levaria a isso, teria feito mais cedo... – Ele disse. - Ainda estou com raiva de você, - esclareci, mas não conseguia deixar de sorrir. – Ei... Acho melhor nos soltarmos agora... - Ah... Certo... Nós nos soltamos. Eu estava vermelha e sem graça. - Eu acho que você deveria falar com Morgana... Parece que você a abandonou completamente. - Sim, eu devia... Então eu posso te ver mais tarde? – Seus olhos negros estavam brilhantes e piedosos. - Quem sabe... Mas Vitor... Eu não sei se ainda... - Tudo bem. Eu sei que tem o Leo... É difícil competir com um cara em coma, mas eu posso esperar, porque eu gosto muito de você. Eu sorri agradecida a ele. Leo não era o maior dos problemas. Eu não tinha certeza sobre o que sentia por Leo agora, Vitor deixou minhas duvidas maiores. Vitor foi embora me deixando sozinha em casa. Porém alguns minutos mais tarde Gabriela apareceu em casa, me trazendo toda a matéria que perdi no tempo em que faltei.


- Obrigada Gabriela. Você é um anjo... Gabriela sorriu, satisfeita. - Você parece feliz hoje... - Eu estou feliz. - O que aconteceu? - Eu não sei... Mas sei que estou feliz... Lucia havia me perdoado, Vitor me beijou e disse que gostava de mim. Eu não me sentia sozinha. - Então eu fico muito feliz também... – disse Gabriela, baixinho. - Pare de me dar motivos para te apertar! – De qualquer maneira, eu já estava apertando as bochechas da garota fofa. - Desculpa... – ela disse. - Não se desculpe por ser fofa. Isso é algo legal. - Você também é fofa... – Gabriela sussurrou ainda mais baixo. - Gabriela... – Eu fiz um tom um pouco pidão demais. – Você pode fazer aquela pipoca doce... Que só você faz...? Gabriela soltou uma risadinha, seus olhos verdes estavam brilhantes. - O que eu ganho com isso, mocinha? - Ah! Minha garotinha está querendo algo em troca? Vejamos... Eu te dou muitos beijos na bochecha... E cócegas... E... - Ok! Farei a pipoca de graça. Acabamos rindo a tarde toda juntas. Ela colocava a matéria em dia e me explicava de maneira muito mais compreensível que nossos professores. Gabriela era minha doce salvação. Ficamos muito mais próximas e isso me deixou feliz. Gabriela era adorável. Quando Gabriela foi para casa, Jonathan já havia voltado do trabalho. Daniel chegou logo depois do seu novo trabalho – gerente de hotel – acreditem se quiser o cabeludo com cara de surfista era gerente. Porém meu lazer foi interrompido por uma ligação. Uma ligação muito suspeita. Fui até meu quarto para atender. - Lucas? - E aê Drica! - Quero matá-lo, - eu disse. – Você pode me explicar o que uma foto de nós nos beijando estava fazendo com você? - Como sabe da foto? - Vitor a achou nas suas coisas. Mas... Por que ela estava nas suas coisas mesmo? - O quê? Não pode ser... - Esqueça como sabemos disso. Como quer morrer?


- Que coincidência! Eu liguei justamente para falar da foto. Eu ia mostrar a você, mas como você já sabe, vai facilitar as coisas. – Ele soltou uma risada divertida e misteriosa. - Do que está falando Lucas? Falar da foto? Você está estranho. - Se quer saber de tudo, quero que depois de amanhã você venha até aquela casinha... Onde eu te salvei. - Como assim? Vai querer me roubar outro beijo? - Apenas venha. - E se eu não for? - Drica? É você mesmo?É claro que você vai vir... Você vai amar o que eu tenho para te mostrar. Beijos, baixinha favorita do meu irmão. A ligação caiu e eu fiquei me mordendo de curiosidade. O que ele queria que eu visse? O que ele quer dizer com saber de tudo? Ele estava falando da foto... Mas tive a impressão de que era algo mais. Eu iria até lá, com certeza. Notas finais do capítulo Então pessoas, eu estou tão ativa hoje, muito café com leite sabe... (hábitos da Drica foram herdados da mamãe aqui). O que estão achando? Estão gostando? Comentem ^^ Curiosidades: Drica nasceu no dia 8 de dezembro, ela é Sagitariana o/ Daniel é bi, não gay. Antes de se relacionar com Jonathan ele tinha uma namorada (dá pra acreditar? 'o'). Morgana colore o cabelo por que acha o castanho do seu cabelo muito sem graça, ela gosta muito de coisas coloridas. Lucia é BV. Leo e Vitor já ficaram com outras meninas, mas tentativas em vão de esquecer respectivamente Rita e Lucia. Até a próxima o/

(Cap. 42) Capítulo 42 - O que iremos encontrar? Notas do capítulo Olá gente!!! Desculpem a demora, mas o importante é que capitulo 42 está aqui o/ Eu não sei se ele ficou realmente bom... Acho que poderia ter feito melhor, mas me faltou inspiração. Espero que gostem ^^ Lucas me deu a impressão de que queria dizer algo importante. Porém também parecia algo perigoso.


