MICRO ARQUI TETUR A URBAN A OCUPAÇÕE S E MOBILIÁR IO PAOLA SOARES L SIQUEIRA
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2017
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MICROARQUITETURA URBANA OCUPAÇÕES E MOBILIÁRIO
Paola Soares L Siqueira Trabalho Final de Graduação TFG 2017 Arquitetura e Urbanismo Orientadora Prof. Ma. Ana Lucia M. de Oliveira Ferraz Orientador Prof. Me. Rafael Goffinet de Almeida
Centro Universitário Moura Lacerda | Ribeirão Preto | 2017
RESUMO
A população tem buscado cada vez mais utilizar dos espaços públicos, mas muitos desses espaços estão abandonados ou descuidados. Por causa desse abandono do poder público sobre os espaços urbanos públicos, a população tem se unido para transformá-los com ações “Do it Yourself – DYI” ou combinando eventos, como piqueniques, sessões de filmes, encontros para debates, entre outros. As microarquiteturas surgem como forma de incentivar mais o uso das áreas, mas sem gerar uma função específica, deixando livre para a população criar os usos daqueles espaços, pois são eles que vão utilizar e viver na área. A Estação Cultura serviu de laboratório urbano, ponto de partida e experimento para sucessivas ocupações em outros locais da própria cidade ou de outras cidades.
AGRADECIMENTOS Agradeço... a Deus por tudo que é na minha vida, à minha família que sempre me apoiou e esteve do meu lado, ao meu namorado e sua família que durante esses cinco anos tornaram-se minha família também, a todos os professores que passaram pela minha vida acadêmica e deixaram uma marca na minha trajetória e aprendizado, principalmente a minha orientadora prof. Ma. Ana Ferraz, por me iincentivar e apresentar novos horizontes.
A todos o meu MUITO OBRIGADA!
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1. LABORATÓRIO URBANO
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1.1 Do Planejamento Urbano ao Urbanismo Tático 1.2 Espaços Coletivos
2. MICROARQUITETURA URBANA
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2.1 LAB URB - SÍTIO 2.1.1 Centro Aberto, São Paulo 2.1.2 Largo da Batata, São Paulo
2.1.3 Mont Réel, Montreal
2.1 LAB URB - OBJETO 2.2.1 Just a Black Box, Londres 2.2.2 Hello Wood, Argentina 2.2.3 Prisma Cultural, São Paulo
3. SITUAR: um lugar praticado
3.1 A CIDADE 3.2 A ESTAÇÃO 3.3 OCUPE A ESTAÇÃO 3.4 LEVANTAMENTO
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4. LAB ESTAÇÃO CULTURA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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INTRODUÇÃO
O trabalho de conclusão de curso aborda formas de intervenção em espaços públicos, discutindo a constituição de espaços coletivos. Os conceitos de planejamento urbano, urbanismo tático e microarquitetura urbana são revisados no sentido de compreender a alteração do pensamento das intervenções urbanas na contemporaneidade. O objetivo principal é discutir as escalas de arquitetura, e seu papel na construção do espaço urbano. Microarquiteturas urbanas nomeiam essa escala de intervenção através de estruturas pontuais. A microarquitetura integra e qualifica o espaço urbano. Segundo Josep Ma. Serra (1996), os elementos urbanos ajudam a criar uma identidade da área com a cidade e seus usuários dotando ao objeto um ar de pertencimento. Traz a possibilidade de identificação que permite a manutenção da vivacidade do espaço. Esse sentimento irá ajudar na preservação do mesmo. A partir do momento em que se insere um mobiliário urbano num local antes vazio é criado um novo uso, consequentemente, gerará um fluxo constante de pessoas, ocasionando na percepção de segurança e melhoria na qualidade de vida do lugar. A área escolhida para intervenção é uma antiga Estação Ferroviária, localizada na cidade de Passos, interior de Minas Gerais. A ideia é que ela sirva de laboratório urbano para proposição de desenhos de equipamentos de convívio. O espaço hoje abriga uma Estação Cultural, mas é um local desvalorizado de equipamentos no entorno imediato da edificação. A Estação Cultura abriga dois pequenos museus - um de objetos antigos e outro de documentos da história e acontecimentos da cidade- e espaços para mostra de artes, apresentações e oficinas culturais.
A população tem utilizado desses espaços através de um movimento chamado “#OCUPEAESTAÇÃO” e com a realização de outros eventos, por exemplo peças teatrais e shows musicais. O museu está aberto em horário comercial de segunda a sexta-feira para visitação. O projeto terá como base estender o processo de revitalização da área iniciado com a restauração da Estação Cultura. A intervenção qualificará o espaço vazio que há no terreno através de microarquiteturas que potencializem as demandas de uso urbano presentes no lugar. As intervenções poderão resultar em novos usos para a população desfrutar, gerando nela um sentimento de pertencimento e identidade com o espaço e a cidade. A microarquitetura urbana desenvolvida para a área poderá ser relocada em outros espaços da própria cidade ou em outras cidades, permitindo assim ter um sentido efêmero e ao mesmo tempo fixo, trabalhando o conceito de laboratório urbano. A monografia se organiza, então, em quatro capítulos. No primeiro capítulo ´Laboratório Urbano´ abordará a questão do planejamento urbano, urbanismo tático e a questão de espaços coletivos. No segundo capítulo algumas referências projetuais são analisadas sob o tema ´Microarquitetura Urbana´. No terceiro capítulo, ‘Situar: um lugar praticado´ tem-se a apresentação de um lugar para a promoção de um laboratório projetual urbano. No capítulo quatro, denominado ‘LAB ESTAÇÃO CULTURA’ são apresentadas as diretrizes projetuais e a proposta de intervenção.