Eu não queria ser engana dessa vez, principalmente quando Ive não estava em meu bolso. Um dia depois da ligação algo misteriosamente apareceu em meu caderno, algo realmente desagradável. A foto, aquela foto, apareceu junto com um bilhete escrito “15h30min”. Deduzi que havia sido Lucas, que de uma maneira muito sorrateira se infiltrou na minha classe e colocou a hora em que eu devia estar naquela maldita casa. Depois do que aconteceu no dia anterior, me senti um pouco desconfortável em passar minha manhã inteira sentada com Vitor na carteira ao lado. Eu tinha muitos problemas para resolver, coisas importantes para pensar e notas muito ruins para recuperar... Mas a única coisa que me passava era em como eu deveria agir com Vitor de agora em diante. Odeio, definitivamente odeio ser uma adolescente vivendo primeiras experiências amorosas. Tudo podia vir pronto e com manual de instrução, facilitaria a vida de pessoas preguiçosas e sem força de vontade como eu. O meu grande alívio foi saber que Vitor agia normalmente comigo. Ele deu uma piscadinha em quanto conversávamos junto com Gabriela, então percebi que ele não iria me pressionar. Ou... A maneira que ele pressiona as pessoas é não pressionando elas... Mas prefiro que seja a primeira opção. A única coisa ruim foi ver Morgana me matando com os olhos, eu sentia que ela tinha algo a me dizer, mas nem sequer falou mal de mim. É claro que não contei a Vitor sobre Lucas, mas eu queria contar. Não estava pensando em cometer o mesmo erro duas vezes indo sozinha e despreparada para aquela casa de novo – taco de beisebol foi a medida de emergência, claro que se eu soubesse levaria algo como um bastão de ferro. Porém se fosse para envolver alguém nisso, tinha que ser a pessoa certa. Quando me dei conta estava telefonando para alguém, no meio da noite e pedindo que fosse comigo. O que mais me surpreendeu foi ela ter aceitado. – Hum... Você tem certeza? Afinal é você... Lucia. – O quê? – Lucia parecia animada pelo telefone, mas eu realmente não queria saber. Lucia conseguia me surpreender mais que qualquer um. – Drica, o que tem de errado em ser eu? Eu gosto de maquiagem, gosto de moda e gosto de caras bonitões, mas preciso de um pouco de emoção... Se eu ficar aqui sem fazer nada vou ficar pensando o tempo todo no... – Ela fez uma pausa, talvez pensando se deveria dizer o nome dele ou não. – Leo. – Entendi. Então você irá comigo amanhã? Quer correr o risco? – Claro! Nunca fui com a cara desse garoto na verdade e não quero deixar você sozinha com ele de novo... Ele me parece o tipo de cara que leva uma faca no bolso... Opa... – E então... O que tem de errado com facas mesmo?


– Esqueça. Essa história de foto me pareceu mal contada também. Eu quero correr o risco sim, irei com você amanhã sem dúvidas e saberemos de tudo, como ele disse a você. – Tudo bem, obrigada Lucia. – Me agradeça depois de saber o que ele quer tanto te mostrar. (...) Eram exatamente três e meia da tarde, não tinha ninguém do lado de fora da casa. – Será que ele estava brincando? – Perguntou Lucia. Ela estranhamente vestia uma camiseta rosa da Pucca e calça jeans, aparentemente era o jeito mais normal que ela se vestiu até hoje, ou não. Seu cabelo estava amarrado com uma trança embutida e se ela havia passado maquiagem, não conseguia perceber. – Não, Lucas pode ser um completo idiota, mas ele sabe que tem hora certa para brincar. – Quando você fala o faz parecer uma criança... – Mas ele é, vamos até a casa, não faça barulho. O sol forte não me permitia deixar os olhos completamente abertos, mesmo que não fizesse tanto calor. O grande terreno preenchido apenas com uma casa de madeira mal feita no meio estava silencioso, assustadoramente silencioso para essa hora da tarde. Inconscientemente coloquei minhas mãos no bolso de trás, procurando por meu canivete. Uma tristeza surgiu quando me dei conta de que a procura seria em vão. Dado podia estar lá, com meu taco de beisebol e meu canivete. Mas o que Lucas queria que eu fizesse ali? À medida que nos aproximamos da casa, ouvimos vozes. Vozes de pessoas que nunca imaginaria ouvir dentro daquela casa. Lucia pareceu estar surpresa, assim como eu. Em um acordo silencioso nos aproximamos e tentamos ouvir mais claramente. – Eu devo admitir que você acabou me surpreendendo... – A voz de Rita parecia satisfeita. Rita, a garota que eu tenho evitado mais que o normal desde o acidente. Ela também me evita bastante, sempre que nos encontramos não trocamos mais farpas. Eu acreditava que ela estava mal por causa do acidente, mas não era o que parecia. – Eu achei aquele beijo muito exagerado, - Dado, diferente de Rita, estava completamente mal humorado. Lucas, aquela sem duvida foi uma risada de Lucas.


– O que eu faço ou deixo de fazer não é problema seu. E eu acredito que aquele beijo foi o suficiente para Rita aceitar que sou de inteira confiança... Meu corpo enrijeceu. Era isso que Lucas queria que eu ouvisse? Ou eu cheguei na hora errada? – Sim, - Rita disse, - E também foi o suficiente para saber que você gosta da Drica... Odeio concordar com Dado, mas aquele beijo não foi o que planejamos. Lucas suspirou. – Isso interessa agora? – Realmente não, - ela disse. – Por que você nos chamou com tanta urgência? – Eu não estou mais entendendo você Rita, - disse Lucas. – O que quer dizer? – Como Morgana achou a foto no meu caderno se eu não a coloquei lá? – Lucas estava um pouco irritado. – O plano não era eu colocar nas coisas da Morgana e culpá-la? Rita soltou uma risada animadora e, para mim, muito nojenta. – Sim, de início seria assim, mas consegui algo melhor. Eu a fiz mostrar a foto a Vitor, lhe fazendo pensar que foi sua culpa. Eu não podia evitar, eles fariam um trabalho em grupo e parecia otime perfeito. – E isso sem me avisar? – Desculpe Lucas, mas você não precisa saber de tudo. – Espera, mas eu não sou o seu cúmplice? – E o que é que tem? O que mais quer saber? – Por que mandou Dado espancar Jonathan? Essa pergunta fez todo o meu corpo formigar. Uma enorme vontade de chutar a porta e dar uns belos socos em Rita surgiu, novamente. Dado se pronunciou, divertindo-se com a pergunta. – Esse cara é muito chato... O irmão bichinha dela foi a única coisa que me fez pensar em atrair ela... – Mas você já tinha pegado a Gabriela, não era suficiente? Rita interrompeu Dado antes de a primeira sílaba ser terminada. – Ele quer se divertir. O que é que tem demais? Eu não vejo mal algum nisso, foram só uns chutes... – Vocês dois são malucos... – Lucas parecia realmente irritado agora. – Eu não sabia que seria assim... Dado quase gritou de raiva dessa vez. – E daí? Vai desistir seu idiota? Foi você que disse que queria separar aquela nojentinha do seu irmão... Não vem pra cima de mim como bom moço! – Verdade Lucas, não venha com arrependimentos agora. Lucas suspirou e se deu por vencido.


– Tudo bem... Mas você sabe que Morgana e Vitor estão mais próximos, não é? Rita riu. – Deixe-a aproveitar um pouquinho. Para mim é fácil separar os dois... Morgana se diz livre e independente, mas é tão fácil de manipular... Lucia resmungou e a vi serrando os punhos. Ela parecia tão furiosa quanto eu. Dado entrou no clima e acabou soltando a língua. – Rita tem essa carinha de anjo... Mas é um demônio. Depois que aquele babaca loiro do Leo deu um tapa nela, ela mandou a gente deixar ela toda roxa pra se fazer de vítima para o Vitor... Ela também fez Leo pensar que Vitor era quem fazia a gente o perseguir, isso até que foi legal... Enquanto isso a gente passou o estilete em Vitor e ele pensou que foi Leo... Se bem que os dois já se bateram muito, então nem foi difícil fazer ele acreditar. Ainda bem que sou bem pago pra isso. - Dado soltou uma risada como se o que tivesse dito, não era nada demais. Alguma coisa caiu no chão. Rita soltou um gritinho. Eu não sabia o que aconteceu, mas parecia ter sido Lucas. – O que você fez com meu irmão, desgraçado? Aquilo foi culpa sua seu filho da...? – Ei! Calminha aí... Rita mandou a gente pegar ele e dar uma surra... E os caras estavam com tédio, o que eu podia fazer? Rita parecia realmente alterada. – DADO SEU INUTIL! NÃO PRECISA FALAR TUDO O QUE FAZEMOS ASSIM... LUCAS SOLTA ELE AGORA SE NÃO QUER ARRANJAR CONFUSÃO. Lucas pareceu ter soltado, porque Dado debochou dele dizendo. – Isso, bom garoto. Ta aprendendo a obedecer à dona ein... – Dado, não comece, - Rita mandou. – Cale a boca e me deixe falar. Como você disse, é bem pago para fazer o que eu mando. Dado calou a boca, finalmente. – Eu vou explicar tudo Lucas, - Rita disse. – Acho bom, e quero que me fale tudo, bem direitinho... Meu sangue já estava latejando em minha cabeça. Minha raiva já tinha me tomado por inteiro. Eu não queria saber o que ia acontecer. Minha mão inconscientemente abriu a porta. Lucas, Dado e Rita olharam pasmos para nós. Porém Lucas mudou seu semblante para um sorriso de vitória. Aquilo foi planejado por ele, realmente? Lucia entrou junto comigo, sem ao menos hesitar. – Rita, eu não acredito nisso... O que você fez? – Então Rita, comece a contar tudo, - eu pedi. – Também estou interessada em saber, sua Vadia.


Notas finais do capítulo Não esqueçam de comentar!! Se acharem erros podem me falar ^^ Se não gostaram de algo, me falem também ^^ Obrigada pelas recomendações e comentários de vocês, eu fico tão feliz em saber que estão gostando... Amo muito vocês, de verdade. Curiosidades: Leo e Morgana já ficaram, no verão antes da sétima série, antes de Rita e Vitor aparecerem também, mas como melhores amigos de infância, acharam que não daria certo. Lucia já gostou de Vitor, mas como os boatos sobre ele bater em seu irmão se espalharam, ela começou a odiá-lo. Antes do canivete Ive, Drica tinha o bastão de beisebol, que se chama Ed. Drica sempre sonhou em ser engenheira. Ela é boa com números, por incrível que pareça. Drica usa óculos para enxergar de perto, mas só usa em casa e ninguém além de Jonathan e Daniel sabem. Ela usa lentes para esconder. Gostam das curiosidades? Se sim eu posso colocar mais ^^ Até a próxima ♥

(Cap. 43) Capítulo 43 - Sem se responsabilizar por atos. Notas do capítulo Gente, desculpem a enorme demora. Problemas pessoais e escolares (se é que me entendem) surgiram. Fora o fato do enorme sono que eu ando sentindo a tarde. Mas eu consegui, capitulo novo o/ Espero que gostem e não se esqueçam de me dizer o que acharam. PS: Eu acabei de acordar, não liguem para os erros, apenas me avisem que eu corrijo ^^ ♥ Uma aura assassina emanava de meu corpo e se espalhava furiosamente pela casinha de madeira no meio do nada. Essa aura era assustadora. Assustadora para todos, inclusive para mim. Eu podia matar alguém. Eu queria matar. Eu quero matar Rita. Não esperei nenhuma explicação na verdade, deixei meus atos inconscientes tomarem conta e quando dei por mim, já puxava seu cabelo para trás, a ponto de deixar o seu coro cabeludo arder.


- Eu devo agradecer por ter um cúmplice tão retardado como o Dado... – resmunguei em seu ouvido. Rita me olhava sobressaltada, seus braços tremiam, mas ela não podia fazer nada porque eu os estava segurando. - Sua desgraçada... – Dado avançou para me bater, mas foi impedido pelo grandão, Lucas tinha um sorriso vitorioso nos lábios. Eu não sabia se tudo isso era parte de seu plano, eu só queria socá-lo mais tarde. Havia uma prioridade no momento. Lucia não sabia como reagir, apenas olhando espantada e confusa para a situação repentina que se formou. - Então, sua vadia, pode começar a falar – eu disse puxando ainda mais o seu cabelo. Depois de gemer de dor, Rita lançou um olhar assassino sobre Lucas. - Nojento... Não acredito que tenha me enganado... Eu vou te matar... - Cala a boca, - eu disse. – Resolva seus problemas com ele depois... Antes você tem que me explicar tudo e depois vou te bater. - Drica, - Lucas me chamou do outro lado da casa. – Toma! – Ele jogou um pequeno canivete de cabo vermelho. – Acho que você vai gostar disso aí. Ive estava em minhas mãos. Minha fúria dançava de felicidade. Eu sorri agradecida para ele. - Obrigada. A linda lamina do meu canivete foi colocada sobre as pontas do cabelo de Rita. Eu geralmente não faria isso com aquele belo cabelo, mas a culpa não é minha se ele tem uma dona muito nojenta. - Comece a contar tudo, antes que você fique careca... - Acha mesmo que eu vou fala... Eu interrompi Rita, jogando-a no chão. - Acho, e se não falar, vai sofrer consequências. Controlei-me para não esfregar a cara de Rita no chão. Limitei-me a apenas puxar seu cabelo e mantê-la com as mãos presas. - O que você fez mesmo? Rita soltou uma risada forçada depois de minha pergunta. - E o que é que tem? Eu planejei tudo sim. Leo e Vitor não fizeram nada de mal relacionado um ao outro depois do nosso namoro. Foi tudo minha culpa. E sabe o que é mais interessante? Isso não é da sua conta! Juro que não foi por querer, mas impulsivamente esfreguei a cara dela no chão. Lucia em um sobressalto gritou. - Drica! Acalme-se. Tarde de mais, eu pensei. Respirei fundo.