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1.1. Do Planejamento Urbano ao Urbanismo Tático
1. LABORATÓRIO URBANO
A ideia de urbanismo, que segundo o dicionário Michaelis, é “o conhecimento e o conjunto de técnicas para a organização e o desenvolvimento racional de sociedades urbanas, conforme as necessidades de suas populações”, deve abordar as necessidades humanas para a formação e planejamento das cidades. No livro “ O Urbanismo”, de Françoise Choay, ela afirma que a “sociedade industrial é urbana” (p.01), onde constrói todos os mecanismos importantes para seu funcionamento, mas “fracassa na ordenação desses locais” (p.01). O rápido adensamento das zonas urbanas gerou novas relações do homem com a cidade e com ela alguns problemas, como segregação socioespacial, carência em infraestrutura urbana, resultando na necessidade de um planejamento urbano. Os urbanistas modernos ao planejarem uma cidade baseavam se em quatro funções retiradas da Carta de Atenas (1933): habitação, trabalho, lazer e moradia. Eles pregavam sobre a “Renovação Urbana”, onde a ideia principal era “demolir e construir para renovar” [Vargas, 2006, e Castilho, 2006 p. 07]. A escritora e ativista política Jane Jacobs, em seu livro “Morte e Vida das Grandes Cidades” (2001), critica o modelo de planejamento urbano modernista, que põe fim ao espaço urbano, priorizando o automóvel, separando os usos na cidade e tornando as edificações construções individuais e isoladas. Segundo ela, As cidades são um imenso laboratório de tentativa e erro, fracassos e sucesso, em termos de construção e desenho urbano. É nesse laboratório que o planejamento urbano deveria aprender, elaborar e testar suas teorias. (JACOBS, 2001 p. 05)
Para Jacobs, “a própria população indica a forma como a cidade deve ser organizada”, quais as suas necessidades. “As ruas tinham vida” (p.05) quando a população as utilizava, sejam com compras, passeios, brincadeiras - no caso das crianças -, ou para os moradores daquele lugar apenas apreciar a movimentação na porta de suas casas. O arquiteto Jan Gehl, é um defensor de que as cidades devem ser projetadas para os pedestres. Segundo ele, quanto mais vias forem criadas, menos espaço urbano o pedestre terá, consequentemente, menos vida a cidade terá. Ele cita “quatro objetivos-chave” para um planejamento pensado para as pessoas: vitalidade, segurança, sustentabilidade e saúde. Esses objetivos seriam alcançados através de “construções de áreas mais dinâmicas e de uso misto, além de criar situações e espaços que favoreçam o pedestre”. As pessoas que usam e vivem nas cidades, são os melhores consultores para informar as necessidades, os usos que determinadas áreas devem ter, porque são elas que usam o espaço da cidade no seu dia-a-dia, seja para trabalho, descanso, comércio ou lazer. Foi definido pelo arquiteto Marco Casagrande: o conceito de “Acunputura Urbana”. Através dele, os problemas da cidade são tratados através de pontos específicos que vão influenciar na melhora de grandes áreas, como acontece om a teoria medicinal chinesa - acunputura. Esse procedimento veria a escala micro urbana como peça chave para reestruturação do todo da cidade. Paralelamente a essas mudanças no pensamento urbanístico, a população tem começado a se interessar por como acontece o planejamento de suas cidades, e a criticar quando esse desenho não corresponde à identidade dos 13
1.2. Espaços Coletivos locais. A intervenção no espaço urbano tem sido cada vez mais pensada e realizada por moradores, comunidades, coletivos interdisciplinares que, por vezes, através de ocupações, revigoram áreas degradadas em busca de mais segurança e espaços de convívio urbano. O pensamento urbano idealizado pelo movimento moderno entra em cheque apresentando cidades segregadas, áreas desocupadas, abandonadas. Ignasi Solá-Morales, denominou essas áreas como “terrain vague”, áreas que estão dentro das cidades, mas não participam da produtividade, são inatviso e vazios. Para ele a solução de revitalizar essas áreas é através da inserção de usos, atividades, construção que unifiquem esses espaços com a identidade da cidade em que estão inseridos. Como Jaime Lerner diz: “A memória da cidade é nosso velho retrato de família” (p.14), os patrimônios contam a história das cidades. Surge então outra nomenclatura importante que questiona o modelo existente e qualifica essa nova busca por requalificação dos espaços urbanos chamada urbanismo tático. Para Michel Certeau, tática é a “ausência de poder” (p.101), o urbanismo tático nada mais é do que ações e intervenções feitas na cidade em curto prazo, sem a participação do poder público, para criar uma identidade, e que podem servir como experiência para implantação de projetos em longo prazo. O urbanismo tático requalifica o espaço urbano através de microintervenções, muitas vezes temporárias, com uma abordagem voluntária de construção, como por exemplo, ações DIY.
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A publicação “Urbanismo Tático 2” de Mike Lydon, caracteriza esse urbanismo, como: 1. Instiga a mudança com ações voluntárias e graduais; 2. Trabalha com ideias para uma escala local, instigando a criatividade do planejamento urbano; 3. Intervenção de curto prazo e “de expectativas realistas”; 4. Por se tratar de uma microintervenção, o risco de algo dar errado é mínimo, e pode gerar ótimas recompensas; 5. Como é uma ação voluntária, o capital social desenvolve-se entre cidadãos e a construção. (LYDON, 2012 p.1 e2)
O urbanista David Harvey prega que “a liberdade da cidade é muito mais que um direito de acesso àquilo que já existe: é o direito de mudar a cidade mais de acordo com o desejo de nossos corações” (p.1). Para Certeau, espaço “é um lugar praticado” (p.202), então o espaço urbano deve ser um lugar onde as pessoas utilizam e se apropriem dele. Então, quando se une o planejamento urbano com o urbanismo tático, mas como Jacobs cita, um planejamento que inicie através de um laboratório urbano, consegue-se ter uma cidade com vida, segurança, saúde e que seja sustentável, priorizando os pedestres.