- E o que mais? Sinto que não foi apenas isso... - Saia de cima de mim, retardada bruta montes! - Sinto muito, a retardada bruta montes só vai sair se você abrir a boca. Dado tentava se soltar desesperadamente dos braços de Lucas. Era engraçado. Nem eu conseguia ganhar do Lucas, ele era enorme. Me concentrei em Rita, eu ia fazê-la arrancar tudo, eu queria a verdade para depois torturá-la. - Eu não vou falar mais nada! Saia de cima de mim agora! Eu dei uma risadinha. Ive aos poucos foi começando a cortar os cabelos negros e cacheados de Rita. - Eu sou péssima cabeleireira... Não sou como minha mãe. Então não irei garantir que o penteado saíra bom... Joguei o que eu havia cortado na frente de Rita, então ela entrou em desespero. - O que você está fazendo! Para! Para agora! Por favor! – Se contorcendo de angustia, ela começou a chorar. Se eu senti pena? Nem um pouco. - Tudo bem, eu vou contar! Mas pare! Não corta o cabelo, eu demorei um tempão pra deixá-lo crescer e... - Não quero saber. Comece falando. Depois e gemer, insatisfeita ela começou a falar. - Eu é que mandei me baterem, para Vitor pensar que Leo é quem tinha me espancado, quando na verdade foi só um tapa. Eu mandei perseguirem Leo, fazendo-o pensar que Vitor era o culpado. Depois que Leo e eu terminamos, comecei a semear a discórdia que havia acabado e mandei baterem em Vitor... - Então aquelas cicatrizes nas costas dele... São sua culpa? Eu puxei ainda mais o cabelo dela, e acreditem, eu fiz isso para evitar de fazer coisa pior. Rita engoliu em seco. - Sim... – Um gemido de dor se seguiu logo depois de eu jogar a cara dela contra o chão. Lucia estava atordoada. - Rita... Como foi capaz? Rita conseguiu falar mesmo com parte da boca beijando o chão. - Cala a boca patricinha de meia tigela. Não consigo engolir esse seu lado “boasinha”. Anda como uma prostituta e ainda se faz de santa... Puxei o cabelo de Rita novamente e joguei sua cabeça contra o chão com mais força.


- Queridinha... Você está falando com a Driquinha aqui agora... Apenas diga o necessário se não quiser piorar. - O que mais você quer? - Eu tenho certeza de que não é só isso que você estava me escondendo... Priminha. Parte do meu corpo estava feliz por poder torturar alguém novamente. Não fazia isso desde que mudei pra cá. - Eu... – Eu arranquei mais um pedaço do cabelo para que ela continuasse sem hesitar. – Eu cortei você com o caco de vidro e fiz os outros acreditarem que foi você... - E como você fez isso? - Eu mesma me cortei... Lucia pareceu se engasgar, ela estava com as mãos sobre a boca e ao que parecia não conseguia dizer uma palavra sequer. - E o que mais? – Eu sussurrei em sei ouvido. - Eu espalhei mentiras sobre você... - Vamos Rita, eu sei que tem mais coisa... - Eu mandei sequestrarem Gabriela, ligando pra ela com o seu celular... Dessa vez Ive foi pressionada contra seu rosto. Eu respirei fundo tentando controlar minha ira. - Continue, eu rasgo sua cara. - Eu paguei para que te atraíssem e batessem em você... - E como você fez isso? - Eu... – Rita hesitou, mas ela amava demais suas bochechas rosadas para não continuar. – Eu pedi que espancassem Jonathan para te atrair. Dessa vez, fiz Rita me olhar nos olhos. Mas não para perdoa-la, nem para dar emoção a cena, apenas queria dar um soco nela. Foi o que eu fiz. Não sou uma alma piedosa quando mexem com as pessoas que eu amo. - Garota imunda... Bonita por fora e um lixo por dentro... – Peguei a gola de sua blusa e a aproximei de mim. – Continue, desembucha tudo de uma vez e não enrole... - Você também é um demônio... Olha o que está fazendo comigo! Aquela pose de garota legal também era uma farsa... – Rita soltou uma risada forçada. Depois de ver a cara nojenta dela sorrindo, eu não aguentei. Novamente dei um tapa em sua cara. - Cala a boca! Acha mesmo que eu me faço de garota legal? Retardada... Eu não posso fingir que sou legal, simplesmente porque eu não sou legal. Eu não vou deixar passar isso aqui... Eu vou ser cruel com você, porque você merece vadia. Rita estava de olhos arregalados, assim como todos os outros, que assistiam silenciosos a cena.


- Continua, - eu mandei. Rita dessa vez falou sem hesitar. Boa menina... Não acham? - Eu achei que Lucas estivesse do meu lado. Pedi para que ele encenasse um resgate. Eu mandei que ele desse um beijo em você, para que te deixasse confusa e você largasse o Vitor... – Rita deu um sorriso nojento. – Mas também bati uma foto, e de inicio pensei fazer Lucas colocar nas coisas da Morgana... Mas mudei os planos e coloquei no caderno de Vitor sem ele saber. Então Vitor te largaria... Já que ele não merece alguém tão estúpida como você. Mas parece que o mongol gigante me enganou... Uma pena pra mim, não é? Mas não me importo. Eu não desisto tão fácil. Ah! E quer saber? Leo descobriu tudo antes do acidente, por isso foi atrás de você. Ele queria te proteger... Não é lindo? Meu corpo enrijeceu. Controlei-me para não me tornar uma assassina. Fiquei ali, tentando assimilar a imagem de Rita com alguém com problemas psicológicos. Tinha tudo haver. Rita não parecia mal, nem nada do tipo. Ela aproximou seu rosto ao meu, e começou a me provocar. - O que foi? Ta bravinha porque fiz isso com você? Coitadinha da pequena Drica, que precisa ser amada por tudo e todos... Ainda agarrando o seu cabelo, fiz seu rosto se afastar. Passei Ive sobre sua bochecha, deixando um pequeno arranhão. - Eu não mandei você falar mais nada, aprenda a obedecer... – Eu dei um pequeno sorriso vitorioso, para aquela Rita que tinha um olhar sádico e louquinho para me matar. – Eu não me importo que você queira me prejudicar, realmente não ligo. Eu aguentei meses você me torturando, porque eu realmente não ligo para o que você faz comigo. Mas... Jonathan, Gabriela, Vitor, Morgana e até mesmo Leo estão sendo prejudicados por para preencher seu ego ridículo. Toda essa porcaria pra realizar seus desejos fúteis... Isso eu não vou perdoar. Rita finalmente calou a boca. Um roxo já se formava na sua testa e ela estava confusa demais. Eu não sabia o que aqueles olhos verdes arregalados significavam. - Acho que você não vale mais a pena, concluí. Soltei-a, mas continuei com o canivete em mãos, caso ela tentasse algo. Aqueles olhos ainda me assustavam. Eu olhei para Lucia, que estava nada mais nada menos que chorando. Ela me abraçou, e eu pude sentir o peso que ela estava carregando. - Eu sinto muito... – Ela sussurrou. Eu sorri, abraçando- a de volta. - Vamos voltar. Olhei para Lucas, que estava com um Dado bem machucado. - O que foi? – Ele perguntou indiferente. – Essa cara não queria calar a boca, só dei um trato nele.


Consegui rir. - Então era tudo planejado, ein? Lucas sorriu, divertido. - Eu nunca ficaria contra você. Rita nos olhava miseravelmente, mas sem Dado ao seu lado – que agora estava semiconsciente e murmurava coisas sobre Pokémon – ela não teria chances. Saímos daquela casa imunda. Lucia ainda estava chorando e não conseguia dizer uma só palavra. – Eu vou na frente, - ela disse. Lucia começou a andar apressadamente a nossa frente. Ela não conseguia olhar em meus olhos. Lucas caminhava ao meu lado. Nem parecia que tinha acabado de me presenciar torturando alguém. - Parece que alguém está se sentindo terrivelmente culpada. Eu olhei para Lucia, que estava cabisbaixa a poucos metros à frente. - Sim... – Eu o olhei ameaçadoramente. – Você também devia se sentir... O senhor precisa me explicar algumas coisinhas... - Ah! Claro... Desculpe minha cara dama por ser tão indelicado com vossa senhoria... Eu apenas fingi que estava do lado dela, para fazê-la abrir a boca. - Só isso? Fingiu? - Claro! Eu precisava ganhar a confiança dela. – Lucas soltou um sorriso travesso e tirou algo do bolso. Era um gravador. – Agora, se alguém duvidar que Rita é do mal, eu só faço essa pessoa ouvir... E ainda com um bônus de “Drica, a justiceira!”. Dei um soco em sua barriga. - Desgraçado! Não acredito que gravou! Estou feliz e chocada ao mesmo tempo... Mas vou te perdoar, tudo porque você conseguiu Ive de volta. Sorri feliz segurando meu canivete. Lucas sorriu contente. - Ainda bem, não queria que ficasse brava comigo por isso. - Eu estou um pouco... Mas você fez algo realmente maneiro... Lucas parou de repente. - Drica... - Oi? - Sobre o beijo... - Tudo bem, não tem problema. Não era só um fingimento? Eu sei que você precisava convencê-la... - Na verdade, eu não fingi. Eu juro que fiz algo muito idiota. Engasguei-me com minha própria saliva. - O quê? – Eu perguntei muito surpresa.


Lucas deu uma risada, da minha própria idiotice de me afogar. - Não fique tão surpresa. Acha que um beijo como aquele podia ser encenação? Eu gosto de você, Drica. Mas acho que meu irmão gosta ainda mais. Não me sinto no direito de ter você para mim, sabendo que meu irmãozinho ama muito você. Acho que perdi essa briga há muito tempo... Assim que percebi que Vitor e Leo estavam brigando por você de um jeito que talvez eu nunca fizesse. Lucas sorriu solidário para mim. Eu não podia acreditar que essas palavras saíram da boca dele. Não mesmo. - Você está brincando... - Não... Eu não brinco com uma coisa dessas. Acho que foi chute na canela a primeira vista. Eu não pude deixar de rir. - Seu idiota... Lucas assentiu. - Sim, muito idiota. Afinal eu estou dando você de mão beijada para aqueles dois patetas... Mas eu não me importo. Eu sei que você vai ser feliz com um deles, de qualquer jeito. - Como tem tanta certeza de que vou ficar tão em dúvida entre os dois? Não garante que eu vá ficar com seu irmão? Lucas levantou uma sobrancelha. - Talvez... Mas só tem um probleminha. Eu sei que você ficou mexida com o fato de Leo ter ido buscar você antes de sofrer o acidente. Eu odiava admitir, mas Lucas estava certo. O cara era bem observador, como o irmão. - Mas... Ainda sim... – Eu tentei dizer, mas Lucas me interrompeu. - E o nosso pai está vindo para cá, semana que vem ele chega. Ele quer nos levar com ele. Eu tenho certeza de que Vitor sabe, lá no fundo, que ainda está disputando com Leo. E eu sei que Vitor só vai ficar aqui se tiver certeza de que você gosta dele. Então eu acho melhor você se decidir. Leo, que ainda está em coma e pode acordar te pedindo perdão, ou Vitor, que sempre gostou de você e está prestes a ir embora. Lucas me olhava sério, forçando que eu tomasse uma decisão. Eu não conseguia dizer nada, meu corpo congelou e minha cabeça girava. - Drica, se você não se decidir, Vitor irá embora sem dizer nada. Notas finais do capítulo Hoho E então, o que acham que vai acontecer? História quase no fim ~chora. Curiosidades: Lucas terminou com a namorada para ficar na cidade, e adivinhem por ele terminou... Gabriela sempre foi a melhor aluna da classe, e sempre é assediada por ser bonitinha. Pessoas pensam que ela tem 12 anos por ser muito pequena e fofa. Jonathan sempre foi gay, por isso era muito zuado na escola. Porém, depois do