O arquiteto Herman Hertzberg conceitua os termos público e privado como: (...) pública é uma área acessível a todos a qualquer momento; a responsabilidade por sua manutenção é assumida coletivamente. Privada é uma área cujo acesso é determinado por um pequeno grupo ou por uma pessoa, que tem a responsabilidade de mantê-la. (HERTZBERG, 1999 p. 12)
Os termos parecem extremos um do outro, mas na verdade não devem ser vistos assim, pois um tem um compromisso com o outro. Segundo Manuel de Solá-Morales, a função dos espaços públicos é de “urbanizar” os espaços privados, transformando-os em parte do público. Isso gera o que o Solá-Morales conceitua como espaços coletivos: A importância do espaço público não está, certamente, em ser mais ou menos extenso, quantitativamente dominante ou protagonista simbólico, senão referir entre si os espaços privados fazendo deles patrimônio coletivo. (SOLÁ-MORALES, 2001 p. 103).
Os espaços coletivos enriquecem uma cidade, são áreas que transmitem o sentimento de pertencimento, segurança e identidade do individuo para com a cidade. Segundo Solá-Morales: A riqueza civil e arquitetônica, urbanística e morfológica de uma cidade, são seus espaços coletivos, todos os lugares onde a vida coletiva se desenvolve, representa e recorda. Talvez estes sejam, cada dia mais,
os espaços que não são nem públicos nem privados, se não ambos ao mesmo tempo. Espaços públicos absorvidos por usos privados que adquirem uma utilização coletiva. (SOLÁ-MORALES, 2001 p. 104).
Segundo Jacobs (2001) ”as pessoas” podem ser responsáveis pelo sucesso ou fracasso dos parques, a partir da “utilidade” que empregam a ele. Mas para isso é preciso ter um uso misto no entorno, para que assim haja diferentes tipos de usuários para aquele espaço, transitando em diferentes períodos do dia. O urbanismo contemporâneo, tático tem criado uma contraposição dessa ideia de Jacobs, através das ocupações, onde a população cria novas identidades e usos para eles. Os espaços transformados em coletivos estão sendo palcos desses encontros, chamados “ocupas”. São manifestações, muitas vezes, marcadas nos mesmos horários e dias, todos programados através das redes sociais, mas com usuários diferentes que trocam experiências e opiniões sobre vários assuntos atuais ou pessoais. Além de chamarem a atenção do poder público para espaços obsoletos, abandonados. As ocupações vão utilizando os espaços, agora, coletivos, recuperando identidades e mudando a ideia do urbanismo, voltando a colocá-lo como mais humano e democrático. A própria população, profissionais da área da arquitetura e urbanismo ou não, tem transformado áreas através de intervenções e revitalizações que supram as suas necessidades. Isso mostra a força que os moradores estão ganhando para transformarem as cidades urbana e socialmente.
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2.
MICROARQUITETURAS URBANAS
Os equipamentos urbanos integram os espaços urbanos e a dinâmica de vida urbana, através de escalas macro e micro. Segundo a norma NBR 9284 de Março de 1986, equipamentos urbanos são “todos os bens públicos e privados, de utilização, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados”. Outro termo muito usado é de mobiliário urbano, que segundo a norma NBR 9283, de Março de 1986, são “todos os elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados”. Os mobiliários ou equipamentos urbanos podem ser chamados de microarquiteturas urbanas devido a sua relação em escala com a cidade. As microarquiteturas urbanas são
uma escala intermediária entre arquitetura, cidade e design. São elementos que abrigam tanto os mobiliários urba-
nos – considerados de menor escala, segundo a NBR 9283 – quanto os equipamentos urbanos – de maior escala, segundo NBR 9284. O arquiteto Màrius Quintana Creus, no livro de Josep Ma. Serra “Elementos urbanos, mobiliário y microarquitectura” (1996) emprega o termo de ”elementos urbanos”, que são microarquiteturas que integram à paisagem urbana, dando uma identidade visual fácil de reconhecê-las. Assim, as microarquiteturas constroem um potencial de paisagem e
As microarquiteturas urbanas podem ser criadas para sítios próprios ou para serem inseridas em qualquer espaço, como arquiteturas temporárias. A flexibilidade que essas estruturas possuem, emprega em cada local implantado uma intenção usual diferente, atendendo grupos diferentes. O arquiteto Josep Ma. Serra (1996) é contrário a criação de um desenho para um lugar específico, para ele o desenho deve ser feito para poder ser inserido em qualquer espaço da cidade. A arquitetura temporária empregada sobre uma área pode servir como um laboratório de intervenções, como protótipos, em que é feito o projeto e depois ele é construído em escala real para ser testado pelos respectivos usuários. E poder ser também, uma arquitetura que foi mudando com o passar do tempo e/ou com o avanço tecnológico seu significado e seus equipamentos. A base para esses elementos funcionarem, segundo Serra (1996), deve se ater a três princípios: funcionalidade, racionalidade e emotividade. A funcionalidade, como o próprio nome diz, deve atender as funções e usos que determinada intervenção deverá ter, a forma que o objeto deverá ter. A racionalidade deve se basear na razão, ou seja, em cálculos, técnicas e materiais lógicos para o desenvolvimento do elemento urbano. E a emotividade é que o objeto deve provocar reações e sensações nos indivíduos, deve impactar na vida de quem for usá-los
identidade sociocultural nas cidades, ocupando espaços vazios e revitalizando/requalificando áreas degradas como novos usos e interações.