episódio do taco de beisebol da Drica ajudar a quebrar um cara do ensino médio... As coisas mudaram. Daniel já foi professor de surfe quando morava no litoral. Vitor não gosta muito de doces. Morgana não ama só pizza como qualquer tipo de massa. Drica já foi parar em uma delegacia. Vitor é odiado pelos professores por ser o único a ser "sincero" com eles. Domingo é meu aniversário, e como presente quero vocês lendo minha história e se divertindo com ela (pelo menos torcendo por isso) ^^ Até pessoal o/

(Cap. 44) Capítulo 44 - Algo por trás de Rita. Notas do capítulo Eu até poderia criar mil desculpas pela ENORME demora. Mas acho que vocês querem mesmo um capitulo novo. Obrigada por esperarem. OBS: me matem mentalmente o quanto quiserem, mas eu não desisti dessa história e nem pretendo. Depois de tudo o que passei nesses últimos dias, ouvir aquelas palavras de Lucas não era mais uma surpresa. Apenas doeu, como se meu coração tivesse ganhado dois quilos a mais. Uma escolha. A cena dos acontecimentos passavam constantemente sobre minha cabeça, apenas me fazendo ficar ainda mais indecisa depois de tudo. Já era noite, umas oito horas até onde eu me lembrava, e eu já estava jogada em minha cama quase querendo sumir. Lucia precisou ser levada de carro para casa, graças aos céus Daniel pode me ajudar. Além do fato de estar furiosa e confusa, mesmo tendo me vingado, algo me incomodava. Rita ainda não apareceu. Conhecendo ela como conhecia, ela apareceria logo depois e tentaria se explicar para Lucia, ou qualquer outra coisa que lhe fizesse ser inocente de novo – como mostrar profundo arrependimento ou dizer que eu a forcei dizer aquilo. Isso não aconteceu, ela simplesmente desapareceu. Jonathan ainda não havia chegado do trabalho, o que me preocupava, como iria soltar todas aquelas bombas para o meu irmão? Dizer: “Olha! A nossa querida hóspede foi responsável por você ter sido espancado!”. Eu realmente não estava ansiosa para isso, principalmente agora em que ele recentemente recebeu alta, mas ainda estava machucado.


Sozinha e completamente em desespero: isso me definia no momento. Por impulso acabei pegando o meu celular e ligando para Rita, diversas vezes, tentando saber onde ela estava. Eu poderia entender que ela não queria dar as caras tão cedo, mas não tinha um bom pressentimento sobre isso. E geralmente quando estou com maus pressentimentos é porque coisas ruins realmente estão acontecendo. Pensei em pedir ajuda à Lucia, mas pelo estado dela, ela ficaria feliz em saber que Rita tinha morrido. De verdade, Lucia sabia ser rancorosa quando queria. Ouvi alguém abrindo a porta da sala, em um salto saí da cama e fui correndo saber se ela havia chegado. Quando soltei um gemido de desapontamento, Jonathan levantou a sobrancelha. – Geralmente você me pede comida quando eu chego, - ele disse. Eu suspirei. – Desculpa Jonathan, mas estou aflita agora. Pela primeira vez na vida estou preocupada com Rita. Jonathan ficou paralisado por um instante, eu sabia exatamente o que seu olhar queria dizer – coisa de irmão. – Eu vou explicar tudo, - eu disse. A cada situação que eu descrevia, os olhos de Jonathan iam se arregalando. Nem Daniel teve uma reação tão grande quanto Jonathan. Segundos depois de eu terminar a história, Jonathan colocou as mãos em meus ombros e me encarando disse: – E depois? Onde Rita está agora? – Eu não sei, saí daquele casebre com Lucas e Lucia e não soube mais nada dela. Sei que ela sempre sai a noite, mas eu não estou com uma boa sensação sobre... – Acalme-se, vamos, acalme-se. – Jonathan estava inquieto e murmurava consigo mesmo, o que era realmente raro. – Eu preciso fazer algo... – Jonathan? O que tem de errado? - Eu perguntei. Jonathan parecia quase desesperado. – Seja lá o que tiver acontecido, eu preciso achar ela... Jonathan pegou seu casaco e ia saindo as pressas do apartamento, até que eu o segurei. – Calma aí, acho que é sua vez de me explicar o que está havendo. Jonathan respirou fundo, impaciente. – Drica, eu sei que o que você fez foi por impulso e você estava com raiva... – Não foi por impulso, tudo aquilo foi meticulosamente planejado... – Não interessa. Ela sofre de distúrbios Drica. Agora não é hora para brincadeiras. E como uma idiota, me afoguei com minha própria saliva.


– O quê? – Ela sempre teve problemas assim, crises de raiva e personalidade. A cabeça dela é um mistério, em uma hora ela esta pensando uma coisa e na outra... – Eu ainda não entendi, aonde chega a parte em que você precisa se desesperar tanto? – Drica, o que eu vou dizer é um pouco pesado, mas... Ela já sofreu abusos quando criança... Já bateram muito nela... É claro que isso não justifica o que ela é agora, mas isso a ajudou a ficar mais.. Agressiva. Rita estava em tratamento na Espanha, mas ela disse que pararia de tomar os remédios se não voltasse ao Brasil. Por isso ela está aqui. Eu e o nosso pai ficamos responsáveis por ela. E pela maneira que ela vem se comportando tudo indicava que ela tinha parado com os medicamentos, mas eu não sabia o que fazer... Ela já tinha te machucado... As palavras de Jonathan desceram como pedra até o meu estomago, uma sensação não muito agradável. – Você está dizendo que ela... Ela...? Jonathan assentiu. Rita era realmente perturbada. – E eu sou o responsável por ela, preciso fazer algo! Entende? Temos que achá-la! Como uma pequena deixa do destino, meu celular começou a vibrar em meu rosto. O nome desagradável de Rita aparecia na tela. Atendi imediatamente. – Drica... – Ela parecia estar chorando. – O Dado... Me aju... Rita soltou um grito de dor, ouvi rugidos de fúria de um garoto do outro lado da linha. Um estalo mostrava que o telefone havia caído, mas ainda conseguia ouvir Dado gritando. – Pedindo ajuda pra aquela desgraçada! Já chega, já passei por muita coisa por sua causa, ta na hora de me pagar vadia! A ligação caiu. Meus pressentimentos novamente estavam certos, ou aquilo não me surpreendia o bastante? Dado era previsível o bastante para fazer isso. Eu não conseguia respirar mesmo assim. – Drica? Drica? Você ta me ouvindo? Quem era? Por que esta branca desse jeito? Queria mandar meu irmão calar a boca, mas nem ar saía agora. – Eu... Eu vou sair com o Lucas agora. Só venha atrás de mim se eu te ligar. Corri para o apartamento debaixo. Lucas abriu quase que imediatamente depois de eu apertar a campainha dez vezes seguida. Olhar para ele hoje estava sendo muito cansativo. – Calma aí... Não acha que passamos por muita coisa hoje? Ou quer que eu te console? – Ele soltou uma risadinha.


– Onde está o Vitor? – perguntei, ignorando sua pergunta. – Ele saiu, foi falar com Morgana sobre o que aconteceu. Respirei aliviada. Não tão aliviada, saber que ele estava com Morgana me deixou inquieta, mas era melhor que ele não estivesse aqui. – Ótimo, eu preciso que me ajude em uma coisa. Só nós dois. – O que seria? – Quero que me ajude a rastrear o Dado. Lucas levantou uma sobrancelha. – Como assim? Por que quer saber onde aquele nojento está? Achei que tínhamos resolvido nossos problemas... – Ele sequestrou a Rita. Nós temos que salvá-la. Lucas deu uma pequena risada, como se isso não o surpreendesse, então não era apenas eu que tinha previsto algo assim. Ele segurou o meu ombro e me guiou até o elevador. Lucas parecia empolgado com a situação (enfim, estamos falando do Lucas no fim das contas). – Francamente... Por que sempre tem que ser a heroína do dia? – Isso não é uma história em quadrinhos, Lucas. – Ainda bem, não tenho cara de ajudante do Herói, ou tenho? – Não tem, mas daria um ótimo ajudante, eu diria... – Ok, eu entendi. Você pode me relatar como sabe sobre Rita ser sequestrada e o porquê do nada resolveu ajudá-la, senhorita herói? Saímos do elevador e começamos a andar (correr) pelas ruas da cidade, infelizmente parecia que ia chover. – Apenas cale a boca, tenho uma verdadeira história para te contar. Algo sobre Rita, algo muito importante sobre ela. – Já estava sendo tomada pelo fôlego. – Por favor, termine essa história antes que comece a chover! Ok? E então nossa busca por Rita começou enquanto dizia a ele o ocorrido. Incrível como o rumo das coisas se inverteu. Notas finais do capítulo Não esqueçam de comentarem *o* É MUITO BOM ESTAR DE VOLTA!!! ENNIE AMA VOCÊS O/ Vitor anda meio sumido né... Mas acho que essa parceria entre Lucas e Drica é muito legal, eu quero ressaltar isso por agora.

(Cap. 45) Capítulo 45 - Um teste.


Notas do capítulo Quanto tempo, que saudade!!!!!!!!! Então, o motivo da enooorme demora foi a preguiça u.u Sim, imperdoável. Mas eu escrevi com cuidado e o estilo pode estar um pouco diferente. A situação é realmente dramática, mas como conheço a Drica melhor do que ninguém, os seus pensamentos e ponto de vista seriam exatamente assim em uma situação como essa (entendam que é por essa razão que ela não tem medo de problemas, seu cérebro tem uma auto-defesa). Ignorem os erros e APROVEITEM MEUS AMADOS O/ Correr pelas ruas com Lucas, sem saber para onde está indo e com indícios de que iria chover é como se jogar de um penhasco totalmente consciente e sem ter a mínima ideia do que tem no fundo. Ignorando a comparação inútil (eu precisava começar de algum jeito afinal), significa problemas. - Certo ajudante – eu disse, - tem alguma ideia de onde eles podem estar? Lucas parecia pensativo (ocasião rara) enquanto voltamos do casebre de madeira que se encontrava vazio. Já estava anoitecendo. - Se eu fosse um cara nojento como ele - Lucas começou, - e estivesse levando uma garota nojenta para fazer coisas nojentas... Aonde eu iria? Os olhos brilhantes de Lucas mostravam que ele já sabia a resposta. Um pouco confusa, tentei seguir seu raciocínio. - A um lugar nojento? – Perguntei. O sorriso de Lucas me dizia que eu havia matado a charada. - E só existe um lugar nojento o suficiente para esse tipo de cara nessa cidade... - Um motel. - O único motel daqui. - Lucas, isso foi brilhante! Lucas deu uma risadinha, sem surpresas. - Eu sempre sou brilhante. - Bem... Eu disse que a ideia foi brilhante, não você. - Fui eu quem deu a ideia! - Ela não tem culpa de pertencer a um Cabeça Dura como você! Lucas suspirou, desistindo. Já estávamos indo em direção ao nosso destino, mas ele apressou os passos e disse: - Vamos rápido, aquele motel fulero fica longe e não temos muito tempo.