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Segundo a psicóloga e arquiteta Jane Fulton Suri,
O conceito de design para a experiência diz respeito a desenvolver projetos para influenciar a qualidade da experiência que os indivíduos irão desfrutar. Parte do pressuposto que os designers não podem controlar a experiência subjetiva das pessoas, mas podem ajustar os elementos (as qualidades formais e comportamentais do produto) para identificar as emoções e as experiências de forma apropriada. A maneira de organizar e integrar os múltiplos tipos de resultados do design à experiência é colocar as pessoas e as experiências no foco de atenção do designer. (Suri, 2003 p. 39-48)
A microarquitetura, ao intervir no espaço urbanoa, torna-se fragmento da cidade e, com isso, deve despertar sensações e reações nas pessoas, pois um ambiente é percebido pelo indivíduo através dos sentidos. O espaço, ao ser percebido pelas pessoas, quando bem projetado, cria uma identidade entre o ser e a cidade, qualificando o local. A função do designer é apresentar opções às pessoas. Estas opções deveriam ser reais e siginificativas, permitindo que as pessoas participassem mais plenamente nas decisões que lhes dizem respeito, e deixando-as comunicar com os designers e arquitectos na procura de soluções para os seus próprios problemas, mesmo - quer queiram quer não - tornando-se os seus próprios designers. (PAPANEK, 1995 p.64)
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SOBRE AS REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Os projetos referenciais escolhidos foram divididps em duas categorias. Ambos são laboratórios urbanos, mas uns estão ligados ao espaço em que foram implantados, projetados diretamente para aquele local, ou no caso, como ficou nomeada a primeira categoria “sítio”, são projetos que foram feitos para requalificar e/ou revitalizar a área. A segunda categoria é em relação ao objeto. São microarquiteturas criadas para espaços urbanos públicos ou privados, onde prevalece o objeto e não o local em que está inserido. Sua intenção no meio só depende de como irá caracterizar a área, pois o uso será induzido pela população que irá utilizá-lo.
2.1. LARG URB - SÍTIO
2.1.1. CENTRO ABERTO-LARGOS SÃO FRANCISCO, SÃO PAULO O projeto do Centro Aberto de São Paulo surgiu a partir da meta 72 do Programa de Metas da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, tendo como objetivo a requalificação de áreas centrais da capital paulista. As áreas escolhidas para intervenção transformadas em projeto piloto foram: Largo Paissandu & Avenida São João, Largo São Francisco & Praça do Ouvidor Pacheco e Silva, Largo São Bento, Rua Galvão Bueno. As áreas servirão de laboratórios urbanos, onde todas as intervenções serão montadas em escala real para testar, analisando melhor os desempenhos de cada equipamento, assim como suas vantagens e desvantagens. O escritório Metro Arquitetos foi o responsável por dar a forma final ao projeto arquitetônico com detalhamento e especificações de material. O projeto escolhido para análise foi o do Largo São Francisco, que está inserido em uma área que antes era cercada e com um entorno de caráter mais cívico por ter órgãos públicos, prédios comerciais e a Faculdade de Direito da USP. O objetivo principal do projeto era criar espaços de convivência e descanso tanto para os moradores, como para as pessoas que trabalhavam e estudavam ali.
Imagem: Deck no Largo São Francisco. Fonte: Metro Arquitetos
Imagem: Vista de cima da implantação da intervenção. Fonte: Metro Arquitetos.
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2.1. LARG URB - SÍTIO 2.1.2. Largo da Batata, São Paulo O Largo da Batata localiza-se no bairro Pinheiros, cidade São Paulo. Antes da ocupação acontecida no largo, ele era um espaço vazio e que tinha perdido sua identidade visual. A intervenção começou em janeiro de 2014, quando um grupo passou a ocupar, nas sextas-feiras, o local com cadeiras de praia e guarda-sóis. Eles foram os precursores do movimento “ A Batata Precisa de Você”, que tinha como objetivos principais a ocupação do espaço e o direito à cidade. O projeto que foi implantado é de uma arquitetura temporária, que permite diversos usos na área, com isso a cada semana novas atividades acontecem no largo da Batata. A intenção dos organizadores do projeto de ocupação da Batata é de micro intervenções de caráter político para expor carências dos espaços públicos e demandas da população. Propõe ações imediatas e rápidas, impactando diretamente o ambiente construído. O Largo da Batata hoje é um laboratório de intervenções, com concursos para mobiliários e produções desses mobiliários feitos pela própria população, podendo ser inseridos em qualquer espaço da cidade.
Imagem: Encontro de sexta no Batata. Fonte: Facebook “ A Batata Precisa de Você”.
Imagem: Localização do Largo da Batata. Fonte: Site Prefeitura de São Paulo/Cultura.
Imagem: Encontro de sexta no Batata. 25 Fonte: Facebook “ A Batata Precisa de Você”.
“A ILHA” Projeto lúdico do escritório Erê Lab, constituído de a ilha, o bosque, pedras chatas, montanha e traves, além de placas com os direitos das crianças pintadas à mão, e cercas, que delimitam a divisão com a rua, mas não fecham os brinquedos.
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Fonte: Site da revista AU
“REMATÉRIA” Primeiro mobiliário do Batata, feito pelos Batatasconstrutoras, a montagem e finalização do projeto teve colaboração do coletivo Batatasjardineiras e outros voluntários. Também participante do concurso, levou o nome de Rematéria, está inserido na categoria Conforto e hoje é preservado pela comunidade skatista. É um espaço criado para descanso, onde os usuários podem sentar, deitar, recostar. Possui um canteiro elevado e um looping que sombreia um banco largo.