O motel ficava na região mais perigosa. O tipo de lugar que só pessoas corajosas e amantes desafortunados visitam (e moram algumas vezes). Nós somos vistos, pelas pessoas daqui, como riquinhos mimados bem de vida. Sinceramente eu e Lucas não tínhamos o menos medo de passar por aqui, mas a noite as coisas são diferentes. As coisas mais medonhas acontecem nessa parte da cidade, nesse horário, só o clima do lugar fazia minha mão correr direto ao bolso verificar Ive. - Não estamos muito longe – avisou Lucas. - Trouxe algum tipo de arma útil? - Meus músculos. - Eu disse útil. Lucas suspirou novamente, mas sua expressão não demonstrava irritação ou mágoa. Eu admito que eu tenha falado coisas inconvenientes e feito piadinhas desnecessárias, mas eu estava nervosa, precisava provar a mim mesma que seria capaz de controlar. Tudo o que eu digo, e penso, é uma forma de me descontrair. Lucas havia percebido isso antes mesmo de eu me dar conta. Agradeço que Lucas seja tão paciente comigo. - Mostrarei a você o quanto são úteis... – respondeu. Quando chegamos ao local, os primeiros pingos de chuva começaram a cair. Meu celular vibrava constantemente, diversas ligações do meu irmão provavelmente, todas sendo ignoradas. Havia pouca luz naquela rua, tornando o cenário mais misterioso. O motel era pequeno e parecia sujo por fora. Algumas luzes estavam acesas e eu nem queria imaginar o porquê disso. - Esta pronta? – A mão de Lucas inconscientemente foi até a minha. Apertei-a sem ao menos me dar conta. - Não, mas eu não tenho muita escolha... Entramos. Na recepção havia um senhor careca e seboso que nos olhava esquisito. - Um quarto para nós dois... – Pediu Lucas. Eu olhei assustada. Era assim que iríamos entrar? Não era para ser uma super invasão heroica com direito a participação especial de Ive? Meu olhar perguntava isso, mas os olhos de Lucas respondiam seriamente: Espere. Com um sorriso nojento digno de pena e repulsa, o homem nos deu uma chave que continha um numero: 7. Esse seria o quarto do lindo casal feliz que iria passar uma maravilhosa noite juntos. Subimos as escadas com cuidado, os enormes braços de Lucas me cobriram com facilidade e ele sorria cinicamente para mim. Assim que chegamos ao corredor o clima se tornou mais tenso. Os pingos de chuva lá fora eram o único barulho do lugar. Estava quente, úmido e tudo tinha cheiro de mofo. O único aroma diferente era o desodorante enjoativo de Lucas – não tão bom quanto, enfatizando. A luz amarela e quase morta tornava o lugar um tanto macabro. - Como saberemos em qual quarto eles estão? – Perguntei.


Lucas não estava me ouvindo, talvez porque seus ouvidos já estivessem concentrados nas outras portas. Nunca agradeci tanto por Lucas ser cara de pau. Quando Lucas chegou a penúltima porta do corredor e grudou seus ouvidos “discretamente” na porta, ele apontou para a porta e fez um sinal de “OK” com os dedos. - Parece que tem mais de duas pessoas aqui... – Ele sussurrou quando estava indo ao seu lado. Escutei um gemido de choro vindo do outro lado, meu coração quase saiu pela boca quando me dei conta de que era a voz de Rita. Eu estava prestes a arrombar a porta com o “Chute Super Incrível e Totalmente Eficaz da Baixinha Irritada” – nome de minha autoria – porém o estraga prazeres do senhor desodorante segurou o meu braço e advertiu: - Não faça nenhuma besteira. Dado não está sozinho e é perigoso... - É por isso que eu devo entrar! Se ela continuar mais um segundo ali, algo pior pode acontecer! Os braços de Lucas me prenderam com tamanha força a ponte de não conseguir falar – respirar também, mas isso são detalhes. - Vou chamar a polícia. - Como assim? Você tá... – Lucas tampou minha boca e sussurrou devagar em meu ouvido, o que me deixou bastante nervosa – nos dois sentidos. - Sinta o cheiro – ele pediu. Tive que me concentrar muito para poder sentir o cheiro de outra coisa que não fosse o seu perfume masculino de alta dosagem. Finalmente consegui me dar conta do que ele estava falando e entendi o que ele queria dizer. Não queria acreditar nisso... Dado já chegou a esse ponto? Rita, onde você foi se meter? Eu assenti para ele, Lucas finalmente me soltou e consegui respirar fundo e averiguar a situação. Risadas podiam claramente ser ouvidas do outro lado, todas masculinas é claro. A raiva era tão grande que começava a sair pelos poros do meu corpo – na verdade era suor, mas isso são mais detalhes. Por impulso novamente quase me atirei á porta. Eu estava ficando impaciente, e coisas completamente sem sentido passavam por minha cabeça. Normalmente quando fico nervosa, isso acontece. Tomando fôlego fui até Lucas que já estava no celular, sussurrando baixinho nossa situação. Quando ele terminou, com seu jeito cabisbaixo ele apenas disse: - Temos de esperar. O que eu queria fazer: Rugir, arrancar meus cabelos e invadir o quarto.


O que eu fiz: Esperei enquanto ouvia os soluços e gemidos de Rita pedindo ajuda. Eu achava que Rita havia aprendido a lição, mas era um tanto prazeroso saber que ela precisava da minhaajuda. Isso era algum tipo de teste em que minha paciência e caráter estavam à prova? Mas não esperei o que devia ter esperado. Minha paciência foi ao limite. Eu não passei no teste e quando ouvi um enorme grito vindo do outro lado, simultaneamente com as sirenes da polícia, eu apenas corri até o quarto e arrombei a porta – que era tão velha quanto minha mãe. - Hora de agir – eu disse. - Drica, não! – Lucas gritou. Mas o grito de Lucas foi abafado por outro som. Um tiro foi dado em minha direção, um tiro vindo da arma entrelaçada aos dedos de Dado. Os pensamentos esquisitos sumiram, meu nervosismo foi esquecido. O desespero expulsou tudo isso em um piscar de olhos.


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