Fonte: Site da revista AU
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2.1. LARG URB - SÍTIO 2.1.3. Mont Réel, Montreal A Universidade de Montreal dispôs de uma área que serve de laboratório urbano, o campus MIL, para intervenções e construções de caráter coletivo, efêmero e locais. O local fica na região central de Montreal e com entorno diferenciado em se tecido econômico e social. O projeto “Mont Réel” está no campus de ciências da universidade. É uma montanha que foi criada coletivamente durante o verão de 2017, onde a estrutura de madeira no exterior serve como uma arquibancada e no interior um espaço fechado com iluminação durante a noite, que potencializa o local quando está escuro. Durante os meses de junho e julho, o coletivo criou atrações e intervenções no entorno da Mont Réel. Tem uma presença bem marcada na paisagem urbana de Montreal, e é um espaço de convívio usado tanto no verão quanto no inverno pela população, além de abrigar manifestações e todo tipo de atividade cultural. O projeto foi executado pelo Construlab em parceria com os anônimos l’Aire, AgrafMobile e les commissaires.
5,00m
16,00m
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2.2. LARG URB - OBJETO 2.2.1. Just a Black Box, Londres O projeto “Just a Black Box” , de Tomaso Boano e Jonas Prismontas, é uma microarquitetura híbrida, adaptável para diferentes programas, sítios – Londres, foi a cidade escolhida como laboratório do projeto - e usos. A microarquitetura é uma estrutura que serve de apoio para o desenho urbano, e que se erguido a sua pele, por colunas hidráulicas, transforma-se num quiosque, comercial ou de uso público. O projeto é um quiosque que não atrapalha o fluxo de pedestres. O material usado é durável e suporta as intempéries que estiver sujeito. Sua pele contem materiais confortáveis para o uso pela população. Quando fechado oferece espaços íntimos, protegidos de fortes ventos e do sol. Tem uma forma escultural com quatro elevações diferentes, o que torna a forma semelhante, mas diferente de todos os lados. A intenção geral do projeto é de desperta a curiosidade e instiga a população a utilizá-lo. Quando aberto é como um farol, que desperta a curiosidade e interesse de longe, quando fechado sua forma e composição exercem esse papel.
Imagem: Just a Black Box. Fonte: Tomaso Boano.
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2.2. LARG URB - OBJETO 2.2.2. Hello Wood, Argentina É um festival que alia conceito, construção, projeto e resultado, integrando estudantes e profissionais em todas as etapas. É como um laboratório em escala real de construções em madeira. O festival tem como objetivo principal mostrar aos estudantes como é executar realmente um projeto, através de novas formas de ensino na prática. O Hello Wood Argentina 2017 aconteceu em Estancia La Azotea em Ceibas, Entre Ríos, nos dias 4 a 12 de março, e reuniu em torno de 150 estudantes. É a primeira vez que o festival acontece em terras latinas. Para a primeira edição o tema escolhido foi “COM-TAC-TO”, ou seja, as relações e trocas entre duas ou mais pessoas. Foram escolhidos dez projetos que respondiam fortemente ao conceito do festival, construções que incentivassem e evidenciassem o contato entre as pessoas e que usassem no máximo 1,2km linear de madeira, além de ser possível de executar. A empresa Masisa, foi a responsável por patrocinar a madeira de pinus certificada FSC e OHSAS necessária para a execução de todos os projetos.
33 Fonte: Archdaily.
2.2. LARG URB - OBJETO 2.2.3. Prisma Cultural, São Paulo É uma microarquitetura criada para produzir e transmitir conteúdos de interesse cultural, social e ambiental. É um objeto itinerante e que ocupa espaços públicos na zona norte de São Paulo, servindo de apoio em eventos e encontros da sociedade. O projeto foi desenvolvido pelos coletivos Bijari, CICAS e Acadêmicos do são Jorge para o projeto “Transform your City”. O “Prisma”, como foi batizado a microarquitetura, é um estação que possibilita a experiência de interações e engajamentos do público que troca conhecimentos e experiências. É um estrutura desmontável, que pode ser implantada em vários tipos de terrenos, com o objetivo de potencializar áreas, sendo temporário ou não no espaço. É elevado do chão, o evidenciando seu caráter como um objeto itinerante.
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O local escolhido para inserção do projeto está situado na cidade de Passos, interior de Minas Gerais. O terreno está localizado na quadra onde antigamente era a Estação Ferroviária da cidade. O espaço faz parte de uma época importante e histórica de Passos. 3.1. A CIDADE
3. SITUAR: um lugar praticado
A transformação em cidade se deu através da Lei número 854, de 14 de maio de 1858, e passou a se chamar apenas Passos. Hoje, o município de Passos é constituído apenas pela cidade sede. Antigamente era formado pelos distritos de São João Batista do Glória – transferido para o município de Delfinópolis e depois elevado a categoria de município – e São José da Barra – transferido para o município de Alpinópolis.
A formação da cidade começou entre os anos 1780 a 1830, com a implantação das primeiras fazendas (Ninfas, Cruzeiro e Bonsucesso). A partir dos anos 1850, começa a formação da vila/arraial, conhecido por todos estado como Arraial da Capoeira. Nesse ano, instala se a Câmara Municipal de Passos e tem-se a redefinição do seu traçado urbano. No ano de 1858, passou a se chamar Vila Formosa do Senhor Bom Jesus dos Passos, que fazia parte do município de Jacuí. Imagem: Mapa da localização do município de Passos - MG. Fonte: Google Maps.
Imagem: Vista panorâmica de Passos em 1880. Fonte: Plano Municipal de Culta de Passos.
O município de Passos está localizado na região sudoeste de Minas Gerais, a 360 km da capital, Belo Horizonte, além de estar a 87 km de Franca e entorno de 150 km de Ribeirão Preto, polos paulistas. A cidade hoje, sendo o IBGE, possui entorno de 106.290 habitantes e possui uma área de É a quarta maior cidade 1.338.070 km², gerando uma densidade demográfica de 79,5 habitantes por km². É a quarta maior cidade do sul de Minas Gerais. A economia é baseada principalmente no agronegócio, nas indústrias de confecções e móveis. É um polo regional, tanto em questão da saúde ,na busca e oferta de serviços e turismo de compras. 37
Ela também é um ponto de apoio para o turismo das cidades vizinhas, como São João Batista do Glória (cachoeiras e Serrada Canastra) e Furnas (hidrelétrica e cachoeiras).
Imagem: Vista panorâmica de Passos atualmente. Fonte: Nascentes das Gerais.
3.2. A ESTAÇÃO
Imagem: Avenida da Moda, polo no turismo de compras. Fonte: Pinterest.
O ramal da Estação Ferroviária de Passos da Rede Mogiana e posteriormente da FEPASA, surge no ano de 1912, com um trecho de 15 quilômetros ligando Guaxupé a Guaranésia.. Foram feitos quatro projetos para a construção da ferrovia na cidade de Passos, e apenas no quarto projeto, feito pela Mogiana, é que executam-se as obras. A cafeicultura teve grande incentivo na construção da ferrovia em Passos. A inauguração da Estação Ferroviária de Passos aconteceu em dezembro de 1921, com uma ferrovia que ligava Passos a São Sebastião do Paraíso e Guaxupé. Permaneceu assim até 1976, quando o trem de passageiros é retirado dessa rota, continuando apenas o cargueiro por causa da fábrica de cimentos em Itaú de Minas. Quando a FEPASA desativou a linha de trem de Passos, ela retirou todos os móveis, instrumentos e objetos que faziam parte da Estação. Em 1986, o local encontrava se já “fechada e em mau estado”, segundo relatório da FEPASA, “ mas com todas portas e janelas ainda lá”.
Localizaç ão do terreno onde está a Estação Cultura.
Igrejas símbolos da cidade de Passos – MG. Fonte: Google.
Palácio da Cultura, antigo Fórum de Passos – MG. Fonte: Google
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Imagem: A estação de Passos, anos 1920. Fonte: Acervo Alita Soares Polachini.
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A FEPASA que era proprietária da Estação na época, vendeu e a repassou com todo seu complexo para a Prefeitura Municipal. A reforma da Estação aconteceu apenas na década de 90, por causa de mobilizações culturais e políticas, que se transformou em Estação Cultura. A Estação Cultura ganhou em uma de suas instalações um centro de memória, nomeado como Antônio Theodoro Grillo, professor muito importante na cena cultural da cidade e peça central no processo de revitalização do espaço. Segundo ele, a Estação “era uma ligação”, tendo uma importância significativa na cidade na época. O tombamento do edifício aconteceu apenas em 2007, pois até então a construção não se enquadrava nas normas para que o dossiê fosse aprovado, o que foi refeito com as diretrizes certas para o processo, com as intervenções necessárias. A implantação do Centro Histórico representou uma iniciativa de recuperar e preserva os testemunhos históricos num acervo de documentos do legado histórico do município.
3.3. “OCUPE A ESTAÇÃO”
Imagem: A estação. Fonte: Google Maps
A iniciativa do ato #OcupeaEstação surgiu a partir da percepção da importância que a Estação Cultura, antiga Estação Ferroviária, tem em relação a memória da cidade, de como não estava sendo usada como um espaço cultural e que ela é um Patrimônio tombado pelo município. O ato não partidário começou com a mobilização de membros da sociedade organizada, através de peças teatrais e piqueniques feitos no local, de forma a chamar a atenção de mais pessoas e do poder público. O movimento é organizado pelo Fórum Permanente de Cultura de Passos – MG, que discute e age em prol de políticas culturais na cidade, de forma a unir a identidade da cidade com a população, para que essa tenha o sentimento de pertencimento ao lugar, e, consequentemente, zelar por ela. A forma de interver e ocupar o local está sendo feita através de manifestações artísticas e culturais, oficinas formadoras e atividades recreativas. Muitas acontecem junto com a ação chamada #PiqueniquenaEstação que acontece no gramado da Estação Cultura.
Desde 2001 a população utiliza o gramado que “envolve” a Estação Cultura. Imagem: A estação em 07/2001. Fonte Rossana Romualdo
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Imagem: População participando de uma edição do #PiqueniquenaEstação.. Fonte: ClicFolha.
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O piquenique influenciou o início das obras de adequação da Estação Cultura e uso. Existem projetos futuros de ocupação do espaço, de forma permanente e constante. Nesses encontros esporádicos, são encontrados vários grupos e manifestações de todos os tipos, debates e muita diversão tudo feito em coletivo com a população. E ele se estende do interior da Estação Cultura até o seu gramado. É possível notar, nos encontros a diversidade de cultura que existe na cidade. As crianças podem presenciar tradições, danças, como no caso das rodas de capoeira, que é um patrimônio imaterial. Acontecem também debates dos mais variados assuntos e aulas, como a de culinária. Os encontros na Estação Cultura são formados por diversos grupos e camadas sociais, orientações sexuais, crenças e profissões. A diversidade é algo notável quando se anda pelo evento. A população passou a ocupar o local também aos finais de semana para soltar pipa, fazer ensaios fotográficos, ponto de encontro para conversar e jogar futebol.
Imagem: Passeio de pônei. Fonte: Página Ocupe a Estação no Facebook.
3.4. SOBRE A ÁREA E SEU ENTORNO
Imagem: Diversidade de cultura. Fonte: Página Ocupe a Estação no Facebook.
Imagem: Apresentação de grupo de dança. Fonte: Página Ocupe a Estação no Facebook.
Imagem: Uso do espaço. Fonte: Acervo Pessoal.
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Imagem: Roda de capoeira. Fonte: Página Ocupe a Estação no Facebook.
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3.4.1. MAPA DE EQUIPAMENTOS
3.4.2. MAPA DE ÁREAS VERDES
A área onde está localizada a Estação Cultura é uma das partes mais antigas da cidade e antigamente ficava no limite. Atualmente, está sendo adensada em sua maioria por residências unifamiliares. O entorno possui um gabarito predominantemente térreo. Ainda é possível ter grandes vazios.
É uma área com bastante vegetação, algumas são área verdes que devem ser preservadas, e outros espaços são terrenos ainda vazios. Próximo a quadra da Estação Cultura há um córrego passando, a vegetação do seu entorno ainda está intacta. O lote onde está localizada a Estação Cultura possui um grande gramado que envolve a edificação, onde acontecem os piqueniques e a população utiliza aos finais de semana para lazer e também para sessões de fotos. O espaço livre da Estação Cultura possui pontos onde há árvores, que estão nas áreas mais periféricas, no “miolo” do gramado o espaço é totalmente livre, com vegetação apenas no piso de grama.
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3.4.3. MAPA DE OCUPAÇÃO DA ÁREA A área onde está localizada a Estação Cultura é uma das partes mais antigas da cidade e antigamente ficava no limite. Atualmente, está sendo adensada em sua maioria por residências unifamiliares. O entorno possui um gabarito predominantemente térreo. Ainda é possível ter grandes vazios.
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3.4.4. MAPA DE GABARITO DA ÁREA
3.4.5. MAPA DE USO DA ÁREA O entorno da Estação Cultura é cercado por predominantemente habitações. A Câmara Municipal localiza-se próxima a área de estudo, assim como uma escola municipal. Os galpões onde se localizam parte do comércio e serviço da área, são antigos espaços onde era armazenado as mercadorias que seriam transportadas pela estação ferroviária. Assim, como a maioria das habitações no entorno imediato que serviam para abrigar os operários e trabalhadores da Estação.
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3.4.6. MAPA VIÁRIO E DE FLUXOS
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As vias localizadas próximas ao entorno, em sua maioria, são vias locais, de baixo fluxo de veículos. As vias arteriais que estão localizadas no entorno são as Avenida Otto Krakauer e Avenida Francisco Avelino Maia, ambas possuem um alto fluxo de veículos o dia todo. Encontra-se também algumas vias coletoras, que são utilizadas para atravessar os bairros da cidade, fluxo delas são médios.
3.4.7. A ÁREA
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3.4.7.1. A ÁREA - Topografia
3.4.7.2. A ÁREA - Mobiliário
A topografia da área possui dois pontos diferentes, onde na parte mais alta há um barranco alto e depois ela fica mais nivelada.
A área não possui muitos tipos de mobiliários urbanos, apenas postes de iluminação e fiação e telefone público. Mesmo assim, a iluminação na área de estudo é precária, como mostra a imagem ao lado, ao cair da noite apenas a iluminação da Estação Cultura não é suficiente para iluminar todo o gramado. Os postes de iluminação que estão localizados em frente a Estação Cultura foram restaurados, além de terem sido acrescentado luminárias novas na cobertura. Na área há também dois reservatórios de água, um está localizado próximo a Estação Cultura e foi restaurado também, outro encontra-se próximo as residências que estão na mesma quadra.
Como estavam os postes e o reservatório de água da Estação Cultura antes do restauro:
Postes de iluminação e fiação Postes de iluminação Telefone Público
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3.4.7.3. A ÁREA - Usos do espaço As ocupações começaram a propor novos usos para área. Quando há o piquenique o gramado fica cheio e diversificado de usos. Nos encontros, a Estação Cultura serve de apoio também, recebendo em seu interior aulas de culinária, lançamentos de livros, oficinas de vários tipos. Quando não há essa ocupação, a população utiliza a área aos finais de semana para jogar bola, soltar pipa, como fundo para sessões de fotos, ou mesmo como um espaço de encontro para conversar. Durante a semana, é pouco utilizada, mesmo com equipamentos importantes e movimentados ao lado, como a Escola Municipal Ananias e a Câmara Municipal. A noite, por ser uma área com pouca iluminação, a população fica com receio de usá-la. O interior da Estação Cultura abriga salas para eventos e uma das edificações abriga o Centro de Memórias Antônio Theodor Grilo, onde há objetos, documentos e recebe exposições de arte temporárias.
JOGAR
CAMINHAR
CONVERSAR
APRESENTA R
O interior ARQUIVAR
PINTAR
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LEMBRAR
VENDER
GUARDAR
APRENDER
ENSINAR
DIVERTIR DESCANSAR
EXPOR DEBATER
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3.4.7.4. A ÁREA - Fluxos e acessos Alguns caminhos foram “abertos” pelo fluxo de pessoas que utilizam o gramado como caminho para atravessar a quadra. Em uma das casas há uma escada. Os pisos utilizados na área são de pedra mineira na parte que está a edificação da Estação da Cultura, com pisos tátil e uma rampa de cadeirante para acesso a quadra. A guia é de concreto e contorna toda a quadra. A rua ainda é de bloco de pedras. No interior da edificação ainda há os ladrilhos hidráulicos originais.
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4.1. DIRETRIZES
4. LAB ESTAÇÃO CULTURA
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4.2. PROGRAMA DE AÇÕES O laboratório urbano escolhido, como já citado antes, é uma antiga estação ferroviária. Sendo assim, o projeto consistirá em desenvolver módulos, como os vagões de um trem, que são módulos que podem variar o que transportam e a estética – pessoas ou cargas -, mas possuem sempre a mesma forma. Esses vagões se deslocam juntos, mas ao chegar nas estações, alguns ficam e outros novos se encaixam no trem, no projeto influenciará na implantação dos equipamentos urbanos. As diretrizes de projeto também estão ligadas as referências apresentadas nesse caderno. Como aconteceu no Largo São Francisco e no Largo da Batata, ambos em São Paulo, capital, o espaço será revitalizado e requalificado, melhorando a qualidade de vida da população. A intenção principal do projeto é potencializar a área, que é palco de movimentos sociais na cidade e incentivar a população a criar novos usos e apropriações, além de auxiliar nos usos existentes. Consequentemente, incentivará a população a preservar a Estação Cultura, patrimônio da cidade. Os sítios urbanos com ênfase no objeto apresentados nas referências projetuais ajudarão no desenvolvimento dos desenhos, materialidades, formas e usos para as microarquiteturas que serão inseridas na área de projeto. A microarquitetura “Just a Black Box” apresenta um objeto híbrido, com várias possibilidades de usos, períodos de usos e locais a ser inserida.
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Assim, o projeto de microarquitetura urbana para o gramado da Estação Cultura será um lazer e um espaço de permanência para os moradores do entorno, as crianças que estudam na escola ao lado, os trabalhadores da Câmara Municipal, os comerciantes e prestadores de serviço do entorno, e toda a população da cidade e de fora dela, que poderá aproveitar a área aos finais de semana, feriados.
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4.3. PROJETO
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mรณdulo PERMANร NCIA/MIRANTE
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mรณdulo TRILHO
mรณdulo APOIO
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4.3. PROJETO - partido arquitetônico O projeto implantado na Estação Cultura na cidade de Passos, interior de Minas Gerais, consistirá em 3 tipos de intervenções. A história do local contribuiu para o desenho da implantação. Antigamente, a Estação Cultura era uma estação ferroviária, e os trilhos passavam numa parte desse gramado por casas construídas para abrigar os trabalhadores da ferrovia. A implantação teve como base o desenho dos trilhos que são contínuos. A escolha do local para a faixa principal do projeto, onde receberá as intervenções, foi onde passavam os trilhos da antiga estação ferroviária. A principal intervenção são os módulos de tubo equipado metálico que abrigam espaços de permanência, mirante, apoio e sanitários. Essa estrutura consiste em módulos de 1,5 x 1,5m com contraventamento – peça retirada nos casos de abertura e acessos para o interior da microarquitetura. A escolha do material foi pela fácil modulação que apresenta, além de ser uma estrutura leve e de fácil manuseio. O segundo módulo são as faixas de iluminação que acompanham o desenho do piso no gramado. O tipo de luminária escolhido foi a “Galdana”, poste de iluminação projetado por Josep Bosch, indicada para iluminar calçadas, praças e outros espaços urbanos. Ela é de fácil manutenção e a lâmpada fica protegida de intempéries. A altura do objeto é de 3,40m sendo espaçada e alternada de 3 em 3 metros. A intenção de criar um módulo de iluminação surgiu a partir de levantamentos feitos na área onde demonstrou-se que no período noturno havia pouquíssimo uso da área devido à falta de iluminação.
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4.3. PROJETO - materialidade A terceira intervenção serve como complemento da faixa de iluminação que segue o desenho principal da implantação, são pisos em trilhos embutidos no gramado. A intenção é que os usuários do espaço criem funções para esses objetos, podendo modificar a implantação desse módulo.
Luva para juntar peças reta
TUBO EQUIPADO
PAVILHÃO DA HUMANIDADE2012 - projeto de Carla Juaçaba + Bia Lessa
aço galvanizado e = 3,7mm diâmetro de 48 mm total peças de o,25 a 6,00 m
Estrutura usada como referência para o projeto.
Base ajustável em linha
PISO DE GRADE METÁLICA - referência Parque do Butantâ, SP. - Piso demarcará um caminho ligando as intervenções as vias públicas de duas laterias do terreno, estará elevado 5 cm do chão.
Abraçadeira Móvel fixa os tubos em todos os ângulos
Abraçadeira Fixa fixa os tubos formando um ângulo de 90°
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4.3. PROJETO - módulo PERMANÊNCIA/MIRANTE PLATAFORMA ELEVATÓRIA
A
PERMANÊNCIA
PASSAGEM
PLANTA TÉRREO PERMANÊNCIA/MIRANTE ESCALA 1:100
CORTE A ESCALA 1 :200
B
C
PLATAFORMA ELEVATÓRIA
MIRANTE
A
PLANTA 1º PAVIMENTO PERMANÊNCIA/MIRANTE ESCALA 1:100
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CORTE B ESCALA 1 :200
+3,00 1 2 PAV
+3,00 1 2 PAV
±0,00 0 TERREO
±0,00 0 TERREO
CORTE C ESCALA 1 :200
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4.3. PROJETO - módulo PISO TRILHO E ILUMINAÇÃO
VISTA MÓDULO TRILHOS E ILUMINAÇÃO ESCALA 1 :200
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4.3. PROJETO - módulo APOIO
D ARMAZENAMENTO
W.C.
FEMININO
W.C.
+3,00 1 2 PAV
MASCULINO
±0,00 0 TERREO
CORTE D ESCALA 1 :200
F
E
PLANTA TÉRREO APOIO ESCALA 1:100
SALA DE APOIO
D
955.669
CAIXA D'ÁGUA
PLANTA 1º PAVIMENTO APOIO ESCALA 1:100
70
+3,00 1 2 PAV
955.669
+3,00 1 2 PAV
GSEducationalVersion
CORTE E ±0,00 0 TERREO ESCALA 1 :200
±0,00
0 TERREO CORTE F ESCALA 1 :200
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4.3. PROJETO - módulo APOIO
SALA PARA REUNIÕES, WORKSHOPS, OFIICINAS... FICA NO PRIMEIRO PAVIMENTO DO MÓDULO DE APOIO.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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